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UNIVERSIDADE SAVE

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA


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LICENCIATURA EM ZOOTECNIA

Ester Vicente Guele

Gércio Matsinhe

Tuéira Luis Novela

O efeito da nutrição na reprodução

Licenciatura em Zootecnia, 4ᵒ ano.

Chongoene

Março

2024

UNIVERSIDADE SAVE
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
LICENCIATURA EM ZOOTECNIA

Ester Vicente Guele


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Índice
1.0 Introdução....................................................................................................................................3

1.1 Objectivos..........................................................................................................................................4

1.1.1 Geral............................................................................................................................................4

1.1.2 Específicos..................................................................................................................................5

1.2 Metodologia.......................................................................................................................................5

2.0 Nutrição X Reprodução.....................................................................................................................5

2.1 Mecanismos de ação da nutrição sobre a reprodução....................................................................7

2.1.1 Aspectos da nutrição de fêmeas de corte....................................................................................8

2.1.2 Puberdade e maturidade sexual...................................................................................................9

2.2 Índices zootécnicos..........................................................................................................................10

2.2.1 Alguns indices...........................................................................................................................10

2.3 Intervalo de partos...........................................................................................................................12

2.4 Factores que afectam a eficiência reprodutiva.................................................................................12

3.0 Constatação......................................................................................................................................15

4.0 Referências bibliográficas................................................................................................................16


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1.0 Introdução

O presente trabalho surge na cadeira de Bovinocultura de Corte, e tem como tema: efeito da
nutrição na reprodução.

O maneio nutricional pode ser considerado um dos principais fatores que afeta a reprodução
de bovinos de corte. Energia, proteína, vitaminas e minerais, todos afetam de alguma forma a
reprodução seja pelo excesso ou pela deficiência. Inicialmente, parece uma simples questão
de prover o animal com nutrientes de acordo com as necessidades estabelecidas para si.
Entretanto, na prática, aliar o maneio nutricional ao maneio reprodutivo da propriedade,
buscando-se o máximo desempenho reprodutivo, é complexo em nível gerencial,
principalmente devido ao componente pastagem, base nutricional da pecuária.

Compreender as relações entre a nutrição e a reprodução é essencial para que se consiga


aumentar a eficiência produtiva do rebanho, pois permite uma melhor adequação do sistema
de produção quando se busca potencializar estratégias reprodutivas (PIRES & RIBEIRO,
2006).
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1.1 Objectivos
1.1.1 Geral
 Avaliar o efeito da nutrição sobre a reprodução.

1.1.2 Específicos
 Conhecer os indices zootécnicos e reprodutivos em bovinos de corte;
 Saber calcular os indices zootécnicos através da taxa de natalidade à idade da
puberdade;
 Identificar os factores que afectam a frequência reprodutiva.

1.2 Metodologia
Para a realização deste trabalho recorreu-se a pesquisa bibliográfica.
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida mediante material já elaborado, principalmente
livros e artigos científicos. O material consultado abrange todo referencial já publicado em
relação ao tema de estudo (GILL, 1999).
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2.0 Nutrição X Reprodução


 Aspectos gerais
Nutrição e reprodução são dois aspectos que possuem estreitos laços, em qualquer sistema de
produção. Antes de analisar características relativas a estas duas variáveis deve-se lembrar
que esta relação podia ser observada inclusive nos ancestrais dos animais domésticos. Pela
grande variação na oferta de alimentos nos diferentes períodos do ano, as espécies primitivas
desenvolveram mecanismos de adaptação às condições de escassez de alimentos. Algumas
espécies conservam estes mecanismos ou parte deles até hoje, porém a domesticação
eliminou total ou parcialmente estas estratégias em várias outras. A perda destas
características de adaptação à situações desfavoráveis faz com que o indivíduo seja mais
sensível às variações nutricionais. A seleção genética para produção intensiva, sem dúvida,
fez diminuir ou mesmo desaparecer as características de adaptação, ou de tolerância a
condições de menor disponibilidade de alimentos. Nestes animais, a restrição alimentar
sempre será mais nefasta à reprodução (DRIANCOURT, M.A., 2001).

