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D i s c i p l i n a : Pa ra s i to l o g i a C l í n i c a

D o c e nte re s p o n s áve l : Fe l i p e S a nto s


UNIDADE 1 – Introdução à parasitologia e helmintos
UNIDADE 1 – Introdução à parasitologia e helmintos
TÓPICO 1
Conceitos aplicados à Parasitologia
TÓPICO 1 – Conceitos aplicados à Parasitologia

Parasitologia
estudo da morfologia e biologia dos
parasitas, que são organismos que vivem Protozoários
no interior ou exterior de outro hospedeiro Helmintos
retirando dele nutrientes e servindo como Artrópodes
abrigo para o seu desenvolvimento
TÓPICO 1 – Conceitos aplicados à Parasitologia
Saneamento e Saúde Básica x Parasitoses
TÓPICO 1 – Conceitos aplicados à Parasitologia
Nomenclatura e Classificação
A nomenclatura das espécies deve ser latina e binominal

Ascaris
Gênero
lumbricoides
Espécie
ambos os nomes ser grifados ou escritos em
itálico, para distingui-los dos
nomes comuns existentes
TÓPICO 1 – Conceitos aplicados à Parasitologia
Hospedeiros
qualquer animal ou planta que abriga um parasita, esse hospedeiro ainda
pode ser classificado em definitivo ou intermediário

Definitivo
abriga o parasita na sua fase adulta ou
na sua forma reprodutiva final,
Intermediário
abriga o parasita em sua fase larval
fornecendo as condições necessárias
(jovem), usualmente é um molusco ou
para sua reprodução e manutenção da
artrópode no qual o parasita realiza a
vida desse parasita. É nesse hospedeiro
reprodução assexual, tendo a ausência
que ocorre a reprodução sexual do
de fusão de gametas, gerando cópias
parasita no qual que temos a presença
idênticas
de gametas que levará à variabilidade
genética
TÓPICO 1 – Conceitos aplicados à Parasitologia
Vetores
artrópode, molusco ou outro veículo que permite a transmissão do parasita
entre dois hospedeiros

Biológico Mecânico Fômite


é aquele que além de ser é quando o parasito não é quando o parasita é
transmissor, o parasito se se reproduz e nem se transportado através de
reproduz ou se desenvolve objetos de uso comum, por
desenvolve nele, temos no vetor, serve apenas exemplo, talheres, copos,
como exemplo os como transporte. seringas, lenços, roupa
moluscos e artrópodes. de cama e toalhas de uso
comum.
TÓPICO 1 – Conceitos aplicados à Parasitologia
Infecção e Disseminação
A forma como ocorre as infecções ou transmissão das parasitoses, a porta
de entrada para o organismo, se dá por diferentes vias

Oral Cutânea Mucosa Transplante Transplacentária


Genital Transfusional Transmamária
TÓPICO 1 – Conceitos aplicados à Parasitologia
Ciclo Biológico
fases e etapas que um parasito passa durante sua vida. Essas fases algumas
vezes são complicadas, outras bem simples, mas foram os recursos
que cada espécie desenvolveu durante seu processo evolutivo para
conseguir sucesso na reprodução e na dispersão

Monoxênico Heteroxênico
só há participação do hospedeiro há participação de um hospedeiro
definitivo, sendo que, nesse local, intermediário, no qual se desenvolve
ocorre sua reprodução e parte do ciclo ou reprodução
desenvolvimento assexuada, nesse hospedeiro,
desenvolvem-se as formas
infectantes do parasito, sendo
transmitidas para o hospedeiro
definitivo
TÓPICO 1 – Conceitos aplicados à Parasitologia
Fatores Inerentes

Hospedeiro Parasita
relacionados à capacidade do organismo a capacidade que esse parasita tem de
humano em eliminar ou combater a causar determinada patologia, ou seja,
parasitose antes mesmo da sua instalação, quais os fatores que ele carrega e que
ou seja, o hospedeiro pode se contaminar determinam o quanto de infecção
com o parasita, mas em alguns casos, os esse parasita é capaz de transmitir e o
mecanismos responsáveis para combater quão grave ele é.
agentes estranhos, conseguem eliminar a
parasitose antes mesmo de ela se instalar,
multiplicar-se e ocasionar sintomas
TÓPICO 1 – Conceitos aplicados à Parasitologia
Mecanismo de Agressão
Cada parasita pode ocasionar uma única ação ou uma
associação delas, tudo isso dependerá dos fatores
inerentes ao hospedeiro e dos fatores inerentes ao
parasita, como estudamos anteriormente.

