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Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE

22ª Ed./ JUL – DEZ /2020


ISSN 2178 – 3608

INCIDÊNCIA DE CÓLICA EQUINA NA REGIÃO DOS CAMPOS


GERAIS

MARCELA LOPES FERRAZ 1; MARCOS PABLO MALAQUIAS 2; KLEYSON DA


SILVA 3; FREDERICK CAMARGO ROLINSKI 4; CLEIDE CARINA LAZAROTTO 5

RESUMO: A cólica equina é uma das doenças que mais acomete a espécie, caracterizando-se
pelo desconforto abdominal do animal que faz movimentações constantemente com o olhar
voltado para o flanco, a dor provém das alterações gastrointestinais, diante da progressão da
dor o animal passa a pisotear constantemente, rolar e flexionar os membros afim de diminuir a
dor. A principal causa é a irregularidade alimentar ou troca abrupta de dieta, outra causa é a
compactação de cólon que é bastante comum, se o paciente não for atendido a tempo, pode ir a
óbito. O diagnóstico tem fundamentação direta na anamnese, feita detalhadamente associada
aos sinais clínicos, e se necessário exames complementares. O tratamento é estabelecido de
acordo com diagnóstico definitivo, considerando o grau da dor abdominal apresentado pelo
paciente e a velocidade de evolução da síndrome. Através da pesquisa realizada foi possível
obter dados e informações sobre essa patologia, apresentando as principais causas da doença na
rotina da equinocultura, sexo e raça dos animais acometidos, além da solicitação do
atendimento veterinário e número de perdas decorrentes dessa enfermidade. As principais
causas eram por manejo alimentar inadequado, exercício físico com pouca frequência e torção
intestinal. Na maioria dos casos os animais afetados, viviam em cocheiras predispondo
comportamentos estereotipados comumente causados por estresse, em decorrência disso estes
não se alimentavam corretamente deixando restos de alimento no cocho e alguns apresentavam
casos de aerofagia de apoio, onde o animal apreende objetos presentes no ambiente, geralmente
madeira das portas, esse conjunto de fatores contribui para a ocasião da síndrome cólica.
PALAVRAS - CHAVE: EQUINOS, ALTERAÇÕES GASTROINTESTINAIS, DOR,
SÍNDROME.

1
Acadêmica de Medicina Veterinária, Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE, Ponta Grossa
PR-Brasil, endereço eletrônico: marcelalopesferraz@hotmail.com.
2
Acadêmico de Medicina Veterinária, Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE, Ponta Grossa
PR-Brasil, endereço eletrônico: mpmalaquias@gmail.com.
3
Acadêmico de Medicina Veterinária, Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE, Ponta Grossa
PR-Brasil, endereço eletrônico: kley_son@icloud.com.
4
Acadêmico de Medicina Veterinária, Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais - CESCAGE, Ponta Grossa
PR- Brasil, endereço eletrônico: fredsteel12@hotmail.com.
5
Docente do curso de Medicina Veterinária, Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE, Ponta
Grossa – PR.
Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE
22ª Ed./ JUL – DEZ /2020
ISSN 2178 – 3608

INCIDENCE OF EQUINE COLLIC IN THE REGION OF THE CAMPOS


GERAIS

ABSTRACT: Equine colic is one of the diseases that most affects the species, characterized
by the abdominal discomfort of the animal that moves constantly with the gaze facing the flank,
the pain comes from gastrointestinal changes, before the progression of pain the animal goes
through constantly stomping, rolling and flexing the limbs in order to decrease the pain. The
main cause is irregular food or abrupt change of diet, another cause is the colon compaction
which is quite common, if the patient is not attended in time, he can die. The diagnosis is directly
based on anamnesis, made in detail associated with clinical signs, and if necessary,
complementary exams. The treatment is established according to a definitive diagnosis,
considering the degree of abdominal pain presented by the patient and the speed of evolution
of the syndrome. Through the research carried out it was possible to obtain data and information
about this pathology, presenting the main causes of the disease in the routine of the
equinoculture, sex and race of the affected animals, in addition to the request for veterinary care
and the number of losses resulting from this disease. The main causes were food handling,
physical exercise infrequently and intestinal torsion. The cases of the affected animals, lived in
stables, predisposing stereotyped behavior commonly caused by stress, as a result of which they
did not eat properly leaving food remains in the trough and some presented cases of support
aerophagia, where the animal apprehends objects present in the environment, generally doors,
this set of factors contributing to the occurrence of colic syndrome.
KEYWORDS: COLIC, GASTROINTESTINAL DISORDERS, ACHE, SYNDROME.

