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INTRODUÇÃO A

PARASITOLOGIA HUMANA

Curo de Enfermagem Geral – E17


Data: 19/04/2023
Docente: Jaloi Ebristo
Parasitologia e conceitos gerais

 Parasitologia é uma ciência que se baseia no estudo dos


parasitas e suas relaçoes com o hospedeiro, englobando
os filos Protozoa (protozoários), do reino Protista e
Nematoda e Platyhelminthes (platelmintos) e Arthropoda
(artrópodes), do reino Animal.

 Alguns dos conceitos básicos utilizados na Parasitologia


são eles:
Parasitologia e conceitos gerais
 Agente etiológico = é o agente causador ou o responsável pela
origem da doença. pode ser um vírus, bactéria, fungo,
protozoário ou um helminto.

 Endemia - quando o número esperado de casos de uma doença


é o efetivamente observado em uma população em um
determinado espaço de tempo.

 Doença endêmica - aquela cuja incidência permanece


constante por vários anos, dando uma idéia de equilíbrio entre a
população e a doença.

 Epidemia - é a ocorrência, numa região, de casos que


ultrapassam a incidência normalmente esperada de uma doença.
Parasitologia e conceitos gerais
 Infecção - é a invasão do organismo por agentes patogênicos microscópicos.

 Infestação - é a invasão do organismo por agentes patogênicos macroscópicos.

 Hospedeiro - é um organismo que alberga ou aloja o parasita. Exemplo: o


hospedeiro do Ascaris lumbricoides é o ser humano. Os hospedeiros podem ser:

a) Hospedeiro Definitivo: é o que apresenta o parasito em fase de maturidade


ou em fase de actividade sexual, ou melhor é aquele no qual o parasita atinge
a maturidade sexual e nele reproduz-se.

b) Hospedeiro Intermediário: é aquele que apresenta o parasito em fase


larvária ou assexuada, ou melhor é aquele onde o estádio larvar, juvenil ou
assexuado desenvolve-se, mas não atinge a maturidade

c) Hospedeiro Paratênico ou de Transporte: é o hospedeiro intermediário no


qual o parasito não sofre desenvolvimento, mas permanece na forma inactiva
até que o hospedeiro definitivo o ingira. Exemplo: Hymenolepis nana em
coleópteros
Parasitologia e conceitos gerais
 Vetor - organismo capaz de transmitir agentes
infecciosos. 0 parasita pode ou não desenvolverse
enquanto encontra-se no vetor. O vector pode ser:

a) Vectores Biológicos: quando o parasita se multiplica


ou se desenvolve no vector.

b) Vectores Mecânicos: são organismos que transportam


o parasita até ao hospedeiro, onde o parasita não sofre
nenhum processo evolutivo, nem de multiplicação, isto
é, quando o parasita não se multiplica nem se
desenvolve no vector, este simplesmente serve de
transporte.
Classificação dos Parasitas

 Parasita é qualquer espécie que vive na base da


outra quer seja na busca de abrigo, nutrientes ou
proteção no hospepdeiro.
 Os parasitas são classificados de acordo os
seguintes termos:
 Quanto à necessidade de hospedeiro
 Quanto à alternância de gerações
 Quanto ao ciclo biológico
 Quanto ao ciclo evolutivo
 Quanto a sua localização no hospedeiro
 Quanto a via/ forma de transmissão
 Quanto às regras taxonómicas
Quanto à necessidade de hospedeiro

a) Parasita Facultativo: organismo que pode viver


parasitando, ou não, um hospedeiro. No caso em que
não se encontra parasitando um hospedeiro, é
chamado vida livre.
 Exemplo: Larvas de moscas Sarcophagidae, que podem
desenvolver-se em feridas necrosadas ou em matéria orgânica
em decomposição (esterco).

b) Parasito Obrigatório. Organismo que deve


obrigatoriamente passar pelo menos parte da sua vida
no hospedeiro para completar o seu ciclo.
 Exemplo: Toxoplasma gondii, Plasmodium sp,
Schistosoma mansoni,
Quanto à alternância de gerações

a) Parasita Heterogenético, aquele que apresenta


alternância de gerações
Exemplo: Plasmodium, com ciclo assexuado no mamífero e
sexuado no mosquito.

b) Parasita Monogenético, aquele não apresenta


alternância de gerações; isto é, possui um só tipo de
reprodução: sexuada ou assexuada.
Exemplo: Ascaris lumbricoides, Ancylostomatidae,
Entamoeba histolytica
Quanto ao ciclo biológico

a) Parasita Heteroxênico: o que possui hospedeiro


definitivo e intermediário,isto é necessitam de pelo
menos 2 hospedeiros para completar seu ciclo
evolutivo.
Exemplo: Trypanosoma cruzi, S.mansoni

b) Parasita Monoxênico: é o que possui apenas o


hospedeiro definitivo, isto é, completa seu ciclo
evolutivo apenas num hospedeiro.
Exemplo: Enterobius vermicularis, A.lumbricoides
Quanto a sua localização no hospedeiro

a) Ectoparasitas: são os que se localizam na


superfície externa dos hospedeiros.
Exemplo: O piolho, a pulga.

