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SÍNDROME CÓLICA EM EQÜINOS: OCORRÊNCIA E


FATORES DE RISCO

PAULA VIEIRA EVANS HOSSELL LARANJEIRA 1


FERNANDO QUEIROZ DE ALMEIDA 2

1- Veterinária, MSc, DSc - Rua Comandante Rubens Silva, 62/402, Jacarepaguá, Rio de Janeiro - RJ - CEP 22745-
282 phossell@gmail.com
2-Médico Veterinário, MSc, DSc - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Veterinária,
Departamento de Medicina e Cirurgia. BR 465, km 7 - Seropédica - RJ – CEP 23890-000 falmeida@ufrrj.br
Bolsista Pesquisador CNPq

RESUMO: LARANJEIRA, P. V. E. H.; ALMEIDA, F. Q. de. Síndrome cólica em eqüinos: ocorrência e fatores
de risco. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 28, n. 1, p. 64-78,
2008. Hossell Laranjeira, Paula Vieira Evans; Almeida, Fernando Queiroz. Síndrome Cólica em eqüinos: ocorrência
e fatores de risco. A epidemiologia da Síndrome Cólica nos eqüinos é de fundamental importância para o entendimento
da etiologia, da sintomatologia clínica e para a identificação dos fatores de risco, com o intuito de aumentar a
eficiência na abordagem dos casos e para que sejam adotadas medidas para reduzir o risco de ocorrência, de modo,
sempre, a preservar a saúde e o bem-estar dos eqüinos. Foram abordados a síndrome cólica em eqüinos e os fatores de
risco para a mesma descritos na literatura corrente. Devem ser implantadas medidas que reduzam a exposição destes
eqüinos aos fatores de risco ou que se altere o manejo destes animais para que os fatores de risco tenham a menor
influência possível nas alterações que levam à ocorrência de Síndrome Cólica.

Palavras-chave: abdômen agudo, epidemiologia, fatores de risco, eqüino

ABSTRACT:: LARANJEIRA, P. V. E. H.; ALMEIDA, F. Q. de. Horses’ colic syndrome: occurrence and risk
factors. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 28, n. 1, p. 64-78,
2008.Horses colic syndrome epidemiology is of great importance to etiology agreement, clinical symptoms and risk
factors identification, with the intention of efficiency in cases’ boarding and so adopt measures to reduce occurrence
risk to preserve horses’ health and well-being. Horse colic syndrome and risk factors already described in many
papers had been broached. There must be implanted procedures to reduces the exposition of horses to risk factors or
modifications on animals’ handling so that these risk factors possess less possible influence in alterations that lead to
colic syndrome occurrence.

Key words: Acute abdomen, epidemiology, risk factors

INTRODUÇÃO decorrência de gastos com tratamento, tempo


de afastamento do animal de suas atividades
A Síndrome Cólica nos eqüinos, normais e óbitos.
caracterizada por manifestação de dor A dor intensa provoca alterações no
abdominal, é uma das principais enfermidades comportamento dos eqüinos que auxiliam no
que acometem a espécie eqüina, sendo mais reconhecimento de um episódio de Síndrome
comuns as dores de origem gastrointestinal. Cólica. Os eqüinos passam a ter atitudes que
Não é uma entidade nosológica específica e indicam esta dor, como deitar e levantar
sim um conjunto de múltiplas condições constantemente, se jogar no chão e rolar sem
conseqüentes a determinadas disfunções de maiores cuidados ou ter dificuldades para
vísceras intra-abdominais, sendo responsável caminhar. Apesar da relativa facilidade na
por grandes perdas econômicas em identificação de um eqüino com cólica,

