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AMBULATÓRIO PED

Escabiose

Infestação causada pelo Sarcoptes scabiei é transmitida pelo contato direto e prolongado com
pessoas infectadas, com pelo menos 10 minutos de contato próximo, ou, menos comumente,
por fômites como roupas. O risco de infestação também decorre da quantidade de parasitas
presente na pessoa infectada.

 Regiões mais e populações de baixa renda estão mais suscetíveis, além de crianças com
imunodeficiência primária, HIV e síndrome de down

Clínica

 Parasitas das fêmeas penetram, depositam ovos e se desenvolvem em duas semanas.


Parasita + fezes geram reação de hipersensibilidade  prurido intenso
 O início da doença é insidioso, com aparecimento de lesões papulovesiculares
eritematosas e pruriginosas. O prurido piora à noite e geralmente os familiares
também são contaminados.
 Tipicamente, é caracterizada pela presença de pápulas eritematosas, vesículas,
nódulos, túneis e pelo prurido intenso
 Sinais de escoriações que alteram o aspecto da lesão e podem infectar
secundariamente, determinando o aparecimento de pústulas.
 Como ocorre uma reação de hipersensibilidade, a infestação pode diferir bastante na
apresentação entre as pessoas de uma mesma família, podendo haver uma criança
bastante atingida e os pais praticamente sem lesões na pele
 Lactentes: diagnóstico é dificultado pelo aspecto inflamatório e pela extensão das
lesões, que se localizam preferencialmente em axilas, palmas e plantas. A face e o
couro cabeludo também podem ser contaminados pelo contato com o antebraço e o
tórax da mãe infectada. É frequente a presença de pústulas nas palmas e plantas,
ocasionadas por infecção secundária
 Escolar e adolescente: os espaços interdigitais, axilas, punhos, regiões glútea e genital
são os locais mais acometidos. O túnel, característico da doença no adulto, é raro na
criança
Diagnóstico diferencial

 Dermatite de contato, dermatite atópica, exantemas virais e acropustulose da infância


nos lactentes
 Escabiose do cão  pode temporariamente afetar o ser humano, com surgimento de
lesões, mas não completa o ciclo, desaparecendo espontaneamente

Escabiose norueguesa

 Variante pouco frequente, ocorre mais em crianças imunodeprimidas, com síndrome


de down e prematuros
 Pápulas eritematosas e hiperceratose, mais acentuada na região palmoplantar,
podendo ou não ser acompanhada de prurido.
 Nesta forma da doença, os pacientes apresentam grande número de parasitas, o que a
torna muito contagiosa. Apresenta pior resposta ao tratamento, mesmo quando
utilizada a ivermectina, sendo recomendado um tratamento intensificado nestes
casos.
Tratamento

 Enxofre precipitado a 6 até 10% em creme; em geral, usa-se entre 6 e 10%, em loção
cremosa ou vaselina sólida. Indicado para crianças menores de 2 meses, aplicado 1
vez/dia, à noite, durante 3 noites consecutivas, repetindo-se o ciclo de 3 noites, após 7
dias de intervalo sem utilizar a medicação. A medicação deve ser manipulada, por não
existir produto comercial
 Loção de permetrina a 5% aplicada e mantida durante 8 a 12 horas e reaplicada após 1
a 2 semanas; esta repetição evita inclusive a reinfestação. A aplicação tem que ser feita
em pele fria e seca, pois a temperatura e a umidade interferem na ação da medicação.
 Deltametrina: loção a 20 mg/100 mL. Aplicação 1 vez/dia durante 5 dias.
 Ivermectina: 0,2 mg/kg em dose única, indicada para crianças com peso maior de 15
kg (ou maior que 5 anos). A eficácia aumenta quando a dose de ivermectina é repetida
após 7 dias, sendo recomendada esta prática. Apesar de não recomendada em
pacientes com menos de 15 kg, algumas publicações de relatos de caso mostram
benefício do seu uso, principalmente em casos de sarna norueguesa ou de doença de
difícil controle. A sarna norueguesa ou crostosa apresenta melhores resultados com
esquema mais intenso de tratamento. A opção tópica é utilizando a permetrina 5%
diariamente por 7 dias e após repetir 2 vezes/semana até a cura. Para medicação de
uso por via oral, a atual recomendação é de 0,2 mg/kg/dia nos dias 1, 2 e 8, podendo
ser acrescentadas doses nos dias 9, 15, 22 e 29 do tratamento conforme a evolução do
paciente.
 A infecção secundária deve ser tratada com antibióticos tópicos ou sistêmicos de
acordo com a gravidade e a extensão das lesões. O prurido persiste por alguns dias
mesmo após tratamento adequado, quando então será indicado o uso de medicações
anti-histamínicas para redução do sintoma

