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Diabetes Mellitus

M. V. Esp. Felipe Truisi Neto


Pâncreas
Pâncreas

• O pâncreas possui ações endócrinas e não endócrinas;


• A porção não endócrina (exócrina) está envolvida a TGI;
• Produz o suco pancreático;

• A porção exócrinas, que produz as enzimas digestivas, constitui


80% a 85% do pâncreas;
• A função endócrina do pâncreas é organizada em discretas
ilhotas (Ilhotas de Langerhans);
• Já a porção endócrina (insulina / glucagon) correspondem 1 a 2%
do órgão;
• Formando então as ilhotas de Langerhans;
Fisiologia

1. Células ß ——> Insulina


2. Células Alfa ——> Glucagon
3. Células D ——> Somatostatina
4. Células PP ——> Polipeptídeo Pancreático

• Todos os hormônios estam envolvidos no controle do metabolismo,


mais especificamente na homeostasia da glicose;
Hormônios pancreáticos
• As células ß, são as mais numerosas (60-80%) e produzem
insulina e glucagon;
• A insulina é responsável pela captação de glicose na circulação;
• As células Alfa, compreendem cerca de 20-30% e secretam
glucagon;
• O glucagon é secretado na circulação quando há queda na
glicemia e é responsável pela glicogenólise.
• As células D representam 5-10% e produzem somatostatina;
• A somatostatina atua principalmente inibindo o GH;
• Já as células PP são raras ou até mesmo ausentes e secretam o
polipepitídeo pancreático;
• A PP antagonisa a colecistoquinina, suprimindo a secreção
pancreática e estimulando a gastrina;
INSULINA

• A insulina é uma proteína constituída por 2 cadeias :


• Cadeia A (21 aminoácidos) e Cadeia B (30 aminoácidos), sendo
conectadas por 2 pontes de sulfetos;
• Ainda que haja algumas diferenças na composição dos
aminoácidos entre as espécies, essas diferenças são pequenas;
• Nos bovinos, ovinos, equinos, cães e baleias esses
aminoácidos diferem apenas no que diz respeito às posições
8,9,10 da cadeia;
• A sua atividade biológica não é altamente espécie-específica;
INSULINA

• No metabolismo proteico:

• A insulina promove a absorção dos aminoáciodos pela maioria


dos tecidos (musculatura) e fígado (glicogênio);

• Resulta na diminuição das concentrações sanguíneas de


glicose, ácidos graxos e aminoácidos;
• Além do mais, promove a síntese e a degradação proteica, logo,
a insulina promove a manutenção de um equilíbrio positivo de
nitrogênio;
• Quando há insuficiência de insulina, tal mecanismo não é ativado
e logo o organismo necessitará de energia -> sendo removida do
próprio organismo;
Azul - Inibe
Vermelho -Estimula
Epidemiologia

• A D.M é considerada uma doença multifatorial ;


• Crescente o número de animais nas grandes cidades
associada a condições de vida moderna;
• A D.M prejudica tanto cão quanto gato, contudo os cães são mais
acometidos;
• As raças predispostas são: Poodle toy e miniatura, Schnauzer, Labrador,
Pinscher, Pug, Fox Terrier, Bichón Frise, Spitz, Dachshund e Cocker;
• Esses animais apresentam o histórico de alimentação excessiva e
desequilibrada, bem como o abuso de petiscos e sobrepeso;
• Doenças ou fármacos antagônicos à insulina;
• As fêmeas são afetadas pelo mesmo 2 vezes que os machos;
• Interação hormonal; Estrogênio e progesterona;

• Machos castrados (obesidade) apresentam maior risco, assim como


cães com menos de 22 kg;
Diabetes Mellitus (DM)

• É um grupo de distúrbios metabólicos que compartilha a característica


subjacente comum de hiperglicemia;
• A hiperglicemia resulta de um defeito na secreção de insulina, na ação
da insulina ou em ambas;
• DM Tipo 1;
• DMID: diabetes mellitus insulinodependentes;
• Possui uma deficiência absoluta de insulina;
• DM Tipo 2;
• DMNID: diabetes mellitus não insulinodependentes;
• Causado por uma combinação de resistência insulínica e uma
resposta secretória inadequada das células Beta pancreática;
DM