A nutrição é responsável pela expressão e funcionamento de rotas metabólicas que permitirão


ao animal expressar todo seu potencial produtivo e/ou reprodutivo. Estas rotas metabólicas
relacionadas à reprodução são complexas e em varias situações não têm o mecanismo
totalmente elucidado. Independente da via metabólica envolvida, a regulação que a nutrição
exerce sobre a reprodução de machos e fêmeas ocorre principalmente por efeitos no cérebro,
mais especificamente no hipotálamo, onde será alterada a secreção de GnRH (ELROD &
BUTLER, 1994).

Segundo FIGUEIREDO et al. (2008), é importante que se conheça como os nutrientes são
priorizados e utilizados pelo animal, assim como as relações hormonais no decorrer do
período pós-parto. Tais informações possibilitariam o estabelecimento de estratégias
nutricionais visando o aumento da eficiência reprodutiva.

Manadas com nutrição inadequada apresentam baixos índices reprodutivos, atraso no reinício
da atividade ovariana bem como a puberdade e a maturidade sexual para as novilhas, o que
poderia ser evitado ou amenizado pela suplementação estratégica desses animais durante
determinados meses do ano (HESS, 2008).
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2.1 Mecanismos de ação da nutrição sobre a reprodução


 Ação direta nas gônadas: os nutrientes absorvidos são destinados para as células
germinativas e para células endócrinas. O requerimento absoluto destas células não é
grande, tanto para proteína quanto para energia (GOMBE & HANSEL, 1973).
 Efeitos no hipotálamo e hipófise: o efeito no eixo hipotálamo-hipófise pode ocorrer
pela alteração na secreção de GnRH do hipotálamo ou na sensibilidade da hipófise a
este hormônio. Vários metabólitos nutricionais e hormônios do metabolismo podem
afetar a reprodução por agir nestes locais (GUTIERREZ et al., 1997)
 Metabolismo de hormônios esteróides: o metabolismo dos hormônios esteróides é
feito principalmente no fígado por uma serie de enzimas, sob controle de um fator
hipofisário. Hoje já se sabe que este fator é o hormônio do crescimento. Como a
secreção da somatatrofina é altamente afetada pela nutrição, o metabolismo dos
esteróides gonadais é também influenciado (KING, G.J., 1993).
 Clearance hormonal: em condições de restrição alimentar o fluxo sanguíneo para o
fígado fica reduzido. Como este órgão é o principal local de metabolismo de
hormônios, principalmente os esteróides, esta rota metabólica fica comprometida,
com possível alteração na ação destes hormônios (SHILLO, K.K., 1992).
 Hormônios do metabolismo: o status nutricional do animal pode afetar o padrão de
secreção e atividade dos hormônios que regulam o metabolismo. Hormônios como
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insulina, somatotrofina e vários fatores de crescimento tem sua atividade alterada pelo
padrão nutricional (THATCHER et al., 2002).

2.1.1 Aspectos da nutrição de fêmeas de corte


O que se espera como boa performance de uma fêmea bovina é que esta produza um
determinado número de descendentes num certo intervalo de tempo. A nutrição exerce efeitos
em todas as etapas relacionadas ao processo reprodutivo. Atua desde a manifestação de cio, o
desenvolvimento folicular, qualidade dos gametas, taxa de ovulação, ambiente uterino,
desenvolvimento do embrião, manutenção da gestação (WILTBANK et al., 2002).

Uma das formas mais básicas de se avaliar o “status” nutricional do animal seria pela
mensuração do escore de condição corporal (ECC). As variações do ECC mostram, em
aspectos gerais, como anda a nutrição de um lote de animais e também de cada indivíduo. A
avaliação sistemática desta variável é muito importante no maneio de fêmeas bovinas. O
balanço energético positivo é importante para maximizar a performance reprodutiva,
principalmente em períodos específicos, porém não se deve permitir um aumento demasiado
no ECC, pois os animais nestas condições são mais suscetíveis ao calor e à problemas como
cistos ovarianos e outros distúrbios (KING, G.J., 1993).

