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Yassine Aly Horário Zoona

Valorização nutritiva e dietetíca, valor nutricional dos alimentos na nutrição de


monogástrico e ruminantes

(Licenciatura em Agropecuária)

Universidade Rovuma

Extensão de Niassa

2022
Yassine Aly Horário Zoona

Valorização nutritiva e dietetíca, valor nutricional dos alimentos na nutrição de


monogástrico e ruminantes

(Licenciatura em Agropecuária)

Trabalho de investigação de carácter


avaliativo da cadeira de Nutrição
Animal, a ser entregue no
Departamento de Ciências Alimentares
e Agrárias, Cadeira leccionada pelo
Msc: Emício Alexandre Ofiço

Universidade Rovuma

Extensão de Niassa

2022
Índice

CAPÍTULO I: Introdução...................................................................................................4

1.1. Objectivos.....................................................................................................................4

1.1.1. Geral.......................................................................................................................4

1.1.2. Especificos...........................................................................................................4

1.2. Metodologia..................................................................................................................4

CAPÍTULO II: Revisão Bibliográfica..............................................................................5

2.1.Valor nutritivo...............................................................................................................5

2.6. Nutrição de Ruminantes...............................................................................................8

2.7. Matéria Orgânica (M.O.)..............................................................................................9

2.7.1. Matéria Inorgânica (Mi)..........................................................................................10

2.9. Principais Nutriente na Matéria Seca.........................................................................10

CAPÍTULO III: CARBOIDRATOS.................................................................................15

3.1.1. Função dos Carboidratos.........................................................................................15

3.2. Lípidios.......................................................................................................................16

3.3.Energia.........................................................................................................................17

3.5. Produtos Finais da Digestão.......................................................................................19

3.6. Classificação Dos Alimentos......................................................................................19

CAPÍTULO IV: Nutrição de Monogástricos....................................................................24

4.2. Matérias-primas..........................................................................................................24

4.3. Características Nutricionais dos Animais Monogástricos..........................................26

4.6. Procedimentos para Formulação de Rações...............................................................29

5. Conclusão......................................................................................................................30

6. Referências Bibliográficas............................................................................................31
4

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

A constante preocupação em melhorar a produtividade e reduzir os custos com


alimentação, tem levado nutricionistas a pesquisas, visando aprimorar o conhecimento
sobre as características dos alimentos e suas limitações físicas ou químicas, para que
possam ser utilizados adequadamente nas formulações de rações.

Os ruminantes apresentam uma maior eficiência no aproveitamento da energia dos


alimentos fibrosos que os demais herbívoros. A retenção pré-gástrica seguida de
fermentação com microrganismos simbiontes resultaram na associação dos estudos de
nutrição com as ciências vegetais, microbiologia, ciências animais e ecologia, (Andrigueto,
2002).

1.1. Objectivos

1.1.1. Geral

 Falar da valorização nutritiva e dietetíca animal.

1.1.2. Especificos

 Conhecer o valor nutricional dos alimentos na nutrição de monogástrico e


ruminantes;
 Identificar os principais alimentos na nutrição de monogástrico e ruminantes;
 Descrever os procedimentos para formulação de rações

1.2. Metodologia

Na compilação deste trabalho será usado somente o método de pesquisa


bibliográficao; pois será constituído de materiais já publicados e disponibilizados na
internet como livros e artigos, cujos nomes dos respectivos autores constarão na
referência bibliográfica
5

CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1.Valor nutritivo

Os alimentos não são iguais na capacidade de atender aos requisitos de manutenção,


crescimento, reprodução e lactação. Eles suprem energia e nutrientes essenciais na forma de
proteínas, vitaminas e minerais. Energia e proteína são os principais limitantes, mas
algumas características como tamanho de partícula podem ser importantes no momento de
entender o aproveitamento dos alimentos pelos ruminantes. Em pequenos animais a
resposta pode depender de complexas interações entre a composição da dieta, sua
preparação e o conseqüente valor nutritivo,(Bertechini, 2012).

Para Bertechini (2012), os animais domésticos são alimentados sob regimes que lhes
tragam máxima produtividade. Atendem-se os requisitos de energia e proteína e as
deficiências minerais são supridas por suplementação. Para animais silvestres e animais
domésticos em livre pastejo os requisitos necessários para a sobrevivência, crescimento e
reprodução devem ser entendidos mais profundamente.

O interessante é nutrir adequadamente pois a obesidade pode ser um fator de diminuição do


tempo de vida. Animais de produção não vivem o bastante para sofrer estas conseqüências.
As dietas dos animais atendem os nutrientes essenciais e o suprimento de vitaminas,
minerais e proteínas são critérios de avaliação.

Os nutrientes essenciais normalmente incluem água, energia, minerais, vitaminas e


aminoácidos. No caso dos ruminantes os aminoácidos são considerados dentro dos
requisitos de proteína bruta já que as bactérias conseguem sintetizá-los. O mesmo acontece
com as vitaminas solúveis em água, (Bertechini, 2012).

As vitaminas do complexo B e a vitamina K são sintetizadas pelos microrganismos do


rúmen e são, portanto relacionadas com a capacidade de síntese microbiana. A vitamina C é
destruída no rúmen, mas os ruminantes têm a capacidade de sintetizá-la. Os ruminantes
adultos requerem fontes externas de vitaminas lipossolúveis (A, D e E) assim como ácidos
graxos essenciais e minerais. Herbívoros silvestres podem apresentar mais altos
requerimentos destas vitaminas, (Couto, 2008).
6

O valor nutritivo é convencionalmente classificado pelos nutricionistas de ruminantes em


três componentes: digestibilidade, consumo alimentar e eficiência energética.

2.2. A digestibilidade

É muito mais avaliada que a eficiência ou o consumo, sendo que o consumo e a eficiência
são mais responsáveis pela resposta animal total. Acontece que a eficiência e o consumo
oferecem muitas variações entre os animais e assim, o estabelecimento dos valores
alimentares relativos para estes componentes é mais difícil que para a digestibilidade.
Assume-se que a eficiência e o consumo relacionam-se com a digestibilidade. Isto,
entretanto, nem sempre é verdade, (Peixoto, 1993).

