Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Situação epidemiológica
Doença ausente no país (últimas ocorrências, em 2006, nos estados do MS e PR).
1. SC;
2. PR;
3. RS;
● 1 zona livre com vacinação: AL, AP, AM, BA, CE, ES, GO, MT, MS, MA, MG, PA, PB, PE, PI, RJ,
RN, RR, SP, SE, TO e DF.
Etiologia
A febre aftosa ou foot-and-mouth disease (FMD) é uma enfermidade infecciosa altamente
contagiosa causada por um vírus do gênero Aphtovirus pertencente à família Picornaviridae. O
vírion é composto de um capsídeo icosaédrico sem envelope e por uma molécula de ácido
ribonucléico (RNA) de aproximadamente 8.400 nucleotídeos.
O genoma viral codifica 12 proteínas, sendo quatro destas envolvidas na formação do capsídeo
e responsáveis pela antigenicidade e ligação a célula hospedeira, denominadas proteínas
estruturais (VP1, VP2, VP3 e VP4). As proteínas não estruturais (L, 2A, 2B, 2C, 3A, 3B, 3C e 3D)
exercem funções diversas para a manutenção e replicação do vírus; além disso, a maioria dos
testes de diagnóstico sorológico são baseados em uma ou mais dessas proteínas.
Dentre os sete sorotipos do vírus (A, O, C, Ásia-1, SAT-1, SAT-2 e SAT3), os três primeiros têm
registro de ocorrência no Brasil. Todavia, são descritos diversos subtipos com diferentes graus
de virulência, especialmente entre os sorotipos A e O. O vírus C não é detectado no mundo
desde 2004.
Epidemiologia
Hospedeiros
Embora a febre aftosa ocorra principalmente em bovinos, bubalinos, suínos, ovinos e caprinos,
a doença é capaz de afetar qualquer animal artiodáctilo, doméstico ou selvagem, que pode
servir como reservatório do vírus. Os camelídeos (camelos, dromedários, lhamas, vicunhas e
alpacas) apresentam baixa suscetibilidade à infecção (OIE, 2008a).
Morbidade e mortalidade
A taxa de morbidade durante surtos de febre aftosa pode chegar a 100% em animais
suscetíveis, embora algumas amostras virais podem apresentar limitações de infectividade para
algumas espécies. Por outro lado, a taxa de mortalidade é geralmente baixa, cerca de 2% dos
animais adultos e 20% dos jovens.
Transmissão
A transmissão direta ocorre pelo contato entre animais infectados e suscetíveis pela ingestão
(principalmente em suínos) ou inalação de partículas virais contidas em secreções e excreções,
e a transmissão indireta pode ser por vetores animados ou inanimados.
O homem funciona como vetor animado ao carrear material infectante em roupas ou sapatos,
e são considerados como vetores inanimados veículos, implementos, instrumentos veterinários
e, particularmente, produtos cárneos não processados e leite in natura contaminados.
O vírus é sensível à luz solar, pH ácido e alcalino e temperaturas elevadas, podendo sobreviver
no ambiente por vários meses, principalmente em baixas temperaturas, na presença de
matéria orgânica e na ausência de luz solar. Pode permanecer viável de 2 a 3 meses nas fezes
dos animais e persistir por 24 a 48 horas no trato respiratório humano.
A espécie bovina é a mais susceptível à infecção pela via respiratória, sendo a mais importante
na manutenção do ciclo epidemiológico da doença na América do Sul. Os suínos são mais
susceptíveis ao vírus pela via oral, especialmente pela ingestão de produtos de origem animal
contaminados (carne, leite, ossos, queijo e outros). Os bovinos geralmente são os primeiros a
manifestarem os sinais clínicos e os suínos são considerados hospedeiros amplificadores por
eliminarem grandes quantidades de vírus.
Período de incubação: o período de incubação pode variar de acordo com a espécie animal, a
dose infectante, a cepa viral e a via de infecção. Em bovinos varia de 2 a 14 dias; em ovinos de
2 a 8 dias e em suínos geralmente a partir de 2 dias.
Fontes de vírus
As partículas virais infectantes podem ser eliminadas nas secreções e excreções de animais
clinicamente afetados ou que estejam em período de incubação, tanto pela respiração,
gotículas de saliva, fezes, urina e leite quanto pelo sêmen. Do mesmo modo, a carne in natura
e os subprodutos, cujo pH tenha permanecido acima de 6, também podem ser fontes do vírus.
Prevalência
Embora não exista uma descrição exata sobre a prevalência de febre aftosa nos diferentes
países, é reconhecido seu comportamento usual de manifestação na forma de surtos de
disseminação rápida entre rebanhos antes do controle efetivo.
A principal rota de infecção em ruminantes é pela inalação de aerossóis, com replicação viral
na faringe e disseminação para outros tecidos e órgãos via circulação. A excreção viral inicia
cerca de 24 horas antes da manifestação de sinais clínicos e continua por vários dias.
Um período de incubação de três a oito dias, na maioria das espécies (podendo ser de até 21
dias), é seguido pelos primeiros sinais da doença, manifestos na forma de febre, anorexia,
depressão e vesículas dolorosas no palato, lábios, gengiva, narinas, espaços interdigitais e
bandas coronárias das patas. Esse quadro acarreta emagrecimento pela diminuição da ingestão
de alimentos em função da dificuldade de deglutição, bem como laminite e claudicação por
causa das lesões localizadas nas patas.
Em bovinos de leite, a doença resulta em queda na produção de leite até o final do período de
lactação e lesões nos úberes das fêmeas lactantes, que podem transmitir a doença aos
bezerros. Os casos de mastites podem levar a perdas permanentes superiores a 25% da
produção, principalmente se agravados por infecção bacteriana secundária. Em bovinos de
corte, é observado retardo no crescimento e em jovens e neonatos, o vírus geralmente causa
miocardite.
Por volta de 120 horas após a infecção, as vesículas se rompem originando úlceras formadas
pelas extensas áreas de epitélio descamado, simultaneamente ao final da viremia e o início da
produção de anticorpos. A partir do décimo dia, observa-se cura das lesões, mas o vírus pode
permanecer na faringe por longos períodos, exceto em suínos.
Em ovinos e caprinos, a doença se manifesta de forma mais branda enquanto suínos
apresentam lesões severas no focinho e em torno da banda coronária das patas, que podem se
desprender e impedir a locomoção.
VIGILÂNCIA
Objetivos:
CRITÉRIO DE NOTIFICAÇÃO
Notificação imediata ao serviço veterinário oficial (SVO) de qualquer caso suspeito (categoria 2
da lista de doenças de notificação obrigatória do anexo da IN MAPA nº 50/2013).
Diagnóstico
Em caso de suspeita de febre aftosa é preciso comunicar imediatamente o serviço veterinário
oficial local. Para diagnóstico laboratorial devem ser colhidos fluidos ou tecidos conforme a
necessidade para a técnica utilizada.
A detecção do vírus ou antígenos deste pode ser realizada por isolamento viral, imunoadsorção
enzimática (ELISA), fixação do Complemento, transcrição reversa-reação em cadeia da
polimerase (RT-PCR) em tempo real, hibridização in situ e microscopia eletrônica. Para
isolamento viral deve ser utilizado conteúdo de vesículas intactas ou fluido esofágico-faríngeo
colhido em copo de Probang, em caso de ruminantes, ou suabes de garganta, em suínos.
Para pesquisa de anticorpos podem ser utilizados testes sorológicos de neutralização viral,
ELISA competitivo, ELISA de bloqueio, ELISA indireto, imunodifusão em gel de ágar com
antígeno associado à infecção viral (IDGA-VIAA) e imunoeletrotransferência (EITB).
No Brasil, o diagnóstico sorológico da febre aftosa é realizado por ELISA indireto, que utiliza o
polipeptídio não estrutural 3ABC, expresso em Escherichia coli e EITB contendo os antígenos
2C, 3A, 3B, 3D e 3ABC, como teste confirmatório.
O diagnóstico diferencial de febre aftosa pode ser orientado segundo a distribuição geográfica
de outras doenças vesiculares ou erosivas que se caracterizam por apresentar sintomatologia
semelhante. Entre estas destacam-se estomatite vesicular, exantema vesicular do suíno,
doença vesicular do suíno, língua azul, peste dos pequenos ruminantes, ectima contagioso,
rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), diarréia viral bovina doença das mucosas (BVD-MD),
febre catarral maligna, peste bovina, estomatite papular bovina e varíola bovina. Em função da
ocorrência, no Brasil é recomendado o diagnóstico diferencial para estomatite vesicular, IBR,
BVD-MD, língua azul e varíola bovina.
DEFINIÇÃO DE CASO
Caso suspeito de doença vesicular: identificação de animais susceptíveis à febre aftosa com
sinais clínicos compatíveis com doença vesicular; ou resultados positivos/inconclusivos nos
testes realizados em laboratórios credenciados para fins de certificação sanitária ou trânsito;
Suspeita descartada: caso suspeito de doença vesicular cuja investigação pelo SVO descartou a
existência de animais com sinais clínicos compatíveis;
Caso provável de doença vesicular: constatação, por médico veterinário oficial, da existência
de animais susceptíveis à febre aftosa, apresentando sinais clínicos compatíveis com doença
vesicular;
Caso confirmado de febre aftosa: caso provável que atenda a um ou mais dos seguintes
critérios:
Foco de febre aftosa: unidade epidemiológica onde foi identificado pelo menos um caso
confirmado da doença.
OBS 1: no primeiro caso/foco em uma zona livre de febre aftosa deve ser realizado o
isolamento e a identificação do vírus.
OBS 2: em um foco de febre aftosa, todos os animais susceptíveis que apresentarem sinais
clínicos compatíveis com febre aftosa serão considerados casos confirmados,
independentemente de resultado laboratorial.
Caso descartado de febre aftosa: caso provável de doença vesicular que não atendeu aos
critérios para confirmação de caso de febre aftosa.
Caso confirmado de infecção por Senecavírus A (SVA): caso provável de doença vesicular em
suínos, com resultado negativo para febre aftosa e positivo para SVA por detecção de RNA viral
ou isolamento e identificação viral.
Caso confirmado de doença vesicular dos suínos: caso provável de doença vesicular, com
resultado negativo para febre aftosa e isolamento e identificação do vírus da doença vesicular
dos suínos em amostras procedentes de suínos com ou sem sinais clínicos da doença.
COLHEITA DE AMOSTRA
O material colhido deve ser acondicionado e enviado em embalagem tripla (modelo UN3373),
devendo chegar ao laboratório sob temperatura de refrigeração (2 a 8 ºC).
Líquido vesicular: o líquido deve ser colhido com seringa de 1 mL (tipo insulina) e agulha estéril
de 8 x 0,30 mm e acondicionado, sem conservantes, em microtubos tipo Eppendorf. Caso o
volume seja inferior a 200 microlitros (0,2 mL), deve-se adicionar igual volume de meio de
conservação à amostra de líquido vesicular e congelar o material em seguida.
Soro: utilizado para detecção de anticorpos contra proteínas virais, em especial quando não há
possibilidade de colheita de epitélio ou de líquido vesicular. Obter, por animal, 2/3 do volume
do microtubo tipo Eppendorf de 2mL, límpido, após dessorar.
MEDIDAS APLICÁVEIS
Medidas aplicáveis em focos de febre aftosa: as medidas previstas em caso de foco da doença
são abordadas no Plano de Contingência para febre aftosa, disponibilizado pelo Departamento
de Saúde Animal, no endereço eletrônico do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.
Vacinação: uso de vacinação preventiva obrigatória somente em bovinos e búfalos nas zonas
livres de febre aftosa com vacinação. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
poderá autorizar a vacinação de emergência como parte das estratégias para contenção de
focos de febre aftosa no país, conforme previsto no Plano de Contingência para febre aftosa,
disponibilizado pelo Departamento de Saúde Animal no endereço eletrônico do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
CONCLUSÃO DA INVESTIGAÇÃO
A investigação pode ser concluída imediatamente quando a suspeita de doença vesicular for
descartada.
Nos casos prováveis de doença vesicular, a investigação somente pode ser encerrada, após a
investigação clínico-epidemiológica, acompanhada do diagnóstico laboratorial final negativo
para febre aftosa.
Um foco de febre aftosa somente será encerrado após a eliminação dos casos e contatos e
comprovação de ausência de circulação viral, conforme o Plano de Contingência para febre
aftosa – níveis tático e operacional.
A febre aftosa não é uma enfermidade autóctone das Américas, e para entendimento de sua
introdução e endemismo deve ser contextualizada com a origem dos rebanhos de animais
suscetíveis na região.