b) Endoparasitas: são os que se localizam nas


partes internas dos hospedeiros.
Exemplo: As tênias (solitárias), Ascaris, e Schistosoma
Quanto a via/ forma de transmissão

a) Parasitas transmitidos entre pessoas devido ao contato pessoal ou


objetos de uso pessoal (fômites). Exemplo: Sarcoptis
scabiei,Tricomonas.vaginalis, etc.

b) Parasitas transmitidos pela água, alimentos, mãos sujas ou poeira:


Exemplo: Entamoeba. histolytica, G. lamblia, T.gondii, Hymenolepis
nana, cisticercose (ovos de T. solium), A. lumbricoides,
Trichuris.trichiura, E. vermicularis.

c) Parasitas transmitidos por solos contaminados por larva (geo-


helmintoses): Exemplo: A. duodenale, Necator. americanus,
Strongyloides stercoralis.

d) Parasitas transmitidos por vectores ou hospedeiros intermediários:


Exemplo: Leishmania sp., Tripanossoma sp, Plasmodium sp.,, Taenia.
solium, Taenia saginata, Oncocerca. volvulus,
Quanto às regras taxonómicas

Classificação quanto às regras taxonómicas encontramos:

a) Os protozoários: são unicelulares. Com finalidades


médicas, os protozoários podem ser subdivididos em quatro
grupos: Sarcodina (amebas), Esporozoários, Mastigophoras
(flagelados) e Ciliados.

b) Os Helmintos: são multicelularesOs metazoários são


subdivididos em dois filos: Platyhelminthes (vermes
achatados) e Nemathelminthes (vermes cilíndricos,
nematódeos). O filo Platyhelminthes contém duas classes de
importância médica: Cestoda (verme em fita) e Trematoda
(vermes parasitas).
Parasitismo e comensalismo
 Parasitismo é a associação entre seres vivos, na qual
existe unilateralidade de beneficios, ou seja, o
hospedeiro é espoliado pelo parasito, pois fomece
alimento e abrigo para este.
 Comensalismo é a associação harmônica entre duas
espécies, na qual uma obtém vantagens (o hóspede)
sem prejuízos para o outro (o hospedeiro). Exemplo:
Entamoeba cozi vivendo no intestino grosso humano.
Simbiose

 Simbiose é a associação entre seres vivos, na qual há


unia troca de vantagens a nível tal que esses seres são
incapazes de viver isoladamente. Nesse tipo de
associação, as espécies realizam funções
complementares, indispensáveis a vida de cada uma.
 De modo geral, são conhecidos como simbiontes, os
indivíduos que vivem em simbiose. Por exemplo: algumas
bactérias que vivem no interior de protozoários de vida liwe.
Os protozoários fornecem abrigo e fontes alimentares para as
bactérias que, por sua vez, sintetizam substâncias (complexo B
etc.) necessárias ao protozoário.
Zoonose
 Zoonose: Infecção transmitida em condições
naturais entre outros animais vertebrados e o
homem, de forma concomitante ou cíclica em
determinada área geográfica, por intermédio de
artrópodes ou não.
 Alguns autores dividem as Zoonoses em:
 Antropozoonose: Infecção primária de outros animais
vertebrados, que pode ser transmitida para o homem.
 Zooantroponose: Infecção primária do homem, que
pode ser transmitida para outros animais vertebrados.
ACÇÕES DO PARASITA SOBRE O HOSPEDEIRO

 Acção espoliativa: É quando o parasito absorve


nutrientes ou até mesmo o sangue do hospedeiro.
Exemplo: Ancylostomatidae

 Acção irritativa: Deve-se a presença constante do


parasito que, sem produzir lesões traumáticas irrita o
local parasitado. Exemplo: Giardia.

 Acção mecânica: Esta acção impede o funcionamento


dos ógãos, pelo fato de formarem um bolo alimentar.
Exemplo: Fasciola Hepatica
ACÇÕES DO PARASITA SOBRE O HOSPEDEIRO

 Acção tóxica: Quando alguns parasitos produzem


enzimas ou metabólitos que podem ser tóxicas e lesar
o hospedeiro.

 Acção enzimática: Ocorre a migração e destruição


de tecidos. Exemplo: Dermatite Cercariana -
Schistossoma mansoni.

