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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL - PPGCA


DIONISIA SOUZA MARQUES

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DOS ANIMAIS NÃO-RUMINANTES

CUIABÁ-MT
SETEMBRO - 2022
DIONISIA SOUZA MARQUES

EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DOS ANIMAIS NÃO-RUMINANTES

Trabalho apresentado à disciplina de


nutrição de não-ruminantes do
Programa de Pós-Graduação em
Ciência Animal - PPGCA

Docentes: Gerusa Silva Salles Corrêa


Erica Martins de Figueiredo

CUIABÁ-MT
SETEMBRO - 2022

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Sumário
1. INTRODUÇÃO 3

2. EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE AVES 4

2.1 Exigência de energia 5

2.2 Exigência de Proteína/aminoácidos 7

2.3 Exigência de Vitaminas para aves 14

2.4 Exigência de Minerais para aves 15

3. EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE SUÍNOS 20

3.1 Exigência de energia 20

3.2 Exigência de Proteína/aminoácidos 22

3.3 Exigência de vitaminas e minerais 23

4. PROTEÍNA IDEAL 28

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 29

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30

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1. INTRODUÇÃO

A ciência da nutrição integra os conhecimentos bioquímicos e fisiológicos,


relacionando ao organismo animal com o suprimento alimentar de suas células.
A nutrição animal depende basicamente dos conhecimentos e das
exigências nutricionais da espécie de acordo com a sua fase e do estágio
fisiológico, da composição nutricional dos ingredientes em elementos digestíveis,
do nível do consumo alimentar dos animais, do manejo alimentar aplicado, do
metabolismo e da bioquímica fisiológica, da fisiologia geral e, em especial, da
digestão, da sanidade do plantel, do meio ambiente, de todos os fatores que
estão direta ou indiretamente ligados à produção de alimentos das espécies em
produção.
O objetivo final da nutrição animal é transformar os recursos alimentares
de menor valor nutricional em alimentos de alto valor biológico para o consumo
humano. Para alcançar esse objetivo foi necessário o desenvolvimento dos
conhecimentos envolvendo os alimentos e o organismo animal.
A exigência nutricional de um animal se refere à quantidade mínima de
um determinado nutriente que deverá ser fornecido aos animais para satisfazer
assim suas necessidades, variando de acordo com seu potencial genético, raça,
linhagens, idade, o sexo, consumo de ração, nível energético da ração,
disponibilidade dos nutrientes, temperatura ambiente, umidade do ar e estado
sanitário, e a fase na qual o animal se encontra, além de outros.
As Tabelas de Exigências Nutricionais de Aves e Suínos (ROSTAGNO,
2017), têm estabelecido as exigências nutricionais dos animais e a composição
nutricional dos alimentos, para que possa formular uma ração adequada as
diferentes espécies e categoria animal.

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2. EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE AVES

As exigências variam de acordo com a raça, sexo, estado nutricional e


sanitário, fase de produção e sua finalidade econômica (BARBOSA, 2007). As
necessidades nutricionais de frangos de corte são descritas em tabelas, como
as da National Research Council (NRC), e no Brasil tem-se as Tabelas
Brasileiras para Aves e Suínos, as quais foram publicadas pela Universidade
Federal de Viçosa (ROSTAGNO, 2017), além das tabelas desenvolvidas por
empresas de acordo com as linhagens.
Os níveis de proteína, aminoácido e minerais diminuem conforme a fase de
criação, ou seja, as aves mais velhas apresentam uma exigência nutricional
menor que as mais jovens, segundo Bertechini (2021), isso ocorre devido ao
maior consumo de alimento, ao desenvolvimento do sistema digestório, e as
mudanças no metabolismo das aves, para o balanceamento ideal das dietas de
aves de corte, devem-se levar em consideração as características qualitativas
dos alimentos, além da disponibilidade dos mesmos para a elaboração de uma
ração de baixo custo e alto rendimento.
Assim como para as aves de corte também foram desenvolvidas tabelas
com as necessidades nutricionais para poedeiras, porém, nesta categoria a
variação da necessidade de nutrientes depende da idade, ambiente, níveis de
energia e aminoácidos da ração, dentre outros fatores, desta forma é importante
o acompanhamento dos níveis nutricionais adequados para cada período
(COSTA et al. 2004).
De acordo com Bertechini (2021) as frangas de reposição com 4 a 6
semanas de idade, deve-se aumentar os níveis proteicos da ração. Já na fase
final de recria, os cuidados serão com os níveis energéticos da ração, permitindo
um adequado peso e melhor uniformidade do lote. Frangas início da postura
(pré-postura) ocorrem alterações metabólicas com variação hormonal nesse
período, juntamente com alterações nas exigências nutricionais, em maior
evidência a de cálcio. Recomenda-se a utilização de ração com um nível
intermediário de cálcio (ração pré-postura), em um intervalo de tempo não muito
longo e as poedeiras comerciais deve-se atentar aos níveis de metionina +
cistina, uma vez que as aves de postura comerciais atualmente permanecem

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mais tempo e tem maior produção de ovos, aumentando a exigência destes
aminoácidos.
2.1 Exigência de energia

A energia dos alimentos não pode ser considerada um nutriente, mas sim
o resultado da oxidação dos nutrientes durante o metabolismo animal. Dentre os
constituintes dos alimentos, os carboidratos, os lipídeos, as proteínas
(aminoácidos) e parte da fibra são fornecedores de energia para os
monogástricos. A energia presente nos alimentos, não é a energia real que o
animal irá utilizar para a produção, pois parte dela é perdida nos processos
digestivos, metabólicos e de mantença, por isso a energia sofre um processo de
partição, levando a algumas classificações distintas.
De acordo com Bertechini et al. (2021), a primeira fração da energia é a
energia bruta (EB) que é a energia total presente no alimento. Já a energia
digestível (ED) é a energia dos alimentos que é absorvida pelos animais após o
processo de digestão, ela é determinada pela diferença entre a EB do alimento
consumido e a energia bruta das fezes. O teor de energia metabolizável (EM) de
um alimento é a diferença entre ED, e as perdas endógenas, estas
representadas pelas perdas de energia na urina e na forma de gases. A energia
líquida (EL) pode ser definida como a EM menos a energia perdida na forma de
incremento calórico, e esta é a energia efetivamente utilizada pelo animal, ela
pode ser fracionada em energia líquida para manutenção e energia líquida para
produção. De uma forma geral o incremento calórico representa toda a perda de
energia durante os processos de digestão, absorção e metabolismo dos
nutrientes. A energia do incremento calórico não é usada para os processos
produtivos, mas podem ser utilizadas para manter a temperatura corporal
quando necessário.
A energia é uma abstração que pode ser mensurada pela transformação
de uma forma para outra. As duas formas de energia consideradas, quando se
abordam aspectos de nutrição animal, são a química e a de calor. A energia
química fornecida às aves na forma de alimento pode ser transformada em calor
quando utilizada em processos vitais e depositada como componentes químicos
no crescimento e na produção. A quantificação dessa transformação de energia
nas aves tem sido alvo de atenção na representação da partição de energia em

5
modelos mecanicistas. Essas medidas de energia na nutrição animal são
expressas em calorias ou joules.
De acordo com Bertechini (2021), os sistemas convencionais de energia
utilizados em aves são energia digestível (ED), metabolizável (EM) e líquida (EL).
O sistema de EM tem sido o mais utilizado em aves devido à dificuldade de
determinar ED nos alimentos pela necessidade de procedimentos cirúrgicos nos
ensaios, para separar a energia proveniente da urina. Esse e outros aspectos
tornam simples a aplicabilidade do sistema de EM em aves.