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determinar a origem da dor e os fatores que nas condições de estabulação, dieta rica em
levam ao quadro clínico torna-se difícil, pois concentrados, volumoso ou concentrado de má
os fatores desencadeantes são muitos e variam qualidade, consumo excessivamente rápido da
de caso a caso. A multiplicidade das causas, a ração concentrada, privação de água e o
complexidade dos casos clínicos e o alto índice transporte em viagens podem influenciar a
de insucesso nos tratamentos, principalmente ocorrência de Síndrome Cólica (HILLYER et
daqueles que demandam procedimentos al., 2001).
cirúrgicos, são apenas algumas das Em média, o estômago do eqüino
dificuldades na resolução dos casos. adulto de porte médio tem capacidadede 15 a
O conhecimento dos potenciais fatores 20 litros, sendo relativamente pequeno e
para o desenvolvimento da Síndrome Cólica ajustado para recepção contínua de pequenas
é de fundamental importância para o melhor quantidades de alimento, e o seu volume
entendimento da etiologia e da sintomatologia representa menos que 10% do volume total
clínica e para que mais eficientemente sejam do trato digestivo. As funções básicas do
abordados os casos clínicos e realizadas estômago envolvem o armazenamento, a
intervenções para reduzir o risco de mistura e o início da digestão do alimento,
ocorrência, com o intuito, sempre, da ocorrendo principalmenteo processo digestivo
preservação da saúde e do bem-estar dos enzimático e hidrólise pela ação do suco
eqüinos. gástrico. Os alimentosfibrosostêm um menor
Apesar da importância, muitos fatores tempo de retenção nesse compartimento do
de risco ainda precisam ser estudados e sua trato digestivo (MEYER, 1995). Portanto, os
associação com o desenvolvimento da alimentos volumosos têm um trânsito mais
Síndrome Cólica deve ser pesquisada em rápido no estômago do que os concentrados
estudos mais aprofundados. (MOORE et al., 2001).
A incidência de cólica de origem
Síndrome Cólica em Eqüinos estomacal tem grande vari ação, sendo
As cólicas de origem gastrintestinal são observados em 10% dos casos clínicos de
as mais comuns nos eqüinos, porém dores de cólica (CARTER et al., 1987). Messer e
origem no trato geniturinário ou outros órgãos Beeman (1987) descrevem adistensão gástrica
abdominais também podem levar ao como sendo a causa mais comum de cólica na
desenvolvimento de cólica. prática cl íni ca. As cólicas com origem
O eqüino é um animal herbívoro estomacal são decorrentes principalmente de
monogástrico, isto é, possui um único mudanças na fermentação microbiana ou um
estômago e, em condições naturais, se alimenta resul tado da perda de moti l i dade
de forragens. Sua digestão possui (VERVUERT & COENEN, 2003) e o risco
particularidades que devem ser observadas de cólica aumenta com a quantidade de
para um melhor manejo e aproveitamento dos concentrado ingerido (GONÇALVES et al.,
nutrientes. Para que um animal que apresente 2002). Pulz et al. (2004), observaram elevada
quadro clínico de Síndrome Cólica seja ocorrência de distensão gástrica em eqüinos
abordado de maneira correta é de fundamental militares, tendo sido relacionada com as
importância o conhecimento da anatomia do condi ções do manejo al i mentar e o
trato gastrintestinal, do seu funcionamento e confinamento.
das possíveis alterações que possam ocorrer Há uma estreita relação entre a
(MOORE et al., 2001). elevada ocorrência de distensão gástrica com
O eqüino é muito exigente e sensível uma séri e de fatores associ ados ao
às alterações de manejo alimentar e ambiental. confinamento e à rotina dos eqüinos. A
A diminuição ou variação no nível de atividade qualidade da ração concentrada e a baixa
física, alterações súbitas na dieta, alterações ingestão de volumoso, associadas a fatores

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como estresse e alterações de comportamento temperatura ambiente, ingredientes da dieta,


provocadas pelo confinamento, podem tamanho da partícula, freqüência de
influenciar na fisiologia e funcionamento do alimentação e teor de fibra da ração
aparelho digestivo do eqüino (HILLYER et al., (WARNER, 1981) e o tempo de permanência
2001). do alimento nos diversos segmentos do trato
Geralmente, os casos de cólica intestinal dos eqüinos depende de vários
intestinal são menos freqüentes (TURNER et fatores, e a variação no tempo de exposição
al., 1984; ENGELBERT et al., 1993; do alimento à atividade digestiva irá afetar a
VACHON & FISHER, 1995) e são digestibilidade dos nutrientes. Entre os fatores
relacionadas com a necessidade de cirurgia, relacionados à retenção do alimento estão a
principalmente as obstruções (MAIR, 2002). individualidade do animal e o tipo de atividade
No entanto, no Canadá os casos de cólica com física, a composição e quantidade do alimento
origem intestinal são mais comuns, sendo a ou dieta, o tipo e tamanho de partículas do
impactação de cólon maior, a torção de cólon alimento, o teor de água, o tempo de trânsito
maior e a cólica espasmódica as mais comuns, do alimento ou dieta pelo trato digestivo e a
respectivamente, para os casos atendidos em quantidade de fibra presente na dieta. O
hospital escola (ABUTARBUSH et al., 2005). volumoso passa mais rápido pelo estômago e
O intestino delgado do eqüino tem intestino delgado do que o concentrado, mas
cerca de 20 metros de comprimento e é fica retido por mais tempo no intestino grosso,
dividido em duodeno, jejuno e íleo, sendo o e o material fibroso de difícil degradação
principal sítio de digestão e absorção de demora mais tempo no intestino grosso do que
lipídeos, carboidratos solúveis e parte da o feno e o volumoso verde (OLSSON;
proteína dos alimentos (MEYER, 1995). RUUDVERE; 1955; MEYER, 1995). O
Devido ao seu grande comprimento e longo prolongado tempo de retenção dos fluidos e
mesentério, é possível que ocorram vólvulos das partículas da digesta no cólon maior é
e encarceramentos (MOORE et al., 2001), as importante para a digestão microbiana
reduções abruptas no diâmetro do intestino nas (ARGENZIO et al., 1974).
regiões da flexura pélvica e cólon menor Dentre os fatores individuais que
favorecem a ocorrência de impactações e a afetam a digestibilidade dos nutrientes em
grande mobilidade do cólon maior possibilita eqüinos encontram-se a mastigação, a presença
ectopias (HACKETT, 1983). de parasitas e a velocidade de trânsito da
O volume do intestino grosso digesta, sendo que a motilidade intestinal está
representa 60% do volume total do trato relacionada com a quantidade e a natureza da
digestivo do eqüino, sendo subdividido em fibra contida na dieta, podendo acelerar ou
ceco e cólon (MEYER, 1995). Neste reduzir as ações digestivas sobre a dieta
compartimento ocorre a maior parte da (WOLTER, 1977). Uma alta quantidade de
fermentação microbiana, sendo o sítio fibra na dieta aumenta a probabilidade de
primário de digestão dos carboidratos estrutu- impactação (PUGH & THOMPSON, 1992) e
rais, que são digeridos por enzimas produzidas o feno de baixa qualidade e baixa
pelos microorganismos nele presentes e digestibilidade predispõe o cavalo à cólica
absorvidos como ácidos graxos voláteis (COHEN et al., 1999). No entanto, observa-
(HINTZ et al., 1971). Deve-se considerar que se que quando os eqüinos recebem apenas
o consumo e a freqüência da alimentação forragem ocorre uma redução na incidência
influenciam a atividade microbiana no trato de cólica (TINKER et al., 1997b; COHEN et
gastrintestinal (ZEYNER et al., 2004). al., 1999).
O fluxo da digesta no trato digestivo O quadro de abdômen agudo pode ser
é influenciado por vários fatores, como causado por diversas enfermidades,
espécie, idade, estado fisiológico, exercícios, envolvendo as diferentes porções do trato