 Efeitos suplementação dos macro e microminerais

Os efeitos suplementação dos macro e microminerais sobre os aspectos de reprodução em


bovinos não apresenta consenso na literatura. Existem trabalhos que apresentam resultados
benéficos na suplementação deste ou daquele elemento, o que não é confirmado por outros
autores. De fato, não é fácil, ou às vezes possível, comparar resultados de trabalhos realizados
em condições diferentes, onde variam desde a categoria animal, raça, condições ambientais,
de solo e a dieta fornecida. Existe um consenso, porém, no fato que quando a suplementação
for benéfica, naquelas condições existia uma situação de deficiência do elemento
suplementado. O que não se pode, nem se deve, extrapolar para outras condições (GOMBE &
HANSEL, 1973).

 Processo ovulatório

O processo ovulatório é o principal e mecanismo influenciado pelo ambiente nutricional. Nas


espécies domésticas que possuem varias ovulações por ciclo, o número destas pode variar de
acordo com o aspecto nutricional. Este conhecimento é antigo e utilizado como ferramenta de
maneio denominado “FLUSHING” em suínos e ovinos. Este efeito do aporte de energia
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sobre a taxa de ovulação também ocorre em fêmeas com uma única ovulação por ciclo, como
os bovinos.

É preciso considerar-se a categoria animal, os requerimentos nutricionais, os outros


componentes da dieta, além de outros fatores quando se avaliam os efeitos dos níveis de
proteína. A disponibilidade de energia na dieta é o principal fator que afeta o potencial da
proteína dietética ser nefasto à reprodução. A proteína verdadeira ou proveniente de fontes
não protéicas, como a uréia, é potencialmente perigosa, quando em excesso, pois no rúmen é
fonte de amônia, prontamente absorvida pelo epitélio rumenal. Quando existe carboidratos
suficientes na dieta, esta amônia produtiva é utilizada pelas bactérias para síntese protéica,
reservando uma menor quantidade para ser absorvida. Nesses casos, o excesso de proteína
dietética é tão menos perigoso quando for a quantidade de carboidratos disponíveis nesta
dieta, para formação de proteína microbiana (DRIANCOURT, M.A., 2001).

 Taxa de gestação

A taxa de gestação é o elemento chave da relação custo-benefício de qualquer programa


comercial em bovinos de corte. Para a obtenção de bons índices a fêmea deve apresentar
ótima fertilidade. A nutrição inadequada pode afetar a gestação de duas formas: pode causar
morte fetal ou reduzir o desenvolvimento do concepto. Embora esta última característica não
seja considerada perda reprodutiva, implica numa menor probabilidade de sobrevivência do
recém-nascido (WILTBANK et al., 2002).

A principal fase na qual a nutrição pode afetar o desenvolvimento do concepto é no inicio da


gestação. Este efeito é particularmente delicado até o reconhecimento materno da gestação,
que no bovino ocorre entre 17 e 25 dias após a concepção. Após esta fase ocorre na fêmea
gestante, alteração na partição dos nutrientes, com maior prioridade para a gestação, desta
forma variações nutricionais refletem menos no desenvolvimento do embrião. A troca de
informações entre células trofoblásticas e epiteliais do endométrio são o aspecto crítico para a
manutenção do corpo lúteo. Metabólitos circulantes no sangue materno, como alguns ácido
graxos poliinsaturados, podem alterar, juntamente com as substâncias produzidas pelo
embrião, a secreção de PGF2a pelo endométrio (WILTBANK et al., 2002).

2.1.2 Puberdade e maturidade sexual


A puberdade consiste na idade em que o animal torna-se apto à reprodução. Esse momento é
caracterizado por alguns acontecimentos fisiológicos, como a produção de sêmen com
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quantidade de espermatozóides suficientemente maduros e a ovulação, além da manifestação


de interesse sexual (FRANCO et al. 2004).

Nos bovinos de corte a puberdade sexual tem início por volta dos 11 aos 15 meses de idade, e
pode ser influenciada por diversos fatores como ambiente, idade, fotoperiodo, raça da mãe,
raça do pai, heterose, peso e condições ambientais. Contudo, o maior fator de intervenção
está relacionado à nutrição, uma vez que a baixa disponibilidade de nutrientes e o
crescimento lento retardam a puberdade, enquanto a alta disponibilidade de nutrientes e o
crescimento rápido aceleram o início da mesma (HAFEZ & HAFEZ, 2004).