Utilização da energia para mantença


As exigências para mantença têm sido definidas como a quantidade de
energia necessária para o anabolismo e o catabolismo, com uma retenção de
energia zero. Contudo, essa definição é aceita para aves adultas e não para aves
em crescimento. No caso de aves em crescimento, as exigências de mantença
são definidas como a quantidade de energia necessária para manter o equilíbrio
dinâmico do turnover proteico e lipídico, a temperatura corporal é uma atividade
física normal.
Vários fatores podem influenciar a exigência de mantença, como a idade
dos animais, o peso vivo, a composição corporal, o tamanho dos órgãos e
crescimento ou estágio de produção, temperatura, empenamento e o genótipo
(BLAXTER, 1989).
As exigências em energia para atividades podem representar 50% do
metabolismo basal, enquanto para aves com atividade restrita (gaiola)
representam somente 30% Dessa forma, ajustes devem ser realizados quando
se utilizam valores de mantença obtidos de estimativas com aves em gaiolas
(WENK, 1997).

Utilização da energia para produção

▪ Energia para crescimento


A maioria dos modelos de crescimento considera que a energia ingerida
primeiramente é particionada para mantença, depois para deposição de proteína
e a restante direcionada para deposição lipídica. Dessa forma, a deposição de
tecidos é dependente da energia disponível para o crescimento, após a
mantença ter sido atendida. Se a mantença não for atendida, ocorre o

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catabolismo de reservas corporais para gerar energia para atender as funções
vitais do organismo (POMAR; HARRIS; MINVIELLE, 1991).

▪ Energia para produção de ovos


No caso de aves em produção, além da exigência para deposição de
tecidos, também é necessária a energia para a formação do ovo. Quando as
aves iniciam a produção de ovos, a partição de energia para o crescimento é
próxima de zero, destinando grande parte da energia acima da mantença para a
formação do ovo. Nesse caso, a energia necessária para a reprodução será em
função das exigências por número e tamanho dos ovos. Nos estudos realizados
na UNESP, o valor em energia do ovo foi de 1,54 e 1,49 kcal/kg de ovo para
matrizes pesadas e poedeiras, respectivamente (RABELLO, 2001; SAKOMURA
et al., 2005a).

2.2 Exigência de Proteína/aminoácidos

As proteínas são formadas por 23 aminoácidos diferentes, combinados de


diversas formas e proporções, sendo 11 deles considerados dieteticamente
essenciais para as aves (BERTECHINI, 2006), ou seja, necessitam ser
fornecidos via alimentação. Assim, a ave necessita ingerir, digerir, absorver,
transportar e metabolizar (anabolismo e catabolismo) os aminoácidos contidos
na proteína da dieta para então, sintetizar as proteínas orgânicas. No entanto,
as proteínas corporais são constituídas também de aminoácidos considerados
dieteticamente não essenciais, que não necessitam ser obrigatoriamente
fornecidos na dieta, pois o organismo animal pode sintetizá-los. Deste modo,
caso esses aminoácidos estejam em quantidades deficientes na dieta, estes
serão sintetizados a partir de substratos nitrogenados no organismo,
principalmente a partir de aminoácidos essenciais. Esse processo é complexo,
e é regulado por um sistema hormonal organizado e um sistema enzimático
específico (MOREIRA; SCAPINELLO, 2004).
Desta forma, mais importante do que a quantidade de proteína dietética é
a composição ou o perfil aminoacídico desta proteína, pois as aves não
apresentam exigências nutricionais para proteína bruta (PB) em si, e sim para
cada um dos aminoácidos essenciais que compõem a proteína dietética, além

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de necessitarem de um excedente de nitrogênio amino suficiente para a
biossíntese de aminoácidos não essenciais (CORZO: LOAR 11; KIDD, 2009).
A redução dos níveis protéicos da dieta, desde que estas sejam
suplementadas com aminoácidos industriais de forma a atender as exigências
dos primeiros limitantes, em aminoácidos digestíveis, tem se mostrado eficiente
em manter e até mesmo melhorar os níveis produtivos em relação às dietas de
alta PB (BERRES et al., 2010).

Aminoácidos limitantes

Os aminoácidos limitantes podem ser definidos como os aminoácidos que


estão presentes na ração em uma concentração inferior à exigida pelos animais
para desenvolverem seu potencial de produção. Pode estar limitado na ração um
ou mais aminoácidos ao mesmo tempo, porém, em uma ordem de limitação. A
ordem de limitância dos aminoácidos essenciais depende basicamente da
composição de ingredientes das rações e das exigências nutricionais aplicadas
para formulação.
De acordo com Sá et al. (2012), nos casos das formulações no Brasil e na
maioria dos países da América Latina, em que as rações para frangos de corte
têm como base o milho e o farelo de soja, com ou sem farinha de carne e ossos,
os três primeiros AAS limitantes em ordem são metionina, lisina e treonina. A
valina apresenta-se como o quarto aminoácido limitante, seguido da isoleucina,
arginina e triptofano. Em formulações onde se utilizam diferentes subprodutos
de origem animal, principalmente nas fases de crescimento e terminação, pode
ocorrer mudança na ordem de limitância dos AAs, onde a isoleucina pode vir a
ser o quarto aminoácido limitante, seguido pela valina, arginina e triptofano.
Segundo Kidd et al. (2002), a inclusão de L-treonina na dieta, similarmente
ao que ocorre com a metionina e com a lisina, promove o decréscimo da proteína
bruta da dieta e, por consequência, diminui a eliminação de ácido úrico, de água
e a formação de amônia no ambiente.
Desta forma, fica claro que a ordem de limitação dos aminoácidos para um
animal é dependente das exigências nutricionais em aminoácidos e do conteúdo
e digestibilidade dos aminoácidos nos diversos ingredientes utilizados na
composição das dietas. É de extrema importância que as exigências dos

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aminoácidos essenciais sejam atendidas seguindo a ordem de limitação. Caso
contrário, a suplementação, por exemplo, do quinto aminoácido limitante na dieta
para frango de corte (isoleucina) quando o quarto aminoácido limitante (valina)
não foi atendido, passa a prejudicar o desempenho das aves, pois a síntese
protéica é interrompida e o aminoácido excedente necessita ser excretado, em
um processo com alto custo energético (SAKOMURA et. al,. 2014).
Uma vez que há a tendência da redução do nível de PB da dieta por meio
da suplementação dos principais aminoácidos essenciais na sua forma cristalina
(industrial) em combinação com as fontes naturais de proteína (farelo de soja,
milho) de forma a atender as exigências das aves em aminoácidos essenciais,
torna-se imprescindível uma correta determinação destas exigências,
atualizando-as de acordo com o aumento do potencial produtivo das aves
(SAKOMURA et. al,. 2014).
As linhagens comerciais de frango de corte atuais são resultados do
sucesso de programas de seleção (OLIVEIRA NETO et al., 2007). Desta forma,
as exigências nutricionais em aminoácidos que promovem maior ganho de peso,
melhor conversão alimentar e também melhor rendimento de peito devem ser
sempre atualizadas, de forma a possibilitar a expressão do potencial genético.
As poedeiras comerciais também se tornaram mais exigentes nutricionalmente,
uma vez que os avanços genéticos resultaram em aves mais precoces, com
menor consumo de ração e mais produtivas.
Desta forma, o melhor conhecimento dos requerimentos nutricionais dos
aminoácidos individuais permite uma nutrição mais precisa, oferecendo a
possibilidade para o formulador de substituir parcialmente o requerimento do
nível mínimo proteico por níveis mínimos de aminoácidos, gerando redução dos
custos e da emissão de poluentes no ambiente (SUIDA, 2001).

