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LIPIDOSE HEPÁTICA

FELINA
Doenças associadas, diagnóstico
e tratamento da LHF
2. 19.
SUMÁRIO CONCLUSÃO

3.
INTRODUÇÃO

5.
CLASSIFICAÇÃO E DIAGNÓSTICO
Tipos de lipidose hepática felina,
sintomas e exames

10.
TRATAMENTO
A abordagem nutricional no manejo
terapêutico

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Introdução

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Introdução

Hepatopatia mais comum entre os gatos, a Com o desequilíbrio de lipídios, o organismo

lipidose hepática felina (LHF) se desenvolve animal apresenta queda no desempenho do

pelo excesso de gordura no fígado. Via de trato biliar. É assim que se inicia, na maioria

regra, ela pode acometer gatos de todas as dos casos, a lipidose hepática felina. Diante de

raças e idade de quatro a 12 anos. A doença um quadro tão complexo, que envolve nutrição

tem sido registrada em associação com e comorbidades, o tratamento da doença exige

outras doenças, como diabetes melito e neo- manejo terapêutico ágil e assertivo.

plasmas.

Como o gato é um animal basicamente carní- Este eBook descreve aspectos introdutórios

voro, seu metabolismo precisa de aminoáci- sobre diagnóstico, tratamento e doenças

dos, ácidos graxos essenciais e vitaminas. Em associadas, e utiliza como base o artigo Lipi-

casos de anorexia, a deficiência dessas subs- dose Hepática Felina, do volume 2 do 3º ciclo

tâncias resulta em um balanço energético do Programa de Atualização em Medicina

negativo aos animais. Nos casos de obesidade Veterinária de Pequenos Animais (PROME-

ocorre o inverso: a presença dessas substân- VET).

cias torna-se excessiva. Boa leitura!

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Classificação
e diagnósticos
Tipos de lipidose hepática
felina, sintomas e exames

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Classificação e diagnósticos

A lipidose hepática felina acontece quando o Introdução de alimento pouco palatável;

fígado sofre alterações na captação, na sínte- Redução da ingestão de alimento após um


evento estressante.
se, na degradação e na secreção de lipídeos.

Os ácidos graxos livres são mobilizados do A lipidose hepática secundária é mais comum
tecido adiposo para o fígado em quadros de – registra 95% dos casos de LHF. Ela costuma
anorexia. Assim, podem ser oxidados para ocorrer em função da presença de doenças
produzir energia. Ou, ainda, esterificados a associadas, como:
triglicérides para posterior armazenamento.
Diabetes melito (DM);

Pancreatite;
A doença é subdividida entre os tipos primário
Doenças hepatobiliares inflamatórias;
e secundário. A lipidose hepática primária é
Doenças gastrintestinais;
registrada nos seguintes casos:
Doença renal;
Anorexia em animais saudáveis por mu-
dança brusca de alimentação; Neoplasmas.

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Classificação e diagnósticos

Para se ter ideia da agressividade da doença, 90%

dos animais com lipidose hepática felina que não

realizam terapia nutricional agressiva vão à óbito.

Dos que são tratados de forma intensiva, o índice

de mortalidade oscila entre 10% a 40%. Em geral,

os primeiros sinais de mau funcionamento do

trato gastrointestinal são:

Vômitos;

Náusea;

Sialorreia;

Diarreia;

Constipação.

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Classificação e diagnósticos

Vale lembrar
Muitos animais apresentam hepatomegalia

não dolorosa durante a palpação abdominal.

Em alguns casos, além da sialorreia, os feli-

nos demonstram déficit de consciência e de

interação com o meio externo, além de

cegueira, convulsões, coma e nistagmo –

sinais evidentes de encefalopatia hepática.

Conheça a atualização profissional da

Associação Nacional de Clínicos

Veterinários de Pequenos Animais

(Anclivepa - Brasil).

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Classificação e diagnósticos

A confirmação da LHF se dá por exames

laboratoriais (hemogramas, eletrólitos,

testes de coagulação, urinálise, entre outros),

de imagem, citológicos e anatomopatológi-

cos.

Além de diagnósticos diferenciais, que

incluem: colangite, outras doenças hepáticas

agudas, obstrução de via biliar extra-hepáti-

ca, anomalia portossistêmica, hipertireoidis-

mo, peritonite infecciosa felina (PIF), toxo-

plasmose e septicemia, entre outras.

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Tratamento
A abordagem nutricional
no manejo terapêutico

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Tratamento

A abordagem terapêutica do animal com


LHF prioriza a reversão do catabolismo
proteico, correção dos distúrbios eletrolíti-
cos, manejo dos sinais clínicos e o trata-
mento da doença primária, quando
houver. Mas o suporte nutricional agressi-
vo é o ponto terapêutico crucial. Ele é con-
siderado, inclusive, a única terapia eficaz.
A correção nutricional deve ser imediata-
mente iniciada após o diagnóstico.

