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EXTENSAO DE NIASSA

DEPARTAMENTO DE CIENCIAS ALIMENTARES E AGRARIAS


Curso de Agro-pecuária

INTRODUÇÃO A PARASITOLOGIA E DOENÇAS INFECCIOSAS

Sónia Nido
Parasitologia - é a especialidade da biologia que estuda os
parasitas, os seus hospedeiros e relações entre eles. Engloba os
filos Protozoa (protozoários), do reino Protista e Nematoda
(nematódes), annelida (anelídeos), Platyhelminthes (platelmintos)
e Arthropoda (artrópodes), do reino Animal
A parasitologia- é a ciência que estuda os parasitas, seus
hospedeiros e a relação entre esses organismos.

A PARASITOLOGIA têm como objetivo identificar:


 Os processos de desenvolvimento de epidemias parasitárias,
 Criar métodos de profilaxia de doenças causadas pelos
parasitas (tanto em seres humanos quanto em animais) e
 Desenvolver tratamentos
Termos Técnicos em Parasitologia

AGENTE ETIOLÓGICO: é o agente causador ou responsável pela origem


da doença. Pode ser um vírus, bactéria, fungo, protozoário, helminto etc.

AGENTE INFECCIOSO- Parasita, sobretudo, microparasitos (bactérias,


fungos, protozoários, vírus, etc.) inclusive helminto, capazes de produzir
infecção ou doença infecciosa.

ANTROPOZOONOSE- Doença primária de animais, que pode ser


transmitida ao homem. Ex: brucelose, em que o homem é um hospedeiro
acidental.

ANTROPONOSE- Doença exclusivamente humana. Ex: filariose


bancroftiana, necatoriose, gripe, etc.
Parasitoses intestinais - são infecções causadas por “vermes”
(protozoários e helmintos) que atingem o intestino delgado ou grosso. Esta
doença é considerada um problema de saúde pública porque está
diretamente relacionada com a falta de saneamento básico e maus hábitos
de higiene.

Parasita - é um ser vivo que se associa a outro, que é chamado


de hospedeiro. O parasita se utiliza do hospedeiro para se
alimentar, causando-lhe doenças.

Parasitismo é a associação entre vegetais ou animais, com


carácter obrigatório ou não, de natureza trófica ou ecológica.
Tratam-se de organismos que vivem em associação com outros,
dos quais retiram os meios para a sua sobrevivência,
normalmente prejudicando o organismo hospedeiro.
Nessa relação, que se estabelece entre organismos de espécies
diferentes (relação interespecífica), um dos indivíduos
envolvidos instala-se no corpo do outro para retirar alimento. O
organismo que retira o alimento é o parasita, enquanto o que está
sendo parasitado é o hospedeiro.

Algumas espécies são chamadas de cosmopolitas. Elas possuem largas


áreas de ocupação, com ampla distribuição, presentes em quase todas as
partes do mundo. Alguns exemplos são as algas, protozoários e fungos.
Outras são chamadas de endêmicas por viverem exclusivamente em uma
determinada região geográfica
HOSPEDEIRO DEFINITIVO: é o que apresenta o parasita.

PARASITA ACIDENTAL: é o que parasita outro hospedeiro que


não é o seu normal. Ex: Dipylidium caninum, parasitando
criança.

PARASITA ERRÁTICO: é o que vive fora do seu habitat normal.

PARASITA ESTENOXÊNICO: é o que parasita espécies de


vertebrados muito próximas. Ex: algumas espécies de
Plasmodium só parasitam primatas, outras, só aves, etc.
PARASITA EURIXÊNICO: é o que parasita espécies de
vertebrados muito diferentes. Ex: o Toxoplasma gondii, que pode
parasitar todos os mamíferos e até aves.

PARASITA FACULTATIVO: é o que pode viver parasitando, ou


não, um hospedeiro. Ex: larvas de moscas Sarcophagidae, que
podem desenvolver-se em feridas necrosadas ou em matéria
orgânica (esterco) em decomposição.
PARASITA HETEROGENÉTICO: é o que apresenta alternância de
gerações. Ex: Plasmodium - ciclo assexuado no mamífero e sexuado no
mosquito.

PARASITA MONOXÊNICO: é o que possui apenas o hospedeiro definitivo.