1 INTRODUÇÃO
As características anatômicas do equino proporcionam ampla capacidade de seleção
da dieta em pastagens, no entanto, existe a necessidade de tempo para o pastejo e diversidade
de espécies vegetais, pelo fato da velocidade de ingestão ser realizada de forme lenta, e existe
a preferência por folhas e brotos, dispensando os caules. As áreas de excreção não são ingeridas,
bem como as plantas em que os colmos são predominantes às folhas e possuem estruturas
envelhecidas e lignificadas (HILLEBRANT & DITTRICH, 2015).Uma das características
evolutivas dos equinos, é a ausência de vesícula biliar, sendo assim a liberação da bile é
constante, isso relaciona-se ao hábito da espécie se alimentar continuamente. A bile é
responsável pela emulsão da gordura que contém na dieta para ação digestiva da lipase. Através
da ação de enzimas que quebram o alimento em pequenas partículas por meio da hidrólise, esse
processo faz parte da digestão química no intestino delgado (DITTRICH, 2010).
Goloubeff (1993) através de um estudo, comparou as características da anatomia
digestiva do cavalo, como a incapacidade de vomitar, um mesentério muito desenvolvido que
predispõe o longo intestino delgado às ectopias e vôlvulos, o grande diâmetro do cólon maior
e suas curvaturas 10 que são favoráveis as impactações. Cavalos selvagens pastejam 60% do
tempo e os estabulados comem somente 15% do tempo, isto demonstra um grave desvio na
fisiologia no equino estabulado. Os fatores estressantes como a permanência em condições de
explicita privação de liberdade produzem desconforto, sofrimento e dor. É uma das principais
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doenças que acometem a espécie, está relacionada com a pequena capacidade gástrica desses
animais, quais são anatomicamente programados para pastar assim como todos os herbívoros,
possuem capacidade para extrair os componentes nutricionais de gramíneas e forragens, através
da fermentação e outras transformações bioquímicas. Em cavalos a fermentação ocorre
principalmente em áreas especializadas dotrato intestinal inferior: ceco e intestino
grosso(BENTZ, 2004).
Vários são os fatores apontados como fatores de risco para cólicas de equinos e, dentre
eles estão, mudanças no tipo, na quantidade e na qualidade do alimento, idade, raça, atividade
física, restrição de acesso ao pasto e histórico de cólicas anteriores e de cirurgias abdominais.
As mudanças bruscas em dietas, alterações nas condições de estabulação, privação de água e
até mesmo o transporte em viagens. O equino é mais exigente e sensível às alterações de manejo
alimentar e ambiental. As principais causas de cólica estão relacionadas a alimentação e ao
manejo dos animais, por consequência ocorre compactação de cólon, obstrução simples e mais
frequente, levando a obstrução luminal, sem comprometimento vascular, como por exemplo,
nos casos de compactações (QUEIROZ, 2019)
O papel do médico veterinário numa síndrome cólica é de extrema importância, pois se
não tratada á tempo, pode levar o animal a óbito. Associado a isso, uma maior exigência do
proprietário quanto aos recursos apropriados para o seu correto diagnóstico e tratamento
aumenta a cada dia. Os Médicos Veterinários especialistas na área enfrentam nos quadros de
cólica a necessidade de uma decisão rápida e eficiente quanto à escolha do tratamento clínico
e/ou cirúrgico (AMARAL e FROES, 2014).
Diante dos aspectos mencionados, teve-se como objetivo revisar brevemente a literatura
sobre a cólica equina, principais causas, metodologias de diagnóstico, e tratamento da síndrome
cólica, visando pesquisar a incidência desta patologia na região dos Campos Gerais.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa realizada é descritiva com coleta direta de dados, que foram reunidos através
de três questionários compostos por 10 perguntas cada um, referentes ao tema cólica equina e
a ocorrência da mesma no ano de 2019, para obtenção das respostas os questionários foram
entregues aos funcionários de duas cabanhas distintas e a um médico veterinário de equinos da
região dos campos gerais.
A partir das informações disponibilizadas por responsáveis pelos animais, foram
construídas tabelas e gráficos através do programa Word2013® e Excel 2013®, apresentando
a incidência da doença entre os animais, quantos foram submetidos a atendimento veterinário,
quais as raças, sexo mais acometido e número de perdas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante a pesquisa, os principais relatos sobre a doença descreviam a rápida evolução
da mesma, entretanto como é uma síndrome considerada comum, a prevenção dentro das
cabanhas e haras é algo cotidiano, ocasionando um menor número de ocorrências. Nas
informações coletadas as principais causas eram por manejo alimentar inadequado, exercício
físico com pouca frequência e torção intestinal.
Na maioria dos casos os animais afetados, viviam em cocheiras predispondo
comportamentos estereotipados comumente causados por estresse, em decorrência disso estes
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não se alimentavam corretamente deixando restos de alimento no cocho e alguns apresentavam


