Você está na página 1de 52

DrªIngrid Cavalcante

Pós graduada em Endocrinologia Veterinária- Qualittas


Mestre em Clínica e Reprodução Animal-UFF
Doutora em Clínica de Pequenos Animais – UFF
Diabetes Mellitus

 “ Um grupo de doenças metabólicas caracterizadas
por hiperglicemia resultante de defeitos na secreção
de insulina, na ação da insulina ou ambos”
A long time ago....

 Na Índia, 400 anos a.C., médicos diagnosticaram uma alteração na
urina de um paciente diabético, devido ao seu sabor adocicado.

 O médico egípcio Arateus, o Capadócio, no ano 300 dC., relatou com


precisão o estado do paciente diabético que, naquela época, evoluía
para a morte.

 Em 1674, o médico britânico Thomas Willis descobriu o porquê da


atração das formigas pela urina dos doentes. Ele anotou em seus
registros que ela era "maravilhosamente doce". O nome da doença
passou então a ser denominado Diabetes Mellitus, (meli do grego:
mel), ou seja, "sifão de mel".

 Em 1815 o Dr. M. Chevreul demonstrou que o açúcar dos diabéticos


era a glicose. Os trabalhos clínicos e anatomo-patológicos adquiriram
bastante importância ao final do século passado, quando Mering e
Minkowski , em 1889, demonstraram que a pancreactomia em cães
resulta em Diabetes grave e letal.
A long time ago...

 Em 1921, os canadenses Banting e Best conseguiram isolar a
insulina (palavra de origem latina, Insula significa “ilha”) e
demonstrar seu efeito hipoglicemiante utilizando cães
como cobaias (ROCCA e PLÁ, 1963).

 Em 1922, foram usados extratos pancreáticos para o


tratamento de Diabetes Mellitus em Leonard Thompson,
uma criança de 14 anos. Logo após, processos de
isolamento e purificação da insulina bovina e porcina
tornaram-nas disponíveis comercialmente, o que foi
considerado uma das mais importantes intervenções
terapêuticas já feitas na história da medicina.

 Em 1923 Best e Macleod receberam o Prêmio Nobel de


Medicina (NEGRÃO, 2000).
A long time ago...

 “Os pacientes nunca param de
produzir água, e o fluxo é incessante
como a abertura de aquedutos.”
 “Não se consegue impedi-los de
beber água ou urinar.”
 “O diabetes é uma doença terrível,
não muito frequente entre os
homens, sendo um detrimento da
carne e dos membros para dentro da
urina” Fotografia de Banting e Bast,
juntos da cadela Marjorie.
Diabetes Mellitus-Classificação

 Tipo 1 – Dependente de Insulina
 Cães

 Tipo 2 – Não dependente de Insulina


 80% Humanos
 Gatos
•Associação entre:
- resistência insulínica
- diminuição da produção
Fatores de Resistência

 Obesidade
 Hipercortisolismo
 Uso de glicocorticoides
 Uso de progestágenos
 Diestro
 Sedentarismo
 Predisposição genética?
 Deposição Amilóide Diminuição da secreção
 Pancreatite crônica
Diestro

 Aumento de Progesterona consequente aumento dos
níveis de GH circulante.
 Remissão possível quando a castração é realizada
rapidamente.
Etiologia

 Multifatorial: Infecção, predisposição genética,
obesidade, medicamentos, pancreatite, resposta
imunomediada à insulina exógena.
Predisposição em felinos

 Maior em animais acima de 7 anos.
 Maior em animais com mais de 6,8kg.
 Maior em machos.
 Maior em animais castrados.
Diabetes Mellitus em Cães

 Prevalência de 0,3 a 0,6%.
 Acomete de cães de meia-idade ou idosos, acima de
5 anos.
 Maior acometimento de fêmeas.
 Samoieda, Schnauzer, Beagle e Poodle.
Fatores Predisponentes

 Sedentarismo
 Dietas ricas em carboidratos Exaustão das
células beta!
Sinais Clínicos

 Poliúria
 Polidpsia
 Polifagia
 Perda de peso
 Catarata
 Neuropatias periféricas
 Pelagem rala, opaca, sem brilho

HIPERGLICEMIA

LIMIAR DE ABSORÇÃO RENAL

GLICOSÚRIA PD

DIURESE OSMÓTICA PU DESIDRATAÇÃO

PERDA DE GLICOSE EMAGRECIMENTO


Sinais Clínicos

Sinais Clínicos

Imagens autorizadas pelo tutor


Diagnóstico

 Sinais Clínicos

 Hiperglicemia persistente
 Glicosúria persistente
Diagnóstico

 Frutosamina Sérica: são proteínas glicosiladas que resultam da ligação
irreversível, glicose a resíduos de aminoácidos de proteínas encontradas na
circulação sistémica.