A necessidade de reduzir os impactos causados pela febre aftosa tornou-se imperativa para a
continuidade e viabilidade das cadeias de pecuária. Daí a estruturação de programas de
controle e a organização de sistemas de vigilância na região, a exemplo do que ocorreu na
Europa e América do Norte, capitaneados pela área oficial, mas com ampla participação do
maior interessado – o produtor.
Por se tratar de enfermidade transfronteiriça, combater a febre aftosa como política unilateral
ou individual de cada país seria extremamente difícil e oneroso. A iniciativa de criar o Centro
Pan-americano de Febre aftosa (PANAFTOSA), órgão atualmente vinculado à Organização Pan-
americana da Saúde (OPAS/OMS), referência técnica para a América Latina e Laboratório de
Referência para Febre aftosa – PANAFTOSA (1951) - permitiu abordar o problema dentro de um
contexto regional, estimulando a cooperação internacional. A evolução nos controles e os
desafios impostos para a obtenção desse objetivo levaram à criação de muitas estruturas
organizacionais plurinacionais como o Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa
(GIEFA) e o Comitê Hemisférico para a Erradicação da Febre Aftosa (COHEFA). Em especial, a
Comissão Sul-americana de Luta contra a Febre Aftosa (COSALFA), sob a coordenação do
PANAFTOSA, tem sido um fórum fundamental no processo de erradicação da doença na
América do Sul, direcionando esforços, mobilizando as áreas públicas (os governos e suas
estruturas) e privada (os produtores e suas instituições de representação) para a execução dos
programas nacionais.
É evidente o significativo avanço obtido na formação dos serviços veterinários da região, com o
fortalecimento do conhecimento científico e a estruturação de rede de informação, que serviu
de base para o sistema de vigilância continental.
O Programa hemisférico para a erradicação da febre aftosa (PHEFA), por meio dos seus planos
de ação (1988-2009 e 2011-2020), catalisou os processos de obtenção de áreas livres de forma
progressiva e sustentável, uniformizando estratégias para todos os países da região e
motivando a colaboração entre eles.
3. HISTÓRIA DO PNEFA
O Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa - PNEFA possui uma história de 60 anos,
mas as primeiras ações de controle da febre aftosa no Brasil remontam a anos bem anteriores.
A seguir, é apresentada uma pequena linha do tempo das ocorrências mais marcantes para a
erradicação da doença no País:
2. 1921: devido à preocupação frente aos prejuízos ocasionados pela doença, o Código de
Polícia Sanitária foi reestruturado e aperfeiçoado;
7. 1965: foi implantado, como piloto, o Programa de combate à febre aftosa no Rio Grande do
Sul;
8. 1966: o programa foi estendido aos demais Estados do sul e sudeste, além da Bahia, Mato
Grosso, Goiás e Sergipe;
11. 1975-1977: execução da segunda etapa utilizou recursos de fundos nacionais e incorporou
os programas de raiva dos herbívoros e brucelose bovina;
13. 1982: desenvolvimento de pesquisas em vacina oleosa trivalente contra febre aftosa;
14. 1989: adoção de obrigatoriedade em todo o país do uso de vacina contra febre aftosa com
adjuvante oleoso, permitindo aumentar o intervalo entre as etapas de vacinação;
18. 1998: reconhecimento internacional da primeira zona livre com vacinação no país;
19. 2007: as áreas livres com vacinação são a maior parte do território brasileiro; O estado de
Santa Catarina é reconhecido como zona livre em que não se pratica a vacinação. Reformulação
do PNEFA, com a publicação da Instrução Normativa nº 44/2007;
21. 2017: publicação do Plano Estratégico 2017-2026 do PNEFA, visando à ampliação gradual
das zonas livres sem vacinação dentro de uma perspectiva sustentável e de coparticipação do
setor público e privado;
22. 2018: reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de todo país livre
de febre aftosa;
4. CONTEXTO ATUAL
Nesses últimos dez anos, ocorreram profundos avanços na erradicação da febre aftosa: a maior
parte dos rebanhos da América do Sul está em país ou zona livres com ou sem vacinação (95%
da área geográfica, 95% dos rebanhos), inclusive com países alcançando o reconhecimento de
livres de febre aftosa sem a prática de vacinação, total ou parcialmente.
Em 2017, foi lançado o Plano Estratégico do PNEFA delineado para ser executado em um
período de 10 anos, iniciando em 2017 e encerrando em 2026. O Plano está alinhado com o
Código Sanitário para os Animais Terrestres (Código Terrestre), da Organização Mundial de
Saúde Animal (OIE), e com as diretrizes do Programa Hemisférico de Erradicação da Febre
Aftosa (PHEFA), convergindo com os esforços para a erradicação da doença na América do Sul.
Um dos seus objetivos é a substituição gradual da vacinação contra a febre aftosa, em todo o
território brasileiro, pela adoção e melhoria de diversas ações de vigilância, agrupadas por
componentes e por operação (Figura 2) com o envolvimento do SVO, setor privado, produtores
rurais e agentes políticos, nos diferentes âmbitos da federação.
5. SISTEMA DE VIGILÂNCIA
Um importante ator no sistema de vigilância animal é o SVO. No Brasil, o SVO é formado pelos
setores das instituições governamentais que executam procedimentos e prestam serviços
relacionados à saúde animal, como o MAPA, representando a instância central e superior, e os
órgãos estaduais de sanidade agropecuária, representando as instâncias intermediárias e
locais. O SVO é a organização responsável pela implantação de medidas de prevenção, controle
e erradicação de doenças (ameaças internas ou externas). Nesse contexto, o principal objetivo
da vigilância é suprir o SVO de informações para auxiliar na adoção de medidas sanitárias
eficazes.
As informações obtidas com as ferramentas dos sistemas de vigilância permitem avaliar o risco
de uma doença particular em uma população e orientam as medidas sanitárias para sua
mitigação. Nesse sentido, os diferentes componentes de um sistema de vigilância produzem
regularmente informações que ajudam a tomar decisões com base em uma avaliação de risco
precisa, oportuna e objetiva.
Nos territórios livres de doenças, com e sem vacinação, a vigilância tem dois propósitos:
Deste modo, o plano de vigilância para a febre aftosa apresentado neste documento buscou
estabelecer diretrizes e princípios para alcançar esses dois propósitos, dependendo da
condição sanitária da região (livre de febre aftosa com vacinação ou livre de febre aftosa sem
vacinação)
Existem diferentes abordagens possíveis para a vigilância, cada uma com suas próprias
vantagens e desvantagens. Para determinar quais abordagens de vigilância podem ser úteis
para diferentes objetivos, é necessário ser capaz de descrever e comparar os sistemas de
vigilância, com base em uma variedade de características.
2. Cobertura populacional: descreve qual proporção da população alvo é coberta pelo sistema
de vigilância. Algumas vigilâncias (por exemplo, pesquisas) só conseguem amostrar uma
proporção relativamente pequena da população, enquanto outros sistemas têm cobertura
praticamente completa.
5.1.1. Zona livre de febre aftosa em que se pratica a vacinação – demonstração de livre e
detecção precoce
Os componentes de vigilância são desenhados para gerar dados contínuos, e a associação das
informações geradas, com suas respectivas sensibilidades, permitem determinar a
probabilidade de que este sistema encontre pelo menos um animal enfermo (infectado) com
base no pressuposto de que a população está infectada com uma prevalência muito baixa. A
medida de confiança de ser livre de febre aftosa está fortemente ligada à sensibilidade do
sistema de vigilância.
É importante ressaltar que, devido à vacinação dos animais, existe uma menor probabilidade
de aparecimento de sinais clínicos clássicos da doença nos animais vacinados em um cenário
de transmissão viral, quando comparado com zonas onde não há vacinação. Assim, a vigilância
sorológica nos animais vacinados, sob coordenação do SVO, assume maior importância ante à
vigilância clínica para demonstração da condição de livre, e sua realização aumenta
consideravelmente a sensibilidade do sistema de vigilância para esse objetivo.
Por outro lado, a detecção precoce da doença, mediante à investigação completa de quadros
clínicos compatíveis com doenças vesiculares (vigilância passiva), é uma vigilância contínua e
que abrange todas as espécies suscetíveis à febre aftosa do país, sendo essencial para a rápida
resposta e prevenção da disseminação da doença, em caso de reintroduções.
5.1.2. Zona livre de febre aftosa em que não se pratica a vacinação –detecção precoce
A detecção precoce assume uma importância mais crítica entre os objetivos da vigilância na
zona livre de febre aftosa em que não se pratica a vacinação, permitindo o rápido
reconhecimento de ocorrências, o diagnóstico confiável e a orientação de uma resposta
tempestiva e eficaz, evitando a disseminação da doença. Como resultado, espera-se que o
fortalecimento do sistema de vigilância permita a detecção quando ainda em pequena escala
de infectados em termos populacionais, permitindo o controle o mais cedo possível e evitando
disseminação e perdas devastadoras.
A detecção clínica da febre aftosa em populações sem a imunidade conferida pela vacina é
mais fácil, dadas as características infecciosas e de disseminação da doença, facilitando a
percepção dos sinais clínicos e a notificação por partes interessadas. Dessa forma, torna-se
fundamental o papel do produtor rural e de pessoas que diariamente trabalham com os
animais como fonte de notificação de suspeitas, pela observação diária dos animais na sua
rotina. Nesse sentido, o SVO deve estar atento à participação destas partes interessadas e
promover, em conjunto com as entidades representativas do setor produtivo, ações de
comunicação e educação em saúde animal, visando melhorar sua capacidade de detecção e
notificação imediata de casos suspeitos.
Para a certificação anual desta condição sanitária junto à OIE, as zonas ou países,
principalmente os exportadores como o Brasil, devem demostrar que não há indícios de
infecção pelo vírus da febre aftosa, mediante a conjunção das ações de cada um dos
componentes do sistema de vigilância. Ressalta-se que, entre todos os componentes do
sistema de vigilância para a febre aftosa, os inquéritos e estudos sorológicos associados a
vigilância sorológica possuem baixa relevância em zonas livres sem vacinação, ao contrário do
que ocorre em zonas livres onde se pratica a vacinação, podendo ser dispensados de ser
realizados
6. ÁREA GEOGRÁFICA
O Sistema de vigilância para a febre aftosa (SVFA) abrange a totalidade do território brasileiro.
No entanto, diante da dimensão territorial (8,5 milhões de km2), há uma ampla diversidade de
ecossistemas, sistemas produtivos, realidades sociais e particularidades geográficas que podem
influenciar os riscos em relação à doença e, portanto, o sistema de vigilância implementado.
Com base nessa realidade, levando em consideração as peculiaridades regionais, o SVFA busca
estabelecer programas dirigidos a identificar e atuar mais fortemente em áreas de maior risco
da ocorrência da doença nas distintas regiões do País, visando a melhor eficiência e eficácia.
7. POPULAÇÃO-ALVO
As espécies animais que são alvo da vigilância direta do PNEFA são a bovina, bubalina, ovina,
caprina e suína. No país há aproximadamente 215 milhões de bovinos, 2 milhões de bubalinos,
24 milhões de ovinos, 13 milhões de caprinos e 41 milhões de suínos, distribuídos em
aproximadamente 2,5 milhões de estabelecimentos rurais, de acordo com dados do SVO em
2020.
Cabe ressaltar que, no histórico da erradicação da febre aftosa na América do Sul, outras
espécies suscetíveis à febre aftosa, incluindo espécies silvestres e asselvajadas, não
demonstraram importância epidemiológica, conforme demonstraram trabalhos realizados pelo
PANAFTOSA ainda na década de 1970.
Pelo sistema de produção brasileiro, os ruminantes domésticos são criados, em sua maioria, de
forma extensiva, permitindo o contato direto com as espécies silvestres de vida livre. Assim, a
vigilância sobre as espécies domésticas reflete a situação sanitária das espécies de vida livre.
10.NOTIFICAÇÃO E REGISTROS
A notificação pode ser efetuada por produtores rurais ou outras pessoas da comunidade não
relacionadas à propriedade, mediante canais de comunicação disponíveis ao público. O portal
de notificação do e-SISBRAVET possibilita a qualquer cidadão realizar a notificação online.
A notificação gera uma investigação pelo SVO em até 12 horas e todos os registros são
realizados no sistema, onde é possível avaliar os indicadores de tempo tanto da notificação,
assim como da investigação pelo SVO.
