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Febre Aftosa

A febre aftosa é uma doença extremamente importante, ba lão de resta u ra nte ch inês). Esse vírus m ede
porque é uma doença que faz parte de controle no ministério, aproximadamente 22nm, não é envelopado, tem proteínas
tem rápida disseminação e pode afetar diversos animais estruturais e não estruturais que são responsáveis pela
mesmo em uma distância grande, tem evolução aguda, é uma antigenicidade, manutenção e replicação do vírus,
doença viral e sem tratamento com sacrifício obrigatório do respectivamente. É um vírus que faz mutações e com isso
animal e contactantes/comunicantes. A propriedade deve podemos ter uma vacina que protegia começa a não proteger
entrar em vazio sanitário por 30 dias afetando a exportação. por conta das novas mutações.
Acomete principalmente animais biungulados, tem alta
Tem sorotipos: A, O, C, SAT1, SAT2, SAT3, ÁSIA1, não
morbidade e baixa mortalidade e é uma emergência veterinária
há proteção cruzada entre os sorotipos. Se vacinarmos o
(devemos tomar medidas rápidas e ter diagnósticos rápidos
animal contra o A, só vai proteger contra o A e não vai
para evitar a disseminação). A produção cai, pois o animal não
proteger contra o O, C etc. Pode ter mais de um sorotipo
se alimenta quando está infectado, então ela é uma doença
em uma região.
que tem impacto diretamente na produção e o principal
problema dela é a transmissão. É uma doença de notificação Os tipos de sorotipos mudam a virulência (grau da doença),
compulsória imediata na suspeita. então o A tem um grau de virulência, o C tem outro grau de
virulência e assim por diante. A virulência não vai depender
Devemos sacrificar os contactantes, pois o vírus está na
somente do sorotipo, ela também vai depender da imunidade e
propriedade e cedo ou tarde ele vai acabar se contaminando,
resistência do hospedeiro e espécie do animal.
sendo então fonte de infecção, vai proliferar a doença.
O vírus da febre aftosa é sensível a desinfetantes químicos,
A febre aftosa já foi diagnosticada nos seres humanos
como carbonato de sódio a 4%, formol 10%, soda caustica,
(poucos casos diagnosticados), alguns autores classificam a
luz solar e radiação. Sua inativação pode ocorrer em ph menor
febre aftosa como uma zoonose, mas outros não consideram.
que 6 e maior que 9.
São raros os casos diagnosticados, mas a febre aftosa é
considerada uma zoonose, mas de baixa incidência. A OIE é quem reconhece se determinado local é uma zona
livre de febre aftosa. Em 2021 Santa Catarina, Paraná, Rio
Animais sentinelas: São aqueles animais que são
Grande do Sul, Acre, Rondônia e parte do mato grosso e
extremamente sensível a tal doença, como os bezerros não
parte do Amazonas foram reconhecidos como zona livres da
vacinados se o vírus estiver no ambiente, eles serão
doença.
infectados rapidamente e logo surgirão os sinais clínicos.
Depois que colocarmos o sentinela, vamos testando para ver Epidemiologia:
se a doença ainda está no local afetado durante 30 dias.
Fonte de infecção: São os animais portadores (tem o agente,
É uma doença de importância econômica por conta da seria pode transmitir, mas não tem manifestações clínicos) e
disseminação que ela tem, causa sérios prejuízos econômicos doentes e reservatórios selvagens (animais que vivem nas
como a restrição comercial, medidas de controle e sacrifício florestas).
dos animais doentes e/ou contactantes, além da perda na
produção de carne e leite. Hospedeiros: Bovinos e suínos (mais frequente), caprinos e
ovinos (menos frequente), carnívoros domésticos (raramente)
Notificação compulsória imediata na suspeita, devemos e equinos (resistentes).
notificar já na suspeita, antes mesmo de fazermos exames no
animal. Os veterinários do MAPA têm 12h para chegar na Vias de eliminação: Saliva, aerossóis, carne (linfonodos e
propriedade e tomarem a frente, e se por algum motivo eles medula óssea), leite, sêmen, epitélio de lesões, líquido das
não conseguirem chegara até a propriedade, é encaminhado vesículas, urina e fezes.
algum veterinário municipal. Vias de transmissão: Aerógena (até 100km de distância),
Etiologia: digestiva, contato com excreções (líquido de vesículas, salivas,
fezes e leite), IA, transferência de embriões, carcaças, fômites
É um RNA vírus da família Picornaviridae e do gênero (seringa, comedouro, bebedouro) e vetores animados (baratas,
Aphthovírus e forma icosaédrica (multi facetada, lembra um besouros e formigas).