A resposta do animal em diferentes digestibilidades pode ocorrer pela compensação em


comer mais alimento de mais baixa qualidade. O volume e as lentas taxas de digestão
limitam a quantidade ingerida deste tipo de volumoso. Outras características podem ser
importantes para a avaliação do valor nutritivo sem serem características bromatológicas.
Densidade calórica, tamanho da partícula, solubilidade no rúmen, capacidade tamponante e
as propriedades de superfície das partículas fibrosas (capacidade de hidratação)
8influenciam os efeitos fisiológicos da ingesta no trato gastrintestinal. Estes fatores também
podem ser modificados pelo processamento alimentar, (Peixoto, 1993)

Segundo Couto (2008), a digestibilidade, normalmente expressa em percentual, representa


a porcentagem de alimento consumido, que não foi eliminado pelas fezes e,
conseqüentemente, foi utilizado pelo animal para suprir as funções de manutenção,
produção e reprodução. E se refere a capacidade que o alimento tem de ser digerido pelo
animal

2.3.Conversão Alimentar

Capacidade de um alimento se converter em uma unidade de produto animal.

Consumo de Alimento
CA=
Ganho de Peso
7

2.4.Eficiência Alimentar

Quantidade de produto animal obtido por uma quantidade unitária de alimento.


Ganho de Peso
E . A .=¿ x 100
Consumo de Alimento

2.5.O consumo alimentar

O consumo ad libitum como um fator de qualidade alimentar é o principal fator que afeta a
resposta animal, particularmente a eficiência. As medidas de consumo variam em função da
variabilidade animal (espécie animal, status nutricional, categoria animal, demanda
energética, idade, sexo), palatabilidade e seleção da forragem,(Ribeiro,2001).

2.5.1.Palatabilidade

Entende-se que a palatabilidade é a escolha livre do animal por um alimento dentre outros
que foram oferecidos no cocho ou em piquetes divididos em parcelas experimentais de
pastejo de forragens teste. Estes tipos de ensaios são conhecidos como ensaios de cafeteria.
O consumo dos alimentos é individualmente anotado e a classificação da preferência é
baseada nos consumos comparados dos respectivos alimentos,(Ribeiro,2001)..

A palatabilidade compreende também a escolha das melhores porções do alimento. Isso


acontece principalmente quando o alimento é fornecido à vontade.

2.5.2.Energia metabolizável e eficiência

Ribeiro & Queiroz (2001), subtrair a urina e as perdas de metano da energia digestível total
é a maneira clássica de calcular a energia metabolizável. A partir desta subtração temos a
substância metabolizável e a energia disponível para o animal. A energia metabolizável
(quantidade de nutrientes metabolizáveis expressos como energia) é a mais importante
fonte de avaliação dos alimentos e de expressão de requisitos de monogástricos.
8

No caso dos ruminantes ocorrem alguns problemas nesta determinação em função das
perdas calóricos características destes animais. As perdas microbianas compreendem os
alimentos não digeridos e a matéria microbiana e endógena. As perdas metabólicas fecais
compreendem as substâncias endógenas e microbianas; as perdas com metano são
inteiramente de origem microbiana, primariamente derivada de substâncias alimentares. As
perdas urinas são originadas de compostos endógenos. Fezes e urina não representam uma
significativa divisão das perdas endógenas, (Queiroz,2006).

2.6. Nutrição de Ruminantes

Para o criador aumentar a produção do seu rebanho basicamente há duas saídas: aumentar
as despesas ou melhorar a eficiência. Embora muitas vezes estes dois fatores caminhem
juntos, é possível obter eficiência trabalhando sobre as seguintes áreas, genética manejo e
nutrição. Como vimos anteriormente a nutrição é um dos pilares que sustenta a produção de
ruminantes. Desta forma, o conhecimento profundo de nutrição animal é fundamental para
o aumento da produtividade na criação de animal,(Zanotto,2011).

2.6.1. Nutrição

Para Zanotto (2011), nutrição é a utilização adequada dos principais nutrientes, por parte do
organismo, para satisfação das necessidades nutricionais dos animais.

2.6.2. Nutrientes

É qualquer constituinte alimentar, ou um grupo de constituintes do alimento de


composição química semelhante e que entra no metabolismo celular e concorre para
promover a vida do organismo. Os seis grandes grupos químicos são proteína, hidratos de
carbono (carboidratos), lipídios, vitaminas, minerais e água,(Zanotto,2011).

2.6.3. Alimento

É uma mistura complexa de nutrientes. Os constituintes do alimento podem ser expressos


na base seca (matéria seca) ou na base úmida (considerando também a umidade, ou seja, o
teor de água presente), (Zanotto,2011).
9

Fonte: Adaptado de Embrapa (2001).

2.6.4. Dieta

Entende-se por dieta ou ração a mistura de alimentos que é fornecida aos animais. O termo
dieta ou ração, no caso dos ruminantes não deve ser confundido com concentrado. RAÇÃO
é todo o alimento que o animal ingere num período de 24horas. DIETA indica os
componentes de uma ração, ou seja, é o ingrediente alimentar ou mistura de ingredientes,
incluindo a água, a qual é ingerida pelos animais,(Fracalossi,2013).

2.6.5. Ingredientes

Componente de qualquer combinação ou mistura que constitui um alimento.

2.6.6. Ração Balanceada

É uma mistura de alimentos convenientemente equilibrada para fornecer todos os nutrientes


exigidos pelos animais.

2.7. Matéria Orgânica (M.O.)

A quantidade de matéria orgânica de uma amostra é determinada diminuindose o valor


percentual de cinzas do valor percentual de matéria seca:
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% M.O. = % de MS - % de Cinzas.

2.7.1. Matéria Inorgânica (Mi)

É um grupo fundamental de nutrientes. Constituem aproximadamente 5% do peso vivo do


animal sem considerar a água (Rovira, 1996).

Com exceção de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, que se unem para formar
moléculas orgânicas, os elementos restantes que compõem as células vivas são elementos
minerais.