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gastrintestinal. Os distúrbios podem ser As alterações decorrentes do intestino


gástricos ou intestinais, obstrutivos ou não, delgado são as menos freqüentes, porém
com ou sem estrangulamento vascular. O podem ocorrer lesões estrangulantes como o
prognóstico dependerá de vários fatores, como encarceramento através do mesentério ou
a região afetada, o grau de comprometimento através do forame epiplóico (TURNER et al.,
do órgão e o tempo para o início do tratamento 1984; ENGELBERT et al., 1993; VACHON;
(COHEN, 1997). FISCHER, 1995). As obstruções do intestino
As lesões associadas com a cólica são delgado são importantes causas de cólica
anatômica e funcionalmente categorizadas cirúrgica em eqüinos, sendo grande parcela de
como obstrutiva, estrangulante, infarto não casos cirúrgicos provocados por este tipo de
estrangulante, enterite, peritonite, ulceração enfermidade (MAIR, 2002).
ou ileus (TINKER et al., 1997a), sendo a O intestino do eqüino é anatomica-
cólica espasmódica ou cólica gasosa, mente predisposto aos deslocamentos. O
provavelmente, a causa mais comum de cólica deslocamento não estrangulante do cólon
em eqüinos (COHEN et al., 1999). A distensão ascendente é uma das maiores causas de
primária do estômago geralmente é causada obstrução do intestino grosso, devido à
por sobrecarga de grãos ou por gases mobilidade do cólon ascendente e ao acúmulo
produzidos por alimentos fermentáveis e de gás, líquido ou digesta que podem fazer
ocorre em aproximadamente 10% dos casos com que o cólon migre de posição
(CARTER, 1987) e 11% dos óbitos de eqüinos (HACKETT, 1983).
submetidos à laparotomia exploratória foram O deslocamento do cólon maior ocorre
decor r en tes de r uptur a gástr ica quando a flexura pélvica ou toda a porção
(TODHUNTER et al., 1986). esquerda do cólon desloca-se sobre o
A cólica por distensão é um tipo não ligamento nefro-esplênico (MOLL et al., 1993;
cirúrgico e que responde à maioria dos HARDY et al., 2000). A impactação da ingesta
tratamentos clínicos e parece ser o tipo mais é uma das formas mais comuns de cólica no
comum na clínica de eqüinos (MESSER; ceco ou no cólon (VERVUERT & COENEN,
BEEMAN, 1987). Incluem-se nesta categoria 2003) e a impactação da flexura pélvica é uma
as cólicas espasmódicas, distensões gasosas ocorrência relativamente comum, ocorrendo
e impactações com obstrução parcial. As obstrução deste segmento com ingesta
alterações na motilidade têm um papel ressecada e impactada (DABAREINER &
significativo no desenvolvimento da distensão WHITE, 1995; WHITE & DABAREINER,
e os distúrbios neuroendócrinos influenciam 1997; LOPES & PFEIFFER, 2000). A torção
o peristaltismo. O peristaltismo reduzido, do cólon maior, também denominada de
secundário ao espasmo ou ao ileus adinâmico, vólvulo, é o deslocamento que mais ocorre
rapidamente provoca distensão do estômago envolvendo o intestino grosso (SNYDER et
ou do intestino, com gás ou fluídos, levando al., 1990; DARIEN et al., 1995).
ao aumento da tensão intramural e dor. Outros A areia e os enterólitos também são
mecanismos de indução incluem os alimentos causas para cólicas nos eqüinos. A cólica
ou dietas que quando fermentados há desencadeada pela presença de areia no trato
excessiva produção de gás, fibra insuficiente gastrintestinal do eqüino, também denominada
na dieta e a subseqüente distensão da parede de sablose, ocorre devido ao pastejo em
intestinal e o aumento do peristaltismo, terrenos arenosos e a ingestão de água em rios
podendo resultar em deslocamentos de alças (VERVUERT & COENEN, 2003).
intestinais. Também a excitabilidade natural Os enterólitos são concreções que
do eqüino e excitação ou fadiga pelo exercício podem estar localizadas em toda extensão do
podem induzir a ocorrência da cólica in testin o gr osso e são compostos
(FOREMAN, 2000). pr i n c i pa l m en t e de fos fa t o a m on í a co

