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Parasitologia

Veterinária
Profº. Ma. Natália Lara
Ementa da disciplina
Introdução

• Parasitologia é uma ciência que estuda os vários aspectos que envolvem


organismos parasitas, como sua classificação, biologia e controle.
Agente etiológico = é o agente causador ou o
responsável pela origem da doença. Pode ser um
vírus, bactéria, fungo, protozoário ou um helminto.
Conceitos
Básicos Endemia - quando o número esperado de casos de
uma doença é o efetivamente observado em uma
população em um determinado espaço de tempo.

Doença endêmica - aquela cuja incidência


permanece constante por vários anos, dando uma
ideia de equilíbrio entre a população e a doença.

Epidemia - é a ocorrência, numa região, de casos


que ultrapassam a incidência normalmente
esperada de uma doença.
Hospedeiro - organismo que serve de habitat para outro
que nele se instala encontrando as condições de
sobrevivência. o hospedeiro pode ou não servir como fonte
de alimento para a parasita.
Conceitos
Básicos Hospedeiro definitivo - é o que apresenta o parasito em fase
de maturidade ou em fase de atividade sexual.

Hospedeiro intermediário - é o que apresenta o parasito em


fase larvária ou em fase assexuada.

Profilaxia - é o conjunto de medidas que visam a prevenção,


erradicação ou controle das doenças ou de fatos prejudiciais
aos seres vivos.
As primeiras conceituações de parasitismo o caracterizavam
como uma relação desarmônica, portanto unilateral, onde o
parasita obrigatoriamente trazia prejuízos ao seu hospedeiro.
Como esta definição se mostrou falha, principalmente em razão
de nem sempre se conseguir demonstrar danos determinantes de
sinais e/ou sintomas, no hospedeiro, a mesma foi sendo
abandonada pela maioria dos profissionais da área e substituída
por outras mais coerentes com os conceitos mais modernos.

Conceitos
Gerais
Atualmente, parasitismo é principalmente conceituado como a
“relação entre dois elementos de espécies (ou grupo e espécie,
no caso dos vírus) diferentes onde um destes, apresenta uma
deficiência metabólica (parasita) que faz com que se associe por
período significativo a um hospedeiro (hospedador), visando
suprir tal carência”.
Parasitismo
• PARASITISMO é um tipo de relação ecológica desenvolvida entre indivíduos de
espécies diferentes (interespecífica) em que se observa, além de associação íntima e
duradoura, uma dependência metabólica de grau variado. Significa um modo de
nutrição através do qual o organismo PARASITA obtém nutrientes do corpo do
organismo HOSPEDEIRO.
No que concerne aos vários aspectos do
parasitismo, dois conceitos estão relacionados
ao ambiente que os parasitos ocupam no
hospedeiro, ectoparasitismo, àqueles que
ocupam o exterior e endoparasitismo àqueles
que estão no interior do hospedeiro.

Parasitismo
No entanto este pensamento de externo e
interno não refletem muitas das vezes
situações em que parasitos na verdade
ocupam cavidades naturais e são considerados
ectoparasitos.
Adaptação Parasitária

A perda parcial de um ou mais sistemas metabólicos e da capacidade de utilizar outra fonte


nutricional no meio ambiente externo, em todo seu ciclo de vida ou em parte dele, faz com que o
parasita se instale em seu hospedeiro e dependa da sobrevida deste, principalmente se tratando
dos endoparasitas, em que, caso ocorra morte do hospedador, o parasita normalmente também
sucumbe.

Como estratégia de sobrevivência e transmissão, o parasita “busca” reduzir sua capacidade de


agressão em relação ao seu hospedeiro, o que se dá por seleção natural, no sentido de uma melhor
adaptação a determinado(s) hospedeiro(s). Neste caso, quanto maior for à agressão, menos
adaptado é este parasita a espécie que o hospeda, e consequente possibilidade de morte deste, o
que tende com o passar dos anos à seleção de amostras (cepas) menos virulentas para este
hospedador
Habitat Parasitário
• Tal como acontece com os seres de vida livre, que têm um habitat definido em
determinada área geográfica estudada, a localização de um parasita em seu
hospedeiro não se dá ao acaso, mas sim é consequência de uma adequação
parasitária a determinado segmento anatômico que passa a ser assim o seu
ecossistema interno, em decorrência sofre as consequência das ações naturais de
resistência de seu hospedeiro. Podemos por assim dizer que o “habitat” parasitário é o
local mais provável de encontro de determinado parasita em seu hospedeiro, sendo
que para os helmintos normalmente consideramos, quanto não se especifica a fase de
desenvolvimento em questão, o habitat da forma adulta.
ECTOPARASITO – é aquele parasito que
obtém oxigênio diretamente do meio
externo. Como por exemplo, o bicho do pé
(Tunga penetrans) e o berne (Dermatobia
hominis).