Os minerais são classificados conforme a quantidade em que os mesmos aparecem nos


tecidos (Chaves, 1985). Esta divisão classifica-os em dois grupos.

 Macronutrientes: são cálcio, fósforo, sódio, potássio, magnésio, enxofre e cloro.


 Micronutrients: encontram-se neste grupo cobre, ferro, manganês, zinco, iodo,
molibidênio e selênio.

2.8. Cinzas

Representam a matéria mineral presente nos alimentos. Medem a quantidade de minerais.


São obtidas através de incineração das amostras a 550 °C, em uma mufla ou forno durante
três horas (Pigurina, et al., 1991)

2.9. Principais Nutriente na Matéria Seca

2.9.1. Proteína

São compostos químicos formados por moléculas de aminoácidos (constituídos por


carbono, hidrogênio e oxigênio, além de nitrogênio e enxofre) unidos por cadeias
peptídicas. Estes aminoácidos são classificados em essenciais e não essenciais, variando
sua exigência pelos animais conforme a espécie. Por função, as proteínas geralmente atuam
na formação estrutural de órgãos e tecidos (principalmente o muscular), além de pele,
pelos, penas, unhas e chifres; transporte de biomoléculas; regulação metabólica;
composição de material genético (DNA e RNA); dentre outras(Fracalossi,2013).
11

 Especificidade

As proteínas de origem vegetal diferem entre si e diferem das de origem animal. Cada
espécie animal tem suas proteínas específicas e seus órgãos, tecidos e fluídos encerram
proteínas diferentes. Não há duas proteínas que sejam iguais em sua ação fisiológica.

 Composição Química das Proteínas

São formados de Carbono (C), Hidrogênio (H), Oxigênio (O) e Nitrogênio (N). Muitas
encerram no Enxofre (S); algumas em Ferro (Fe) e Fósforo (P). Podem apresentar, também
Cobre (Cu), Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg) (Pigurina, et al., 1991)

2.9.2. Funções das Proteínas

 Formação dos tecidos


 Manutenção e Reparo
 Fonte de energia
 Secreção de glandulares
 Anticorpos e Equilíbrio Ácido-Básico
 Qualidade de proteína

2.9.3. Valor Protéico Bruto

As proteínas de um alimento podem ser estimadas quimicamente a partir de seu conteúdo


em nitrogênio. A porcentagem de nitrogênio obtida se expressa em termos de proteína
bruta, multiplicando-se por 6,25. Este processo se baseia em duas suposições.

 Todas as proteínas contêm 16% de nitrogênio;


 Todo o nitrogênio contido no alimento está em forma protéica.

Em verdade, o teor de proteína varia de 13 a 18%. O quadro abaixo mostra os valores


médios para conversão em proteína bruta, segundo CRAMPTON E HARRIS (1969).
12

Quadro 01. Valores médios de nitrogênio em proteína segundo CRAMPTON E HARRIS


(1969).

Categoria de Alimento %N na Proteína Fator de Conversão


Sementes oleaginosas 18,5 5,40
Grão de cereais 17,0 5,90
Folhas 15,0 6,60
Tecidos do animal 16,0 6,25

2.9.4. Valor Biológico das Proteínas

O valor biológico de uma proteína é a percentagem dela que é utilizada pelo organismo
animal, relativamente a quantidade absorvida, ou seja:

Nfixado
VB= x 100 Nabsorvido
Nabsorvido

O método de Thomas Mitchell leva em consideração a teoria de Folin, segundo a qual há


duas formas de metabolismo do nitrogênio.

 Exógeno, de natureza variável, dependendo da qualidade de proteínas ingeridas


 Endógena, de natureza constante, representa a excreção de nitrogênio, quando o
animal recebe uma dieta sem nitrogênio.

O valor biológico das proteínas, segundo este método, é determinado pela seguinte fórmula:

¿(Nf −Nm) – ( Nu−Ne)


VB=
¿ (Nf −Nm)

 VB-Valor Biológico %
 Ni - Nitrogênio do alimento
 Nf - Nitrogênio das fezes
 Nm -Nitrogênio metabólico fecal, eliminado nas fezes em regime isento de N.
 Nu - Nitrogênio da urina.
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 Ne -Nitrogênio urinário endógeno, eliminado nas fezes em regime isento de N.

2.9.5. Digestão da Fonte Proteína e da Não Protéica

As proteínas das dietas dos animais ruminantes contêm nitrogênio sob duas formas:
nitrogênio protéico (proteína verdadeira) que se constitui de cadeias longas de aminoácidos
unidas por ligações peptídicas, e nitrogênio não protéico que compreende a uréia, ácidos
nucléicos, nitratos, nitritos sais de amônia, aminoácidos e outros. A proteína verdadeira
consumida pelo animal pode ser metabolizada no rúmen segundo dois caminhos diferentes:

 Escapar da degradação microbiana e passar para o omaso e abomaso, atingido o


intestino onde sofrerá digestão e seus aminoácidos absorvidos.
 Sofrer proteólise (quebra da cadeia protéica aminiácidos) e deaminação pelas
enzimas microbianas, com formação de amônia e esqueletos carbônicos de cadeia
curta(Rovira, 1996).

A produção de amônia no rúmen ocorre após os microorganismos proteolíticos que habitam


este compartimento realizarem a chamada proteílise, ou seja, a “quebra” das ligações
peptídicas que unem as cadeias protéicas, liberando peptídicos e aminoácidos.
Posteriormente os aminoácidos podem ser deaminados (retirado o radical amina),
resultando na produção de amônia (NH3) e esqueletos carbono. A amônia é o principal e o
principal constituinte de nitrogenado solúvel presente no fluído ruminal. A concentração de
amônia no rúmen é influenciada principalmente pela quantidade e pela solubilidade da
proteína diedética (soma das frações protéicas de todos os alimentos( Gurtler, 1987).