Mecânica Compressiva
Espoliativa Tóxica
Anóxia
Absortiva
Enzimática Traumática Irritativa
Imunogênica Inflamatória
TÓPICO 2
Enteroparasitoses causadas por helmintos
Filo Nematoda
TÓPICO 2 – Helmintos - Filo Nematoda
Os helmintos, popularmente conhecidos como vermes, são grupo de
parasitas que mais acomete o ser humano. Os filos que mais acometem
os seres humanos são Platyhelminthes e Nematoda.

Os nematódeos são vermes cilíndricos e alongados (nema= fio +


helminthes = verme) com tamanho variável, de centímetros até metros.

Possuem simetria bilateral, com uma cutícula envolvendo o corpo e três


folhetos
germinativos (triblásticos).

Apresentam cavidade oral, tubo digestório completo, contendo anus


(fêmea) e cloaca (macho).

São dioicos, ou seja, realizam reprodução sexuada, predominantemente


com sexos separados (dimorfismo sexual), com fecundação interna e
desenvolvimento indireto, sendo sempre o macho menor que a fêmea.

O corpo é revestido por uma cutícula fina, lisa ou com estrias, que tem
por finalidade proteção do organismo contra as ações externas
TÓPICO 2 – Helmintos - Filo Nematoda
Ascaris lumbricoides
Doença: Ascaridíase ou Ascaridose

Sintomatologia: obstrução intestinal.


Transmissão: ingestão de ovos embrionados

Profilaxia: higienização de frutas e verduras, principalmente as que são


consumidas in natura. Proteger os alimentos da poeira, do contato com
vetores (moscas e baratas) e fazer a ingestão de água tratada. Evitar
peridomicílio e geofagismo, bem como adotar medidas de melhora do
saneamento básico, adotando também medidas de educação em saúde
e tratar pessoas doentes para o ciclo seja eliminado.

Diagnóstico: identificação morfológica de ovos nas fezes do hospedeiro


contaminado
TÓPICO 2 – Helmintos - Filo Nematoda
Enterobius vermicularis
Doença: Enterobíase ou Enterobiose.

Sintomatologia: além do prurido anal, lesões intestinais causadas pelos vermes são mínimas,
podendo haver emagrecimento e discreta inflamação.

Transmissão: Heteroinfecção, Indireta, Autoinfecção (externa e interna), Retroinfecção.

Profilaxia: Cuidado com fômites, lavagem das mãos.

Diagnóstico: método de Graham.


TÓPICO 2 – Helmintos - Filo Nematoda
Trichuris trichiura
Doença: Tricuríase.

Sintomatologia: As lesões ocasionadas pelo parasita ficam restritas ao intestino. e a carga parasitária
for leve, esse paciente pode se apresentar em muitos casos, assintomático, apenas relatando perda
de apetite, insônia e nervosismo. Em infecções moderadas pode apresentar, diarreia, dor abdominal,
vômito e náuseas.

Transmissão: Ingestão de água ou alimentos contendo ovos do parasita, através também de hábitos
e costumes, como geofagismo e peridomicílio.

Profilaxia: Tratar os doentes, investir em educação sanitária, higienizar frutas e verduras,


principalmente alimentos que são consumidos in natura. Fazer consumo de água tratada e adotar
bons hábitos de higiene pessoal.

Diagnóstico: Exames parasitológicos de fezes observando-se a morfologia do parasita encontrado.


Os métodos qualitativos utilizados serão para a pesquisa de ovos pesados, métodos de
sedimentação como Hoffmann e Ritchie.
TÓPICO 2 – Helmintos - Filo Nematoda
Strongyloides stercoralis
Doença: Estrongiloidíase.

Sintomatologia: Manchas vermelhas na pele, diarreia, flatulência, dor abdominal, náuseas e falta de
apetite, tosse seca, falta de ar ou crises de asma.