 Reação dependente da concentração de glicose sanguínea e da concentração de


proteínas sanguíneas (albumina).

 Oferece informação de 2-3 semanas precedentes (vida média 8-15 dias).

 É uma ferramenta importante na identificação dos gatos com hiperglicemia


induzida por stress.
Diagnóstico

 Hemoglobina glicada (HbA1) é o produto de uma ligação
irreversível, não enzimática, insulino-independente de glicose à
hemoglobina .

 O tempo de vida média (30 dias) da hemoglobina glicosilada


está diretamente relacionado com a longevidade dos glóbulos
vermelhos (inferior a 68 dias no gato).

 Utilizada para medir a regulação a longo prazo da glicose , 8-12


semanas. Por isso, este teste não é apropriado para um animal
que está passando por alterações regulares na dose de insulina,
apropriado para acompanhamento de animais controlados .
Exames Complementares

 Hemograma

completo: normal, leucocitose neutrofílica,
neutrófilos tóxicos (pancreatite ou infecção presente).

 Bioquímica: hiperglicemia, aumento FA, ALT, COL, TGL

 EAS com cultura e antibiograma, glicosúria, proteinúria,


cetonúria, bacteriúria, densidade urinária ( > 1025)

 USG abdominal,

 ILP.
Hiperglicemia do estresse

 Aumento da secreção de catecolaminas e cortisol

 Gatos não diabéticos hiperglicêmicos!

 Hiperglicemia crônica:
redução da secreção de insulina
resistência à insulina em tecidos periféricos
interferência nos mecanismos de transporte da glicose
Importante

 Gravidade da doença? CAD?

 Presença de doenças concomitantes, que podem


atrapalhar o manejo do diabetes?

 Há evidência de doença ou fatores subjacentes como


pancreatite, HAC, diestro, drogas diabetogênicas,
que poderiam ter causado o diabetes?
Objetivos do tratamento

 Eliminação dos sinais clínicos
 Limitar as flutuações na glicemia
 Prevenir complicações do DM não controlado
 Prevenir episódios hipoglicêmicos
Hipoglicemia
 Desorientação

 Letargia
 Alucinação
 Tremores
 Vocalização excessiva
 Agitação excessiva
 Andar cambaleante
 Cegueira
 Depressão
 Convulsão
 Colapso
 Incontinência urinaria
 Sono profundo
Tratamento

 Insulina

 Dieta

 Exercícios

 Prevenir/Controlar doenças concomitantes

 Castras as fêmeas
Insulina

 NPH: ação intermediária 0,5 U/Kg SC, Bid, 8-14h, em
gatos, 0,3U/kg Bid - 1 A 2 U gato Bid.
 Canisulin: ação intermediária, cães 1 U/Kg SC, gatos
0,5U/Kg Bid.
 Glargina: ação prolongada, SC, 10-16h 1 a 3 UI/gato.
 Regular: ação rápida 0,1-0,2 U/kg, IM ou EV uso
hospitalar, 1-4h.
 Detemir: longa ação, 0,1-0,2 u/kg Bid, pico severo em
alguns animais 8-10h pós aplicação, em média a dose é
73% menor que a NPH.
 !!!! Cuidados com o manejo da e conservação da Insulina.
Canisulin Bula
Peso corporal Suplemento
 Exemplos
dependente
do peso Peso Dose inicial
total

Menos de 10kg 1 UI 6 kg 6+1=7 UI

Aprox. 10 kg 2 UI 10 kg 10+2=12UI

12-20 kg 3 UI 16 kg 16+3=19UI

Acima de 20kg 4 UI 30 kg 30+4=34UI


Canisulin Bula
• Gatos:

Concentração de glicose no Dose de CANINSULIN
sangue

< 20 mmol/l ou < 3,6 g/l (<360 0,25 UI/kg


mg/dl)

> 20 mmol/l ou > 3,6 g/l (>360 0,5 UI/kg


mg/dl)
Detemir

• É um análogo de insulina basal solúvel de longa ação com um perfil de ação
uniforme com uma ação prolongada, significantemente menos variável que insulina
NPH e insulina glargina.

• Sua ação prolongada é mediada pela forte auto-associação das moléculas de insulina
no local da injeção e ligação de albumina pela cadeia lateral de ácido graxo.

• É mais vagarosamente distribuída para tecidos periféricos alvos comparado com


insulina NPH.

• A duração de ação é de até 24 horas dependendo da dose, proporcionando a


oportunidade para administração de uma ou duas vezes ao dia.