2.9.6. Fonte não Proteica (Uréia)

Quando a uréia alcança o rúmen, ela é rapidamente desdobrada em amônia e CO2 (dióxido
de carbono ou gás carbônico) pela enzima uréase, produzido pelas bactérias. O mesmo
processo de transformação ocorre quando o animal ingere uma fonte de proteína
verdadeira, proveniente do capim ou farelo de algodão, por exemplo. A amônia presente no
rúmen (pH 5,5 a 7), resultante da uréia ou de uma fonte protéica, é utilizada pelos
microorganismos (ureolíticas e proteolíticos) para síntese sua própria proteína. A proteína
assim formada é chamada de proteína bacteriana. À medida que adigestão ruminal progride,
14

todo o alimento ingerido pelo animal, juntamente com as bactérias e seus produtos,
continua a avançar pelo trato digestivo. Quando o bolo alimentar alcança o abomaso, que
possui acidez (pH 2 a 3) e é considerado o estomago verdadeiro do ruminante, as bactérias
são destruídas e o seu conteúdo é liberado( Gurtler, 1987).

No abomaso e no intestino delgado todas as frações alimentares são digeridas. A digestão


da proteína bacteriana nada mais é do que sua quebra em aminoácidos, os quais serão
absorvidos no intestino e novamente transformados em proteínas, agora pelo próprio
animal.

2.9.7. Importância da Proteína

 Constituem cerca de 18% do corpo de uma vaca adulta.


 O leite contém uns 3,5% de proteína.
 O organismo não pode fabricar proteína a custa de carboidrato e graxas, porém pode
ser vir como fonte de energia.→ Energia cara.
 As proteínas são constituídas de aminoácidos. São conhecidos até agora 25
aminoácidos.
 Durante a digestão as proteínas dos alimentos são desdobradas em aminoácidos, que
formaram novas proteínas requeridas pelo organismo.
 Ruminantes novos não são capazes de sintetizar aminoácidos, por tanto, precisam
receber ração protéica de boa qualidade (leite).
 Vacas em lactação deve Ter no mínimo 14% de PB, na MS.
 Para Vacas de alta produção de Leite, no terço inicial da lactação, recomenda-se 18
a 20%PB, na MS.
 O teor de PB recomendada no primeiro ano de vida do bezerro- 14 a 18%, além de
feno ou pasto e alimentos com alto teor de energia.
 Para novilhas, recomenda-se 14 a 16% PB e 65 a 70% de NDT.
 Animais em crescimento 12% PB e 60% NDT e 8,5% PB e 56% NDT para touro
adultos
15

CAPÍTULO III: CARBOIDRATOS

Segundo Butolo (2002), carboidrato são os nutrientes que fornecem energia e calor ao
organismo, formados por carbono, hidrogênio, e oxigênio. Dependendo de como os
elementos químicos estão ligados entre si, temos:

 Compostos simples

Açucares e o amido maior valor alimentício, devido a fácil digestãoEx: milho, tanto grão
como silagem; a batata doce; a cana ; a mandioca.

 Complexos

Celulose e a lignina – para os ruminantes é facilmente digerida (microrganismo do rúmen)

Ex: pastos, gramíneas e leguminosas.

 Açucares simples

Monossacaridios , sacarose, lactose, celobiose, glicose, frutose, manose, galactose e outros.

3.1. Lignina

Componente da parede celular de menor digestibilidade. Com o ↑ da lignina ocorre uma↓


da digestibilidade. A lignina não é solúvel em água, o que não ocorre com os componentes
mais valiosos, como proteína. Assim, forrageiras cortadas e exposta a chuva perdem seus
nutrientes mais rapidamente (Butolo, 2002).

3.1.1. Função dos Carboidratos

 Fornece energia para todas as atividades físicas: andar mastigar, digerir, respirar e
outras.
 Manter a temperatura corporal
 Formar gordura corporal
 Formar graxa e açucares do leite
 Manutenção da vida do feto.
16

3.2. Lípidios

São substâncias insolúveis em água mas solúveis em éter, clorofôrmio, benzeno e outros
solventes orgânicos chamados extratores. Na análise bromatologica é denominado de
Extrato Etéreo, constitui boa fonte de calor e energia(Butolo, 2002).

Exemplos de Lipídios: Ceras, Fosfatídeos de glicerol, Lecitina e Esteróides,

3.2.1. Funções

 Fornecem 2,25 vezes + energia do que os carboidratos e proteínas o calor de


combustão dos principais nutrientes variam de acordo com a sua composição

CHO- 4Kcal

Gordura- 9kcal

Proteína -4Kcal;

 Isolamento térmico(toucinho)
 Fonte de AG essenciais (lonolênico, linoleico, aracdônio)
 Precursor da vitaminas D2 e D3
 Produz água metabólica
 Auxilia na absorção de certas vitaminas
 São necessárias para o crescimento e fazem parte da cobertura protetora do
corpo(Lã).
 Tornam a carne + macia e + apetecível

Os ácidos graxos(AG) insaturados, originados da hidrólise de lipídios ingeridos, são


hidrogenados e transformados em saturados pelos microorganismos do rúmen. Sendo
assim, o fornecimento de AG insaturado não ↑ o conteúdo deste tipo de AG nas gorduras
do leite e dos tecidos.

3.2.2. Importância dos lipidos

 O fornecimento de gorduras acima de 7%- ↓ consumo voluntário e na


digestibilidade.
17

 Os lipídios têm função energética, porém em menor proporção açucares solúveis e a


celulose.
 Gordura da digesta – 10 a 20% proveniente dos microorganismos (protozoários)

3.3.Energia

A energia deriva do metabolismo dos carboidratos (amidos, açúcares, celulose,


hemicelulose), lipídios (triglicéridios, ácidos graxos, graxas) e proteínas. As vitaminas e
outras substâncias também podem fornecê-la, mais a quantidade é desprezível.

Existem vários sistemas energéticos: NDT, Bruta, Digestível, Metabolizavél, Líquida.

Energia Bruta

↓ Fezes

Energia Digestível

↓ Gazes (CH3) Urina

Energia Metabolizável

↓ Incremento a) Calor metabólico b) Calor de Fermentação

Energia Líquida(Butolo, 2002).