• A DM é considerada atualmente uma doença multifatorial ;


• Predisposição genética;
• Insulite Imunomediada;
• Pancreatite;
• Obesidade;
• Doenças ou fármacos antagônicos à insulina;

• Gerando a perda funcional da células ß —> hipoinsulinemia —>


Hiperglicemia
Manifestações Clínicas

• Poliúria;
• Polidipsia; 4’P
• Polifagia;
• Perda de peso;
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o Letargia / Caquexia;
• Formação abrupta de catarata (diabética);
• Manifestações neurológicas (convulsão);
Anamnese

• A anamnese deve ser realizada a fim de procurar doenças


concomitantes presentes na maioria dos casos de DM;
• Antagonismo aos efeitos da insulina;
• Pancreatite, ICC, HAC, piometra,
• Fármacos diabetogênicos;
• Glicocorticóides, Progestógenos;
• Questionar o tipo de alimentação que esse paciente possui;
• Caso o responsável não repara o aparecimento desses sinais, o
paciente pode desenvolver cetoacidose diabética (CAD),
evoluindo para coma e morte;
Perda de Peso

Catabolismo

Proteólise
Lipólise Anabolismo
Diagnóstico

• Requer a presença dos sintomas apropriados (4 P´s);


• Associado a hiperglicemia (persistente) e glicosúria;
• Os pacientes diabéticos não complicados, apresentam glicemias em
jejum entre 250 e 450 mg/dl;
• Hiperglicemia acontece 2 horas após a refeição;

• A frutosamina pode auxiliar no diagnóstico em animais estressados


ou agressivos no momento da coleta de sangue;

• A necessidade de uma avaliação completa da saúde do diabético é


recomendada a fim de identificar outras doenças concomitantes
que possam levar a resistência a glicose;
Diagnóstico

• Hemograma;
• Perfil Hepático (ALT / FA / ALBUMINA)
• Perfil Renal (UREIA / CREATININA)
• COLESTEROL / TRIGLICÉRIDES
• Ultrassonografia Abdominal;
• Boa ferramenta para avaliar estruturas vizinhas;
• Urinálise (Guiada por US - Cistocentese);
• Cultura e Antibiograma;
• Frutosamina (Oferece um indicador confiável em relação a glicemia
entre 2 a 3 semanas);
Urinálise

• Os achados mais comuns na urinálise em um paciente diabéticos


são;
• Glicosúria, cetonúria, lipúria, proteinúria, bacteriúria e hematúria;
• A densidade urinária em pacientes diabéticos é inferior a 1,020
(devido a diurese osmótica);
• A glicosúria está presente pois o limiar de glicose nos túbulos
renais foi ultrapassado:
• > 250 mg/dl (cão);
• 300 mg/dl (gatos);
Tratamento

• A meta primária do tratamento, é a eliminação dos sintomas


secundários à hiperglicemia e à glicosúria;
• O tratamento para animais com D.M é multidisciplinar:
• Tratamento médico: Terapia insulínica + dieta;
• Terapia complementar: Atividade física;
• O clínico deve sempre evitar a hipoglicemia, complicação
terapêutica séria e potencialmente fatal, normalmente decorrente
da sobredose de insulina;
• Terapia insulínica:
• Manejo em relação a insulina;
• Tempo de vida;
• Escolha da insulina;
Insulinoterapia
• As preparações de insulina são estáveis à temp. ambiente;
• A refrigeração prolonga a vida útil da insulina;
• Aquecer, congelar ou agitar vigorosamente;

• Tempo de vida da insulina (refrigerada) 30 a 45 dias após aberto;


• Insulina Humana;
• Insulina Recombiante Humana:
• Insulina NPH - Ação Intermediária
• Insulina Regular
Insulina

Molécula Comercial Início da Pico Duração Tipo de Insulina


Ação

Regular Novolin/Humulin 30 min a 1 hora 2 a 3 horas 5 a 8 horas Ação rápida

Glargina Lantus 2 a 4 horas Não possui 20 a 24 horas Ação prolongada

Novolin N/
NPH Humulin N 2 a 4 horas 4 a 10 horas 10 a 18 horas Ação
intermediária
——— Um bom controle glicêmico
——— A ação da insulina é muito curta, fazendo com que a glicemia se eleva antes da próxima aplicação
——— Pico da ação da insulina muito tardio, com o nadir próximo a hora da próxima aplicação
——— Ação da insulina é boa, porém o Nadir e a próxima aplicação de insulina estam longe do alvo
Tratamento

