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FEBRE AFTOSA

Situação epidemiológica
Doença ausente no país (últimas ocorrências, em 2006, nos estados do MS e PR).

Reconhecimento Oficial pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA)

País livre de febre aftosa composto por:

● 4 zonas livres sem vacinação:

1. SC;

2. PR;

3. RS;

4. AC, RO e parte do AM e do MT.

● 1 zona livre com vacinação: AL, AP, AM, BA, CE, ES, GO, MT, MS, MA, MG, PA, PB, PE, PI, RJ,
RN, RR, SP, SE, TO e DF.

Etiologia
A febre aftosa ou foot-and-mouth disease (FMD) é uma enfermidade infecciosa altamente
contagiosa causada por um vírus do gênero Aphtovirus pertencente à família Picornaviridae. O
vírion é composto de um capsídeo icosaédrico sem envelope e por uma molécula de ácido
ribonucléico (RNA) de aproximadamente 8.400 nucleotídeos.

O genoma viral codifica 12 proteínas, sendo quatro destas envolvidas na formação do capsídeo
e responsáveis pela antigenicidade e ligação a célula hospedeira, denominadas proteínas
estruturais (VP1, VP2, VP3 e VP4). As proteínas não estruturais (L, 2A, 2B, 2C, 3A, 3B, 3C e 3D)
exercem funções diversas para a manutenção e replicação do vírus; além disso, a maioria dos
testes de diagnóstico sorológico são baseados em uma ou mais dessas proteínas.

Dentre os sete sorotipos do vírus (A, O, C, Ásia-1, SAT-1, SAT-2 e SAT3), os três primeiros têm
registro de ocorrência no Brasil. Todavia, são descritos diversos subtipos com diferentes graus
de virulência, especialmente entre os sorotipos A e O. O vírus C não é detectado no mundo
desde 2004.

O vírus pode ser preservado por refrigeração ou congelamento, mas é progressivamente


inativado em temperaturas acima de 50°C ou faixas de pH acima de 9 ou abaixo de 6 (na
musculatura essa condição é alcançada após o rigor mortis). A presença de matéria orgânica
dificulta a inativação do vírus que é sensível a hidróxido de sódio (2%), carbonato de sódio (4%)
e ácido cítrico (0,2%).

Epidemiologia
Hospedeiros

Embora a febre aftosa ocorra principalmente em bovinos, bubalinos, suínos, ovinos e caprinos,
a doença é capaz de afetar qualquer animal artiodáctilo, doméstico ou selvagem, que pode
servir como reservatório do vírus. Os camelídeos (camelos, dromedários, lhamas, vicunhas e
alpacas) apresentam baixa suscetibilidade à infecção (OIE, 2008a).

Humanos apresentam um risco de suscetibilidade desprezível à infecção pelo vírus. Entretanto,


foram descritos raros casos de doença ocupacional, de caráter benigno, com febre e lesões
vesiculares na boca e nas mãos de ordenhadores e indivíduos que manipularam carcaças ou
vírus em laboratório.

Morbidade e mortalidade

A taxa de morbidade durante surtos de febre aftosa pode chegar a 100% em animais
suscetíveis, embora algumas amostras virais podem apresentar limitações de infectividade para
algumas espécies. Por outro lado, a taxa de mortalidade é geralmente baixa, cerca de 2% dos
animais adultos e 20% dos jovens.

Esses valores podem variar conforme a virulência da amostra envolvida e a suscetibilidade da


espécie, como ocorreu, em 1997, em um surto que acometeu suínos em Taiwan, com taxas de
18% de mortalidade em adultos e cerca de 100% em leitões.

Transmissão

A transmissão direta ocorre pelo contato entre animais infectados e suscetíveis pela ingestão
(principalmente em suínos) ou inalação de partículas virais contidas em secreções e excreções,
e a transmissão indireta pode ser por vetores animados ou inanimados.

O homem funciona como vetor animado ao carrear material infectante em roupas ou sapatos,
e são considerados como vetores inanimados veículos, implementos, instrumentos veterinários
e, particularmente, produtos cárneos não processados e leite in natura contaminados.

Em áreas endêmicas, o movimento de animais infectados por meio de transporte entre


diferentes regiões é uma das formas de disseminação da doença. Além disso, o vírus pode
permanecer viável na forma de aerossóis e ser distribuído por via aérea entre longas distâncias
se submetido a condições favoráveis de calor e umidade.

O vírus é sensível à luz solar, pH ácido e alcalino e temperaturas elevadas, podendo sobreviver
no ambiente por vários meses, principalmente em baixas temperaturas, na presença de
matéria orgânica e na ausência de luz solar. Pode permanecer viável de 2 a 3 meses nas fezes
dos animais e persistir por 24 a 48 horas no trato respiratório humano.

A espécie bovina é a mais susceptível à infecção pela via respiratória, sendo a mais importante
na manutenção do ciclo epidemiológico da doença na América do Sul. Os suínos são mais
susceptíveis ao vírus pela via oral, especialmente pela ingestão de produtos de origem animal
contaminados (carne, leite, ossos, queijo e outros). Os bovinos geralmente são os primeiros a
manifestarem os sinais clínicos e os suínos são considerados hospedeiros amplificadores por
eliminarem grandes quantidades de vírus.

A única espécie persistentemente infectada em que a transmissão do vírus foi demonstrada é o


búfalo africano (Syncerus caffer), porém a transmissão dessa espécie para o bovino doméstico
é rara.

Período de incubação: o período de incubação pode variar de acordo com a espécie animal, a
dose infectante, a cepa viral e a via de infecção. Em bovinos varia de 2 a 14 dias; em ovinos de
2 a 8 dias e em suínos geralmente a partir de 2 dias.
Fontes de vírus

As partículas virais infectantes podem ser eliminadas nas secreções e excreções de animais
clinicamente afetados ou que estejam em período de incubação, tanto pela respiração,
gotículas de saliva, fezes, urina e leite quanto pelo sêmen. Do mesmo modo, a carne in natura
e os subprodutos, cujo pH tenha permanecido acima de 6, também podem ser fontes do vírus.

Embora o mecanismo de persistência viral não esteja completamente esclarecido, acredita-se


que não ocorra em suínos. Entretanto, no caso de ruminantes, os animais portadores parecem
desempenhar um papel na manutenção do vírus no ambiente, pois este é capaz de persistir na
faringe de bovinos e bubalinos e ser detectado cerca de dois anos ou mais após a infecção.

Prevalência

Embora não exista uma descrição exata sobre a prevalência de febre aftosa nos diferentes
países, é reconhecido seu comportamento usual de manifestação na forma de surtos de
disseminação rápida entre rebanhos antes do controle efetivo.

Dos sete sorotipos existentes, somente A, O e C são prevalentes em todos os continentes. O


tipo Ásia 1 ocorre somente na Ásia, o tipo SAT 1 é encontrado tanto na Ásia quanto na África, e
os tipos SAT 2 e SAT 3 estão limitados à África. Essa distribuição provavelmente esteja mais
associada ao padrão de comércio de carnes estabelecido por essas regiões do que pelas
características inerentes aos diferentes sorotipos. Contudo, focos resultantes da infecção pelos
tipos A e O são mais frequentes quando comparados aos outros sorotipos.

Patogenia e sinais clínicos

A principal rota de infecção em ruminantes é pela inalação de aerossóis, com replicação viral
na faringe e disseminação para outros tecidos e órgãos via circulação. A excreção viral inicia
cerca de 24 horas antes da manifestação de sinais clínicos e continua por vários dias.

Um período de incubação de três a oito dias, na maioria das espécies (podendo ser de até 21
dias), é seguido pelos primeiros sinais da doença, manifestos na forma de febre, anorexia,
depressão e vesículas dolorosas no palato, lábios, gengiva, narinas, espaços interdigitais e
bandas coronárias das patas. Esse quadro acarreta emagrecimento pela diminuição da ingestão
de alimentos em função da dificuldade de deglutição, bem como laminite e claudicação por
causa das lesões localizadas nas patas.

Em bovinos de leite, a doença resulta em queda na produção de leite até o final do período de
lactação e lesões nos úberes das fêmeas lactantes, que podem transmitir a doença aos
bezerros. Os casos de mastites podem levar a perdas permanentes superiores a 25% da
produção, principalmente se agravados por infecção bacteriana secundária. Em bovinos de
corte, é observado retardo no crescimento e em jovens e neonatos, o vírus geralmente causa
miocardite.

Por volta de 120 horas após a infecção, as vesículas se rompem originando úlceras formadas
pelas extensas áreas de epitélio descamado, simultaneamente ao final da viremia e o início da
produção de anticorpos. A partir do décimo dia, observa-se cura das lesões, mas o vírus pode
permanecer na faringe por longos períodos, exceto em suínos.
Em ovinos e caprinos, a doença se manifesta de forma mais branda enquanto suínos
apresentam lesões severas no focinho e em torno da banda coronária das patas, que podem se
desprender e impedir a locomoção.

VIGILÂNCIA
Objetivos:

● Prevenção da introdução, detecção precoce e resposta rápida a focos de febre aftosa.

● Demonstração de ausência de circulação do vírus da febre aftosa no país.

População-alvo: bovinos, búfalos, ovinos, caprinos e suínos

CRITÉRIO DE NOTIFICAÇÃO

Notificação imediata ao serviço veterinário oficial (SVO) de qualquer caso suspeito (categoria 2
da lista de doenças de notificação obrigatória do anexo da IN MAPA nº 50/2013).

Diagnóstico
Em caso de suspeita de febre aftosa é preciso comunicar imediatamente o serviço veterinário
oficial local. Para diagnóstico laboratorial devem ser colhidos fluidos ou tecidos conforme a
necessidade para a técnica utilizada.

A detecção do vírus ou antígenos deste pode ser realizada por isolamento viral, imunoadsorção
enzimática (ELISA), fixação do Complemento, transcrição reversa-reação em cadeia da
polimerase (RT-PCR) em tempo real, hibridização in situ e microscopia eletrônica. Para
isolamento viral deve ser utilizado conteúdo de vesículas intactas ou fluido esofágico-faríngeo
colhido em copo de Probang, em caso de ruminantes, ou suabes de garganta, em suínos.

A inoculação de material potencialmente infeccioso em modelos animais, como camundongos,


porcos-da-índia ou mesmo ruminantes, para estudos de transmissão experimental ou testes de
potência de vacinas, só deve ser realizada em condições controladas de biossegurança para
evitar escape de vírus.

Para pesquisa de anticorpos podem ser utilizados testes sorológicos de neutralização viral,
ELISA competitivo, ELISA de bloqueio, ELISA indireto, imunodifusão em gel de ágar com
antígeno associado à infecção viral (IDGA-VIAA) e imunoeletrotransferência (EITB).

Um dos problemas enfrentados no diagnóstico sorológico da febre aftosa é a dificuldade de


diferenciação entre animais vacinados e naturalmente infectados. A principal exposição às
proteínas não estruturais ocorre durante a infecção, no momento da lise celular. Entretanto, a
presença de antígenos residuais de proteínas não estruturais, derivados de algumas
preparações comerciais de vacinas, pode induzir à formação de resposta imunológica por
animais não infectados, originando diagnósticos falso positivos que precisam ser submetidos a
testes confirmatórios. Esse fato acarreta aumento de custo de diagnóstico, além de demandar
maior intervalo de tempo para liberação dos resultados.

No Brasil, o diagnóstico sorológico da febre aftosa é realizado por ELISA indireto, que utiliza o
polipeptídio não estrutural 3ABC, expresso em Escherichia coli e EITB contendo os antígenos
2C, 3A, 3B, 3D e 3ABC, como teste confirmatório.
O diagnóstico diferencial de febre aftosa pode ser orientado segundo a distribuição geográfica
de outras doenças vesiculares ou erosivas que se caracterizam por apresentar sintomatologia
semelhante. Entre estas destacam-se estomatite vesicular, exantema vesicular do suíno,
doença vesicular do suíno, língua azul, peste dos pequenos ruminantes, ectima contagioso,
rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), diarréia viral bovina doença das mucosas (BVD-MD),
febre catarral maligna, peste bovina, estomatite papular bovina e varíola bovina. Em função da
ocorrência, no Brasil é recomendado o diagnóstico diferencial para estomatite vesicular, IBR,
BVD-MD, língua azul e varíola bovina.

DEFINIÇÃO DE CASO

Caso suspeito de doença vesicular: identificação de animais susceptíveis à febre aftosa com
sinais clínicos compatíveis com doença vesicular; ou resultados positivos/inconclusivos nos
testes realizados em laboratórios credenciados para fins de certificação sanitária ou trânsito;

Suspeita descartada: caso suspeito de doença vesicular cuja investigação pelo SVO descartou a
existência de animais com sinais clínicos compatíveis;

Caso provável de doença vesicular: constatação, por médico veterinário oficial, da existência
de animais susceptíveis à febre aftosa, apresentando sinais clínicos compatíveis com doença
vesicular;

Caso confirmado de febre aftosa: caso provável que atenda a um ou mais dos seguintes
critérios:

1. isolamento e identificação do vírus da febre aftosa em amostras procedentes de animais


susceptíveis; ou

2. detecção de antígeno ou ácido ribonucleico viral específico do vírus da febre aftosa em


amostra procedente de animais susceptíveis com sinais clínicos compatíveis com febre aftosa,
ou que esteja vinculado epidemiologicamente a um caso confirmado de febre aftosa, ou que
apresente indícios de contato prévio com o vírus da febre aftosa; ou

3. detecção de anticorpos contra proteínas estruturais ou não estruturais do vírus da febre


aftosa, que não sejam consequência de vacinação, em amostra de animais susceptível que
apresentem sinais clínicos compatíveis com febre aftosa, ou que esteja vinculado
epidemiologicamente a um caso confirmado de febre aftosa, ou que apresente indícios de
contato prévio com o vírus da febre aftosa;

Foco de febre aftosa: unidade epidemiológica onde foi identificado pelo menos um caso
confirmado da doença.

OBS 1: no primeiro caso/foco em uma zona livre de febre aftosa deve ser realizado o
isolamento e a identificação do vírus.

OBS 2: em um foco de febre aftosa, todos os animais susceptíveis que apresentarem sinais
clínicos compatíveis com febre aftosa serão considerados casos confirmados,
independentemente de resultado laboratorial.

Caso descartado de febre aftosa: caso provável de doença vesicular que não atendeu aos
critérios para confirmação de caso de febre aftosa.

Definição de caso de outras doenças clinicamente indistinguíveis da febre aftosa:


Caso confirmado de estomatite vesicular: caso provável de doença vesicular em bovino, búfalo,
suíno ou pequeno ruminante, com resultado negativo para febre aftosa e positivo para
estomatite vesicular por detecção de RNA viral ou isolamento e identificação viral.

Caso confirmado de infecção por Senecavírus A (SVA): caso provável de doença vesicular em
suínos, com resultado negativo para febre aftosa e positivo para SVA por detecção de RNA viral
ou isolamento e identificação viral.

Caso confirmado de doença vesicular dos suínos: caso provável de doença vesicular, com
resultado negativo para febre aftosa e isolamento e identificação do vírus da doença vesicular
dos suínos em amostras procedentes de suínos com ou sem sinais clínicos da doença.

COLHEITA DE AMOSTRA

O material colhido deve ser acondicionado e enviado em embalagem tripla (modelo UN3373),
devendo chegar ao laboratório sob temperatura de refrigeração (2 a 8 ºC).

Epitélio de lesões vesiculares ou crostas: acondicionar o material colhido em frascos separados,


para cada animal envolvido, contendo Líquido de Vallée em volume suficiente para cobrir os
tecidos. Pequenos fragmentos de epitélio devem ser enviados preferencialmente em
microtubos tipo Eppendorf.

Líquido vesicular: o líquido deve ser colhido com seringa de 1 mL (tipo insulina) e agulha estéril
de 8 x 0,30 mm e acondicionado, sem conservantes, em microtubos tipo Eppendorf. Caso o
volume seja inferior a 200 microlitros (0,2 mL), deve-se adicionar igual volume de meio de
conservação à amostra de líquido vesicular e congelar o material em seguida.

Suabe de vesícula ou lesão: na impossibilidade de colheita do líquido vesicular, deve-se colher


o conteúdo vesicular com apoio de suabe de poliéster flocado. Após a colheita, cortar a haste
do suabe para acondicionar em um microtubo tipo Eppendorf, contendo meio MEM (pH 7,2 a
7,6), com hidrolisado de lactoalbumina e extrato de levedura suficiente para submergir o
material. Suabes de lesões já cicatrizadas não possuem valor diagnóstico.

Soro: utilizado para detecção de anticorpos contra proteínas virais, em especial quando não há
possibilidade de colheita de epitélio ou de líquido vesicular. Obter, por animal, 2/3 do volume
do microtubo tipo Eppendorf de 2mL, límpido, após dessorar.

Líquido esofágico-faringeano (LEF): para colheita do material é necessário introduzir um copo


coletor na região esofágico-faríngeo do animal e realizar 3 a 4 movimentos suaves, para
obtenção de raspado. Transferir o conteúdo para recipiente esterilizado e conservá-lo no meio
MEM, com hidrolisado de lactoalbumina e extrato de levedura.

Mais informações podem ser encontradas no Manual de Investigação de Doença Vesicular,


disponibilizado pelo Departamento de Saúde Animal no endereço eletrônico do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

MEDIDAS APLICÁVEIS

Medidas aplicáveis em investigação de casos prováveis de doença vesicular: interdição da


unidade epidemiológica, colheita de amostras para diagnóstico laboratorial, isolamento dos
animais, rastreamento de ingresso e egresso, investigação de vínculos epidemiológicos. Em
situações específicas de estabelecimentos de abate, eventos pecuários ou durante o trânsito
de animais, seguir orientações detalhadas do Manual de investigação de Doença Vesicular e
documentos complementares.

Medidas aplicáveis em focos de febre aftosa: as medidas previstas em caso de foco da doença
são abordadas no Plano de Contingência para febre aftosa, disponibilizado pelo Departamento
de Saúde Animal, no endereço eletrônico do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.

Vacinação: uso de vacinação preventiva obrigatória somente em bovinos e búfalos nas zonas
livres de febre aftosa com vacinação. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
poderá autorizar a vacinação de emergência como parte das estratégias para contenção de
focos de febre aftosa no país, conforme previsto no Plano de Contingência para febre aftosa,
disponibilizado pelo Departamento de Saúde Animal no endereço eletrônico do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

CONCLUSÃO DA INVESTIGAÇÃO

A investigação pode ser concluída imediatamente quando a suspeita de doença vesicular for
descartada.

Nos casos prováveis de doença vesicular, a investigação somente pode ser encerrada, após a
investigação clínico-epidemiológica, acompanhada do diagnóstico laboratorial final negativo
para febre aftosa.

Um foco de febre aftosa somente será encerrado após a eliminação dos casos e contatos e
comprovação de ausência de circulação viral, conforme o Plano de Contingência para febre
aftosa – níveis tático e operacional.

Dentro do Programa foram elaborados 3 documentos que merecem atenção:

Plano de Vigilância para a Febre Aftosa

Manual de Investigação de Doença Vesicular

Plano de contingência para febre aftosa - níveis tático e operacional


Passaremos a estudar com mais detalhes estes documentos.

Plano de Vigilância para a Febre Aftosa


HISTÓRIA DA DOENÇA NA AMÉRICA DO SUL

A febre aftosa não é uma enfermidade autóctone das Américas, e para entendimento de sua
introdução e endemismo deve ser contextualizada com a origem dos rebanhos de animais
suscetíveis na região.

No estágio inicial da pecuária, após a introdução pelos colonizadores, houve a formação de


rebanhos “asselvajados”, que mais tarde voltaram a ser explorados comercialmente. Com a
posterior organização dessa atividade econômica e com a industrialização da carne (charque),
iniciou-se um processo de profissionalização da atividade. Naturalmente houve uma melhoria
genética dos rebanhos, pela introdução de reprodutores, necessária para a continuidade da
cadeia de produção. Nesse contexto, foi introduzida a febre aftosa no continente, vinda da
Europa. Os primeiros registros na região do Rio da Prata ocorreram na década de 1870.
Favorecido pela oferta permanente de animais suscetíveis à febre aftosa e mesmo pelo
deslocamento de rebanhos entre regiões para comércio nos centros de consumo – o vírus
chegou a um estado de ciclos de recorrência permanente, estabelecendo a endemia.

A necessidade de reduzir os impactos causados pela febre aftosa tornou-se imperativa para a
continuidade e viabilidade das cadeias de pecuária. Daí a estruturação de programas de
controle e a organização de sistemas de vigilância na região, a exemplo do que ocorreu na
Europa e América do Norte, capitaneados pela área oficial, mas com ampla participação do
maior interessado – o produtor.

Por se tratar de enfermidade transfronteiriça, combater a febre aftosa como política unilateral
ou individual de cada país seria extremamente difícil e oneroso. A iniciativa de criar o Centro
Pan-americano de Febre aftosa (PANAFTOSA), órgão atualmente vinculado à Organização Pan-
americana da Saúde (OPAS/OMS), referência técnica para a América Latina e Laboratório de
Referência para Febre aftosa – PANAFTOSA (1951) - permitiu abordar o problema dentro de um
contexto regional, estimulando a cooperação internacional. A evolução nos controles e os
desafios impostos para a obtenção desse objetivo levaram à criação de muitas estruturas
organizacionais plurinacionais como o Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa
(GIEFA) e o Comitê Hemisférico para a Erradicação da Febre Aftosa (COHEFA). Em especial, a
Comissão Sul-americana de Luta contra a Febre Aftosa (COSALFA), sob a coordenação do
PANAFTOSA, tem sido um fórum fundamental no processo de erradicação da doença na
América do Sul, direcionando esforços, mobilizando as áreas públicas (os governos e suas
estruturas) e privada (os produtores e suas instituições de representação) para a execução dos
programas nacionais.

É evidente o significativo avanço obtido na formação dos serviços veterinários da região, com o
fortalecimento do conhecimento científico e a estruturação de rede de informação, que serviu
de base para o sistema de vigilância continental.

O Programa hemisférico para a erradicação da febre aftosa (PHEFA), por meio dos seus planos
de ação (1988-2009 e 2011-2020), catalisou os processos de obtenção de áreas livres de forma
progressiva e sustentável, uniformizando estratégias para todos os países da região e
motivando a colaboração entre eles.

3. HISTÓRIA DO PNEFA

O Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa - PNEFA possui uma história de 60 anos,
mas as primeiras ações de controle da febre aftosa no Brasil remontam a anos bem anteriores.
A seguir, é apresentada uma pequena linha do tempo das ocorrências mais marcantes para a
erradicação da doença no País:

1. 1919: publicação pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do


Código de Polícia Sanitária;

2. 1921: devido à preocupação frente aos prejuízos ocasionados pela doença, o Código de
Polícia Sanitária foi reestruturado e aperfeiçoado;

3. 1934: o Governo Federal aprovou o regulamento do serviço de defesa sanitária animal,


contendo medidas de profilaxia para a febre aftosa (Decreto nº 24.548, de 03/07/1934);

4. 1950: I Conferência Nacional de Febre Aftosa, realizada no Rio de Janeiro, no período de 5 a


11 de setembro, reunindo autoridades sanitárias, pesquisadores e acadêmicos, que
promoveram ampla e rica discussão sobre a realidade da doença no país, e apresentaram
recomendações de estratégias iniciais de atuação.

