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Otopatias

Débora Papa
Anatomia
Ouvido Externo
- Pavilhão auricular
- Canal Vertical
- Canal Horizontal

Ouvido Médio
- Membrana Timpânica
- cavidade timpânica
- Ossículos
- Tuba auditiva, nervos,
músculos e ligamentos

Ouvido Interno
- Cóclea (acústica)

Equilíbrio (Labirinto):
- Canais Semicirculares
- Sáculo e Utrículo
SISTEMA VESTIBULAR ou
LABIRINTO
Anatomia
 O pavilhão auditivo:
-Cartilagem
-Tecido epitelial escamoso

estratificado

- Extensão da pele!
Pele fina, rósea,folículos pilosos, glândulas
sebáceas e ceruminosas (comp. 5 a 11 cm)
Anatomia
 Ouvido Médio

Membrana

Timpânica
Anatomia
 Ouvido Interno

Fonte: Lab. Biologia - Unicamp


Otite Externa
 Otite é qualquer inflamação do conduto
auditivo

Otite externa é uma inflamação aguda


ou crônica do epitélio do conduto
auditivo externo

 Casuística muito frequente na prática


clínica! RECIDIVAS!
Otite Externa
Lateralidade
Unilateral Bilateral

 Evolução
Agudas Crônicas Crônicas recidivantes

Localização
Externas Médias Internas
Otite Externa

8 a 15% dos casos gerais da clinica são


otites

 Destes 77% são Otite Externa Crônica

5 a 20% da população canina

 2 a 6% da população felina
Otite Externa
São diversos os fatores envolvidos no
desenvolvimento da otite externa

Multifatorial!
Otite Externa
FATORES
PREDISPONENTES

FATORES
PRIMÁRIOS

FATORES
PERPETUANTES
Otite Externa

FATORES
PREDISPONENTES
Fatores Predisponentes

 Aqueles que tornam a orelha susceptível à


inflamação

 Facilitam a otite

Isoladamente, raramente causam a otite


Fatores Predisponentes

 Anatomia da Orelha

Pina Pendulosa Pina mto exposta


Fatores Predisponentes

 Anatomia da Orelha

Raças que produzem


mto cerumen
Fatores Predisponentes

 Anatomia da Orelha

Mta qtidade de pelos


dentro da orelha
Fatores Predisponentes

 Temperatura e Umidade Excessiva


Fatores Predisponentes

 Fatores Iatrogênicos

Limpezas inadequadas

Tratamentos inadequados
Fatores Predisponentes
 Doenças Obstrutivas

-Estenoses

- Tumores
- (glds. Ceruminosas, carcinoma de cél. Escamosas, Papilomas,
Mastocitomas)

- Pólipos
Fatores Predisponentes

Tumor no Canal

Vertical

te( (Renato Dornas, 2017)


Otite Externa

FATORES PRIMÁRIOS
Fatores Primários

 São os fatores que iniciam o processo


inflamatório

O sucesso do tratamento depende da


identificação deste processo
Fatores Primários
1.Doenças Alérgicas e de Hipersensibilidade
-É o principal fator primário da otite externa
Dermatite Atópica

> 55 % cães apresentam otite


3 a 5% dos cães apresentam somente a otite
Alergia Alimentar
> 80% cães apresentam otite
25% dos cães apresentam somente a otite
Fatores Primários
1.Doenças Alérgicas e de Hipersensibilidade
Dermatite alérgica por contato

Dermatite seborréica

Farmacodermia

DAPE
Fatores Primários
1.Doenças Alérgicas e de Hipersensibilidade
Prurido!

O ato de coçar lesa o epitélio


Fatores Primários
 2. Corpos Estranhos
- Causas menos comuns

-Gravetos, areia, insetos mortos


 3. Doenças endócrinas
Hipotireoidismo (otite crônica)

4. Distúrbios sebáceos


 5.Doenças auto-imunes (lupus,celulite juvenil)
Fatores Primários
 6. Ácaros
- Otodectes Cynotis Sarna Otodécica

50% otites em gatos


5-10% otites em cães

- habita a superfície cutânea e os condutos


auditivos de cães e gatos
Fatores Primários
 6. Ácaros
- ciclo evolutivo: 18 a 21 dias ALTO CONTAGIO

( ovo, larva, ninfa e adulto)