• Insulina NPH ® - 100 U/ml Humulin N ® / Novolin N ®

• A insulina de escolha para início do tratamento;


• Dose 0,25 UI / kg - a cada 12 horas (Glicemias < 360mg/dl);
• Dose 0,50 UI / kg - a cada 12 horas (Glicemias > 360mg/dl):

• Dose > 1 UI/kg —> Podem produzir efeito Somogyi;

• O intervalo das aplicações é a cada 12 horas,


• O pico ocorre 6 horas após a aplicação ;
Insulinoterapia
Tratamento

• Caninsulin ® - 40 U/ml 70 % Insulina Lenta


30% Insulina Regular
• Insulina lenta ;
• De origem suína - apresenta a mesma sequência de a.a da insulina
canina;
• Não imunogênica:
• Necessita de uma seringa específica para aplicação;
• Volume do frasco é pequeno para cães de grande porte;
• O intervalo das aplicações é a cada 12 horas,
• Primeiro pico 3 horas após da aplicação ;
• Segundo pico 8 horas após a aplicação;
Insulinoterapia
Procedimentos cirúrgicos

• Necessário ter um bom controle glicêmico;


• Agendar o procedimento na parte da manhã;
• Não alimentar o paciente pela manhã;
• Aplique metade da dose recomendada;
• A partir daí -> mantém um controle glicêmico a cada 20 minutos ;
• Objetivo de manter a glicemia entre: 150 - 250 mg/dl;
• Para manter esse objetivo, pode-se fazer ncessário :
• Infusões de líquidos glicosados (2,5% - 5%);
• Aplicações de insulina regular (IM) 20% da dose da insulina usada
em casa ou 0,1U/kg, de acordo com a glicemia;
Manejo Alimentar

• Correção de comorbidades;
• Obesidade;
• Incremento de fibras (insolúveis e solúveis); rações - (12% de
fibras insolúveis)
• Melhora - Colesterol livre, glicerol, hemoglobina glicosado,
frutosamina;
• Retardo do esvaziamento gástrico e absorção de nutriente;
• Dietas com baixo teor de gordura (< 30%), ajudando também a
diminuir o risco de pancreatite, controlar aspectos de hiperlipidemia
e favorecer a redução ou manutenção do peso;
Manejo Alimentar

1. Royal Canin Weight Control;


2. Royal Canin Obesity;
3. Hill’s W/D ou R/D;
4. Purina DM®
5. ProPlan Reduced Calories;
• A ração deve conter o mesmos ingredientes e calorias;
• Caso o paciente tenha outras condições patológicas que se
beneficiam do tratamento dietético, neste caso a dieta terapêutica
para a comodidade têm preferência sobre a para diabéticos - por se
tratar de um adjunto ao tratamento;
Manejo Alimentar
Manejo Alimentar

• Cães diabéticos recebem insulina 2 vezes ao dia e recebem duas


refeições de tamanhos iguais no horário de cada aplicação de
insulina;
• É um regime prático, muitas vezes ajuda no controle glicêmico e
por fim muitos proprietários entendem que estão
recompensando seus cães com alimento após a aplicação da
injeção;
• A aplicação de insulina antes da refeição mimetiza a secreção
fisiológica, contudo pode ser um procedimento arriscado, caso o
paciente não aceite o alimento após a insulina;
Controle Glicêmico

Curva Glicêmica

• Se faz necessário o controle glicêmico (realizando várias aferições


- a cada 2 horas - durante a espera do pico máximo da insulina (6
horas), para verificar o risco de hipoglicemia;
• Glicemia > 150 mg/dl após a primeira aplicação de insulina;
• Glicemia > 270 mg/dl no momento da próxima aplicação;
Curva Glicêmica