 NDT: É a mais utilizado para bovinos e bubalinos de corte. Baseia-se na soma da


fração da Proteína digerível(PD) + Carboidrato Digerível +(2,25 x Gordura
Digerível):

NDT % = %PD + %FD + (2,25 x %EED)

 Energia bruta(EB)

É a energia desprendida da queima total dos alimentos. É assim denominada porque não há
qualquer indicação de quanto o animal pode aproveitar.

 Energia Digestível(ED)

É a energia do alimento ingerido menos a energia perdida nas fezes.


18

ED = EBingerida - EBfezes

As fezes são compostos pela porção não digerível e não absorvível do alimento, mais
microorganismos e descamações, enzimas e muco do trato gastrointestinal.

 Energia Metabolizável (EM)

É a energia digestível menos a energia perdida na urina e nos gases produzidos no trato
gastrointestinal e que são liberados para o exterior.

EM = ED- EBurina- EBgazes

Dentre os gases produzidos no rúmen, o metano(CH4) é o mais importantes. Nos animais


monogástricos este gás é insignificante.

Para as aves usa-se somente EM porque não consegue-se separar a urina das fezes.

 Energia Líquida (EL)

Ë a energia efetivamente utilizada pelo organismo, seja para se manter, seja para produção.
É a energia metabolizável menos o Incremento Calórico (IC).

EL = EM - IC

 IC

É o aumento da produção de calor acompanhada de um aumento de temperatura do corpo e


de uma aceleração metabólica quando o alimento está sendo digerido e metabolizado pelo
animal.

3.4. Importante (carcoidrato)

 Os microorganismos fermentam boa parte dos carboidratos em AGV′s.


 Embora o sistema de EL seja o mais preciso, por razões praticas usa-se o sistema
NDT na criação de gado de corte.
 No confinamento o sistema EL é mais utilizado por ser mais preciso
 A fibra é importante para o funcionamento normal do rúmen.
19

 Dietas baixas em fibra = acidose(↑{} de ácido no rúmen e no sangue), deslocamento


do abomaso e baixo teor de gordura no leite.
 Dietas ↑ em fibra causam redução no consumo e naturalmente, possuem menor
quantidade de energia.
 Em touros a subnutrição(↓ energia) causa atraso na puberdade, problemas na
produção de sêmen crescimento; volume ejaculado e {} de esperma.
 1kg de NDT equivalente a 4.400Kcal de ED
 Os requerimentos para o crescimento são maiores nos animais jovens.

3.5. Produtos Finais da Digestão

Os AGV são absorvidos pelas paredes do rúmen e passam à corrente sangüínea nas formas
de ácido acético, que irá formar as gorduras do leite e do corpo; ácido propiônico, que irá
formar a lactose (açúcar do leite) e a glicose sangüínea; e o ácido butírico. Em reduzidas
quantidades são formados açucares, a partir de celulose. Alimentos equilibrados e de boa
digestibilidade, gramíneas e leguminosas no ponto ótimo de consumo, normalmente
produzem as seguintes percentagens de AGV (Teixeira,1989).

 Ácido acético: 50 a 65%


 Ácido propiônico: 18 a 20%
 Ácido butírico: 12 a 20%

Diminuir as quantidades de celulose em relação ao amido da ração, a tendência é de se


formar maior quantidade de ácido propiônico e menor quantidade de ácido acético, fazendo
com que diminua a gordura do leite e o animal ganhe gordura no corpo, aumentando o
peso.

3.6. Classificação Dos Alimentos

O volume dos alimentos indica, a princípio, a forma em que se pode agrupa-los com a
finalidade de estabelecer uma classificação. Assim, temos alimentos de alta concentração
de nutrientes, os concentrados, e os que possuem baixa concentração, os não concentrados
ou volumosos. Geralmente, as rações são compostas dos dois grupos. Algumas vezes,
usamse somente os volumosos, entretanto, nunca se usam exclusivamente concentrados na
20

alimentação dos ruminantes. A seguir mostra uma classificação baseada nos teores de
umidade e fibra dos alimentos (Andrigueto, 2002).

3.6.1. Volumosos

Os alimentos não concentrados ou volumosos são aqueles que contêm mais de 18% de fibra
bruta na MS. Constituem a maior parte da ração, fornece nutrientes e desempenham papel
especial no metabolismo ruminal. A vacas leiteiras em produção necessitam, no mínimo de
17% de fibra na MS para que seja produzido um teor de gordura normal no leite, cuja fonte
principal é a fibra celulósica dos alimentos volumosos. Volumosos Secos Volumosos
Aguosos(Andrigueto, 2002).

3.6.2. Concentrados

São alimentos ricos em energia e proteínas, ou em ambos. Possuem de 85-95% ou mais de


MS. A sua fração energética compreende, principalmente, o amido, seguido dos açucares
mais simples e das gorduras. Em geral possuem mais de 60% de NDT e baixo teor de
fibra(Andrigueto, 2002).

3.6.2.1. Concentrados Energéticos

São os concentrados com 16% ou menos de proteínas, representados pelos grãos de cereais
e seus subprodutos. O teor de fibra é variável, sempre menor que 18%. O teor de matéria
gordurosa varia bastante, conforme o grão utilizado ou subproduto deste. Farelo de arroz
desengordurado Grão triturado de milho Farelo de trigo Grão triturado de sorgo Grãos de
aveia Concentrado protéico Concentrados protéicos Compreende os farelos e farinhas de
cereais (com 20 a 30% de proteínas) e os farelos de oleaginosas (com 30 a 50% de
proteínas), que são os de origem vegetal. Os de origem animal contém de 34 a 82% de
proteínas(Andrigueto, 2002).