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m a gn es i a n o em t or n o de um n úcl eo A Síndrome Cólica nos eqüinos


(THOMSON, 1990; HASSELL, 2002). apresenta uma alta taxa de letalidade e as taxas
Diversos fatores podem estar associados com variam de acordo com o plantel eqüino
a enterolitíase em eqüinos, incluindo a estudado e o tipo de cólica apresentada pelos
presença do núcleo, as dietas, tais como o animais. White e Lessard (1986) relataram
consumo elevado de proteína, de cálcio e de taxa de mortalidade de 40,2% dos 4.644 casos
magnésio; o pH elevado do intestino; o tipo de eqüinos acometidos por cólica atendidos
de solo e a espécie e a raça. Cavalos árabes e em hospitais universitários dos EUA e da
pôneis parecem ser mais propensos ao Inglaterra, em um período de observação de
desenvolvimento de enterolitíase. Há seis anos, enquanto que Hunt et al. (1986),
associação da alimentação com alfafa e a analisando a ocorrência de cirurgias nos casos
formação de enterólitos (VERVUERT & clínicos de cólica, observaram que mais de
COENEN, 2003). A enterolitíase possui 50% dos óbitos ocorreram no período pós-
prevalência elevada na Califórnia (HASSEL operatório. A cólica é a maior causa de morte
et al., 1999) enquanto na Europa apenas alguns entre os equinos de fazendas de criação, sendo
casos são relatados. A obstrução por observada uma taxa de fatalidade de 6,7%
enterólitos é uma alteração comum em animais (TINKER et al., 1997a).
com mais de 11 anos (HASSEL et al., 1999) As doenças digestivas, como cólica,
e, apesar de a alfafa poder estar envolvida na diarréia, ou enterotoxemia, representam 50%
formação do enterólito, a maioria dos eqüinos dos problemas médicos que resultam em óbito
que sempre consumiu feno de alfafa não do eqüino adulto (GONÇALVES et al., 2002).
desenvolveu o enterólito (BRAY, 1995). Os casos de Síndrome Cólica que requerem
cirurgia resultam em um maior número de
Fatores de Risco para a Ocorrência da óbitos do que os demais casos. Foi observado
Síndrome Cólica em Eqüinos um risco de fatalidade de 13% em eqüinos com
A Síndrome Cólica é uma das cólica não submetidos à cirurgia e de 31% para
principais enfermidades que requerem aqueles submetidos à cirurgia (KANEENE et
atendimento veterinário entre os eqüinos al., 1997) e fatalidade de 11% nos eqüinos dos
(TRAUB-DARGATZ et al., 2001) e apresenta plantéis dos EUA (TRAUB-DARGATZ et al.,
alta incidência. Nos EUA, a incidência variou 2001).
de zero a 39,0% ao ano, em plantéis de eqüinos A porcentagem de episódios de
na Carolina do Norte (UHLINGER, 1992), e Síndrome Cólica que resultam em cirurgia
3,5% ao ano em eqüinos de fazendas de varia segundo os plantéis analisados e o tipo
criação em Michigan (KANEENE et al., de cólica prevalente entre os animais. Tinker
1997). Tinker et al. (1997a,b) observaram et al. (1997a) observaram que 3,8% dos casos
incidência média anual de 10,6% em fazendas de cólica estudados em fazendas de criação
e uma incidência para o primeiro caso de 9,1%. com mais de 20 eqüinos resultaram em
A incidência anual de cólica nos plantéis de cirurgia, enquanto Cohen et al. (1999) e Traub-
eqüinos dos Estados Unidos foi estimada em Dargatz et al. (2001) relataram a necessidade
4,2 casos para cada 100 eqüinos por ano de cirurgia em 6,3% e 1,4% dos casos,
(TRAUB-DARGATZ et al., 2001). Na Grã- respectivamente. Segundo Todhunter et al.
Bretanha foi observada uma incidência de 7,2 (1986), 11% das mortes dos eqüinos
casos de cólica para cada 100 animais por ano submetidos à laparotomia exploratória devido
(HILLYER et al., 2001) e no Irã a incidência à cólica são decorrentes de ruptura gástrica e
anual de cólica foi de 8,6% em eqüinos de tanto os eqüinos com histórico de cólicas
fazendas de criação (MEHDI & agudas como crônicas, com mais de 36 horas
MOHAMMAD, 2006). de duração, são susceptíveis à ruptura gástrica.