Parasitismo
ENDOPARASITO – parasito que vive dentro
do corpo do hospedeiro, cavidades naturais
ou tecidos e dependem totalmente de seus
hospedeiros como fonte nutritiva. Exemplo:
tripanossomo (Trypanosoma cruzi), lombriga
(Ascaris) e tênia (Dipylidium caninum)
• De acordo com o tempo de permanência
sobre o hospedeiro, o parasito é considerado
Tempo de PERMANENTE, se vive sempre como parasita
(ex.: ácaros causadores das sarnas sarcóptica e
Permanência demodécica, e o piolho) e TEMPORÁRIO, se
durante parte do seu ciclo vive uma fase em
vida livre (ex.: bicho do pé, carrapato e berne).
Em relação à condição como parasita pode ser
considerado como parasito OBRIGATÓRIO,
àquele que é totalmente dependente da vida
parasitária (ex. pulga e piolho) e FACULTATIVO,
que é de vida livre, mas é capaz de se adaptar a
vida parasitária se colocado em tal situação
íntima, mas não depende dela (ex. algumas
larvas de mosca que são necrófagas, como
Fannia, Chrysomia e Lucilia).
1- Acidental - Quando o
2- Errático - Se o parasita se
parasita é encontrado em
encontra fora de seu habitat
hospedeiro anormal ao
normal.
esperado.

Principais 3- Obrigatório - É o tipo


básico de parasitismo, onde o
4- Proteliano - Expressa uma
forma de parasitismo
tipos de parasita é incapaz de
sobreviver sem seu
exclusiva de estágios larvares,
sendo o estágio adulto de

parasitismo
hospedeiro. vida livre.

5- Facultativo - É o caso de
algumas espécies que podem
ter um ciclo em sua integra de
vida livre e opcionalmente
podem ser encontrados em
estado parasitário.
1- Homoxeno (monoxeno): Onde é o bastante
Ciclo Vital um hospedeiro para que o mesmo se complete.
dos Parasitas

2- Heteroxeno: Onde são necessários mais de


um hospedeiro para que o ciclo se complete,
existindo pelo menos uma forma do parasita
exclusivo de um tipo de hospedeiro. Quando
existem dois hospedeiros, é denominado ciclo;
entretanto, quando são necessários mais de dois
hospedeiros, de ciclo polixeno.
Tipos de Hospedeiros
• 1- Ciclo heteroxeno:
• *Definitivo: Quando o parasita se reproduz neste, de forma sexuada e/ou é
encontrado em estágio adulto.
• *Intermediário: Se o parasita no hospedeiro só se reproduz de forma assexuada ou se
encontra exclusivamente sob forma larvar (helmintos). Obs.: Se um protozoário não
apresenta em seu ciclo reprodução sexuada em nenhum dos hospedeiros, estes são
conhecidos como hospedeiro vertebrado e invertebrado respectivamente
Tipos de Hospedeiros
• 2- Paratênico ou de transporte - Quando no mesmo, não ocorre evolução parasitária,
porém, o hospedeiro não esta apto a destruir o parasita rapidamente, podendo assim,
ocorrer posterior transmissão em caso de predação por espécie hospedeira natural.
Obs. Não é um verdadeiro caso de parasitismo.
• 3- Errático - aquele hospedeiro em que o parasito vive fora do seu hábitat normal (ex.
Ancylostoma caninum, larva migrans cutânea em humanos).
Especificidade Parasitária

• Quanto a especificidade parasitária é considerado parasito:


• ESTENOXÊNICO (do grego estenós, stenos= estreito, breve, abreviado + xénos =
hospedeiro) aquele que tem hospedeiros pertencentes a espécies muito próximas,
são considerados parasitos de alta específicidade (ex.: algumas espécies de
Plasmodium só parasitam primatas e, outras, apenas aves);
• EURIXENO (do grego eurýs, euréia, eury= largo, amplo, extenso + xénos=
estrangeiro, estranho, hóspede), o que tem como hospedeiros espécies muito
diferentes, são considerados parasitos de baixa especificidade, como Toxoplasma
gondii, que pode parasitar mamíferos e aves e carrapato estrela (Amblyomma
sculptum) que parasita várias espécies de mamíferos, aves e etc.
Contaminação

1- Biológica: É a presença
de agentes biológicos no 2- Não biológicas: É a
meio ambiente externo, presença de elementos
fômites ou na superfície químicos e físicos no meio
externa ou interna sem ambiente ou no interior de
causar no momento, seres vivos.
infecção ou infestação.
Mecanismos • Para que seja definido tal mecanismo, deve
ocorrer análise quanto à porta entrada no
de Infecção organismo do hospedeiro (via de infecção) e
neste momento se ocorreu ou não gasto de
(Transmissão) energia pelo parasita (forma de infecção).
1- Forma de Infecção (Forma de
Mecanismos transmissão)
de Infecção
(Transmissão)
* Passiva - Quando não existe
gasto de energia para a invasão.