Os concentrados protéicos de origem vegetal são os mais usados para alimentação do gado.
Em geral, são usados os subprodutos das agroindústrias de extração de óleo comestível,
como as tortas e farelos de soja, amendoim, girassol, algodão e outros. São fontes de
proteína com teores de 30 a50%.
21

3.7. Alimento Energético

3.7.1. Milho

 O principal componente dos concentrados comerciais, rico em próvitamina A;


 Alta energia (85-88% NDT na matéria seca);
 Baixo teor de proteína (7-10%) e vitamina D;
 Baixo teor em Cálcio e moderado em fósforo;
 Deve ser moído p/ aumentar a eficiência de uso;
 Pode ser ensilado com alto teor de umidade(70-80% de MS);
 Pode ser fornecido até 70% na ração, em vacas leiteiras recomenda-se manter a
FDN em até 28%.
 O rolão de milho possui cerca de 80-90% do valor do grão moído e de 7 a 8% de
Proteína. Recomendado p/ animais em crescimento(Valverde, 2001).

3.7.2. Farelo de Triego

 Seu teor de PB varia de 13-18%, 13-17% de FB e 71% de NDT na MS;


 É uma boa fonte de P, Se e Fé, pobre em caroteno;
 O teor de extrato etéreo (EE) é de 4,5% podendo rancificar-se e FDN 11%;
 Para altos níveis de produção deve ser limitado devido o seu relativo elevado teor de
FB (20-25% do concentrado). FARELO DE ARROZ
 Apresenta 70% de NDT, 13-15% de PB na MS;
 Rica em Ca e P, contém mais de 13% de EE, pode rancificar causando efeito
negativo sobre o consumo e a destruição da vitamina E, vitamina A;
 Usado p/ ruminantes até 20% ou 5% de EE na ração(Valverde, 2001).

3.7.3. Mandioca

 Pode ser usada in natura ou desidratada e moída


 Raiz fresca rica em amido e NDT (70%), pobre em PB (2-3%) e recomendada de 2-
3% do peso do animal/dia;
 Fator antinutricional: linamarina, convertida em HCn no rúmen;
 Raspa recomendada até 100% de substituição do milho
22

 1 kg de milho equivale a 1kg de RMCA + farelo de algodão(Valverde, 2001).

3.8. Alimentos Protéicos

3.8.1. Farelo de Soja

Suplemento protéico padrão e com o qual são comparadas outras fontes de proteínas
(qualidade e custo) e é mais usado em virtude de sua composição de aminoácidos.

 Teor de proteína varia de 40 a 50%;


 Possui de 70 a 80% de NDT e não contêm mais de 7% de FB;
 É baixo em Ca e moderado em P, e rica e caroteno e vitamina D;
 Fator anti-nutricional anti-tripisina e urease (monogastricos e bovino de corte);
 Semente integral - 38a 40%PB, 17 a 18% de óleo, 85 a 94% NDT e deve ser
limitada a 20% do concentrado ou 2,5kg/animal/dia, por possuir 20% de EE e
apresentar uréase (contribui p/ ↑ da hidrolise da uréia ruminal causando intoxicação.

3.8.2. Farelo de Algodão

 Possui 33 a 40% PB;


 60 a 70% NDT;
 10 a14% de FB;
 Baixo em Ca e alto em Fósforo, assim como o farelo de soja não há limitações
quanto o seu uso;
 Semente integral de soja é um excelente alimento energético, além de possuir 25%
PB, alto teor de óleo (24%) e deve ser limitado a 20% do concentrado. É
recomendado p/ bovinos em crescimento(3kg/an/dia), vacas leiteiras (4kg/na/dia).

3.9. Outros Alimentos

3.9.1. Melaço

 Apresenta de 70 a 75% de NDT na MS;


 Rico em açucares, Ca, Mg, K;
 Apresenta limitações ao uso devido ao nitrato e vitamina K que provoca diarréia;
 É uma fonte de energia altamente degradável no rúmen e bastante palatável;
23

 É recomendado para bovinos no máximo 15% da MS, e normalmente usado em


10% do concentrado;
 Fornecido a bovinos adultos em até 4kg/na/dia, após o uso de adaptação reduz os
riscos com acidose, 7% de melaço aumenta a palatabilidade da ração de bezerros.

3.9.2. Cevada

 Possui 70-75% de NDT;


 11-12% de Proteína Bruta;
 5-6% de Fibra;
 Pode ser fornecido como único ingrediente no concentrado.

3.9.3. Polpa Cítrica

 Possui de 6-7% de PB, 13-14% de FB, 73-76% NDT e cerca de 90% de valor
energético do milho;
 Baixo em P e alto em Ca devido certos compostos usado durante o processamento;
 Fator antinutricional: fonte de cal podem apresentar dioxina, substância cancerígina
transmitida ao homem pela carne e leite;
 Normalmente é limitado a 20 a 25% da dieta total ou uso até 2kg/na/dia

3.9.4. Torta de Dendê

 Possui 14% de PB e 60% NDT ;


 Em média 60,75 de NDT;
 0,2% de Ca e 0,69% deP;

3.9.5. Farelo de Coco

 Obtida após a extração parcial da gordura;


 20% de PB, 50% de NDT;
 Recomendado para bovinos em até 2kg/ani/dia e no caso de vacas, em até 30% da
ração.
24

CAPÍTULO IV: NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS

4.1. Nutrientes

São grupos de constituintes alimentares de composição química específica que participam


do metabolismo celular, sendo responsáveis pela manutenção da vida animal. Do ponto de
vista nutricional são conhecidos seis grupos de nutrientes: água, carboidratos (solúveis e
insolúveis), lipídios, proteínas, vitaminas e minerais(Valverde, 2001).

Água As principais funções da água no organismo animal são: ajustar a temperatura


corporal, auxiliar no funcionamento do metabolismo, regular a eficiência digestiva dentre
outras. Para aves, dependendo da idade e do sexo, a água representa em média 55 a 75% do
peso corporal da galinha, 65% do ovo(Valverde, 2001).

Em suínos, há uma relação direta entre o consumo de água diário e peso vivo, onde suínos
com 75kg em média podem apresentar perda de 1L de vapor d’água/dia, sendo um
requerimento maior apresentado por suínos lactantes e em crescimento.

4.2. Matérias-primas

As matérias-primas são também conhecidas como ingredientes e integram as rações para


aves, suínos e peixes de forma convencional, ou seja, os que normalmente compõem as
rações, e as alternativas(Couto, 2001).