5. 1951: em decorrência das propostas firmadas durante a I Conferência nacional de febre


aftosa, foi implantado um programa nacional de combate à doença, sem resultados
satisfatórios devido à carência de recursos financeiros e humanos, além da ausência de uma
vacina eficiente; Criação do PANAFTOSA;

6. 1963: com base no Decreto nº 52.344, de 09/08/1963, o Governo Federal instituiu, no


âmbito do Ministério da Agricultura, a campanha contra a febre aftosa - CCFA, constituindo
equipe técnica para a sua gestão;

7. 1965: foi implantado, como piloto, o Programa de combate à febre aftosa no Rio Grande do
Sul;

8. 1966: o programa foi estendido aos demais Estados do sul e sudeste, além da Bahia, Mato
Grosso, Goiás e Sergipe;

9. 1968: contraído empréstimo junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, para


financiamento do então projeto nacional de combate à febre aftosa, em três etapas;

10. 1972-1975: execução da primeira etapa do projeto, utilizando recursos provenientes do


financiamento;

11. 1975-1977: execução da segunda etapa utilizou recursos de fundos nacionais e incorporou
os programas de raiva dos herbívoros e brucelose bovina;

12. 1977-1982: execução da terceira etapa do projeto;

13. 1982: desenvolvimento de pesquisas em vacina oleosa trivalente contra febre aftosa;

14. 1989: adoção de obrigatoriedade em todo o país do uso de vacina contra febre aftosa com
adjuvante oleoso, permitindo aumentar o intervalo entre as etapas de vacinação;

15. 1992: reformulação do programa de febre aftosa;

16. 1993: implantação dos circuitos pecuários;

17. 1995: padronização do registro de movimentações, mediante emissão de Guia de Trânsito


Animal - GTA;

18. 1998: reconhecimento internacional da primeira zona livre com vacinação no país;

19. 2007: as áreas livres com vacinação são a maior parte do território brasileiro; O estado de
Santa Catarina é reconhecido como zona livre em que não se pratica a vacinação. Reformulação
do PNEFA, com a publicação da Instrução Normativa nº 44/2007;

20. 2011: lançamento do 2º Plano de Ação do PHEFA (2011-2020);

21. 2017: publicação do Plano Estratégico 2017-2026 do PNEFA, visando à ampliação gradual
das zonas livres sem vacinação dentro de uma perspectiva sustentável e de coparticipação do
setor público e privado;

22. 2018: reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de todo país livre
de febre aftosa;

23. 2020: Atualização do PNEFA, com a publicação da Instrução Normativa nº 48/20;


Os programas de controle e erradicação da febre aftosa sofreram mudanças, diminuindo o
número de ocorrência de focos no Brasil, que no ano de 1979 apresentou a ocorrência de
6.656 focos, em 1989 ocorreram 1.376 focos e, em 1999, foram registrados apenas 37 focos.

4. CONTEXTO ATUAL

Nesses últimos dez anos, ocorreram profundos avanços na erradicação da febre aftosa: a maior
parte dos rebanhos da América do Sul está em país ou zona livres com ou sem vacinação (95%
da área geográfica, 95% dos rebanhos), inclusive com países alcançando o reconhecimento de
livres de febre aftosa sem a prática de vacinação, total ou parcialmente.

Em 2017, foi lançado o Plano Estratégico do PNEFA delineado para ser executado em um
período de 10 anos, iniciando em 2017 e encerrando em 2026. O Plano está alinhado com o
Código Sanitário para os Animais Terrestres (Código Terrestre), da Organização Mundial de
Saúde Animal (OIE), e com as diretrizes do Programa Hemisférico de Erradicação da Febre
Aftosa (PHEFA), convergindo com os esforços para a erradicação da doença na América do Sul.
Um dos seus objetivos é a substituição gradual da vacinação contra a febre aftosa, em todo o
território brasileiro, pela adoção e melhoria de diversas ações de vigilância, agrupadas por
componentes e por operação (Figura 2) com o envolvimento do SVO, setor privado, produtores
rurais e agentes políticos, nos diferentes âmbitos da federação.

5. SISTEMA DE VIGILÂNCIA

Atualmente, a vigilância é definida como a medição sistemática (contínua e repetida), coleta,


filtragem, análise, interpretação e disseminação oportuna dos dados de saúde animal de uma
população e região geográfica definida, para que ações possam ser tomadas.

Um importante ator no sistema de vigilância animal é o SVO. No Brasil, o SVO é formado pelos
setores das instituições governamentais que executam procedimentos e prestam serviços
relacionados à saúde animal, como o MAPA, representando a instância central e superior, e os
órgãos estaduais de sanidade agropecuária, representando as instâncias intermediárias e
locais. O SVO é a organização responsável pela implantação de medidas de prevenção, controle
e erradicação de doenças (ameaças internas ou externas). Nesse contexto, o principal objetivo
da vigilância é suprir o SVO de informações para auxiliar na adoção de medidas sanitárias
eficazes.

As informações obtidas com as ferramentas dos sistemas de vigilância permitem avaliar o risco
de uma doença particular em uma população e orientam as medidas sanitárias para sua
mitigação. Nesse sentido, os diferentes componentes de um sistema de vigilância produzem
regularmente informações que ajudam a tomar decisões com base em uma avaliação de risco
precisa, oportuna e objetiva.

As ações de vigilância devem ser separadas das ações de gestão sanitária.

Fiscalização de trânsito em pontos de ingresso no País (aeroportos, portos, rodoviárias e postos


de fronteira internacional) e fiscalizações volantes, por exemplo, são ações de gestão sanitária
decididas por uma autoridade de saúde para mitigar efetivamente um determinado risco.
Quando as medidas sanitárias visam mitigar um risco específico, é preferível falar de mitigação
de riscos. Portanto, a mitigação de riscos é a resposta que é realizada com base na avaliação de
riscos fornecida pelo sistema de vigilância.

Nos territórios livres de doenças, com e sem vacinação, a vigilância tem dois propósitos:

1) Demonstrar a ausência de doença / infecção; e

2) Detecção precoce da doença, caso introduzida na população alvo.

Deste modo, o plano de vigilância para a febre aftosa apresentado neste documento buscou
estabelecer diretrizes e princípios para alcançar esses dois propósitos, dependendo da
condição sanitária da região (livre de febre aftosa com vacinação ou livre de febre aftosa sem
vacinação)

5.1. Conceitos e princípios para atender aos objetivos de vigilância

Existem diferentes abordagens possíveis para a vigilância, cada uma com suas próprias
vantagens e desvantagens. Para determinar quais abordagens de vigilância podem ser úteis
para diferentes objetivos, é necessário ser capaz de descrever e comparar os sistemas de
vigilância, com base em uma variedade de características.

Algumas características importantes da vigilância incluem:

1. Oportunidade: descreve a rapidez com que o sistema de vigilância é capaz de produzir


informações e está relacionado à periodicidade da vigilância. Algumas atividades de vigilância
são contínuas (os dados são coletados o tempo todo), enquanto outras são regulares (por
exemplo, ocorrem em intervalos mensais), e outras ainda são ad hoc (a vigilância é realizada
apenas ocasionalmente, quando for necessário).

2. Cobertura populacional: descreve qual proporção da população alvo é coberta pelo sistema
de vigilância. Algumas vigilâncias (por exemplo, pesquisas) só conseguem amostrar uma
proporção relativamente pequena da população, enquanto outros sistemas têm cobertura
praticamente completa.

3. Representatividade: descreve se os animais sob vigilância são representativos da população


ou não. A amostra de vigilância pode ser:

• representativa: a proporção de animais com probabilidade de ter a doença na amostra é igual


a proporção de animais com probabilidade de ter a doença na população.

• baseada em risco: a proporção de animais com probabilidade de ter a doença na amostra é


maior que a proporção de animais com probabilidade de ter a doença na população.

• Enviesada: a proporção de animais com probabilidade de ter a doença na amostra não é a


mesma (geralmente menor) do que a proporção de animais com probabilidade de ter a doença
na população.

5.1.1. Zona livre de febre aftosa em que se pratica a vacinação – demonstração de livre e
detecção precoce
Os componentes de vigilância são desenhados para gerar dados contínuos, e a associação das
informações geradas, com suas respectivas sensibilidades, permitem determinar a
probabilidade de que este sistema encontre pelo menos um animal enfermo (infectado) com
base no pressuposto de que a população está infectada com uma prevalência muito baixa. A
medida de confiança de ser livre de febre aftosa está fortemente ligada à sensibilidade do
sistema de vigilância.

É importante ressaltar que, devido à vacinação dos animais, existe uma menor probabilidade
de aparecimento de sinais clínicos clássicos da doença nos animais vacinados em um cenário
de transmissão viral, quando comparado com zonas onde não há vacinação. Assim, a vigilância
sorológica nos animais vacinados, sob coordenação do SVO, assume maior importância ante à
vigilância clínica para demonstração da condição de livre, e sua realização aumenta
consideravelmente a sensibilidade do sistema de vigilância para esse objetivo.

Por outro lado, a detecção precoce da doença, mediante à investigação completa de quadros
clínicos compatíveis com doenças vesiculares (vigilância passiva), é uma vigilância contínua e
que abrange todas as espécies suscetíveis à febre aftosa do país, sendo essencial para a rápida
resposta e prevenção da disseminação da doença, em caso de reintroduções.

5.1.2. Zona livre de febre aftosa em que não se pratica a vacinação –detecção precoce

A detecção precoce assume uma importância mais crítica entre os objetivos da vigilância na
zona livre de febre aftosa em que não se pratica a vacinação, permitindo o rápido
reconhecimento de ocorrências, o diagnóstico confiável e a orientação de uma resposta
tempestiva e eficaz, evitando a disseminação da doença. Como resultado, espera-se que o
fortalecimento do sistema de vigilância permita a detecção quando ainda em pequena escala
de infectados em termos populacionais, permitindo o controle o mais cedo possível e evitando
disseminação e perdas devastadoras.

A detecção clínica da febre aftosa em populações sem a imunidade conferida pela vacina é
mais fácil, dadas as características infecciosas e de disseminação da doença, facilitando a
percepção dos sinais clínicos e a notificação por partes interessadas. Dessa forma, torna-se
fundamental o papel do produtor rural e de pessoas que diariamente trabalham com os
animais como fonte de notificação de suspeitas, pela observação diária dos animais na sua
rotina. Nesse sentido, o SVO deve estar atento à participação destas partes interessadas e
promover, em conjunto com as entidades representativas do setor produtivo, ações de
comunicação e educação em saúde animal, visando melhorar sua capacidade de detecção e
notificação imediata de casos suspeitos.

Para a certificação anual desta condição sanitária junto à OIE, as zonas ou países,
principalmente os exportadores como o Brasil, devem demostrar que não há indícios de
infecção pelo vírus da febre aftosa, mediante a conjunção das ações de cada um dos
componentes do sistema de vigilância. Ressalta-se que, entre todos os componentes do
sistema de vigilância para a febre aftosa, os inquéritos e estudos sorológicos associados a
vigilância sorológica possuem baixa relevância em zonas livres sem vacinação, ao contrário do
que ocorre em zonas livres onde se pratica a vacinação, podendo ser dispensados de ser
realizados
6. ÁREA GEOGRÁFICA

O Sistema de vigilância para a febre aftosa (SVFA) abrange a totalidade do território brasileiro.
No entanto, diante da dimensão territorial (8,5 milhões de km2), há uma ampla diversidade de
ecossistemas, sistemas produtivos, realidades sociais e particularidades geográficas que podem
influenciar os riscos em relação à doença e, portanto, o sistema de vigilância implementado.

Com base nessa realidade, levando em consideração as peculiaridades regionais, o SVFA busca
estabelecer programas dirigidos a identificar e atuar mais fortemente em áreas de maior risco
da ocorrência da doença nas distintas regiões do País, visando a melhor eficiência e eficácia.

7. POPULAÇÃO-ALVO

As espécies animais que são alvo da vigilância direta do PNEFA são a bovina, bubalina, ovina,
caprina e suína. No país há aproximadamente 215 milhões de bovinos, 2 milhões de bubalinos,
24 milhões de ovinos, 13 milhões de caprinos e 41 milhões de suínos, distribuídos em
aproximadamente 2,5 milhões de estabelecimentos rurais, de acordo com dados do SVO em
2020.

Cabe ressaltar que, no histórico da erradicação da febre aftosa na América do Sul, outras
espécies suscetíveis à febre aftosa, incluindo espécies silvestres e asselvajadas, não
demonstraram importância epidemiológica, conforme demonstraram trabalhos realizados pelo
PANAFTOSA ainda na década de 1970.

Pelo sistema de produção brasileiro, os ruminantes domésticos são criados, em sua maioria, de
forma extensiva, permitindo o contato direto com as espécies silvestres de vida livre. Assim, a
vigilância sobre as espécies domésticas reflete a situação sanitária das espécies de vida livre.

10.NOTIFICAÇÃO E REGISTROS

No Brasil, a notificação de suspeita de doença vesicular é de caráter compulsório, devendo ser


informada imediatamente ao SVO, em prazo máximo de 24 horas.

A notificação pode ser efetuada por produtores rurais ou outras pessoas da comunidade não
relacionadas à propriedade, mediante canais de comunicação disponíveis ao público. O portal
de notificação do e-SISBRAVET possibilita a qualquer cidadão realizar a notificação online.

A notificação gera uma investigação pelo SVO em até 12 horas e todos os registros são
realizados no sistema, onde é possível avaliar os indicadores de tempo tanto da notificação,
assim como da investigação pelo SVO.

11. DEFINIÇÕES DE CASOS

A definição de caso confirmado de Febre aftosa no Brasil segue o preconizado no Código de


animais terrestres da OIE.

Os critérios usados para definir os casos são:


Caso suspeito de doença vesicular: existência de um ou mais animais suscetíveis à febre aftosa,
com sinais clínicos compatíveis com doença vesicular; ou resultados sorológicos
positivos/inconclusivos de febre aftosa realizados em laboratório credenciado;

Suspeita descartada: caso suspeito de doença vesicular cuja investigação pelo SVO descartou a
existência de animais com sinais clínicos compatíveis;

Caso provável de doença vesicular: constatação, por médico veterinário oficial, da existência de
animais suscetíveis à febre aftosa, apresentando sinais clínicos compatíveis com doença
vesicular; ou com indício de vínculo epidemiológico com caso/foco confirmado de febre aftosa;

Caso confirmado de febre aftosa: caso provável que atenda a um ou mais dos seguintes
critérios:

1. isolamento e identificação do vírus da febre aftosa em amostras procedentes de animais


susceptíveis, com ou sem sinais clínicos da doença; ou

2. detecção de antígeno ou ácido ribonucleico viral específico do vírus da febre aftosa em


amostra procedente de animal susceptível com sinais clínicos compatíveis com febre aftosa, ou
que esteja vinculado epidemiologicamente a um caso ou foco confirmado de febre aftosa, ou
que apresente indícios de contato prévio com o vírus da febre aftosa; ou

3. detecção de anticorpos contra proteínas estruturais ou não estruturais do vírus da febre


aftosa, que não sejam consequência de vacinação, identificados em amostra de animal
susceptível com sinais clínicos compatíveis com febre aftosa, ou que esteja vinculado
epidemiologicamente a um caso ou foco confirmado de febre aftosa, ou que apresente indícios
de contato prévio com o vírus da febre aftosa;

Caso descartado de febre aftosa: caso provável de doença vesicular que não atendeu aos
critérios para confirmação de caso confirmado de febre aftosa;

Foco de febre aftosa: unidade epidemiológica onde foi identificado pelo menos um caso
confirmado da doença.

12. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

O diagnóstico de febre aftosa é autorizado somente em laboratórios oficiais do SVO – os


Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária/LFDAs – localizados em todas as regiões do
Brasil: na região Norte, em Belém/PA; na região Nordeste, em Recife/PE; na região Sul, em
Porto Alegre/RS e na região Sudeste, em Pedro Leopoldo/MG (LFDA-MG), e nos laboratórios
públicos credenciados pelo Mapa, atualmente, tendo apenas o laboratório do Instituto
Biológico, localizado em São Paulo/SP.

O LFDA-MG é a unidade autorizada para a manipulação de cepas virais, uma vez que dispõe de
estrutura certificada para Biossegurança com nível 4 de classificação perante à OIE.

Identificação do agente:

Amostras de epitélio, suabe e líquido vesicular são direcionados para a detecção primária do
agente, principalmente por técnicas moleculares, sendo posteriormente direcionados para
isolamento viral. Qualquer suspeita no teste em cultivo celular é submetida novamente às
técnicas moleculares. Em situações peculiares, quando não é possível coletar amostras de
epitélio ou líquido vesicular, como por exemplo, em ruminantes testados com a finalidade de
trânsito e que tenham resultado reagente na sorologia para febre aftosa, pode-se coletar, no
auxílio da investigação da doença vesicular em ruminantes, amostras de líquido esofágico-
faríngeo (LEF).

Testes sorológicos:

Os soros sanguíneos de espécies pecuárias susceptíveis ao vírus da febre aftosa, encaminhados


durante a investigação de uma suspeita de doença vesicular pelo SVO, são submetidos a
técnicas sorológicas para detecção de anticorpos contra proteínas estruturais (ELISA CFL), não-
estruturais (ELISA 3ABC e EITB) e para a partícula viral completa (vírus neutralização).
Dependendo do tipo de espécie e da prática de vacinação, pode-se utilizar essas técnicas em
associação para confirmação ou exclusão de uma reação cruzada ou inespecífica. Nas
populações não vacinadas, a técnica de vírus neutralização é considerada confirmatória tanto
para as técnicas de detecção de proteínas estruturais quanto para as que detectam proteínas
não-estruturais. Para a espécie bovina e bubalina, principalmente em rebanhos vacinados, a
técnica de EITB é confirmatória para o ELISA 3ABC, uma vez que apresenta uma maior
especificidade.

O fluxo e as provas laboratoriais realizadas para febre aftosa no País podem ser visualizados na
Figura 6.
13. ATENDIMENTO A SUSPEITAS E GESTÃO DE FOCOS

As diretrizes e os procedimentos para a investigação de casos suspeitos de doença vesicular e


caso provável de febre aftosa estão estabelecidas no Manual de investigação de doença
vesicular. A interdição de propriedade, é um dos procedimentos que está definido no
documento, quando da identificação de um caso provável de doença vesicular, durante a
investigação clínico-epidemiológica de uma suspeita. Em caso de confirmação da ocorrência de
febre aftosa, as ações deverão seguir o que estabelece o Plano de Contingência para Febre
Aftosa – níveis tático e operacional.

14. COMPONENTES DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA

Por definição, componente de um Sistema de Vigilância compreende uma única atividade de


vigilância usada para investigar um ou mais perigos na população alvo.

O conjunto das atividades de vigilância capazes de produzir dados sobre a condição da doença
em particular ou sobre a condição de uma população específica, e a partir disso, tomar uma
ação, constitui um sistema de vigilância.

O SVFA no Brasil é composto por cinco componentes:

FIGURA: Componentes do SVFA no Brasil

14.1. Vigilância a partir das notificações de suspeitas

Em zonas ou países livres de Febre aftosa, a notificação de casos suspeitos pelos produtores e
demais atores envolvidos (vide “partes interessadas”) é fundamental para a detecção precoce
da enfermidade.

Conforme descrito, o Brasil possui um portal de notificação que possibilita a qualquer cidadão
realizar a notificação on line, destacando, entretanto, que a notificação pode ser realizada por
qualquer outra via (presencial, telefone, e-mail etc). Independente da via da notificação, todas
são registradas e monitoradas pelo SVO. A notificação gera uma investigação do SVO em até 12
horas.

É de extrema importância que os dados sejam coletados de forma completa e oportuna,


objetivando direcionar a investigação epidemiológica.

Todos os procedimentos executados na atenção à ocorrência pelo SVO estão descritos no


Manual de investigação de doença vesicular.

14.2. Vigilância em estabelecimentos rurais

Neste componente, a vigilância é ativa e baseada em risco, considerando os fatores para a


introdução, manutenção e disseminação do vírus da febre aftosa. Ao considerar os fatores de
risco para uma doença específica, aumenta-se a probabilidade de detecção de um animal
infectado, sem necessariamente aumentar o número de animais examinados, quando
comparado a um sistema de vigilância que não seja baseada em risco. Ou seja, essa técnica
produz aumento de sensibilidade do sistema bem como da sua eficiência.

Como forma de racionalizar a execução das ações de vigilância, tanto as fiscalizatórias com as
de educação e comunicação, o SVO lança mão de estudos de análises de risco multicritérios
para a identificação de áreas e estabelecimentos rurais de maior risco para a ocorrência da
febre aftosa, considerando fatores associados a introdução, manutenção e disseminação da
doença na população. Até o final do Plano Estratégico 2017-2026 do PNEFA está planejado a
realização destes estudos em cada uma das 27 Unidades Federativas do País para a
determinação das áreas e propriedades que devem ser priorizadas na vigilância para a febre
aftosa, especialmente nesse novo contexto sem a utilização da vacinação.

Dentre os fatores de risco que são utilizados para essa caracterização, pode-se citar:

1) Proximidade de laboratórios de manipulação do vírus da febre aftosa, especialmente


estabelecimentos contíguos e que possuam espécies suscetíveis à febre aftosa.

2) Proximidade de fronteiras internacionais e divisas estaduais, necessitando realizar avaliação


específica relacionada a condição sanitária com relação à febre aftosa do país ou estado
vizinho, a presença de barreiras naturais, as vias de acesso e fluxo de pessoas e animais na
região;

3) Proximidade de estações quarentenárias, especialmente estabelecimentos contíguos e que


possuam espécies suscetíveis à febre aftosa;

4) Estabelecimentos rurais que possuam o risco de alimentar suínos com produtos e


subprodutos de origem animal, incluindo aqueles que possibilitam o acesso dos suínos a locais
de descarte desses produtos, como lixões.

5) Alta movimentação animal das espécies suscetíveis à febre aftosa. Pode-se utilizar estudos
de análises de rede de movimentação para a identificação de municípios e estabelecimentos
rurais que possuem maior importância na rede (tanto para recebimento como para a dispersão
de animais);

6) Proximidade de posto de fronteira, rodoviária, porto, aeroporto e estação ferroviária que


realizem viagens internacionais, especialmente estabelecimentos rurais contíguos e que
possuam suínos de subsistência, necessitando realizar avaliação específica relacionada aos
países de origem das movimentações;

7) Assentamentos rurais, aldeias indígenas ou outros agrupamentos de pessoas onde exista


grande interação e movimentação interna de pessoas, animais suscetíveis à febre aftosa e seus
produtos, necessitando realizar avaliação específica relacionada ao tipo de agrupamento, sua
localização geográfica e a existência de barreiras naturais;

8) Estabelecimentos rurais pertencentes a proprietários que mantêm animais em diferentes


estabelecimentos, especialmente em outros países ou estados, ou estabelecimentos rurais
onde os trabalhadores ou veterinários que prestam a assistência técnica trabalhem em
estabelecimentos em outros países ou estados, sendo necessária avaliação específica quanto a
condição sanitária relacionada à febre aftosa dos países ou estados;

9) Estabelecimentos rurais pertencentes a produtores que relutam em adotar as medidas


sanitárias estabelecidas pelo SVO, como a declaração de movimentação animal ou atualização
dos saldos dos rebanhos;

10) Outros fatores podem ser identificados e adotados em cada UF, conforme caracterização e
estudo realizado para a identificação de áreas e estabelecimentos rurais de maior risco para a
ocorrência da febre aftosa, como por exemplo, aqueles com grande trânsito de veículos e
pessoas (estabelecimentos rurais voltados a produção de leite, por exemplo).

Com esta caracterização e identificação de áreas e estabelecimentos rurais de maior risco para
a ocorrência da febre aftosa, busca-se melhorar a eficiência do SVFA no País. Essa vigilância
propicia, ainda, a colheita e registro de informações referentes aos rebanhos de animais
suscetíveis à febre aftosa e a interação do SVO com os responsáveis pelo manejo dos animais
para o desenvolvimento de ações de educação e comunicação em saúde animal.

Complementarmente, e de forma não dirigida, outras inspeções e fiscalizações do SVO em


estabelecimentos rurais com animais susceptíveis à febre aftosa, com distintos propósitos,
podem ser consideradas na produção de dados e informações sobre a vigilância da doença.

14.3. Vigilância em eventos agropecuários

Todas as aglomerações de animais realizadas no Brasil são fiscalizadas por Médico Veterinário
Oficial ou acompanhadas por Médico Veterinário Habilitado pelo SVO, com o objetivo de
fiscalizar a documentação sanitária e inspecionar os animais.

Os leilões, feiras e exposições são reconhecidos como os mais importantes pontos de


amplificação da febre aftosa, devido ao alto potencial para a disseminação da infecção.
Exemplos dessa realidade são a epidemia de febre aftosa no Uruguai, em 2001, e os focos
registrados no Paraná, em 2006.