-Vivem na superfície da pele, não escavam


galerias, mas irritam as glândulas ceruminosas
do ouvido, enchendo o canal com cerume,
sangue e suas próprias excreções

- Cerúmem e Crostas
Fatores Primários
 Ácaros
- Otodectes Cynotis Sarna Otodécica
Fatores Primários
 Ácaros
-Demodex canis
-Sarcoptes scabiei
-Notoedris cati
-Carrapatos
Otite Externa

FATORES PERPETUANTES
Fatores Perpetuantes
 Fator Persistente

São responsáveis pela continuação da


resposta inflamatória (mantém e agravam)

 o fator primário original pode não estar mais


presente ou ativo
Fatores Perpetuantes
 Infecções bacterianas secundárias

 Infecções Fúngicas (Malasseziose)

 Hiperqueratose (espessamento pele)

 Oclusão do conduto (Estenoses)

 Otites médias

 Erros de tratamento
Fatores Perpetuantes
Infecções bacterianas
- Microbiota normal (comensais)

- Desequilíbrio -- da colonização --- Infecção


Staphylococcus intermedius
Pseudomonas aeruginosa
Proteus mirabilis
E. coli
Corynebacterium spp
Enterococcus spp
Streptococcus spp
Fatores Perpetuantes
Infecções bacterianas
Fatores Perpetuantes
Infecções bacterianas
Fatores Perpetuantes
Infecções Fúngicas (Malasseziose)

- Malassezia pachydermatis
- Fungo residente normal,

mesmo sem otite

-Aumento da colonização
-Dermatite esfoliativa, farinácea
- Mau cheiro no pavilhão auricular
Fatores Perpetuantes
Infecções Fúngicas (Malasseziose)

-
Otite Externa
 Patofisiologia da Otite Externa

Inflamação

CERÚMEM
HIPERPLASIA DE
ERITEMA GLS SEBÁCEAS
EDEMA E EPITÉLIO
ESPESSAMENTO
EPIDERME E
DERME
Otite Externa
 Patofisiologia da Otite Externa Crônica
 SINAIS CLÍNICOS: Otite Externa
-Eritema, edema, descamação
- Alopecia
- Prurido
- Dor
- Balançar de cabeça, cabeça inclinada
- Autotraumatismos (escoriações, Otohematoma)
- Exsudação, cerúmen excessivo, odor fétido
Otite Externa
Otite Externa
Otite Externa
Otite Externa
- EXSUDATO:

Coloração Sugere:
Escuro Ácaro
Amarelado / Estafilo
Amarronzado
Purulento e Fétido Proteus ;
Pseudomonas
Ceruminoso marrom Malassezia
“chulé”
Otite Média
 Desenvolve usualmente como extensão da
otite externa!

16% cães com otite externa


82% cães com otite externa crônica

 Inflamação da cavidade timpânica – Via


Descendente (Atua como Fator Perpetuante da Otite
externa)

Pode romper a membrana timpânica (bilateral)


 corpos estranhos, pólipos, neoplasias
Otite Média
 A OM na sua maioria é oriunda de uma afecção do
ouvido externo

Age paralelamente como Fator Perpetuante


importante da Otite Externa

 Não permite que o conduto auditivo torne-se isento


de microorganismos patogênicos

 Importante seu Diagnóstico e Tratamento


 É de difícil diagnóstico e sub-diagnosticada
Otite Média
 Sinais Clínicos
- Otite Externa

-Dor na articulação têmporo-mandibular


- Redução da audição
- Lesões no nervo facial
- Lesões do nervo vago e inervação simpática
do globo ocular (Síndrome de Horner)
*

PARALISIA DO NERVO FACIAL


*

( SÍNDROME DE HORNER (Ptose, miose e enoftalmia)


Diagnóstico
 ANAMNESE

- Objetivo: Determinar o Fator Primário!


-Estado geral de saúde
-Existência de doenças metabólicas ou endócrinas
-Exposição recente à outros animais
-Estado dermatológico de outras partes do corpo
-Tratamento anterior do conduto?
-Raça
 EXAME CLÍNICO GERAL
Diagnóstico
E DERMATOLÓGICO
- estado de saúde geral
- Saúde de toda a pele (eritema, descamação, pústulas, crostas...