Dentre as convencionais, encontram-se: milho, farelo de soja, farinha de carne e osso,


farelo de trigo, calcário, fosfato bicálcico, farinha de ostra, óleo bruto de soja, sal comum,
farinha de peixe, dentre outros.

Geralmente o binômio milho e soja, e seus derivados, além de participarem em maior


quantidade na composição das rações para nãoruminantes. O milho é a principal matéria-
prima das rações para aves e suínos, e participa com 50 a 70% das rações.

O farelo de soja é a fonte proteica de origem vegetal mais utilizada em rações para não-
ruminantes, apresentando teor de proteína variando entre 37 a 48%, com um importante
completo perfil de aminoácidos(Couto, 2001).
25

4.2.1. Farinha de carne e ossos

É uma das principais fontes proteicas de origem animal utilizada na fabricação de rações,
sendo um subproduto de graxarias e frigoríficos, obtido a partir de ossos e resíduos de
tecidos animais. Dependendo da forma de processamento possui teor de proteína bruta
variando de 40 a 50%, ótima fonte de minerais com nível de fósforo superior a 3,6% na
matéria e rica em aminoácidos essenciais. Na sua composição a relação cálcio/fósforo não
deve ultrapassar 2:1, uma vez que uma relação superior a esta pressupõem matéria-prima
adulterada(Teixeira, 1989).

A pesar da riqueza proteica, a farinha de carne e ossos é utilizada somente até 5% na


composição das rações de aves e suínos.

4.2.2. Fosfato bicálcico

É obtido da transformação do fosfato de rocha em ácido fosfórico, submetido ao processo


de defluorização. Apresenta na sua composição 23% de cálcio, 18% de fósforo e flúor
(máximo 1% do teor de fósforo). Utiliza-se até 2% em rações de aves, dependendo da
adição ou não de farinha de carne e ossos(Teixeira, 1989).

4.2.3. Calcário calcítico

É um produto oriundo da moagem do carbonato de cálcio desidratado. Contém 37% de


cálcio, magnésio (máximo 1%) e fIúor (máximo 0,03%). É muito variada a quantidade de
calcário utilizada nas fases de manejo das aves e suínos, destacando-se a fase de postura
onde podese utilizar até 8% da composição total da ração(Teixeira, 1989).

A rancificação é a maior dificuldade para viabilizar a utilização destas fontes de energia em


rações para aves e suínos, daí a necessidade de se utilizar antioxidantes no momento de seu
processamento. É recomendável que está matéria-prima seja armazenada em local seco e
por um período curto de tempo. Em rações para aves e peixes pode-se utilizar até 5% de
óleos e gorduras; e em rações para suínos, recomenda-se a utilização de até 7%.( Valverde,
2001).
26

4.2.4. Sal comum

O sal comum ou cloreto de sódio (NaCl) é um produto obtido através do processo de


desidratação de salinas. Age principalmente como estimulador do apetite dos animais,
contendo cerca de 60% de cloro, 40% de sódio e traços de iodo. Normalmente participa das
rações avícolas e suinícolas com níveis variando de 0.25% a 0,40%.

A farinha de peixe é uma fonte de proteína, com valor oscilando entre 58 a 65%, com
grande disponibilidade de aminoácidos essenciais (metionina e lisina) e boa composição de

Recomenda-se utilizar até 5% de farinha de peixe nas rações para aves e suínos, em virtude
de níveis superiores transferirem o gosto e o cheiro para carne e ovos, respectivamente
minerais(Valverde, 2001).

4.3. Características Nutricionais dos Animais Monogástricos

Para Bertechini (2012),os animais monogástricos, mais adequadamente chamados de não


ruminantes são caracterizados por várias particularidades nutricionais, listadas a seguir.

Os animais monogástricos Reduz a capacidade de armazenamento de alimentos, e,


como consequência, devem ter acesso contínuo a alimentação;

 Taxa de passagem dos alimentos no trato digestório é relativamente rápida, e, desta


forma, os nutrientes devem estar prontamente disponíveis, para seu aproveitamento;
 Baixa capacidade de digerir materiais fibrosos devido a reduzida microflora
existente no trato digestório, sendo que as dietas devem ser concentradas;
 Pequena capacidade de síntese gastrintestinal e, como consequência, todos os
nutrientes exigidos para máximo desempenho devem estar presentes na 7 dieta;
 Digestão básica dos alimentos faz-se por intermédio de enzimas digestivas
produzidas pelo animal; aproveitam mais eficientemente os alimentos concentrados
do que osanimais ruminantes.

As aves não mastigam o alimento na boca, como os suínos, no entanto, possuem um


divertículo chamado de inglúvio ou papo que umidifica e amolece o alimento além de um
27

estômago mecânico (moela) que tritura o alimento. A saliva dos suínos contém amílase
salivar (ptialina) que inicia o desdobramento do amido dietético (Bertechini, 2012).

O estômago de aves e suínos se assemelha na capacidade relativa de armazenamento de


alimento e na digestão gástrica das proteínas. Neste compartimento a digestão de
carboidratos é quase nula devido ao pH ácido. Alguma fermentação de carboidratos pode
ocorrer pela atuação de Lactobacillus, mas representa muito pouco em termos da digestão
deste nutriente. As aves diferem dos suínos após a digestão gástrica(Bertechini, 2012).

O bolo alimentar nas aves passa por uma digestão mecânica, através do estômago muscular
ou moela, antes de seguir a digestão intestinal. A moela é composta de potentes músculos
que desintegram as partículas do alimento, preparando o bolo alimentar para a digestão
intestinal.

A digestão no intestino delgado de aves e suínos é semelhante. É, neste compartimento que


ocorre a digestão final dos carboidratos, lipídeos e proteínas e também é a seção de maior
absorção dos nutrientes.

O intestino grosso, compreendido pelo, ceco, cólon e reto tem como função primária a
excreção dos resíduos alimentares não aproveitados no intestino delgado. No entanto, é
neste compartimento que ocorre uma grande absorção de água e eletrólitos e também a
fermentação dos resíduos não aproveitados no intestino delgado.

