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Fisiopatologia da Nutrição e Dietoterapia II

DIABETES MELLITUS

Prof. MsC. Ivanna Dacal


1. DEFINIÇÃO E CONCEITOS

DIABETES MELLITUS (DM)

“ Grupo de doenças caracterizadas por concentrações sanguíneas elevadas de glicose


resultantes de defeitos na secreção da insulina, ação da insulina ou ambos.”

INSULINA

Hormônio produzido pelas células β do pâncreas e


que é responsável por captar a glicose sanguínea
para produção de energia.
2. INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA
2. INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA
3. CLASSIFICAÇÃO E ETIOGENIA
DOENÇA AUTOIMUNE LATENTE EM ADULTOS

DIABETES MELLITUS TIPO 1 • Crianças e adolescentes


• Autoimune *(genética) • Adultos tardiamente (LADA)
• Idiopático • Absoluta deficiência da insulina

DIABETES MELLITUS TIPO 2


• Defeitos na função das células β • Independe da idade
• Defeitos na ação da insulina • Mais comumente observada ≥ 40
• Resistência a insulina
• Doenças pancreáticas • Deficiência relativa da secreção de
• Endocrinopatias insulina
• Induzido por drogas ou substâncias químicas • Fator de risco para outras doenças
• Infecções crônicas
• Fatores externos
DIABETES MELLITUS GESTACIONAL (DMG)
DOENÇAS CARDIOVASCULARES E OBESIDADE
4. ANATOMIA E FISIOLOGIA DO PÂNCREAS

Glândula mista localizada no abdome, que possui uma porção endócrina e exócrina.
4. ANATOMIA E FISIOLOGIA DO PÂNCREAS PORÇÃO ENDÓCRINA
- Células alfa / Células beta
- Regular os níveis de glicose sanguínea

PORÇÃO EXÓCRINA
- Celulas PP (enzimas digestivas)
- Celulas delta (enzimas digestivas)
- Acinos (liberação suco pacreático)
4. ANATOMIA E FISIOLOGIA DO PÂNCREAS
FUNÇÃO ENDÓCRINA DO PÂNCREAS
INSULINA
1. Alimentação = glicose no sangue
2. Estímulo À produção de insulina pela cel. Β
3. Insulina = capta a glicose circulante
4. Glicose captada é transportada por células para o
fígado.
5. Fígado – glicose armazenada em forma de
glicogênio.

GLUCAGON (EFEITO REVERSO)


1. glicose no sangue = produção glucagon pela cel α
2. Glucagon entra no fígado quebrando glicogênio em
moléculas de glicose
3. Gerando energia
5. FISIOPATOLOGIA DA DIABETES

INDIVÍDUO SAUDÁVEL INDIVÍDUO DIABÉTICO


5. FISIOPATOLOGIA DA DIABETES

AGRESSÃO • Processo lento e progressivo.


FISIOPATOLÓGICA • Hiperglicemia só se torna aparente após uma destruição
DO DM de células β superior a 90% .

• 10% permanecem excretando insulina após o


controle do quadro hiperglicêmico.
• Independente desta produção o indivíduo com
DM1 necessitará do uso de Insulina
• Gradativamente ocorrerá a destruição desses 10%
mesmo com controle dietético e medicamentoso
• Levando a perda total da produção pelo pâncreas.
6. FATORES DE RISCO PARA DM
7. SINAIS E SINTOMAS DA DM
8. COMPLICAÇÕES DA DM
8. DIAGNÓSTICO

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
GLICEMIA DE JEJUM Verificar os níveis de glicose sanguínea 110-125 mg/dL (pré diabetes)
após 8h de jejum. > 125mg/dL (Diabetes)

GLICEMIA PÓS PRANDIAL Verificar os níveis de glicose sanguínea < 140mg/dL (normal)
10 min após alimentação. > 180 (pré diabetes)
= ou > 200 (diabétes)

GLICEMIA PÓS SOBRECARGA DE GLICOSE Verificar os níveis de glicose sanguínea < 140mg/dL (normal)
após ingestão de 75g de glicose VO. > 180 (pré diabetes)
= ou > 200 (diabétes)

GLICOSÚRIA Verificar os níveis de glicose na urina. > 180mg/dL (diabetes)


HEMOGLOBINA GLICADA Níveis de glicose ligadas a < 5,7% (normal)
hemoglobina dentro das hemácias. 5,7 a 6,4% (pré diabetes)
> 6.5% (diabetes)
8. DIAGNÓSTICO

CURVA GLICEMICA Caracterizado pela análise das concentrações


OU de glicose em jejum e após a ingestão de
TESTE ORAL DE TOLERÂNCIA A GLICOSE glicose.