Suspeita descartada: caso suspeito de doença vesicular cuja investigação pelo SVO descartou a
existência de animais com sinais clínicos compatíveis;
Caso provável de doença vesicular: constatação, por médico veterinário oficial, da existência de
animais suscetíveis à febre aftosa, apresentando sinais clínicos compatíveis com doença
vesicular; ou com indício de vínculo epidemiológico com caso/foco confirmado de febre aftosa;
Caso confirmado de febre aftosa: caso provável que atenda a um ou mais dos seguintes
critérios:
Caso descartado de febre aftosa: caso provável de doença vesicular que não atendeu aos
critérios para confirmação de caso confirmado de febre aftosa;
Foco de febre aftosa: unidade epidemiológica onde foi identificado pelo menos um caso
confirmado da doença.
O LFDA-MG é a unidade autorizada para a manipulação de cepas virais, uma vez que dispõe de
estrutura certificada para Biossegurança com nível 4 de classificação perante à OIE.
Identificação do agente:
Amostras de epitélio, suabe e líquido vesicular são direcionados para a detecção primária do
agente, principalmente por técnicas moleculares, sendo posteriormente direcionados para
isolamento viral. Qualquer suspeita no teste em cultivo celular é submetida novamente às
técnicas moleculares. Em situações peculiares, quando não é possível coletar amostras de
epitélio ou líquido vesicular, como por exemplo, em ruminantes testados com a finalidade de
trânsito e que tenham resultado reagente na sorologia para febre aftosa, pode-se coletar, no
auxílio da investigação da doença vesicular em ruminantes, amostras de líquido esofágico-
faríngeo (LEF).
Testes sorológicos:
O fluxo e as provas laboratoriais realizadas para febre aftosa no País podem ser visualizados na
Figura 6.
13. ATENDIMENTO A SUSPEITAS E GESTÃO DE FOCOS
O conjunto das atividades de vigilância capazes de produzir dados sobre a condição da doença
em particular ou sobre a condição de uma população específica, e a partir disso, tomar uma
ação, constitui um sistema de vigilância.
Em zonas ou países livres de Febre aftosa, a notificação de casos suspeitos pelos produtores e
demais atores envolvidos (vide “partes interessadas”) é fundamental para a detecção precoce
da enfermidade.
Conforme descrito, o Brasil possui um portal de notificação que possibilita a qualquer cidadão
realizar a notificação on line, destacando, entretanto, que a notificação pode ser realizada por
qualquer outra via (presencial, telefone, e-mail etc). Independente da via da notificação, todas
são registradas e monitoradas pelo SVO. A notificação gera uma investigação do SVO em até 12
horas.
Como forma de racionalizar a execução das ações de vigilância, tanto as fiscalizatórias com as
de educação e comunicação, o SVO lança mão de estudos de análises de risco multicritérios
para a identificação de áreas e estabelecimentos rurais de maior risco para a ocorrência da
febre aftosa, considerando fatores associados a introdução, manutenção e disseminação da
doença na população. Até o final do Plano Estratégico 2017-2026 do PNEFA está planejado a
realização destes estudos em cada uma das 27 Unidades Federativas do País para a
determinação das áreas e propriedades que devem ser priorizadas na vigilância para a febre
aftosa, especialmente nesse novo contexto sem a utilização da vacinação.
Dentre os fatores de risco que são utilizados para essa caracterização, pode-se citar:
5) Alta movimentação animal das espécies suscetíveis à febre aftosa. Pode-se utilizar estudos
de análises de rede de movimentação para a identificação de municípios e estabelecimentos
rurais que possuem maior importância na rede (tanto para recebimento como para a dispersão
de animais);
10) Outros fatores podem ser identificados e adotados em cada UF, conforme caracterização e
estudo realizado para a identificação de áreas e estabelecimentos rurais de maior risco para a
ocorrência da febre aftosa, como por exemplo, aqueles com grande trânsito de veículos e
pessoas (estabelecimentos rurais voltados a produção de leite, por exemplo).
Com esta caracterização e identificação de áreas e estabelecimentos rurais de maior risco para
a ocorrência da febre aftosa, busca-se melhorar a eficiência do SVFA no País. Essa vigilância
propicia, ainda, a colheita e registro de informações referentes aos rebanhos de animais
suscetíveis à febre aftosa e a interação do SVO com os responsáveis pelo manejo dos animais
para o desenvolvimento de ações de educação e comunicação em saúde animal.
Todas as aglomerações de animais realizadas no Brasil são fiscalizadas por Médico Veterinário
Oficial ou acompanhadas por Médico Veterinário Habilitado pelo SVO, com o objetivo de
fiscalizar a documentação sanitária e inspecionar os animais.
Por isso, a vigilância para detectar a doença em aglomerações e garantir a rastreabilidade dos
animais tem papel primordial para identificar sinais clínicos compatíveis e estender a ação de
vigilância para os estabelecimentos rurais de origem dos animais.
a) baixo custo, haja visto que os animais já são inspecionados para outras finalidades;
1) a população abatida não é representativa de toda a população alvo, portanto esse viés
inerente ao componente deve ser equilibrado quanto às vantagens de baixo custo, melhor
sensibilidade e grande quantidade de animais inspecionados; e
Uma amostragem baseada em risco (que tem como alvo indivíduos com maior probabilidade
de ter a doença) é mais apropriada nos estudos de avaliação da transmissão viral, pois pode
fornecer um nível semelhante de confiança da ausência da doença, mesmo envolvendo um
tamanho menor de amostra, numa abordagem mais eficiente para a vigilância.
2. Recomendações iniciais
2. Base de dados referentes à movimentação animal: O SVE, tanto unidade local como central,
deve ter sistema informatizado para o controle e emissão de GTA, com acesso oportuno aos
dados de movimentação de animais de qualquer propriedade rural.
3. Outras informações: O SVE, tanto unidade local como central, deve ter conhecimento e
registro, de forma eletrônica e padronizada, de uma série de dados e informações que serão de
grande importância na fase de alerta e também para uma resposta oportuna no caso de uma
emergência em febre aftosa. Esses dados devem ser atualizados, pelo menos, uma vez ao ano.
1. Meios de transporte e de comunicação: toda UVL deverá possuir forma adequada para
deslocamento e comunicação na sua área de atuação.
4. Recursos financeiros: Importante que exista no SVE, tanto na UVL como no nível central,
procedimentos administrativos estabelecidos e descritos para a pronta disponibilização e
utilização de recursos financeiros, no caso de necessidade durante as fases de investigação e
alerta.
3. Fase de Investigação
É importante ter conhecimento que o sistema de vigilância para a febre aftosa contempla as
seguintes categorias de doenças:
• outras doenças infecciosas que, durante seu curso, podem apresentar lesões vesiculares ou
ulcerativas: vaccínia bovina, pseudovaríola bovina, estomatite papular, ectima contagioso,
mamilite herpética bovina, febre catarral maligna, rinotraqueíte infecciosa bovina e diarreia
viral bovina;
• agravos não infecciosos que podem provocar sinais clínicos confundíveis (ex. claudicação,
sialorreia) com doenças vesiculares infecciosas: intoxicação por plantas, fungos, produtos
químicos, traumatismos e outros.
As definições de caso suspeito de doença vesicular, caso provável de doença vesicular, suspeita
descartada de doença vesicular, caso descartado de febre aftosa e caso confirmado de febre
aftosa constam na ficha técnica da doença no site específico do Mapa e está de acordo com os
critérios do Código Sanitário dos Animais Terrestres da OIE. A Figura 2 demonstra o fluxo de
investigação de caso suspeito de doença vesicular.
FIGURA: Representação do fluxo de investigação de casos suspeitos de doença vesicular.
A fase de investigação começa quando o SVO tem conhecimento de uma suspeita de doença
vesicular.
A notificação da suspeita de doença vesicular é obrigatória para qualquer cidadão, bem como
para todo profissional que atue na área de diagnóstico, ensino ou pesquisa em saúde animal,
conforme legislação vigente.
Todo caso suspeito de doença vesicular, independentemente de sua origem, deve ser
investigado pelo SVO em um prazo de até 12 horas. O resultado da investigação inicial pode ser
suspeita descartada ou caso provável de doença vesicular. Entre motivos de suspeita
descartada estão a “ausência de animais susceptíveis”, “ausência de sinais clínicos compatíveis”
e identificação de “agravo não infeccioso” ou outras doenças infecciosas que não se
enquadram na definição de doença vesicular.
1) em uma região onde a vacinação contra a febre aftosa não é praticada, o quadro clínico em
bovinos tende a ser muito mais agudo e evidente, e a taxa de ataque bem mais alta;
2) nem sempre a febre aftosa evolui com toda a sintomatologia clássica descrita, podendo
aparecer lesões com maior ou menor intensidade dependendo da cepa de vírus atuante, da
quantidade de vírus infectante e do estado imunitário dos animais;
3) os bovinos são mais suscetíveis ao vírus da febre aftosa, entretanto, em animais com certo
grau de imunidade para febre aftosa, podem ocorrer somente lesões na boca, sem
generalização nas patas, ou apenas em uma ou duas patas, sem o aparecimento de lesões
orais. Exemplo desse quadro foi o foco registrado em Monte Alegre (PA), em 2004, quando na
investigação da suspeita, o SVO identificou somente um bovino com discreto sinal clínico em
apenas uma pata. Já em rebanhos não vacinados, a suscetibilidade independe da idade dos
bovinos;
4) suínos são mais sensíveis à infecção e apresentam sinais bem mais graves: as vesículas no
focinho podem ser grandes e cheias de fluido sanguinolento; as lesões na boca geralmente são
secas, com epitélio necrosado; as lesões podais são graves e o casco pode-se soltar
completamente na altura da banda coronária. A principal via de infecção é a digestiva, o que
exige maior dose infectante quando comparado aos bovinos. Isso explica, em parte, a presença
de suínos não infectados em propriedades com ocorrência da febre aftosa em bovinos, como o
observado no foco índice registrado em Eldorado (MS), em 2005, e durante a ocorrência no Rio
Grande do Sul, em 2000;
6) dependendo da cepa do vírus da febre aftosa, nem sempre todas as espécies suscetíveis são
atingidas, mesmo convivendo na unidade epidemiológica afetada. Por exemplo, nos focos
registrados em 2000 e 2001 no Rio Grande do Sul, apesar de existirem suínos e ovinos
convivendo com bovinos, apenas estes últimos apresentaram sinais clínicos;
7) a estomatite vesicular, por sua vez, é endêmica em algumas regiões do Brasil. Tem como
diferença importante a suscetibilidade dos equídeos. Entretanto, existem casos em que a
doença foi identificada em bovinos e suínos, não se manifestando em equídeos. Em bovinos, a
taxa de morbidade referente à estomatite vesicular tende a ser maior em animais adultos;
9) a infecção por Senecavírus A atinge suínos e é endêmica em algumas regiões do Brasil, com
ocorrência principalmente em granjas tecnificadas. Os primeiros registros no país ocorreram a
partir de 2015. É comumente detectada nos estabelecimentos de abate com a detecção de
lesões em cicatrização ou cicatrizadas. Por este motivo é importante a conscientização do
produtor e dos médicos veterinários responsáveis técnicos para a notificação em tempo hábil
ainda nas granjas, a fim de permitir a colheita de material adequado para o diagnóstico;
10) a doença vesicular dos suínos é de baixa incidência mundial, registrada em países europeus
e asiáticos – nunca foi registrada nas Américas. Atinge apenas suínos;
11) o exantema vesicular do suíno foi diagnosticado apenas nos Estados Unidos e na Islândia. A
doença foi considerada erradicada em 1959 e, desde então, não foram registrados mais casos
em qualquer outra parte do mundo.
2) vesículas e bolhas íntegras, perceptíveis apenas durante a fase aguda da doença, que dura
até dois dias (vesícula é um pequeno levantamento da epiderme contendo líquido seroso,
enquanto bolha é uma vesícula maior que 0,5 cm de diâmetro, geralmente formada pela
coalescência de vesículas);
a) em espécies não vacinadas o percentual tende a ser alto entre bovinos convivendo em uma
mesma pastagem, piquete ou galpões, o que pode não ser observado em rebanhos submetidos
a seguidas etapas de vacinação;
c) relação do provável início de casos clínicos com ingresso de animais suscetíveis no rebanho
ou de caminhões boiadeiros para carga ou descarga de animais. Em suinoculturas, especial
atenção deve ser dada à procedência dos alimentos.