Aminoácidos essenciais

▪ Metionina
A metionina é o primeiro aminoácido limitante em rações para aves à base
de milho e farelo de soja, destacando-se por participar na síntese de proteína,
ser precursora da cisteína e doadora de radicais metil (WARNICK; ANDERSON,
1968). Praticamente todas as dietas para frangos de corte são suplementadas

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com metionina industrial, que se encontra disponível no mercado na forma de
DL-metionina e metionina hidroxi-análoga (SILVA et al., 1999). O fornecimento
de níveis adequados de metionina na dieta é importante também para melhorar
a resposta imune das aves, em função do aumento da produção de
imunoglobulinas (AL-MAYAH, 2006).
Nas Tabelas Brasileiras de exigências nutricionais para Aves e Suínos
(ROSTAGNO et al., 2017) as recomendações de met + cis digestível para
frangos de corte machos de médio desempenho nas fases pré-inicial, inicial,
crescimento e final são 0,967; 0,929; 0,823 e 0,750%, com relações met + cis
digestível: lisina digestível de 74%, respectivamente e para galinhas poedeiras
são de 0,759 e 0,803 g/ave/dia para aves leves e semipesadas, respectivamente,
com relação de 98% da lisina digestível para as duas linhagens. Goulart et al.
(2011) verificaram requerimento de 0,873; 0,755; 0,748 e 0,661% de
metionina+cistina digestível na dieta para as fases pré-inicial, inicial, crescimento
e final, respectivamente. As relações metionina+cistina: lisina digestível
estabelecidas foram de 71, 70, 76 e 72%, para as respectivas fases.
Lisina
A lisina é considerada um aminoácido fisiologicamente essencial para a
manutenção, crescimento e produção das aves, tendo como principal função a
síntese de proteína muscular. Leclercq (1998) afirma que a lisina exerce efeitos
específicos na composição corporal e as exigências deste aminoácido
obedecem a uma hierarquia, na qual a exigência para máximo ganho de peso é
mais baixa que para rendimento da carne de peito que, por sua vez, é menor
que a exigência para conversão alimentar e, por último, a exigência para
diminuição da deposição da gordura abdominal, que é a mais alta de todas.
Uma informação precisa sobre as necessidades de lisina digestível para
frangos de corte é fundamental, pois este aminoácido é utilizado como referência
para o perfil da proteína ideal e as quantidades de todos os outros aminoácidos
serão estabelecidas como uma proporção de sua exigência. Assim, qualquer
erro na determinação do requerimento de lisina resultará em erros nas
necessidades de todos os outros aminoácidos, com consequente queda no
desempenho e na qualidade da carcaça.

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Nogueira (2007) após compilação de dados de diversas pesquisas, o
concluiu que a deficiência de lisina nas dietas pode resultar em queda de até 3%
no ganho de peso e piora de 2% para conversão alimentar para 1 g/kg a menos
de lisina; e 7% para ganho de peso e 6% para conversão alimentar para 2 g/kg
a menos de lisina.
As recomendações de Rostagno et al. (2017) para frangos de corte
machos de médio desempenho são de 1,307; 1,256; 1,124 e 1,014% de lisina
digestível para as fases pré-inicial, inicial, crescimento e final, respectivamente.
Em experimentos desenvolvidos na UFPB, Goulart et al. (2008) encontraram as
exigências de 1,286; 1,057 e 1,009% de lisina digestível para frangos de corte
machos nos períodos de 1 a 7, 8 a 21 e 22 a 42 dias respectivamente.
Treonina
Em dietas de frangos, a treonina é considerada como o terceiro aminoácido
limitante depois da metionina e lisina. A treonina é encontrada em altas
concentrações no coração, nos músculos, no esqueleto e no sistema nervoso
central. É exigido para formação da proteína e manutenção do turnover protéico
corporal, além de auxiliar na formação do colágeno (SA et al., 2007). A treonina
está envolvida em outras funções fisiológicas, como a digestão e a imunidade
(BISINOTO et al., 2007).
O muco produzido pelas células da mucosa do trato gastrointestinal é
composto principalmente de água (95%) e mucinas (5%), que são glicoproteínas
de alto peso molecular especialmente ricas em treonina. De acordo com Bernal
(2004) a mucina contém 16,3% de treonina, cerca de sete vezes mais que a
lisina (2,3%).
Em Rostagno et al. (2017) encontram-se exigências de 0,863; 0,829; 0,742
e 0,669% de treonina digestível para frangos de corte machos nas fases pré-
inicial, inicial, de crescimento e final, respectivamente, com relação treonina
digestível: lisina digestível de 65% em todas as fases. Poedeiras leves e
semipesadas, pode-se verificar a recomendação de 0,596% e 0,631%, e relação
de treonina digestível: lisina digestível de 77% para ambas as linhagens.

▪ Valina
Nas rações de frangos de corte, principalmente na quelas à base de milho
e farelo de soja, normalmente o nível de redução da proteína bruta se limita

11
quando chega à exigência de valina. Segundo Nogueira, Haese e Kutschenko
(2008) e Corzo Loar II e Kidd (2009), a valina é normalmente o quarto aminoácido
limitante para frangos de corte das rações comumente utilizadas.
Berres et al. (2010) verificaram que relações valina: lisina digestível de 74,5
a 75,5% resultaram em maior ganho de peso e melhor conversão alimentar em
frangos de corte de 22 a 42 dias. No entanto, o aumento da relação para 78%
reduziu a percentagem de gordura abdominal.
Em Rostagno et al. (2017) encontram-se as exigências de 1,006; 0,967;
0,865 e 0,781% de valina digestível para frangos de corte nas fases pré-inicial,
inicial, de crescimento e final, respectivamente, com relação valina digestível:
lisina digestível de 77%, e para galinhas poedeiras recomenda 0,751 e 0,762%
de valina digestível na dieta para aves leves e semipesadas, respectivamente.

▪ Isoleucina
Em dietas para frangos de corte à base de milho e farelo de soja a
isoleucina tem sido considerada como quinto aminoácido limitante (BERRES et
al., 2010; GOULART, 2010).
Rostagno et al. (2017) recomendam os valores de 0,876; 0,842; 0,764 e
0,690% de isoleucina digestível para frangos nas fases de 1 a 7, 8 a 21, 22 a 33
e 34 a 42 dias de idade, respectivamente. A relação isoleucina digestível: lisina
digestível recomendada é de 67%, para as duas primeiras fases e de 68%, para
as fases finais e galinhas poedeiras recomenda 0,629 e 0,639%, para aves leves
e semipesadas, respectivamente, com relações de isoleucina: lisina digestível
de 78%.

▪ Arginina
A arginina é considerada um aminoácido essencial para aves,
particularmente durante a fase inicial, em função destas não serem capazes de
sintetizá-lo por apresentarem ciclo da uréia não funcional. Desta forma, dentre
os animais, as aves apresentam os mais altos requerimentos de arginina (BALL;
URSCHEL; PENCHARZ, 2007). Isto é explicado em função da falta de síntese
endógena e da alta deposição de proteína nas aves modernas, de rápido
crescimento, em adição ao antagonismo existente entre arginina e lisina.

