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UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RECÔNCAVO DA BAHIA
MEDICINA VETERINÁRIA
CCA 425 - PARASITOLOGIA
VETERINÁRIA

INTRODUÇÃO À
PARASITOLOGIA

Wendell Marcelo de Souza


Perinotto
2022
CCA – 425: PARASITOLOGIA VETERINÁRIA

TRATAMENTO PROFILAXIA
INTRODUÇÃO

ETIMOLOGIA
Parasitos
Para= ao lado, junto de + sítos= alimento

Parasitismo: uma relação íntima em que uma das


espécies, o parasito, usa a outra, o hospedeiro, como
hábitat, do qual obtém nutrientes.
IMPORTÂNCIA

 Relacionamento entre os seres vivos


- Relação parasito-hospedeiro

• Inter-específicas
» Positivas ou Harmônicas

» Negativas ou Desarmônicas
Associações Positivas
• Comensalismo – associação entre
duas espécies, onde uma obtém
vantagens sem causar prejuízos para a
outra;
Associações Negativas

• Parasitismo
– Unilateralidade de
benefícios;

– Hospedeiro passa a
constituir o meio
ecológico onde vive o
parasito;

– Ocorre dependência
metabólica de grau Sarcoptes scabiei em cão.
Parasitismo

Principais grupos de parasitos

• Artrópodes;
• Helmintos;
• Protozoários.
FILO: ARTHROPODA (ARTHRON =
ARTICULAÇÃO; PODOS = PÉS)

Principais características:

Apresentam apêndices articulados


Corpo com simetria bilateral
Corpo geralmente segmentado e articulado
Cabeça, tórax e abdome diferenciados (insetos) ou
fusionados (ácaros)
Muitos têm exoesqueleto endurecido (quitina)
Fazem mudas do exoesqueleto entre as diferentes fases de
vida
Tubo digestivo completo (com aparelho bucal, intestino,
ânus)
Sistema circulatório aberto (hemolinfa circulante na cavidade)
Respiração por traqueias e brânquias
Presença de órgãos de sentido, como antenas e pelos
Associações Positivas
• Comensalismo – associação entre
duas espécies, onde uma obtém
vantagens sem causar prejuízos para a
outra;
Helmintos

Cestódeos: Nematódeos Trematódeos


Dipylidium caninum Toxocara canis Fasciola
hepatica
Protozoários

Eimeria spp.
Babesia vogeli

Tritrichomonas foetus Leishmania sp.


Regras Internacionais de Nomenclatura
Zoológica
• Visa impedir confusões na designação científica dos
animais uniformizando-a.
• Tem como ponto de partida a 10a edição do
Systema Naturae de Carl von Linné (Linnaeus),
1758.
• Nomes latinos ou latinizados:
- grupos superiores são uninominais;
- binominais para espécies;
- trinominais para sub-espécies e variedades (var.);
- Radicais dos gêneros mais as desinências:
- Oidea;
- Idae;
- Inae.
Itálico ou
sublinhado
Artrópodes

Dípteros Ácaros Phthiraptera


Lutzomyia longipalpis Demodex canis Bovicola bovis

Siphonaptera Ixodida Dípteros


Ctenocephalides felis Rhipicephalus sanguineus Cochliomyia spp.
Regras Internacionais de Nomenclatura
Zoológica

 Quando uma espécie é reclassificada, o nome e


data do seu autor são escritos entre parênteses e
a seguir, o nome do autor que propôs a nova
classificação, com a respectiva data.
• Boophilus microplus (Canestrini, 1888): 1ª classificação

• Reclassificação:
• Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Canestrini, 1888)
Murrel; Barker, 2003
Regras Internacionais de Nomenclatura
Zoológica

 Lei da prioridade;
Leishmania infantum (Nicolle, 1908)
Leishmania chagasi (Cunha e Chagas, 1937)
Década de 1990 estudos moleculares: são espécies
indistinguíveis.