Por isso, a vigilância para detectar a doença em aglomerações e garantir a rastreabilidade dos
animais tem papel primordial para identificar sinais clínicos compatíveis e estender a ação de
vigilância para os estabelecimentos rurais de origem dos animais.

14.4. Vigilância em estabelecimentos de abate


Os estabelecimentos de abate de animais suscetíveis à febre aftosa constituem importante
fonte de informações para o SVFA. As inspeções realizadas na rotina ante mortem (Figura 12)
podem detectar a presença de sinais clínicos nos animais, e as informações da rotina post
mortem podem direcionar ações de vigilância nos estabelecimentos de origem dos animais.

A vigilância em estabelecimentos de abate é comumente usada como uma forma de vigilância


ativa. As principais vantagens são:

a) baixo custo, haja visto que os animais já são inspecionados para outras finalidades;

b) grande número de animais inspecionados;

c) fornecimento relativamente constante de dados;

d) permite a coleta de dados, em poucos locais, de um grande número de estabelecimentos


rurais de origem dos animais e com método padronizado para detectar sinais clínicos e
patológicos, sendo em geral mais específica que as observações dos proprietários; e

e) é um forma de monitorar os demais componentes do sistema de vigilância, pois caso exista


falhas de detecção em nível de campo, nessa última fase, é possível fazer a detecção de casos
prováveis da doença.

Suas principais desvantagens são:

1) a população abatida não é representativa de toda a população alvo, portanto esse viés
inerente ao componente deve ser equilibrado quanto às vantagens de baixo custo, melhor
sensibilidade e grande quantidade de animais inspecionados; e

2) ocorre no final da cadeia, portanto, é uma detecção tardia dentro do SVFA.

14.5. Estudos Soroepidemiológicos

Os estudos soroepidemiológicos (Figura 13) têm o objetivo de apoiar a certificação de ausência


de transmissão do vírus ou para avaliar os níveis de imunidade populacional nas áreas livres de
febre aftosa com vacinação.

Uma amostragem baseada em risco (que tem como alvo indivíduos com maior probabilidade
de ter a doença) é mais apropriada nos estudos de avaliação da transmissão viral, pois pode
fornecer um nível semelhante de confiança da ausência da doença, mesmo envolvendo um
tamanho menor de amostra, numa abordagem mais eficiente para a vigilância.

Assim, em cada estudo realizado, é necessário considerar o cenário geográfico, epidemiológico


e pecuário predominantes, adaptando os procedimentos técnicos e operacionais às realidades
existentes. O delineamento amostral é realizado pelo MAPA, com o apoio do PANAFTOSA e de
acordo com as recomendações gerais da OIE, sendo publicados manuais técnicos específicos
que descrevem a metodologia para a vigilância clínica, sorológica e virológica.

MANUAL DE INVESTIGAÇÃO DE DOENÇA VESICULAR


1. INTRODUÇÃO
Todos os casos de doença vesicular devem ser notificados e procedidos a investigação
imediatamente. O Manual de investigação de doença vesicular apresenta os procedimentos
necessários para diferenciar os casos de doenças vesiculares, principalmente em relação à
Febre Aftosa.

2. Recomendações iniciais

Para melhorar a efetividade das ações de vigilância de doença vesicular e a capacidade de


pronta reação nas emergências para contenção e eliminação dos focos de febre aftosa, além de
recursos humanos preparados, equipamentos básicos e recursos financeiros, há necessidade
de se dispor previamente de algumas informações e estruturas específicas, detalhadas a
seguir:

2.1 Informações e base de dados necessários para a investigação

1. Base de dados referente às propriedades, os produtores rurais e os rebanhos: O SVE, tanto


unidade local como central, deve dispor, em meio eletrônico, da relação atualizada das
propriedades rurais e dos rebanhos existentes na área geográfica de sua atuação, de acordo
com as orientações definidas pelo Mapa. Destaque especial deve ser dado ao sistema de
codificação e de georreferenciamento das propriedades rurais, de acordo com os padrões
estabelecidos pelo Mapa. Essas informações auxiliam durante as ações de investigação e alerta,
além de serem essenciais na emergência zoossanitária;

2. Base de dados referentes à movimentação animal: O SVE, tanto unidade local como central,
deve ter sistema informatizado para o controle e emissão de GTA, com acesso oportuno aos
dados de movimentação de animais de qualquer propriedade rural.

3. Outras informações: O SVE, tanto unidade local como central, deve ter conhecimento e
registro, de forma eletrônica e padronizada, de uma série de dados e informações que serão de
grande importância na fase de alerta e também para uma resposta oportuna no caso de uma
emergência em febre aftosa. Esses dados devem ser atualizados, pelo menos, uma vez ao ano.

2.2 Equipamentos, recursos e procedimentos para as atividades de vigilância

1. Meios de transporte e de comunicação: toda UVL deverá possuir forma adequada para
deslocamento e comunicação na sua área de atuação.

2. Material para atendimento e investigação de casos suspeitos de doença vesicular: O material


deve estar disponível e em condições de uso. Para isso, há necessidade de disciplina e
organização por parte do MVO responsável pela UVL que, sistematicamente, deverá conferir o
equipamento disponível. Caso o material esteja incompleto, o profissional deverá notificar
oficialmente o seu superior. Cabe ainda, ao SVE, criar mecanismos de controle e
monitoramento, em nível central do SVE, da completude dos kits de atendimento em todas as
UVL da UF. O ponto focal do PNEFA no SVE, deve implantar uma metodologia de validação por
amostragem ou por censo das UVL, a fim de avaliar semestralmente, a situação desse material
na UF, tomando as medidas necessárias para manutenção de 100% das UVL com material
adequado para atendimento de casos suspeitos de doença vesicular.

3. Procedimentos estabelecidos e descritos para o rápido registro e transporte de amostras


para exame laboratorial: O SVE deve manter contratos com empresas transportadoras, para
envio de amostras ao laboratório seguindo o regramento de biossegurança existente para
embalagem e envio de amostras biológicas, bem como ter descrito as medidas alternativas
para garantir esse suporte logístico caso tenha problema com o contrato em vigência. O envio
do material pelo SVE deve ser precedido de contato com o laboratório de destino, para acordar
detalhes de horário e forma de entrega, o que deve ser confirmado por telefone ou correio
eletrônico. Os registros da investigação no e-SISBRAVET devem ser realizados previamente ao
envio das amostras ao laboratório, para que o ponto focal do PNEFA na SFA já tenha
conhecimento da situação e possa acompanhar o andamento da investigação. É de
responsabilidade do ponto focal do PNEFA no SVE e na SFA, o acompanhamento da remessa
até sua chegada ao laboratório.

4. Recursos financeiros: Importante que exista no SVE, tanto na UVL como no nível central,
procedimentos administrativos estabelecidos e descritos para a pronta disponibilização e
utilização de recursos financeiros, no caso de necessidade durante as fases de investigação e
alerta.

3. Fase de Investigação

É importante ter conhecimento que o sistema de vigilância para a febre aftosa contempla as
seguintes categorias de doenças:

• doença-alvo: febre aftosa;

• doenças vesiculares clássicas (clinicamente indistinguíveis): estomatite vesicular, infecção por


Senecavírus A (SVA), exantema vesicular e doença vesicular dos suínos (as duas últimas
exóticas no Brasil);

• outras doenças infecciosas que, durante seu curso, podem apresentar lesões vesiculares ou
ulcerativas: vaccínia bovina, pseudovaríola bovina, estomatite papular, ectima contagioso,
mamilite herpética bovina, febre catarral maligna, rinotraqueíte infecciosa bovina e diarreia
viral bovina;

• agravos não infecciosos que podem provocar sinais clínicos confundíveis (ex. claudicação,
sialorreia) com doenças vesiculares infecciosas: intoxicação por plantas, fungos, produtos
químicos, traumatismos e outros.

As definições de caso suspeito de doença vesicular, caso provável de doença vesicular, suspeita
descartada de doença vesicular, caso descartado de febre aftosa e caso confirmado de febre
aftosa constam na ficha técnica da doença no site específico do Mapa e está de acordo com os
critérios do Código Sanitário dos Animais Terrestres da OIE. A Figura 2 demonstra o fluxo de
investigação de caso suspeito de doença vesicular.
FIGURA: Representação do fluxo de investigação de casos suspeitos de doença vesicular.

3.1. Considerações gerais sobre a investigação de doença vesicular

A fase de investigação começa quando o SVO tem conhecimento de uma suspeita de doença
vesicular.

A notificação da suspeita de doença vesicular é obrigatória para qualquer cidadão, bem como
para todo profissional que atue na área de diagnóstico, ensino ou pesquisa em saúde animal,
conforme legislação vigente.

Todo caso suspeito de doença vesicular, independentemente de sua origem, deve ser
investigado pelo SVO em um prazo de até 12 horas. O resultado da investigação inicial pode ser
suspeita descartada ou caso provável de doença vesicular. Entre motivos de suspeita
descartada estão a “ausência de animais susceptíveis”, “ausência de sinais clínicos compatíveis”
e identificação de “agravo não infeccioso” ou outras doenças infecciosas que não se
enquadram na definição de doença vesicular.

Os casos prováveis de doença vesicular exigem a continuidade da investigação, incluindo


colheita de material para diagnóstico laboratorial, e marcam o início da fase de alerta.

A avaliação clínica e epidemiológica do caso suspeito de doença vesicular representa fase


decisiva no sistema de vigilância. O médico veterinário oficial deve estar capacitado para,
tecnicamente, tomar a decisão sobre o andamento da investigação, exigindo conhecimento
sobre patogenia e epidemiologia das doenças vesiculares, treinamento para investigação de
doença vesicular, incluindo colheita de material, e domínio das técnicas de semiologia.

No Quadro 1 são apresentadas as principais fases da patogenia da febre aftosa. Entre a


introdução do vírus (penetração intracelular) e o aparecimento das primeiras lesões, transcorre
o denominado período de incubação, que dura até 14 dias, e se caracteriza por duas fases
distintas: fase de eclipse e fase prodrômica.

Na fase de eclipse, o vírus não é isolado mesmo se empregados meios sofisticados de


investigação. Essa fase pode durar poucas horas e corresponde à penetração intracelular do
agente e à formação das primeiras partículas virais completas. A partir do momento em que
essas partículas são disseminadas por todo o organismo, por meio das vias sanguínea (viremia)
e linfática, inicia-se a fase prodrômica, que dura até o aparecimento das lesões típicas de febre
aftosa. Na fase prodrômica os animais apresentam sinais inespecíficos (reação febril, depressão
e anorexia), comuns a diversas doenças infecciosas.

As doenças vesiculares consideradas clinicamente indistinguíveis da febre aftosa são a


estomatite vesicular, a infecção por Senecavírus A, a doença vesicular dos suínos e o exantema
vesicular dos suínos, sendo possível a diferenciação entre elas somente por meio de testes
laboratoriais. Para um conhecimento complementar sobre as principais doenças vesiculares,

QUADRO: Fases e período de desenvolvimento na patogenia da Febre Aftosa

Nas investigações das doenças indistinguíveis da febre aftosa, é fundamental a observação de


alguns aspectos durante a avaliação clínica e epidemiológica, destacando-se:

1) em uma região onde a vacinação contra a febre aftosa não é praticada, o quadro clínico em
bovinos tende a ser muito mais agudo e evidente, e a taxa de ataque bem mais alta;

2) nem sempre a febre aftosa evolui com toda a sintomatologia clássica descrita, podendo
aparecer lesões com maior ou menor intensidade dependendo da cepa de vírus atuante, da
quantidade de vírus infectante e do estado imunitário dos animais;

3) os bovinos são mais suscetíveis ao vírus da febre aftosa, entretanto, em animais com certo
grau de imunidade para febre aftosa, podem ocorrer somente lesões na boca, sem
generalização nas patas, ou apenas em uma ou duas patas, sem o aparecimento de lesões
orais. Exemplo desse quadro foi o foco registrado em Monte Alegre (PA), em 2004, quando na
investigação da suspeita, o SVO identificou somente um bovino com discreto sinal clínico em
apenas uma pata. Já em rebanhos não vacinados, a suscetibilidade independe da idade dos
bovinos;

4) suínos são mais sensíveis à infecção e apresentam sinais bem mais graves: as vesículas no
focinho podem ser grandes e cheias de fluido sanguinolento; as lesões na boca geralmente são
secas, com epitélio necrosado; as lesões podais são graves e o casco pode-se soltar
completamente na altura da banda coronária. A principal via de infecção é a digestiva, o que
exige maior dose infectante quando comparado aos bovinos. Isso explica, em parte, a presença
de suínos não infectados em propriedades com ocorrência da febre aftosa em bovinos, como o
observado no foco índice registrado em Eldorado (MS), em 2005, e durante a ocorrência no Rio
Grande do Sul, em 2000;

5) em ovinos e caprinos, considerando principalmente as cepas presentes no continente sul-


americano, a febre aftosa ocorre de forma mais branda (com sintomatologia leve), mesmo os
animais não sendo vacinados. Esses animais apresentam lesões na boca e vesículas na região
da coroa dos cascos em menor quantidade, menores e mais difíceis de serem identificadas;

6) dependendo da cepa do vírus da febre aftosa, nem sempre todas as espécies suscetíveis são
atingidas, mesmo convivendo na unidade epidemiológica afetada. Por exemplo, nos focos
registrados em 2000 e 2001 no Rio Grande do Sul, apesar de existirem suínos e ovinos
convivendo com bovinos, apenas estes últimos apresentaram sinais clínicos;

7) a estomatite vesicular, por sua vez, é endêmica em algumas regiões do Brasil. Tem como
diferença importante a suscetibilidade dos equídeos. Entretanto, existem casos em que a
doença foi identificada em bovinos e suínos, não se manifestando em equídeos. Em bovinos, a
taxa de morbidade referente à estomatite vesicular tende a ser maior em animais adultos;

8) apesar de raro, podem ocorrer, simultaneamente, focos de estomatite vesicular e de febre


aftosa. Dessa forma, mesmo na presença concomitante de sinais clínicos em bovinos e
equídeos, não se pode descartar a possibilidade de ocorrência de febre aftosa sem teste
laboratorial nas amostras de bovino;

9) a infecção por Senecavírus A atinge suínos e é endêmica em algumas regiões do Brasil, com
ocorrência principalmente em granjas tecnificadas. Os primeiros registros no país ocorreram a
partir de 2015. É comumente detectada nos estabelecimentos de abate com a detecção de
lesões em cicatrização ou cicatrizadas. Por este motivo é importante a conscientização do
produtor e dos médicos veterinários responsáveis técnicos para a notificação em tempo hábil
ainda nas granjas, a fim de permitir a colheita de material adequado para o diagnóstico;

10) a doença vesicular dos suínos é de baixa incidência mundial, registrada em países europeus
e asiáticos – nunca foi registrada nas Américas. Atinge apenas suínos;

11) o exantema vesicular do suíno foi diagnosticado apenas nos Estados Unidos e na Islândia. A
doença foi considerada erradicada em 1959 e, desde então, não foram registrados mais casos
em qualquer outra parte do mundo.

3.2. Inspeção clínica dos animais e avaliação epidemiológica A prioridade do médico


veterinário responsável pela investigação do caso suspeito de doença vesicular, no momento
da primeira inspeção clínica dos animais, é descartar a suspeita ou confirmar o caso provável
de doença vesicular.
Independentemente da espécie suscetível envolvida, a lista de verificação deve, entre outros
aspectos, avaliar a presença de:

1) febre alta de até 41° C, que declina a partir do segundo dia;

2) vesículas e bolhas íntegras, perceptíveis apenas durante a fase aguda da doença, que dura
até dois dias (vesícula é um pequeno levantamento da epiderme contendo líquido seroso,
enquanto bolha é uma vesícula maior que 0,5 cm de diâmetro, geralmente formada pela
coalescência de vesículas);

3) queda brusca na produção de leite, em rebanhos leiteiros, precedendo os primeiros sinais


clínicos;

4) salivação e claudicação (em suínos observa-se maior dificuldade na locomoção);

5) erosões secundárias vermelho-vivas, úmidas e sem sangramento, com ou sem depósito de


fibrina, nas regiões do focinho, narinas, boca, banda coronária (coroa) dos cascos, espaço
interdigital, tetos e úbere;

6) morte súbita em animais muito jovens, causada por miocardite hiperaguda;

7) distribuição de animais com sinais clínicos:

a) em espécies não vacinadas o percentual tende a ser alto entre bovinos convivendo em uma
mesma pastagem, piquete ou galpões, o que pode não ser observado em rebanhos submetidos
a seguidas etapas de vacinação;

b) em rebanhos com histórico recente de vacinação, sinais clínicos predominantes em animais


ou grupos etários com baixa expectativa de proteção imunitária; e

c) relação do provável início de casos clínicos com ingresso de animais suscetíveis no rebanho
ou de caminhões boiadeiros para carga ou descarga de animais. Em suinoculturas, especial
atenção deve ser dada à procedência dos alimentos.

8) Nos casos em que animais apresentam salivação e claudicação simultaneamente, com


detecção ou suspeita de lesão vesicular, devem ser tomadas as medidas previstas para os casos
prováveis de doença vesicular. Para não diminuir a sensibilidade do diagnóstico, deve-se
examinar a boca de todo animal mancando e as patas dos animais com lesão na boca ou nas
narinas.

9) A identificação de caso provável indica possibilidade de ocorrência da febre aftosa,


apontando para outro importante objetivo da fase de investigação: a determinação do provável
início da infecção. Para isso, além das informações obtidas durante a entrevista e a anamnese,
é importante a descrição minuciosa das lesões secundárias (que se desenvolvem após a
erupção das vesículas e o início do processo de cicatrização) para se estimar o início do
aparecimento dos sinais clínicos e o provável começo da infecção. Não é incomum o
entrevistado se equivocar ao ser questionado sobre o início das lesões. Por este motivo, é de
extrema importância que o médico veterinário utilize seu conhecimento e experiência para
avaliar e registrar corretamente o tempo estimado, quer seja por uma boa anamnese, quer
seja por uma boa inspeção clínica e correta estimativa da idade das lesões. Por exemplo, uma
lesão antiga, em fase de cicatrização não poderia ter se iniciado há dois dias, ou então a
incompatibilidade entre o relato de presença de sinais há 20 dias e todos os animais
apresentarem vesículas recém rompidas. Nestes casos, deve-se ampliar a investigação ao
máximo para esclarecer todas as inconsistências detectadas nas informações prestadas.
Portanto, a definição da idade das lesões, particularmente das mais antigas, é fundamental
para estabelecer a evolução histórica do foco, com destaque para a definição da origem da
infecção e do período de maior risco de difusão do agente viral. Como fonte de consulta e de
estimativa da idade das lesões, pode ser consultado a coletânea de imagens de febre aftosa.

10) De forma geral, uma vez rompidas as vesículas, a rapidez da cicatrização estará influenciada
por diferentes fatores, o que permite, na prática, uma estimativa aproximada da idade da
lesão. Até o quinto dia, ainda é possível uma boa precisão, porém, à medida que vai passando
o tempo, vai aumentando a dificuldade para se estimar a idade da lesão. Abaixo são
apresentados alguns exemplos na estimativa da idade de lesões em língua de bovinos e em
patas de suínos:

a) vesículas fechadas: até dois dias;

b) vesículas recentemente rompidas com pedaços de epitélio ainda aderidos nas bordas das
lesões: um a três dias;

c) vesículas rompidas com perda de epitélio e ausência de bordas nítidas de tecido fibroso:
entre três e sete dias;

d) lesões abertas com tecido fibroso de bordas nítidas: entre sete e dez dias.

3.3. Aspectos clínicos e epidemiológicos de outras doenças confundíveis com febre aftosa

É importante reforçar que o descarte da suspeita deve estar bem fundamentado tecnicamente
e, na dúvida, o profissional deverá dar continuidade a investigação.

É oportuno lembrar que nas regiões sem vacinação o quadro clínico em bovinos é mais
evidente, enquanto em regiões com vacinação é pouco provável que ocorram quadros clínicos
clássicos nessa espécie, com lesões facilmente detectáveis.

Neste caso, o esperado é a presença de sinais clínicos em reduzido número de animais, com
lesões menos severas, podendo ser verificadas indiscriminadamente na língua, boca, espaços
interdigitais ou úbere.

No atendimento tardio às suspeitas, é mais frequente constatar a presença de lesões


secundárias, como erosões, úlceras e crostas. Nesses casos, o médico veterinário deve estar
atento para algumas enfermidades que podem confundir o diagnóstico de doença vesicular:
vaccínia bovina, pseudovaríola bovina, estomatite papular, ectima contagioso, mamilite
herpética bovina, língua azul, febre catarral maligna, diarreia viral bovina/doença das mucosas,
rinotraqueíte infecciosa bovina / vulvovaginite pustular infecciosa, dentre outras. É importante
que o MVO acesse materiais técnicos e publicações recentes, a fim de ter conhecimento dos
aspectos clínicos e o curso dessas outras enfermidades que podem ter sinais clínicos
considerados confundíveis com doença vesicular.

Além das doenças infecciosas confundíveis, outros casos comuns de descarte das suspeitas de
doença vesicular envolvem intoxicações e traumatismos físicos ou químicos. No caso das
intoxicações, destacam-se as substâncias responsáveis por quadros de fotossensibilização, os
produtos químicos cáusticos ou abrasivos, e ainda os fungos do gênero Clavaria e os
Phytomyces chartarum.
Os fungos Phytomyces chartarum causam a doença denominada eczema facial, afetando
bovinos e mais raramente os ovinos, caracterizada por um quadro clínico de
fotossensibilização.

Os fungos do gênero Clavaria, associados a plantações de eucalipto, em épocas quentes e com


alta umidade, tem importância na região sul do país, provocando sialorreia intensa e necrose
do epitélio lingual. Observa-se congestão de conjuntivas, opacidade da córnea em ovinos,
levando à cegueira, dificuldade de marcha e queda dos animais. Nos bovinos, pode-se observar
desprendimento dos chifres, de pelos da cauda ou de mechas de lã em ovinos.

Quanto aos traumatismos, diferentes elementos podem levar a quadros de salivação e


claudicação, destacando-se as lesões causadas por pastagens secas e duras, por pastos e
culturas recém-cortados ou ainda por solos com predominância de cascalhos. Nas explorações
de bovinos para produção de leite, as afecções podais são comuns, observando-se quadros de:
dermatite interdigital; erosão da camada córnea; erosão de talão; dermatite verrucosa;
pododermatite interdigital vegetativa; dermatite digital; flegmão interdigital; pododermatite
asséptica difusa; pododermatite circunscrita; pododermatite necrosante; fissura da unha;
doença da linha branca; fraturas de falange; abscessos de sola e talão; úlcera de sola; úlcera de
pinça; artrose alta; luxações; e hemorragia de sola. Ainda em relação às afecções podais, nas
explorações de ovinos é comum a ocorrência de pododermatite contagiosa ovina (foot root).

3.4 Passo a passo no atendimento e na investigação de notificações de doença vesicular

A seguir são apresentados os procedimentos a serem adotados pelos médicos veterinários do


SVO frente a uma notificação de suspeita de doença vesicular. Deve-se reforçar que, além da
importância do tempo no atendimento, outra questão fundamental é o correto e completo
registro das atividades realizadas.

Após o recebimento de uma notificação na UVL ou pelo e-SISBRAVET, a UVL deverá:

1º Registrar imediatamente a notificação da suspeita no e-SISBRAVET conforme orientações


disponíveis no Manual do e-SISBRAVET.

Quando a notificação for realizada por telefone, recomenda-se, por precaução, registrar o
número do telefone de origem e confirmar por meio de chamada de retorno. Entretanto, caso
a pessoa não queira ser identificada, deve ser garantido o sigilo.

A pessoa que fez a notificação da suspeita, caso tenha estado em contato com os animais, deve
ser orientada sobre os procedimentos de biossegurança necessários para evitar a disseminação
do possível agente infeccioso, principalmente quanto a não movimentação dos animais
suspeitos e seus contatos diretos, e não entrar em nenhuma outra propriedade com animais
suscetíveis à febre aftosa até o final da investigação que será realizada pelo SVO.