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Fernandes et al. (2011) verificaram que suplementação de 1% de arginina
na dieta pré-inicial de pintos de corte trouxe benefícios à morfometria intestinal
das aves submetidas ao desafio sanitário imposto pela criação em cama
reutilizada.
A relação arginina: lisina digestível nas dietas para frangos de corte é
107% correspondendo às exigências de 1,389; 1,344; 1,203 e 1,085% de
arginina digestível nas rações de 1 a 7, 8 a 21, 22 a 33 e 34 a 42 dias,
respectivamente. Para poedeiras esta relação é de 100%, correspondendo às
exigências de 0,807 e 0,819% de arginina digestível nas dietas de poedeiras
leves e semipesadas, (ROSTAGNO et al., 2017).

▪ Triptofano
O triptofano merece especial atenção, visto ser aminoácido essencial à
síntese de serotonina e sua deficiência causar redução no consumo de ração,
com consequente queda no ganho de peso. De acordo com Peganova e Eder
(2002), o excesso de isoleucina pode comprometer a passagem de triptofano
pela barreira hemato-encefálica, levando à deficiência deste aminoácido no
cérebro.
Para frangos de corte Rostagno et al. (2017) recomendam os níveis de
0,235; 0,226; 0,202 e 0,183 % de triptofano digestível para frangos de corte nas
fases pré -inicial, inicial, de crescimento e final, respectivamente, com relação
triptofano digestível: lisina digestível de 18%.
Deponti et al. (2004) verificaram que a produção e a massa de ovos foram
negativamente afetadas quando poedeiras receberam dietas com baixos níveis
de triptofano (0,13%) durante seis semanas, sendo o desempenho recuperado
após uma semana de alimentação com ração contendo 0,21% de triptofano.
Para poedeiras comerciais Rostagno et al. (2017) recomendam 0,186 e
0,188% de triptofano digestível na dieta, para aves leves e semipesadas,
respectivamente, com relação triptofano digestível: lisina digestível de 23%.
Em experimento conduzido por Lima et al. (2011), utilizando-se poedeiras
semipesadas em início de postura, foi verificado aumento na produção de ovo e
melhoria da conversão por massa de ovo com o aumento da relação triptofano
digestível: lisina digestível de 18 para 26%. Já a conversão por dúzia de ovos
respondeu de forma quadrática, sendo a melhor relação estimada em 23%.

13
▪ Glicina
A glicina é considerada como aminoácido semi-essencial para pintos, pois
apesar das aves serem capazes de sintetizá-lo, esta síntese não atende as
exigências para o rápido crescimento, devendo a glicina ser fornecida via dieta.
A glicina da dieta é utilizada não só para a síntese, mas também para a formação
de DNA, RNA, creatina e ácido úrico. De acordo com Corzo et al. (2004) a glicina
pode se tornar um fator limitante, quando dietas de baixa proteína bruta para
aves são formuladas com níveis marginais de treonina e serina.
Aminoácidos não essenciais
Os aminoácidos não essenciais são aqueles que podem ser sintetizados
no organismo animal na velocidade e quantidade requeridas pelo organismo e
não precisam ser fornecidos diretamente na dieta, desde que haja quantidades
suficientes de nitrogênio para esta síntese. No entanto, estes aminoácidos são
metabolicamente essenciais, e quando não estão presentes na dieta em
quantidades adequadas, o organismo animal utiliza-se de outros aminoácidos
para sintetizá-los.
Vários são os fatores que influenciam as exigências nutricionais de amino
ácidos para aves, sendo alguns fatores inerentes ao animal (idade, sexo e
genética), outros relacionados ao ambiente de criação (temperatura ambiente,
desafio imunológico) e ainda fatores dietéticos (níveis de energia, proteína bruta
e lisina da dieta).

2.3 Exigência de Vitaminas para aves

Não existe um critério único para estabelecer as exigências nutricionais de


vitaminas em aves grupo de nutrientes apresenta diferentes funções
metabólicas. Assim, é necessário considerar o papel metabólico de cada uma
para decidir qual o critério mais apropriado. Neste particular, existe a
necessidade de considerar aspectos de desempenho diretamente relacionados
ao interesse industrial e indicadores bioquímicos. Muito se faz salientar que uma
alteração metabólica sempre se manifesta antes de um sintoma clínico evidente.
As vitaminas podem raramente ser consideradas como nutrientes
individuais isoladamente. Elas apresentam uma ampla gama de interações com
outros fatores, incluindo os nutricionais. Interações entre vitaminas podem gerar

14
várias situações. As vitaminas lipossolúveis competem por absorção, e o
excesso de uma pode induzir a deficiência de outras, ao reduzir a absorção. Por
exemplo, altos níveis de vitamina A podem causar deficiências de vitamina D, E
ou K. As vitaminas do complexo B atuam como reguladores no metabolismo e é
possível que as rotas metabólicas se sobreponham. Assim, a colina, a
cobalamina e o ácido fólico interagem diretamente no metabolismo de grupos
metila e a falta de um, como a colina, pode levar ao aumento da exigência das
outras vitaminas. Existe uma situação semelhante entre o ácido pantotênico e a
cobalamina. Interações adversas também ocorrem. Altos níveis de colina podem
destruir algumas vitaminas na dieta durante o armazenamento.
A gordura dietética pode interferir na exigência vitamínica. A exigência de
vitaminas envolvidas no metabolismo de carboidratos, tais como a biotina e a
tiamina, é aumentada quando dietas contendo baixos níveis de gordura são
oferecidas. A presença de gorduras nas dietas pode aumentar a absorção de
vitaminas lipossolúveis, mas, se a gordura contiver uma alta proporção de ácidos
graxos poli-insaturados, aumenta a exigência de vitamina E. Finalmente, existem
interações entre minerais e vitaminas. Dentre elas, a vitamina E e o selênio, a
riboflavina e o selênio, e a vitamina D, o cálcio e o fósforo.
Um aspecto que interfere na determinação da exigência nutricional é a
capacidade que uma vitamina possa contribuir para aumentar a resistência ou
enfrentar efeitos de uma infecção ou outra condição estressante. As vitaminas
A, D e E propiciam aumento nos títulos de anticorpos em aves expostas a desafio
infeccioso. As vitaminas A e K estão envolvidas em vias metabólicas que
interagem diretamente com consequências de infecção causadas por parasitas,
tais como em casos de coccidiose. Os efeitos adversos dos parasitas são mais
pronunciados com dietas deficientes nessas vitaminas, mas eles podem ser
reduzidos ao fornecer vitamina A em níveis superiores aos normalmente
estabelecidos para alcançar o máximo desempenho produtivo.