casos de aerofagia de apoio, onde o animal apreende objetos presentes no ambiente, geralmente
madeira das portas, esse conjunto de fatores contribui para a ocasião da síndrome cólica.
Ao analisar os dados obtidos, dentro de um total de 176 animais 17% destes foram
acometidos,equivalente a 37 animais, conforme a Tabela 1 e o Gráfico 1. De acordo com o
Gráfico 2 a raça mais acometida foi a raça Crioula concentrada no caso II, o caso I apresentou
3 animais da raça,considerando que os animais apresentaram sinais clínicos da enfermidade.
No caso II 9 animais da raça Quarto de Milha apresentaram a enfermidade assim como 23
crioulos, já no caso III diagnosticou-se a síndrome apenas em 1 animal da raça, possuindo nos
dados 2 equinos acometidos sendo 1 árabe. Considerando o fator sexo, as fêmeas foram as mais
acometidas, em concordância com o Gráfico 3. Grande parte dos animais acometidos se
recuperou de forma satisfatória, devido ao conhecimento dos proprietários e cuidadores sobre
essa enfermidade, impedindo assim a evolução clínica da doença e possível morte, assim como
a tomada de medidas de manejo que previnem os casos da síndrome.
TABELA 1: Tabela de Casos.

Cólica Nº total Casos Sexo Raça Idade Casos Nº de


Equina de atendidos e recorrentes perdas
animais comprovados

CASO I 52 3 2 Crioulos Adulto 1 1


machos e potros
1 fêmea
CASO II 70 32 9 Crioulos e Potros 3 4
*atendimento machos Quarto de e
em
propriedades
23 Milha(QM) cavalos
diversas fêmeas idosos
CASO III 54 2 2 Crioula e Idoso e 1 1
Fêmeas Árabe potro
TOTAL 176 37 37 138Crioula ̶ 5 6
28 QM
10 Árabe

Gráfico 1: Incidência Total da Cólica Equina.

INCIDÊNCIA TOTAL

31% 29%
Caso I
Caso II
40% Caso III
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Gráfico 2: Incidência das Raças dentro de cada Caso.

INCIDÊNCIA DAS RAÇAS DENTRO DE CADA CASO


25

20

15

10

0
CASO I CASO II CASO III

CRIOULA QM ÁRABE

Gráfico 3: Incidência de Acordo com o Sexo dos Animais.

INCIDÊNCIA DE ACORDO COM O SEXO DOS


ANIMAIS

30%

MACHO
70% FÊMEA
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4 CONCLUSÃO
Através da pesquisa realizada, afirma-se que a cólica é uma das principais afecções dos
Equídeos, e devido à grande ocorrência os proprietários já têm conhecimento de medidas
preventivas, que diminuem a possibilidade de perda de animais dentro das cabanhas e haras,
assim como os médicos veterinários estão cada vez mais experientes no assunto, tendo
conhecimento dos sinais apresentados pelo animal e a fisiopatogenia da afecção, possibilitando
melhores diagnósticos e tratamentos, fazendo uso de fármacos eficazes ou métodos cirúrgicos,
que possibilitam ainda mais um prognóstico favorável para o paciente, evitando um possível
surgimento da afecção novamente.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, C. H. do; FROES, T. Rodrigues. Avaliação do Trato Gastrointestinal de Equinos


pela Ultrassonografia Transabdominal: nova abordagem. Ciências Agrárias. Londrina, v. 35,
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https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/36335/R%20-%20D%20-
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GOLOUBEFF B. Abdome Agudo Equino. Varela: São Paulo, p. 173,1993.
HILLEBRAN, R.S.; DITTRICH, J. R. Anatomia e fisiologia do aparelho digestório de
equinos aplicadas aomanejo alimentar. Grupo de Pesquisa e Ensino em Equideocultura. Out.
2015. Disponível em: www.gege.agrarias.ufpr.br/equideo. Acesso em: 02 out. 2020.
NUNES, R.D.M; BROMERSCHENKEL, I. Cólica por compactação em equinos. Revista
Científica de Medicina Veterinária - UNORP, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 30-39, jan. 2017.
Disponível em: public.unorp.br › revmedvetunorp › article › download. Acesso em: 28 nov.
2019.
QUEIROZ, D.L. INFLUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO NA CAUSA DA CÓLICA
EQUINA. 2019. 36 p. Dissertação (Graduação em Zootecnia) - INSTITUTO FEDERAL
Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais – CESCAGE
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GOIANO – CAMPUS CERES, Goiás, 2019. Disponível em:


https://repositorio.ifgoiano.edu.br/bitstream/prefix/456/1/TCC%20DANIELA%20DE%20LI
MA%20QUEIROZ.Acesso em: 2 out. 2020.

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