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1. Raiva:
É causada por um vírus RNA envelopado, semelhante a um projétil, do gênero Lyssavirus e
espécie Rabies vírus.
Além disso, raramente pode ser transmitida por aerossol em cavernas com morcegos raivosos
ou por transplante. Não existe transmissão inter-humana da doença.
Não apresentam risco de raiva: ratos, camundongos, hamster, coelhos e cobaia (porquinho da
índia).
b) Patogenia:
Após a infecção, há replicação viral no local da inoculação, em células musculares e em células
subepiteliais.
Assim, a partir das terminações nervosas, o vírus alcança as junções neuromusculares e chega
ao SNC, havendo disseminação centrípeta via neurônios aferentes para locais altamente
inervados – gera uma encefalite, pela inoculação do encéfalo.
c) Clínica:
c.1) Período de incubação: variável.
Tem em média 1-3 meses, porém pode variar de 4 dias até 8 anos.
A doença ocorre em 32-67% das pessoas expostas ao vírus, sendo que o simples ato de lavar as
mãos após o contato evita cerca de 80-90% das transmissões. É uma doença de notificação
compulsória!
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OBS: Existe um protocolo nos EUA (adaptado em recife) que gera um coma induzido, tentando
proteger o cérebro do paciente e evitar o óbito, no entanto gera muitíssimas sequelas. Por isso
a doença deve ser prevenida.
d) Diagnóstico virológico:
É feito por biópsia, realizando isolamento viral ou imunofluorescência direta, geralmente após
a morte.
e) Profilaxia pré-exposição:
- Vacinação: três doses (0, 7 e 28 dias).
É indicada para pacientes em risco, como estudantes de veterinária ou pessoas que trabalham
com animais de rua e animais selvagens.
f) Profilaxia pós-exposição:
- Tratamento local da ferida: lavar com água e sabão – se bem feita e imediata pode prevenir
até 90% das infecções. Não se deve suturar a ferida.
- Vacinação anti-tetânica: deve ser realizada quando não houver vacinação prévia – verificar o
cartão de vacina.
OBS: Depende do ferimento grave ou não, animal sadio ou doente e do indivíduo afetado.
Na maioria dos locais administrava-se uma quinta dose no dia 28, porém ela
praticamente não gera benefícios, por isso diminui-se para 4, principalmente devido à
escassez da vacina.
Acidentes graves: Lavar com água e Lavar com água e Lavar com água e
- Ferimentos sabão e iniciar sabão e iniciar sabão e iniciar
profundos, múltiplos profilaxia com 2 imediatamente a imediatamente a
ou extensos (em doses da vacina profilaxia com 4 profilaxia com 4
qualquer local) (dias 0 e 3). doses da vacina doses da vacina
- Em cabeça, face, (dias 0, 3, 7 e 14) e (dias 0, 3, 7 e 14) e
pescoço, mãos, Observar o animal administrar soro. administrar soro.
polpa digital ou por 10 dias. Se sadio,
planta do pé. suspender vacinas. Observar o animal
- Lambedura de Se raivoso, morrer por 10 dias. Se sadio,
mucosas. ou desaparecer, suspender profilaxia
- Lambedura da pele completar o e encerrar o caso.
com lesão grave. esquema até 4
- Ferimento doses de vacina
profundo por (dias 7-10 e 14) e
arranhadura. administrar soro.
Em ferimentos mais leves por cão ou gato há maior tempo de período de incubação, sendo a
vacina suficiente, pois há tempo para sua ação. No entanto, a contaminação por morcegos
determina uma infecção mais grave, devendo administrar o soro em todo caso.
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O soro deve ser administrado em até 7 dias, sendo idealmente administrado antes da vacina. O
objetivo do soro (composto por anticorpos) é que ele se infiltre ao redor da ferida para evitar a
disseminação do vírus.
2. Tétano:
a) Bacilo:
É causada por bactérias do gênero Clostridium, que são produtoras de toxinas, sendo estas o
principal fator patogênico do bacilo. É um bacilo gram positivo, móvel, esporulado, e
anaeróbio estrito – difícil cultivo em amostras clínicas. Possuem esporos com aparência de
raquete de tênis.
b) Patogenia:
Após a inoculação dos esporos, em condições de anaerobiose, eles se transformam na forma
vegetativa e produzem tetanospasmina. Assim, as moléculas intactas da toxina são
internalizadas em vesículas endossômicas e transportadas pelo axônio até a substância
cinzenta do corno anterior da medula, onde se localiza o corpo do neurônio motor.
Assim, no neurônio motor ocorre alteração na cadeia pesada da toxina, a qual se insere na
face interna do endossomo, facilitando a passagem da cadeia leve para o citosol dessa célula.
c) Clínica:
c.1) Período de incubação: variável, podendo ser de dias até semanas. Depende da distância
da infecção primária em relação ao SNC.
- Rigidez abdominal.
- Sialorreia e irritabilidade.
- Sistema nervoso autônomo: arritmia, alteração da PA e
sudorese.
A principal manifestação é a contratura. A doença pode ser curada, porém não gera
imunidade, podendo o paciente infectar-se novamente.
- Tétano neonatal: infecção inicial do cordão umbilical. Possui mortalidade >90%, porém é
rara, já que todas as grávidas devem ser vacinadas.
d) Diagnóstico:
O diagnóstico é basicamente clínico, a partir da história clínica, epidemiológica e exame clínico,
já que não existem exames específicos.
e) Tratamento:
- Manter vias aéreas pérvias.
- Hidratação.
- Determinar e desbridar a porta de entrada da infecção: eliminar formas esporuladas e criar
ambiente de aerobiose, evitando a transformação em formas vegetativas.
- Antibioticoterapia: metronizadol ou penicilina G – eliminar formas vegetativas.
- Imunoglobulina tetânica humana: 5000 UI – neutralizar toxina tetânica.
- Vacina para tétano: a doença não gera imunidade – auxiliar na produção de anticorpos para
combate da doença atual e para prevenção de novos episódios.
- Controle do espasmo: diazepam (BDZ).
f) Prevenção:
- Vacina: administra-se 3 doses (2, 4 e 6 meses de idade), com reforço aos 4-5 anos de vida e
posteriormente a cada 10 anos.
Caso haja ferimento sujo considera-se o paciente vacinado apenas se tiver recebido a vacina
em menos de 5 anos, devendo tomar um reforço caso haja maior tempo.
g) Profilaxia tétano:
- Ferida simples e limpa: utiliza-se o critério de 10 anos, realizando reforço vacinal apenas se a
vacina tiver sido tomada há mais de 10 anos.
- Ferimento sujo ou qualquer ferida que não seja simples: utiliza-se o critério de 5 anos, ou
seja, considera-se o paciente vacinado apenas se tiver recebido a vacina em menos de 5 anos,
devendo tomar um reforço vacinal caso haja maior tempo.
Na presença de uma ferida suja em um indivíduo que não foi vacinado ou não há informação
deve-se administrar vacina e soro – praticamente é o único caso em que realiza-se soro, já que
a maioria da população é vacina.