- linfadenopatias
- Avaliar conduto externo e interno

- Otoscopia!
 OTOSCOPIA
Diagnóstico
- Avaliar sempre ambos os ouvidos
- Iniciar pelo lado menos acometido
- Iniciar pelo Pavilhão Auricular, verificando presença
de crostas, eritema, exsudato,fibrose, calcificação,
corpo estranho, neoplasias, pólipos

- Otoscopia com acurácia e verificação de integridade


da membrana timpânica (OM) deve ser feita com
animal sedado!
Diagnóstico

Canino ≠ Humano
Tamanho das cânulas
Diagnóstico

Fonte: Evandro Silva Favarato (UFV)


Diagnóstico
 CITOLOGIA AUDITIVA
Diagnóstico
- Identificação de Fatores Perpetuantes
- Identificar e quantificar a presença de Microorg.

- Células inflamatórias (neutrófilos, macrófagos)

- Células neoplásicas

- Eritrócitos (presente em ulcerações epidermicas)

- Ácaros
- > 10 leveduras / campo (Malasseziose)
 CITOLOGIA AUDITIVA
Diagnóstico
- Realizar em ambos os condutos
- Identificar

- Coletar antes da limpeza


Diagnóstico
 CULTURA E ANTIBIOGRAMA

- Indicada quando são encontradas bactérias no


exame citológico (em grande número!)

- Fundamental nas otites crônicas


-Indicada quando há falta de respostas ao tratamento
indicado

-Na suspeita de Otite Média


- Coleta-se amostras da secreção auricular com swab
Diagnóstico
 RADIOGRAFIA

- Radiografia do Sistema Vestibulococlear (SVC)


- É um dos exames mais esclarecedores

- Indicado p/ diag de Otite Média

- Avaliação de integridade de membrana timpânica

-Posição ventro-dorsal e rostrocaudal de boca aberta


- Uso de contrates dentro do canal auditivo
(canalografia) – iohexol ; urografina
Diagnóstico
 RX
Diagnóstico
 RADIOGRAFIA

- Achados frequentes nas Otites:


- espessamento da membrana timpânica (MT)

- preenchimento da cavidade timpânica com


secrecoes

- edema

- calcificação do conduto auditivo externo

- alteração da densidade óssea periférica ao SVC


Diagnóstico
 US, TOMOGRAFIA , RESSONÂNCIA
- Melhor definição de tecidos moles e bula timpânica
Tratamento
 Objetivo
 Controlar ou Remover Fatores Primários

 Reduzir a inflamação

Combater infecções (Bacterianas; Fúngicas)

 Limpeza do conduto
Tratamento
TÓPICO

CLÍNICO SISTÊMICO

LAVAGEM AUDITIVA

CIRÚRGICO
Terapia Tópica Tratamento
 Para cães e gatos é a mais indicada

 Eh eficiente na maioria das vezes

 Visa uma ação local e imediata

 Maioria dos produtos apresentam na sua fórmula:

Anti-inflamatório, Antibiótico e Antifúngico


Terapia Tópica Tratamento
A) SOLUÇÕES DE LIMPEZA:

-Fundamental para retirada de debris

- Usar e retirar a secreção p/ ação do medicamento

-Só deve ser realizada se o tímpano estiver íntegro

-Não realizar caso o conduto estiver fechado. Nestes


casos deve-se realizar a abertura do canal primeiro
Tratamento
Terapia Tópica

A) SOLUÇÕES DE LIMPEZA:

A) Produtos Ceruminolíticos

- Evitar produtos mto ácidos - irritantes (ac. Lático / salicílico)

B) Surfactantes e Detergentes

- Emulsificam, amolecem e degradam exsudato


Terapia Tópica Tratamento
LIMPEZA:
Dioctila sódica
Sulfossuccinato de cálcio
Peróxido de carbamina
Propilenoglicol
Glicerina
Óleo mineral
Outros ingredientes: ácidos, álcool
Tratamento
Terapia Tópica

Soluções ácidas! Menos utilizados ultimamente


Tratamento
Terapia Tópica
https://www.ourofinopet.com/produtos/dermatologicos/limp-hidrat/
Tratamento
Terapia Tópica

B) SOLUÇÕES MEDICAMENTOSAS:

- Corticóides

- Anti-fúngicos

- Antibióticos
Tratamento
Terapia Tópica

B) SOLUÇÕES MEDICAMENTOSAS:

- Corticóides

- Anti-fúngicos

- Antibióticos
Terapia Tópica Tratamento
B) SOLUÇÕES MEDICAMENTOSAS: (CORTICÓIDES)

- Hidrocortisona e Prednisona (otite suave)


- Triancinolona e isoflupredona (moderados)
- Dexametasona e Betametasona (potentes)
- DMSO + Fluocinolona (mto potentes, inibe a
inflamação que é um mecanismo de defesa)
Terapia Tópica Tratamento
B) SOLUÇÕES MEDICAMENTOSAS: (ANTIBIÓTICOS)
- Neomicina

- Neomicina + Polimixina B

- Gentamicina (maioria)

- Enrofloxacina

- Orbifloxacino
Terapia Tópica Tratamento
B) SOLUÇÕES MEDICAMENTOSAS: (ANTIFÚNGICOS)

- isoconazol,
-fluconazol,

- aconazol,

- itraconazol,

- clotrimazol

- cetoconazol
Terapia Tópica Tratamento
B) SOLUÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Terapia Tópica Tratamento
B) SOLUÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Terapia Tópica Tratamento
B) SOLUÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Terapia Tópica Tratamento
B) SOLUÇÕES MEDICAMENTOSAS:

Administrar 1 mL do produto (1 borrifada) por orelha por


dia, durante no minimo 5 dias consecutivos
Terapia Tópica Tratamento
B) SOLUÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Terapia Tópica Tratamento
Dose no dia 0
B) SOLUÇÕES MEDICAMENTOSAS: Dose no dia 7
Terapia Tópica Tratamento
B) SOLUÇÕES MEDICAMENTOSAS:

1 única dose

Florfenicol
Terbinafina
Mometasona
Tratamento
Terapia Sistêmica
Otite externa grave, crônica ou otite média
Indicação quando conduto estiver fechado
 Hiperplasia epitelial grave
 Ulcerações epiteliais disseminadas
Ruptura de membrana timpânica
 Labirintite e Meningite
Tratamento
Terapia Sistêmica
Não é comumente utilizado pois:
 Fármacos tem dificuldade de ultrapassar a barreira
epitelial do ouvido

Muitos fármacos tem ação ototóxica em cães e


gatos – cloranfenicol, gentamicina, neomicina,
tobramicina, vancomicina, polimixina B
Tratamento
Terapia Sistêmica
 Normalmente 6 a 8 semanas de terapia
 Persistir por 7 dias após cura clínica
Utilizar resultados de cultura e anti-biograma!
Sulfadiazina-trimetoprim (25 mg/kg q 12h)
Cefalexina (20 a 30 mg/kg q 12h)
Enrofloxacina (5 a 10 mg/kg q 12h)
Cetoconazol (10 mg/kg q 24h)
Prednisona (0.25-0,5mg/kg, BID, período curto)
Tratamento
LAVAGEM
 Utilizar as soluções ceruminolíticas antes
 Irrigar o conduto com solução salina morna através
de uma sonda (tb usa-se clorhexidine, pvpi)

 Aspirar
Secar
Tratamento
Terapia Sarna Otodécica
Fipronil Eficácia 100%

Top Spot - 6 gotas / orelha e entre escápulas

(única aplicação)
TopSpot – 2 gotas / orelha e entre escápulas

( 2 aplicações com intervalos de 30 dias)

Spray – dentro orelhas e corpo todo


(única aplicação)
Tratamento
Terapia Sarna Otodécica
Selamectina (revolution)

Cães – aplicação entre as escápulas


Dose única - eficácia 94%
Gatos – aplicação entre as escápulas

2 doses intervaladas de 30 dias – eficácia 100%

Usar Removedor de cerúmen diariamente !!!


Tratamento
Terapia Sarna Otodécica
Imidacloprid (Advantage)
Cães até 10 Kg – (0,5 mL / orelha)

Cães acima 10 Kg – (1,0 mL / orelha)


Gatos – (0,3 mL / orelha) – 2 aplicações - 15 dias

Eficácia 94% cães


89% gatos
Tratamento
Terapia Sarna Otodécica
Imidacloprid + Moxidectina (Advocate)
Cães - dose recomendada (várias faixas peso)

- realizar aplicações a cada 28 dias

Gatos – (0,1 mL / Kg) – 2 aplicações /30 dias

Eficácias variáveis

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