* Ativa - Caso ocorra dispêndio


energético para tal fim.
2- Via de Infecção (Via de transmissão ou
porta de entrada)

*Oral (per os)

Mecanismos
de Infecção *Cutânea (per cuten)
(Transmissão)
*Mucosa (per mucus)

*Genital (per genus)


3- Principais mecanismos de infecção

*Passivo oral

Mecanismos *Passivo cutâneo


de Infecção
(Transmissão) *Ativo cutâneo

*Ativo mucoso

*Passivo genital
4- Mecanismos particulares: Em alguns casos, para que
fique mais claro o real mecanismo de infecção,
empregamos expressões características como:

* Transplacentário

Mecanismos
de Infecção * Transmamário

(Transmissão)
* Transfusional

* Por Transplantação
1) MECÂNICA, por obstrução, quando os parasitos
bloqueiam a passagem do alimento, de bile ou de
absorção de nutrientes como por exemplo o verme
Ascaris lumbricoides que em altas infestações pode
formar um novelo e obstruir a passagem no intestino. Por
Ação dos compressão, como por exemplo no caso do cisto hidático
que presente em um órgão cresce e comprime, causando
parasitos lesões teciduais ou de função do mesmo.

sobre seus
hospedeiros 2) ESPOLIADORA, retirada de sangue do hospedeiro,
como ocorre com carrapatos, barbeiros, moscas
hematófagas e fêmeas de mosquitos; ou nutrientes, como
no caso das tênias.
Ação dos
parasitos 3) TÓXICA, alguns parasitos produzem resíduos decorrentes de seu

sobre seus metabolismo ou secretam enzimas que provocam lesões no


organismo do hospedeiro. Ascaris lumbricoides, lombriga, produz
metabólitos (antígenos) que provocam reações alérgicas; o miracídio
hospedeiros do Schistosoma mansoni produz substâncias que induzem reações
teciduais no fígado, intestino, pulmões, e outros tecidos; espécies de
carrapatos como Ixodes holocyclus produzem uma neurotoxina que
causa paralisia em seus hospedeiros.
4) IRRITATIVA E INFLAMATÓRIA, a simples presença do
parasito, mesmo sem produzir traumatismo, induz a
Ação dos irritação e muitas das vezes a uma resposta inflamatória
local no hospedeiro. Ex. larva migrans, dermatite devido
parasitos a penetração da larva de Ancylostoma em humanos.
sobre seus
hospedeiros
5) TRANSMISSÃO DE PATÓGENOS, alguns parasitos
podem além de causar danos pela sua presença, ainda
são capazes de carrear agentes infecciosos ou
parasitários para o hospedeiro. Ex. Os carrapatos e
mosquitos em geral, além de promover exanguinação,
podem transmitir aos seus hospedeiros várias categorias
de microorganismos, como protozoários, bactérias,
fungos, vírus e helmintos.
• PROFILAXIA (do grego Prophýlaxis= cautela) é
a aplicação de meios para prevenir, evitar as

Outros doenças ou a sua propagação.


• VETOR é todo ser qualquer organismo,
conceitos geralmente artrópode) que carreia um parasito
importantes de um hospedeiro a outro.
Biológico – há desenvolvimento do parasito
Mecânico – só transporte
Períodos Parasitológicos
• Período pré-patente (PPP): É o
compreendido desde a penetração do
parasita no hospedeiro até a liberação de
ovos, cistos ou formas que possam ser
Outros detectadas por métodos laboratoriais
específicos.

conceitos • Período patente (PP): Período em que os


parasitas podem ser detectados, ou seja,

importantes podem-se observar estruturas parasitárias


com certa facilidade.
• Período sub-patente : Ocorre em algumas
protozooses, após o período patente e
caracteriza-se pelo não encontro de parasitas
pelos métodos usuais de diagnóstico, sendo
geralmente sucedido por um período de
aumento do número de parasitas (período
patente).
• Zoonose - doenças que são naturalmente
transmitidas entre animais vertebrados e o
homem. Ex.: raiva, toxoplasmose, brucelose.

