Você está na página 1de 5

São pelo menos cinco as doenças infecciosas que diagnóstico, mas de forma associada e correlacionada

atingem os cães: babesiose, erliquiose, cinomose, aos sinais clínicos.


parvovirose e coronavirose. Saiba mais sobre cada uma - Cinomose: É uma doença infectocontagiosa causada
delas a seguir: pelo morbilivirus, da família paramyxoviridae, e ordem
mononegaviridae. É uma afecção multissitêmica que
- Babesiose: Também conhecida como piroplasmose, afeta o sistema nervoso central, o tecido epitelial e o
febre do carrapato ou “tristeza parasitária”, é causada sistema imune. A cinomose acomete canídeos
por protozoários intraeritrocíticos do gênero Babesia domésticos e possui altas taxas de mortalidade. Pode
(os Babesia canis e Babesia gibsoni são as principais ser transmitida por secreções - espirro, saliva, fezes,
espécies que infectam cães). Os transmissores podem urina e fômites - eo período de incubação é de uma a
ser carrapatos de diferentes gêneros e espécies que, quatro semanas. Os sintomas variam de acordo com o
durante o repasto, inoculam a forma infectante, sistema acometido. Se for o respiratório, por exemplo,
também chamada de esporozoíto. O período de os sintomas são pneumonia, tosse estridente e úmida,
incubação varia de 10 a 20 dias, com início logo após a crepitação, descarga nasal serosa e mucopurulenta; se
infecção. A parasitemia é identificada facilmente logo for o sistema oftálmico, os sintomas já são uveíte,
após o 14º dia de infecção, período em que o micro- inflamação do nervo óptico e da retina, degeneração,
organismo se multiplica no eritrócito. Os sinais clínicos necrose e atrofia da retina, lesões circunscritas no
são febre, depressão, fraqueza, indisposição, anemia tapete (“medalhões dourados”), conjuntivite e
severa, anorexia, taquipneia, taquicardia e ceratoconjuntivite seca. O diagnóstico ocorre pela
hemoglobinúria. Também podem ser diagnosticadas demonstração da inclusão viral no exame citológico,
apresentações clínicas hiperaguda, aguda, crônica e anticorpos fluorescentes em amostras citológicas e/ou
subclínica. O diagnóstico é estabelecido por métodos histológicas e PCR.
como esfregaços sanguíneos com coloração de Giemsa,
hemoaglutinação, fixação do complemento, testes de - Parvovirose: É uma doença infecciosa causada pelo
imunofluorescência ou de aglutinação, Reação em Cadeia parvovírus tipo 2 (PVC2). A sintomatologia começa a se
da Polimerase (PCR) e ELISA. estabelecer de 5 a 12 dias após a infecção por via oral-
fecal. Uma vez no organismo, o vírus age destruindo as
- Erliquiose: É causada por uma riquétsia, a Ehrlichia células intestinais. Sua intensidade depende da cepa e da
canis, um parasita intracelular, mais especificamente de quantidade no inóculo, o que torna os cães de raças
leucócitos. Ela é transmitida para os cães pelo mais susceptíveis e capaz de infectar gatos. Os
carrapato Rhipicephalus sanguineus, mas também pode sintomas clínicos são destruição das vilosidades
haver infecção por meio de transfusões sanguíneas. Os intestinais, diarreia, vômito e hipoalbuminemia. O
sinais clínicos variam entre os mais leves e os intensos, diagnóstico ocorre com base na anamnese.
mas pode ser que o paciente não apresente qualquer
sintoma. Essa variação tem relação direta com a - Coronavirose: Age destruindo as células maduras dos
duração da doença, que é classificada nas fases aguda, vilos intestinais, mas não afeta a cripta, como o vírus
subclínica e crônica. O diagnóstico é estabelecido com parvovirose. O diagnóstico também é pela anamnese.
base na visualização de mórulas de erliquia, presentes
principalmente no esfregaço da ponta da orelha. A
sorologia e a PCR podem ser usadas para fechar o
Diarreia