Se a notificação for realizada diretamente pelo e-SISBRAVET, será incluída na lista de


notificações pendentes de classificação da respectiva UVL vinculada ao município da
localização dos animais, onde o MVO poderá consultar e fazer sua classificação.

2º Levantamento inicial de informações

Inicialmente, devem ser avaliadas as informações disponíveis no cadastro da propriedade


(sistema de cadastro SVE ou aba “Preparar atendimento” do e-SISBRAVET), destacando:
identificação da propriedade e seus produtores, levantamento do número de explorações
pecuárias e do rebanho existente; intensidade de movimentação de animais (principalmente
ocorrência de ingresso e egresso nos últimos 30 dias); data da última vacinação; localização
geográfica e vias de acesso. Identificar também as propriedades limítrofes e aquelas com
algum vínculo (que mantiveram nos últimos 30 dias algum tipo de relacionamento –
ingresso/egresso – com a propriedade que está com animais sob investigação). Ainda é
importante obter informações de outras propriedades pertencentes ao mesmo proprietário e
outros produtores que possam estar envolvidos na propriedade. Esse primeiro levantamento
de informações deve ser realizado de forma objetiva e rápida para não comprometer o tempo
de reação. Dependendo do resultado do atendimento inicial, novas informações deverão ser
obtidas para realização de análises complementares.

Cautelarmente, entre o período da notificação de um caso suspeito e seu atendimento pelo


SVO, fica facultado ao MVO impedir a emissão de documento de trânsito animal que tenha
como origem ou destino a unidade epidemiológica onde estão os casos suspeitos de doença
vesicular.

Na aba “Preparar Atendimento” do e-SISBRAVET, informar quando a investigação será


atendida, consultar material de apoio, se necessário, e imprimir os formulários de investigação
e anexos.

3º Deslocamento para atendimento à notificação

Paralelamente ao levantamento das informações iniciais, deve ser providenciada a preparação


do veículo para deslocamento e do kit com o material para atendimento de suspeitas de
doença vesicular. Deve-se informar à equipe da UVL e ao superior imediato o horário e o
motivo da saída: atendimento a uma notificação de suspeita de doença vesicular.

O atendimento deve ser, de preferência, imediato ou, no máximo, em até 12 horas. No caso de
notificações por terceiros ou pela vigilância, buscar identificar e fazer contato prévio com o
proprietário ou responsável pelos animais para combinar a melhor e mais rápida forma de
realizar a inspeção clínica dos animais suscetíveis a febre aftosa. Caso a notificação tenha sido
apresentada no final do dia e dependendo da distância e das condições da estrada e de
iluminação no local, o mais recomendado é o atendimento nas primeiras horas da manhã do
dia seguinte. Na hipótese de o médico veterinário responsável pela UVL não estar presente no
momento da notificação, o servidor que a receber deverá realizar o registro inicial no sistema e
entrar em contato com a unidade central ou a unidade regional (caso exista) para avaliar e
definir o atendimento por outro médico veterinário do SVO. Havendo resistência por parte do
proprietário ou responsável pelos animais, a notificação poderá ser atendida com auxílio das
forças policiais, devendo-se esgotar todos os recursos antes de empregar esta ação. Os
profissionais do SVO deverão portar a carteira funcional ou outro documento de identificação
profissional. Recomenda-se dispor de cópia ou acesso à legislação que lhes dá competência
para tomar as medidas necessárias no âmbito da defesa sanitária animal, com destaque para o
ingresso em propriedade rural ou outro local qualquer para examinar os animais com suspeita
de doença vesicular, e para a interdição do local, caso o risco da presença e difusão de agente
infeccioso seja confirmado.

Os formulários de investigação podem ser impressos com as informações prévias a partir do e-


SISBRAVET, na aba “Preparar Atendimento”, facilitando o preenchimento durante a
investigação à campo e posteriormente no sistema.
O atendimento e a elucidação da suspeita devem ser realizados da forma mais rápida possível.
Assim, o deslocamento do profissional deverá ser diretamente à propriedade com casos
suspeitos, sem parar em outras propriedades rurais durante o trajeto. Caso a notificação tenha
sido apresentada em feriados ou finais de semana, os responsáveis pelo atendimento devem
ter total autonomia para a utilização de veículos e de toda a estrutura da instituição necessária
ao trabalho em questão.

4º Ações na propriedade

Chegando à propriedade com animais suspeitos, o profissional deverá tomar todos os cuidados
com a biossegurança e dedicar-se com atenção aos trabalhos de investigação, entrevista,
inspeção clínica dos animais e investigação epidemiológica.

Alguns pontos importantes a serem considerados:

a) deve-se dirigir diretamente à sede para realizar uma entrevista inicial com os responsáveis
pelos animais (realizar uma anamnese detalhada, utilizar as perguntas existentes no formulário
de investigação inicial e no formulário específico de investigação de doença vesicular) e definir
a melhor forma para realizar a inspeção clínica dos animais. Em propriedades mais extensas, é
desejável para avaliação epidemiológica, a elaboração de um croqui simplificado, indicando a
localização dos mangueiros ou pastos e a distribuição dos animais suscetíveis à febre aftosa;

b) dirigir-se, com todo o material necessário, diretamente ao lote dos animais sob suspeita e
inspecioná-los, se possível no mesmo local onde se encontram.

Caso seja necessário e, desde que os riscos para disseminação da doença sejam reduzidos, os
animais poderão ser movimentados dentro da propriedade para local que facilite o exame
clínico. A inspeção deve começar pelos lotes suspeitos, tendo em vista que nesta fase da
investigação o mais importante é confirmar ou descartar a suspeita de doença vesicular
infecciosa;

c) no lote sob investigação, inspecionar o maior número possível de animais. Para as doenças
transmissíveis como febre aftosa, a ordem de inspeção dos animais que estão em convivência
não tem importância epidemiológica, podendo iniciar a inspeção pelos animais sadios ou pelos
animais com sinais clínicos. Entretanto, diante da necessidade de avaliar rapidamente a
suspeita apresentada, e especialmente em situações em que a inspeção clínica dos animais
demonstre ser complexa, recomenda-se que a inspeção comece pelos animais com sinais
clínicos aparentes, com o objetivo de realizar a colheita de material para diagnóstico
laboratorial (se necessária). O importante é que seja examinado o maior número de animais,
tanto aqueles com sinais clínicos, quanto os aparentemente sadios, com o objetivo de avaliar a
dispersão da doença e a idade das lesões, além de estabelecer, com apoio da entrevista
realizada, o provável início do episódio sanitário;

d) a inspeção clínica deve ser estendida às demais espécies susceptíveis à febre aftosa e
equídeos existentes na propriedade. O médico veterinário responsável pelo atendimento deve
ter em mente que, dependendo do quadro clínico e epidemiológico encontrado, haverá
necessidade de outras visitas para inspeções complementares no rebanho. A primeira visita
tem como prioridade o descarte ou a confirmação da suspeita e, quando necessário, a colheita
de amostras para envio ao laboratório preconizado pelo Mapa. No Anexo 5 pode ser
consultado um guia básico para exame de animais suspeitos de doença vesicular;
e) além da inspeção clínica, deverá ser realizada uma avaliação epidemiológica, considerando
indicadores de demografia animal (faixa etária, sexo, densidade, tipo de exploração, etc.),
expectativa de imunidade dos animais existentes, ingresso recente de animais ao lote,
mudanças de manejo, ocorrência simultânea em diferentes espécies, qualidade da pastagem e
do solo (se há presença de tocos ou pedras, por exemplo), dentre outros aspectos.

f) As investigações clínicas e epidemiológicas realizadas nesse primeiro momento (ainda na


propriedade rural) servem para fundamentar o julgamento da condição de saúde dos animais,
orientando o médico veterinário a estabelecer um diagnóstico definitivo ou provisório e
levando-o a uma das seguintes possibilidades: descartar a suspeita ou confirmar a ocorrência
de um caso provável de doença vesicular

a. Suspeita descartada

A suspeita pode ser descartada na propriedade, pelo MVO, diante das seguintes possibilidades:

• casos de falsa denúncia ou ausência de animais susceptíveis à febre aftosa;

• ocorrência de agravo não infeccioso (intoxicações, corpos estranhos, traumatismos); ou

• ocorrência de outra doença infecciosa, apresentando quadro clínico incompatível com


doença vesicular.

O MVO deverá relacionar todas as informações que fundamentaram seu diagnóstico,


registrando-as no formulário de investigação, podendo fazer registros fotográficos para
inserção no sistema. Para descrição das lesões, deve-se utilizar termos técnicos adequados,
incluindo localização, número, formato, tamanho, profundidade, coloração, grau de
cicatrização e estimativa da idade.

Nas suspeitas descartadas de doença vesicular, a investigação deverá ser encerrada,


registrando o diagnóstico final e as informações que o fundamentam, seguido do registro e
encerramento da ocorrência no e-SISBRAVET .

Em todos os casos, aproveitar a ida na propriedade para atualizar as informações cadastrais e


dos rebanhos existentes. Caso a propriedade não esteja no cadastro do serviço veterinário
estadual, obter as informações necessárias para sua inclusão na base de dados e repassar ao
proprietário ou responsável pelos animais as orientações e informações sobre os aspectos
legais e sanitários envolvidos.

b. Caso provável de doença vesicular

Diante de caso provável de doença vesicular, o MVO deverá ter atenção especial com as
atividades de colheita de material para diagnóstico, levantamento de informações e
biossegurança. Na sequência, serão destacados alguns procedimentos e informações sobre
cada uma dessas atividades, a serem consideradas no local onde estão os casos prováveis de
doença vesicular. É oportuno reforçar que, nessa fase de alerta, decorre um intervalo de tempo
de grande importância, no qual ações devem ser conduzidas, levando-se em conta a
possibilidade de se confirmar um caso de febre aftosa, e que estão descritas na Fase de Alerta.

b.1. Colheita de material para diagnóstico

A impossibilidade de fazer um diagnóstico clínico diferencial de doença vesicular, associada à


frequente falta de informação epidemiológica no início das investigações, exige apoio
laboratorial para embasamento da confirmação do diagnóstico. A qualidade da colheita e da
remessa de amostras interfere diretamente no tempo para o processamento laboratorial.
Nesse ponto, destacam-se as seguintes orientações:

1) colher no máximo, em cada visita, amostras de 10 animais;

2) todas as amostras deverão ser relacionadas no formulário associado a respectiva ocorrência,


registrada previamente no e-SISBRAVET, permitindo assim a preparação dos materiais e do
pessoal para execução dos ensaios e, consequentemente, maior agilidade no processamento
das amostras;

3) as amostras enviadas ao laboratório deverão estar acompanhadas apenas do formulário


específico (FORM LAB) em formato físico; recomenda-se sempre que possível, o registro
fotográfico das lesões, tendo todos os cuidados de biossegurança necessários;

4) todo animal submetido à colheita de amostras deve apresentar identificação individual


permanente ou de longa duração, única e inequívoca. A colheita de amostras deve ser
informada na aba “Investigação Clínica” do e-SISBRAVET para os animais inspecionados e
submetidos à colheita. O FORM LAB será completado com o preenchimento da sub-aba
“Amostra”, para onde a identificação dos animais será transportada.

5) utilizar tubos de tampa rosqueada e fundo cônico de 15 ou 50 ml, vedados com filme de
parafina plástica, ou microtubos, a depender do volume da amostra;

6) O volume do meio de conservação utilizado deve ser o menor possível, suficiente apenas
para cobrir o material colhido.

b.1.1 . Sorologia

Na fase inicial da investigação, a colheita de soro deve ficar limitada aos animais com sinais
clínicos, sendo recomendado colher no máximo amostras de soro de 10 animais.

Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal – OIE - uma reação positiva à prova de
detecção de anticorpos contra o vírus da febre aftosa pode ter quatro causas: infecção natural;
vacinação; presença de anticorpos maternos; e reações cruzadas (heterófilas). Com respeito
aos anticorpos maternos, a OIE indica que normalmente são encontrados até os seis meses de
idade em bovinos, mas podendo ser detectados por mais tempo em alguns indivíduos.

Quando se trata de regiões onde a vacinação não é praticada, a identificação de anticorpos


contra o vírus da febre aftosa é uma informação mais fácil de ser analisada, devendo estar
sempre associada, no entanto, ao quadro clínico e epidemiológico encontrado. Portanto,
apesar da identificação de anticorpos contra o vírus da febre aftosa em animais com sinais
clínicos de doença vesicular representar um achado importante em rebanhos não vacinados,
nas áreas onde existe um sistema de vigilância implementado é mais provável que a
confirmação do caso seja realizada por isolamento e identificação viral.

Nos locais onde a vacinação é realizada, o emprego de testes laboratoriais para detecção de
anticorpos contra o vírus da febre aftosa tem valor limitado quando a análise é individual. O
MVO responsável pela investigação da suspeita de doença vesicular deve ter cuidado especial
na obtenção do histórico de vacinação contra a febre aftosa, procurando cruzar informações.

b.1.2 No caso de atendimento com colheita de epitélio

A identificação de casos prováveis que possibilitem a colheita de material para isolamento viral
é a situação mais desejada, dando mais segurança ao diagnóstico final e indicando que a
notificação e o atendimento pelo SVO ocorreram de forma oportuna. É importante que sejam
seguidas as seguintes recomendações:

1) O material de eleição é composto por líquido vesicular e por fragmentos de epitélio de


vesículas rompidas recentemente, incluindo as bordas das lesões;

2) Caso as vesículas estejam íntegras (não rompidas), colher separadamente o líquido e o


epitélio. Deve-se obter o líquido vesicular em seringas do tipo insulina, que deve ser
transferido para microtubos sem conservantes. Não deve-se encaminhar o líquido para o
laboratório dentro das seringas;

3) Caso o volume seja inferior a 200 microlitros (0,2 ml), deve-se adicionar igual volume de
meio de conservação à amostra de líquido vesicular e congelar o material;

4) Em vesículas pequenas, onde não é possível aspirar o líquido, ou rompidas recentemente,


fazer suabe. O suabe não deve ser de algodão, pois esse material inibe as reações de PCR.
Algumas opções de suabe são dracon, poliéster e outros.

A ponta do suabe utilizado deverá ser cortada e adicionada em um microtubo, contendo 1 ml


de meio de conservação;

5) No caso de lesões discretas, como aquelas observadas em lesões causadas por Poxvirus,
sugere-se a utilização de punch. Os fragmentos obtidos devem ser acondicionados em
microtubos com tampão fosfato em volume suficiente para cobri-los;

6) O material colhido das regiões oral e nasal é mais adequado em função da menor presença
de sujidades. As patas e úberes, antes da colheita, devem ser lavados com água limpa para
remoção de sujeiras (não utilizar nenhum tipo de sabão ou antisséptico). Acondicionar o
material colhido em frascos separados, para cada animal envolvido, contendo Líquido de Vallée
(Anexo 6) em volume suficiente para cobrir os tecidos. Pequenos fragmentos de epitélio devem
ser enviados preferencialmente em microtubos;

7) Deve-se colocar em frascos separados o material colhido de cada região (oral, nasal, podal e
úbere). Nunca misturar materiais de animais diferentes em um mesmo frasco. Os frascos
deverão ser devidamente vedados, identificados, acondicionados em sacos lacrados e
mantidos sob refrigeração ou, de preferência, congelados (-20 °C). Depois de lacrados, os sacos
deverão ser limpos e desinfetados antes do acondicionamento na caixa isotérmica (o emprego
de pequenos pulverizadores ou borrifadores manuais, com solução de desinfetante, facilita
essa operação);

8) Sugere-se avaliar animais em diferentes estágios da doença, buscando estabelecer a idade


das lesões. Esse é um ponto importante, em que o médico veterinário deve avaliar a
quantidade de animais para inspeção. Caso encontre casos novos, com facilidade de colheita
de amostras, o profissional deve aumentar o número de animais inspecionados (sem
comprometer o tempo de atendimento), com o objetivo de detectar as lesões mais antigas
para apoiar a definição do provável início da doença. Ao contrário, caso encontre somente
lesões antigas, com dificuldade de colheita de material, o profissional deve inspecionar o maior
número possível de animais, com o objetivo de encontrar lesões mais novas, com maior
possibilidade de isolamento viral;
9) O proprietário ou responsável pelos animais deve ser informado da proibição de tratamento
dos animais que apresentam sinais clínicos para não comprometer novas colheitas de
amostras, caso necessário;

10) Em suínos, as colheitas de material realizadas em frigoríficos devem ser efetuadas


preferencialmente nos animais antes do processo de escaldagem.

Detectadas lesões sugestivas nas linhas de inspeção, o MVO deverá verificar a existência de
animais daquele lote que ainda não entraram na sala de abate para uma avaliação clínica, com
o objetivo de colher amostras na pocilga de chegada e seleção.

b.1.3 No caso de atendimento onde não é possível a colheita de epitélio

Em situações peculiares, como por exemplo em ruminantes testados com a finalidade de


trânsito e que tenham resultado reagente na sorologia para febre aftosa, sem apresentar
sintomatologia clinica, pode-se realizar a investigação utilizando técnicas que visem colher
amostras pareadas de líquido esofágico-faríngeo (LEF), com intervalo de 15 dias, utilizando
copo coletor apropriado. Vale destacar que a colheita de LEF para febre aftosa é realizada
apenas em ruminantes.

Essas situações devem ser registradas nos formulários padronizados de investigação.

A colheita de LEF exige treinamento específico e os animais devem estar em jejum mínimo de
12 horas. O líquido esofágico-faríngeo deve ser armazenado em igual quantidade de MEM e
congelado o mais rapidamente possível, procedendo-se com a aferição do pH do meio de
conservação antes da colheita de material. No caso de amostras negativas, é recomendada a
realização de mais uma colheita, com intervalo de pelo menos 15 dias, na busca de um
diagnóstico mais consistente.

Em suínos, deve-se optar por coletar fragmentos das tonsilas e manter os mesmos congelados
até a chegada ao Laboratório.

Os meios de Vallée e MEM, empregados para conservação das amostras de epitélio e de LEF,
apresentam composição distinta. Além da função de conservação, esses meios têm como
objetivo preparar as amostras para os diferentes procedimentos aos quais serão submetidas no
laboratório. Dessa forma, a utilização desses meios deve respeitar as suas finalidades
específicas, não sendo adequado substituir um pelo outro. O quadro abaixo apresenta as
recomendações de utilização de meio por tipo de material colhido.

Quadro 2. Meios de conservação recomendados para os diferentes materiais:


Em casos excepcionais, em que não seja possível utilizar estes meios, deve-se entrar em
contato com o laboratório responsável pelo diagnóstico ou setor de triagem do SVE para
orientações específicas.

b.1.4. Colheita de amostras para o diagnóstico diferencial

Considerando que a doença alvo do PNEFA é a febre aftosa, é fundamental destacar que os
testes para diagnóstico diferencial somente serão realizados ante a resultados negativos para
febre aftosa. Com vistas a um diagnóstico conclusivo, dependendo da qualidade e da
quantidade das amostras colhidas durante a primeira inspeção clínica, poderá haver
necessidade de retorno à propriedade ou ao local onde estão os animais para colheita de
novas amostras.

As doenças vesiculares clinicamente indistinguíveis da febre aftosa e que são endêmicas no


País (Estomatite Vesicular e SVA) fazem parte das doenças diferenciais pesquisadas nas análises
de rotina no laboratório, nas investigações dos casos prováveis de doença vesicular.

b.2. Levantamento de informações (investigação epidemiológica)

Após a constatação de um caso provável de doença vesicular, o levantamento de informações


deverá ser aprofundado por meio de entrevista com o proprietário ou com os responsáveis
pelos animais. As questões devem buscar determinar o provável dia de início do evento
sanitário e sua possível origem, e avaliar o grau de risco de difusão. Para isso, lembrar que no
caso da febre aftosa o período de incubação é de até 14 dias, no máximo, sendo mais comum
entre 2 e 7 dias. A determinação dos vínculos é muito importante, devendo-se buscar
informações de movimentações de animais cobertas por GTA e até mesmo as realizadas
informalmente.

O MVO responsável pelo atendimento deve se reunir com as pessoas diretamente envolvidas
para realizar a entrevista, ocasião em que deverá orientar sobre as recomendações de
biossegurança. Ao final da entrevista, deverá ser verificado se todas as informações para
preenchimento dos formulários foram levantadas, dando especial atenção ao provável início da
doença, e fazendo uma relação entre as informações encontradas e a cronologia e avaliação da
idade das lesões examinadas na data da visita.

b.3. Atividades de biossegurança


As medidas de biossegurança são o conjunto de atividades empregadas para evitar ou
minimizar os riscos de difusão da doença. Os principais procedimentos que devem ser
adotados ainda na propriedade estão descritos abaixo:

1) lavrar termo de interdição e repassar, de forma clara e objetiva, as orientações sobre os


cuidados a serem tomados para evitar a difusão ou agravamento do problema sanitário. As
UVL deverão dispor de formulários de interdição e de desinterdição para pronto uso. O termo
de interdição deverá conter o motivo de sua aplicação, sua fundamentação legal, espaço para
ciência do proprietário ou responsável pelo rebanho, e as principais proibições estabelecidas;

2) entre as principais orientações e proibições que devem ser aplicadas, adequando-as


especialmente a questões como tamanho da propriedade e sistema de produção pecuária
predominante, destacam-se os seguintes itens:

a) proibir a saída da propriedade de animais e produtos de risco para difusão da febre aftosa.
Também estão incluídos os animais não suscetíveis, ante o risco de veiculação mecânica da
vírus da febre aftosa;

b) produtos não associados diretamente com risco de difusão da doença podem disseminá-la
de forma mecânica, por isso devem ser tomadas todas as medidas para desinfecção dos meios
de transporte e do material de acondicionamento desses produtos;

c) suspender trabalhos com tratores e maquinários que possam aumentar as chances de


difusão mecânica da vírus;

d) deixar o lote com casos prováveis de doença vesicular sob responsabilidade apenas de um
reduzido grupo de trabalhadores, que não poderá ter acesso e contato com os demais animais
suscetíveis da propriedade;

e) orientar os presentes para que não visitem outras propriedades com animais suscetíveis à
febre aftosa e não mantenham contato com outras pessoas que também lidam com animais
suscetíveis à doença (tal conduta deve ser mais rigorosa para aquelas pessoas que mantiveram
contato direto com os animais doentes);

f) proibir visitas de qualquer pessoa sem autorização, inclusive médicos veterinários, técnicos
que trabalham com inseminação artificial e outros profissionais e produtores, principalmente
aqueles que tenham contato com animais suscetíveis à febre aftosa;

g) a produção de leite deverá ficar retida na propriedade. Não empregar o produto e seus
derivados na alimentação de animais suscetíveis (especialmente bezerros e suínos). O leite
representa um risco direto e também de difusão mecânica, por meio do caminhão
transportador e das pessoas que lidam com a sua coleta. Independentemente da quantidade
produzida, a retirada do produto da propriedade não poderá ser autorizada enquanto
persistirem os riscos de disseminação da doença. Mesmo sabendo tratar-se de medida que
envolve várias questões econômicas e sociais, deve-se considerar que o leite possui valor
unitário baixo e muitas vezes é mais seguro recomendar a sua destruição, com indenização ao
produtor. Alternativas a serem empregadas e recomendadas em relação ao leite incluem:

I) destinação para a fabricação de produtos submetidos a processamento térmico (muçarela,


requeijão, entre outros) dentro da propriedade;

II) consumo interno do leite dos animais sadios, após fervura por pelo menos cinco minutos, se
não for possível realizar o processo de inativação recomendada pela OIE;
III) destruição, com o emprego de produtos químicos que levam à alteração de pH (por
exemplo, vinagre ou soda cáustica), descartando o produto em vala aberta para esse fim. Não
derramar o produto em rios ou outras coleções de água.

Na questão da biossegurança, atenção especial deve ser dada aos desinfetantes empregados
diante de diferentes situações.

5º Retorno à UVL

Após o retorno direto à UVL, o médico veterinário deverá comunicar o resultado da


investigação aos superiores e demais membros de sua equipe de trabalho, e completar o
registro das atividades realizadas nos formulários e no e-SISBRAVET, com upload dos
formulários e fotos.

A partir da confirmação de caso provável de doença vesicular, inicia-se a Fase de Alerta.