Orientações
 As roupas de uso pessoal, roupas de cama e toalhas devem ser trocadas no 1º dia do
tratamento
 Lavagem das roupas com água quente, preferencialmente com temperatura igual ou
superior a 50 °C, ou lavagem a seco; ou selar em um saco fechado e guardar por 1
semana.
 Todos os familiares e contatos próximos devem ser tratados, incluindo cuidadores,
independentemente da presença ou não de sintomatologia, sempre todos no mesmo
momento
 Informação aos familiares da possível continuidade do prurido por 2 a 4 semanas após
o tratamento para evitar o excesso de medicação e suas consequências.
 Nos tratamentos tópicos, deve ser orientada a aplicação em todas as regiões do corpo,
incluindo couro cabeludo, virilha, axila, genitália e dedos dos pés e mãos, inclusive as
unhas

Pediculose
A pediculose do couro cabeludo é causada pelo Pediculus humanus, var. capitis, frequente em
crianças de 3 a 11 anos que estão em escolas, mais comum nas meninas pelo hábito destas de
terem cabelos longos e transmitida pelo contato direto com pessoas, pentes, escovas, toalhas e
bonés. Não tem risco de vida, mas gera problemas sociais. O piolho não representa falta de
higiene.

Sintomas
 O principal sintoma é o prurido (hipersensibilidade à picada do inseto), porém é mais
frequente ser assintomático
 O prurido antecede em alguns dias as lesões, que são caracterizadas por eritema,
descamação e escoriação, localizadas principalmente na região occipital
 Infecção secundária, linfadenomegalia occipital e cervical também são manifestações
comuns na pediculose
 Os parasitas estão presentes em pequeno número, em geral menos de 10 piolhos vivos
ao mesmo tempo, têm vida curta e nem sempre são observados no momento do
exame. O diagnóstico confirmatório é feito pela presença do piolho vivo, porém a
procura pelo piolho vivo no couro cabeludo é menos eficiente do que passar um pente
fino no couro cabeludo, estando indicada essa técnica em caso de dúvidas. O ovo do
parasita chama-se lêndea e é uma formação ovalada, amarelada, firmemente aderida
lateralmente na haste do cabelo; pode ser um indicativo da infestação, mas pode
representar uma infestação já resolvida.
 A retirada difícil das lêndeas diferencia a pediculose da dermatite seborreica (caspa) e
do molde pilar, porém não existe diferença entre uma lêndea viva ou morta neste
quesito. As lêndeas viáveis costumam estar próximas do couro cabeludo, até 0,6 cm da
base
 De modo geral, a presença de 5 ou mais lêndeas a menos de 0,6 cm do couro cabeludo
é sugestiva de infecção ativa.

Tratamento
 Permetrina 1 a 5%: aplicação de loção durante de 10 minutos, com enxágue em
seguida. Repetir 1 semana depois. A aplicação tem que ser feita no cabelo seco, sem
resíduos de condicionador, gel ou qualquer outro produto capilar.
 Ivermectina: 0,2 mg/kg em dose única, repetida 7 dias depois.

Orientações
 A remoção das lêndeas é necessária para a resolução da infestação, e o controle dos
contatos infestados é essencial para evitar recorrência. As lêndeas podem ser retiradas
com água morna e vinagre, ou a combinação em partes iguais de vinagre e
condicionador. Toalhas, pentes e escovas devem ser desinfetados com álcool e limpos
com água fervente. Escovas e pentes devem ser limpos ou mesmo ser submetidos à
aplicação de medicações que possam eliminar o piolho, sendo, em seguida, lavados
com água quente.

Anemia falciforme

Síndrome de down

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