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Raiva

✓ Irritabilidade;
O que é? ✓ Inquietude;
A raiva é uma doença infecciosa viral ✓ Sensação de angústia.
aguda grave, que acomete mamíferos, Obs: Podem ocorrer linfoadenopatia,
inclusive o homem, e caracteriza-se hiperestesia e parestesia no trajeto
como uma encefalite progressiva e de nervos periféricos, próximos ao
aguda com letalidade de local da mordedura, e alterações de
aproximadamente 100%. É causada comportamento.
pelo Vírus do gênero Lyssavirus, da
família Rabhdoviridae. Transmissão:
Importante: A raiva é de extrema
A raiva é transmitida ao homem pela
importância para saúde pública, devido
saliva de animais infectados,
a sua letalidade de aproximadamente
principalmente por meio da
100%, por ser uma doença passível de
mordedura, podendo ser transmitida
eliminação no seu ciclo urbano
também pela arranhadura e/ou
(transmitido por cão e gato) e pela
lambedura desses animais. O período
existência de medidas eficientes de
de incubação é variável entre as
prevenção, como a vacinação humana e
espécies, desde dias até anos, com uma
animal, a disponibilização de soro
média de 45 dias no ser humano,
antirrábico humano, a realização de
podendo ser mais curto em crianças. O
bloqueios de foco, entre outras.
período de incubação está relacionado
à localização, extensão e profundidade
Sintomas: da mordedura, arranhadura,
Após o período de incubação, surgem lambedura ou tipo de contato com a
os sinais e sintomas clínicos saliva do animal infectado; da
inespecíficos (pródromos) da raiva, proximidade da porta de entrada com
que duram em média de 2 a 10 dias. o cérebro e troncos nervosos;
Nesse período, o paciente apresenta: concentração de partículas virais
inoculadas e cepa viral.
✓ Mal-estar geral;
✓ Pequeno aumento de Nos cães e gatos, a eliminação de vírus
temperatura; pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes
✓ Anorexia; do aparecimento dos sinais clínicos e
✓ Cefaleia; persiste durante toda a evolução da
✓ Náuseas; doença (período de
✓ Dor de garganta; transmissibilidade). A morte do animal
✓ Entorpecimento; acontece, em média, entre 5 e 7 dias
após a apresentação dos sintomas. Não
se sabe ao certo qual o período de levando a alterações
transmissibilidade do vírus em animais cardiorrespiratórias, retenção
silvestres. Entretanto, sabe-se que os urinária e obstipação intestinal.
quirópteros (morcegos) podem Observa-se, ainda, a presença de
albergar o vírus por longo período, sem disfagia, aerofobia, hiperacusia e
sintomatologia aparente. fotofobia.