4. Fase de alerta

4.1. Atividades de vigilância

A fase de alerta envolve o período entre a confirmação do caso provável de doença vesicular e
o diagnóstico definitivo apoiado por teste laboratorial. Esta fase deve ser conduzida
considerando a probabilidade de ocorrência da febre aftosa.

Os principais objetivos das ações desenvolvidas nesta fase são: dar início às atividades para
avaliar a possibilidade de ocorrência da doença em outros rebanhos; restringir a
movimentação de animais suscetíveis à febre aftosa para minimizar os riscos de disseminação
do possível agente viral; e dar continuidade ao levantamento de informações para, caso
necessário, implantar ações de emergência zoossanitária. As atividades devem ser conduzidas
com bastante cautela, para não produzir tumulto ou pânico na comunidade local. Deverão ser
envolvidos apenas os profissionais necessários à execução das operações de prevenção e de
investigação epidemiológica complementar.

No retorno à UVL:

1) preparar, identificar, registrar e acondicionar adequadamente o material colhido.

Após ajustar a logística com o superior, enviar o material, na maior brevidade possível,
acondicionado e identificado adequadamente, para o laboratório de triagem da unidade
central do SVE;

2) revisar e inserir todas as informações dos formulários no e-SISBRAVET; a notificação


imediata às instâncias superiores e ao DSA se dá por essa via, não sendo mais necessário o
envio de formulários por email. As datas de provável início, notificação, atendimento, registro e
resultado é que irão gerar os indicadores de desempenho para as investigações de doença
vesicular. O FORM LAB deverá ser gerado a partir das informações de amostras inseridas no
sistema e isso pode ser feito também pela unidade central, evitando atrasos na remessa do
material pela UVL.

3) aprofundar a análise dos vínculos envolvendo o rebanho com casos prováveis de doença
vesicular. Confirmar todas as propriedades localizadas no entorno do estabelecimento com
animais afetados (definidas como propriedades com vínculo epidemiológico devido à
proximidade geográfica) e aquelas que, nos últimos 30 dias em relação ao possível início da
doença, mantiveram vínculo de ingresso ou egresso de animais suscetíveis com o rebanho sob
investigação. Manter suspensa a emissão de GTA da propriedade investigada e, juntamente
com a unidade central do SVE, suspender a emissão de GTA das propriedades vinculadas.

4)todas as informações de vínculos, formais ou informais, devem ser inseridas no e-SISBRAVET


(sub-aba Estabelecimentos vinculados da aba Investigação epidemiológica). O sistema gera as
notificações de investigação para as UVLs envolvidas, na própria UF e em outras UFs, se for o
caso;

5) Caso a propriedade envolvida esteja localizada em regiões de fronteira internacional os


serviços veterinários dos países envolvidos deverão ser notificados imediatamente. Caberá à
SFA do estado envolvido informar ao Departamento de Saúde Animal do Mapa, que será o
responsável por informar ao SVO do país vizinho;

6) No caso de regiões com produção leiteira, comunicar e orientar os responsáveis pela coleta
do leite ou outros produtos lácteos. As linhas de coleta deverão estar identificadas e os trechos
que envolvem as propriedades sob investigação deverão ser interditados, definindo-se rotas
alternativas;

7) Estimar o número de equipes necessárias para realizar a investigação nas propriedades com
vínculos na sua área de jurisdição e repassar a demanda à unidade central do SVE para as
providências imediatas.

8) Considerar que, no caso de febre aftosa, os animais podem eliminar vírus a partir de três
dias antes do início dos sinais clínicos, o que torna necessário prever uma equipe para cada
propriedade com vínculo, de forma a reduzir os riscos de disseminação da doença. Mesmo não
se observando sinais clínicos compatíveis com doença vesicular, é importante que, nessas
condições, todos os procedimentos de biossegurança sejam adotados no ingresso e egresso
das propriedades.

9) Programar vistorias adicionais diárias ao estabelecimento interditado, até confirmar ou


descartar o caso de febre aftosa, com o objetivo de acompanhar a evolução dos casos clínicos;
avaliar o cumprimento das restrições estabelecidas e levantar informações adicionais que
possam apoiar a investigação epidemiológica, especialmente a data de início e a origem da
doença (utilizar o FORM COM para registro das informações obtidas durante as investigações
complementares no estabelecimento, registrando os dados e carregando os formulários e fotos
no e-SISBRAVET).

10) Na unidade central do SVE:

Após ter conhecimento do caso provável de doença vesicular, os pontos focais do PNEFA no
SVE em conjunto com o setor de epidemiologia deverão:

1) Analisar os dados registrados no e-Sisbravet, formulários de investigação e fotos


disponibilizadas;

2) Dar conhecimento ao ponto focal do PNEFA na SFA;

3) Contatar o responsável pelo laboratório de diagnóstico, informar sobre as amostras e data


do provável envio. Recomenda-se encaminhar e-mail com o FORM LAB, com a devida
antecedência, para que a equipe do laboratório se programe para o recebimento e análise das
amostras no menor tempo possível;

4) Preparar e enviar o material colhido ao laboratório indicado pela Divisão de Febre Aftosa do
Mapa, no menor tempo possível. É de responsabilidade do ponto focal do PNEFA no SVE, em
conjunto com o ponto focal do PNEFA na SFA, o acompanhamento da remessa até sua chegada
ao laboratório.

5) Também realizar a análise do cadastro da propriedade e do trânsito de animais,


identificando as propriedades com vínculo epidemiológico, especialmente nos 30 dias
anteriores ao provável início da doença e propriedades vizinhas;

6) Delimitar previamente uma provável área de emergência, contemplando espaço geográfico


inicial para possível interdição e intervenção, se o resultado for confirmado. A delimitação
inicial deve ser realizada pelo setor de epidemiologia do SVE, adotando como critério a área
total dos municípios abrangidos pelo raio de 25 km, medidos a partir da propriedade com caso
provável. Esse trabalho preliminar visa obter informações necessárias para otimizar o tempo de
resposta na hipótese de confirmação do caso de febre aftosa;

7) Uma vez delimitada as possíveis áreas de risco epidemiológico (perifoco de 3km; vigilância
de 7km e proteção de 15km), devem ser mapeadas e levantadas as seguintes informações por
área:

a) Total de propriedades existentes;

b) Total de animais suscetíveis à febre aftosa, estratificados por espécie animal;

c) Vias de acesso, identificando possíveis locais para implantação de barreiras sanitárias (com
apoio do setor de trânsito);

d) Acidentes geográficos e barreiras naturais;

e) Locais estratégicos importantes (laticínio, frigoríficos, aglomerações de animais, lixão,


hospital veterinário, graxarias, etc.);

f) Todas as propriedades e pontos na região delimitada devem ter seus dados de localização
geográfica extraídos no sistema e disponibilizadas em planilhas para que, em caso de
confirmação, o arquivo possa ser acessado em uma situação de ausência de internet; -,

g) Mensurar a necessidade de pessoas, equipamentos e materiais para as investigações dentro


das áreas delimitadas.

h) Revisar todas as informações constante no Anexo 1 relacionados aos municípios


relacionados (propriedade investigada e vínculos).

i) Cabe a unidade central do SVE, em conjunto com a SFA, coordenar e acompanhar todo
processo de investigação.

Nas propriedades com vínculo:

O trabalho de investigação e vigilância nas propriedades com vínculo epidemiológico deve ser
cuidadoso e preciso, incluindo as seguintes atividades:

1) Empregar todas as medidas de biossegurança na entrada e na saída da propriedade;


2) Realizar entrevistas com os responsáveis pelos animais e exame geral do rebanho;

3) Diante de sinais clínicos compatíveis com doença vesicular, considerar como caso provável
de doença vesicular e seguir todos os passos da fase de investigação e alerta; ou

4) Não havendo sinais de doença vesicular, registrar as atividades no FORM VIN e no e-


SISBRAVET. As propriedades deverão ficar sob vigilância, aguardando os resultados
laboratoriais. Até o resultado laboratorial da propriedade sob investigação, regressar a cada
três dias às propriedades com vínculo epidemiológico, para nova avaliação;

5) Tendo em vista a possibilidade de animais estarem em período de incubação, mesmo não


sendo observados indícios de doença vesicular, os profissionais responsáveis pela investigação
deverão adotar procedimentos rigorosos de biossegurança e aguardar 24 horas para inspeção
de outros rebanhos suscetíveis;

Em outras unidades epidemiológicas:

Além dos componentes do sistema de vigilância em propriedade (vigilância ativa), a partir de


notificações (vigilância passiva) e a vigilância sorológica (estudos soroepidemiológicos,
realizado apenas nas zonas livres com vacinação), o sistema de vigilância para febre aftosa
possui ainda mais dois componentes que podem detectar casos prováveis de doença vesicular,
fora de propriedade rurais: vigilância em estabelecimentos de abate e vigilância em eventos
pecuários.

Cabe destacar que os esforços do setor privado (produtores, médicos veterinários privados,
técnicos agrícolas, etc) devem ser no sentido de que a notificação de suspeitas de doença
vesicular seja feita imediatamente ao SVO, com os animais ainda nos estabelecimentos de
criação, sendo assim evitada qualquer movimentação ou envio de animais com lesões
compatíveis com doenças infecciosas aos abatedouros, eventos de aglomeração ou qualquer
emissão de GTA que leve a movimentação de animais suspeitos, objetivando o atendimento
ainda no estabelecimento de origem de forma a evitar a disseminação de doenças, além dos
transtornos nos estabelecimentos de abate, aglomeração ou em fiscalizações de trânsito.

Abaixo serão relatados as ações que devem ser realizadas em cada situação:

Identificação de casos prováveis de doença vesicular em estabelecimentos de abate de animais


susceptíveis a febre aftosa

Nos exames ante-mortem e post-mortem, em caso de detecção de lesões vesiculares, os


animais deverão ser segregados e o SVE instado a apoiar a investigação no estabelecimento de
abate e na propriedade de origem dos animais.

Os lotes com animais identificados como casos prováveis de doença vesicular deverão ser
abatidos por último, evitando contato direto com os demais. Após a separação, o abate dos
lotes sadios pode prosseguir. As carcaças, vísceras e demais produtos do abate do dia, tanto do
lote com sinais clínicos como dos lotes sem sinais clínicos, devem ser segregados e mantidos
sob controle do Serviço de Inspeção até conclusão da investigação. Outras medidas devem ser
aplicadas até o resultado final da investigação descartando a doença são:

1) Levantamento de informação sobre a origem dos animais e acionamento do SVE para


investigação das propriedades rurais envolvidas. Caberá ao SVE a suspensão cautelar da
emissão de GTA da propriedade de origem até a finalização da investigação clínica-
epidemiológica na origem;
2) Suspensão da saída do matadouro-frigorífico dos produtos obtidos do abate do dia em que
foi constatado o caso provável,

3) É permitida saída de produtos submetidos a tratamento térmico suficiente para a inativação


do vírus e desde que adotadas as medidas de biossegurança que garantam a inativação do
agente infeccioso nos veículos transportadores;

4) A movimentação de pessoas, assim como de outros materiais, objetos e meios de transporte


que possam veicular o agente infeccioso do matadouro-frigorífico está condicionada a medidas
de biossegurança definidas pelo SVO.

5) Após o encerramento das atividades do dia em que se detectou um caso provável e a


completa limpeza e desinfecção do estabelecimento, desde que as medidas de biossegurança
garantam a inativação do agente viral, o abate pode ser liberado no dia seguinte e os produtos
deste podem ser comercializados.

6) A saída de produtos armazenados oriundos de abates anteriores ao atendimento, poderá ser


permitida pela autoridade competente, após avaliação e adoção de medidas de mitigação de
risco pelo Serviço de Inspeção (rastreabilidade dos lotes, limpeza e desinfecção dos veículos
transportadores, etc.).

Ações em estabelecimentos de abate de suínos:

No caso de estabelecimentos de abate de suínos, quando o Serviço de Inspeção constatar


lesões vesiculares e o lote estiver acompanhado de documentação do SVE que declare
investigação prévia na propriedade (até 30 dias anteriores ao abate) e descarte da suspeita de
febre aftosa, seja pela avaliação clínico-epidemiológica ou pelo relatório de ensaio laboratorial
negativo, o abate poderá prosseguir normalmente (Ofício Circular Conjunto DSA/Dipoa
01/2020).

Na referida documentação do SVE deve constar: datas do início e conclusão da investigação;


identificação do estabelecimento de criação; critério da conclusão da investigação (utilizar das
seguintes opções: 1 – suspeita descartada de doença vesicular por critério clínico-
epidemiológico, ou 2 – caso descartado de febre aftosa por critério laboratorial); telefone,
identificação e assinatura do MVO responsável pelo atendimento. Apenas cópia deste
documento deve acompanhar as GTAs, excluindo-se formulários de investigação e laudos de
resultados laboratoriais.

Em caso de detecção de lesões vesiculares recentes que não sejam compatíveis com a data da
avaliação clínico-epidemiológica na granja, ou em lotes desacompanhados da documentação
do SVE comprobatória do atendimento prévio e do descarte da suspeita de febre aftosa, o SVO
deve considerar como caso provável de doença vesicular e adotar as medidas previstas neste
manual.

Identificação de casos prováveis de doença vesicular em eventos pecuários Na detecção de


suspeita de doença vesicular em eventos pecuários (feiras, leilões, etc.), o médico veterinário
responsável deverá suspender a recepção e saída de animais e notificar imediatamente a UVL,
que adotará os procedimentos de investigação previstos neste documento. Caso o médico
veterinário oficial identifique um caso provável de doença vesicular, as seguintes medidas
deverão ser aplicadas:
1) restrições da movimentação dos animais, meios de transporte, objetos, materiais e pessoas,
de modo a prevenir a disseminação do vírus;

2) proibição da saída de todos os animais, que deverão permanecer nas suas respectivas baias,
com acesso a alimentação e água;

3) colheita de amostras para testes laboratoriais;

4) permissão da saída de pessoas e meios de transporte do estabelecimento somente após


medidas de biossegurança e autorização do SVO;

5) suspensão da emissão de GTA das propriedades de origem dos animais considerados casos
prováveis de doença vesicular, e propriedades com vínculo epidemiológico; e

6) investigação epidemiológica para identificação da fonte de infecção.

Identificação de casos prováveis de doença vesicular durante o trânsito de animais

Devido a dificuldade de fazer um inspeção clinica adequada é bastante incomum conseguir


detectar um caso provável de doença vesicular durante a fiscalização de animais em trânsito,
tanto em fiscalizações volantes como em postos fixos. Lista-se abaixo, os procedimentos
recomendados caso durante essa atividade, considerada uma ação de gestão sanitária visando
mitigar o trânsito irregular de animais e seus produtos, se detecte casos prováveis de doença
vesicular:

1) Caso a identificação de animais com sinais clínicos compatíveis com doença vesicular tenha
ocorrido em postos de fiscalização localizados nas divisas interestaduais, impedir o ingresso no
estado, reter o veículo com os animais e notificar imediatamente a unidade central do SVE.
Esta deverá notificar imediatamente a SFA para acionar os estados envolvidos, principalmente
o de origem dos animais, buscando a realização de uma ação conjunta;

2) A propriedade de origem dos animais deve ser inspecionada e interditada, e as propriedades


com possibilidade de vínculo epidemiológico devem ter a movimentação de animais suspensa
e serem inspecionadas. Recomenda-se que as propriedades localizadas no trajeto dos animais
sejam classificadas como vínculos e, portanto, seja realizada a vigilância preconizada neste tipo
de propriedade, principalmente no caso de transporte de gado a pé ou naquelas que houve
parada para descanso dos animais;

3) Devem ser colhidas amostras dos animais suspeitos para exame laboratorial, realizados seus
registros e todos procedimentos de biossegurança preconizados para uma investigação de caso
provável de doença vesicular;

4) Questões relacionadas ao local para realizar a colheita e para manter os animais até o
processamento das amostras e o resultado final da investigação devem ser analisadas,
considerando os seguintes pontos:

5) Avaliar a possibilidade de identificar um local próximo para sequestro temporário dos


animais. Esse local não deve conter outros animais suscetíveis. A escolha deve considerar os
riscos envolvidos e buscar uma solução que comprometa a menor área possível e facilite as
ações de eliminação dos animais, caso seja confirmada a ocorrência de febre aftosa;

6) Caso na propriedade de origem dos animais também tenha sido constatada a presença de
animais doentes e caso a distância entre a propriedade e o local de interrupção do trânsito não
seja muito grande e não coloque em risco outras propriedades, pode-se avaliar a possibilidade
de retorno dos animais à origem;

7) No caso de transporte do gado a pé, os animais deverão ser embarcados em veículos


apropriados para envio ao local identificado para sequestro, considerando as medidas de
biossegurança;

8) Em qualquer hipótese, o transporte dos animais deve ser realizado em veículos escoltados
pelo serviço de defesa sanitária animal, com apoio policial. Os veículos transportadores
deverão ser submetidos a limpeza e desinfecção logo após o desembarque dos animais;

4.2 Finalização da investigação

Após cumpridas todas as etapas da investigação na unidade epidemiológica com casos


prováveis de doença vesicular e nos seus vínculos, apoiado no resultado laboratorial, o SVO
poderá finalizar a investigação com um caso descartado de febre aftosa, solicitar novos testes
laboratoriais ou, no caso de confirmação de um caso de febre aftosa entrar na fase de
emergência.

O resultado laboratorial é um importante componente na investigação. A partir dele pode-se


ter as seguintes situações:

Material impróprio para diagnóstico: em função de quantidade insuficiente ou de problemas


de conservação. Essa situação deve ser evitada, mas caso ocorra devem ser tomadas
providências imediatas para nova visita à propriedade e colheita de material (com registro e
preenchimento dos formulários de investigação complementar e laboratorial). Aproveitar para
atualizar as informações em relação a casos novos . A propriedade e as relacionadas com a
investigação deverão permanecer interditadas.

Diagnóstico negativo de febre aftosa: a desinterdição da propriedade com investigação de caso


provável de doença vesicular se dará no momento em que o SVO for notificado dos resultados
laboratoriais negativos, em complemento a avaliação clínica-epidemiológica dos animais.
Especificamente para suínos, quando houver apenas diagnóstico sorológico, a desinterdição se
dará após resultado negativo e avaliação clínica-epidemiológica dos suínos na granja afetada.
Em todos os casos, o fim da investigação e o diagnóstico final deverá preceder o
preenchimento do formulário de investigação complementar de encerramento, com registro
dos dados e upload do formulário no e-SISBRAVET. Ressalta-se que caberá ao MVO, mediante
todas as informações epidemiológicas, clínicas e laboratoriais, definir pelo encerramento ou
não da investigação, podendo, dependendo das características analisadas na investigação,
manter a interdição da propriedade, mesmo com resultados laboratoriais negativos, podendo
realizar novas colheitas e submeter novas amostras ao laboratório.

Diagnóstico positivo para febre aftosa: Atendendo aos critérios definidos para caso de febre
aftosa, caberá ao Mapa decretar EMERGÊNCIA ZOOSSANITÁRIA.

Neste caso, as orientações e os procedimentos estão descritos no do Plano de contingência


para a febre aftosa.
PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA FEBRE AFTOSA
PARTE 1
Definição de estratégias e declaração do estado de emergência
zoossanitária
1. Pontos a considerar para definição da estratégia inicial na emergência para febre aftosa

a) identificação e intervenção nos focos, visando, entre outras atividades, conter e eliminar
fontes de infecção e levantar informações para apoiar a identificação da origem do agente viral;

b) análise da movimentação animal e investigação epidemiológica com inspeção em


propriedades rurais, destacando-se aquelas com vínculo epidemiológico (por exemplo,
ingresso/egresso de animais ou proximidade geográfica). Deve-se buscar a identificação da
provável origem do agente viral e avaliar a existência de focos secundários, assim como
determinar a extensão e contiguidade das áreas afetadas;

c) delimitação de espaço geográfico inicial para interdição e intervenção, com proibição de


movimentação de animais e produtos de risco; e

d) organização e mobilização do aparato técnico e estrutural a ser utilizado na gestão das


atividades de contenção e saneamento da ocorrência zoossanitária.

1.1. Prazos para restituição da condição zoossanitária internacional

1. Para restituição da condição de país ou zona livre de febre aftosa sem vacinação:

a. três meses depois da eliminação do último animal sacrificado, quando se recorre ao


sacrifício sanitário, sem vacinação de emergência; ou

b. três meses depois da eliminação do último animal sacrificado ou do sacrifício de todos os


animais vacinados (dos dois, o mais recente), quando se recorre ao sacrifício sanitário e à
vacinação de emergência; ou

c. seis meses depois da eliminação do último animal sacrificado ou da última vacinação (dos
dois, o mais recente), quando se recorre ao sacrifício sanitário e à vacinação de emergência
sem o sacrifício de todos os animais vacinados. Entretanto, isto requer estudo sorológico para
detecção de anticorpos contra proteínas não-estruturais (PNE) do vírus da febre aftosa para
demonstrar que não há indícios de infecção no restante da população vacinada.

• Caso não se recorra ao sacrifício sanitário, os períodos acima não se aplicam, sendo válido o
período de 12 meses após último caso e sem vacinação.

Quando se registra um caso de febre aftosa em um país ou zona livre da doença sem vacinação,
onde o sacrifício sanitário e uma política de vacinação continuada tenham sido adotados, o
seguinte período de espera é requerido para restituição da condição de país ou zona livre com
vacinação: seis meses após a eliminação do último animal sacrificado, e de que estudo
sorológico para detecção de anticorpos contra PNE do vírus da febre aftosa demonstre que não
há indícios de transmissão viral.
• Caso não se recorra ao sacrifício sanitário, os períodos acima não se aplicam, sendo válido o
tempo de 24 meses após o último caso.

2. Para restituição da condição de país ou zona livre de febre aftosa com vacinação:

a. seis meses após eliminação do último animal sacrificado, quando se recorre ao sacrifício
sanitário e à vacinação de emergência, sempre e quando os resultados da vigilância sorológica
para detecção de anticorpos contra PNE do vírus da febre aftosa demonstrem ausência de
indícios de transmissão viral; ou

b. doze meses após detecção do último caso, quando não se recorre ao sacrifício sanitário, mas
sim à vacinação de emergência, e se exerce a vigilância, sempre e quando os resultados da
vigilância sorológica para detecção de anticorpos contra PNE do vírus da febre aftosa
demonstrem ausência de indícios de transmissão viral.

• Caso não se recorra à vacinação de emergência, os períodos de espera acima não serão
aplicados, sendo válido o período de 24 meses após o último caso.

Para viabilizar os prazos mais reduzidos, o sacrifício sanitário representa a estratégia principal
para utilização no início da intervenção zoossanitária, complementada por posterior vigilância
para avaliação de indícios de infecção ou de transmissão viral.

• Sacrifício: designa todo o procedimento que provoca a morte de um animal por sangria.

• Sacrifício sanitário: representa a estratégia para eliminar um foco e realizada sob controle da
autoridade veterinária, consistindo na execução das seguintes atividades:

a) matança dos animais doentes ou suspeitos de terem estado doentes no rebanho e, quando
necessário, em outros rebanhos que tenham estado expostos à infecção por contato direto
com estes animais ou indireto com o agente patógeno causal;

b) destinação dos animais mortos ou dos produtos de origem animal, segundo o caso, por
transformação, incineração ou enterrio; e

c) limpeza e desinfecção das explorações por meio dos procedimentos definidos.

Como se observa, o termo sacrifício, por envolver sangria, remete ao abate dos animais em
matadouros, uma vez que não se recomenda este procedimento para eliminação dos animais
nos estabelecimentos rurais, devido a questões operacionais e de biossegurança.

Vacinação de emergência: programa de vacinação aplicado como resposta imediata a um foco


ou ao aumento de risco de introdução ou surgimento de uma doença. O uso da vacinação de
emergência também se apresenta como elemento crítico na seleção dos prazos de restituição
da condição zoossanitária definidos pela OMSA. Seu uso é facultativo para a condição
zoossanitária de livre sem vacinação. A utilização desse procedimento possibilita que o status
retorne à condição de livre sem vacinação desde que seja demonstrada ausência de indícios de
infecção de animais vacinados remanescentes.
Vacinação sistemática: programa de vacinação de rotina em curso. A utilização desse
procedimento prevê posteriormente a mudança de status para livre com vacinação.