2.4 Exigência de Minerais para aves

Nos estudos de exigências e biodisponibilidade dos minerais para aves,


utilizam-se além do desempenho, tecidos-alvo onde existe maior sensibilidade
de resposta com a variação do conteúdo dietético. A exemplo disso podem ser

15
citados os tecidos como a tíbia ou o plasma nos estudos com Zn (WEDEKIND;
HORTIN; BAKER, 1992), o fígado para o Cu (RICHAR DS et al., 2010), o Se no
plasma e no fígado e o Mn na tíbia (UNDERWOOD; SUTTLE, 1999). Por outro
lado, técnicas mais modernas têm sido utilizadas como biomarcadores (PAYNE;
SOUTHERN, 2005; RICHARDS et al., 2010) que são sensíveis à dose-resposta
dos minerais, com efeitos sobre a proteína de expressão gênica.
Normalmente os microminerais são adicionados às dietas das aves nas
formas de óxido e sulfato, principalmente. Devido ao pH baixo na parte proximal
do trato digestório (lúmen gástrico), essas fontes são solubilizadas e
transformadas nas formas iônicas, com grande reatividade, interagindo com as
várias substâncias presentes no lúmen duodenal, formando às vezes compostos
estáveis ou antagonizando o processo de absorção dos mesmos, resultando em
baixa biodisponiblidade mineral para as aves. O antagonismo entre Zn e Cu está
bem documentado (O'DELL, 1992; LEESON; SUMMERS, 2001; ZHAO et al.,
2008), em que alto nível do primeiro pode resultar em deficiência do segundo, e
o principal fator é a competição por sítio de absorção na parede intestinal.
A taxa de absorção dos minerais na forma de sais é normalmente baixa,
levando a super suplementação para obter níveis adequados de absorção. Neste
sentido, uma grande parte do mineral é excretada no ambiente. Dois problemas
podem ser referenciados neste caso. O primeiro é que as reservas dos minerais
são finitas e podem se esgotar rapidamente, como é o caso das fontes de Se e
Zn, principalmente. O outro se refere à contaminação ambiental. Os lençóis
freáticos recebem grandes quantidades, principalmente dos microminerais,
tornando essas águas subterrâneas impróprias para o consumo humano e
animal.
Macrominerais
Os macrominerais participam da formulação das dietas das aves, devido à
alta inclusão das fontes, acompanhando os outros macronutrientes como
aminoácidos e proteínas.
A concentração destes elementos no organismo segue a sequência
Ca>P>K>Na>S>CI>Mg. Assim, existe também a preocupação com o
atendimento das necessidades dietéticas. No caso do Mg, os ingredientes
vegetais que integram as formulações de rações para aves atendem às suas

16
necessidades tanto em quantidade como em biodisponibilidade, não havendo
normalmente resposta da sua suplementação dietética. Esse fato também é
observado para o K e o S. No caso do Cl, em alguns casos em que existe a
necessidade de tornar as dietas mais aniônicas, existe a necessidade de sua
suplementação de outra forma que não como NaCl.
A homeostase orgânica do Ca em poedeiras comerciais é obtida através
do controle de absorção, reabsorção óssea e eliminação. Os hormônios citados
são muito efetivos em controlar a calcemia dessas aves, elevando ou reduzindo
em função das necessidades momentâneas. Como o Ca também participa da
coagulação sanguínea, níveis excessivos em frangos de corte podem causar
problemas circulatórios graves, já que essas aves possuem maior viscosidade
hemática do que as poedeiras.
A boa nutrição do Ca em poedeiras requer conhecimentos tanto das
necessidades metabólicas diárias como da fonte de aporte de Ca. Normalmente
não existe a necessidade de elevar os níveis de Ca das dietas de poedeiras
(independentemente da idade) para mais de 3,8%. No caso da piora da
qualidade de casca dos ovos com o avanço da idade ou em condições de baixo
consumo de ração (clima quente), deve-se observar primeiramente a
solubilidade in vitro do calcário, não devendo passar de 12%. A elevação dos
níveis de Ca resulta na redução da taxa de absorção do Ca. Por outro lado, a
adequação da granulometria do calcário de acordo com a solubilidade desejada
pode contribuir para aumento da taxa de absorção do Ca (FASSANI et al., 2004
b). As granulometrias indicadas podem ser 1/3 fino e 2/3 médio. Desta forma,
haverá a presença do calcário na moela durante a fase de maior demanda de
Ca, que ocorre no período noturno, quando, dependendo do programa de luz, a
ave não está ingerindo ração. A presença de calcário na moela durante a fase
de formação da casca do ovo é determinante da qualidade da casca (ZHANG;
COON, 1997).
A utilização da fitase, enzima altamente efetiva na liberação do P fítico,
parte do Ca e de vários microminerais bivalentes, dos ingredientes vegetais, tem
contribuído no contexto da nutrição mineral como um todo. A adição de 500
FTU/kg de ração para frangos de corte e de 300 FTU/kg de ração para poedeiras
comerciais permite economizar de 5 a 6 kg/t de fosfato bicálcico (23/18) nessas

17
dietas. Por outro lado, os níveis de Ca normalmente utilizados são altos e podem
afetar a ação dessa enzima.
A nutrição do fósforo é acompanhada desde o controle de absorção como
no metabolismo, associado ao Ca. De maneira geral, ocorre redução das
necessidades dietéticas do P ao longo do ciclo de produção tanto de frangos de
corte como de poedeiras comerciais. Maiores demandas ocorrem durante a
formação esquelética dessas aves. Em poedeiras, a nutrição do P requer
cuidados especiais, levando-se em conta a sua participação na formação do ovo,
bem como no controle da acidose sanguínea durante a formação da casca. Parte
do Ca usado na formação da casca é proveniente da reabsorção óssea
obrigatória. É obrigatória como fator de liberação de P para controlar a acidose
durante a fase de maior calcificação da casca. Assim, as necessidades dietéticas
de P pelas poedeiras são reduzidas para evitar que o seu excesso comprometa
esse controle e, por conseguinte, a qualidade da casca dos ovos.
Devido à alta velocidade de crescimento dessas aves, a formação óssea
tem sido comprometida e, neste contexto, o P tem maior participação. Além
desse fato, existe também a preocupação com a excreção no ambiente.
Quanto ao Na, K e Cl, as necessidades nutricionais têm sido estabelecidas
em função do desempenho das aves. Os níveis de sódio têm variado de 0,15%
até 0,25%, os níveis de Na para poedeiras devem estar em torno de 0,18%. No
caso de K, Mg e S, as necessidades dietéticas são aportadas pelos ingredientes
vegetais normalmente utilizados nas rações, que fornecem as quantidades
necessárias.

▪ Microminerais
A definição das exigências dietéticas dos microminerais é complexa.
Considerando apenas o desempenho, as pesquisas indicam que os níveis de
suplementação podem ser até menores do que os indicados pelo NRC (1994) e
Tabelas Brasileiras (ROSTAGNO et al., 2017). Por outro lado, fatores orgânicos,
como formação esquelética e melhoria da qualidade do produto, são essenciais
para a melhoria da eficiência de todo o processo. No caso de frangos de corte,
a boa formação esquelética também significa melhoria do processo, já que a

