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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DA AMAZÔNIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

DOENÇA DO SISTEMA ENDÓCRINO: DIABETES MELLITUS EM CÃES

LUIS FELIPE FERREIRA DA SILVA


RAYLZA LOPES SILVA

Boa Vista/RR
MAR/2024
CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DA AMAZÔNIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

DOENÇA DO SISTEMA ENDÓCRINO: DIABETES MELLITUS EM CÃES

LUIS FELIPE FERREIRA DA SILVA


RAYLZA LOPES SILVA

Trabalho realizado para o curso de Graduação em Medicina


Veterinária, pelo Centro Universitário Estácio da
Amazônia, como requisito para obtenção de nota na
disciplina de Medicina Interna de Animais de Companhia.
Professor(a): Ana Carolina

Boa Vista/RR
MAR/2023
Sumário

RELATO DE CASO……………………………………………………………………………… 3
DISCUSSÃO/CONCLUSÃO…………………………………………………………………….. 5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………………………. 7
Relato de Caso

DIABETES MELLITUS EM CÃES


Deu entrada em uma clínica particular na cidade de Lagarto/SE, uma
cadela, castrada, com 9 anos e três meses de idade, (SRD), pesando 21,600 kg.
Durante a anamnese, o tutor informou que a paciente apresentava quadros de
diarreia e vômito logo após a ingestão de alimentos e/ou água.
Foram solicitados exames de hemograma completo, bioquímico: Alamina
aminotransferase (ALT), fosfatose alcalina (ALKP), albumina (ALB), globulina
(GLOB), proteína total (PT), ureia (BUM), glicose (GLU), creatina (CREA) e
urinalise. Para tratamento sintomático foi aplicado citrato de maropitant na dose
de 2mg/kg, via subcutâneo (SC) e foi prescrito dipirona 25 mg/kg, uma vez ao
dia (SID), durante 4 dias, e probiótico 2g ao dia, durante 7 dias. No resultado do
hemograma, o animal apresentou anemia microcítica hipocrômica, reticulocitose,
linfopenia, monocitopenia, eosinopenia e basofilia.
O exame foi encaminhado para laboratório local para realização da
contraprova. No exame realizado no laboratório, o resultado constou
hiperproteinemia e agregação plaquetária. No resultado do exame de
bioquímico, o animal apresentou alto nível de glutamina sérica. No exame de
urinálise foi possível constatar cetonúria, definindo diagnóstico para diabetes
mellitus com quadro de cetoacidose diabética.
Após resultados dos exames, o animal foi encaminhado para
internamento, em observação por 24 horas com fluidoterapia e
acompanhamento dos níveis de glicemia que se apresentavam entre 280 a 300
mg/dL, acima do parâmetro de normalidade de até 110 mg/dL.
A paciente recebeu alta e foi prescrito uma capsúla de ácidos graxos
(ômega 3), SID, uso oral; insulina NPH (Neutral Protamine Hegedorn), 5
unidades, duas vezes ao dia (BID), via SC, citrato de maropitant 2mg/kg, SID,
uso oral durante 4 dias; omeprazol 1mg/kg, SID, uso oral durante 30 dias.
Solicitou-se encaminhamento da paciente para um endocrinologista veterinário,
mais a realização de uma ultrassonografia abdominal.
No atendimento com o endocrinologista, a paciente foi submetida a
aplicação de FreeStyle Libre®, um aparelho aplicado sobre a pele que realiza a
análise dos níveis de glicose presente no organismo do animal (figura 1), assim

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este foi utilizado para monitoramento da glicemia da paciente durante 14 dias.
Também foi aferida a pressão sistólica, que estava alta no valor de 150 por 160
mmHg (referência: 110 e 120 mmHg), e foi prescrito suplemento de aminoácido
e mineral, SID, uso oral durante 30 dias, para auxiliar no controle da glicemia.

Figura 1 - paciente usando FreeStyle Libre® para monitoramento da glicemia.