Já a maturidade sexual tem por definição a idade em que o animal alcança a sua máxima
capacidade reprodutiva, o que normalmente acontece após dois a três ciclos estrais com fases
luteais normais. Sendo assim, a maturidade sexual das fêmeas bovinas se dá por volta de 40 a
60 dias após a puberdade, momento em que o animal encontra-se pronto para conceber e
conduzir a gestação até o parto (SANTOS & SÁ FILHO, 2006).

A adequada nutrição é fator indispensável para precocidade reprodutiva, recomendando-se


que novilhas sejam inclusas no sistema de produção assim que obtiverem 60% do seu peso
adulto. Essa porcentagem pode ser modificada de acordo com o maneio nutricional da
propriedade e o patrimônio genético dos animais, oscilando entre 55 e 65% de seu peso
adulto (FRANCO & DAVY, 2007; MORAES et al., 2007).

2.2 Índices zootécnicos


São as metas estabelecidas ao ciclo produtivo dos animais que devem ser alcançadas pelo
sistema de produção; influenciam diretamente o número de animais da manada, bem como
sua produção.

2.2.1 Alguns indices


 Taxa de Natalidade: é o número, em percentuais, de partos ocorridos no rebanho de
matrizes da propriedade;
 Taxa de Mortalidade: é o número, em percentuais, de mortes ocorridas nas
diferentes categorias animais, como: vitelos de zero a um ano; vitelas de um a dois
anos;
 Taxa de Reforma: é o número, em percentuais, de animais da manada de matrizes
que serão descartados, sendo substituídos por animais de reposição, normalmente
mais jovens e melhorados geneticamente;
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 Relação Touro / Vacas: significa o número de touros planejados a servir a manada


de matrizes disponíveis à cobertura na produção leiteira. Esta relação indica a
necessidade ou não de aquisição de reprodutores pela propriedade.
 Taxa de natalidade (TN): é o método mais adoptado e o de maior uso entre os
criadores pela facilidade de sua aplicação, pois além de não exigir escrituração
zootécnica, pode ser determinado pela simples contagem de vacas e novilhas (vacas
primíparas, vacas multíparas e novilhas nulíparas) em idade de reprodução e também
dos novilhos nascidos naquele ano, estabelecendo-se daí o valor percentual.

Taxa de natalidade = n°de vitelos nascidos / n° de fêmeas aptas à reprodução x 100

As falhas nesse método são bem evidentes; assim, as fêmeas adultas que deixam de
apresentar estro regularmente e também aquelas vacas que não conseguem não são
prontamente detectáveis principalmente quando não há diagnóstico precoce de gestação,
como ocorre em quase todas as manadas bovinas (DELLA-FLORA, R.S. et al., 2010).

Resumindo, a taxa de natalidade refere-se ao número devitelos (as) nascidos vivos, sendo
calculada pela seguinte fórmula:

TN = (VV/FT) x 100

Em que:

TN taxa de natalidade; VV número de vitelos nascidos vivos; FT = número total de fêmeas


em reprodução, a serem avaliadas no final de determinado período (anual).

2.2.2 Indices reprodutivos com respectivos valores ideais a serem atingidos e que
indicam problemas na manada
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2.3 Intervalo de partos


O intervalo de partos corresponde ao período de tempo compreendido entre duas parições
consecutivas, e sua magnitude determinaria o número de crias que a vaca produz durante sua
vida útil. Nájera (1990) reportou para a raça Nelore intervalo de partos médio de 468 dias,
variando de 389 a 586 dias. Para Mattos e Rosa (1984), o intervalo de partos é componente
importante da eficiência reprodutiva, sendo influenciado por fatores fisiológicos, nutricionais,
patológicos e de maneio em geral. O intervalo de partos pode ser dividido em dois
segmentos, o período de serviço e o período de gestação. Segundo Hafez (1988), em bovinos,
o período de gestação varia de 240 até 333 dias em função de efeitos genéticos e ambientes.
Em zebus, entretanto, Rosa e Lobreiro (1989) citam que o período de gestação varia de 280 a
290 dias. Ainda, segundo Hafez (1988), o período de serviço em bovinos varia de 30 a 104
dias em função de diversos fatores, e o intervalo de partos de 270 a 437 dias, sempre na
dependência de fatores ambientes e genéticos.