A não utilização das estratégias de sacrifício sanitário e vacinação de emergência faz com que a
restituição da condição de livre de febre aftosa seja mais demorada ou, até mesmo, represente
novo processo de reconhecimento a ser encaminhado e avaliado pela OMSA.
1.2. Vacinação de emergência

A vacinação de emergência representa importante instrumento técnico para conter a


disseminação de doenças de curso agudo e de alta transmissibilidade como a febre aftosa,
especialmente em áreas livres sem vacinação. A decisão pelo seu uso, entretanto, requer
avaliação criteriosa das questões operacionais envolvidas e de suas consequências econômicas.

Em país ou zona livre de febre aftosa com vacinação, há obrigação de uso da vacinação
emergencial. Na experiência brasileira, o que se faz de concreto é que em situações de foco em
áreas livres com vacinação é antecipar o calendário de vacinação.

A vacinação de emergência pode ser denominada como de proteção ou ser do tipo supressiva.
O termo “vacinação de proteção” é usado em rebanhos que estão próximos a um surto ou
foco, mas que ainda não foram expostos ao vírus, e está relacionado com o objetivo de
“vacinação-para-vida”, ou seja, os animais vacinados, a princípio, não necessitariam ser
destinados ao sacrifício sanitário. Uma vez vacinados, os animais representam uma barreira
imunológica para a propagação da doença. Entretanto, deverão ser submetidos a testes para
avaliação de transmissão viral, ou enviados ao sacrifício, dependendo da estratégia escolhida
para restituição da condição zoossanitária.

O termo “vacinação supressiva”, por sua vez, é usado para a vacinação em focos ou em
rebanhos com alto risco de exposição à infecção, com objetivo de reduzir a manifestação
potencial do vírus, reconhecendo-se, entretanto, que alguns animais possam estar incubando a
doença. Espera-se, vacinando todos os animais expostos, que aqueles ainda não infectados
tenham oportunidade de proteção parcial contra a manifestação clínica. Entretanto, aceita-se,
com isso, que a infecção possa estar presente e quando o tempo e os recursos permitirem os
animais deverão ser sacrificados (“vacinação-para-morte”). Com respeito ao uso da vacinação
em focos, devem ser avaliados os seguintes pontos:

• a presença de animais em fase de incubação da doença pode levar a um descrédito quanto


ao uso da vacina, uma vez que, mesmo após a vacinação, muitos animais poderão manifestar a
doença;

• no caso de uso da estratégia de sacrifício sanitário, o emprego da vacina pode representar


custos desnecessários;

• a movimentação dos animais para vacinação pode agravar a disseminação da doença; e

• pode aumentar a resistência quanto ao sacrifício dos animais por parte de seus proprietários
e da comunidade em geral (“o animal está vacinado e protegido, por que deve ser eliminado?”)

2. Confirmação de foco de febre aftosa e ações iniciais


A declaração do estado de emergência zoossanitária representa o reconhecimento de uma
condição zoossanitária especial e a definição de uma prioridade de ação governamental,
justificando a necessidade de utilização de recursos financeiros públicos de forma rápida e o
envolvimento e a participação de outras instituições e órgãos governamentais como defesa
civil, polícia militar, forças armadas, entre outras.
Nota técnica para respaldar as notificações nacionais e internacionais contendo breve relato
dos acontecimentos, além da localização geográfica da propriedade índice com descrição de
suas características agroprodutivas;

Notificar a OIE, Comitê Veterinário Permanente do Cone Sul – CVP, o PANAFTOSA, os países
parceiros comerciais e todos os países da América do Sul

Orientações sobre atividades técnicas envolvidas na


contenção de focos de febre aftosa
Questões gerais

Os princípios básicos usados para a erradicação de uma doença exótica são:

• impedir contato entre os animais susceptíveis e o agente infeccioso (interdição


e controle do trânsito);

• interromper a eliminação de vírus pelos animais infectados (destruição); e

• reduzir o número de susceptíveis na área (vacinação de emergência e sacrifício


preventivo).

A aplicação prática destes princípios básicos para o controle e erradicação da febre aftosa
implica em:

• eliminar as fontes de infecção pela destruição dos animais doentes e seus


contatos diretos e indiretos dentro dos focos, com destinação das carcaças por
enterramento ou incineração (sacrifício sanitário);

• interromper a disseminação da infecção por meio da proibição da movimentação


animal dos rebanhos e restrição da movimentação de veículos e pessoas dentro
da área de emergência zoossanitária. Esta medida deve ser continuamente revista
para adequar-se às diferentes áreas de risco epidemiológico, à medida que novas
informações são incorporadas;

• eliminar o vírus pela descontaminação de instalações, veículos, equipamentos e materiais ou


pela eliminação do material contaminado;

• adotar medidas envolvendo sacrifício preventivo de animais sabidamente expostos antes que
possam manifestar sinais clínicos da doença, caso necessário;

• investigar toda movimentação de animais susceptíveis, objetos e veículos para dentro e para
fora das propriedades com rebanhos infectados (focos) ocorrida

desde, pelo menos, 30 dias antes do provável início do evento sanitário;

• investigar todos os rebanhos suspeitos realizando avaliação clínica, virológica ou sorológica; e

• melhorar a imunidade dos rebanhos com vacinação de emergência, caso necessário.

Como a febre aftosa é uma doença altamente contagiosa, a disseminação só pode ser
interrompida pela rápida destruição dos animais doentes e pela suspensão da movimentação
na área de emergência. A estratégia de destruição deve priorizar os rebanhos clinicamente
afetados dentro dos focos para suprimir a multiplicação do vírus e, em seguida, passar para os
rebanhos sabidamente expostos ou com evidências claras de vínculo epidemiológico.

O sacrifício preventivo pode ser realizado em rebanhos da área de emergência que tiverem
sido sabidamente expostos por contato direto ou indireto e, quando houver algum tipo de
aproveitamento das carcaças.

A investigação epidemiológica deve rastrear todas as propriedades vinculadas ao foco por


contato direto ou indireto desde, pelo menos, 30 dias antes do provável início do evento
sanitário. A investigação epidemiológica com suas ramificações deve ser realizada
imediatamente para se delimitar detalhadamente a área de emergência zoossanitária, na qual
deve-se estabelecer quarentena em todas as propriedades com animais susceptíveis. Como
estratégia inicial, a área de emergência pode ser definida pela área total dos municípios
atingidos pelo raio de 25 km traçado a partir do foco índice, adequada à realidade geográfica e
agroprodutiva encontrada.

O uso da vacinação de emergência depende de uma avaliação cuidadosa que deve levar em
consideração a condição imunitária prévia dos rebanhos na área. Os animais vacinados durante
a campanha de emergência devem ser identificados para posterior controle de movimentação
ou sacrifício conforme a definição estratégica adotada.

A chave para decidir sobre o uso da vacinação de emergência depende da capacidade de


estimar a taxa de dispersão da doença e a taxa de contato entre os animais susceptíveis. A
vacinação supressiva é realizada na área considerada infectada ou de alto risco enquanto a
vacinação preventiva deve ser realizada no restante ou em parte da área de emergência.

Deve-se estabelecer uma estratégia de descontaminação devido a possível persistência do


vírus no ambiente. Locais onde houve confirmação de ocorrência de febre aftosa, assim como
veículos e equipamentos, devem ser cuidadosamente limpos e desinfetados. Matéria orgânica
impede a ação dos desinfetantes, por isso a limpeza antes da desinfecção é necessária. Caso
não haja possibilidade de uma desinfecção efetiva e rápida, material contaminado,
equipamentos e instalações devem ser destruídos. Secreções e excreções dos animais devem
ser enterradas, incineradas ou submetidas à compostagem.

Dentro da área de emergência zoossanitária, devem ser definidas áreas de risco diferenciado e
estabelecidas estratégias de vigilância específicas, considerando a implantação de postos fixos,
a distribuição das equipes volantes e de equipes de vigilância. A área de emergência deve
evoluir com objetivo de atender o conceito de zona de contenção apresentado pela OIE.

A estratégia de vigilância e a tomada de decisão quanto às ações de erradicação devem


considerar:

• a natureza da atividade pecuária dos estabelecimentos afetados;

• espécies envolvidas e respectivas densidades;

• número de contatos dos rebanhos inicialmente infectados;

• estimativa da extensão geográfica e da duração da epizootia;

• sistemas de produção agropecuária predominantes na área de emergência;

• existência de barreiras físicas naturais;


• recursos físicos e humanos disponíveis para as atividades de vigilância e erradicação;

• opinião pública e valores sociais, incluindo questões relacionadas ao bem-estar animal;

• fatores econômicos (custo-benefício pela perda de mercado externo versus custo de


erradicação);

• características específicas do subtipo do vírus relacionado com a epizootia;

• condição imunitária prévia dos rebanhos na área; e

• capacidade Laboratorial para realização de testes aceitos internacionalmente.

A Coordenação de Planejamento deve apoiar o planejamento das atividades tático-


operacionais diárias das equipes de vigilância a campo, zelando pela biossegurança dos
rebanhos e entre as diferentes áreas de risco zoossanitário. Ao final de cada dia de trabalho, as
informações deverão ser avaliadas, o cenário epidemiológico redefinido, com o
estabelecimento das prioridades de vigilância para o dia seguinte. Ao início de cada dia, as
equipes de vigilância deverão receber as orientações e relação de rebanhos para inspeção.

O Setor de Controle e Avaliação da informação é responsável pela consolidação, isto é, pelo


exame cuidadoso dos dados e informações em busca de incongruências, garantindo a digitação
e a consistência dos dados e das informações produzidas pelas equipes de campo, auxiliando a
equipe de análise epidemiológica.

O trabalho conjunto dos Setores de Análise e Informe Epidemiológico e de Vigilância


Veterinária deve buscar a identificação do foco primário, a provável origem e os mecanismos
de introdução do vírus na área de emergência zoossanitária.

A Coordenação de Planejamento deve manter avaliação contínua do risco de dispersão da


febre aftosa, de forma a apoiar a identificação e o rastreamento urgente dos casos e seus
contatos diretos e indiretos. Todas as atividades desta Coordenação devem ser registradas pelo
Setor de Análise e Informe Epidemiológico de forma a garantir elaboração periódica de boletins
atualizados sobre as operações implementadas e sobre a situação epidemiológica na área de
emergência zoossanitária, incluindo a elaboração de mapas, gráficos, tabelas etc.

É importante ressaltar que deve ser buscada a maior colaboração dos produtores e
profissionais envolvidos nos focos, evitando sua exposição desnecessária.

Definição e gestão da área de emergência zoossanitária


Do ponto de vista epidemiológico, considerando a característica de dispersão centrífuga das
doenças transmissíveis de curso agudo, com grande poder de difusão, como o caso da febre
aftosa, a área de emergência, considerando uma abordagem clássica, pode ser subdividida em
focos e em áreas de risco epidemiológico, conforme Figura 05, classificadas como perifocal, de
vigilância e de proteção, sendo:

a) área perifocal: área imediatamente circunvizinha ao foco de febre aftosa, compreendendo,


pelo menos, as propriedades rurais adjacentes ao mesmo. Como apoio à sua delimitação, pode
ser empregado um raio de três quilômetros traçado a partir dos limites geográficos do foco
confirmado;
b) área de vigilância: área imediatamente circunvizinha à área perifocal. Como apoio à sua
delimitação, podem ser consideradas as propriedades rurais localizadas até sete quilômetros
dos limites da área perifocal; e

c) área de proteção: área imediatamente circunvizinha à área de vigilância, representando os


limites da área de proteção sanitária. Como apoio à sua delimitação, podem ser consideradas
as propriedades rurais localizadas até quinze quilômetros dos limites da área de vigilância.

Entretanto, dependendo das características geográficas e agroprodutivas da área envolvida,


bem como da dispersão da doença, essa divisão pode não ser adequada e outras alternativas
devem ser adotadas.

O estabelecimento de áreas de risco epidemiológico diferenciado dentro da área de


emergência, constitui-se em um componente operacional de importância, uma vez que
permite a execução de estratégias de controle específicas e diferenciadas segundo o risco
envolvido. A definição dessas áreas de risco está fundamentada em um princípio básico:
quanto mais próximo de um foco, maiores os riscos de infecção e contaminação e,
consequentemente, as ações de vigilância e erradicação devem ser intensificadas, com adoção
de atividades de controle e fiscalização mais restritivas

Saneamento dos focos


Esse é um ponto crítico de todo o trabalho de erradicação. Envolve um conjunto de atividades
complementares e sequenciais e que, portanto, devem ser realizadas de forma programada e
independente em cada foco identificado: avaliação; eutanásia de animais; destruição de
carcaças, objetos e construções; limpeza e desinfecção de instalações e equipamentos; vazio
sanitário; introdução de animais sentinelas e repovoamento. Também devem ser incluídas
atividades de investigação epidemiológica, considerando avaliação clínica e sorológica, para
melhor conhecimento sobre a dispersão do agente viral, fornecendo parâmetros para
trabalhos futuros de intervenção e investigação de infecção/transmissão viral.
Avaliação

Tem como objetivo estabelecer os valores dos animais e demais bens destruídos como
consequência das ações de emergência zoossanitária, para embasamento do processo legal de
indenização do produtor.

Deve-se destacar a importância do processo de indenização para aumentar a confiança da


comunidade e incentivar a notificação de suspeitas, facilitando as investigações
epidemiológicas e a contenção da doença.

As atividades de sacrifício dos animais e destruição de bens somente podem ser executadas
após avaliação pela Comissão.

Sacrifício sanitário (eutanásia)

Esta atividade deve ser coordenada por médico veterinário do serviço oficial.

No caso da matança dos animais envolver o uso de armas de fogo, deve contar com apoio de
profissionais capacitados, com destaque para os órgãos públicos de segurança ou defesa.
Tendo em vista a natureza impactante das atividades a serem realizadas, a equipe deve ser
formada por pessoal com destreza e preparo psicológico adequado. Por razões de segurança,
somente poderão acompanhar ou estar presentes no local de matança pessoas autorizadas
pelo médico veterinário responsável pelos trabalhos, cuja presença seja imprescindível.

O sacrifício sanitário dos animais em cada estabelecimento rural somente poderá ser iniciado
após finalizada a avaliação dos mesmos pela Comissão de Avaliação. Sua realização também
deve ser precedida da definição da forma e local de destino e de destruição dos animais
abatidos, contando com toda a estrutura necessária para deslocamento das carcaças. No caso
de enterro, as valas sanitárias deverão estar devidamente disponíveis, e, no caso de
incineração, o local deve estar devidamente preparado e o material a ser utilizado como
combustível, à disposição. A definição do local de destino dos animais deve contar com parecer
de profissional dos órgãos de meio ambiente.

O trabalho também deve ser coordenado com as atividades de investigação epidemiológica,


que envolvem a inspeção clínica e colheita de amostras de soro sanguíneo. Esse trabalho
permitirá conhecer com maior precisão a incidência clínica e de soropositivos nos rebanhos
afetados. Especialmente para os animais doentes, prever a colheita de quantidade expressiva
de soro sanguíneo para composição de banco de amostras de animais soropositivos, para
emprego pelos laboratórios de referência na elaboração de soros controle e realização de
estudos de sensibilidade e especificidade dos testes laboratoriais.

A escolha do método de eutanásia deve considerar as referências apresentadas anteriormente


e, sempre que possível, deve ocorrer na seguinte ordem:
• animais com sinais clínicos de febre aftosa (primeiramente os suínos, seguidos dos bovinos e
pequenos ruminantes, considerando o potencial de excreção viral dessas espécies);

• animais que tiveram contato direto com animais clinicamente afetados; e

• demais animais.

A eutanásia deve ocorrer em local o mais próximo possível de onde se encontram os animais e,
ao mesmo tempo, o mais próximo possível de onde as carcaças serão destruídas, considerando
as condições geográficas e fundiárias da área, o esforço para movimentação dos animais ou das
carcaças e os riscos de disseminação da doença, sempre contando com parecer e, quando
disponível, acompanhamento dos órgãos de meio ambiente. Quando, na área de emergência
zoossanitária, houver disponibilidade de abatedouros, uma opção a ser considerada é o envio
dos animais para sacrifício, sob acompanhamento do SVO.

Destruição das carcaças e materiais de risco para febre aftosa

As principais opções para destino das carcaças dos animais abatidos por febre aftosa são o
enterro ou a cremação, ou uma associação entre as duas.

Como destacado, o local para enterro ou cremação deverá ser escolhido com a participação de
profissionais indicados pelos órgãos de meio ambiente.

A vala sanitária é o lugar onde se realiza o enterro das carcaças, podendo ser também o local
onde se realiza a eutanásia dos animais. De forma geral, é composta de duas partes: a rampa
de acesso e a vala sanitária propriamente dita.

A rampa de acesso é uma inclinação de aproximadamente 10m de comprimento, que permite


o ingresso da pá mecânica e dos animais. A vala sanitária é o lugar mais profundo, destinado à
eliminação (eutanásia) e posterior enterro sanitário.

O local mais adequado para a destinação das carcaças dos animais sacrificados é dentro do
próprio estabelecimento de localização dos animais, no setor onde se alojam os animais
enfermos e contatos. Entretanto, é necessário que o lugar reúna determinadas condições:

• distância de centros povoados (segurança e discrição);

• retirado das instalações permanentes do estabelecimento (casas, currais, galpões, banheiros,


mangueiras etc.);

• de fácil acesso para veículos e maquinaria pesada;

• terreno sem maiores dificuldades para escavação;

• águas subterrâneas a uma profundidade superior aos 8 metros;

• distância de cursos de água superficiais (rios, lagoas, córregos etc.);

• subsolos sem aquedutos, gasodutos e oleodutos; e

• dispor de uma superfície proporcional ao número de animais comprometidos na emergência.

No interior da vala, funcionários indicados pelo SVO deverão realizar a evisceração, e


perfuração do rúmen de ruminantes, bem como a abertura da cavidade torácica no espaço
intercostal, com a finalidade de evitar a formação de gases que provoquem o
estufamento/aumento de volume da vala sanitária após o enterro das carcaças. Não deverão
ser utilizados cal e outros produtos químicos que possam retardar o processo natural de
decomposição que favorece a inativação do agente viral.

Com a finalidade de obter um melhor aproveitamento do espaço físico da vala, após a abertura
das cavidades dos animais sacrificados (no caso dos ruminantes se inclui o rúmen), com a pá
mecânica acomodam-se os restos dos mesmos.

A vala também deve ser utilizada para destinação de materiais e restos orgânicos oriundos da
limpeza dos estabelecimentos de contenção dos animais (currais, piquetes etc.).

Uma vez terminada a eliminação da totalidade dos animais e materiais de risco para a febre
aftosa, se completa o enterramento, evitando a excessiva compactação já que a mesma
favorece a formação de gretas ou rachaduras por onde possam emergir gases produto da
decomposição orgânica. O centro da vala deve ter altura de pelo menos 0,50 m superior que a
borda, facilitando o escoamento de água e evitando formação de poças. Depois de cobertas as
valas, é recomendável cercar a área com redes ou telas de arame, adentrando, no mínimo, 30
cm no solo, a fim de evitar que pequenos animais se aproximem e comecem a escavar o lugar.

No caso de se optar pela cremação, o local deve ser escolhido cuidadosamente, levando em
consideração os ventos dominantes, a proximidade de outras instalações e cultivos e o
isolamento, a fim de evitar presença de curiosos. Deve-se fazer o possível para que os odores
que se desprendem molestem o mínimo possível os vizinhos e a comunidade em geral.

A vala para cremação deve ter em torno de 1,0m de profundidade e 3,0m de largura. O
comprimento dependerá do número de animais. Tem que estar completamente seguro de que
todos os cadáveres, colocados lado a lado, caibam na vala para serem queimados de uma vez.
É conveniente fazer a cada 2,0m, um canal interruptor transversal, de 0,70m de largura, que
comece no nível do solo e desça até chegar à mesma profundidade da vala principal. Coloca-se
uma cama de lenha ou madeira grossa, transversal à vala, que deve ser preenchida com palha,
lenha fina ou carvão, empapados em querosene ou óleo diesel. Pneus velhos ajudam na
combustão e convém ter de reserva para ir estimulando o fogo.

Os cadáveres dos animais são alinhados acima da cama, alternando cabeça e patas. Procurar
manter os canais interruptores abertos, a fim de utilizá-los para carregar lenha ou carvão e
assim manter um bom fogo. Estima-se que cerca de 6 toneladas de carvão, 1/2 tonelada de
lenha, 75 litros de diesel e 45 kg de palha ou lenha miúda são necessários para queimar 50
cadáveres de bovinos. Pode se calcular, para estes fins, que cinco ovelhas ou cinco suínos
equivalem a um bovino.

Os suínos queimam muito melhor pela gordura corporal e não necessitam de tanto material
combustível. Logicamente, todas estas estimativas variam segundo as condições do local. Após
o término da cremação, a vala deve ser coberta com terra, mantendo-se as mesmas
recomendações para o uso de valas para enterro.

Recomenda-se verificar, com, pelo menos, uma periodicidade semanal, o estado da vala
sanitária até transcorrido um período razoável desde a eutanásia ou cremação dos animais.
Medidas devem ser tomadas no caso de se encontrar anormalidades como rompimento das
cercas de proteção, presença de fissuras ou presença de roedores e cachorros, entre outros
problemas. Devem ser colhidas as coordenadas geográficas dos locais das valas sanitárias ou de
cremação.

Após o trabalho, devem ser cumpridas estritamente as normas de higiene e desinfecção de


veículos, materiais e pessoal.

Limpeza e desinfecção

O trabalho é iniciado após a eutanásia e enterramento ou cremação dos animais, incluindo a


vedação das valas de sacrifício, a desinfecção dos currais e comedores, a queima do feno e
outros materiais contaminados e a desinfecção de piquetes contaminados.

O procedimento de desinfecção depende, em cada caso, de uma variedade de circunstâncias


como a estrutura dos estabelecimentos ou currais, os lugares aos quais tiveram acesso os
animais doentes, a quantidade de estrume, a natureza dos produtos que se consideram
contaminados, entre outros.

O fator de maior importância para assegurar a inativação de um agente causal em uma


propriedade infectada, consiste na realização de uma desinfecção preliminar, seguida de
limpeza e lavagem completa e posterior desinfecção definitiva.

Deve-se levar em conta que praticamente todas as substâncias utilizadas nas desinfecções são
tóxicas, em maior ou menor grau. Dessa forma, devem ser tomadas as medidas adequadas
para proteger a saúde, como o uso de equipamentos de proteção individual adequados à
tarefa, incluindo máscaras que evitem a inalação dos produtos químicos.

Destaque especial deve ser dado a todo equipamento e maquinário utilizado nos trabalhos de
abertura das valas e de sacrifício dos animais. A limpeza e desinfecção deve ser desenvolvida
minuciosamente por se tratar de objetos que estiveram em contato direto com animais
enfermos e podem veicular o vírus de forma mecânica.

Portanto, prévio ao abandono do lugar onde se efetuou a eutanásia e o enterro, os veículos e


maquinarias utilizadas devem ser convenientemente higienizadas e desinfetadas.

No caso das indumentárias, quando descartáveis devem ser incineradas in loco, com os restos
enterrados nas valas sanitárias. As vestimentas não descartáveis devem ser adequadamente
ensacadas para seu traslado até o lugar de lavagem, desinfecção e esterilização.

Atividades de encerramento do foco

O trabalho deve ser realizado sob responsabilidade de médico veterinário do serviço oficial e
inclui as fases de vazio sanitário; introdução de animais sentinelas; e repovoamento da área
saneada.

O vazio sanitário tem início após a conclusão das atividades de limpeza e desinfecção de
instalações e equipamentos. Sua duração deve ser de, pelo menos, 30 dias.

Nesse período, a propriedade deve ser objeto de uma vigilância especial para garantir a
ausência de animais susceptíveis à febre aftosa. É importante que todos os limites da
propriedade sejam percorridos, para avaliação das condições da cerca. Quaisquer
irregularidades devem ser corrigidas, de forma a evitar o ingresso de animais das propriedades
vizinhas na área em saneamento.