1° momento: Coleta em jejum 2° momento: Ingestão de 3° momento: acompanhamento


solução de glicose dos níveis de glicose em vários
momentos até 120min.
8. DIAGNÓSTICO

VALORES DE REFERÊNCIA:

Normal: inferior a 140 mg/dl;


Tolerância diminuída à glicose: entre 140 e
199 mg/dl;
Diabetes: igual ou superior a 200 mg/dl.
9. COMPLICAÇÕES AGUDAS DA DM

CETOACITOSE DIABÉTICA
• Cetonas: Ácidos produzidos no sangue
• Insuficiência da insulina após quebra de gordura e proteína em
• Hiperglicemia + glicosúria energia.
• Aumento da quebra celular de gordura e proteína • Excesso de cetona no sangue leva ao
• Formação de corpos cetônicos envenenamento, coma e óbito.
HIPOGLICEMIA
• Uso de medicação acima do necessário
• Insuficiência alimentar
• Mal estar geral: sudorese / desmaios / convulsões /
óbito
HIPERGLICEMIA
• Alterações no nível de consciência
• Coma
• óbito
10. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

AGENTES ANTIDIABÉTICOS

Fármacos que tem a finalidade de baixar a glicemia e mantê-la normal ( < 100mg/DL –
jejum e < 140 mg/dL - pós prandial ).

FUNÇÕES DOS FÁRMACOS ANTIDIABÉTICOS


• Aumento do suprimento insulínico
• Aumento da ação da insulina
• Inibidores da absorção rápida de carboidrato
• Podem ser associados ao uso de insulina em pacientes que tenha a patologia por um longo
período.
11. INSULINA

Tipo de insulina Início da ação Pico da ação Duração Cor da Insulina Quanto tomar

Ação Ultra- 5 a 15 min 30 min a 1 hora 4 a 6 horas Transparente Logo antes das
rápida e 30 min refeições

Ação Rápida 30 a 60 min 2 a 3 horas 6 a 8 horas Transparente 30 min antes


das refeições

Ação 2 a 4 horas 5 a 8 horas 12 a 18 horas Leitosa e turva Geralmente 2 a


Intermédia 3 vezes ao dia

Ação Lenta 2 a 4 horas sem pico 24 a 30 horas Transparente Geralmente 1


vez ao dia
11. TRATAMENTO

Doença que não tem cura


porém pode ser
controlada!
12. TRATAMENTO DIETOTERÁPICO

CONDUTA NUTRICIONAL

1. Avaliação e diagnóstico nutricional


2. Abordagem nutricional individualizada
3. Acompanhamento e avaliações contínuas
13. ABORDAGEM NUTRICIONAL INDIVIDUALIZADA

É importante considerar ... Objetivos da orientação nutricional:

 Mudanças no estilo de vida  Obter uma alimentação variada e


 Cultura e regionalidade equilibrada

 Composição dos nutrientes  atender às necessidades nutricionais em


todas as fases da vida
 Preparo das refeições
 manutenção/obtenção de peso saudável,
 alcance das metas de controle da
glicemia (tanto em jejum como pré e pós-
prandial) e
 adequação dos níveis pressóricos e dos
níveis séricos de lipídios
Evidências científicas demonstram que a intervenção nutricional tem impacto
significativo na redução da hemoglobina glicada (HbA1c) no diabetes mellitus tipo 1
(DM1) e no diabetes mellitus tipo 2 (DM2), após 3 a 6 meses de seguimento com
profissional especialista, independentemente do tempo de diagnóstico da doença.
Além disso, quando associado a outros componentes do cuidado em DM, o
acompanhamento nutricional pode favorecer ainda mais os parâmetros clínicos e
metabólicos decorrentes de uma melhor aderência ao plano alimentar prescrito

Sociedade Brasileira de Diabetes; 2018


14. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS

As recomendações para o gerenciamento nutricional do DM têm como base a


melhor evidência científica disponível, com publicações periódicas por sociedades
científicas internacionais e nacionais.

 Associação Americana de Diabetes (American Diabetes Association, ADA),


 Diabetes UK,
 Associação Canadense de Diabetes (Canadian Diabetes Association, CDA)
 Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD)
Sociedade Brasileira de Diabetes; 2018.
CARBOIDRATOS

Não existem evidências que estabeleçam uma proporção específica de carboidratos para indivíduos
com diabetes. As recomendações desse macronutriente são semelhantes às definidas para a
população geral.
Sociedade Brasileira de Diabetes; 2018.

Alguns estudos indicaram melhora do controle glicêmico e da sensibilidade à insulina ao comparar


dietas com baixa e alta concentração de carboidratos, reforçando que dietas com baixo teor desse
nutriente podem ser benéficas. Outros estudos, porém, não verificaram diferença significativa no
controle glicêmico de indivíduos em dieta reduzida de carboidratos em comparação com níveis de
ingestão de carboidrato mais elevados.
American Diabetes Association, 2018.

QUALIDADE DO CARBOIDRATO!
Quanto aos princípios da alimentação saudável deliberados pelas sociedades científicas, é consenso a
importância de incentivar o consumo de carboidratos a partir de vegetais, frutas, grãos integrais,
legumes e produtos lácteos, evitando- -se fontes de carboidratos que contenham altas concentrações
de gorduras, açúcares e sódio.
OMS, 2018.