Transmissão: A forma mais frequente que acomete os pacientes é através da hetero ou


primoinfecção, nesse caso, as larvas filarioides penetram ativamente sobre a pele humana,
geralmente pelas mucosas mais finas, como os espaços interdigitais, em pessoas que não utilizam
calçados ou até mesmo mucosa da boca e esôfago, denominado como infecção percutânea. Outra
forma de infecção é através da autoinfecção externa ou exógena, cujas larvas rabditoides presentes
na região perianal de indivíduos contaminados, amadurecem para larva do tipo filarioide, tornando-
se infectantes, penetrando na região perianal, ceco e assim reiniciam o ciclo.

Profilaxia: prevenções através de evitar o contato direto da pele com solo contendo larva
infectantes, portanto, o uso de calçados fechados é de suma importância para evitar essa parasitose.

Diagnóstico: Baerman-Moraes e Rugai (específicos).


TÓPICO 2 – Helmintos - Filo Nematoda
Strongyloides stercoralis

Microscopia EPF

Verme Adulto
TÓPICO 2 – Helmintos - Filo Nematoda
Strongyloides stercoralis

Morfologia formas evolutivas


TÓPICO 2 – Helmintos - Filo Nematoda
Ancyslostoma sp.
Doença: Ancilostomose.

Sintomatologia: Erupção cutânea pruriginosa, vermelha e saliente (bicho geográfico) no local em


que as larvas penetram na pele. O movimento das larvas pelos pulmões pode causar febre, tosse e
respiração sibilante.

Transmissão: Primeira e mais a comum é através da via transcutânea. Outra forma menos comum de
contaminação é através da ingestão do ovo do parasita através de água insalubre.

Profilaxia: A profilaxia deve ser baseada na melhora das condições socioeconômicas da população
afetada. O uso de calçados é a principal medida profilática que deve ser adotada.

Diagnóstico: O diagnóstico pode ser realizado através do exame parasitológico de fezes.


TÓPICO 2 – Helmintos - Filo Nematoda
Toxocara sp.
Doença: Toxocaríase.

Sintomatologia: O quadro é caracterizado por leucocitose, hipereosinofilia, hepatomegalia e


linfadenite. Em alguns casos, podem-se observar infiltrados pulmonares acompanhados de tosse,
dispneia, anorexia e desconforto abdominal. Podendo apresentar manifestações neurológicas,
incluindo meningite e encefalite

Transmissão: No cão a transmissão ocorre através da ingestão de ovos, ingestão de pequenos


roedores infectados com larvas do parasito ou através da transmissão placentária e/ou durante a
amamentação do filhote. Já no homem, a transmissão ocorre de forma acidental devido à ingestão
de ovos presentes no solo ou alimentos contaminados com fezes de cães contaminados.

Profilaxia: As medidas de evitar essa parasitose envolvem principalmente os cuidados com a saúde
do animal, por se tratar de uma zoonose, deve ser evitado o contato direto com animais que não
possuem uma boa higiene

Diagnóstico: O diagnóstico pode ser realizado através do exame parasitológico de fezes.


TÓPICO 3
Enteroparasitoses causadas por helmintos
Filo Platelmintos
TÓPICO 3 – Helmintos - Filo Platelmintos
Schistossoma mansoni
Doença: Esquistossomose.

Sintomatologia: A esquistossomose pode apresentar sintomas em duas fases, na primeira fase


(aguda) da doença, podendo ter pacientes que são assintomáticos e outros que apenas reclamam de
mal-estar, problemas pulmonares, dor abdominal, diarreia e alguns fenômenos alérgicos, devido à
localização do parasita. Já a segunda fase (crônica) da doença pode apresentar muitas variações
clínicas, mas, predominantemente, alterações intestinais, hepatointestinais ou hepatoesplênicas.

Transmissão: A transmissão acontece com maior frequência em valas de irrigação de hortas, açudes,
córregos, geralmente nos pés e pernas por serem as áreas do corpo que permanecem em maior
contato com a água.

Profilaxia: Saneamento básico, combate aos caramujos transmissores e tratamento da população


contaminada.

Diagnóstico: O diagnóstico pode ser realizado através do exame parasitológico de fezes.


TÓPICO 3 – Helmintos - Filo Platelmintos
Fascíola Hepática
Doença: Fasciolíase.

Sintomatologia: A fasciolose é um processo inflamatório crônico do fígado e ductos biliares. No


homem, as lesões podem ser ocasionadas pela migração de formas imaturas pelo fígado, à medida
que a forma imatura migra vai deixando um rastro de tecido destruído, que é substituído por tecido
fibroso, a migração também pode ocasionar necrose hepática.