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Há também as perdas em decorrência fêmeas e a alimentação com feno de capim


de abortos em éguas. Éguas que apresentaram coast-cross. Há um aumento significativo na
cólica nos últimos 60 dias de gestação e foram probabilidade de ocorrência de cólica com o
submetidas a cirurgias apresentaram aborto aumento da idade do eqüino e com a
(SANTSCHI et al., 1991) e pode ser observada participação destes animais em eventos
a ocorrência de endotoxemia em éguas que eqüestres (KANEENE et al., 1997).
apresentam aborto após a ocorrência de cólica Os eqüinos com episódios anteriores de
(BOENING & LEENDERTSE, 1993). cólica possuem maior risco de apresentarem
Estudos epidemiológicos têm identifi- outro episódio, provavelmente por existir uma
cado fatores de risco que favorecem a lesão no trato gastrointestinal causada pelo
ocorrência de Síndrome Cólica em eqüinos de quadro anterior ou devido a uma sequela de
diversos tipos de criação, tornando possível o cirurgia no trato gastrointestinal. A ocorrência
estabelecimento de medidas para evitá-los ou de episódios anteriores de cólica foi relatada
corrigi-los, sendo um caminho eficaz para a como fator de risco em diversos trabalhos
manutenção da saúde destes animais. (COHEN et al., 1995; REEVES et al., 1996;
O desenvolvimento da Síndrome Cólica TINKER et al., 1997a,b; TRAUB-DARGATZ
em um eqüino não depende de um único fator et al., 2001; VAN DEN BOOM & VAN DER
de risco, na maioria das vezes. As pesquisas VELDEN, 2001), portanto, o risco de cólica
realizadas demonstram que um conjunto de aumenta depois que o eqüino já apresentou um
fatores atua sobre o eqüino para que a cólica caso clínico, independentemente do manejo
se desenvolva. Esses fatores isolados ou dos animais (REEVES et al., 1996).
combinados, que podem ser internos ou A reincidência de cólica foi 3,6 vezes
externos, podem interagir de várias formas maior em eqüinos com histórico de cólica
dando início a mudanças na fisiologia que (TINKER et al., 1997b). Reforçando esta
podem levar ao desenvolvimento da cólica. observação, Traub-Dargatz et al. (2001)
Estudos devem ser realizados visando observaram que 11% dos animais acompanha-
programas de prevenção mais específicos, pois dos durante um ano apresentaram reincidência
os gastos com o tratamento dos eqüinos em de cólica e Van den Boom e Van der Velden
decorrência de Síndrome Cólica são elevados (2001) observaram que 16% dos eqüinos que
(TRAUB-DARGATZ et al., 2001). Esses haviam sido submetidos a cirurgias abdomi-
trabalhos aparecem como descrição de casos, nais apresentaram cólica novamente.
estudos observacionais com controle ou O histórico de episódio anterior de
estudos experimentais. Normalmente, dados de cólica não ajuda a identificar o mecanismo
estudos controlados apresentam maiores patofisiológico da cólica e também não é um
evidências de associação causal entre um fator fator de risco que possa ser alterado. Porém, a
estudado e a cólica do que os relatos de caso associação de um episódio de cólica com um
(COHEN, 1997). episódio subsequente é uma importante
Em estudo de caso-controle Cohen e informação para aqueles que manejam os
Peloso (1996) observaram que o histórico de animais, sendo informados que o risco de um
cirurgia abdominal, a idade maior que oito episódio de cólica aumenta depois que o
anos, a alimentação com feno de capim coast- animal já apresentou o primeiro caso clínico
cross, a raça Árabe e mudanças recentes na (COHEN, 1997).
estabulação estavam associados significativa- Outros fatores também tornam o eqüino
mente a episódios anteriores de cólica. E os propenso a novos quadros de cólica, tais como,
quadros crônicos apresentaram associação mudanças no sistema de estabulação ou na
significativa com o histórico de cirurgia dieta até duas semanas anteriores ao quadro
abdominal anterior, a idade maior que oito clínico, mudanças no nível de atividade física
anos, o macho castrado comparado com as durante a semana anterior ao surgimento da

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cólica e cirurgias abdominais (COHEN et al., leguminosas, podem predispor os eqüinos à