 Homenagens (homem = i; mulher = ae)


- Oswaldo Cruz; Ex: Trypanosoma cruzi
- Vânia Bittencourt; Ex: Rhipicephalus bittencourtae
Classificação dos parasitos
 Segundo o local do parasitismo
• Ectoparasitos:
• Endoparasitos: INFECÇÃO INFESTAÇÃO

•Permanecem no interior do •Permanecem na superfície

organismo hospedeiro. Ex.: corpórea do hospedeiro, na

helmintos. pele, pêlos e cavidades


naturais. Ex: piolhos

Toxocara canis
Pediculus sp.
Classificação dos parasitos
 Segundo o tempo de duração do parasitismo
• Periódicos ou provisórios: • Permanentes: passam a
somente são parasitos em vida, em todos os seus
uma fase do desenvolvimento, estágios, espoliando o
na qual espoliam hospedeiro. Ex.: ácaros do
continuamente o hospedeiro. gênero Demodex.
Ex.: Dermatobia .

Dermatobia hominis- Berne Demodex canis.


Classificação dos parasitos
 Segundo o tempo de duração do parasitismo

•Temporários ou intermitentes - realizam somente parte de


seu desenvolvimento no hospedeiro ou se utilizam dele
periodicamente para alimentação ou abrigo. Ex.: insetos
hematófagos.

Aedes aegypti Triatoma infestans


Classificação dos parasitos

 Quanto a necessidade de uma vida parasitária

• Obrigatórios: parasitos incapazes de viver fora do


hospedeiro. Ex.: Toxoplasma gondii, Plasmodium sp.

Cisto de Toxoplasma gondii Plasmodium falciparum


Classificação dos parasitos

 Quanto a necessidade de uma vida parasitária

• Facultativos: parasitas que podem alternar ciclos de


vida livre e parasitária. Ex.: larvas de moscas da família
Sarcophagidae, Rhabditis bovis.

Larvas de Sarcophagidae Larvas rabiditiformes


Classificação dos parasitos
 Quanto a necessidade de uma vida parasitária

• Acidental: organismo que


pode ser tornar um parasito de
um hospedeiro (não habitual)
em condições especiais. Ex.:
Dipylidium caninum
parasitando crianças.

Fonte: Adaptado de Celso Martins Pinto - Roteiro de Estudos de Parasitologia e Doenças Parasitárias em Medicina Veterinária, 2006
Classificação dos parasitos
 Quanto a exigência nutritiva
• Estenotrófico: • Euritrófico: nutre-
nutre-se apenas de se de mais de um tipo
um tecido. Ex: de tecido. Ex:
Anopheles darlingi Cochliomyia
hominivorax

Anopheles darlingi Cochliomyia hominivorax

Fonte: http://www.doxologia.ro/lumea-crestina/crestinii-lupta-impotriva-febrei-hemoragice
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Siphonaptera
Família: Ctenocephalidae
Gênero: Ctenocephalides
Espécie: Ctenocephalides felis
 Especificidade parasitária

• Eurixenos – (eurys: largo, amplo) apresentam ampla


variedade de hospedeiros (ex.: Toxoplasma gondii)

http://www.simposiumvet.pt/Outrosconteudos/ConteudosSimposiumDetails?pk_cont=122&indexhead
er=4
Classificação dos parasitos
 Tipo de ciclo biológico
• Monoxeno: Parasitos exigem somente um hospedeiro,
sem necessidade de hospedeiro intermediário. Ex.:
Rhipicephalus microplus

www.unitins.br
 Tipo de ciclo biológico
• Heteroxeno: as formas evolutivas são encontradas
em mais de um hospedeiro (hospedeiro intermediário
e hospedeiro definitivo). Ex.: Trypanosoma cruzi
Classificação dos parasitos

 Quanto ao hábitat
• Normal: o parasita se encontra em determinado
segmento, órgão ou tecido de seu hospedeiro e, somente
assim, completa seu ciclo biológico. Ex: Tritrichomonas
foetus – trato geniturinário.
 Quanto ao hábitat
• Extraviado (errático): pode ocorrer em outro
hospedeiro e fora do seu habitat natural. Ex.:
Toxocara canis, parasita do intestino delgado de cães,
parasita o homem como larva migrans visceral e
ocular.