10) De forma geral, uma vez rompidas as vesículas, a rapidez da cicatrização estará influenciada
por diferentes fatores, o que permite, na prática, uma estimativa aproximada da idade da
lesão. Até o quinto dia, ainda é possível uma boa precisão, porém, à medida que vai passando
o tempo, vai aumentando a dificuldade para se estimar a idade da lesão. Abaixo são
apresentados alguns exemplos na estimativa da idade de lesões em língua de bovinos e em
patas de suínos:
b) vesículas recentemente rompidas com pedaços de epitélio ainda aderidos nas bordas das
lesões: um a três dias;
c) vesículas rompidas com perda de epitélio e ausência de bordas nítidas de tecido fibroso:
entre três e sete dias;
d) lesões abertas com tecido fibroso de bordas nítidas: entre sete e dez dias.
3.3. Aspectos clínicos e epidemiológicos de outras doenças confundíveis com febre aftosa
É importante reforçar que o descarte da suspeita deve estar bem fundamentado tecnicamente
e, na dúvida, o profissional deverá dar continuidade a investigação.
É oportuno lembrar que nas regiões sem vacinação o quadro clínico em bovinos é mais
evidente, enquanto em regiões com vacinação é pouco provável que ocorram quadros clínicos
clássicos nessa espécie, com lesões facilmente detectáveis.
Neste caso, o esperado é a presença de sinais clínicos em reduzido número de animais, com
lesões menos severas, podendo ser verificadas indiscriminadamente na língua, boca, espaços
interdigitais ou úbere.
Além das doenças infecciosas confundíveis, outros casos comuns de descarte das suspeitas de
doença vesicular envolvem intoxicações e traumatismos físicos ou químicos. No caso das
intoxicações, destacam-se as substâncias responsáveis por quadros de fotossensibilização, os
produtos químicos cáusticos ou abrasivos, e ainda os fungos do gênero Clavaria e os
Phytomyces chartarum.
Os fungos Phytomyces chartarum causam a doença denominada eczema facial, afetando
bovinos e mais raramente os ovinos, caracterizada por um quadro clínico de
fotossensibilização.
Quando a notificação for realizada por telefone, recomenda-se, por precaução, registrar o
número do telefone de origem e confirmar por meio de chamada de retorno. Entretanto, caso
a pessoa não queira ser identificada, deve ser garantido o sigilo.
A pessoa que fez a notificação da suspeita, caso tenha estado em contato com os animais, deve
ser orientada sobre os procedimentos de biossegurança necessários para evitar a disseminação
do possível agente infeccioso, principalmente quanto a não movimentação dos animais
suspeitos e seus contatos diretos, e não entrar em nenhuma outra propriedade com animais
suscetíveis à febre aftosa até o final da investigação que será realizada pelo SVO.
O atendimento deve ser, de preferência, imediato ou, no máximo, em até 12 horas. No caso de
notificações por terceiros ou pela vigilância, buscar identificar e fazer contato prévio com o
proprietário ou responsável pelos animais para combinar a melhor e mais rápida forma de
realizar a inspeção clínica dos animais suscetíveis a febre aftosa. Caso a notificação tenha sido
apresentada no final do dia e dependendo da distância e das condições da estrada e de
iluminação no local, o mais recomendado é o atendimento nas primeiras horas da manhã do
dia seguinte. Na hipótese de o médico veterinário responsável pela UVL não estar presente no
momento da notificação, o servidor que a receber deverá realizar o registro inicial no sistema e
entrar em contato com a unidade central ou a unidade regional (caso exista) para avaliar e
definir o atendimento por outro médico veterinário do SVO. Havendo resistência por parte do
proprietário ou responsável pelos animais, a notificação poderá ser atendida com auxílio das
forças policiais, devendo-se esgotar todos os recursos antes de empregar esta ação. Os
profissionais do SVO deverão portar a carteira funcional ou outro documento de identificação
profissional. Recomenda-se dispor de cópia ou acesso à legislação que lhes dá competência
para tomar as medidas necessárias no âmbito da defesa sanitária animal, com destaque para o
ingresso em propriedade rural ou outro local qualquer para examinar os animais com suspeita
de doença vesicular, e para a interdição do local, caso o risco da presença e difusão de agente
infeccioso seja confirmado.
4º Ações na propriedade
Chegando à propriedade com animais suspeitos, o profissional deverá tomar todos os cuidados
com a biossegurança e dedicar-se com atenção aos trabalhos de investigação, entrevista,
inspeção clínica dos animais e investigação epidemiológica.
a) deve-se dirigir diretamente à sede para realizar uma entrevista inicial com os responsáveis
pelos animais (realizar uma anamnese detalhada, utilizar as perguntas existentes no formulário
de investigação inicial e no formulário específico de investigação de doença vesicular) e definir
a melhor forma para realizar a inspeção clínica dos animais. Em propriedades mais extensas, é
desejável para avaliação epidemiológica, a elaboração de um croqui simplificado, indicando a
localização dos mangueiros ou pastos e a distribuição dos animais suscetíveis à febre aftosa;
b) dirigir-se, com todo o material necessário, diretamente ao lote dos animais sob suspeita e
inspecioná-los, se possível no mesmo local onde se encontram.
Caso seja necessário e, desde que os riscos para disseminação da doença sejam reduzidos, os
animais poderão ser movimentados dentro da propriedade para local que facilite o exame
clínico. A inspeção deve começar pelos lotes suspeitos, tendo em vista que nesta fase da
investigação o mais importante é confirmar ou descartar a suspeita de doença vesicular
infecciosa;
c) no lote sob investigação, inspecionar o maior número possível de animais. Para as doenças
transmissíveis como febre aftosa, a ordem de inspeção dos animais que estão em convivência
não tem importância epidemiológica, podendo iniciar a inspeção pelos animais sadios ou pelos
animais com sinais clínicos. Entretanto, diante da necessidade de avaliar rapidamente a
suspeita apresentada, e especialmente em situações em que a inspeção clínica dos animais
demonstre ser complexa, recomenda-se que a inspeção comece pelos animais com sinais
clínicos aparentes, com o objetivo de realizar a colheita de material para diagnóstico
laboratorial (se necessária). O importante é que seja examinado o maior número de animais,
tanto aqueles com sinais clínicos, quanto os aparentemente sadios, com o objetivo de avaliar a
dispersão da doença e a idade das lesões, além de estabelecer, com apoio da entrevista
realizada, o provável início do episódio sanitário;
d) a inspeção clínica deve ser estendida às demais espécies susceptíveis à febre aftosa e
equídeos existentes na propriedade. O médico veterinário responsável pelo atendimento deve
ter em mente que, dependendo do quadro clínico e epidemiológico encontrado, haverá
necessidade de outras visitas para inspeções complementares no rebanho. A primeira visita
tem como prioridade o descarte ou a confirmação da suspeita e, quando necessário, a colheita
de amostras para envio ao laboratório preconizado pelo Mapa. No Anexo 5 pode ser
consultado um guia básico para exame de animais suspeitos de doença vesicular;
e) além da inspeção clínica, deverá ser realizada uma avaliação epidemiológica, considerando
indicadores de demografia animal (faixa etária, sexo, densidade, tipo de exploração, etc.),
expectativa de imunidade dos animais existentes, ingresso recente de animais ao lote,
mudanças de manejo, ocorrência simultânea em diferentes espécies, qualidade da pastagem e
do solo (se há presença de tocos ou pedras, por exemplo), dentre outros aspectos.
a. Suspeita descartada
A suspeita pode ser descartada na propriedade, pelo MVO, diante das seguintes possibilidades:
Diante de caso provável de doença vesicular, o MVO deverá ter atenção especial com as
atividades de colheita de material para diagnóstico, levantamento de informações e
biossegurança. Na sequência, serão destacados alguns procedimentos e informações sobre
cada uma dessas atividades, a serem consideradas no local onde estão os casos prováveis de
doença vesicular. É oportuno reforçar que, nessa fase de alerta, decorre um intervalo de tempo
de grande importância, no qual ações devem ser conduzidas, levando-se em conta a
possibilidade de se confirmar um caso de febre aftosa, e que estão descritas na Fase de Alerta.
5) utilizar tubos de tampa rosqueada e fundo cônico de 15 ou 50 ml, vedados com filme de
parafina plástica, ou microtubos, a depender do volume da amostra;
6) O volume do meio de conservação utilizado deve ser o menor possível, suficiente apenas
para cobrir o material colhido.
b.1.1 . Sorologia
Na fase inicial da investigação, a colheita de soro deve ficar limitada aos animais com sinais
clínicos, sendo recomendado colher no máximo amostras de soro de 10 animais.
Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal – OIE - uma reação positiva à prova de
detecção de anticorpos contra o vírus da febre aftosa pode ter quatro causas: infecção natural;
vacinação; presença de anticorpos maternos; e reações cruzadas (heterófilas). Com respeito
aos anticorpos maternos, a OIE indica que normalmente são encontrados até os seis meses de
idade em bovinos, mas podendo ser detectados por mais tempo em alguns indivíduos.
Nos locais onde a vacinação é realizada, o emprego de testes laboratoriais para detecção de
anticorpos contra o vírus da febre aftosa tem valor limitado quando a análise é individual. O
MVO responsável pela investigação da suspeita de doença vesicular deve ter cuidado especial
na obtenção do histórico de vacinação contra a febre aftosa, procurando cruzar informações.
A identificação de casos prováveis que possibilitem a colheita de material para isolamento viral
é a situação mais desejada, dando mais segurança ao diagnóstico final e indicando que a
notificação e o atendimento pelo SVO ocorreram de forma oportuna. É importante que sejam
seguidas as seguintes recomendações:
3) Caso o volume seja inferior a 200 microlitros (0,2 ml), deve-se adicionar igual volume de
meio de conservação à amostra de líquido vesicular e congelar o material;
5) No caso de lesões discretas, como aquelas observadas em lesões causadas por Poxvirus,
sugere-se a utilização de punch. Os fragmentos obtidos devem ser acondicionados em
microtubos com tampão fosfato em volume suficiente para cobri-los;
6) O material colhido das regiões oral e nasal é mais adequado em função da menor presença
de sujidades. As patas e úberes, antes da colheita, devem ser lavados com água limpa para
remoção de sujeiras (não utilizar nenhum tipo de sabão ou antisséptico). Acondicionar o
material colhido em frascos separados, para cada animal envolvido, contendo Líquido de Vallée
(Anexo 6) em volume suficiente para cobrir os tecidos. Pequenos fragmentos de epitélio devem
ser enviados preferencialmente em microtubos;
7) Deve-se colocar em frascos separados o material colhido de cada região (oral, nasal, podal e
úbere). Nunca misturar materiais de animais diferentes em um mesmo frasco. Os frascos
deverão ser devidamente vedados, identificados, acondicionados em sacos lacrados e
mantidos sob refrigeração ou, de preferência, congelados (-20 °C). Depois de lacrados, os sacos
deverão ser limpos e desinfetados antes do acondicionamento na caixa isotérmica (o emprego
de pequenos pulverizadores ou borrifadores manuais, com solução de desinfetante, facilita
essa operação);
Detectadas lesões sugestivas nas linhas de inspeção, o MVO deverá verificar a existência de
animais daquele lote que ainda não entraram na sala de abate para uma avaliação clínica, com
o objetivo de colher amostras na pocilga de chegada e seleção.
A colheita de LEF exige treinamento específico e os animais devem estar em jejum mínimo de
12 horas. O líquido esofágico-faríngeo deve ser armazenado em igual quantidade de MEM e
congelado o mais rapidamente possível, procedendo-se com a aferição do pH do meio de
conservação antes da colheita de material. No caso de amostras negativas, é recomendada a
realização de mais uma colheita, com intervalo de pelo menos 15 dias, na busca de um
diagnóstico mais consistente.
Em suínos, deve-se optar por coletar fragmentos das tonsilas e manter os mesmos congelados
até a chegada ao Laboratório.
Os meios de Vallée e MEM, empregados para conservação das amostras de epitélio e de LEF,
apresentam composição distinta. Além da função de conservação, esses meios têm como
objetivo preparar as amostras para os diferentes procedimentos aos quais serão submetidas no
laboratório. Dessa forma, a utilização desses meios deve respeitar as suas finalidades
específicas, não sendo adequado substituir um pelo outro. O quadro abaixo apresenta as
recomendações de utilização de meio por tipo de material colhido.
Considerando que a doença alvo do PNEFA é a febre aftosa, é fundamental destacar que os
testes para diagnóstico diferencial somente serão realizados ante a resultados negativos para
febre aftosa. Com vistas a um diagnóstico conclusivo, dependendo da qualidade e da
quantidade das amostras colhidas durante a primeira inspeção clínica, poderá haver
necessidade de retorno à propriedade ou ao local onde estão os animais para colheita de
novas amostras.