18
automação nos processamentos de apanha, abate e da carcaça são fatores
determinantes na eficiência da produção de carne de frangos de corte. Grande
parte dos descartes de carcaças nos abatedouros refere-se a perdas por má
formação óssea da ave. No caso das poedeiras comerciais, a boa formação da
franga de reposição em termos de qualidade óssea significa maiores índices
produtivos, com maior uniformidade e viabilidade dos plantéis. Assim, a definição
das necessidades práticas dos microminerais depende de ajustes finos quanto
a níveis, fontes e objetivos produtivos.
Devido à complexidade da nutrição micromineral em aves, isso requer
novos estudos, revendo funções, interações e disponibilidade das suas fontes
em condições práticas. Normalmente são considerados dieticamente essenciais
os microelementos Cu, Zn, Fe, Mn, I e Se, sendo suplementados nas dietas na
forma de premix. No caso específico do Se, se for de fonte inorgânica (e.g.,
selenito de sódio), não deve ser incorporado ao premix mineral devido a
interações que alteram a configuração eletrônica do próprio Se e de outros
microminerais, afetando as biodisponibilidades. Assim, recomenda-se adicioná-
lo junto ao premix vitamínico, evitando as reações e complexações resultantes
da sua ação.
Em pesquisa sobre níveis e biodisponibilidade de Mn para frangos de corte
de 1 a 21 dias, Nobre (1993) encontrou maior concentração do micromineral na
tíbia usando 60 ppm quando se utilizaram gaiolas de metabolismo e de 40 ppm
quando as aves foram alojadas no sistema de cama, sugerindo reciclagem do
mineral da cama.
Deve-se buscar primariamente o desempenho, aliado a uma qualidade
óssea aceitável que não prejudique o processo. No caso de matrizes, tanto leves
como pesadas, os níveis nutricionais dos minerais devem ser diferentes dos de
frangos de corte e poedeiras comerciais. O incremento da deposição mineral na
gema é muito importante para garantir boa nutrição do pinto, principalmente na
primeira semana de vida. Em pesquisa de Virden et al. (2003), foi verificado
aumento da viabilidade da progênie ao incrementar a deposição de Zn e Mn na
gema pela matriz, pelo aumento da suplementação dietética. Para os outros
elementos, também é possível esse incremento. No caso do Se, pesquisas

19
(PAYNE; LAVERGNE; SOUTHERN, 2005; BENNET; CHENG, 2010) indicam
aumentos de até 10 vezes com o incremento do Se -levedura na dieta da matriz.

3. EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE SUÍNOS

Na produção animal, a otimização da conversão de alimento ingerido em


componentes corporais, especialmente carne magra, requer o conhecimento das
relações de resposta entre a ingestão de nutrientes e o seu desempenho (Bikker,
1994). Os requisitos nutricionais podem ser definidos como a quantidade de
nutrientes necessários para atingir objetivos específicos de produção como,
maximizar o ganho de peso, ganho de tecido magro ou melhorar a conversão
alimentar. Dentre os diferentes nutrientes existentes nos alimentos, a proteína
tem grande participação nas exigências nutricionais dos animais, pois é
principalmente incorporada como massa estrutural, enquanto os carboidratos e
gorduras provenientes da dieta servem primeiramente como fonte energética.
No entanto, a proteína contida no alimento não pode ser totalmente aproveitada,
uma vez que parte dos aminoácidos contidos na molécula protéica é perdida
durante o processo de digestão, absorção e metabolismo, contribuindo para o
suprimento das exigências nutricionais do animal (Brown, 2006).

3.1 Exigência de energia

Exigências de mantença

As exigências de energia para mantença podem ser definidas como o


somatório das necessidades dos animais para suas funções normais, em
atividade moderada, mais a produção de calor para manutenção da temperatura
corporal. Muitos fatores interferem nas exigências de mantença, como a idade,
o sexo, o estágio de produção, além das condições ambientais.
Os suínos, como animais homeotérmicos, são capazes de manter a
temperatura corporal constante. No entanto, para que ocorra o equilíbrio, ou
homeostase, é necessário que a temperatura ambiente esteja dentro de certos
limites, a chamada zona de conforto térmico. De qualquer forma, o estresse
térmico aumentará as exigências de mantença, visto que no calor mais energia

20
será de mandada para a eliminação de calor e no frio maior produção de calor
corporal será necessária.
A quantidade de energia requerida para mantença não é a mesma para
todas as etapas da vida do animal. Um suíno mantido em regime de criação ao
ar livre, com maior espaço para locomoção e exercícios, terá maiores
necessidades de mantença do que um animal em regime de confinamento.
Dependendo do sistema de criação adotado na suinocultura, os animais
podem ter maior ou menor habilidade em ajustar seu comportamento para se
adaptarem às variações térmicas acima ou abaixo da zona de conforto. Desta
forma, Vestergen, Brandsma e Mateman (1982) estimaram que, durante o
período de crescimento de 25 a 60 kg de peso vivo (PV), os suínos em
confinamento necessitam de 80 kcal de energia metabolizável (EM) para cada 1
°C abaixo da temperatura de conforto; já para animais em terminação de 60 a
100 kg de PV, as exigências de energia passam para 125 Kcal de EM por dia
para cada 1 °C abaixo da temperatura de conforto.

Exigências de energia para crescimento

As exigências de energia para crescimento variam em função do estágio


de desenvolvimento do animal e da proporcionalidade entre o tecido muscular,
os ossos e a gordura, entre outros. A energia líquida representa a melhor forma
de estimar o verdadeiro valor energético de um alimento, uma vez que o valor
de energia da proteína e de alimentos fibrosos é superestimado quando
expresso na forma de ED ou EM; por outro lado, fontes de gordura ou amido são
subestimadas em um sistema ED.
Durante a gestação, a matriz suína prioriza o desenvolvimento dos
conceptos em detrimento do seu próprio desenvolvimento, caso haja qualquer
restrição alimentar nessa fase. Assim, a exigência de energia da fêmea gestante
depende não só do seu estágio de crescimento, da idade e da condição corporal
como também do ganho esperado no período e dos fatores ambientais. É comum
limitar o consumo de energia de fêmeas gestante, objetivando o ganho de peso
e a deposição de gorduras.
Sabe-se que diversos fatores interferem nas exigências energéticas
durante a gestação, como: condições de temperatura e umidade relativa do ar,

21
nível de atividade física e condição de estresse das instalações em função do
sistema adotado, além do comportamento funcional das linhagens utilizadas. Já
na fase de lactação as exigências de energia são definidas como sendo o
somatório da mantença mais a produção de leite.
Vários fatores podem interferir nas exigências de energia para suínos e
podem ser divididos nos que afetam principalmente o ganho tecidual (categoria
sexual e genética), seja de músculo ou gordura, e nos que afetam
prioritariamente a manutenção metabólica (ambiência e status sanitário).

3.2 Exigência de Proteína/aminoácidos

Os aminoácidos são importantes reguladores das principais vias


metabólicas, que são necessárias para manutenção, crescimento, reprodução e
imunidade em organismos, maximizando a eficiência de utilização de alimentos,
aumentando a deposição de proteínas, reduzindo a deposição de gordura e
melhorando a saúde do animal (Suenaga et al., 2008; Wu et al., 2007).
A função dos aminoácidos dietéticos é sintetizar proteínas teciduais em
animais e para isso, múltiplos processos bioquímicos e fisiológicos complexos
são necessários para transformar proteínas dietéticas em proteínas teciduais.
Os aminoácidos têm participação importante na nutrição dos animais do plantel
de reprodução. No entanto, há necessidade de defini-las, uma vez que ajustar o
perfil aminoacídico das dietas às reais necessidades dos animais do plantel de
reprodução é condição necessária ao melhor desempenho reprodutivo no
sistema de produção de suínos.
Na fase de crescimento/ desenvolvimento, o objetivo é a maximização do
ganho de tecido magro, adotando-se níveis mais altos de aminoácidos na ração.
Na fase seguinte, de estímulo à puberdade, devem-se garantir ganhos de tecido
magro e de reserva de gordura adequados.
Na gestação, as exigências de proteína e aminoácidos aumentam
progressivamente devido a retenção de nitrogênio nos fetos, estruturas
relacionadas (placenta, líquido corioalantóide e útero), desenvolvimento da
glândula mamária e deposição de proteína maternal (corpo).
Kim, Wu e Baker (2005) sugerem diferentes padrões de proteína ideal para
porcas em lactação de acordo com o grau de mobilização do tecido muscular.