1995) e erros na alimentação e no manejo impactação intestinal levando ao quadro
alimentar dos eqüinos aumentam o risco para clínico de cólica (COHEN & PELOSO, 1996).
a ocorrência de cólica (COHEN et al., 1995; Ainda em estudo de caso-controle, com
COHEN; PELOSO, 1996; REEVES et al., eqüinos atendidos em um hospital veterinário,
1996; TINKER et al., 1997b; COHEN et al., observou-se que para cada quilograma de
1999; HUDSON et al., 2001; VERVUERT & milho inteiro ingerido havia aumento de risco
COENEN, 2003). para ocorrência de cólica (REEVES et al.,
A ausência de água na pastagem, as 1996).
quantidades elevadas de concentrado e O feno de baixa qualidade e baixa
mudanças no tipo de criação também aparecem digestibilidade e a mudança no tipo de feno
como fatores de risco para cólica (REEVES predispõem o eqüino à cólica e quando os
et al., 1996; COHEN et al., 1999). Alguns eqüinos são alimentados apenas em pastagens
pesquisadores relatam a ingestão de grãos observa-se redução nos casos (COHEN et al.,
como fator de risco para distúrbios 1999). O risco de cólica pode ser maior com
gastrintestinais, mas os mecanismos que o aumento na quantidade de concentrado
explicam essa associação ainda não foram ingerido e com mudanças na quantidade ou
todos elucidados. Reconhecer esses fatores e no tipo do alimento (TINKER et al., 1997b).
realizar mudanças para que sejam evitados os Em estudo prospectivo, em uma fazenda de
fatores predisponentes é de grande importância criação, estes autores observaram que mais de
para a prevenção. uma mudança no tipo de feno ao ano e
A associação da cólica com as dietas, mudanças na ração concentrada agem como
o manejo alimentar e as ocorrências médicas fatores de risco para a cólica, tendo sido
que podem ser prevenidas foi apresentada em observado que a ingestão de mais de 2,5 Kg
alguns estudos, porém, os resultados de ração por dia aumentou o risco em 4,8 vezes
apresentam algumas divergências (COHEN, e a ingestão de mais de 5 Kg de ração
1997). O tipo de dieta, a quantidade, a aumentou o risco em 6,3 vezes, e que
qualidade, a freqüência e as mudanças mudanças no concentrado durante o ano
repentinas na dieta são fatores importantes também influenciam a ocorrência de cólica.
para a ocorrência da Síndrome Cólica. A Este estudo indica que a dieta ou mudanças
freqüência do arraçoamento deve ser a maior na dieta são fatores de risco importantes para
possível, para respeitar ao máximo a fisiologia a ocorrência de Síndrome Cólica em eqüinos
digestiva eqüina e manter o trato digestivo de fazendas de criação.
uniformemente preenchido. A prática de A restrição do acesso ao pasto ou a
administrar grandes quantidades de redução no tempo de pastejo ou da oferta de
concentrados aos eqüinos, leva a um maior alimento volumoso, a ingestão de mais de
número de cólicas e não é, necessariamente, o 2,7Kg de aveia por dia, mudança na
excesso de grãos que causa cólica, mas sim o quantidade de feno oferecido, fornecimento de
alto nível de carboidratos solúveis no um novo tipo de feno ou a introdução de feno
concentrado (WHITE, 1995). ou grãos à dieta aumentam o risco de
Dietas com altos teores de fibra ocorrência de cólica (HUDSON et al., 2001).
aumentam a probabilidade de ocorrência de Fatores nutricionais foram os que
impactação (PUGH & THOMPSON, 1992). mais apresentaram associação nos casos de
Resultados de estudo de caso-controle indicam Síndrome Cólica estudados em fazendas de
associação entre mudanças na alimentação e criação de eqüinos de corrida e de resistência
cólica (COHEN et al., 1995) e que dietas no Irã, quando foi observado que mudanças
incluindo o feno de capim coast-cross, que é na alimentação até duas semanas antes da
geralmente menos digestível que o feno de ocorrência do quadro clínico de cólica e o

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volumoso de baixa qualidade foram os fatores et al. (2001) observaram nos EUA uma maior
mais associados (MEHDI & MOHAMMAD, ocorrência de cólica na primavera, 37,7% dos
2006). casos, enquanto que no verão ocorreram
A água também é um fator importante 20,7% dos casos e no outono ocorreram 16,1%
na ocorrência da cólica e está relacionada dos casos. No Rio de Janeiro, Lima (1997)
quanto à quantidade, qualidade e temperatura. observou maior ocorrência de cólica nos meses
O risco de cólica aumenta quando a água é de mais quentes do ano, o que sinaliza para a
má qualidade ou é oferecida em quantidades presença de outros fatores ligados à época do
restritas, levando a uma ingestão diária em ano. Provavelmente, as variáveis climáticas
quantidade aquém da necessária (SAMAILLE, não aumentam o risco da ocorrência de cólicas,
2006). A diminuição da ingestão de água mas podem influenciar mudanças no manejo,
contribui para a incidência de impactações de como maior tempo de estabulação e alterações
digesta no intestino grosso e redução do dietéticas (WHITE, 1995).
desempenho. A idade dos animais é considerada
A ausência de água nas pastagens e nos como fator de risco em alguns estudos
estábulos, o consumo do grão de milho inteiro, (COHEN & PELOSO, 1996). Segundo White
as quantidades elevadas de concentrados na (1995) e Mehdi e Mohammad (2006), os
dieta e as mudanças no tipo de forragem são eqüinos com idade de 2 a 10 anos são mais
particularidades notáveis na incidência de susceptíveis à cólica, apresentam 2,8 vezes
cólica (REEVES et al., 1996; COHEN et al., mais chance de ter cólica do que aqueles com
1999). O fato do fornecimento adequado de menos de dois anos de idade (TINKER et al.,
água nos pastos e piquetes ter sido identificado 1997b) e, estão inseridos na faixa etária na qual
como um fator de risco importante faz com os cavalos são utilizados em atividades físicas
que a manutenção de uma fonte adequada de e, por conseguinte, o consumo de concentrado
água seja de grande importância para evitar a é maior.
cólica nos eqüinos (REEVES et al., 1996). Alguns tipos de cólica parecem ser
As condições ambientais como prevalentes em animais jovens, como a
temperatura ambiente, umidade relativa do ar intussuscepção em potros, a cólica provocada
e precipitação pluviométrica têm sido por larvas de Cyathostominae em eqüinos com
relacionadas com a Síndrome Cólica. Não menos de 16 anos de idade, as cólicas
obstante a experiência clínica sugerir que espasmódicas em eqüinos adultos e os lipomas
exista relação entre cólica e fatores climáticos, estrangulantes em eqüinos idosos (TENNANT
esses fatores ainda são pouco esclarecidos. et al., 1972; SEMBRAT, 1975; MORRIS et
Apesar de alguns estudos relatarem o aumento al., 1989; REID et al., 1995; COHEN, 1997).
na incidência de cólica durante os meses mais Corroborando, Traub-Dargatz et al. (2001)
quentes do ano (ROLLINS & CLEMENT, observaram que potros com menos de seis
1979; COHEN, 1997), não foi possível meses de idade foram significativamente
comprovar uma associação da incidência de menos propensos a desenvolverem cólica do
cólica com a temperatura ambiente, com que os animais com mais de seis meses de
mudanças na temperatura ambiente ou com idade, porém, entre as categorais de seis a 18
mudanças na pressão atmosférica durante as meses, 18 meses a cinco anos, cinco a 20 anos
24 horas que antecederam o episódio de cólica e maiores de 20 anos não houve diferença
(FOREMAN & WHITE, 1986). significativa.
Há várias controvérsias em relação às É importante considerar os múltiplos
épocas do ano mais favoráveis à ocorrência fatores que podem estar influenciando essa
de cólica. Assim, Cohen (1997) observou que variação nos tipos de casos de cólica entre as
a incidência de cólicas aumenta nas épocas idades, como a alimentação, a exposição a
mais quentes do ano, enquanto Traub-Dargatz parasitos e mudanças na fisiologia intestinal