 Acção traumática: Destroi os tecidos por causa da


migração do parasito para outro lugar. Exemplo:
Ácaro-Sacoptes scabiei
Factores necessários para o parasitismo

Os fatores mais importantes do parasitismo estão relacionados


ao:
a) Parasita: A quantidade de parasita que entram no hospedeiro
(carga parasitária) sua localização e capacidade de provocar
doenças.

b) Hospedeiro: Idade, estado nutricional, grau de resistência, órgão


do hospedeiro atingido pelo parasita, hábitos e nível sócio
econômico e cultural, presença simultânea de outras doenças,
fatores genéticos e uso Fatores que influenciam o parasitismo
hábitos e nível sócio econômico e cultural, presença simultânea
de outras doenças, fatores genéticos e uso de medicamentos.

c) Meio ambiente: Temperatura, umidade, clima, água, ar, luz solar,


Hipersensibilidade e imunidade nas
doenças parasitárias
 Hipersensibilidade se refere às reações excessivas,
indesejáveis (danosas, desconfortáveis e às vezes fatais)
produzidas pelo sistema imune normal. Reações de
hipersensibilidade requerem um estado pré-
sensibilizado (imune) do hospedeiro.
 Reações de hipersensibilidade podem ser divididas em
quatro tipos: tipo I, tipo II, tipo III e tipo IV, baseados
nos mecanismos envolvidos e tempo levado para a
reação
Hipersensibilidade e imunidade nas doenças
parasitárias
HIPERSENSIBILIDADE TIPO I
 Hipersensibilidade tipo I é também conhecida como

imediata ou hipersensibilidade anafilática.


 A reação pode causar uma variedade de sintomas

desde inconveniências mínimas até a morte.


 A reação normalmente leva 15 - 30 minutos para o

período de exposição ao antígeno, embora às vezes


possa ter início mais demorado (10 - 12 horas).
Hipersensibilidade e imunidade nas
doenças parasitárias

 Hipersensibilidade imediata é mediada por IgE. O


componente primário celular nessa
hipersensibilidade é o mastócido ou basófilo.

 O mecanismo da reação envolve produção


preferencial de IgE, em resposta a certos antígenos
(alergenos).
Hipersensibilidade e imunidade nas
doenças parasitárias
HIPERSENSIBILIDADE TIPO II
 Hipersinsibilidade tipo II também é conhecida como

hipersensibilidade citotóxica e pode afetar uma


variedade de órgãos e tecidos.
 Os antígenos são normalmente endógenos, embora

agentes químicos exógenos (haptenos) que podem se


ligar a membranas celulares.
 A hipersensibilidade tipo II é primariamente mediada

por anticorpos das classes IgM ou IgG


Hipersensibilidade e imunidade nas
doenças parasitárias

HIPERSENSIBILIDADE TIPO III


 Hipersensibilidade tipo III é também conhecida como

hipersensibilidade imune complexa.


 Esta reação pode ser o mecanismo patogênico de

doenças causadas por muitos microrganismo.


 A reação deve levar 3 - 10 horas após exposição ao

antígeno.
 É mediada por complexos imunes solúveis. São na

maioria de classe IgG, embora IgM possa estar também


envolvida.
Hipersensibilidade e imunidade nas
doenças parasitárias
HIPERSENSIBILIDADE TIPO IV
 Hipersensibilidade tipo IV é também conhecida como

mediada por células ou hipersensibilidade tardia.


 A hipersensibilidade tipo IV está envolvida na
patogênese de muitas doenças autoimunes e infecciosas
(blastomicose, histoplasmose, toxoplasmose,
leishmaniose, etc.) e granulomas devido a infecções e
antígenos estranhos.
Períodos clínicos e parasitologicos no curso de
infecção ou infestação parasitaria
PERÍODOS CLÍNICOS:
a) Período de incubação: Consiste no período desde a penetração
do parasita no organismo até o aparecimento dos primeiros
sintomas, podendo ser mais longo que o período pré-patente,
igual ou mais curto.

b) Período de sintomas: É definido pelo surgimento de sinais e/ou


sintomas. Período de convalescência: Iniciam-se logo após ser
atingida a maior sintomatologia, findando com a cura do
hospedeiro.

c) Período latente: É caracterizado pelo desaparecimento dos


sintomas, sendo assintomática e finda com o aumento do número
Períodos clínicos e parasitologicos no curso de infecção ou infestação parasitaria

PERÍODOS PARASITOLÓGICOS:
a) Período pré-patente: É o compreendido desde a penetração do
parasita no hospedeiro até a liberação de ovos, cistos ou formas que
possam ser detectadas por métodos laboratoriais específicos.

b) Período patente: Período em que os parasitas podem ser


detectados, ou seja, podem-se observar estruturas parasitárias com
certa facilidade.

c) Período sub-patente: Ocorre em algumas protozooses, após o


período patente e caracterizase pelo não encontro de parasitas pelos
métodos usuais de diagnóstico, sendo geralmente sucedido por um
período de aumento do número de parasitas (período patente).
Estudo independente

1. Factores que influenciam a resistência parasitaria


natural
2. Distribuição geográfica das principais parasitoses
em Moçambique

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