Neste tópico vamos nos restringir às doenças Existem dois tipos de diarreia aos quais o candidato deve
endócrinas que atingem os cães, como o hipotireoidismo se atentar ao estudar clínica médica de pequenos
e tireotoxicose/hipertireoidismo. Mais à frente, animais.
desenvolveremos as doenças endócrinas que atingem os
gatos. - Enterite aguda: Pode ser causada por alterações
abruptas de dieta, uso de aditivos e parasitas, assim
- Hipotireoidismo em cães: É classificado como primário, como por causas inespecíficas. Os sintomas clínicos são
secundário ou terciário, conforme a origem dentro do diarreia, presença ou não de vômito, desidratação,
eixo glandular hipotálamo-hipófise-tireoide. O febre, anorexia, prostração, dor abdominal e
hipotireoidismo primário pode ser chamado de hipoglicemia. O diagnóstico é estabelecido através de
etiopatogenia, e consiste na produção deficiente de exame físico e exame coprológico, além de anamnese.
hormônios tireoidianos por destruição ou problemas com
a tireoide. Os dois achados mais comuns nesse distúrbio - Infecciosa e parasitária: As causas mais comuns de
são tireoide linfocítica e atrofia idiopática. O diarreia infecciosa em caninos são parvovírus canino,
hipotireoidismo secundário, por sua vez, resulta da falha coronavírus, nematódeos, ancilóstomos, tênias,
de desenvolvimento dos tireotrofos hipofisários ou de coccidiose, giardia, Trichuris e trichomonas foetus. No
sua disfunção, causando secreção de tireotropina (o caso dos nematódeos (toxocara canis e toxocara cati), o
hormônio estimulante da tireóide, por consequência da paciente apresenta diarreia, crescimento retardado,
deficiência na síntese e secreção do hormônio pelame opaco, menor ganho de peso e aumento de
tireoidiano, levando gradativamente a uma atrofia e, volume abdominal. O diagnóstico é estabelecido mediante
consequentemente, à ausência do TSH). Pode ocorrer realização de exame de fezes. Já na ancilostomíase
também por conta de neoplasia e uso de drogas. Já o (ancylostoma e uncinaria), a contaminação pode ser por
hipotireoidismo terciário é considerado uma forma rara via transmamária (ingestão de colostro). O paciente
de ocorrência em cães e gatos, visto que não há dados apresenta sintomas como anemia, melena,
relatando a ocorrência. De todo modo, na medicina hematoquezia, diarreia e falha no crescimento. Há risco
humana são apontadas causas para a ocorrência dessa à saúde pública. Uma outra causa da diarreia infecciosa
patologia, sustentada na deficiência na secreção do é a tênia (dipylidium caninum), caso em que o paciente
hormônio liberador de tireotropina pelos neurônios apresenta irritação anal e esfrega o ânus no chão. O
peptidérgicos. Entre os sinais clínicos do hipotireoidismo diagnóstico é estabelecido no parasitológico de fezes.
estão: letargia, retardo mental, aumento de peso e
apetite, alterações dermatológicas, neuromusculares e Coronavirose felina
reprodutivas, cauda de rato, seborreia e piodermite,
pelo opaco, fraqueza, tropeços, aumento no intervalo Existem dois patótipos (grupos de virulência) no âmbito
dos cios da fêmea e sangramento prolongado no estro. da coronavirose felina.

- Tireotoxicose/Hipertireoidismo: Esse tipo não é - Coronavírus entérico (FECV): Tem tropismo pelo
comum, por causa da administração excessiva de epitélio intestinal e apresenta diarreia como principal
levotiroxina sódica no cão e devido à ocorrência de uma sinal clínico - mas há também febre, apatia, anorexia,
adaptação fisiológica que dificulta a absorção aumento de volume abdominal, dificuldade respiratória,
gastrointestinal e aumenta a depuração do hormônio perda de peso, icterícia.
tireóideo pelo fígado e pelos rins.
- Vírus da peritonite felina: Se replica em macrófagos,
provocando doença sistêmica. A teoria mais aceita para alterações clínicas em gatos e sem evidência
explicar esse fato é a de que se trata do mesmo vírus laboratorial. No diagnóstico de hipertireoidismo usa-se
que sofre mutação no paciente persistentemente combinação de sinais clínicos, palpação da tireoide e
infectado. teste laboratoriais ou de imagem.