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72 Síndrome cólica em eqüinos...

(TRAUB-DARGATZ et al., 2001). Além de As úlceras gástricas também podem


apresentarem mais cólicas, os eqüinos mais causar cólicas e podem ser secundárias a
idosos requerem, com maior freqüência, outros distúrbios intestinais que causam
cirurgias para a resolução dos quadros em que cólicas (MURRAY, 1992). A intensidade da
estão envolvidos (REEVES et al., 1989). dor associada às úlceras pode variar de discreta
Porém, já foi observado que a ocorrência de a grave e alguns animais com úlceras gástricas
diversos tipos de cólica teve distribuição desenvolvem cólica recorrente com distensão
semelhante em todas as idades (TENNANT do cólon por gás que desaparece quando as
et al., 1972; WHITE &LESSARD, 1986; úlceras são tratadas e alguns casos podem
REEVES et al., 1989). As diferenças resultar em rupturas gástricas.
observadas entre os estudos podem ser Os efeitos do exercício e do treina-
resultantes de diferenças nas análises dos mento sobre as funções gastrintestinais dos
trabalhos ou das populações estudadas. eqüinos e suas alterações ainda não são
O sexo parece não ter influência completamente conhecidos. Os exercícios
direta sobre a incidência de cólica, pois não físicos, sejam em excesso ou a falta deles,
há associação significativa entre a ocorrência podem estar relacionados com a ocorrência da
da cólica e o sexo (TRAUB-DARGATZ et al., Síndrome Cólica (WHITE, 1995). Muitos
2001; MEHDI & MOHAMMAD, 2006), pesquisadores avaliam a influência do
embora os garanhões pareçam ter maior exercício sobre o sistema cardiovascular e
predisposição às cólicas digestivas causadas músculo-esquelético, porém pouco se sabe
por deslocamento de intestino grosso, sobre as conseqüências e o impacto dos
principalmente do cólon maior para a esquerda exercícios sobre o sistema gastrointestinal e
(SAMAILLE, 2006). suas doenças nos cavalos (MURRAY & FAN,
Dentre os fatores relacionados com o 2005) e não foi observada associação da cólica
risco para a ocorrência de Síndrome Cólica, com a utilização ou atividade do animal
os efeitos da endotoxemia, o timpanismo cecal, (TRAUB-DARGATZ et al., 2001).
a idade e a raça explicam 51% da variabilidade As infecções parasitárias também são
dos casos (THOEFNER et al., 2001). Porém importantes na Síndrome Cólica, sendo a
é muito difícil afirmar que alguma raça tenha presença de Strongylus vulgaris no trato
predisposição à cólica, pois normalmente os gastrintestinal importante causa de cólica, por
estudos são realizados com grupos de cavalos provocar a formação de trombos nas artérias
de algumas raças específicas e afirmar uma mesentéricas durante a migração larval
real influência da raça na incidência da (DRUDGE, 1979). Outros parasitos também
Síndrome Cólica poderia ser um resultado são importantes, como Anaplocephala
tendencioso. Entretanto, alguns trabalhos perfoliata no íleo e ceco, Parascaris equorum
atribuem um risco maior de cólica aos cavalos no intestino delgado de potros e larvas de
das raças Puro Sangue Árabe e Puro Sangue Gasterophilus sp e Draschia megastoma no
Inglês. As características hereditárias e o estômago (WHITE, 1995).
sistema de criação desses animais, que O risco de ocorrência de cólica
consomem quantidades elevadas de ração ileocecal aumenta com a presença de cestóides
concentrada, assim como os demais cavalos (PROUDMAN & EDWARDS, 1993), assim
de esporte, talvez favoreçam a ocorrência de como o risco de ocorrência de cólica por
cólica. Em fazendas de criação no Irã a impactação de íleo e cólica espasmódica com
incidência de cólica foi maior em eqüinos a intensidade da infecção (PROUDMAN &
mestiços em relação às raças Árabe, Puro HOLDSTOCK, 2000). A presença de
Sangue Inglês e Turkman (MEHDI & endoparasitas Cyathostominae determina
MOHAMMAD, 2006). severos danos ao intestino grosso, resultando
em cólica, além de diarréia, perda de peso,