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Tratamento

O objetivo é reverter o desbalanço energético e o

estado de catabolismo típico da lipidose. A dieta

ideal consiste no alto índice de proteína, que

possui cerca de 30% a 45% da energia metaboli-

zável, e na ingestão de gordura moderada, que

representa 50% da energia metabolizável. Os car-

boidratos devem representar não mais que 20%

da energia.

A glicose pode ser utilizada como fonte de car-

boidratos, pois funciona aos enterócitos como

energia.

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Alimentação enteral

Além de causar aversão à comida, a alimentação

forçada por seringa deve ser evitada – é difícil

fornecer a quantidade ideal de alimentação por

essa via. É mais adequado, nesse caso, a alimen-

tação enteral, feita por meio de tubo ou sonda

flexível. As técnicas de alimentação enteral costu-

mam gerar bons resultados. A sonda nasoesofá-

gica é a alternativa mais viável para os primeiros

dias de tratamento.

Depois de estabilizado – e corrigido o desequilí-

brio eletrolítico, a hidratação e as desordens de

coagulação –, pode-se evoluir para a colocação

de sonda por esofagostomia ou gastrostomia. As

duas permitem alimentação com maior volume

de alimento, facilitando a continuidade da terapia

domiciliar.

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Atenção

A sonda nasoesofágica precisa ser medida e

marcada da ponta da narina até o sétimo ou

oitavo espaço intercostal. A fim de evitar o des-

conforto do paciente, instilam-se duas gotas de

anestésico local e lubrificante hidrossolúvel na

narina.

Somente depois se introduz a sonda, mantendo

a cabeça e o pescoço perpendiculares ao corpo

até que a sonda alcance a faringe. A colocação

de sonda por esofagostomia ou gastrostomia

exige anestesia geral, mas resulta em um proce-

dimento mais célere. A sonda deve ser limpa

com água a cada refeição.

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Tratamento

Durante os dez primeiros dias de alimentação

enteral, o gato não deve se alimentar pela

boca. Após esse período é possível oferecer

pequenas porções de alimento, identificando,

assim, o interesse gradual do paciente em se

alimentar sozinho. A utilização de sonda gás-

trica deve ser avaliada com cuidado, pois seu

deslocamento pode causar peritonite.

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Guia nutricional

O calendário de alimentação deve ser determi-

nado pela habilidade do paciente em aceitar o

alimento e pela logística de alimentação. O inter-

valo entre as refeições também configura um

aspecto relevante da terapia.

O valor energético deve ser calculado para uma

estimativa de peso ideal, evitando a superali-

mentação. Na maioria dos gatos de 50kcal/kg a

60kcal/kg de seu peso corporal indicam o seu

requerimento energético (RER) se a condição de

escore corporal for 3/5, 5/9 ou menos. Gatos

com escores corporais maiores do que 3/5 (ou

5/9) geralmente possuem a mesma massa

muscular daqueles com o escore 3/5.

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Guia nutricional

Sugestão de guia de alimentação para gatos


com lipidose hepática felina

Dia de alimentação Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6 a 9 Até o apetite
ser recuperado

% de requerimento 10-20 20-30 30-40 40-50 50-60 60-100 100


energético de repouso

Kcal de energia 5-12 10-18 15-24 20-30 25-36 30-60 50-60


metabolizável por kg
de peso ideal

Númeor de refeições 4-5 4-5 4 4 4 4 4-3


(intervalo mínimo de
três horas entre elas)

Fonte: Armstrong e Blanchard (2009).

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Guia nutricional

Quando o paciente apresentar degluti-


ções repetidas, salivação e vômito, a ali-
mentação deve ser suspensa. Nesses
casos, o volume é reduzido em 50% da
prescrição indicada nas últimas 12
horas desde a reação. Aos poucos, a ali-
mentação pode ser retomada ao padrão
anterior.

Saiba o que a educação continuada


pode fazer por você!

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18
Conclusão

19
Conclusão

A LHF precisa ser tratada a partir da administração cor-


reta do suporte nutricional. O desafio clínico é lidar com
adversidades, tais como náuseas e vômitos, sem deixar
de dar suporte ao reequilíbrio do organismo animal.
Além disso, a obesidade e a anorexia devem ser evita-
das e tratadas precocemente. Essa é, sem dúvida, a
forma mais segura de prevenção da lipidose hepática
felina.

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sional veterinário – como o diagnóstico e o tratamento
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