No geral, assume-se que todos os gatos são portadores Quais as principais doenças que acometem os
do FECV, mas nem todos manifestam a doença. A felinos?
disseminação viral é pela via fecal-oral e a eliminação do Os felinos também podem sofrer de diversas
vírus pode se manter por semanas após a infecção, doenças, algumas mais graves que outras. No caso dos
podendo ser transitória, recorrente ou crônica. O gatos, a grande maioria destas doenças é provocada
diagnóstico ocorre após exclusão de todas as outras por diferentes tipos de vírus. Felizmente, com a
causas de diarreia e a identificação do vírus nas fezes. prevenção adequada é possível evitar, pois já existem
vacinas para algumas doenças.
Informações importantes: o vírus pode sobreviver por
meses em ambientes secos; a transmissão placentária é Leucemia felina (FeLV)
rara, assim como a presença do vírus na saliva; a Esta doença afeta, geralmente, filhotes e gatinhos
transmissão indireta pode ocorrer através de fômites jovens e é comum em grandes grupos como criações e
(caixa de areia e mãos); bengal e persa são colônias de rua. É uma das doenças mais graves pela
referenciados na literatura como raças mais facilidade de transmissão e alcance de danos que
predispostas; não há distinção sexual; há possibilidade de provoca, incluindo a morte. Provoca tumores em
ocorrência de coinfecções com o FIV/FeLV. diferentes órgãos do corpo do gato afetado, inflamação
dos gânglios, anorexia, perda de peso, anemia e
Hipertireoidismo em gatos depressão. É uma doença viral e sua transmissão se da
pelo contato com os fluidos corporais, por exemplo,
O hipertireoidismo felino suscita da excessiva produção lutas de gatos podem provocar alguma ferida que
e secreção de tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) pela sangra, quando eles se limpam e lambem e acabem
glândula tireoide. Quase sempre causado por uma entrando em contato com fluidos corporais de outros
disfunção automática da tireoide, raramente por gatos. Se partilharem uma caixa de areia também
alteração no hipotálamo ou na hipófise, pode levar ao podem entrar em contato com urina e fezes de outros
bócio. Outras causas descritas por hipertireoidismo gatos. Uma mãe infetada pode passar o vírus através
estão vinculadas ao adenoma tireoideano ou à hiperplasia do leite ao amamentar as crias, entre muitas outras
adenomatosa multinodular e ao carcinoma tireóideo formas de transmissão por contato de fluidos. A melhor
funcional, sendo esse responsável por apenas 2% dos forma de prevenir esta doença é vacinando e evitando
casos. Os sintomas clínicos são taquicardia, que o seu gatinho entre em contato com outros animais
hiperatividade, emaciação progressiva, polifagia, êmese, já doentes.
poliúria, polidipsia que pode mascar doença renal crônica
e diarreia. Para estabelecer o diagnóstico, o clínico deve Panleucopenia felina
se valer da sintomatologia clínica de polifagia, má Esta doença é provocada por um parvovírus que,
condição clínica, pelagem opaca e aumento da glândula de alguma forma, está relacionado com o parvovírus
tireoide (deve-se palpar a tireoide sempre que houve canino. Também é conhecida como cinomose felina,
suspeita dessa afecção). O achado de um ou mais lobos enterite ou gastroenterite infecciosa. A infecção ocorre
tireoideanos aumentados no exame físico não pode pelo contato com fluidos corporais de um animal
definir se o animal é hipertireoideo, pois o aumento da infectado. Os sintomas mais comuns incluem febre e,
tireoide ocasionalmente pode ser encontrado sem mais tarde, hipotermia, vômitos, diarreia, depressão,
fraqueza, desidratação e anorexia. Realizando exames Estes microrganismos são parasitas intracelulares que
de sangue, é possível verificar uma queda significativa se contagiam através do contato direto com fluidos e
dos glóbulos brancos e/ou leucócitos. Esta doença viral secreções corporais. Não é uma doença mortal, mas
afeta filhotes e gatinhos jovens de forma mais grave. O para evitar complicações que podem resultar na morte
tratamento consiste em hidratação intravenosa e do gato, deve consultar o veterinário assim que possível
antibióticos, entre outras coisas que dependem do para iniciar o tratamento. A pneumonite felina,