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Os seres humanos podem fazer a manutenção do vírus por •Mastite
24-48h após o contato, ele apenas carrega o vírus consigo,
mas não tem a zoonose. •Miocárdio: Encontramos “coração tigrado”, são lesões
parecidas com a pele do tigre nos animais jovens.
Biossegurança: São todas as medidas que são tomadas
para proteger o ser humano frente a um desafio. Nos suínos, bovinos e caprinos as lesões são menos
aparentes de úlceras orais, ou seja, temos menos lesões.
Bioseguridade: É a mesma coisa que biossegurança, o nome
muda porque é com os animais. As manifestações podem variar e isso vai depender da
imunidade do animal, o sorotipo que infectou ele e a
Patogenia:
quantidade do vírus infectante.
Como a doença ocorre?
O vírus chega no animal e infecta ele, ele se replica no epitélio Diagnóstico:
de revestimento que pode ser as mucosas digestiva ou O diagnóstico tem que ser o mais rápido possível para
respiratória. 24h depois temos uma vesícula primária na entrarmos com medidas de prevenção. Não devemos esperar
traqueia, esôfago, intestino e narinas. Depois com mais o resultado dos exames para tomarmos as medidas cabíveis
24-48h temos a ruptura dessas vesículas e começa o
processo de viremia (o vírus começa a circular). 24h depois Epitélio: Pegamos 1g de tecido de uma vesícula intacta ou
alcança as células alvo que são a da mucosa oral, língua, teto, recentemente aberta (de preferência a vesícula intacta).
zona coronária dos cascos, córion laminar ungucal e tecido Colocamos as amostras em um meio de transporte que
interdigital. (resumindo = mucosa oral, língua, teto e casco), mantenha o ph 7,2-7,4 e manter resfriado.
depois começamos a ver vesículas secundarias ou lesões
Líquido esofágico: Colocamos a sonda esofágica e pegamos a
degenerativas, ruptura e formação de úlceras.
amostra, depois congelamos a amostra abaixo de 40ºC.
Todo esse processo leva em torno de 4 dias, então em 4 dias Podemos usar métodos diretos e indiretos, somente os
já conseguimos ver úlceras nos animais e isso acontece por a laboratórios referência (MAPA) ou credenciado do MAPA
doença ser aguda. quem podem fazer o diagnóstico da febre aftosa, pois o
laboratório tem que ter a técnica muito bem ajustada para não
ter falso-negativo e falso-positivo.
Diretos: São aqueles que procuramos o agente, como a
fixação de complemento, ELISA e isolamento viral (inoculação
em células primárias de tireoide de bovinos e renais de suínos,
bezerros, cordeiros e inoculação em camundongos).
Indiretos: São aqueles que procuramos pelo anticorpo, como o
ELISA em fase liquida ou soroneutralização.

Manifestações clínicas:

•Febre
•Anorexia (não se alimenta)
•Sialorreia
•Claudicação
•Vesículas (aftas)