Transmissão: A transmissão se dá através da ingestão de água ou alimentos contaminados,


principalmente alimentos que são produzidos na água, por exemplo, o caso do agrião, que pode
estar contaminado com a forma morfológica de metacercária do parasita.

Profilaxia: Erradicar a presença dos caramujos com o uso de moluscocidas. Lavar bem verduras que
são consumidas in natura, principalmente o agrião que é produzido na água. Não beber água
proveniente de áreas alagadas ou córregos sem tratamento. Não plantar agrião em área que possa
ser contaminada por fezes.

Diagnóstico: O diagnóstico laboratorial é realizado através da pesquisa de ovos nas fezes ou através
da análise da bile, pelos métodos de sedimentação.
TÓPICO 3 – Helmintos - Filo Platelmintos
Taenia sp.
Doença: Teníase e Cisticercose (T. solium).

Sintomatologia: Os sintomas apresentados por um paciente com teníase são relacionados à


presença de um único verme, por isso, o nome de “solitária”, porém esse único parasita causa
fenômenos tóxicos alérgicos no intestino delgado, devido à eliminação de substâncias excretadas
durante o seu metabolismo. Podem ocasionar hemorragias devido à fixação na mucosa intestinal,
inflamação com infiltrado celular com produção de muco, tontura, astenia, náusea, vômitos e perda
de peso.

Transmissão: Teníase: carne mal cozida de porco ou boi contendo cisticercos. Cisticercose: ingestão
acidental de ovos de T. solium.

Profilaxia: Tratamento de esgoto e o incentivo e apoio à modernização da suinocultura, combate ao


abate clandestino e tratamento dos hospedeiros.

Diagnóstico: Os métodos utilizados para o diagnóstico desse parasita são através da utilização dos
métodos de sedimentação, como Hoffmann e Ritchie, por se tratar de um ovo pesado.
TÓPICO 3 – Helmintos - Filo Platelmintos
Hymenolepis nana
Doença: Himenolepíase.

Sintomatologia: Os sintomas são raros, porém mais frequentes em crianças com menos de dez anos,
aparecem apenas em grandes infecções que podem ser diarreia, desconforto abdominal,
irritabilidade, perda de peso, prurido, má-absorção e ulcerações da mucosa que podem ocorrer
devido à presença e fixação do parasita na mucosa intestinal.

Transmissão: A transmissão acontece por meio da ingestão de água e alimentos contaminados com
os ovos desse parasita ou pela ingestão acidental, por crianças, de insetos (como pulgas) contendo a
larva cisticercoide.

Profilaxia: Manter bons hábitos de higiene, a destacar aqueles que impeçam a contaminação fecal
das mãos, alimentos e água, bem como fazer o uso de instalações sanitárias, evitando contaminação
de água com fezes.

Diagnóstico: O diagnóstico é realizado através da identificação dos ovos no exame parasitológico de


fezes.
TÓPICO 3 – Helmintos - Filo Platelmintos
Echinococcus granulosus
Doença: Hidatidose.

Sintomatologia: Um dos locais primários da infecção é o fígado, podendo causar uma reação
inflamatória com a presença de infiltrado eosinofílico e células de fagocitose, esse conjunto de
alterações causam a hidatidose hepática, ocasionado distúrbios hepatogástricos, ictérica e ascite. O
pulmão é o segundo órgão mais afetado pela hidatidose, o cisto no pulmão pode crescer muito e
comprimir brônquios e alvéolos, os sintomas são de tosse com expectoração, cansaço e dispneia.

Transmissão: No hospedeiro definitivo, que é o homem, a contaminação ocorre através da ingestão


de ovos do parasita, por alimentos contaminados ou através do contato com os cães, e o homem
também pode desenvolver o hábito de peridomicílio e se contaminar.

Profilaxia: A profilaxia visa romper a transmissão dessa parasitose para os animais de reprodução e
prevenir a infecção ao homem, por medidas de cuidado, não alimentar os cães com vísceras de
animais (principalmente ovinos e bovinos) e tratar periodicamente cães com medicação
antiparasitária.

Diagnóstico: Imunodiagnóstico ou métodos de imagem.


“ Obrigado!

marcus.nascimento@uniasselvi.com.br

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