2.4 Factores que afectam a eficiência reprodutiva


Um período de serviço variando entre 65 a 87 dias, com intervalos de parto de 345 a 365 dias,
permite que o animal obtenha o máximo de produtividade durante sua vida útil. O ideal seria
uma vaca parir a cada 12 meses e ter uma longa vida reprodutiva. A idade avançada ao
primeiro parto, próximo aos 4 anos e o longo intervalo entre partos, que ultrapassa 14 meses,
são responsáveis pela baixa eficiência reprodutiva dos rebanhos (BARUSELLI PS et al.,
2017).

 Intervalo entre partos


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O longo intervalo entre partos, verificado em nossa manada (acima de 14 meses), caracteriza
a baixa eficiência reprodutiva dos sistemas de criação tradicional, onde os animais, além de
apresentar baixo potencial genético, o longo intervalo entre partos não permite que esse
potencial seja totalmente explorado (Ferreira, 1991).

 Nutrição e doenças

A subnutrição, as doenças debilitantes e infecto-contagiosas e o maneio inadequado são as


causas principais da má performance reprodutiva que, por sua vez, contribui para uma
acentuada redução na produção, retardando, também, o progresso genético e provocando
grandes prejuízos “invisíveis” ao produtor (Ferreira, 1991).

 Energia

O excesso de energia (gordura), na fase que antecede a maturidade sexual em novilhas, pode
acarretar distúrbios reprodutivos pelo acúmulo indesejado de tecidos gordurosos no sistema
reprodutor. Na rotina, entretanto, o que ocorre com maior frequência é a deficiência de
energia sendo, portanto, o problema mais sério e limitante na exploração bovina. Nos bovinos
de corte, essa situação é mais relevante ainda, uma vez que, geralmente, não se tem um
maneio racional de suplementação energética e volumosa nos períodos secos (principalmente
lotes de vacas com cria ao pé e vacas gestantes), chegando os animais extremamente
debilitados ao parto ou as estações de monta, comprometendo tanto a espermatogênese nos
machos como o aumento da incidência de anestros nas vacas (CARVALHO JS et al., 2022)

 Proteína

A deficiência protéica geralmente está associada à escassez de volumoso de boa qualidade


nas pastagens, não permitindo o consumo de alimento em quantidades necessárias. Essa
deficiência prolongada no período de crescimento provoca o retardamento da puberdade e da
maturidade sexual de machos e fêmeas e em animais gestantes, se for severa, pode induzir ao
abortamento. No entanto, esse problema pode ser resolvido com o uso mais racional das
pastagens, por meio de adubações periódicas, uso de pastoreio rotacionado, vedação de
pastagens para posterior uso na época seca, além de suplementação alimentar a pasto
(CARVALHO JS et al., 2022)

 Minerais
 Cálcio e fósforo - a redução nos níveis de cálcio sanguíneo pode retardar a involução
uterina, aumentar a incidência de partos distórcicos e de retenção de placenta. A
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deficiência de fósforo está relacionada com distúrbios reprodutivos, manifestações


como anestro, cios irregulares e redução na taxa de concepção.
 Sódio, cloro e potássio - o sódio e cloro são geralmente apresentados na forma de
cloreto de sódio. O excesso de potássio, acompanhado de deficiência de sódio,
acarreta o aparecimento de cios irregulares, prolongados, cistos, mortalidade
embrionária e, às vezes, aborto. Essa síndrome aparece frequentemente em animais
mantidos em pastagens queimadas, uma vez que as pastagens apresentam níveis
elevados de potássio e baixos de sódio (DELLA-FLORA, R.S. et al., 2010).
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3.0 Constatação
Findo a realização do trabalho, constatou-se que a interação entre nutrição e reprodução é um
tema de extrema importância na produção animal, que merece ênfase para que se consiga
melhores índices zootécnicos na pecuária de corte do país. Fêmeas ciclando em momentos
previstos determinam a capacidade de gerar um vitelo por ano e esta ciclicidade é regulada
pelo eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal, sendo que a disponibilidade excessiva ou escassa
de nutrientes geram consequências indesejáveis aos processos reprodutivos.
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4.0 Referências bibliográficas


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