Sacarose e alimentos contendo sacarose não são proibidos para indivíduos com diabetes,
uma vez que não aumentam a glicemia mais do que outros carboidratos, quando ingeridos em
quantidades equivalentes. Dessa forma, a sacarose pode ser inserida no contexto de uma
alimentação saudável. No entanto, se adicionada à refeição, deve ser substituição de outras fontes de
carboidratos e compensada com doses adicionais de insulina.
OMS; 2018.
LIPÍDIOS

A recomendação da quantidade total de lipídios para diabéticos ainda é inconclusiva, devendo a meta
ser individualizada; a qualidade do tipo de ácido graxo parece ser mais importante do que a quantidade.
A distribuição desse macronutriente deve ser baseada, portanto, na avaliação individualizada e em
padrões alimentares, preferências e metas metabólicas.

O consumo de ácidos graxos ômega-3 está associado a uma menor incidência de DM2.
OMS, 2018.

• Óleos vegetais
• Sementes de linhaça e chia
• Oleaginosas
• Peixes
PROTEÍNA

Diabéticos sem sobrepeso e com


1 a 1,5g / kg de peso corporal / dia função renal preservada.

Diabéticos com sobrepeso ou


1,5 a 2g / kg de peso corporal / dia obesidade com função renal
preservada.

0,8g / kg de peso corporal / dia Doença renal diabética


FIBRAS

Algumas fibras dietéticas podem atenuar a resposta à insulina e, assim, auxiliar na prevenção do DM2.
Diversas evidências epidemiológicas apontam para esse efeito protetor da fibra e revelam que os efeitos
benéficos são decorrentes, principalmente, da ingestão de fibras solúveis.
Sociedade Brasileira de Diabetes; 2018.

Melhores fontes:

• Frutas. Legumes e verduras


• Farelo de aveia, cevada e maracujá
• Semente de linhaça
• Leguminosas (feijão, lentilha, grão de
bico, ervilha)
VITAMINAS E MINERAIS

A deficiência de vitaminas e minerais é frequente em indivíduos com diabetes. As principais causas


são perdas na urina, diminuição da capacidade intestinal de absorção e baixa ingestão dietética.
Sociedade Brasileira de Diabetes; 2018.

 Plano alimentar variado


 Consumo mínimo de 2 a 4 porções de frutas
NECESSIDADES
DIÁRIAS  Sendo no mínimo 1 rica em VitC
 3 a 5 porções de hortaliças cruas e cozidas
 Variar os tipos e as cores dos vegetais
NEUROPATIA DIABÉTICA

Distúrbio do sistema nervoso causado pela


Diabetes e caracterizado pela degeneração
progressiva dos nervos em várias partes do corpo,
principalmente pernas e pés.

DEFICIÊNCIA DE NEUROPATIA
VITAMINA B12 DIABÉTICA
RECOMENDAÇÃO:
150 – 250 mcg / dia
ALIMENTOS FONTE DE VITAMINA B12
SÓDIO

Indivíduos diabéticos sem


< 2.300 mg / dia hipertensão arterial e
doença renal diabética.

Indivíduos diabéticos com


< 1.500 mg / dia sobrepeso ou obesidade,
hipertensão arterial e
doença renal diabética.

TAMBÉM UTILIZADA COMO PREVENÇÃO DAS


COMPLICAÇÕES DA DOENÇA.
BALANÇO ENERGÉTICO

O controle do peso corporal é importante para todas as pessoas, independentemente do tipo de DM.
Reduzir a ingestão de calorias e modificar o estilo de vida podem beneficiar adultos com sobrepeso ou
obesos com DM2 e, também, aqueles em risco de desenvolver diabetes.
Sociedade Brasileira de Diabetes; 2018.

MULHERES HOMENS
1.200 a 1500 Kcal / dia 1.500 a 2000 Kcal / dia

 Melhora do controle glicêmico


Controle do balanço
 Melhora dos níveis pressóricos
energético e do peso
corporal em diabéticos  Diminui as necessidades de medicamentos
hipoglicemiantes
PLANEJAMENTO DIETÉTICO

O plano alimentar deve assegurar todas as necessidades nutricionais do indivíduo com diabetes, para
que ele alcance e mantenha um peso corporal saudável.
Sociedade Brasileira de Diabetes; 2018.

RECOMENDA-SE:

1. Fracionamento – 5 a 6 refeições / dia (3 principais / 2 ou 3 lanches)


2. Preparo – Grelhados / assados / cozidos / no vapor
3. Alimentos diet / light ou zero (não de maneira exclusiva)
4. Controle das porções
5. Ingestão abundante de legumes, verduras, frutas e Leguminosas
6. Referência por cereais integrais
7. Carnes magras
8. Limitar o consumo de álcool
9. Aumentar Ingestão de água (2 a 3L / dia)
RECOMENDAÇÃO DE LEITURA

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