• Uma vez estabelecida a necessidade de ajustes na terapia insulínica,


a curva glicêmica é utilizada para promover ajustes racionais na
terapia insulínica;
• Sendo realizada em ambiente hospitalar ou residencial;
• Realiza-se a primeira medida de glicose e, então, repetem-se as
coletas a cada 1-2 horas;
• Solicita-se que o tutor leve alimentação e a insulina do paciente
para ser aplicada durante a realização do exame;
• Podendo ser solicitado que o tutor aplique a insulina;
• Os valores mais importantes na medição são:
• Nadir e as glicemias pré-insulinas;
Diretrizes (Interpretação da Curva)

• Reduzir a dose da insulina em 50%, se o nadir for menos que 55


mg/dl ou caso o paciente apresente sinais de hipoglicemia;

• Redução na dose de insulina em 20%, se o nadir estiver entre 55 -


80 mg/dl, ou se a glicemia pré-insulínica estiver menor que 180
mg/dl;

• Não aplicar insulina se a glicemia pré-insulínica estiver menos que


90 mg/dl, mandar o para casa, alimentando-o normalmente, e no
outro dia reiniciar a insulinoterapia com uma dose 20% menos;
Diretrizes (Interpretação da Curva)

• Excelente controle glicêmico, com nadir entre 80 e 145 mg/dl, e


glicemia pré-insulínica maior que 180 mg/dl - Não mexer na dose da
insulina;

• Aumento da dose de insulina em 20%, se o nadir for maior que 145


mg/dl, e as glicemias pré-insulina, maiores que 180 mg/dl;
Complicações da DM

• Hipoglicemia; • Hipertensão arterial sistêmica;

• Resistência insulínica; • Nefropatia Diabética;

• Efeito Somogyi;

• Cataratas / Uveíte induzida pelo


cristalino;
Hipoglicemia

• Causada pela sobredose de insulina, pode levar a danos cerebrais


irreversíveis e até mesmo a morte;
• Manifestações clínica de neuroglicopenia são;
• Letargia / fraqueza / agitação / andar acelerado ou
cambaleante / perda das forças do membro / convulsão;
• Risco maior para cães que recebam a insulina 1 vez ao dia;
• Outros fatores como:
• Incompleta mistura da suspensão da insulina;

• Aumento súbito na dose da insulina;

• Administração de insulina em intervalos irregulares;

• Se os sinais de hipoglicemia forem perceptíveis, o animal deverá receber


uma refeição de comida usual;
Resistência Insulínica

• Condição na qual uma quantidade normal de insulina produz uma


resposta biológica subnormal;
• Antes interação da insulina com seu receptor;
• Defeito no receptor;
• Ou nas cadeias de fosfoliração pós-receptor;
• Considerada quando há altas glicemias com pouca redução após a
administração da insulina, e que podem estar sendo causadas por
doenças intercorrente ou medicações;
• Glicemia > 300 mg / dl e dose da insulina > 1 U/kg;
• Equação = insulinemia / glicemia ( valores > 0,25 mg/dl sugerem
hiperinsulinemia relativa);
Efeito Somogyi
• Também chamado de efeito rebote;

• Se trata de um fenômeno fisiológico em resposta à redução,


esta muito rápida, da glicemia;

• Dessa maneira são estimulados diversos mecanismos


fisiológicos que interferem no efeito da insulina e estimulam a
produção de glicose hepática;

• Liberando principalmente a epinefrina e glugacon;

• Assim sendo, se observa após o episódio hipoglicêmico,


uma marcante hiperglicemia ( 400 - 800 mg/dl) com
glicosúria ;
Cataratas

• Acontece de maneira rápida e bilateral, com ou sem terapia


insulínica;

• Se trata de um processo irreversível;

• Um excelente controle glicêmico e flutuações mínimas de glicemia


ajudam a evitar e atrasar a ocorrência de cataratas;

• No entanto todos os cães diabéticos vão desenvolverão cataratas


ao longo dos meses/anos de tratamento;
Cataratas

Fonte: Pöppl A.L 2014


Prognóstico

• Reservado, estando vinculado em parte, com o compromisso do


proprietário em tratar a doença;

• Associado com a facilidade de controlar a glicemia, evitando


complicações crônicas;

• Paciente diabéticos vivem em média 2 a 3 anos, chegando aos 5


anos;

• O diabetes per se, não reduz a expectativa de vida, desde que se


mantenha um rígido controle glicêmico;

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