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edema abdominal e, eventualmente, a morte auxiliares para a prevenção de alterações em


(LYONS et al., 2000). O controle rigoroso e sua fisiologia digestiva. Logo, deve-se sempre
profilático destes parasitos reduz a atentar para a qualidade e quantidade de
importância epidemiológica dos endoparasitos concentrado oferecido ao eqüino, para evitar
nos sistemas de produção e utilização dos que o aumento da quantidade de grãos
eqüinos. oferecido nas refeições leve a um risco de
Outros fatores podem estar ocorrência de cólica.
envolvidos na ocorrência de Síndrome Cólica, Algumas ações podem ser benéficas
como a utilização rotineira, esporádica ou para reduzir o risco de incidência de cólica,
acidental de drogas como os antinflamatórios como, manter os eqüinos na pastagem o maior
fenilbutazona e flunixim meglumina, paras- tempo possível, pois já foi observado que uma
simpaticomiméticos como a atropina e a maior ingestão de forragem reduz a incidência
escopolamina e acaricidas como os organofo- de cólica (TINKER et al., 1997b; COHEN et
sforados e o amitraz. A intoxicação por amitraz al., 1999), manter programas coerentes de
pode determinar algumas alterações no trato tratamentos anti-helmínticos (GONÇALVES
digestivo dos eqüinos, tais como, hipomoti- et al., 2002) e, se a alimentação do eqüino
lidade ou atonia intestinal, edema dos lábios, exigir muito alimento concentrado, redobrar
distensão abdominal, e impactação do os cuidados e a vigilância (SAMAILLE,
intestino grosso, levando o animal a deitar e 2006), fornecendo menores quantidades de
levantar com freqüência, rolar, olhar para o ração concentrada por refeição; mesmo que
flanco e gemer, caracterizando um quadro de para isso seja necessário aumentar o número
Síndrome Cólica (DUARTE et al., 2003). de refeições diárias.
Os eqüinos podem desenvolver
diversas atividades e cada tipo de trabalho CONCLUSÕES
exige alterações na formulação e no
fracionamento da dieta (MEYER, 1995). A Síndrome Cólica eqüina possui alta
Logo, as dietas dos animais devem ser incidência. A compreensão da epidemiologia
adaptadas às exigências nutricionais de acordo desta síndrome é de grande relevância para o
com os níveis e intensidades de utilização de manejo do eqüino com cólica e os estudos
cada eqüino especificamente. A pastagem é o sobre os fatores de risco para sua ocorrência
alimento natural dos eqüinos há milhares de devem ser continuados, considerando-se a
anos e estes possuem um sistema digestivo possibilidade de interferências e variações
adaptado anatômica e fisiologicamente para nestes fatores de acordo com o local no qual
transformar e suprir necessidades de todos os estão os eqüinos e demais possíveis interações
nutrientes. Porém, a estabulação e os esportes que possam ocorrer.
eqüestres fazem com que seja fornecida uma Na prevenção da Síndrome Cólica
alimentação muitas vezes incompatível com deve-se visar sempre a saúde e o bem-estar
sua capacidade de digestão, o que pode levar dos eqüinos, minimizando os riscos para
à ocorrência de Síndrome Cólica e outras ocorrência de alterações na fisiologia dos
alterações (HINTZ, 2005). animais, buscando-se o melhor manejo,
As possíveis mudanças na dieta devem juntamente com conhecimento de manejo
ser graduais, para que ocorra uma adaptação nutricional adequado, que inclui freqüência,
do organismo do eqüino à nova alimentação. quantidade e qualidade dos ingredientes da
Mudanças súbitas na ração podem causar dieta, e cuidados regulares com a saúde,
indigestão e cólica (COHEN et al., 1995, visando reduzir a incidência e as perdas
1999; REEVES et al., 1996), pois o eqüino é econômicas ocasionadas pela Síndrome
um animal de hábitos, portanto disciplina e Cólica.
constância no seu manejo se tornam fatores

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74 Síndrome cólica em eqüinos...

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