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Todos esses são processos que visam eliminar o vírus do
Chega a amostra do epitélio ou líquido no laboratório,
local.
começamos tentar fazer o isolamento do vírus da febre
aftosa. No laboratório essa amostra é triturada para Programa nacional de erradicação e prevenção de
preparar os testes. O material vai para o Elisa e se der febra aftosa (PNEFA):
positivo vamos a subtipificação em 12h. Se deu negativo,
fazemos o mesmo processo, mas com a amostra já É um programa do MAPA que visa eliminar a doença do
reduzida (pois já usamos uma certa quantidade dela Brasil e sustentar essa condição sanitária (erradicar a doença
anteriormente) e fazemos a inoculação em camundongos e controlar depois). Foi implantado em 1992.
(primeira passagem) e depois pegamos o material e vamos As principais estratégias é implantação e manutenção de
fazer a fixação de complemento e avaliamos o efeito campanhas de vacinação (aplicar a vacina e comprovar que
citopático na célula, se deu positivo fazemos subtipificação, ela foi aplicada), implantação e fortalecimento das estruturas
isso demora 3 dias. dos serviços veterinários oficiais, intensificação das
Se deu negativo, vamos para a segunda passagem, fazendo atividades de vigilância sanitária animal, controle e
novamente a fixação de complemento e checamos o efeito fiscalização da movimentação de animais e participação de
citopático e se dá positivo fazemos a subtipificação. Até 6 toda a sociedade.
dias. O tratador da propriedade também pode notificar, não é
Se deu negativo novamente, fazemos a terceira passagem somente o veterinário que pode notificar.
com a fixação de complemento checamos o efeito Categorias consideradas:
citopático e se dá positivo fazemos a subtipificação.
•Países livres sem vacinação
Resultado em até 10 dias e se dá negativo novamente aí
sim está confirmado que o animal não tem o vírus. •Países (zonas) livres com vacinação
Zona livre: Sempre deve ter a manutenção do status e
Diferencial: cumprir com os compromissos assumidos.
Não é somente a febre aftosa que produz vesículas, a Zona não livre: Procurar fazer o cumprimento dos requisitos
estomatite vesicular, doença vesicular dos suínos e exantema para o reconhecimento nacional e internacional. É importante
vesicular também produzem vesículas e essas doenças devem o Brasil trabalhar para conseguir não ter nenhum caso e ser
estar no nosso diagnóstico diferencial. reconhecido, primeiro com a vacinação e depois sem a
vacinação. Lembrando que podemos ter falhas vacinais e
Lembrando que mesmo na suspeita da febre, já devemos
reações vacinais.
notificar.
Carne com reação da vacina contra febre aftosa:
Profilaxia:
A carne com reação é dispensada.
A vacina é de vírus inativado. Fazemos a vacinação semestral
de todos os animais em etapas com duração de 30 dias. Adjuvante é qualquer substância que potencializa a resposta
Vacinação semestral de animais com até 24 meses de idade imunológica e na vacina ele tem a função de melhorar a
e anual para animais com mais de 24 meses de idade. resposta imunológica para quem está recebendo a vacina.
Fazemos a vacinação anual de todos os animais.
O adjuvante é nesse caso é o óleo mineral que deixa a vacina
Controle: no animal ser menos absorvida, então demora mais para
absorver, pois o óleo mantém o antígeno no local da aplicação
Fazemos a proteção de zonas livres mediante controle e
e com isso o animal ganha uma melhor resposta imunológica e
vigilância dos deslocamentos de animais nas fronteiras,
o antígeno vai sendo liberado aos poucos.
fazemos o controle de trânsito animal (GTA), sacrifício dos
animais infectados, recuperados e de animais susceptíveis que Por conta das reações, foi feita uma redução de 5ml para 2ml
entraram em contato com os indivíduos infectados. Fazemos a (foi concentrado em menor ml) da vacina em maio de 2019 e
desinfecção dos locais e de todo material contaminado como essa adaptação foi feita para termos menores prejuízos com a
os artefatos, veículos e roupas, fazemos a destruição dos carne.
cadáveres (forno ou incineração), resíduos e dos produtos dos
animais susceptíveis na zona infectada além das medidas de Área de proteção sanitária:
quarentena e isolamento. Quando temos um foco de febre aftosa, nesse foco os
animais são sacrificados, destruição de carcaças e

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desinfecção dos locais, mas temos uma área chamada área
perifocal (3km), área de vigilância (7km), área tampão (15km).
Área perifocal: É a mais critica, deve ter a inspeção diária de
todos os animais susceptíveis por um prazo de até 30 dias e
depois de eliminado o foco.

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