Esta fermentação é realizada por uma microflora complexa de microorganismos


anaeróbicos que produzem vitaminas, ácidos graxos voláteis e aminoácidos. Suínos adultos
têm capacidade de digerir até 30% da fibra da ração no ceco ou cólon. Já as aves adultas
são capazes de digerir até 25 % da fibra da ração, principalmente no ceco.

Os suínos aproveitam melhor os produtos da fermentação do ceco e cólon como os ácidos


graxos voláteis, no entanto, faltam informações sobre a absorção de vitaminas, por esses
animais e pelas aves, nestes compartimentos. De qualquer forma, o intestino grosso tem
função básica de recuperação de água e eletrólitos em ambas espécies(Teixeira,1989).
28

4.4. Utilização De Carboidratos Por Suínos

Os leitões recém nascidos são incapazes de utilizar certos carboidratos dietéticos devido a
insuficiente atividade enzimática das enzimas. Somente a lactose é bem aproveitada no
início da vida extra uterina do leitão devido a presença da lactase, enzima que desdobra a
lactose em glicose e galactose. A atividade de outras carboidrases (maltase, sacarase e
amilase) vão sendo desenvolvidas com a idade do leitão sendo que a partir de 21 dias,
ocorre o aproveitamento eficiente de maltose, sacarose e amido dietéticos(Valverde, 2001).

Atividade das enzimas em leitões A digestibilidade dos carboidratos da dieta depende da


presença de carboidrases no sistema digestório dos animais monogástricos

4.5. Utilização da Fibra Bruta Por Suínos e Aves

Os animais monogástricos se caracterizam pela pequena capacidade de digerir alimentos


fibrosos, no entanto, em certos estágios fisiológicos, esta pequena digestão pode atender as
necessidades de manutenção destes animais.

Fêmeas suínas no estágio de gestação, por exemplo, devem receber uma alimentação mais
fibrosa do que os animais em engorda. Algumas pesquisas evidenciam a necessidade de um
nível entre 5 e 7% de fibra bruta na ração de fêmeas em gestação, evitando que engordem
em demasia e prejudicando a reprodução destes animais(Valverde, 2001).

Os níveis de fibra bruta que poderiam ser utilizados pelos suínos dependem de uma série de
fatores como:

 4Tipo e níveis de fibra da ração;


 Níveis dos outros nutrientes na ração;
 Idade e/ou peso dos animais.

Rações à base de milho e farelo de soja proporcionam nível de fibra bruta em torno de 3%.
Os suínos, a partir de 30 kg de peso vivo, possuem intestino grosso desenvolvido com boa
capacidade de digestão da fibra da ração(Valverde, 2001).
29

4.6. Procedimentos para Formulação de Rações

Formulase uma ração, com o objetivo de atender todas as exigências nutritivas, bem como
as exigências do produto final. De uma maneira geral, deve-se seguir principalmente os
seguintes passos para formular uma ração:

 Caracterização dos Animais: deve-se definir os animais adequadamente antes de


serem alimentados, sendo que em termos de categoria, podemos classifica-los por
idade, peso vivo, sexo (macho e fêmea), aptidão produtiva (corte, reprodução ou
postura), grau de melhoramento genético (baixo, médio ou alto);
 Exigências Nutricionais é importante verificar as exigências nutricionais dos
animais em termos energéticos, proteicos, cálcio, fósforo, etc. de acordo com a
caracterização do animal, mencionada no item anterior, recomendando-se sempre a
utilização tabelas padronizadas com dados organizados de forma a possibilitar sua
aplicação no cálculo de rações;
 Composição química dos alimentos: deve-se sempre levar em consideração a
composição química dos alimentos, propriedades físico-químicas, forma de
processamento, contribuição nutricional do mesmo para o cálculo de rações, além
de características organolépticas inter-relacionadas com a aceitabilidade do mesmo
pelos animais;
 Levantamento e quantificação dos alimentos disponíveis: é oportuno mencionar
o preço dos alimentos por unidade de peso, além de verificar também questões
relacionadas a disponibilidade da matéria-prima, logística para entrega e
armazenamento da mesma, além de aspectos relacionados a qualidade da
mesma(Valverde, 2001).
30

5. Conclusão

Conclui-se que o valor nutritivo dos alimentos é determinado por dois fatores: a proporção
de parede celular vegetal e o grau de lignificação. A proporção de conteúdo celular
determina a quantidade de nutrientes completamente disponíveis presentes nos alimentos.
Existe uma ampla variação de alimentos entre os ruminantes e não ruminantes
representando diferentes adaptações dietéticas.

Não ruminantes Os herbívoros não ruminantes são menos hábeis para digerir alimentos
fibrosos do que os ruminantes, isto porque os ruminantes utlizam as fibras como fonte de
energia a partir da fermentação intestinal.
31

6. Referências Bibliográficas

ANDRIGUETO, J. M. et al. Nutrição animal: alimentação animal/nutrição animal. 3. ed.


São Paulo: Nobel, 2002. 425p.

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COUTO, H. P. Fabricação de rações e suplementos para animais: Gerenciamento e


tecnologias. Viçosa: CPT, 2008. 263p. 238p

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interesse para a Aquicultura brasileira. 2. ed. Florianópolis: Ministério da Pesca e
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GURTLER, H. et al. Kolb: fisiologia veterinária. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
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RIBEIRO, P. A. P.; GOMIERO, J. S. G.; LOGATO, P. V. R. Manejo alimentar de peixes.


Boletim técnico, Lavras, MG, Editora UFLA, Universidade Federal de Lavras, 2001. 16p.

QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3. ed. Viçosa: Ed.


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TEIXEIRA, A. S. Alimentos e alimentação. Brasília: ABEAS,1988. 180p. TORRES, A. P.


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VALVERDE, C.C. 250 maneiras de preparar rações balanceadas para frango de corte.
Coordenação editorial Emerson de Assis Vieira. Viçosa: UFV, 2001. 261p.

ZANOTTO, D. L.; GUIDONI, A. L.; LIMA, G. J. M. M. de. Efeito da granulometria do


milho sobre a digestibilidade das dietas para suínos em crescimento e terminação,
p43.,2011.

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