Ex: Enterobius vermicularis, Ascaris lumbricoides.
PARASITA MONOGENÉTICO é o que não apresenta alternância de
gerações (isto é, possui um só tipo de reprodução - sexuada ou
assexuada). Ex: Ascaris. lumbricoides, Ancylostomatidae.

PARASITA OBRIGATÓRIO: é aquele incapaz de viver fora do hospedeiro.


Ex: Toxoplasma gondii, Plasmodium, Schistosoma. mansoni, etc.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO: é o período decorrente entre o tempo de


infecção e o aparecimento dos primeiros sintomas clínicos. Ex:
Schistosoma mansoni - penetração de cercária até o aparecimento da
dermatite cercariana levam 24 horas.
INFECÇÃO  Penetração e desenvolvimento do agente
infeccioso no corpo do homem.(Endoparasitos)

INFESTAÇÃO  Alojamento e desenvolvimento de artrópodes na


superfície do corpo do homem. (Ectoparasitos)

PERÍODO PRÉ-PATENTE: é o período que decorre entre a


infecção e o aparecimento das primeiras formas detectáveis do
agente infeccioso. Ex: Schistosoma mansoni - período entre a
penetração da cercária até o aparecimento de ovos nas fezes
(formas detectáveis) aproximadamente 40 dias.
PARTENOGÊNESE  Desenvolvimento de um ovo sem
interferência de espermatozóide.

PATOGENICIDADE  É a habilidade do agente infeccioso


provocar lesões.

PATOGENIA  Mecanismo de ação do agente


patogênico.

PROFILAXIA  É o conjunto de medidas que visam a


prevenção, controle ou erradicação das doenças
parasitárias.
DESIGNAÇÃO CIENTÍFICA DOS AGENTES DAS PARASITOSES

Regulada por regras de nomenclatura denominadas Regras


Internacionais de Nomenclatura Zoológica, em que
basicamente é recomendado que a espécie seja designada por
duas palavras: a primeira representa o género (deve ser escrita
com letra maiúscula), a segunda representa a espécie (deve
ser escrita com a letra minúscula),

Kassai et al., (1988) sugeriu o uso do sufixo "ose" ao nome do


gênero do agente etiológico, para designar doença ou infecção.
Ex. TREMATODIOSE, NEMATODIOSE etc.
Classificação dos parasitos

1.Quanto ao número de hospedeiros:


• Monoxenos/monogenéticos e heteroxenos/digenéticos

2.Quanto à localização nos hospedeiros:


• Ectoparasitas ou endoparasitas

3.Quanto ao número de células:


• Unicelulares ou pluricelulares
1.Quanto ao número de hospedeiros:

Monoxenos ou monogenéticos: são os parasitas que realizam


o seu ciclo evolutivo em um único hospedeiro.
Exemplos: o Ascaris lumbricoides (lombriga) e o Enterobius
vermicularis (oxiúrio).

Heteroxenos ou digenéticos: são os parasitas que só


completam o seu ciclo evolutivo passando pelo menos em dois
hospedeiros. Exemplos: Schistossoma sp (esquistossomo) e o
Trypanosoma cruzi (tripanossoma).
Monoxenos ou monogenéticos

Ascaris lumbricoides
Heteroxenos ou digenéticos:

Schistossoma sp (esquistossomo)

Caramujo

Homem
2.Quanto à localização nos hospedeiros:
Ectoparasitas: são os que se localizam nas partes externas dos
hospedeiros. Exemplos: a sanguessuga, o piolho, a pulga, etc.

Piolho Pulga

Esquistossomose

Endoparasitas: são os que se localizam


nas partes internas dos hospedeiros.
Exemplos: as tênias (solitárias),
3.Quanto ao número de células:

Unicelulares: possuem uma única célula que apresenta o núcleo


organizado, ou seja, está separado do citoplasma pela membrana
nuclear. São, portanto, organismos eucariontes. Exemplos:
protozoários

Pluricelulares: são organismos formados por conjuntos


de células semelhantes e interdependentes, Que desempenham
uma ou mais funções. São, portanto, organismos eucariontes.
Unicelulares

Pluricelulares
AÇÃO DOS PARASITOS SOBRE O HOSPEDEIRO

AÇÃO ESPOLIADORA  Quando o parasito absorve nutrientes ou mesmo sangue do


hospedeiro.