avanço da doença e do estado do gato doente. Esta juntamente com rinotraqueite felina e calicivirose,
doença é mortal, então é importante separar o gato forma o conhecido complexo respiratório felino. Os
doente dos demais. A prevenção consiste em vacinar e sintomas da pneumonite felina incluem lacrimejamento
evitar o contato do seu pet com outros gatos já excessivo, conjuntivite, pálpebras doloridas e
doentes. avermelhadas secreção ocular abundante que pode ser
amarelada ou esverdeada, espirros, febre, tosse, coriza
Rinotraqueite felina e falta de apetite, entre outros. O tratamento deve ser
Neste caso, o vírus que provoca a doença é baseado em antibióticos além de limpezas oculares,
um herpesvírus.O vírus permanece nas vias aéreas, repouso, dieta alta em carboidratos e, caso seja
provocando infecções do trato respiratório. Entre 45 e necessário, fluido terapia com soro. Como na maioria das
50 % das doenças respiratórias em gatos são causadas doenças, a melhor prevenção é a vacinação e evitar o
por este vírus. Afeta particularmente gatos jovens não contato com gatos que possam ter essa doença e
vacinados. Os sintomas incluem febre, espirros, coriza, transmiti-la.
conjuntivite, lacrimejamento e até úlceras na córnea. É
contagiado através do contato com fluidos como Imunodeficiência felina (FIV)
secreções nasais e saliva. Esta doença pode ser É conhecida como a aids felina ou aids dos gatos. A
prevenida com a vacinação adequada. Não existe um transmissão da FIV se dá basicamente pelo contato com
tratamento específico para a doença, sendo tratados o sangue, quando um gato é mordido ou arranhado por
os sintomas. Os felinos curados tornam-se portadores, um gato portador do vírus , geralmente, em lutas e
uma vez que já não apresentam os sintomas, mas durante a reprodução. Gatas infectadas também podem
continuam a hospedar o vírus, podendo infetar outros transmitir para seus filhotes por via transplacentária ou
indivíduos. O ideal é a prevenção através da vacinação. através da amamentação. Os sintomas que fazem os
tutores suspeitar dessa doença incluem depressão
Calicivirose ou calicivírus felino absoluta do sistema imunológico e doenças secundárias
Esta doença viral felina é provocada por um oportunistas. Estas doenças secundárias são,
picornavírus. A sintomatologia inclui espirros, febre, geralmente, as que provocam a morte do gato doente.
muita salivação e até úlceras e bolhas na boca e na Os especialistas ainda não encontraram uma vacina
língua. É uma doença generalizada com alta mortalidade. eficaz, mas existem alguns gatos que desenvolvem
Compõe entre 30 e 40% dos casos de infecções resistência a essa doença por estarem em contato com
respiratórias nos gatos. O animal afetado que consiga gatos já doentes.
superar a doença passa a transportador, podendo É muito importante saber que a FIV só é
transmitir a doença. transmitida de gato para gato, e não para humanos ou
outros animais.
Pneumonite felina
Esta doença produz um microrganismo conhecido Peritonite infecciosa (PIF)
como Chlamydia psittaci que produz uma série de Neste caso, o vírus que provoca a doença é um
infecções conhecidas como clamídias que se coronavírus que afeta mais gatos jovens e,
caracterizam por rinites e conjuntivites nos gatos. ocasionalmente, idosos. Pode ser transmitido por via
transplacentária ou através do contato direto e
contínuo de secreções orais e respiratórias. A
eliminação do vírus se dá pela saliva, urina e fezes. É
mais comum em zonas com muitos gatos como
criadouros, colônias de rua e outros lugares onde existe
convívio de muitos gatos. Os sintomas mais notórios
incluem febre, anorexia, aumento do volume abdominal e
acumulação de líquido no mesmo. Isto acontece porque o
vírus ataca os glóbulos brancos, provocando uma
inflamação das membranas das cavidades torácicas e
abdominais. A PIF ainda não tem cura, infelizmente. No
entanto, existem tratamentos paliativos que podem
ajudar a prolongar a vida dos gatos com PIF e deixá-lo o
mais confortável possível. A progressão da doença pode
ser reduzida com antibióticos, antinflamatórios e
quimioterápicos. Apenas pode ser administrado um
tratamento sintomático de apoio para aliviar as dores e
desconfortos que o gato apresenta.

Você também pode gostar