O MVO responsável pelo atendimento deve se reunir com as pessoas diretamente envolvidas
para realizar a entrevista, ocasião em que deverá orientar sobre as recomendações de
biossegurança. Ao final da entrevista, deverá ser verificado se todas as informações para
preenchimento dos formulários foram levantadas, dando especial atenção ao provável início da
doença, e fazendo uma relação entre as informações encontradas e a cronologia e avaliação da
idade das lesões examinadas na data da visita.
a) proibir a saída da propriedade de animais e produtos de risco para difusão da febre aftosa.
Também estão incluídos os animais não suscetíveis, ante o risco de veiculação mecânica da
vírus da febre aftosa;
b) produtos não associados diretamente com risco de difusão da doença podem disseminá-la
de forma mecânica, por isso devem ser tomadas todas as medidas para desinfecção dos meios
de transporte e do material de acondicionamento desses produtos;
d) deixar o lote com casos prováveis de doença vesicular sob responsabilidade apenas de um
reduzido grupo de trabalhadores, que não poderá ter acesso e contato com os demais animais
suscetíveis da propriedade;
e) orientar os presentes para que não visitem outras propriedades com animais suscetíveis à
febre aftosa e não mantenham contato com outras pessoas que também lidam com animais
suscetíveis à doença (tal conduta deve ser mais rigorosa para aquelas pessoas que mantiveram
contato direto com os animais doentes);
f) proibir visitas de qualquer pessoa sem autorização, inclusive médicos veterinários, técnicos
que trabalham com inseminação artificial e outros profissionais e produtores, principalmente
aqueles que tenham contato com animais suscetíveis à febre aftosa;
g) a produção de leite deverá ficar retida na propriedade. Não empregar o produto e seus
derivados na alimentação de animais suscetíveis (especialmente bezerros e suínos). O leite
representa um risco direto e também de difusão mecânica, por meio do caminhão
transportador e das pessoas que lidam com a sua coleta. Independentemente da quantidade
produzida, a retirada do produto da propriedade não poderá ser autorizada enquanto
persistirem os riscos de disseminação da doença. Mesmo sabendo tratar-se de medida que
envolve várias questões econômicas e sociais, deve-se considerar que o leite possui valor
unitário baixo e muitas vezes é mais seguro recomendar a sua destruição, com indenização ao
produtor. Alternativas a serem empregadas e recomendadas em relação ao leite incluem:
II) consumo interno do leite dos animais sadios, após fervura por pelo menos cinco minutos, se
não for possível realizar o processo de inativação recomendada pela OIE;
III) destruição, com o emprego de produtos químicos que levam à alteração de pH (por
exemplo, vinagre ou soda cáustica), descartando o produto em vala aberta para esse fim. Não
derramar o produto em rios ou outras coleções de água.
Na questão da biossegurança, atenção especial deve ser dada aos desinfetantes empregados
diante de diferentes situações.
5º Retorno à UVL
4. Fase de alerta
A fase de alerta envolve o período entre a confirmação do caso provável de doença vesicular e
o diagnóstico definitivo apoiado por teste laboratorial. Esta fase deve ser conduzida
considerando a probabilidade de ocorrência da febre aftosa.
Os principais objetivos das ações desenvolvidas nesta fase são: dar início às atividades para
avaliar a possibilidade de ocorrência da doença em outros rebanhos; restringir a
movimentação de animais suscetíveis à febre aftosa para minimizar os riscos de disseminação
do possível agente viral; e dar continuidade ao levantamento de informações para, caso
necessário, implantar ações de emergência zoossanitária. As atividades devem ser conduzidas
com bastante cautela, para não produzir tumulto ou pânico na comunidade local. Deverão ser
envolvidos apenas os profissionais necessários à execução das operações de prevenção e de
investigação epidemiológica complementar.
No retorno à UVL:
Após ajustar a logística com o superior, enviar o material, na maior brevidade possível,
acondicionado e identificado adequadamente, para o laboratório de triagem da unidade
central do SVE;
3) aprofundar a análise dos vínculos envolvendo o rebanho com casos prováveis de doença
vesicular. Confirmar todas as propriedades localizadas no entorno do estabelecimento com
animais afetados (definidas como propriedades com vínculo epidemiológico devido à
proximidade geográfica) e aquelas que, nos últimos 30 dias em relação ao possível início da
doença, mantiveram vínculo de ingresso ou egresso de animais suscetíveis com o rebanho sob
investigação. Manter suspensa a emissão de GTA da propriedade investigada e, juntamente
com a unidade central do SVE, suspender a emissão de GTA das propriedades vinculadas.
6) No caso de regiões com produção leiteira, comunicar e orientar os responsáveis pela coleta
do leite ou outros produtos lácteos. As linhas de coleta deverão estar identificadas e os trechos
que envolvem as propriedades sob investigação deverão ser interditados, definindo-se rotas
alternativas;
7) Estimar o número de equipes necessárias para realizar a investigação nas propriedades com
vínculos na sua área de jurisdição e repassar a demanda à unidade central do SVE para as
providências imediatas.
8) Considerar que, no caso de febre aftosa, os animais podem eliminar vírus a partir de três
dias antes do início dos sinais clínicos, o que torna necessário prever uma equipe para cada
propriedade com vínculo, de forma a reduzir os riscos de disseminação da doença. Mesmo não
se observando sinais clínicos compatíveis com doença vesicular, é importante que, nessas
condições, todos os procedimentos de biossegurança sejam adotados no ingresso e egresso
das propriedades.
Após ter conhecimento do caso provável de doença vesicular, os pontos focais do PNEFA no
SVE em conjunto com o setor de epidemiologia deverão:
4) Preparar e enviar o material colhido ao laboratório indicado pela Divisão de Febre Aftosa do
Mapa, no menor tempo possível. É de responsabilidade do ponto focal do PNEFA no SVE, em
conjunto com o ponto focal do PNEFA na SFA, o acompanhamento da remessa até sua chegada
ao laboratório.
7) Uma vez delimitada as possíveis áreas de risco epidemiológico (perifoco de 3km; vigilância
de 7km e proteção de 15km), devem ser mapeadas e levantadas as seguintes informações por
área:
c) Vias de acesso, identificando possíveis locais para implantação de barreiras sanitárias (com
apoio do setor de trânsito);
f) Todas as propriedades e pontos na região delimitada devem ter seus dados de localização
geográfica extraídos no sistema e disponibilizadas em planilhas para que, em caso de
confirmação, o arquivo possa ser acessado em uma situação de ausência de internet; -,
i) Cabe a unidade central do SVE, em conjunto com a SFA, coordenar e acompanhar todo
processo de investigação.
O trabalho de investigação e vigilância nas propriedades com vínculo epidemiológico deve ser
cuidadoso e preciso, incluindo as seguintes atividades:
3) Diante de sinais clínicos compatíveis com doença vesicular, considerar como caso provável
de doença vesicular e seguir todos os passos da fase de investigação e alerta; ou
Cabe destacar que os esforços do setor privado (produtores, médicos veterinários privados,
técnicos agrícolas, etc) devem ser no sentido de que a notificação de suspeitas de doença
vesicular seja feita imediatamente ao SVO, com os animais ainda nos estabelecimentos de
criação, sendo assim evitada qualquer movimentação ou envio de animais com lesões
compatíveis com doenças infecciosas aos abatedouros, eventos de aglomeração ou qualquer
emissão de GTA que leve a movimentação de animais suspeitos, objetivando o atendimento
ainda no estabelecimento de origem de forma a evitar a disseminação de doenças, além dos
transtornos nos estabelecimentos de abate, aglomeração ou em fiscalizações de trânsito.
Abaixo serão relatados as ações que devem ser realizadas em cada situação:
Os lotes com animais identificados como casos prováveis de doença vesicular deverão ser
abatidos por último, evitando contato direto com os demais. Após a separação, o abate dos
lotes sadios pode prosseguir. As carcaças, vísceras e demais produtos do abate do dia, tanto do
lote com sinais clínicos como dos lotes sem sinais clínicos, devem ser segregados e mantidos
sob controle do Serviço de Inspeção até conclusão da investigação. Outras medidas devem ser
aplicadas até o resultado final da investigação descartando a doença são:
Em caso de detecção de lesões vesiculares recentes que não sejam compatíveis com a data da
avaliação clínico-epidemiológica na granja, ou em lotes desacompanhados da documentação
do SVE comprobatória do atendimento prévio e do descarte da suspeita de febre aftosa, o SVO
deve considerar como caso provável de doença vesicular e adotar as medidas previstas neste
manual.
2) proibição da saída de todos os animais, que deverão permanecer nas suas respectivas baias,
com acesso a alimentação e água;
5) suspensão da emissão de GTA das propriedades de origem dos animais considerados casos
prováveis de doença vesicular, e propriedades com vínculo epidemiológico; e
1) Caso a identificação de animais com sinais clínicos compatíveis com doença vesicular tenha
ocorrido em postos de fiscalização localizados nas divisas interestaduais, impedir o ingresso no
estado, reter o veículo com os animais e notificar imediatamente a unidade central do SVE.
Esta deverá notificar imediatamente a SFA para acionar os estados envolvidos, principalmente
o de origem dos animais, buscando a realização de uma ação conjunta;
3) Devem ser colhidas amostras dos animais suspeitos para exame laboratorial, realizados seus
registros e todos procedimentos de biossegurança preconizados para uma investigação de caso
provável de doença vesicular;
4) Questões relacionadas ao local para realizar a colheita e para manter os animais até o
processamento das amostras e o resultado final da investigação devem ser analisadas,
considerando os seguintes pontos:
6) Caso na propriedade de origem dos animais também tenha sido constatada a presença de
animais doentes e caso a distância entre a propriedade e o local de interrupção do trânsito não
seja muito grande e não coloque em risco outras propriedades, pode-se avaliar a possibilidade
de retorno dos animais à origem;
8) Em qualquer hipótese, o transporte dos animais deve ser realizado em veículos escoltados
pelo serviço de defesa sanitária animal, com apoio policial. Os veículos transportadores
deverão ser submetidos a limpeza e desinfecção logo após o desembarque dos animais;
Diagnóstico positivo para febre aftosa: Atendendo aos critérios definidos para caso de febre
aftosa, caberá ao Mapa decretar EMERGÊNCIA ZOOSSANITÁRIA.
a) identificação e intervenção nos focos, visando, entre outras atividades, conter e eliminar
fontes de infecção e levantar informações para apoiar a identificação da origem do agente viral;
1. Para restituição da condição de país ou zona livre de febre aftosa sem vacinação:
c. seis meses depois da eliminação do último animal sacrificado ou da última vacinação (dos
dois, o mais recente), quando se recorre ao sacrifício sanitário e à vacinação de emergência
sem o sacrifício de todos os animais vacinados. Entretanto, isto requer estudo sorológico para
detecção de anticorpos contra proteínas não-estruturais (PNE) do vírus da febre aftosa para
demonstrar que não há indícios de infecção no restante da população vacinada.
• Caso não se recorra ao sacrifício sanitário, os períodos acima não se aplicam, sendo válido o
período de 12 meses após último caso e sem vacinação.
Quando se registra um caso de febre aftosa em um país ou zona livre da doença sem vacinação,
onde o sacrifício sanitário e uma política de vacinação continuada tenham sido adotados, o
seguinte período de espera é requerido para restituição da condição de país ou zona livre com
vacinação: seis meses após a eliminação do último animal sacrificado, e de que estudo
sorológico para detecção de anticorpos contra PNE do vírus da febre aftosa demonstre que não
há indícios de transmissão viral.
• Caso não se recorra ao sacrifício sanitário, os períodos acima não se aplicam, sendo válido o
tempo de 24 meses após o último caso.
2. Para restituição da condição de país ou zona livre de febre aftosa com vacinação:
a. seis meses após eliminação do último animal sacrificado, quando se recorre ao sacrifício
sanitário e à vacinação de emergência, sempre e quando os resultados da vigilância sorológica
para detecção de anticorpos contra PNE do vírus da febre aftosa demonstrem ausência de
indícios de transmissão viral; ou
b. doze meses após detecção do último caso, quando não se recorre ao sacrifício sanitário, mas
sim à vacinação de emergência, e se exerce a vigilância, sempre e quando os resultados da
vigilância sorológica para detecção de anticorpos contra PNE do vírus da febre aftosa
demonstrem ausência de indícios de transmissão viral.
• Caso não se recorra à vacinação de emergência, os períodos de espera acima não serão
aplicados, sendo válido o período de 24 meses após o último caso.
