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Questionamentos
50 bovinos.
Sim, são vacinados para doenças reprodutivas e clostridioses. Foram desvermifugados há 3 meses com
ivermectina. Porém, não sei o histórico vacinal das vacas recentemente adquiridas, e ainda não fiz
nenhuma vacina ou desvermifugação.
Tanto os bovinos quanto os ovinos se alimentam de aveia e azevém. As vacas em lactação também se
alimentam de silagem de milho, ração para vaca em lactação e farelo de soja.
Diagnósticos diferenciais
Febre aftosa
Uma das características do vírus da febre aftosa é a de que este pode manter-se de forma latente em
animais que se recuperaram da infecção e, até mesmo, em animais vacinados, os quais são chamados
animais com infecção persistente e/ou portadores. O vírus é eliminado para o meio ambiente em todas as
secreções e excreções dos bovinos doentes (lágrimas, secreções nasais, saliva, sêmen, leite, urina e fezes),
contaminando o ambiente. O agente é eliminado por quantidade tão elevada, que um só animal pode
infectar a outros milhares. A morbidade da febre aftosa é extremamente elevada, e a difusão em um
rebanho é rápida, após uma semana do aparecimento do primeiro animal doente, todos os animais
apresentarão a doença. Macroscopicamente, além das lesões de boca e pata, são raras e incluem vesículas
e úlceras nos pilares do rúmen e áreas de necrose nos músculos esqueléticos e no miocárdio.
Microscopicamente, observa-se degeneração e necrose da camada germinativa dos epitélios afetados. Na
forma cardíaca observa-se miocardite com infiltração de células mononucleares. Toda suspeita de febre
aftosa deve ser comunicada às autoridades sanitárias responsáveis.
Estomatite vesicular
O período de incubação é de até cinco dias. Os animais afetados, que em geral têm mais de um ano de
idade, ficam febris. Vesículas desenvolvem-se na língua e nas membranas mucosas orais. Em vacas, pode
desenvolver-se mastite, com lesões graves nos tetos. Os casos suspeitos devem ser notificados às
autoridades pertinentes.
A febre catarral maligna é uma doença viral de baixa morbidade, mas com letalidade de
aproximadamente 100%. São conhecidas duas formas da enfermidade: a africana, associada ao gnú
causada pelo Alcelaphine herpesvirus, e a americana, associada ao ovino, pelo Herpesvirus ovino tipo 2.
A doença possui característica epidemiológica importante, ocorre somente se há ovinos em contato com
bovinos, sendo que os ovinos, não são afetados, somente atuam como reservatórios do vírus.
Língua azul
A Língua Azul é uma doença infecciosa causada por um Orbivirus, da família Reoviridae, sendo o
vírus transmitido por insetos, principalmente mosquitos do gênero Culicoides. A doença apresenta caráter
subclínico, na maioria das vezes, e possui sinais clínicos como ulcerações orais, crostas no focinho,
inflamação no rodete coronário, afrouxamento dos cascos, claudicação, abortos, infertilidade. Apresenta
morbidade e mortalidade baixas. Na necropsia, uma lesão característica são as hemorragias na íntima da
artéria pulmonar próximo à saída do ventrículo direito.
Os sinais clínicos observados na intoxicação por arsênio são anorexia, diarreia hemorrágica,
ulcerações e erosões em todo o trato gastrintestinal, desidratação e fraqueza. Não há ocorrência de febre.
Para o diagnóstico é necessário identificar as possíveis fontes dessa substância tóxica, que pode estar
presente em determinados herbicidas (à base de metano arsonato ácido monossódico). Os principais
achados pós mortem são úlceras na mucosa oral, abomasal e congestão renal.
Os sinais clínicos são emagrecimento, intensa salivação, afrouxamento dos pelos da vassoura da cauda e
atrofia das papilas da língua. Ainda pode aparecer, apetite diminuído, corrimento seroso nasal e ocular.
Intoxicação por Amaranthus sp.
A intoxicação Amaranthus sp., planta nefrotóxica, desencadeia uremia e como consequência há
formação úlceras recobertas por fibrina na mucosa da cavidade oral, esôfago, pré-estômagos e abomaso.
Frequentemente, a intoxicação tem ocorrência sazonal, no fim de verão a início de outono,
correspondente ao período de frutificação da planta.
Os sinais clínicos são depressão, anorexia, emagrecimento, secreção nasal sanguinolenta, hipomotilidade
ruminal, diarreia fétida e escura, edema submandibular.
Necropsia
Você considera que pela cegueira e severa debilidade, além da necessidade de estabelecer um diagnóstico
para tratar o rebanho, opta pelo sacrifício deste bovino e necropsia.
Concluindo
Portanto, depois de analisar as lesões microscópicas você conclui que o caso se tratava de febre catarral
maligna.
Ao estabelecer o diagnóstico de febre catarral maligna deve-se adotar medidas de controle que incluem
impedir contato entre ovinos e bovinos e isolar bovinos afetados de bovinos sadios.
Existem tratamentos suportes que apresentam relativa melhora em determinados casos. Entretanto, a
doença é frequentemente fatal, não existindo tratamento especifico ou vacinas contra a enfermidade.
Referências
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