AÇÃO TÓXICA  Algumas espécies produzem enzimas ou metabólicos que podem


lesar o hospedeiro.

AÇÃO MECÂNICA  Algumas espécies podem impedir o fluxo de alimento, bile ou


absorção alimentar.

AÇÃO TRAUMÁTICA  É provocada principalmente, por formas larvárias de helmintos,


embora vermes adultos e protozoários também sejam capazes de faze-lo.

AÇÃO IRRITATIVA  Deve-se a presença constante do parasito


que, sem produzir lesões traumáticas, irrita o local parasitado.

ANOXIA: Qualquer parasito que consuma o oxigênio da hemoglobina, ou produza


anemia, é capaz de provocar uma anóxia.
Existem vários tipos de parasitismo:
1) Acidental, de natureza fortuita e de curta duração, como ácaros de
farinhas ou larvas de muscídeos nos alimentos;
2) Facultativo, ou não obrigatório, como as larvas de insectos nas feridas
provocando miíases secundárias;
3) Obrigatório, em que é a necessária a associação parasita-hospedeiro
para sobrevivência do primeiro, podendo ser temporário ou intermitente
(piolhos, pulgas, mosquitos), estacional ou sazonal, coincidindo com uma
ou mais estações do ano, periódico, se ocorre em certa fase do ciclo
biológico (protoleano - forma larvar; imaginal - forma adulta), e contínuo,
se for durante toda a vida do parasita (hemoprotozoários);
4) Parasitismo errático, quando existe localização anormal (ex: Fasciola
hepatica no pulmão);
5) Pseudoparasitismo, trata-se de elementos tomados como parasitas
sem o serem, como grãos de pólen nas fezes de aves e mamíferos
Existem ainda três conceitos muito importantes em parasitologia:
premunição, resistência e resiliência.
A premunição é um tipo de imunidade resultante da presença do
parasita, num nível baixo de infecção, verificando-se a
capacidade de protecção contra reinfecções. É o caso dos
animais criados em zonas endémicas, que são muito mais
resistentes à infecção (Bowman, 2003).

No caso da resistência, a resposta imunológica limita o


estabelecimento do parasita.

No caso da resiliência, ou tolerância, os animais são capazes de


“conviver” com os parasitas com uma redução mínima da
produtividade.
PARASITAS E PARASITOSES DOS RUMINANTES
Principais parasitas de bovinos (Sistema Digestivo)
1.Gongylonema pulchrum

Sinônimo. G. scutatum.
Nome comum. Verme do esôfago.
Locais de predileção. Esôfago, rúmen.
Filo. Nematoda.
Classe. Secernentea. Superfamília. Spiruroidea.
Descrição macroscópica. Um verme longo, delgado, esbranquiçado, os machos têm,
aproximadamente, 5 cm e as fêmeas até, aproximadamente, 14 cm de comprimento.
Descrição microscópica. Os vermes são facilmente distinguidos microscopicamente
pela presença de fileiras longitudinais de projeções cuticulares na região anterior do
corpo. As asas cervicais são assimétricas e proeminentes. Os ovos têm casca grossa e
possuem dois opérculos. Eles medem 50-70 × 25-37 μm.
Hospedeiros intermediários. Besouros coprófagos,
baratas.
Distribuição geográfica. Provavelmente cosmopolita

Sintomas
Gongylonema causa pouco dano ao gado, cavalos ou animais de
estimação, exepto uma leve inflamação do revestimento do
esôfago ou rúmen.
É muito raro que as infecções por Gongylonema produzam
sintomas clínicos.

Diagnóstico
O diagnóstico geralmente é casual após a necropsia.
Prevenção e controle de infecções por Gongylonema

Manter o gado estabulado em pisos secos ou de concreto pode ser


eficaz na prevenção desses vermes.

Produtos químicos anti-helmínticos não são aplicados


rotineiramente para controlar essas infecções.

Por enquanto não existem vacinas que protejam bovinos, cavalos


ou animais de estimação tornando-os imunes a esses helmintos.

Por enquanto não existem métodos de controle biológico desses


helmintos através de seus inimigos naturais.
FIM

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