Para viabilizar os prazos mais reduzidos, o sacrifício sanitário representa a estratégia principal
para utilização no início da intervenção zoossanitária, complementada por posterior vigilância
para avaliação de indícios de infecção ou de transmissão viral.
• Sacrifício: designa todo o procedimento que provoca a morte de um animal por sangria.
• Sacrifício sanitário: representa a estratégia para eliminar um foco e realizada sob controle da
autoridade veterinária, consistindo na execução das seguintes atividades:
a) matança dos animais doentes ou suspeitos de terem estado doentes no rebanho e, quando
necessário, em outros rebanhos que tenham estado expostos à infecção por contato direto
com estes animais ou indireto com o agente patógeno causal;
b) destinação dos animais mortos ou dos produtos de origem animal, segundo o caso, por
transformação, incineração ou enterrio; e
Como se observa, o termo sacrifício, por envolver sangria, remete ao abate dos animais em
matadouros, uma vez que não se recomenda este procedimento para eliminação dos animais
nos estabelecimentos rurais, devido a questões operacionais e de biossegurança.
A não utilização das estratégias de sacrifício sanitário e vacinação de emergência faz com que a
restituição da condição de livre de febre aftosa seja mais demorada ou, até mesmo, represente
novo processo de reconhecimento a ser encaminhado e avaliado pela OMSA.
1.2. Vacinação de emergência
Em país ou zona livre de febre aftosa com vacinação, há obrigação de uso da vacinação
emergencial. Na experiência brasileira, o que se faz de concreto é que em situações de foco em
áreas livres com vacinação é antecipar o calendário de vacinação.
A vacinação de emergência pode ser denominada como de proteção ou ser do tipo supressiva.
O termo “vacinação de proteção” é usado em rebanhos que estão próximos a um surto ou
foco, mas que ainda não foram expostos ao vírus, e está relacionado com o objetivo de
“vacinação-para-vida”, ou seja, os animais vacinados, a princípio, não necessitariam ser
destinados ao sacrifício sanitário. Uma vez vacinados, os animais representam uma barreira
imunológica para a propagação da doença. Entretanto, deverão ser submetidos a testes para
avaliação de transmissão viral, ou enviados ao sacrifício, dependendo da estratégia escolhida
para restituição da condição zoossanitária.
O termo “vacinação supressiva”, por sua vez, é usado para a vacinação em focos ou em
rebanhos com alto risco de exposição à infecção, com objetivo de reduzir a manifestação
potencial do vírus, reconhecendo-se, entretanto, que alguns animais possam estar incubando a
doença. Espera-se, vacinando todos os animais expostos, que aqueles ainda não infectados
tenham oportunidade de proteção parcial contra a manifestação clínica. Entretanto, aceita-se,
com isso, que a infecção possa estar presente e quando o tempo e os recursos permitirem os
animais deverão ser sacrificados (“vacinação-para-morte”). Com respeito ao uso da vacinação
em focos, devem ser avaliados os seguintes pontos:
• pode aumentar a resistência quanto ao sacrifício dos animais por parte de seus proprietários
e da comunidade em geral (“o animal está vacinado e protegido, por que deve ser eliminado?”)
Notificar a OIE, Comitê Veterinário Permanente do Cone Sul – CVP, o PANAFTOSA, os países
parceiros comerciais e todos os países da América do Sul
A aplicação prática destes princípios básicos para o controle e erradicação da febre aftosa
implica em:
• adotar medidas envolvendo sacrifício preventivo de animais sabidamente expostos antes que
possam manifestar sinais clínicos da doença, caso necessário;
• investigar toda movimentação de animais susceptíveis, objetos e veículos para dentro e para
fora das propriedades com rebanhos infectados (focos) ocorrida
Como a febre aftosa é uma doença altamente contagiosa, a disseminação só pode ser
interrompida pela rápida destruição dos animais doentes e pela suspensão da movimentação
na área de emergência. A estratégia de destruição deve priorizar os rebanhos clinicamente
afetados dentro dos focos para suprimir a multiplicação do vírus e, em seguida, passar para os
rebanhos sabidamente expostos ou com evidências claras de vínculo epidemiológico.
O sacrifício preventivo pode ser realizado em rebanhos da área de emergência que tiverem
sido sabidamente expostos por contato direto ou indireto e, quando houver algum tipo de
aproveitamento das carcaças.
O uso da vacinação de emergência depende de uma avaliação cuidadosa que deve levar em
consideração a condição imunitária prévia dos rebanhos na área. Os animais vacinados durante
a campanha de emergência devem ser identificados para posterior controle de movimentação
ou sacrifício conforme a definição estratégica adotada.
Dentro da área de emergência zoossanitária, devem ser definidas áreas de risco diferenciado e
estabelecidas estratégias de vigilância específicas, considerando a implantação de postos fixos,
a distribuição das equipes volantes e de equipes de vigilância. A área de emergência deve
evoluir com objetivo de atender o conceito de zona de contenção apresentado pela OIE.
É importante ressaltar que deve ser buscada a maior colaboração dos produtores e
profissionais envolvidos nos focos, evitando sua exposição desnecessária.
Tem como objetivo estabelecer os valores dos animais e demais bens destruídos como
consequência das ações de emergência zoossanitária, para embasamento do processo legal de
indenização do produtor.
As atividades de sacrifício dos animais e destruição de bens somente podem ser executadas
após avaliação pela Comissão.
Esta atividade deve ser coordenada por médico veterinário do serviço oficial.
No caso da matança dos animais envolver o uso de armas de fogo, deve contar com apoio de
profissionais capacitados, com destaque para os órgãos públicos de segurança ou defesa.
Tendo em vista a natureza impactante das atividades a serem realizadas, a equipe deve ser
formada por pessoal com destreza e preparo psicológico adequado. Por razões de segurança,
somente poderão acompanhar ou estar presentes no local de matança pessoas autorizadas
pelo médico veterinário responsável pelos trabalhos, cuja presença seja imprescindível.
O sacrifício sanitário dos animais em cada estabelecimento rural somente poderá ser iniciado
após finalizada a avaliação dos mesmos pela Comissão de Avaliação. Sua realização também
deve ser precedida da definição da forma e local de destino e de destruição dos animais
abatidos, contando com toda a estrutura necessária para deslocamento das carcaças. No caso
de enterro, as valas sanitárias deverão estar devidamente disponíveis, e, no caso de
incineração, o local deve estar devidamente preparado e o material a ser utilizado como
combustível, à disposição. A definição do local de destino dos animais deve contar com parecer
de profissional dos órgãos de meio ambiente.
• demais animais.
A eutanásia deve ocorrer em local o mais próximo possível de onde se encontram os animais e,
ao mesmo tempo, o mais próximo possível de onde as carcaças serão destruídas, considerando
as condições geográficas e fundiárias da área, o esforço para movimentação dos animais ou das
carcaças e os riscos de disseminação da doença, sempre contando com parecer e, quando
disponível, acompanhamento dos órgãos de meio ambiente. Quando, na área de emergência
zoossanitária, houver disponibilidade de abatedouros, uma opção a ser considerada é o envio
dos animais para sacrifício, sob acompanhamento do SVO.
As principais opções para destino das carcaças dos animais abatidos por febre aftosa são o
enterro ou a cremação, ou uma associação entre as duas.
Como destacado, o local para enterro ou cremação deverá ser escolhido com a participação de
profissionais indicados pelos órgãos de meio ambiente.
A vala sanitária é o lugar onde se realiza o enterro das carcaças, podendo ser também o local
onde se realiza a eutanásia dos animais. De forma geral, é composta de duas partes: a rampa
de acesso e a vala sanitária propriamente dita.
O local mais adequado para a destinação das carcaças dos animais sacrificados é dentro do
próprio estabelecimento de localização dos animais, no setor onde se alojam os animais
enfermos e contatos. Entretanto, é necessário que o lugar reúna determinadas condições:
Com a finalidade de obter um melhor aproveitamento do espaço físico da vala, após a abertura
das cavidades dos animais sacrificados (no caso dos ruminantes se inclui o rúmen), com a pá
mecânica acomodam-se os restos dos mesmos.
A vala também deve ser utilizada para destinação de materiais e restos orgânicos oriundos da
limpeza dos estabelecimentos de contenção dos animais (currais, piquetes etc.).
Uma vez terminada a eliminação da totalidade dos animais e materiais de risco para a febre
aftosa, se completa o enterramento, evitando a excessiva compactação já que a mesma
favorece a formação de gretas ou rachaduras por onde possam emergir gases produto da
decomposição orgânica. O centro da vala deve ter altura de pelo menos 0,50 m superior que a
borda, facilitando o escoamento de água e evitando formação de poças. Depois de cobertas as
valas, é recomendável cercar a área com redes ou telas de arame, adentrando, no mínimo, 30
cm no solo, a fim de evitar que pequenos animais se aproximem e comecem a escavar o lugar.
No caso de se optar pela cremação, o local deve ser escolhido cuidadosamente, levando em
consideração os ventos dominantes, a proximidade de outras instalações e cultivos e o
isolamento, a fim de evitar presença de curiosos. Deve-se fazer o possível para que os odores
que se desprendem molestem o mínimo possível os vizinhos e a comunidade em geral.
A vala para cremação deve ter em torno de 1,0m de profundidade e 3,0m de largura. O
comprimento dependerá do número de animais. Tem que estar completamente seguro de que
todos os cadáveres, colocados lado a lado, caibam na vala para serem queimados de uma vez.
É conveniente fazer a cada 2,0m, um canal interruptor transversal, de 0,70m de largura, que
comece no nível do solo e desça até chegar à mesma profundidade da vala principal. Coloca-se
uma cama de lenha ou madeira grossa, transversal à vala, que deve ser preenchida com palha,
lenha fina ou carvão, empapados em querosene ou óleo diesel. Pneus velhos ajudam na
combustão e convém ter de reserva para ir estimulando o fogo.
Os cadáveres dos animais são alinhados acima da cama, alternando cabeça e patas. Procurar
manter os canais interruptores abertos, a fim de utilizá-los para carregar lenha ou carvão e
assim manter um bom fogo. Estima-se que cerca de 6 toneladas de carvão, 1/2 tonelada de
lenha, 75 litros de diesel e 45 kg de palha ou lenha miúda são necessários para queimar 50
cadáveres de bovinos. Pode se calcular, para estes fins, que cinco ovelhas ou cinco suínos
equivalem a um bovino.
Os suínos queimam muito melhor pela gordura corporal e não necessitam de tanto material
combustível. Logicamente, todas estas estimativas variam segundo as condições do local. Após
o término da cremação, a vala deve ser coberta com terra, mantendo-se as mesmas
recomendações para o uso de valas para enterro.
Recomenda-se verificar, com, pelo menos, uma periodicidade semanal, o estado da vala
sanitária até transcorrido um período razoável desde a eutanásia ou cremação dos animais.
Medidas devem ser tomadas no caso de se encontrar anormalidades como rompimento das
cercas de proteção, presença de fissuras ou presença de roedores e cachorros, entre outros
problemas. Devem ser colhidas as coordenadas geográficas dos locais das valas sanitárias ou de
cremação.
Limpeza e desinfecção
Deve-se levar em conta que praticamente todas as substâncias utilizadas nas desinfecções são
tóxicas, em maior ou menor grau. Dessa forma, devem ser tomadas as medidas adequadas
para proteger a saúde, como o uso de equipamentos de proteção individual adequados à
tarefa, incluindo máscaras que evitem a inalação dos produtos químicos.
Destaque especial deve ser dado a todo equipamento e maquinário utilizado nos trabalhos de
abertura das valas e de sacrifício dos animais. A limpeza e desinfecção deve ser desenvolvida
minuciosamente por se tratar de objetos que estiveram em contato direto com animais
enfermos e podem veicular o vírus de forma mecânica.
No caso das indumentárias, quando descartáveis devem ser incineradas in loco, com os restos
enterrados nas valas sanitárias. As vestimentas não descartáveis devem ser adequadamente
ensacadas para seu traslado até o lugar de lavagem, desinfecção e esterilização.
O trabalho deve ser realizado sob responsabilidade de médico veterinário do serviço oficial e
inclui as fases de vazio sanitário; introdução de animais sentinelas; e repovoamento da área
saneada.
O vazio sanitário tem início após a conclusão das atividades de limpeza e desinfecção de
instalações e equipamentos. Sua duração deve ser de, pelo menos, 30 dias.