Após o término do período de vazio sanitário podem ser introduzidos animais sentinelas na
área em saneamento.

Como sentinelas, podem ser utilizados bovinos jovens ou suínos com menos de 45 kg, assim
como ovinos ou caprinos, livres de anticorpos contra a febre aftosa. É importante que as
espécies sentinelas sejam espécies afetadas pela cepa viral de ocorrência. Deve-se dar
preferência à espécie bovina, por ser mais susceptível.

Os animais deverão proceder de propriedades livres da doença e, antes do ingresso na área em


saneamento, deverão ser avaliados quanto à presença de anticorpos estruturais e não-
estruturais para febre aftosa, participando apenas animais soronegativos e sem qualquer
indício de doença vesicular. Antes do ingresso à propriedade, os animais sentinelas deverão ser
desparasitados, com produtos que não estimulem o sistema imunocompetente. De
preferência, deverão ser submetidos a premunição contra os hemoparasitas presentes no País,
evitando possível interferência no procedimento operativo.

Além das características sanitárias dos animais sentinelas, outras questões importantes devem
ser consideradas: origem dos animais; responsáveis pelos custos de aquisição e tratamento dos
animais; responsáveis pelo transporte dos animais; e destino dos animais após o encerramento
da atividade. A tomada de decisão pelo uso dos animais sentinelas deve ser logo do início dos
trabalhos de saneamento, de forma que haja tempo hábil para seleção e preparação dos
mesmos.

A quantidade de animais sentinelas dependerá do tamanho, manejo, topografia e número de


animais que normalmente são criados na propriedade (sugestão: 5% da população habitual da
propriedade, recomendando-se, pelo menos, cinco animais).

Todos os animais deverão ser identificados com duplo brinco ou chip eletrônico.

Deverão permanecer na propriedade por pelo menos dois períodos de incubação da febre
aftosa (≈ 30 dias), sendo inspecionados diariamente, com colheitas de amostras de soro
sanguíneo aos 15 e 30 dias da introdução. Os animais deverão ter livre acesso às áreas
expostas à contaminação pelo vírus da febre aftosa.

Quando ocorrer comprovação de febre aftosa nos animais sentinelas, o caso deverá ser
devidamente notificado e todos os animais deverão ser eliminados, reiniciando o processo de
saneamento do foco.

Ao final do trabalho, caso os resultados laboratoriais e de inspeção clínica não indiquem a


presença do vírus da febre aftosa, os animais sentinelas poderão formar parte da população da
propriedade ou proceder ao abate com inspeção oficial e com destino ao consumo doméstico,
conforme a definição acordada no início dos trabalhos. Nestas condições, poderá ser permitido
o repovoamento pecuário da propriedade, com 20% de sua população original. Estes animais
serão controlados durante 60 dias, com inspeções semanais, e ao término do período, o
proprietário estará liberado para o repovoamento total.

Controle do trânsito de animais e produtos de risco


O trabalho envolve o gerenciamento de postos fixos e equipes volantes de fiscalização, com
objetivo de controlar o trânsito de animais, produtos e subprodutos de risco, incluindo a
movimentação de pessoas e veículos que possam carrear o agente viral, buscando, dessa
forma, evitar a disseminação do vírus da febre aftosa para outras áreas sem ocorrência da
doença.

Atividades de vigilância

Ação de fundamental importância nas atividades de emergência zoossanitária, tendo em vista


que o objetivo básico de todo o trabalho é identificar e eliminar potenciais fontes de infecção.
Nestas atividades participa um grande número de profissionais que devem realizar a vigilância
e inspeção em todos os estabelecimentos rurais que possam abrigar animais susceptíveis à
febre aftosa localizados na área de emergência. O esforço realizado é o principal indicador da
qualidade dos trabalhos executados.

MANUAL DE VACINAÇÃO CONTRA FEBRE AFTOSA


INTRODUÇÃO
No que se refere à vacinação, é de responsabilidade dos proprietários dos animais a aquisição e
a aplicação da vacina contra a febre aftosa (FA), cabendo ao SVO supervisionar a qualidade da
vacina produzida, bem como fiscalizar, controlar e orientar as atividades de comercialização e
de utilização do produto.

A execução e o controle das campanhas de vacinação, no âmbito das Unidades Federativas


(UFs) que atualmente praticam a vacinação, são de responsabilidade dos SVEs, de acordo com
normas e procedimentos do MAPA.

No ano de 2021, como parte do cumprimento das metas do Plano Estratégico 2017-2026 do
PNEFA (PE-PNEFA), o Brasil ampliou suas zonas livres de febre aftosa sem vacinação. Além do
estado de Santa Catarina, o Bloco I (composto pelos estados do Acre e Rondônia, parte do
Amazonas e parte do Mato Grosso1), e os estados de Rio Grande do Sul e Paraná também
alcançaram o reconhecimento internacional concedido pela Organização Mundial de Saúde
Animal (OMSA).

EVOLUÇÃO DA VACINAÇÃO CONTRA FEBRE AFTOSA NO PAÍS


A vacinação contra febre aftosa vem sendo empregada, em grande parte da América do Sul,
como uma das principais estratégias no âmbito dos programas de controle e erradicação da
doença.

No Brasil, as campanhas oficiais de vacinação iniciaram-se na década de 60, avançando para


todas as UFs nos anos seguintes. A vacinação, associada a outras medidas sanitárias, permitiu
expressivos avanços na luta contra a febre aftosa no país.
Na década de 90, a ocorrência da doença no Brasil apresentou uma redução acentuada,
passando de mais de 2.000 focos/ano para casos esporádicos na década seguinte, e
encontrando-se sem registros desde 2006. Atualmente, 21 UFs e o Distrito Federal realizam as
etapas de vacinação de forma compulsória nos seus territórios, conforme pode ser visualizado
na Figura 1.

Figura 1 — Estratégias de vacinação contra febre aftosa no país em 2021.

Devido aos avanços no controle da doença, especialmente decorrente da vacinação de bovinos


e bubalinos nos últimos 60 anos, o Brasil criou condições que favoreceram a elaboração e a
implantação, a partir de 2017, de um Plano Estratégico decenal para ampliar paulatinamente
as zonas livres sem vacinação.

Dentre as bases técnicas do Plano Estratégico do PNEFA está a organização geográfica dos
estados em cinco blocos, com cronogramas de suspensão distintos, agrupados a partir de
análises da distribuição espacial de rebanhos e movimentação animal, indicadores de comércio
de animais e sistemas de produção de interesses comuns.

O Plano tem como meta tornar todo o país livre da febre aftosa sem a utilização da vacinação
até o ano de 2026, encerrando assim um ciclo exitoso do uso da vacina contra a febre aftosa no
país.

HISTÓRICO DA PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DA VACINA NO BRASIL

1930: Produção das primeiras vacinas com real efetividade contra a febre aftosa. Obtinha-se o
antígeno pela inoculação do vírus ativo na língua de animais vivos e posteriormente se retirava
o epitélio lingual para produção da vacina.
1950: Evolução da técnica de produção em tecido lingual, a partir da inoculação do vírus obtido
de epitélio colhido em matadouros (Método de Frenkel).

1960: Produção de vacinas formuladas com antígenos produzidos em rins de bezerros,


consideradas limitadas pela baixa densidade de células obtidas. Em países com casos da febre
aftosa aumentava-se o risco de carreamento de vírus ou anticorpos pelos rins colhidos. Outros
métodos para produção do antígeno foram utilizados como a inoculação do vírus em coelhos e
em rins de suínos, também descontinuados por inconvenientes ligados à biossegurança e à
qualidade do antígeno obtido.

1963: As vacinas passaram a ser produzidas em células de rim de hamster (BHK). Essas células
possuíam grande rendimento pela capacidade de se reproduzirem em tanques de fermentação
de aço inoxidável de alto volume e permitirem o monitoramento constante da quantidade,
sensibilidade e da qualidade do antígeno em produção.

1980: Proibição do uso de vacina viva atenuada porque, embora induzisse uma boa proteção
ao animal vacinado, possuía vários inconvenientes, tais como: dificuldade na obtenção da
redução da virulência nas diversas cepas de vírus, persistência do vírus em órgãos e tecidos de
animais vacinados, risco de causar a doença em animais de espécies diferentes daquela para a
qual o vírus foi atenuado (exemplo: um vírus modificado para bovinos não pode ser utilizado
em suínos e vice-versa).

1982 a 1985: Participação do Brasil, em conjunto com os países da América do Sul, nos projetos
elaborados pelo Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária (Panaftosa)
com a colaboração técnica do Centro de Doenças Animais de Plum Island, do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos da América (USDA), visando a utilização de uma vacina que
melhor atendesse aos objetivos e às estratégias de erradicação. Essa parceria culminou com o
desenvolvimento da vacina com adjuvante oleoso, bem como com a padronização de técnicas
laboratoriais para monitorar a qualidade desse produto. Introdução gradativa da aplicação da
vacina oleosa após a transferência de tecnologia do Panaftosa ao setor privado, com indução
de proteção por seis meses, em substituição à vacina em veículo aquoso, que conferia
imunidade por tempo máximo de três meses. Além de imunidade mais duradoura,
impulsionada pela liberação lenta e contínua do antígeno na corrente sanguínea, o
componente oleoso protege o antígeno da ação de anticorpos maternos, o que significa na
prática a possiblidade de vacinar bezerros em qualquer idade.

1990: A mudança no processo de produção de vacina com introdução de métodos mais


eficientes de purificação e concentração do antígeno, obtendo-se antígenos com melhor poder
imunogênico, por meio da utilização dos chamados inativantes de primeira ordem. Os
inativantes são grupos de substâncias químicas utilizadas na produção de vacinas, que têm
como propriedade garantir a diminuição retilínea do título infeccioso, indicando a completa
inativação do vírus durante o processo. Estes inativantes substituíram de forma definitiva o
processo de inativação com formol que até então não era muito seguro.

1992: Utilização da vacina oleosa no rebanho bovídeo brasileiro.

1994: Publicação do regulamento técnico (Portaria SDA n° 177, de 27 de outubro de 1994) de


biossegurança para manipulação do vírus da febre aftosa e criação da comissão de
biossegurança para avaliação dos laboratórios que manipulam vírus ativo.
1995: Substituição da prova direta Proteção à Generalização Podal (PGP) pela prova de
avaliação indireta com ELISA-CFL (ensaio de imunoabsorção enzimática por competição em
fase líquida). Para avaliação da potência da vacina, a PGP consistia na vacinação e inoculação
de vírus vivo em grupo de animais vacinados, enquanto o ELISA-CFL consiste em avaliar o título
de anticorpos aos 28 dias pós- vacinação. A nova metodologia foi introduzida após o
desenvolvimento de estudos de correlação com a prova direta. Esses estudos foram
patrocinados pelo projeto Bacia do Prata, com participação dos governos do Brasil, Uruguai,
Argentina e Paraguai, e financiado pela Comunidade Econômica Europeia (CEE). Atualização e
publicação do regulamento de produção e controle de qualidade de vacina contra a febre
aftosa (Portaria MARA no 713, de 1° de novembro de 1995).

1998: Os laboratórios produtores de vacina contra a febre aftosa, localizados na região Sul e
Sudeste, passaram a cumprir obrigatoriamente os requisitos de biossegurança estabelecidos no
regulamento técnico brasileiro (Portaria n° 177/94), com nível de biossegurança 4 (NB-4) da
OIE. Entre os requisitos para a biocontenção ininterrupta do vírus no ambiente de manipulação
estão: o rigoroso controle de acesso de pessoal; ambiente interno com pressão negativa
permanente; sistema alternativo de fornecimento de energia para garantir o funcionamento
ininterrupto do sistema de ar; tratamento do ar de entrada e saída do laboratório por meio de
filtros absolutos duplos de alta eficiência na retenção de partículas (HEPA) e tratamento
térmico ou químico dos efluentes líquidos e sólidos gerados.

2000: Todos os laboratórios produtores de vacina localizados no país adequaram as instalações


aos requisitos NB-4 da OIE.

2003: Implantação do regulamento de Boas Práticas de Fabricação (BPF), com a publicação da


Instrução Normativa n° 13, de 3 de outubro de 2003, visando preservar o processo de
produção e a qualidade das vacinas e medicamentos produzidos.

2008: Introdução do controle de anticorpos contra proteínas não estruturais (PNE) em todas as
partidas de vacina contra a febre aftosa com o objetivo de diferenciar a indução desses
anticorpos entre animais vacinados e a ocorrência de circulação viral, fato que provocou a
mudança no processo de purificação e concentração de antígenos para eliminação de PNE.
Atualização e publicação do regulamento técnico para produção e controle de qualidade de
vacina contra a febre aftosa (Instrução Normativa n° 50, de 23 de setembro de 2008).

2012: Atualização e publicação do novo regulamento de biossegurança para manipulação do


vírus da febre aftosa - VFA (Instrução Normativa SDA n° 5, de 28 de março de 2012) no qual foi
reforçado o princípio da duplicidade de sistemas de tratamento de ar, a exclusividade do
sistema de ar de áreas de produção e de controle de qualidade.

2017: Início da produção e utilização de vacinas bivalentes contendo as cepas O e A do vírus da


febre aftosa.

2018: Atualização e publicação do novo regulamento técnico para produção e controle de


qualidade da vacina contra a febre aftosa (Instrução Normativa MAPA n° 11, de janeiro de
2018), que reduziu a dose de 5,0 para 2,0 ml. Também houve alteração nos critérios do teste
de tolerância com o objetivo de avaliar a ocorrência de reações indesejáveis no local da
aplicação da vacina nos animais. Utilização de vacinas bivalentes a partir da etapa de novembro
de 2018.
2019: A partir da etapa de maio, utilização somente de vacinas bivalentes (cepas O e A do vírus
da febre aftosa), na dose de 2,0 ml.

2020: Publicação da Instrução Normativa n° 48, de 14 de julho de 2020, que aprova as


diretrizes gerais para a vigilância da febre aftosa com vistas à execução do PNEFA.

Estratégia de Vacinação
A vacinação contra febre aftosa é compulsória, ou seja, realizada por força de lei, utilizada
somente em bovinos e bubalinos de forma sistemática e massiva para conferir melhor
imunidade de rebanho, exceto naquelas UFs onde a condição sanitária já não requer essa
prática (zonas livres de febre aftosa sem vacinação).

É proibida a vacinação de outras espécies suscetíveis à doença (IN nº 48/2020), exceto em


situações determinadas pelo MAPA, como por exemplo, nos casos de foco, para conter a
difusão da doença.

Os SVEs são responsáveis pela coordenação e execução das campanhas de vacinação no


âmbito estadual, sendo que, para isto, possuem autonomia para emissão de atos normativos
complementares aos do MAPA.

Em relação à vacinação contra a febre aftosa, as normas estaduais estabelecem


principalmente: o calendário de vacinação, após autorização pelo MAPA, incluindo os prazos
para comprovação da vacinação junto aos escritórios dos SVEs; a forma de comercialização da
vacina fora das etapas; a forma de fiscalização, a documentação necessária para o controle do
comércio de vacina e as penalidades decorrentes do descumprimento das normas em vigor.

Recomenda-se a vacinação dos animais logo após o nascimento. Embora a vacinação


prematura não seja capaz de produzir anticorpos circulantes em níveis protetores, ela tem
como objetivo preparar os animais para uma resposta mais intensa e de maior duração quando
da revacinação.

A vacinação de bovinos e bubalinos com idade abaixo de 24 meses deve ser semestral, uma vez
que os animais jovens são mais suscetíveis à doença. Animais adultos, com histórico de pelo
menos quatro vacinações, são vacinados uma vez ao ano, de acordo com a estratégia adotada
pelo MAPA e em consonância com as recomendações internacionais.

Além das características imunogênicas da vacina, a definição das estratégias de vacinação leva
em consideração as características geográficas e agroprodutivas predominantes em cada região
do país. Os meses para realização das etapas de vacinação variam conforme a UF.

Atualmente, as estratégias de vacinação realizadas no Brasil podem ser resumidas em dois


esquemas distintos:

- Vacinação estratificada por faixa etária, em etapas de 30 dias, onde a imunização é dirigida
principalmente aos animais jovens (menores de 24 meses de idade), cuja vacinação é
semestral, e aos animais adultos (mais de 24 meses de idade) com vacinação anual; ou

- Vacinação anual de todo o rebanho, em etapas de 45 a 60 dias, realizada em regiões do país


onde as condições geográficas predominantes limitam o manejo dos animais à determinada
época do ano (estado do Amapá, região do pantanal mato-grossense e sul mato-grossense, Ilha
do Bananal e Arquipélago do Marajó).

A cada etapa, o proprietário dos animais deve comprovar a aquisição da vacina em quantidade
compatível e declarar sua aplicação, registrando-a presencialmente nas UVLs, via internet ou
por outras formas disponibilizadas pelo SVE, nos prazos estabelecidos oficialmente.

Os inadimplentes estão sujeitos a multas e ao impedimento de movimentação dos animais,


sendo recomendado, nesses casos, que o rebanho seja vacinado sob acompanhamento e
fiscalização do SVE conforme as legislações estaduais.

Abaixo são apresentadas definições de alguns termos utilizados pelo SVO, no que se refere às
atividades de vacinação, que podem ser empregadas de forma associada e complementar,
dependendo da situação.

Vacinação oficial (agulha oficial): realizada pelo SVO, que se responsabiliza por sua aplicação.
Pode ser aplicada em função de inadimplência em etapas anteriores, por se tratar de área,
situação ou propriedades de risco, ou ainda em outras ocasiões conforme avaliação do SVO.

Vacinação acompanhada ou assistida: é aquela realizada pelo produtor com a presença do SVO
durante toda a sua execução. Pode ocorrer com objetivo de orientação, de assistência a
comunidades carentes ou de fiscalização. Neste último caso, a juízo do SVO e mediante
comunicação oficial por escrito com antecedência, pode-se determinar que a vacinação
realizada pelo proprietário somente seja reconhecida quando acompanhada ou assistida pelo
serviço oficial. Tanto a vacinação oficial quanto a vacinação acompanhada ou assistida
possibilitam ao SVO certificar a aplicação da vacina na totalidade dos animais existentes em
determinada propriedade rural.

Vacinação fiscalizada: é aquela submetida à fiscalização do SVO com objetivo de melhorar as


garantias quanto à realização da prática da vacinação, não envolvendo o acompanhamento do
início ao fim do trabalho de vacinação em determinada propriedade. Esta fiscalização pode,
por exemplo, representar inspeções realizadas em determinado período e região, envolvendo
um conjunto de propriedades rurais, que são visitadas para verificações sobre a prática da
vacinação. Também pode ser realizada com objetivo de orientação.

O SVO pode realizar a vacinação estrategicamente em áreas de risco ou em rebanhos


específicos, como em pequenas propriedades e aldeias indígenas, entre outras situações.

No caso de emergências zoossanitárias, com vistas a reduzir o número de animais suscetíveis


não submetidos à vacinação sistemática e massiva, a critério do MAPA, a vacinação de
emergência poderá ser adotada como parte das estratégias para contenção de focos de febre
aftosa no país.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 48, DE 14 DE JULHO DE 2020

Aprova as diretrizes gerais para a vigilância da febre aftosa com vistas à execução do Programa
Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA).
DIRETRIZES GERAIS PARA A VIGILÂNCIA DA FEBRE AFTOSA

CAPÍTULO I

DEFINIÇÕES

Art. 1º O Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA) fundamenta-se em


informações científicas atualizadas e diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial de
Saúde Animal (OIE).

Parágrafo único. Para fins desta Instrução Normativa, consideram-se as seguintes definições,
além daquelas descritas no Código Sanitário para Animais Terrestres da OIE e nos manuais e
plano de vigilância para febre aftosa disponibilizados no endereço eletrônico do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento:

I - animais susceptíveis à febre aftosa: espécies da subordem Ruminantia e da família Suidae,


da ordem Artiodactyla, além do Camelus bactrianus, nas quais a infecção e a importância
epidemiológica sãocientificamente demonstradas, especialmente os bovinos, bubalinos,
ovinos, caprinos e suínos;

II - emergência zoossanitária para febre aftosa: condição específica causada pelo registro de um
foco de febre aftosa ou dele derivada, onde serão implantadas e executadas ações necessárias
para eliminação do agente e a recuperação da condição de livre da doença, conforme manuais
ou planos disponibilizados pelo Departamento de Saúde Animal no endereço eletrônico do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e

III - foco de febre aftosa: registro de pelo menos um caso confirmado de febre aftosa, de
acordo com ficha técnica disponibilizada pelo Departamento de Saúde Animal no endereço
eletrônico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

CAPÍTULO II

FUNDAMENTOS E ESTRATÉGIAS DO PNEFA

Art. 2º O PNEFA tem como objetivo criar e manter condições necessárias para garantir a
condição de livre da febre aftosa, por meio do fortalecimento dos mecanismos de prevenção e
detecção precoce da doença.

Art. 3º A execução do PNEFA fundamenta-se em critérios científicos e diretrizes internacionais


de vigilância da doença, conduzida com base no compartilhamento de responsabilidades entre
os setorespúblic o e privado.

Art. 4º As estratégias do PNEFA, de acordo com a condição sanitária da região, envolvem:

I - alinhamento com os programas de educação e comunicação em saúde animal;

II - promoção e consolidação da participação da sociedade;

III - aprimoramento do sistema de atenção veterinária e dos mecanismos de vigilância para a


febre aftosa;

IV - fortalecimento do sistema de prevenção e detecção precoce da febre aftosa, incluindo a


implantação de análises técnicas e científicas contínuas na identificação das vulnerabilidades e
das áreas de maior risco para a ocorrência da doença com a finalidade de orientar e reforçar as
ações de vigilância;
V - fortalecimento das ações relacionadas:

a)a fiscalizações de animais suscetíveis à febre aftosa e seus produtos pecuários em portos,
aeroportos, terminais rodoviários, postos de fronteira e afins;

b) a programas de capacitação continuada de recursos humanos do Serviço Veterinário Oficial


(SVO); e

c) à adequação da rede de diagnóstico laboratorial;

VI - utilização das estratégias de zonificação e compartimentação;

VII - aperfeiçoamento e atualização continuada do cadastro agropecuário, do sistema de

informação epidemiológica e do controle da movimentação de animais susceptíveis à febre


aftosa, seus produtos e subprodutos;

VIII - manutenção da adequada oferta de vacina contra a febre aftosa;

IX - controle da produção, comercialização e utilização da vacina contra a febre aftosa;

X - realização das etapas de vacinação sistemática contra a febre aftosa nas zonas livres com
vacinação;

XI - garantia de acesso a banco de antígenos e vacinas contra febre aftosa;

XII - preparação para resposta à emergência zoossanitária de febre aftosa;

XIII - aprimoramento e ampliação da participação do setor privado;

XIV - manutenção e ampliação de zonas livres de febre aftosa sem vacinação; e

XV - vigilância contínua e integrada com os países vizinhos em consonância com o Programa


Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa (PHEFA).

CAPÍTULO III

CADASTRO

Art. 5º O cadastro no SVO de explorações pecuárias das espécies suscetíveis à febre aftosa e
sua atualização são compulsórios e de obrigação do produtor, detentor ou responsável legal
dos animais.

§ 1º Deverá ser declarado, por faixa etário e sexo, o total de animais de sua exploração
pecuária, bem como as demais informações solicitadas, dentro dos prazos definidos pelo SVO
nas Unidades da Federação (UF).

§ 2º As épocas e a duração das campanhas obrigatórias de atualização cadastral deverão ser


aprovadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com base em proposta
técnica do SVO nas UF.

§ 3º Atualização cadastral fora do período das campanhas oficiais deverá ser coordenada pelo
SVO nas UF, mediante iniciativa do produtor, detentor ou responsável legal dos animais.

Art. 6º O SVO da UF deve dispor dos dados cadastrais em sistema de informação eletrônico,
auditável e com geolocalização dos estabelecimentos rurais.
Parágrafo único. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento padronizará os dados
que deverão estar disponíveis e atualizados nas UF, e coordenará a integração entre os bancos
de dados estaduais para as consultas e as análises necessárias pelas instâncias do SVO.