Fonte: Autoria Própria

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Conclusão

A DM é uma enfermidade endócrina associada ao hormônio insulina,


responsável por controlar os níveis de glicose no sangue. Sua incidência em
cachorros pode chegar à 1 em cada 100 animais da população, onde fêmeas
representam até 70% dos casos. O diagnóstico tardio eleva a mortalidade da
doença para 50%.
A insulina é um hormônio pancreático secretado pelas células ß, que são
ativadas após os níveis séricos de glicose estarem altos. Sua ação reduz os
níveis de glicose sérica fazendo-a penetrar na célula.
Os principais sinais percebidos são poliúria, polidipsia compensatória,
polifagia, emaciação e cetoacidose diabética, dentre outros. A avaliação de
exames laboratoriais quando há a suspeita de DM deve incluir a mensuração da
glicemia e exame de urina tipo I. A enfermidade não tem cura, portanto, é
imprescindível que o paciente diagnosticado siga um tratamento e dessa
maneira aumente sua expectativa e qualidade de vida.
O acompanhamento veterinário é fundamental para manter a estabilidade
do animal, regulando a administração da insulina quando necessário. O
monitoramento da glicemia em animais pode ser um desafio, por isso a utilização
de tecnologias como o sensor implantado na derme pode auxiliar bastante.
Portanto, apesar da utilização do FreeStyle® Libre auxiliar o médico veterinário
na avaliação da glicemia do paciente, torna-se necessário ainda realizar-se
estudos para que possa espalhar a sua importância no setor de pets com
diabetes mellitus a fim de tornar o seu uso comum.
Após o diagnóstico clínico de DM do relato de caso, tomado por auxílio de
exames complementares como hemograma (mas, normalmente, não há
alteração nos resultados de hemograma), perfil bioquímico, eletrolítico e
urinálise, estipula-se um tratamento adequado em que podem ser adotadas
medidas separadamente ou em conjunto, conforme o estado geral do animal
(Mesquita, 2022). O hemograma da contraprova constou apenas agregação
plaquetária e hiperproteinemia (globulinemia, com relação ALB/GLOB normal em
0,8), possivelmente correlata à desidratação (hemoconcentração) ou inflamação
crônica. Já o exame de eletrólitos, contou com hipofosfatemia, fato devido à
diurese osmótica e perdas gastrointestinais. Como houve cetoacidose diabética,

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o tratamento imediato consistiu na correção da deficiência de fluidos, distúrbios
eletrolíticos e na redução dos níveis de glicemia e de corpos cetônicos, e
monitoramento da diurese e da glicemia; sendo utilizado o soro fisiológico (NaCl
0,9%).
Assim como este relato de caso, os métodos mais comuns para monitorar
o paciente diabético são o acompanhamento dos níveis séricos de glicose,
glicosúria quantitativa e evolução dos sinais clínicos. Mas também há a
elaboração de curvas glicêmicas seriadas, acompanhamento dos níveis de
frutosamina sérica e das concentrações de hemoglobina glicosilada. Ademais,
como exemplificado no caso, foi utilizado o FreeStyle Libre®, um sistema flash
de monitoramento contínuo da glicose intersticial e construção da curva
glicêmica. O dispositivo afere o nível de glicose via sensor, descartável, redondo
e com um cateter no subcutâneo, o qual capta uma corrente elétrica proporcional
à glicose por meio de um eletrodo, gerando resultado da glicemia a cada minuto,
a partir de uma hora da sua inserção sob a pele, durante 14 dias (Haak et al.,
2017). Além disso, o Freestyle Libre® demonstrou uma boa adesão pelos
tutores, já que oferece um manejo fácil e rápido quanto a resolução de situações
de hiperglicemia ou hipoglicemia transitória, e ainda reduz o estresse ao animal,
já que evita múltiplas venopunções.

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Referências Bibliográficas

• Almeida, T. L. A. C. D. (2012). Metabolismo da glutamina em caninos


sadios e enfermos. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) -
Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife, p. 65.
• Amato, B. P., & Barros, T. C. (2020). Diabetes mellitus em cães: buscando
uma relação entre obesidade e hiperglicemia. Pubvet, 14, 132.
• Behrend, E., Holford, A., Lathan, P., Rucinsky, R., & Schulman, R. (2018).
AAHA Diabetes Management Guidelines for Dogs and Cats. Journal of the
American Animal Hospital Association, 54(1), 1-21.
• Davison, L. J. (2015). Diabetes mellitus and pancreatitis – cause or effect?
Journal of Small Animal Practice. 56(2), 50-59.
• De Assis, B. S. P. (2022). Diabetes mellitus em cão: relato de caso.
Monografia (Conclusão de curso em Medicina Veterinária) – Centro
Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos. Brasília, p. 31.
• De Faria, P. F. (2007). Diabetes mellitus em cães. Acta Veterinaria
Brasílica, 1(1), 8-22.

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