Nesse período, a propriedade deve ser objeto de uma vigilância especial para garantir a
ausência de animais susceptíveis à febre aftosa. É importante que todos os limites da
propriedade sejam percorridos, para avaliação das condições da cerca. Quaisquer
irregularidades devem ser corrigidas, de forma a evitar o ingresso de animais das propriedades
vizinhas na área em saneamento.
Após o término do período de vazio sanitário podem ser introduzidos animais sentinelas na
área em saneamento.
Como sentinelas, podem ser utilizados bovinos jovens ou suínos com menos de 45 kg, assim
como ovinos ou caprinos, livres de anticorpos contra a febre aftosa. É importante que as
espécies sentinelas sejam espécies afetadas pela cepa viral de ocorrência. Deve-se dar
preferência à espécie bovina, por ser mais susceptível.
Além das características sanitárias dos animais sentinelas, outras questões importantes devem
ser consideradas: origem dos animais; responsáveis pelos custos de aquisição e tratamento dos
animais; responsáveis pelo transporte dos animais; e destino dos animais após o encerramento
da atividade. A tomada de decisão pelo uso dos animais sentinelas deve ser logo do início dos
trabalhos de saneamento, de forma que haja tempo hábil para seleção e preparação dos
mesmos.
Todos os animais deverão ser identificados com duplo brinco ou chip eletrônico.
Deverão permanecer na propriedade por pelo menos dois períodos de incubação da febre
aftosa (≈ 30 dias), sendo inspecionados diariamente, com colheitas de amostras de soro
sanguíneo aos 15 e 30 dias da introdução. Os animais deverão ter livre acesso às áreas
expostas à contaminação pelo vírus da febre aftosa.
Quando ocorrer comprovação de febre aftosa nos animais sentinelas, o caso deverá ser
devidamente notificado e todos os animais deverão ser eliminados, reiniciando o processo de
saneamento do foco.
Atividades de vigilância
No ano de 2021, como parte do cumprimento das metas do Plano Estratégico 2017-2026 do
PNEFA (PE-PNEFA), o Brasil ampliou suas zonas livres de febre aftosa sem vacinação. Além do
estado de Santa Catarina, o Bloco I (composto pelos estados do Acre e Rondônia, parte do
Amazonas e parte do Mato Grosso1), e os estados de Rio Grande do Sul e Paraná também
alcançaram o reconhecimento internacional concedido pela Organização Mundial de Saúde
Animal (OMSA).
Dentre as bases técnicas do Plano Estratégico do PNEFA está a organização geográfica dos
estados em cinco blocos, com cronogramas de suspensão distintos, agrupados a partir de
análises da distribuição espacial de rebanhos e movimentação animal, indicadores de comércio
de animais e sistemas de produção de interesses comuns.
O Plano tem como meta tornar todo o país livre da febre aftosa sem a utilização da vacinação
até o ano de 2026, encerrando assim um ciclo exitoso do uso da vacina contra a febre aftosa no
país.
1930: Produção das primeiras vacinas com real efetividade contra a febre aftosa. Obtinha-se o
antígeno pela inoculação do vírus ativo na língua de animais vivos e posteriormente se retirava
o epitélio lingual para produção da vacina.
1950: Evolução da técnica de produção em tecido lingual, a partir da inoculação do vírus obtido
de epitélio colhido em matadouros (Método de Frenkel).
1963: As vacinas passaram a ser produzidas em células de rim de hamster (BHK). Essas células
possuíam grande rendimento pela capacidade de se reproduzirem em tanques de fermentação
de aço inoxidável de alto volume e permitirem o monitoramento constante da quantidade,
sensibilidade e da qualidade do antígeno em produção.
1980: Proibição do uso de vacina viva atenuada porque, embora induzisse uma boa proteção
ao animal vacinado, possuía vários inconvenientes, tais como: dificuldade na obtenção da
redução da virulência nas diversas cepas de vírus, persistência do vírus em órgãos e tecidos de
animais vacinados, risco de causar a doença em animais de espécies diferentes daquela para a
qual o vírus foi atenuado (exemplo: um vírus modificado para bovinos não pode ser utilizado
em suínos e vice-versa).
1982 a 1985: Participação do Brasil, em conjunto com os países da América do Sul, nos projetos
elaborados pelo Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária (Panaftosa)
com a colaboração técnica do Centro de Doenças Animais de Plum Island, do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos da América (USDA), visando a utilização de uma vacina que
melhor atendesse aos objetivos e às estratégias de erradicação. Essa parceria culminou com o
desenvolvimento da vacina com adjuvante oleoso, bem como com a padronização de técnicas
laboratoriais para monitorar a qualidade desse produto. Introdução gradativa da aplicação da
vacina oleosa após a transferência de tecnologia do Panaftosa ao setor privado, com indução
de proteção por seis meses, em substituição à vacina em veículo aquoso, que conferia
imunidade por tempo máximo de três meses. Além de imunidade mais duradoura,
impulsionada pela liberação lenta e contínua do antígeno na corrente sanguínea, o
componente oleoso protege o antígeno da ação de anticorpos maternos, o que significa na
prática a possiblidade de vacinar bezerros em qualquer idade.
1998: Os laboratórios produtores de vacina contra a febre aftosa, localizados na região Sul e
Sudeste, passaram a cumprir obrigatoriamente os requisitos de biossegurança estabelecidos no
regulamento técnico brasileiro (Portaria n° 177/94), com nível de biossegurança 4 (NB-4) da
OIE. Entre os requisitos para a biocontenção ininterrupta do vírus no ambiente de manipulação
estão: o rigoroso controle de acesso de pessoal; ambiente interno com pressão negativa
permanente; sistema alternativo de fornecimento de energia para garantir o funcionamento
ininterrupto do sistema de ar; tratamento do ar de entrada e saída do laboratório por meio de
filtros absolutos duplos de alta eficiência na retenção de partículas (HEPA) e tratamento
térmico ou químico dos efluentes líquidos e sólidos gerados.
2008: Introdução do controle de anticorpos contra proteínas não estruturais (PNE) em todas as
partidas de vacina contra a febre aftosa com o objetivo de diferenciar a indução desses
anticorpos entre animais vacinados e a ocorrência de circulação viral, fato que provocou a
mudança no processo de purificação e concentração de antígenos para eliminação de PNE.
Atualização e publicação do regulamento técnico para produção e controle de qualidade de
vacina contra a febre aftosa (Instrução Normativa n° 50, de 23 de setembro de 2008).
Estratégia de Vacinação
A vacinação contra febre aftosa é compulsória, ou seja, realizada por força de lei, utilizada
somente em bovinos e bubalinos de forma sistemática e massiva para conferir melhor
imunidade de rebanho, exceto naquelas UFs onde a condição sanitária já não requer essa
prática (zonas livres de febre aftosa sem vacinação).
A vacinação de bovinos e bubalinos com idade abaixo de 24 meses deve ser semestral, uma vez
que os animais jovens são mais suscetíveis à doença. Animais adultos, com histórico de pelo
menos quatro vacinações, são vacinados uma vez ao ano, de acordo com a estratégia adotada
pelo MAPA e em consonância com as recomendações internacionais.
Além das características imunogênicas da vacina, a definição das estratégias de vacinação leva
em consideração as características geográficas e agroprodutivas predominantes em cada região
do país. Os meses para realização das etapas de vacinação variam conforme a UF.
- Vacinação estratificada por faixa etária, em etapas de 30 dias, onde a imunização é dirigida
principalmente aos animais jovens (menores de 24 meses de idade), cuja vacinação é
semestral, e aos animais adultos (mais de 24 meses de idade) com vacinação anual; ou
A cada etapa, o proprietário dos animais deve comprovar a aquisição da vacina em quantidade
compatível e declarar sua aplicação, registrando-a presencialmente nas UVLs, via internet ou
por outras formas disponibilizadas pelo SVE, nos prazos estabelecidos oficialmente.
Abaixo são apresentadas definições de alguns termos utilizados pelo SVO, no que se refere às
atividades de vacinação, que podem ser empregadas de forma associada e complementar,
dependendo da situação.
Vacinação oficial (agulha oficial): realizada pelo SVO, que se responsabiliza por sua aplicação.
Pode ser aplicada em função de inadimplência em etapas anteriores, por se tratar de área,
situação ou propriedades de risco, ou ainda em outras ocasiões conforme avaliação do SVO.
Vacinação acompanhada ou assistida: é aquela realizada pelo produtor com a presença do SVO
durante toda a sua execução. Pode ocorrer com objetivo de orientação, de assistência a
comunidades carentes ou de fiscalização. Neste último caso, a juízo do SVO e mediante
comunicação oficial por escrito com antecedência, pode-se determinar que a vacinação
realizada pelo proprietário somente seja reconhecida quando acompanhada ou assistida pelo
serviço oficial. Tanto a vacinação oficial quanto a vacinação acompanhada ou assistida
possibilitam ao SVO certificar a aplicação da vacina na totalidade dos animais existentes em
determinada propriedade rural.
Aprova as diretrizes gerais para a vigilância da febre aftosa com vistas à execução do Programa
Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA).
DIRETRIZES GERAIS PARA A VIGILÂNCIA DA FEBRE AFTOSA
CAPÍTULO I
DEFINIÇÕES
Parágrafo único. Para fins desta Instrução Normativa, consideram-se as seguintes definições,
além daquelas descritas no Código Sanitário para Animais Terrestres da OIE e nos manuais e
plano de vigilância para febre aftosa disponibilizados no endereço eletrônico do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento:
II - emergência zoossanitária para febre aftosa: condição específica causada pelo registro de um
foco de febre aftosa ou dele derivada, onde serão implantadas e executadas ações necessárias
para eliminação do agente e a recuperação da condição de livre da doença, conforme manuais
ou planos disponibilizados pelo Departamento de Saúde Animal no endereço eletrônico do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e
III - foco de febre aftosa: registro de pelo menos um caso confirmado de febre aftosa, de
acordo com ficha técnica disponibilizada pelo Departamento de Saúde Animal no endereço
eletrônico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
CAPÍTULO II
Art. 2º O PNEFA tem como objetivo criar e manter condições necessárias para garantir a
condição de livre da febre aftosa, por meio do fortalecimento dos mecanismos de prevenção e
detecção precoce da doença.
a)a fiscalizações de animais suscetíveis à febre aftosa e seus produtos pecuários em portos,
aeroportos, terminais rodoviários, postos de fronteira e afins;
X - realização das etapas de vacinação sistemática contra a febre aftosa nas zonas livres com
vacinação;
CAPÍTULO III
CADASTRO
Art. 5º O cadastro no SVO de explorações pecuárias das espécies suscetíveis à febre aftosa e
sua atualização são compulsórios e de obrigação do produtor, detentor ou responsável legal
dos animais.
§ 1º Deverá ser declarado, por faixa etário e sexo, o total de animais de sua exploração
pecuária, bem como as demais informações solicitadas, dentro dos prazos definidos pelo SVO
nas Unidades da Federação (UF).
§ 3º Atualização cadastral fora do período das campanhas oficiais deverá ser coordenada pelo
SVO nas UF, mediante iniciativa do produtor, detentor ou responsável legal dos animais.
Art. 6º O SVO da UF deve dispor dos dados cadastrais em sistema de informação eletrônico,
auditável e com geolocalização dos estabelecimentos rurais.
Parágrafo único. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento padronizará os dados
que deverão estar disponíveis e atualizados nas UF, e coordenará a integração entre os bancos
de dados estaduais para as consultas e as análises necessárias pelas instâncias do SVO.
CAPÍTULO IV
Art. 7º Para estabelecer um caso confirmado de febre aftosa deve ser adotada a definição
publicada pelo Departamento de Saúde Animal, elaborada com base nas diretrizes do Código
Sanitário para os Animais Terrestres da OIE.
Parágrafo único. Para estabelecer um caso suspeito ou provável de doença vesicular devem ser
adotados os critérios estabelecidos em ficha técnica disponibilizada pelo Departamento de
Saúde Animal no endereço eletrônico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Art. 10. A confirmação de foco de febre aftosa acarreta declaração de estado de emergência
zoossanitária pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de acordo com a
legislação específica.
Parágrafo único. O trânsito de animais suscetíveis à febre aftosa e de materiais de risco, na área
de emergência zoossanitária estabelecida conforme previsto nos manuais e planos
disponibilizados pelo Departamento de Saúde Animal no endereço eletrônico do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, será imediatamente suspenso até que o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento emita regulamentação específica para a região.