22
Assim, para porcas que apresentam baixo consumo voluntário de alimento e
substancial mobilização de tecidos durante a lactação, a treonina é um
aminoácido crítico, enquanto a valina torna-se mais importante para porcas
tendo um alto consumo de alimento e pouca mobilização de tecidos durante a
lactação. A lisina, entretanto, continua a ser o principal aminoácido limitante em
ambos os casos.
Para varrões em crescimento (até o início da vida reprodutiva), em virtude
da maior deposição de tecido magro no corpo, as exigências proteicas são 15 a
20% superiores às de leitoas de reposição (WHIT NEY; MASKER, 2010). As
exigências aminoacídicas dos varrões sexualmente ativos são divididas em dois
componentes: mantença e atividade reprodutiva.
A lisina é o primeiro aminoácido limitante em rações para suínos em
crescimento. As exigências de lisina para suínos em crescimento representam
o somatório das necessidades de mantença e de retenção proteica. Os principais
determinantes das exigências de aminoácidos para mantença são as perdas
endógenas intestinais, as quais são influenciadas por consumo alimentar, perdas
da descamação epitelial e cerdas, que estão em função do peso metabólico
(PC0,75) e do catabolismo mínimo de aminoácidos (turnover proteico, síntese de
compostos nitrogenados essenciais).
Ainda assim, a exigências dos suínos dependem de varios outros fatores
como a idade (peso) do animal, genótipo, sexo, temperatura ambiental e o
desafio imunológico.

3.3 Exigência de vitaminas e minerais

As vitaminas e os microminerais são extremamente importantes para o


máximo desempenho dos animais, além de facilitar e simplificar o cálculo das
rações. Deve-se ressaltar que os níveis suplementados de vitaminas e
microminerais em UI ou mg/kg de dieta tiveram poucas alterações nas últimas
décadas. Levando em consideração a melhora constante da conversão
alimentar dos animais, o consumo destes nutrientes por kg de ganho de peso
estaria sendo reduzido com o tempo. Isto chama a atenção da necessidade de
adequar os níveis para que as aves e os suínos expressem o máximo potencial
genético.

23
As vitaminas lipossolúveis são: Vitamina A, tem função de epitelização,
síntese de esteróides, em deficiência causa alta suscetibilidade às doenças,
problemas de pele, retardo no crescimento, cegueira. Já a vitamina D, tem
função de absorção e fixação do cálcio, em deficiência causa raquitismo e
osteomalacia. A vitamina E, tem função antioxidante, em deficiência causa
distrofia muscular e encefalomalacia. A vitamina K, tem função anticoagulante,
em deficiência causa hemorragia e anemia.
As vitaminas hidrossolúveis são: A Riboflavina tem função no transporte de
H2 na cadeia respiratória, em deficiência causa retardo no crescimento e
fraqueza e paralisia nas pernas. A Niacina tem função no grupo ativo de enzimas
da cadeia respiratória, em deficiência causa baixo crescimento, dermatite e
fraqueza nas pernas. Os Ácidos pantotênicos têm função na interconversão
entre ácidos graxos, carboidratos e aminoácidos em deficiência causa distúrbios
de pele e do sistema nervoso e perda de peso. A Colina tem função na
transmetilação e componente de fosfolípidos, em deficiência causa baixo
crescimento e fígado gorduroso. A Biotina tem função de Coenzima na síntese
de ácidos graxas, aminoácidos e purinas, em deficiência causa lesões de pele e
retardo no crescimento. A Vitamina B12 funciona como Co-fator na síntese de
ácidos nucleicos e em caso de deficiência causa baixo crescimento. O Ácido
Fólico tem função na Biossíntese de ácidos nucleicos e em caso de deficiência
causa baixo crescimento, dermatite e fraqueza nas pernas.
Os suínos exigem elementos inorgânicos que são necessários aos
processos normais da vida, incluindo mantença, crescimento, reprodução e
lactação, sendo considerados nutrientes essenciais para esta espécie e então
adicionados nas rações com o intuito de atender às exigências nutricionais para
se obter um ótimo desempenho dos genótipos modernos.
Os minerais essenciais são aqueles que possuem papéis bioquímicos bem
definidos e devem estar presentes na dieta de vertebrados para uma ótima
produtividade e saúde. Os minerais exercem muitas funções vitais, como a
ativação de muitas proteínas, incluindo enzimas, manutenção do pH e do
balanço iônico. Proporcionam rigidez estrutural de ossos e dentes e servem
também como sinalizadores na regulação da homeostase metabólica.

24
Concentrações inadequadas de minerais na dieta comprometem o crescimento,
a reprodução e a saúde dos animais (NRC, 2005).
Os macrominerais são aqueles elementos cujas exigências são
relativamente maiores, sendo expressas em percentagem ou gramas por dia, e
os principais, que podem ser considerados em formulações de rações para
suínos, são o cálcio, o fósforo, o magnésio, o sódio, o cloro, o potássio e o
enxofre. Suas exigências são expressas como % da ração ou quantidade/
animal/dia.
A absorção de cálcio no intestino delgado depende do consumo de cálcio.
Quando o consumo é baixo, o transporte ativo no duodeno é regulado
positivamente, e uma grande proporção de cálcio é absorvida. Ao contrário,
quando o consumo de cálcio é adequado ou alto, o processo passivo prevalece
no jejuno e no íleo. O consumo de vitamina D é de extrema importância para a
absorção de cálcio por transporte ativo, pois a síntese da proteína transportadora
é totalmente dependente dessa vitamina. Provavelmente, não mais que 10% da
absorção total de cálcio ocorre no intestino grosso (BRONNE; PANSU, 1999).
A exigência de cálcio depende do estado fisiológico do suíno, da
disponibilidade biológica da fonte utilizada, da interação com outros minerais e
da quantidade de vitamina D. Fêmeas nos últimos estágios de gestação e em
lactação apresentam maiores exigências de cálcio nas rações. Rações à base
de grãos, sem suplementação, podem levar à manifestação de raquitismo em
suínos jovens ou fraqueza nas pernas de porcas (SUTTLE, 2010).
Nas Tabelas Brasileiras às exigências de cálcio foram calculadas a partir
das médias dos níveis de fósforo disponível e de fósforo digestível multiplicadas
pelas respectivas relações Ca:P de 2,03:1 e de 2,08:1. Para fêmeas em
reprodução, a quantidade de cálcio nas rações apresenta importante papel sobre
a produtividade e o bem-estar, e problemas de traumatismos podem ser
verificados em fêmeas recebendo rações com baixos níveis de
cálcio.(ROSTAGNO et al., 2017). Recomendam ainda que altos níveis de cálcio
e fósforo nas rações de suínos devem ser evitados, porque, além de influenciar
o desempenho dos animais, aumentam a contaminação no ambiente. O
conteúdo de fósforo não fítico (fósforo total menos fósforo fítico) dos produtos de