Outros • Antropozoonose - doença primária de


conceitos animais, que pode ser transmitida ao
homem. Exemplo: toxoplasmose.
importantes
• Zooantroponose - doença primária do
homem, que pode ser transmitida aos
animais. Ex.: esquistossomose no Brasil o
homem é o principal hospedeiro.
· Patogenicidade - A qualidade ou
estado de ser patogênica. A
capacidade potencial de produzir
doença.
Outros
conceitos
importantes · Virulência - O poder de um
organismo produzir doença. Grau
de patogenicidade dentro de um
grupo ou espécie (refere-se à
intensidade).
Nomenclatura Zoológica e Taxonomia
• A Taxonomia é a ciência que se ocupa da
classificação dos seres vivos, utilizando um
sistema uniforme que expressa, da forma
mais fiel, o grau de semelhança entre eles.
• Carl Lineu ficou conhecido como o “pai da
Fundamentos Taxonomia”. Considerou a espécie como a
unidade básica de classificação. Segundo
ele, as espécies semelhantes agrupam-se em
gêneros, os gêneros em famílias, as famílias
em ordens, e as ordens em classes. ->
sistema hierárquico de classificação
TAXÓNS
• Reino
• Filo (animais) / Divisão (plantas)

Sumário da • Subfilo / Subdivisão


• Superclasse

Taxonomia: • Classe

do geral ao
• Subclasse
• Superordem

mais • Ordem
• Subordem

específico • Superfamília
• Família
• Subfamília
• Gênero
• Subgênero
• Espécie - abrangente
• Subespécie
• Reino: Animalia

• Filo: Cordado
Exemplo:
Ser Humano • Classe: Mamífero

• Ordem: Primata

• Família: Hominidae

• Gênero: Homo

• Espécie: Sapiens
Categorias
Usam-se prefixos como super, sub e infra.
intermédias
• Espécie representa um grupo natural
constituído pelo conjunto de indivíduos
com o mesmo fundo genético,
morfologicamente semelhante, que
podem cruzar-se entre si originando
descendentes férteis.
Proximidade entre
seres vivos
Quando considerarmos, por exemplo, dois seres vivos,
eles são mais próximos quanto maior for o número de
táxons comuns a que pertencem.
Principais Regras

• Todos os táxons de escalão superior ao grupo da


espécie consistem de uma palavra (uninominal) e
com a inicial maiúscula.
• Ex: Isotomidae, nome de uma família de
Collembola; Canis, nome genérico do cão.
Principais Regras

• 1) Os nomes específicos e de táxons acima devem ser redigidos


em Latim ou latinizados.
ex: Canis familiares
• 2) Todo animal deve ter, pelo menos, dois nomes, o primeiro é
do gênero e o segundo da espécie. É o sistema binominal criado
por Linnaeus
ex: Musca é nome do gênero; domestica é o nome da espécie.
Principais Regras

• 3) O nome do gênero deve ser redigido sempre com a primeira letra


em maiúscula.
ex: Felis cattus

• 4) O nome da Espécie (sp) deve ser escrito com a inicial minúscula.


Quando se utiliza nomes próprios (nomes de pessoa ou de
localidades) é indiferente usar - se inicial maiúscula ou minúscula.
ex: Pulex irritans; Trypanosoma cruzi, T. Cruzi, Dicranocentrus heloisae; D.
Heloisae
Principais Regras

• 5) Quando existe subespécie, o seu nome deve ser escrito


depois do nome da espécie, e sempre com a inicial minúscula,
mesmo que seja nome de pessoa.
ex: Rhea americana americana, Rhea americana darwin

• 6) Quando existe subgênero, o seu nome deve ser escrito depois


do nome do gênero, entre parênteses e com a inicial maiúscula.
ex: Anopheles (Nyssorhinchus) darlingi,
Principais Regras

• 8) Deve-se usar sempre o primeiro nome com que um animal foi


descrito, mesmo que esteja errado. ex: Quando descobriram o
anfioxo, este animal foi denominado de Branchiostoma
lanceaolatum; porque pensou – se que as saliências em torno de
sua boca (stoma = boca) fossem brânquias. Posteriormente,
verificou – se que isto era falso, e mudou – se o nome
para Amphioxus. No entanto, devido a Regra de Prioridade,
somos obrigados a usar o termo Branchiostoma.
Principais Regras

• 9) Para designar-se super – famílias usamos a terminação OIDEA,


a família é reconhecida pela terminação IDAE; a sub – família
pela terminação INAE.
• Para designar-se a tribo utilizamos a terminação INI agregada no
término do nome,
• ex: O verme causador do amarelão é da superfamília
Strongyloidea, o homem é da família Hominidae; o mosquito –
prego é da subfamília Anophelinae, Entomobyini é uma tribo de
colêmbolos.
Obrigada!
natalia.lara@unifaesp.com

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