CAPÍTULO V
Art. 12. Para a manutenção da condição sanitária de país livre ou de zonas livres de febre aftosa
no país, o SVO nas UF deverá executar de forma continuada as seguintes atividades, sem
prejuízo de outras normas e procedimentos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento:
III - controlar o ingresso de animais susceptíveis à febre aftosa, bem como produtos e
subprodutos de risco;
Art. 13. A vacinação sistemática e obrigatória contra a febre aftosa será realizada em bovinos e
bubalinos nas zonas livres de febre aftosa com vacinação, sendo proibida a vacinação de outras
espécies susceptíveis, salvo em situações especiais determinadas pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
§ 2º Uma vez definidas as etapas de vacinação, o SVO nas UF deverá regulamentar e divulgar os
procedimentos estabelecidos no âmbito estadual.
§ 5º O SVO da UF deve fazer o controle e a análise dos dados de cada etapa, seguindo os
procedimentos e prazos estabelecidos em manual específico disponibilizado no endereço
eletrônico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Art. 14. A vacinação contra a febre aftosa é de encargo do responsável legal pelos animais, que
deverá adotar os seguintes procedimentos:
III - administrar as vacinas pela via aprovada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, dentro dos períodos estabelecidos pelo SVO; e
Parágrafo único. O não cumprimento de qualquer dos deveres mencionados neste artigo
sujeitará o responsável legal pelos animais às penalidades previstas na legislação do SVO na UF.
Art. 15. O SVO nas UF poderá realizar o acompanhamento da vacinação contra febre aftosa em
qualquer estabelecimento rural na sua jurisdição, podendo também adquirir a vacina e realizar
a vacinação em animais situados em áreas de risco ou em outras unidades epidemiológicas
consideradas de importância estratégica.
Parágrafo único. A fiscalização da vacinação contra a febre aftosa será efetuada por critérios
técnicos, com base em parâmetros definidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.
Art. 16. A disponibilização de vacina contra a febre aftosa para estabelecimentos distribuidores
e revendedores somente será permitida quando estes estiverem devidamente autorizados no
SVO da UF.
Art. 17. É proibida a aplicação, manutenção e comercialização de vacina contra a febre aftosa
em zonas livres de febre aftosa sem vacinação, ou em zonas livres com vacinação em transição
para livre sem vacinação, exceto em condições autorizadas pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.
CAPÍTULO VII
Seção I
Aspectos Gerais
Art. 20. O trânsito de animais susceptíveis à febre aftosa, bem como dos seus produtos e
subprodutos, em todo o território nacional, considerará a condição sanitária para a febre aftosa
das regiões de origem e de destino, sem prejuízo a outros requisitos zoossanitários definidos
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
§ 1º Conforme avaliação do SVO da UF, os animais susceptíveis à febre aftosa, seus produtos e
subprodutos em desacordo com a legislação estarão sujeitos à determinação de retorno à
origem, apreensão, abate em matadouro com serviço de inspeção oficial ou eliminação dos
animais ou seus produtos que representem risco para difusão da febre aftosa, sem prejuízo da
aplicação das demais medidas técnicas e legais necessárias para mitigação de risco.
Art. 21. O trânsito de espécies susceptíveis à febre aftosa, seus produtos e subprodutos,
envolvendo a passagem por zonas de diferentes condições sanitárias, somente será autorizado
em vias específicas determinadas pelo SVO.
Art. 22. O trânsito de animais suscetíveis à febre aftosa, seus produtos e subprodutos, por
qualquer modalidade ou finalidade, está sujeito à auditoria e fiscalização da autoridade
competente.
Art. 23. No caso da suspensão temporária do reconhecimento de zonas livres de febre aftosa
devido à ocorrência de focos da doença, o trânsito de animais susceptíveis à febre aftosa, de
produtos e subprodutos de risco, com origem nas UF ou parte das UF envolvidas, deverá
cumprir procedimentos específicos definidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento após avaliação específica.
Seção II
Art. 24. O egresso de animal susceptível à febre aftosa deve estar acompanhado da Guia de
Trânsito Animal - GTA, sem prejuízo de outros documentos estabelecidos pelo SVO.
§ 1º A GTA somente poderá ser expedida quando a exploração pecuária de origem e destino
estiverem cadastradas na base de dados informatizada sob controle do SVO.
§ 3º A emissão da GTA para a movimentação de animais susceptíveis à febre aftosa deverá ser
realizada pelo SVO nos casos em que a origem possuir condição sanitária para febre aftosa
inferior ao destino, exceto para suínos destinados ao abate ou oriundos de Granjas de
Reprodutores de Suídeos Certificadas - GRSC, ou outra classificação que venha a ser adotada
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, quando poderá ser efetuada por
médico veterinário habilitado pelo SVO para emissão de GTA.
§ 4º Toda carga de animais susceptíveis à febre aftosa, quando lacrada pelo SVO de origem ou
por médico veterinário habilitado pelo SVO para a emissão de GTA, por observância a esta
Instrução Normativa, somente poderá ter seu lacre rompido sob supervisão do SVO ou de
médico veterinário habilitado pelo SVO para a emissão de GTA.
§ 5º As informações constantes das GTA são de uso exclusivo para fins de defesa sanitária
animal.
Art. 25. O SVO das UF deverá adotar mecanismos de controle e responsabilização quanto à
confirmação das movimentações de animais suscetíveis à febre aftosa, de acordo com os
procedimentos estabelecidos em manual específico disponibilizado no endereço eletrônico do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
I - o estabelecimento rural onde estão os animais está em acordo com as regras descritas nesta
Instrução Normativa;
III - durante a etapa de vacinação e até noventa dias após seu término, os animais destinados
diretamente ao abate ficam dispensados da obrigatoriedade da vacinação contra febre aftosa;
IV - quando a exploração pecuária não possuir bovinos ou bubalinos na faixa etária prevista na
etapa de vacinação, a movimentação de seus animais fica condicionada a regularidade da
declaração de atualização cadastral, de acordo com a legislação sanitária adotada em cada UF;
V - a emissão de GTA para a movimentação de ovinos, caprinos e suínos em zona livre de febre
aftosa com vacinação fica condicionada à comprovação da regularidade da vacinação contra
febre aftosa em bovinos e bubalinos, caso estes últimos existam no estabelecimento rural; e
Art. 28. Quando exigido o isolamento de animais suscetíveis à febre aftosa, este poderá ser
realizado no estabelecimento rural de origem ou de destino, mediante condições aprovadas
pelo SVO.
Art. 29. Quando o trânsito de animais suscetíveis à febre aftosa envolver parada temporária
para descanso e alimentação em zona com condição zoossanitária para a febre aftosa superior
à origem, esta deverá ser previamente autorizada e seguir procedimentos estabelecidos pelo
SVO, observando-se os critérios estabelecidos de bem-estar animal, incluindo-se tempo de
parada e descanso.
Art. 30. O SVO deverá manter cadastro atualizado dos transportadores de animais, tanto para
pessoas físicas quanto jurídicas, bem como dos veículos transportadores.
Seção III
Art. 31. É proibido o ingresso e a incorporação de animais vacinados contra a febre aftosa em
zona livre sem vacinação.
Parágrafo único. O ingresso temporário, para trânsito, deverá obedecer às rotas e aos
procedimentos previamente estabelecidas e publicadas pelo SVO da UF.
Art. 32. O ingresso e incorporação de animais susceptíveis à febre aftosa em zona livre sem
vacinação fica autorizado para:
II - animais procedentes de zona livre de febre aftosa com vacinação, exceto bovinos e
bubalinos, atendendo às seguintes condições:
b) tenham nascido ou permaneceram em zona livre de febre aftosa com vacinação por período
mínimo de 3 (três) meses imediatamente antes de seu ingresso;
c) quando transportados em veículos, a carga deverá ser lacrada pelo SVO ou por médico
veterinário habilitado pelo SVO para a emissão de GTA;
f) foram submetidos a testes de diagnóstico com resultados negativos para febre aftosa, sob
supervisão do SVO, em até trinta dias anteriores ao embarque, de acordo com definições do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Art. 33. O ingresso de bovinos e bubalinos vacinados contra a febre aftosa em zona livre de
febre aftosa sem vacinação procedentes de zona livre de febre aftosa com vacinação e
ingressados por local autorizado pelo SVO, fica autorizado nas seguintes situações:
a) transportados em veículos lacrados pelo SVO ou por médico veterinário habilitado pelo SVO
para a emissão de GTA; e
Parágrafo único. O serviço de inspeção oficial disponibilizará informações aos SVO sobre a
chegada e abate dos animais.
Seção IV
Art. 34. O ingresso de animais susceptíveis à febre aftosa em zona livre com vacinação com
origem em zona livre de febre aftosa sem vacinação fica condicionado ao atendimento dos
seguintes requisitos:
I - ovinos, caprinos, suínos e outros animais susceptíveis, com exceção de bovinos e bubalinos,
estão dispensados de requisitos adicionais com referência à febre aftosa; e
Art. 35. O regresso para zona livre de febre aftosa sem vacinação de animais susceptíveis à
febre aftosa de alto valor zootécnico, portadores de identificação individual permanente e
registro genealógico ou certificado especial de identificação e produção, movimentados para
fins de participação em eventos de exposição ou julgamentos, assim como mantidos em
centrais de coleta e processamento de sêmen, poderá ser autorizado, mediante as seguintes
condições:
I - tenham como origem uma zona livre de febre aftosa sem vacinação;
III - tenham sido mantidos sob supervisão do SVO durante toda a permanência no evento de
aglomeração ou nas centrais de coleta e processamento de sêmen.
Seção V
Art. 37. O trânsito de produtos e subprodutos obtidos de animais susceptíveis à febre aftosa no
território nacional, para todas as finalidades, deve seguir procedimentos definidos pela
Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que
permitam sua rastreabilidade e descrevam a natureza do processamento ou outra medida
adotada, quando aplicável, para inativação do vírus da febre aftosa.
Art. 38. Os procedimentos utilizados para inativação do vírus da febre aftosa a que se refere
esta Instrução Normativa são aqueles descritos no Código Sanitário para Animais Terrestres da
OIE.
Art. 39. É permitida a passagem, pela zona livre, de produtos e subprodutos obtidos de animais
susceptíveis à febre aftosa provenientes de zonas não livres, desde que acompanhados da
documentação sanitária correspondente e devidamente autorizados pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, utilizando rotas previamente autorizadas e mediante
carga lacrada, podendo a aplicação do lacre ocorrer nos limites da zona livre.
Art. 40. Somente é permitido o trânsito de sêmen, embriões, ovócitos de animais susceptíveis
à febre aftosa quando obtidos em estabelecimentos registrados no Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.
§ 1º Quando oriundos de zona livre de febre aftosa com vacinação, sêmen e ovócitos devem
estar acompanhados de declaração emitida pelo médico veterinário responsável técnico do
estabelecimento de origem, atestando que estes produtos foram obtidos de doadores que:
I - tenham sido mantidos por pelo menos três meses antes da coleta em uma zona livre de
febre aftosa com vacinação;
II - tenham recebido pelo menos duas vacinações contra a febre aftosa, no caso de bovinos e
bubalinos; ou
III - tenham sido submetidos a testes para anticorpos contra a febre aftosa no mínimo 21 (vinte
e um) dias após a coleta e com resultados negativos.
Art. 41. É proibido o ingresso na zona livre de febre aftosa de amostras contendo vírus da febre
aftosa ou materiais com potencial ou sabidamente capaz de reproduzir a doença, destinado a
qualquer fim, salvo quando autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.
Art. 42. O ingresso em zona livre de febre aftosa de produtos e subprodutos de animais
susceptíveis à febre aftosa não especificado nesta Instrução Normativa, incluindo material de
interesse científico e com finalidade para uso industrial, deverá ser analisado e eventualmente
autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, avaliados os riscos
envolvidos e as medidas disponíveis para sua mitigação.
Seção VI
Trânsito de animais, produtos e subprodutos envolvendo zona não livre para febre aftosa ou
com condição sanitária suspensa
Art. 43. O ingresso em zona livre de febre aftosa de animais susceptíveis à febre aftosa, seus
produtos e subprodutos, oriundos de zonas não livres ou de zona livre de febre aftosa com a
condição suspensa, seguirá regulamentação específica do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, elaborada com base nas diretrizes do Código Sanitário para Animais Terrestres
da OIE.
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 44. A importação de animais susceptíveis à febre aftosa e de seus produtos e subprodutos
deve ocorrer de acordo com os requisitos estabelecidos para o trânsito internacional ou com
regulamentação específica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Art. 45. Os casos omissos e as dúvidas suscitadas na execução desta Instrução Normativa serão
dirimidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.