A raiva apresenta três ciclos de Importante: O paciente se mantém


transmissão: consciente, com período de
alucinações, até a instalação de quadro
➢ Urbano: representado
comatoso e a evolução para óbito. O
principalmente por cães e
período de evolução do quadro clínico,
gatos;
depois de instalados os sinais e
➢ Rural: representado por
sintomas até o óbito, é, em geral, de 2
animais de produção, como:
a 7 dias.
bovinos, equinos, suínos,
caprinos;
➢ Silvestre: representado por
Prevenção:
raposas, guaxinins, primatas e, A profilaxia pré-exposição é uma
principalmente, morcegos. medida de prevenção que deve ser
indicada para pessoas com risco de
Complicações: exposição permanente ao vírus da
raiva, durante atividades ocupacionais
A infecção da raiva progride, surgindo
exercidas por profissionais como:
manifestações mais graves e
complicadas, como: ➢ Médicos Veterinários; biólogos;
profissionais de laboratório de
➢ Ansiedade e
virologia e anatomopatologia
hiperexcitabilidade
para raiva; estudantes de
crescentes;
Medicina Veterinária,
➢ Febre;
zootecnia, biologia, agronomia,
➢ Delírios;
agrotécnica e áreas afins;
➢ Espasmos musculares
➢ Pessoas que atuam na captura,
involuntários,
contenção, manejo, coleta das
generalizados,e/ou convulsões.
amostras, vacinação, pesquisas,
➢ Espasmos dos músculos da
investigações epidemiológicas,
laringe, faringe e língua
identificação e classificação de
ocorrem quando o paciente vê
mamíferos: os domésticos (cão
ou tenta ingerir líquido,
e gato) e/ou de produção
apresentando sialorreia intensa
(bovídeos, equídeos, caprinos,
(“hidrofobia”).
ovinos e suínos), animais
Obs: Os espasmos musculares silvestres de vida livre ou de
evoluem para um quadro de paralisia,
cativeiro, inclusive funcionário diretamente, principalmente quando
de zoológicos; estiverem caídos no chão ou
➢ Espeleólogos, guias de encontrados em situações não
ecoturismo, pescadores e habituais.
outros profissionais que
trabalham em áreas de risco. O que fazer após a
Pessoas com risco de exposição
ocasional ao vírus, como exposição?
turistas que viajam para áreas
No caso de agressão por parte de
de raiva não controlada, devem
algum animal, a assistência médica
ser avaliados individualmente,
deve ser procurada o mais rápido
podendo receber a profilaxia
possível. Quanto ao ferimento, deve-
pré-exposição dependendo do
se lavar abundantemente com água e
risco a que estarão expostos
sabão, o mais rápido possível, e aplicar
durante a viagem. A profilaxia
produto antisséptico.
pré-exposição apresenta as
seguintes vantagens; A limpeza deve ser cuidadosa, visando
➢ Simplifica a terapia pós- eliminar as sujidades sem agravar o
exposição, eliminando a ferimento, e, em seguida, devem ser
necessidade de imunização utilizados antissépticos como o
passiva (soro ou polivinilpirrolidona-iodo, povidine e
imunoglobulina), e diminui o digluconato de clorexidina ou álcool-
número de doses da vacina; iodado.
➢ Desencadeia resposta imune
Essas substâncias deverão ser
secundária mais rápida
utilizadas somente na primeira
(booster), quando iniciada a
consulta. Nas seguintes, devem-se
pós-exposição.
realizar cuidados gerais orientados
Em caso de título insatisfatório, pelo profissional de saúde, de acordo
aplicar uma dose de reforço e com a avaliação da
reavaliar a partir do 14º dia após o
lesão. O esquema de profilaxia da raiva
reforço.
humana deve ser prescrito pelo médico
Importante: A vacinação anual de cães ou enfermeiro, que avaliará o caso
e gatos é eficaz na prevenção da raiva indicando a aplicação de vacina e/ou
nesses animais, o que soro. Nos casos de agressão por cães
consequentemente previne também a e gatos, quando possível, observar o
raiva humana. Deve-se sempre evitar animal por 10 dias para ver se ele
de se aproximar de cães e gatos sem manifesta doença ou morre.
donos, não mexer ou tocá-los quando
Importante: Caso o animal adoeça,
estiverem se alimentando, com crias
desapareça ou morra nesse período,
ou mesmo dormindo. Nunca tocar em
morcegos ou outros animais silvestres
informar o serviço de saúde Em 2010 o Ministério da Saúde alterou
imediatamente. definitivamente as vacinas usadas na
rotina e nas campanhas de vacina
Informações adicionais: antirrábica canina e felina pelas
vacinas de cultivo celular, por
Raiva humana: apresentarem maior segurança e
No início, os sintomas são apresentar maior eficácia na
característicos: transformação de conversão de títulos protetores
caráter, inquietude, perturbação do nesses animais. Essa vacina é enviada
sono, sonhos tenebrosos; aparecem aos estados e estão disponíveis de
alterações na sensibilidade, forma gratuita no SUS para a
queimação, formigamento e dor no vacinação de cães e gatos em
local da mordedura; essas alterações campanhas massivas e para demandas
duram de 2 a 4 dias. Posteriormente, da rotina.
instala-se um quadro de alucinações,
acompanhado de febre; inicia-se o
período de estado da doença, por 2 a 3
dias, com medo de correntes de ar e
de água, de intensidade variável.
Surgem crises convulsivas periódicas.

Vacinação antirrábica canina e


felina:

O Programa Nacional de Profilaxia da


Raiva (PNPR), criado em 1973,
implantou entre outras ações, a
vacinação antirrábica canina e felina
em todo o território nacional. Essa
atividade resultou num decréscimo
significativo nos casos de raiva
naqueles animais, e com isso permitiu
um controle da raiva urbana no país. Na
série histórica de 1999 a 2017, o Brasil
saiu de 1.200 cães positivos para raiva
em 1999 (incluindo em sua maioria as
variantes 1 e 2, típicas desses
animais), para 11 casos de raiva canina
em 2021, todos identificados como
variantes de animais silvestres,
exceto um em que não foi possível a
caracterização.

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