Lesão
ocular
a
Classificação dos hospedeiros
•Hospedeiro: é ooorganismo
• Definitivo: é que alberga
que apresenta o parasito.
o parasito em fase
sexual;
Exemplo: Homem – Schistosoma mansoni;
• Intermediário – é o que apresenta o parasito em fase
assexuada. Exemplo: Biomphalaria - Schistosoma
mansoni.
• Paratênico (ou de transporte) - tipo de hospedeiro
intermediário no qual o parasita não sofre
desenvolvimento, mas permanece encistado até que
hospedeiro definitivo, o ingira.
Exemplo: Toxocara canis em tecidos de roedores.
TIPOS DE VETORES
• Vetor: é o veículo que transmite o parasito entre dois
hospedeiros.

• Vetor biológico: é quando o parasito se multiplica ou se


desenvolve no vetor. Ex: Trypanosoma cruzi – Triatoma
infestans.

• Vetor mecânico: quando o parasito não se multiplica e


nem se desenvolve no vetor, este simplesmente serve de
transporte. Ex: Stomoxys calcitrans carreando Anaplasma
marginale.

Tripomastigotas em barbeiro
S. calcitrans
TIPOS DE VETORES

• Vetor inanimado ou fômite: quando o parasito é


transportado por objetos. Ex: agulhas, espéculos, etc.

Espéculo Seringa e agulha


AÇÃO DOS PARASITOS SOBRE O
HOSPEDEIRO
• Ação expoliadora: O parasito absorve nutrientes ou mesmo
sangue do hospedeiro. Ex: Ancylostoma caninum
• Ação tóxica: Alguns parasitos produzem enzimas ou
metabólitos que podem lesar o hospedeiro. Ex: Anaplasma
marginale
• Ação mecânica: Alguns parasitos podem impedir o fluxo de
alimento, bile ou absorção alimentar. Ex: Toxocara canis
• Ação traumática: Provocada, principalmente, por formas
larvárias de helmintos, embora vermes adultos e protozoários
também sejam capazes de fazê-lo. Ex: larvas de Haemonchus;
• Ação irritativa: A presença constante do parasito irrita o local
parasitado, sem produzir lesões traumáticas. Ex: Balantidium
sp.
Conceitos epidemiológicos
• Período pré-patente: tempo que decorre a partir da
penetração/ingestão do estágio infectante do parasito no
hospedeiro até o aparecimento de ovos, larvas ou
oocistos (formas jovens iniciais) da geração seguinte.

Exemplo: Giardia sp.


PPP: 7 - 21 dias

http://giardiasabendoeaprendendo.blogspot.com.br/2013/06/qual-e-o-ciclo-de-vida-da-giardia.html
• Período de incubação: tempo que transcorre desde
o contágio até a aparição dos primeiros sintomas da
doença.

Exemplo: Leishmaniose Tegumentar Americana

2 semanas a 3 meses
Conceitos epidemiológicos

• Fonte de infecção (FI) : Organismo vertebrado onde o


agente pode sobreviver e multiplicar-se. Modalidades de
fontes de infecção: doentes ou portadores.

Tolypentis sp. Rhodnius sp. Pessoa com


Doenças de Chagas

Fonte: Adaptado de Celso Martins Pinto - Roteiro de Estudos de Parasitologia e Doenças Parasitárias em Medicina Veterinária, 2006
•Porta de entrada (PE) : Via pela qual o parasita
penetra no novo hospedeiro (pele, mucosas, via oral,
trato gênito-urinário). A entrada pode ser passiva ou
ativa

Lesão por Tunga Alimentos contaminados: via oral


penetrans

Fonte: Adaptado de Celso Martins Pinto - Roteiro de Estudos de Parasitologia e Doenças Parasitárias em Medicina Veterinária, 2006
• Via de eliminação (VE): É o meio ou veículo pelo
qual o parasito é eliminado da fonte de infecção
(secreções, excreções, sangue, exsudatos/descargas
purulentas, descamações epiteliais, leite, placenta).
Exemplos:
Toxocara canis, Giardia
intestinalis.

Fezes
• Via de transmissão (VT): É o meio ou veículo pelo
qual o parasito alcança o novo hospedeiro (água, ar,
poeiras, solo, fômites, alimentos, hospedeiros
intermediários, vetores).

Alimentos e água contaminados Vetor

Fonte: Adaptado de Celso Martins Pinto - Roteiro de Estudos de Parasitologia e Doenças Parasitárias em Medicina Veterinária, 2006
• Profilaxia: é o conjunto de medidas que visa a
prevenção, erradicação ou controle de doenças ou
fatos prejudiciais aos seres vivos.

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