25
origem vegetal é considerado como fósforo disponível, ou seja, com 100% de
disponibilidade.
O sódio e o cloro são considerados conjuntamente por apresentarem uma
relação no metabolismo, das funções e exigências nutricionais dos animais,
assim como suas inter-relações (SUTTLE, 2010). Altos níveis de sódio na dieta
de suínos podem causar um aumento no consumo de água, promover um
acúmulo deste nos dejetos e, consequentemente, aumentar a salinidade do solo
em função do uso de dejetos como forma de adubação (MATEOS et al., 2005a).
As recomendações de Rostagno et al. (2017) para leitões dos 3,5 aos 15 kg de
peso vivo variam de 0,28 a 0,22% de sódio. Para suínos, machos castrados e
fêmeas, dos 15 aos 100 kg de peso vivo, independentemente do desempenho
dos animais, os níveis de sódio recomendados variam de 0,20 a 0,16%.
O potássio está envolvido no transporte de gases no sangue, sendo
responsável por aproximadamente metade da capacidade carreadora do dióxido
de carbono. Participa na transdução de impulsos nervosos e exerce um papel
crítico na função cardícaca, especialmente na regulação da taxa cardíaca. No
músculo esquelético, auxilia nos processos contracteis prevenindo a tetania. As
recomendações de Rostagno et al. (2017) para potássio são percentualmente
maiores para suínos jovens em relação aos adultos, variando de 0,473 a 0,372%
para leitões e suínos machos castrados dos 100 aos 120 kg de peso vivo,
respectivamente.
O magnésio apresenta uma grande importância no metabolismo, mas sua
exigência é baixa. As recomendações do NRC (2005) são de 0,04% para todas
as categorias e fases da produção de suínos, o que, associado ao consumo
diário de ração, corresponde a uma exigência diária de 0,10 a 1,23g/dia para
suínos dos 3 aos 5 e dos 80 aos 120 kg, respectivamente, e para fêmeas em
gestação e lactação a recomendação é de 0,70 e 2,10 g/dia.
Microminerais
Os minerais exigidos em pequenas quantidades, e/ ou encontrados em
baixas concentrações nos tecidos corporais, podem ser chamados de
microminerais, dentre outras classificações existentes, e as exigências podem
ser expressas em mg/dia ou mg/kg de dieta.

26
De acordo com Mateos et al. (2005a), a necessidade de suplementação de
ferro extra nas rações de suínos é baixa. Por outro lado, os leitões recém-
nascidos, mantidos em confinamento, necessitam de suplementação extra de
ferro, haja vista a dificuldade que o ferro apresenta para transpor as barreiras da
placenta e da glândula mamária. Como consequência, os leitões recém-nascidos
e o leite da porca apresentam baixos níveis deste mineral.
As Tabelas Brasileiras (ROSTAGNO et al., 2017) recomendam níveis de
102; 83,5; 67,9; 56,2; 46,7 e 39,2 mg Fe/kg de ração, respectivamente para as
fases pré-inicial, inicial, crescimento 1 e II e terminação I e II, para animais em
reprodução, a recomendação é de 88,3 mg Fe/kg de ração.
O selênio apresenta uma série de funções importantes no metabolismo
animal, participando da enzima glutationa-peroxidase, uma selenoproteína cuja
função é proteger a célula em processos oxidativos (SUTTLE, 2010). O selênio
e a vitamina E funcionam como protetores biológicos da degeneração oxidativa
das membranas, em que a falta desses nutrientes resulta na destruição dos
tecidos e degeneração. As Tabelas Brasileiras (ROSTAGNO et al., 2017)
recomendam níveis de 0,45, 0,37, 0,30, 0,25, 0,21 e 0,17 mg Se/kg de ração,
respectivamente para as fases pré -inicial , inicial, crescimento 1 e II e terminação
I e II e reprodução, a recomendação é de 0,39 mg Se/kg de ração.
A deficiência de zinco em suínos é caracterizada principalmente por
redução do apetite e desempenho, assim como problemas de pele, podendo-se
observar hiperqueratinização, conhecida como paraqueratose, em que se
identificam escaras, fissuras e exsudatos e de acordo com Rostagno et al.,
(2017), os níveis dietéticos variam de 53,2 a 138,5 mg de zinco/kg de ração para
suínos dos 100 aos 120 e dos 9 aos 15 kg de peso vivo, respectivamente,
recomendando ainda uma suplementação de 119,7 mg de zinco/kg para suínos
em reprodução.
O cobre é essencial para o crescimento e o desenvolvimento ósseo e é
exigido por muitas enzimas envolvidas no transporte e no metabolismo do ferro,
na formação do colágeno, na produção de melanina, na função imune e na
integridade do sistema nervoso central (MATEOS et al., 2005a). A deficiência de
cobre pode resultar em desordens cardiovasculares (falha cardíaca ou ruptura
da aorta), despigmentação e prejuízos na queratinização de pelos, anemia,

27
redução no crescimento, ataxia neonatal, anormalidades ósseas e prejuízos
causados à resposta imune (NRC, 2005). Níveis dietéticos de cobre propostos
por Rostagno et al. (2017), variam de 5,8 a 15,30 mg de cobre/kg de ração para
suínos dos 100 aos 120 e dos 9 aos 15 kg de peso vivo, respectivamente,
recomendando ainda uma suplementação de 13,2 mg de cobre/kg para suínos
em reprodução.
O manganês é necessário para atividade enzimática, crescimento ósseo,
metabolismo de lipídeos e carboidratos e funções reprodutivas (MATEOS et al.,
2005a). Rostagno et al. (2017), recomenda 51 mg/kg de ração para leitões dos
9 aos 15 kg de peso vivo, dos 100 aos 120 kg propõe 19,6 mg/kg e sugerem
nível de suplementação de 44,1 mg/ kg de ração para suínos em reprodução.
A maior parte do iodo nos suínos está presente na glândula tireóide (NRC,
1988), e sua deficiência causa aumento desta glândula. As recomendações de
iodo, apresentadas por Rostagno et al. (2017), são de 1,26; 1,03; 0,83; 0,69;
0,57; 0,48 e 1,08 mg/kg de ração, respectivamente para leitões nas fases pré-
inicial, inicial, crescimento I e II, terminação I e II, e animais em reprodução.

4. PROTEÍNA IDEAL

É definida por Santos (2016) como “o balanço exato de aminoácidos


essenciais e o suprimento de aminoácidos não essenciais, capaz de atender sem
excessos nem deficiências as necessidades absolutas de todos os aminoácidos
necessários para a manutenção animal e máxima deposição protéica,
expressando-os como porcentagem da lisina”. Segundo Manzke (2016), o uso
de proteínas com alta digestibilidade e a formulação de dietas de acordo com o
conceito de proteína ideal pode diminuir a quantidade de proteína bruta total da
ração, diminuindo a excreção de nitrogênio, tanto em aves quanto em suínos.
De acordo com Sá et al. (2012), o uso do conceito de proteína ideal se tornou
praticável pois os principais aminoácidos limitantes, a citar, lisina, metionina,
treonina, triptofano e valina, estão disponíveis no mercado e os custos destes
aminoácidos estão cada vez mais acessíveis em comparação aos aminoácidos
presentes nos alimentos.

28
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A nutrição animal no segmento avícola e suinícola vem passando por inúmeros


estudos nos últimos anos, buscando atender da melhor maneira todas as
exigências dos animais, levando em consideração aos grandes avanços no
potencial genético de cada espécie e categoria animal. É visto que, na atualidade
um dos principais desafios da avicultura e suinocultura mundial é a redução dos
custos de produção juntamente com a melhora no rendimento industrial. Neste
contexto, o conceito de proteína ideal se torna mecanismos úteis para este
propósito, além da busca por novas tecnologias que avançam dia a dia.

29
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AL-MAYAH, A.A.S. Immune response of broiler chicks to dl-methionine


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