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Hepatopatias e doenças do

pâncreas
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O sistema digestório dos cães e gatos é complexo, composto por órgãos de diferentes
estruturas anatômicas e funcionais que atuam coordenadamente na execução do
processo de digestão e absorção de nutrientes e água necessários a manutenção da
homeostase corporal (SOUZA et al., 2011).

O trato gastrointestinal pode ser resumido como a parte do organismo necessária a


ingestão dos alimentos (nutrientes), suas transformações e absorção. Por outro lado,
aquilo que não pode ser absorvido é eliminado com as fezes. Se observarmos o trato
digestivo ele pode ser considerado como um canal que se inicia na cavidade oral e
termina no orifício anal; desta forma qualquer elemento não absorvível que esteja dentro
do trato digestivo, na realidade, está fora do corpo (ROCHA, 2018).

Ainda segundo Rocha (2018), o aparelho digestivo dos mamíferos é composto por boca,
esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. Além destes ainda temos
as glândulas salivares, fígado e pâncreas, consideradas como glândulas anexas. O
aparelho digestivo apresenta um diferente grau de especialização de acordo com a
espécie animal, pois está adaptado ao tipo de alimento e precisa ser diferente para
processar a digestão e absorção.

O pâncreas é uma das mais importantes glândulas dos sistemas endócrino e digestório. É
amarelado, exibindo semelhança com uma glândula salivar, embora de consistência mais
amolecida e mais frouxamente entrelaçadas. Sendo uma glândula que apresenta tanto
funções endócrinas quanto exócrinas, o pâncreas atua principalmente na secreção de
enzimas digestivas, responsáveis pela quebra de proteínas, gorduras e carboidratos da
dieta, realizando ainda a produção de insulina e outros hormônios que regulam o
metabolismo de carboidratos. Diversas enfermidades podem acometer este órgão, dentre
elas, neoplasias (adenomas, carcinomas) cálculos, inflamações (pancreatite), atrofia,
hiperplasia e distúrbios de suas secreções (MOREIRA; GUNDIM; MEDEIROS-RONCHI, 2017).

A pancreatite é definida como inflamação do pâncreas, geralmente resultado de uma


ativação inapropriada das enzimas da glândula, sendo mais comumente diagnosticada em
seres humanos, caninos e felinos. Nutrição, alguns fármacos, infecção, refluxo duodenal,
trauma, isquemia, e fatores genéticos são condições que podem desencadear o
desenvolvimento da enfermidade. A pancreatite é uma alteração do pâncreas exócrino,
mas que pode originar, se as enzimas atingirem as ilhotas de Langerhans de forma
extensa, distúrbios do pâncreas endócrino, como o Diabetes mellitus (DONATO; BECK;
FRAGA, 2015).

O fígado, um dos principais órgãos do organismo, desempenha papel muito importante no


metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas, além da detoxificação de metabólitos e
xenobióticos; no armazenamento de vitaminas, traços de metais, gordura e hidrogênio; na
regulação imunológica e na formação e eliminação da bile. As enfermidades que
acometem influenciam quase todo o metabolismo do organismo. A maior parte das
hepatopatias em cães é crônica e sua manifestação, em geral, acontece quando
aproximadamente 75% da função hepática já foi atingida. Dessa forma, na maioria das
vezes o diagnóstico é tardio, inviabilizando a cura e sendo possível apenas a manutenção
do paciente (HOWES, 2011).

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A Cirrose Hepática é o estágio final irreversível da lesão hepática crônica onde há morte
hepatocítica, a qual se qualifica por fibrose difusa e substituição de tecido hepático por
nódulos regenerativos de estrutura anormal. Por outro lado, o termo cirrose é impreciso e
não tem significado descritivo suficiente para justificar seu uso, já que este termo teve sua
origem como um adjetivo para designar a coloração alterada do fígado e recomenda que o
termo cirrose seja substituído pela expressão “fígado de estágio terminal”. A cirrose grave
e avançada gera perda de função no fígado dos animais afetados tornando evidente a
insuficiência hepática. A insuficiência hepática ocorre quando cerca de 70% a 80% da
massa funcional do fígado estiver comprometida, impedindo o órgão de realizar suas
funções adequadamente e pode ser resultado ou não de uma doença hepática
(YAMAMOTO et al., 2014).

A lipidose hepática é uma hepatopatia que pode acometer cães e gatos, bem como a
maioria dos animais domésticos, e os grandes animais. Dentre as causas para ocorrência
da doença citamos como principal, a permanência por mais de 10 dias do animal em um
quadro de anorexia, o que geralmente ocorre em animais que foram submetidos a algum
tipo de estresse mais severo, ou possua uma doença de base já previamente instalada.
Ela se caracteriza pelo acúmulo de gordura sobre o fígado, formando uma camada na qual
faz com que ele tenha sua fisiologia prejudicada, levando a necrose de algumas áreas,
causada pelo acúmulo de gordura. Essa hepatopatia não tem predisposição por sexo nem
idade, porém ocorre mais em animais obesos e da espécie felina. Com um manejo
nutricional adequado depois de diagnosticada a doença, temos bons resultados no
tratamento da lipidose hepática, onde às vezes se faz necessário a alimentação com uso
de sondas parenterais (VOLPATO; STURION; CACHONI, 2011).

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Referências
DONATO, Franciele Ceratti Dortzbacher; BECK, Cristiane; FRAGA, Denize Da Rosa.
Pancreatite crônica em canino. Salão do Conhecimento, XXIII Seminário de Iniciação
Científica, 6 p., 2015.

HOWES, Flávia. Hepatopatias crônicas em cães. Monografia. Universidade Federal de


Santa Maria. Rio Grande do Sul, 79 p., 2011.

MOREIRA, Thaís de Almeida; GUNDIM, Lígia Fernandes; MEDEIROS-RONCHI, Alessandra


Aparecida. Patologias pancreáticas em cães: revisão de literatura. Arquivo de Ciências
Veterinárias e Zoologia, UNIPAR, v. 20, n. 2, p. 109-115, 2017.

ROCHA, Newton da Cruz. Digestão dos animais domésticos. 11 p., 2018.

SOUZA, F. B.; CHAVES, A. S. Y.; CÓCCIA, G. K.; FRANCO, J. A. G.; RODRIGUES, S. V. V.;
FILHO, T. J. F. Torção volvulogástrica em cães. 6 p., 2011.

VOLPATO JR, L. E; STURION, D. J.; CACHONI, A. C. Lipidose hepática em caninos e felinos –


Revisão de Literatura. 9 p., 2011.

YAMAMOTO, L. K.; OCHI, P.; SUHETT, W. G.; CAZANGI, D.; MENDES, L. M. P.; PEREIRA-
JUNIOR, O. C. M. Cirrose Hepática – Revisão Bibliográfica e Relato de Caso. Revista de
Ciência Veterinária e Saúde Pública, v. 1, n. 1, p. 008-014, 2014.

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