CAPÍTULO IV

ATENDIMENTO ÀS SUSPEITAS DE DOENÇA VESICULAR E AOS FOCOS DE FEBRE AFTOSA

Art. 7º Para estabelecer um caso confirmado de febre aftosa deve ser adotada a definição
publicada pelo Departamento de Saúde Animal, elaborada com base nas diretrizes do Código
Sanitário para os Animais Terrestres da OIE.

Parágrafo único. Para estabelecer um caso suspeito ou provável de doença vesicular devem ser
adotados os critérios estabelecidos em ficha técnica disponibilizada pelo Departamento de
Saúde Animal no endereço eletrônico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Art. 8º A investigação epidemiológica dos casos suspeitos, prováveis e confirmados de doença


vesicular, bem como a atuação em emergências zoossanitárias de febre aftosa, envolvem as
seguintes ações:

I - elaboração, revisão, atualização, pelo Departamento de Saúde Animal, de manuais e planos


sobre o tema, disponibilizados no endereço eletrônico do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento;

II - realização de treinamentos e simulações;

III - disponibilização de material para investigação das suspeitas de doença vesicular;

IV - aprimoramento da logística para envio de amostras e realização dos ensaios laboratoriais


para diagnóstico para febre aftosa e doenças diferenciais;

V - atualização e aperfeiçoamento do sistema de informação para gestão da investigação das


suspeitas de doença vesicular e de emergências zoossanitárias de febre aftosa; e

VI - fortalecimento de estrutura de gestão e dos mecanismos de disponibilização de recursos


para emergência zoossanitária.

Parágrafo único. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é o órgão responsável


pela coordenação e gestão de emergências zoossanitárias de febre aftosa em todo o país.

Art. 9º A constatação de caso provável de doença vesicular ou confirmado de febre aftosa


implica na adoção de medidas sanitárias para identificação e contenção do agente etiológico,
conforme previsto em manuais e planos disponibilizados pelo Departamento de Saúde Animal
no endereço eletrônico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Art. 10. A confirmação de foco de febre aftosa acarreta declaração de estado de emergência
zoossanitária pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de acordo com a
legislação específica.

Parágrafo único. O trânsito de animais suscetíveis à febre aftosa e de materiais de risco, na área
de emergência zoossanitária estabelecida conforme previsto nos manuais e planos
disponibilizados pelo Departamento de Saúde Animal no endereço eletrônico do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, será imediatamente suspenso até que o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento emita regulamentação específica para a região.
CAPÍTULO V

RECONHECIMENTO E MANUTENÇÃO DE ZONAS OU COMPARTIMENTOS LIVRES DE FEBRE


AFTOSA

Art. 11. O reconhecimento e a manutenção de zona ou de compartimento livre de febre aftosa


no país, assim como o restabelecimento da condição sanitária após eventual reintrodução do
agente viral, seguirão as diretrizes da OIE e observarão o estabelecido nos manuais e planos
disponibilizados pelo Departamento de Saúde Animal no endereço eletrônico do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Parágrafo único. A condução do processo de reconhecimento de compartimento livre de febre


aftosa é de responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e
contempla as seguintes etapas:

I - verificação do cumprimento das condições definidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária


e Abastecimento;

II - reconhecimento, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de


compartimento livre de febre aftosa; e

III - comunicação do reconhecimento nacional de compartimento livre de febre aftosa à OIE e


outras organizações, países e parceiros comerciais interessados.

Art. 12. Para a manutenção da condição sanitária de país livre ou de zonas livres de febre aftosa
no país, o SVO nas UF deverá executar de forma continuada as seguintes atividades, sem
prejuízo de outras normas e procedimentos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento:

I - investigar todos casos suspeitos de doença vesicular, conforme procedimentos estabelecidos


em manual elaborado e disponibilizado pelo Departamento de Saúde Animal no endereço
eletrônico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;

II - controlar postos de fronteira internacional, postos fixos de fiscalização, portos, aeroportos e


pistas de pouso, aduanas especiais, lojas francas, recintos alfandegados, rodoviárias e pontos
de remessa postal internacional, incluindo a inspeção de bagagens de passageiros;

III - controlar o ingresso de animais susceptíveis à febre aftosa, bem como produtos e
subprodutos de risco;

IV - proibir a manutenção e manipulação de vírus da febre aftosa viável, exceto naquelas


instituições com nível de biossegurança apropriado e oficialmente autorizadas pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;

V - coibir a existência de espécies animais suscetíveis à febre aftosa em lixões ou aterros


sanitários e impedir o uso de resíduos neles contidos para alimentação de animais;

VI - proibir o uso, na alimentação de animais susceptíveis à febre aftosa, de restos de alimentos


de qualquer procedência, salvo quando submetidos a tratamentos suficientes para inativar o
vírus da febre aftosa; e

VII - realizar vigilância baseada em risco com a identificação de unidades epidemiológicas e


áreas de maior risco para introdução e disseminação do vírus da febre aftosa, assim como de
produtores rurais que possuam explorações pecuárias em outras UF ou países.
CAPÍTULO VI

VACINAÇÃO CONTRA A FEBRE AFTOSA

Art. 13. A vacinação sistemática e obrigatória contra a febre aftosa será realizada em bovinos e
bubalinos nas zonas livres de febre aftosa com vacinação, sendo proibida a vacinação de outras
espécies susceptíveis, salvo em situações especiais determinadas pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

§ 1º As épocas e a duração das etapas de vacinação sistemática serão autorizadas pelo


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com base em proposta técnica do SVO
nas UF, após avaliação das características geográficas e agroprodutivas predominantes na
região, bem como das características técnicas da vacina.

§ 2º Uma vez definidas as etapas de vacinação, o SVO nas UF deverá regulamentar e divulgar os
procedimentos estabelecidos no âmbito estadual.

§ 3º A prorrogação ou a antecipação das etapas de vacinação deverá ser aprovada pelo


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, mediante solicitação fundamentada em
parecer técnico do SVO nas UF, seguindo os prazos e procedimentos estabelecidos pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

§ 4º A critério do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a vacinação poderá ser


dispensada em estabelecimentos específicos, incluídos Estabelecimentos de Pré-Embarque
(EPE) e aqueles envolvidos nos testes de controle de qualidade de vacina, apenas para os
animais participantes dos testes, devendo estes estabelecimentos seguirem normas específicas
do SVO da UF.

§ 5º O SVO da UF deve fazer o controle e a análise dos dados de cada etapa, seguindo os
procedimentos e prazos estabelecidos em manual específico disponibilizado no endereço
eletrônico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Art. 14. A vacinação contra a febre aftosa é de encargo do responsável legal pelos animais, que
deverá adotar os seguintes procedimentos:

I - adquirir as vacinas em quantidade compatível com os animais a serem vacinados na etapa,


existentes em sua exploração pecuária;

II - conservar as vacinas de acordo com as determinações técnicas do fabricante até o


momento da aplicação;

III - administrar as vacinas pela via aprovada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, dentro dos períodos estabelecidos pelo SVO; e

IV - comprovar, ao SVO, a realização da vacinação, na forma e nos prazos estabelecidos.

Parágrafo único. O não cumprimento de qualquer dos deveres mencionados neste artigo
sujeitará o responsável legal pelos animais às penalidades previstas na legislação do SVO na UF.

Art. 15. O SVO nas UF poderá realizar o acompanhamento da vacinação contra febre aftosa em
qualquer estabelecimento rural na sua jurisdição, podendo também adquirir a vacina e realizar
a vacinação em animais situados em áreas de risco ou em outras unidades epidemiológicas
consideradas de importância estratégica.
Parágrafo único. A fiscalização da vacinação contra a febre aftosa será efetuada por critérios
técnicos, com base em parâmetros definidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.

Art. 16. A disponibilização de vacina contra a febre aftosa para estabelecimentos distribuidores
e revendedores somente será permitida quando estes estiverem devidamente autorizados no
SVO da UF.

Art. 17. É proibida a aplicação, manutenção e comercialização de vacina contra a febre aftosa
em zonas livres de febre aftosa sem vacinação, ou em zonas livres com vacinação em transição
para livre sem vacinação, exceto em condições autorizadas pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.

Art. 18. A critério do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, poderão ser


produzidas vacinas com características específicas para utilização em animais situados em
áreas de risco para a febre aftosa definidas pelo SVO.

Parágrafo único. Os critérios de produção, controle de qualidade, armazenamento e


autorização de uso de antígenos e vacinas que trata o caput serão estabelecidos em
regulamento específico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Art. 19. A critério do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a vacinação de


emergência poderá ser utilizada como parte das estratégias para contenção de focos de febre
aftosa no país, conforme previsto em manuais e planos disponibilizados pelo Departamento de
Saúde Animal no endereço eletrônico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

CAPÍTULO VII

CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DO TRÂNSITO NACIONAL DE ANIMAIS, PRODUTOS E


SUBPRODUTOS OBTIDOS DE ANIMAIS SUSCEPTÍVEIS À FEBRE AFTOSA

Seção I

Aspectos Gerais

Art. 20. O trânsito de animais susceptíveis à febre aftosa, bem como dos seus produtos e
subprodutos, em todo o território nacional, considerará a condição sanitária para a febre aftosa
das regiões de origem e de destino, sem prejuízo a outros requisitos zoossanitários definidos
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

§ 1º Conforme avaliação do SVO da UF, os animais susceptíveis à febre aftosa, seus produtos e
subprodutos em desacordo com a legislação estarão sujeitos à determinação de retorno à
origem, apreensão, abate em matadouro com serviço de inspeção oficial ou eliminação dos
animais ou seus produtos que representem risco para difusão da febre aftosa, sem prejuízo da
aplicação das demais medidas técnicas e legais necessárias para mitigação de risco.

§ 2º A juízo do SVO, os produtos e subprodutos obtidos do abate poderão ser destinados ao


consumo, desde que integralmente atendidas as garantias de saúde pública e de saúde animal.

§ 3º A limpeza e desinfecção dos veículos envolvidos no transporte de animais suscetíveis à


febre aftosa, seus produtos e subprodutos é de responsabilidade do transportador e estão
sujeitos à supervisão pelo SVO.
§ 4º De acordo com a situação epidemiológica quanto à febre aftosa, o SVO poderá exigir que
os veículos transportadores de animais susceptíveis à febre aftosa sejam lavados e
desinfetados após o desembarque dos animais ou durante sua passagem por postos fixos de
fiscalização, assim como proibir o uso de palha, maravalha ou outro material orgânico no
assoalho dos veículos transportadores.

§ 5º Os restos de alimentos transportados ou não consumidos em viagens internacionais


aéreas, marítimas, fluviais ou terrestres deverão ser destruídos sob supervisão do SVO, por
metodologia e em locais previamente aprovados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.

Art. 21. O trânsito de espécies susceptíveis à febre aftosa, seus produtos e subprodutos,
envolvendo a passagem por zonas de diferentes condições sanitárias, somente será autorizado
em vias específicas determinadas pelo SVO.

Art. 22. O trânsito de animais suscetíveis à febre aftosa, seus produtos e subprodutos, por
qualquer modalidade ou finalidade, está sujeito à auditoria e fiscalização da autoridade
competente.

Art. 23. No caso da suspensão temporária do reconhecimento de zonas livres de febre aftosa
devido à ocorrência de focos da doença, o trânsito de animais susceptíveis à febre aftosa, de
produtos e subprodutos de risco, com origem nas UF ou parte das UF envolvidas, deverá
cumprir procedimentos específicos definidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento após avaliação específica.

Seção II

Controle e fiscalização do trânsito de animais susceptíveis à febre aftosa

Art. 24. O egresso de animal susceptível à febre aftosa deve estar acompanhado da Guia de
Trânsito Animal - GTA, sem prejuízo de outros documentos estabelecidos pelo SVO.

§ 1º A GTA somente poderá ser expedida quando a exploração pecuária de origem e destino
estiverem cadastradas na base de dados informatizada sob controle do SVO.

§ 2º A emissão de GTA para animais susceptíveis à febre aftosa fica condicionada à


regularidade cadastral e verificação do cumprimento das medidas sanitárias estabelecidas na
legislação, com base nas informações constantes no cadastro e nos registros sob controle do
SVO.

§ 3º A emissão da GTA para a movimentação de animais susceptíveis à febre aftosa deverá ser
realizada pelo SVO nos casos em que a origem possuir condição sanitária para febre aftosa
inferior ao destino, exceto para suínos destinados ao abate ou oriundos de Granjas de
Reprodutores de Suídeos Certificadas - GRSC, ou outra classificação que venha a ser adotada
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, quando poderá ser efetuada por
médico veterinário habilitado pelo SVO para emissão de GTA.

§ 4º Toda carga de animais susceptíveis à febre aftosa, quando lacrada pelo SVO de origem ou
por médico veterinário habilitado pelo SVO para a emissão de GTA, por observância a esta
Instrução Normativa, somente poderá ter seu lacre rompido sob supervisão do SVO ou de
médico veterinário habilitado pelo SVO para a emissão de GTA.
§ 5º As informações constantes das GTA são de uso exclusivo para fins de defesa sanitária
animal.

Art. 25. O SVO das UF deverá adotar mecanismos de controle e responsabilização quanto à
confirmação das movimentações de animais suscetíveis à febre aftosa, de acordo com os
procedimentos estabelecidos em manual específico disponibilizado no endereço eletrônico do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Art. 26. A emissão de GTA para movimentação de bovinos e bubalinos oriundos de UF ou


região onde a vacinação contra a febre aftosa é obrigatória, deve considerar os seguintes
requisitos:

I - o estabelecimento rural onde estão os animais está em acordo com as regras descritas nesta
Instrução Normativa;

II - durante as etapas de vacinação contra a febre aftosa, os bovinos e bubalinos somente


poderão sair do estabelecimento rural após comprovada a vacinação da etapa em andamento,
exceto quando destinados ao abate imediato;

III - durante a etapa de vacinação e até noventa dias após seu término, os animais destinados
diretamente ao abate ficam dispensados da obrigatoriedade da vacinação contra febre aftosa;

IV - quando a exploração pecuária não possuir bovinos ou bubalinos na faixa etária prevista na
etapa de vacinação, a movimentação de seus animais fica condicionada a regularidade da
declaração de atualização cadastral, de acordo com a legislação sanitária adotada em cada UF;

V - a emissão de GTA para a movimentação de ovinos, caprinos e suínos em zona livre de febre
aftosa com vacinação fica condicionada à comprovação da regularidade da vacinação contra
febre aftosa em bovinos e bubalinos, caso estes últimos existam no estabelecimento rural; e

VI - a critério do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, considerando a situação


epidemiológica para febre aftosa em determinada região, o trânsito animal, incluindo a
participação de animais susceptíveis à febre aftosa em exposições, feiras, leilões e outras
aglomerações de animais poderá ser suspensa temporariamente ou submetida a normas
sanitárias complementares, incluindo o reforço da vacinação contra a febre aftosa.

Art. 27. Para fins de monitoramentos, inquéritos ou estudos soroepidemiológicos sob


coordenação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a movimentação de
animais de explorações pecuárias ou de regiões consideradas de maior risco sanitário, poderão
ser temporariamente suspensas ou restringidas.

Art. 28. Quando exigido o isolamento de animais suscetíveis à febre aftosa, este poderá ser
realizado no estabelecimento rural de origem ou de destino, mediante condições aprovadas
pelo SVO.

Art. 29. Quando o trânsito de animais suscetíveis à febre aftosa envolver parada temporária
para descanso e alimentação em zona com condição zoossanitária para a febre aftosa superior
à origem, esta deverá ser previamente autorizada e seguir procedimentos estabelecidos pelo
SVO, observando-se os critérios estabelecidos de bem-estar animal, incluindo-se tempo de
parada e descanso.

Art. 30. O SVO deverá manter cadastro atualizado dos transportadores de animais, tanto para
pessoas físicas quanto jurídicas, bem como dos veículos transportadores.
Seção III

Ingresso de animais em zona livre de febre aftosa sem vacinação

Art. 31. É proibido o ingresso e a incorporação de animais vacinados contra a febre aftosa em
zona livre sem vacinação.

Parágrafo único. O ingresso temporário, para trânsito, deverá obedecer às rotas e aos
procedimentos previamente estabelecidas e publicadas pelo SVO da UF.

Art. 32. O ingresso e incorporação de animais susceptíveis à febre aftosa em zona livre sem
vacinação fica autorizado para:

I - animais nascidos ou que permaneceram por um período mínimo de 3 (três) meses


imediatamente antes de seu ingresso em outra zona livre de febre aftosa sem vacinação; e

II - animais procedentes de zona livre de febre aftosa com vacinação, exceto bovinos e
bubalinos, atendendo às seguintes condições:

a) não tenham sido vacinados contra febre aftosa;

b) tenham nascido ou permaneceram em zona livre de febre aftosa com vacinação por período
mínimo de 3 (três) meses imediatamente antes de seu ingresso;

c) quando transportados em veículos, a carga deverá ser lacrada pelo SVO ou por médico
veterinário habilitado pelo SVO para a emissão de GTA;

d) ingressem por local autorizado pelo SVO da UF de destino;

e) estejam identificados individualmente, de forma permanente ou de longa duração; e

f) foram submetidos a testes de diagnóstico com resultados negativos para febre aftosa, sob
supervisão do SVO, em até trinta dias anteriores ao embarque, de acordo com definições do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Parágrafo único. No caso de suínos procedentes de GRSC, de quarentenários oficiais e de


compartimentos para febre aftosa, fica dispensada a realização dos testes de diagnóstico
mencionado na alínea "f", do inciso II, do presente artigo.

Art. 33. O ingresso de bovinos e bubalinos vacinados contra a febre aftosa em zona livre de
febre aftosa sem vacinação procedentes de zona livre de febre aftosa com vacinação e
ingressados por local autorizado pelo SVO, fica autorizado nas seguintes situações:

I - destinados diretamente ao abate, quando:

a) transportados em veículos lacrados pelo SVO ou por médico veterinário habilitado pelo SVO
para a emissão de GTA; e

b) encaminhados diretamente a estabelecimento de abate com inspeção oficial.

II - destinados à exportação, conforme legislação vigente, quando:

a) encaminhados diretamente para EPE autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e


Abastecimento e, deste, para o local de egresso do país; e
b) animais não exportados, por não atendimento aos requisitos do país importador ou
qualquer outro motivo, deverão seguir diretamente para abate em estabelecimento autorizado
e supervisionado pelo SVO.

Parágrafo único. O serviço de inspeção oficial disponibilizará informações aos SVO sobre a
chegada e abate dos animais.

Seção IV

Ingresso de animais em zona livre de febre aftosa com vacinação

Art. 34. O ingresso de animais susceptíveis à febre aftosa em zona livre com vacinação com
origem em zona livre de febre aftosa sem vacinação fica condicionado ao atendimento dos
seguintes requisitos:

I - ovinos, caprinos, suínos e outros animais susceptíveis, com exceção de bovinos e bubalinos,
estão dispensados de requisitos adicionais com referência à febre aftosa; e

II - bovinos e bubalinos, com exceção daqueles destinados diretamente ao abate, EPE,


participação de eventos de exposição ou julgamentos e centrais de coleta e processamento de
sêmen, desde que cumpridas as regras estabelecidas no artigo 35 desta norma, ou outras
finalidades que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento venha a autorizar,
deverão ser vacinados contra a febre aftosa na UF de destino durante o período da etapa de
vacinação subsequente ao seu ingresso.

Art. 35. O regresso para zona livre de febre aftosa sem vacinação de animais susceptíveis à
febre aftosa de alto valor zootécnico, portadores de identificação individual permanente e
registro genealógico ou certificado especial de identificação e produção, movimentados para
fins de participação em eventos de exposição ou julgamentos, assim como mantidos em
centrais de coleta e processamento de sêmen, poderá ser autorizado, mediante as seguintes
condições:

I - tenham como origem uma zona livre de febre aftosa sem vacinação;

II - não tenham sido vacinados contra febre aftosa; e

III - tenham sido mantidos sob supervisão do SVO durante toda a permanência no evento de
aglomeração ou nas centrais de coleta e processamento de sêmen.

Seção V

Controle do trânsito de produtos e subprodutos obtidos de animais susceptíveis à febre aftosa


Art. 36. Todo produto ou subproduto obtido de animais susceptíveis à febre aftosa, originários
de zona livre de febre aftosa, terão livre trânsito em todo o território nacional.

Parágrafo único. Excetuam-se os produtos de ruminantes obtidos da região da cabeça,


incluindo faringe, língua e os linfonodos associados, oriundos de áreas livres de febre aftosa
com vacinação e que não tenham sido submetidos a tratamento suficiente para inativar o vírus
da febre aftosa, quando destinados à zona livre de febre aftosa sem vacinação.

Art. 37. O trânsito de produtos e subprodutos obtidos de animais susceptíveis à febre aftosa no
território nacional, para todas as finalidades, deve seguir procedimentos definidos pela
Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que
permitam sua rastreabilidade e descrevam a natureza do processamento ou outra medida
adotada, quando aplicável, para inativação do vírus da febre aftosa.

Art. 38. Os procedimentos utilizados para inativação do vírus da febre aftosa a que se refere
esta Instrução Normativa são aqueles descritos no Código Sanitário para Animais Terrestres da
OIE.

Parágrafo único. Outros procedimentos cientificamente comprovados como suficientes para


inativação do vírus da febre aftosa, mas ainda não previstos no Código Sanitário para Animais
Terrestres da OIE, poderão ser autorizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento após análise técnico-científica.

Art. 39. É permitida a passagem, pela zona livre, de produtos e subprodutos obtidos de animais
susceptíveis à febre aftosa provenientes de zonas não livres, desde que acompanhados da
documentação sanitária correspondente e devidamente autorizados pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, utilizando rotas previamente autorizadas e mediante
carga lacrada, podendo a aplicação do lacre ocorrer nos limites da zona livre.

Art. 40. Somente é permitido o trânsito de sêmen, embriões, ovócitos de animais susceptíveis
à febre aftosa quando obtidos em estabelecimentos registrados no Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.

§ 1º Quando oriundos de zona livre de febre aftosa com vacinação, sêmen e ovócitos devem
estar acompanhados de declaração emitida pelo médico veterinário responsável técnico do
estabelecimento de origem, atestando que estes produtos foram obtidos de doadores que:

I - tenham sido mantidos por pelo menos três meses antes da coleta em uma zona livre de
febre aftosa com vacinação;

II - tenham recebido pelo menos duas vacinações contra a febre aftosa, no caso de bovinos e
bubalinos; ou

III - tenham sido submetidos a testes para anticorpos contra a febre aftosa no mínimo 21 (vinte
e um) dias após a coleta e com resultados negativos.

§ 2º Ficam dispensados das exigências do parágrafo primeiro deste artigo, o sêmen, os


embriões e os ovócitos coletados de suínos residentes em GRSC.

Art. 41. É proibido o ingresso na zona livre de febre aftosa de amostras contendo vírus da febre
aftosa ou materiais com potencial ou sabidamente capaz de reproduzir a doença, destinado a
qualquer fim, salvo quando autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.

Art. 42. O ingresso em zona livre de febre aftosa de produtos e subprodutos de animais
susceptíveis à febre aftosa não especificado nesta Instrução Normativa, incluindo material de
interesse científico e com finalidade para uso industrial, deverá ser analisado e eventualmente
autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, avaliados os riscos
envolvidos e as medidas disponíveis para sua mitigação.

Seção VI

Trânsito de animais, produtos e subprodutos envolvendo zona não livre para febre aftosa ou
com condição sanitária suspensa
Art. 43. O ingresso em zona livre de febre aftosa de animais susceptíveis à febre aftosa, seus
produtos e subprodutos, oriundos de zonas não livres ou de zona livre de febre aftosa com a
condição suspensa, seguirá regulamentação específica do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, elaborada com base nas diretrizes do Código Sanitário para Animais Terrestres
da OIE.

CAPÍTULO VIII

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 44. A importação de animais susceptíveis à febre aftosa e de seus produtos e subprodutos
deve ocorrer de acordo com os requisitos estabelecidos para o trânsito internacional ou com
regulamentação específica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Art. 45. Os casos omissos e as dúvidas suscitadas na execução desta Instrução Normativa serão
dirimidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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