• Detemir exerce mais que 50% de seu efeito máximo a partir de 3-4 horas e até
aproximadamente 24 horas após a administração da dose.
HIPOGLICEMIANTE ORAL

https://br.pinterest.com/pin/744079169655998092/?nic_v2=1a2AEsR5h
Dieta

 Alimentação em Felinos: baixo concentração de
carboidratos e alta concentração de proteínas.

 Alimentação em Cães: Alto teor de fibras, proteínas


de boa qualidade.
Esquema de tratamento

 Quantidades

 Horários

 Glicemias pontuais x Glicemia Seriada

 Conhecer sinais de hipoglicemia

 Observar o paciente.
Esquema de Tratamento

Esquema de Tratamento

Esquema de Tratamento

Esquema de Tratamento

Monitorando o paciente

 Remissão de sintomas como PF/PU/PD
 Controle da polidpsia:
 Ingestão de água Cães
-< 80 mL/kg/dia
-> 100 mL/kg/dia
 -Ingestão de água Gatos
 Dieta seca
-< 70 mL/kg/dia
-> 100 mL/kg/dia (mau controle)
 Dieta úmida
- <20ml/kg dia
- >40ml/kg dia (mau controle)
Monitorando o paciente

 Frutosamina superior a 550 μmol/L - mau controle
glicémico.
 Concentrações entre 300 a 400 μmol/L -controle
excelente.
 Valores inferiores a 300 μmol/L - hipoglicemia
prolongada.
 Alguns fatores podem diminuir os resultados
obtidos, como a hipoproteinemia e
hipoalbuminemia, enquanto outros podem
aumentar, como o armazenamento das amostras à
temperatura ambiente.
Monitorando o Paciente

 A frutosamina e hemoglobina glicosilada não devem
ser usadas como únicos parâmetros para alterações
na dose de insulina.

 São úteis para identificar diabetes em gatos, bom


controle glicémico.
Monitorando o paciente

 Glicosúria:
 Ausência de glicosúria - Reduzir dose 0,5 a 1U
 Até +++ glicosúria - Manter dose
 ++++ - Aumentar 0,5 a 1 U
 A glicosúria negativa não diferência de hipo, normo
e hiperglicemias.

 A DOSE DE INSULINA NÃO DEVE SER


AJUSTADA PELO TUTOR!!!!
Monitorando o paciente

 Suspeitando da possibilidade de remissão
 Detecção de glicemia <70mg/dL,
 Crise de hipoglicemia,
 Glicosúria negativa,
 Frutosamina <300 mmol/L com albumina normal)
 Redução de 0,5 a 1U gradualmente
 Manter insulina sid antes de suspender totalmente
 Se após retirada da insulina glicemia >180 mg/dL
retomar insulinoterapia
Monitorando o paciente

• Sistema de monitorização contínua da
glicose.
• O modo de ação consiste em uma
sonda que detecta a glicose no fluido
intersticial subcutâneo (FIS) e emite os
resultados obtidos para um monitor.
• A concentração de glicose no FIS
mimetizam a concentração de glicose
no sangue e existe uma boa correlação
entre ambas (Bantle & Thomas, 1997;
Morretti et al., 2010; Mori et al., 2013).
Monitorando o paciente

 O monitor registra valores de glicose a cada 5 minutos os
quais, seguidamente, são transferidos para um
computador que faz o seu processamento (Nelson, 2014).
 Assim, os SMCG além de obterem um grande número de
dados, detectam com maior precisão o valor do nadir, o
pico máximo da glicose e os períodos de hipoglicemia,
quando comparado com as curvas de glicemia realizadas
com os glucómetros tradicionais, em que apenas se dosa a
concentração de glicose de 2h em 2h (Davison et al.,
2003a; Moretti et al., 2010).
Monitorando o paciente


Monitorando o paciente

 Vantagens:
 Glicose do animal em tempo real. Proporcionam
assim, um acesso rápido ao resultado e uma rápida
intervenção em períodos de hipoglicemia (Dietiker-
Moretti et al., 2011; Nelson, 2015a).
 Reduzir o desconforto do animal
Glicemia Seriada

 Quando fazer?

 Como fazer?

 Aonde fazer?

 O que fazer com os resultados??!!


Glicemia Seriada

400
350
300
250
Curva !!!
200
Nadir ruim
150
Duração reduzida
100
50
0
0h 6h 10h 12h
Estabilização do Paciente

• Principais Problemas?!

• Quando e como ajustar a dose?


Prognóstico

• Aspectos psicológicos do responsável!!

• Adesão ao tratamento.

• Presença de doenças concomitantes.

• Primeiros 6 meses críticos. Paciente

Veterinário Responsável
Obrigada!

Você também pode gostar