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DISCIPLINA DE PARASITOLOGIA

Profª Fernanda Avelino


Bibliografia Básica
Aula 1
Conceitos Básicos em Parasitologia
Tipos de Doenças
• Zoonoses: são doenças típicas de animais que podem ser
transmitidas aos seres humanos e vice-versa.
– Zoonoses propriamente ditas: transmitidas dos animais
para o homem;
– Zoonoses comuns aos homens e animais: ambos são
contaminados;
Classes de Risco
• Classe 1: microorganismos de baixo risco individual e para a
comunidade. Não causa doença ao homem ou animais
sadios;
Classes de Risco
• Classe 2: microorganismos de risco individual moderado e
risco limitado para a comunidade. Causa infecções no homem
ou nos animais, mas com potencial de propagação na
comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado,
havendo medidas terapêuticas e profiláticas eficazes.
Classes de Risco
• Classe 3: microorganismos de elevado risco individual e risco
limitado para a comunidade. Inclui agentes biológicos que
possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que
causam patologias potencialmente letais.

Bacillus anthracis Hantavirus (Raiva)


Classes de Risco
• Classe 4: microorganismos de elevado risco individual e
elevado risco para a comunidade. Inclui agentes biológicos
que possuem grande poder de transmissibilidade por via
respiratória e/ou transmissão desconhecida.

Arenavirus – Febre de Filovirus - Ebola


Lassa
Classes de Risco
• Classe Especial: alto risco de determinar doença animal grave
e disseminação ambiental por agentes inexistentes no
território brasileiro (exóticos)apesar de não ser patógenos,
podem causar perdas econômicas graves e/ou na produção de
alimentos.

Limnoperma fortunei - Mexilhão-dourado


Tipos de Relações
“As Relações Harmônicas são aquelas que trazem
benefício para os seres que dela participam”
Protocooperação: anêmona do mar e o paguro
Colônia: caravela portuguesa
Simbiose: Homo sapiens e mitocôndria
“As Relações Desarmônicas são as que trazem
prejuízos para uma das partes envolvidas.”
Predatismo
Canibalismo
Parasitismo
É a associação entre seres vivos, onde
existe unilateralidade de benefícios,
sendo um dos associados prejudicados
pela associação.
Desse modo, o parasito é o agressor, e
o hospedeiro é o que alberga o
parasito. Pode haver diversos tipos de
parasitos em um mesmo hospedeiro.
Hospedeiro: um organismo que abriga outro em
seu interior ou sobre si, seja um parasita, um
comensal ou um mutualista.
Dependendo do número de hospedeiros que um
determinado parasito tenha, ele recebe o nome de:
• monoxênico: com apenas um hospedeiro;
Ex.: Trichuris trichura
Dependendo do número de hospedeiros que um
determinado parasito tenha, ele recebe o nome de:
-Heteroxênico: com mais de um hospedeiro
Ex.: Trypanossoma cruzi
Hospedeiro definitivo: o ultimo hospedeiro de um
parasita, isto é, o hospedeiro alvo, onde há
estrutura para realização do ciclo sexuado.
Exemplo: gatos, no caso da toxoplasmose.
Hospedeiro intermediário: hospede transitório de
um determinado parasita, que pode ser utilizado
como ponte para o hospedeiro definitivo.
Exemplo: o ser humano, no caso da toxoplasmose.
Reservatório silvestre: organismo, que pode ser um
hospedeiro definitivo ou não, que está infestado de
parasitos e que contamina outros vetores ou
animais.
Exemplo: alguns marsupiais, como gambás, que
estão contaminados com o Tripanossoma cruzi.
Vetor: animal que dissemina determinado organismo.
Exemplo: o Triatoma infestans, que transmite a
doença de chagas.
Portador: indivíduo suscetível a um patógeno,
manifestando a parasitíase em maior (sintomático)
ou menor grau (oligo ou assintomático).
Exemplo: Trichomonas vaginalis e o homem.
Permanência no hospedeiro: está relacionado ao
tempo de espolia de um parasito em um determinado
hospedeiro. Divide-se em três tipos:

-Temporário: uma das formas evolutivas espolia


temporariamente o hospedeiro – Pulex irritans;
Permanência no hospedeiro: está relacionado ao
tempo de espolia de um parasito em um determinado
hospedeiro. Divide-se em três tipos:

- Periódico: uma das formas evolutivas espolia


permanentemente o hospedeiro – Plasmodium
malarie;
Permanência no hospedeiro: está relacionado ao
tempo de espolia de um parasito em um determinado
hospedeiro. Divide-se em três tipos:

-Permanente: todas as formas evolutivas espoliam o


hospedeiro – Enterobius vermicularis;
Localização no hospedeiro:
Ectoparasito: atua apenas na
epiderme – Pulex irritans

Endoparasito: atua sobre as


mucosas e tecidos internos –
Plasmodium malarie;
Tipos de ação do parasito no organismo hospedeiro
Mecânica: obstrução ou compressão dos tecidos do
hospedeiro.
Exemplo: Acaris lumbricoides, quando em grandes
quantidades.
Tipos de ação do parasito no organismo hospedeiro
Tóxica/imunológica: liberação de substancias com ação
tóxica ou que induzem a reações de
hipersensibilidades.
Exemplo: os ciclos do Plasmodium falciparum.
Tipos de ação do parasito no organismo hospedeiro
Espoliativa: consumo direto dos tecidos do
hospedeiro.
Exemplo: Ancylostoma duodenale.
Tipos de ação do parasito no organismo hospedeiro
Contaminativa: transmissão de doenças
infecciosas; geralmente realizada por vetores.
Exemplo: Pediculus humanus x Rickettsia
prowazekii bactéria causadora da Tifo
Evolução
Acidental: organismo que pode se tornar parasito
sob condições especiais.
Exemplo: Naegleria fowlen é uma ameba de vida
livre, cosmopolita, que pode ser encontrada no solo
ou na água. A infecção por esta ameba é raríssima,
porém, letal.
Evolução
Facultativo: organismo pode alternar ciclos de vida
livre com ciclos parasitários.
Exemplo: Strongyloides stercoralis
é um verme nematóide que tanto
pode viver no solo, em vida livre,
como também em forma
parasitária. Neste caso, apenas as
fêmeas podem assumir esta
condição, onde a reprodução no
hospedeiro se dá por
artenogênese, produzindo apenas
fêmeas. Na forma livre, estas
podem realizar reprodução
sexuada.
Evolução
Obrigatório: organismo em cujo ciclo sempre ocorre
parasitose.
Exemplo: Dermatobia hominis, organismo causador
da dermatobiose (bicheira).
Parasitismo e Evolução

“As coisas têm que mudar, para que


permaneçam as mesmas”.
À primeira vista, a coevolução de parasitas e
hospedeiros pode não parecer bem
balanceada, pois sabemos que os parasitas
evoluem mais rapidamente do que os
hospedeiros, por três motivos:
- maior tamanho populacional,
-tempos de geração mais curtos
-elevadas taxas de mutação.

Por essa lógica, os parasitas deveriam ganhar


sempre.
A Hipótese da Rainha Vermelha
“as interações
entre os seres
vivos seriam os
principais
condutores da
mudança
evolutiva”
Leigh Van Valen
1935-2010
É o que ocorre, por exemplo, quando um novo tipo
de defesa surge em uma população de presas. Com
isso, o surgimento de todo e qualquer tipo de
contra-ataque por parte dos predadores passa a ser
algo extremamente vantajoso.
parasitas bem sucedidos e hospedeiros
bem sucedidos estão sempre em um
“equilíbrio” competitivo, no qual não há
perdedores nem vencedores definitivos,
apenas a coevolução constante que mantém
o status quo.
“It takes all the running you can do, to keep in the same
place.“

"É preciso correr o máximo possível, para


permanecermos no mesmo sítio."
“o equilíbrio podia ser
mantido se os
hospedeiros
adotassem a
reprodução
sexuada.”

William D. Hamilton
1936-2000
Nesta hipótese os caracteres exuberantes de seleção sexual
constituíam uma demonstração de boa saúde, uma prova
de que os animais estavam livres de parasitas.

Desta forma a evolução do sexo pode ter sido


desencadeada pelo parasitismo
Um caso em que isso pode ocorrer é na constante
corrida armamentista evolutiva entre parasitas e
seus hospedeiros.

Parasitas normalmente evoluem rápido, devido a seu


ciclo de vida curto. Ao evoluir, atacam seus
hospedeiros de diferentes formas.

Sendo assim, duas gerações consecutivas de


hospedeiros podem estar sujeitas a pressões
seletivas diferentes.
Mutações benéficas poderiam levar a maior resistência do
hospedeiro em relação ao parasita

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