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INTERNATIONAL UNIVERSITIES
CURSO DE NUTRIÇÃO
RIO DE JANEIRO
2017
CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR - LAUREATE
INTERNATIONAL UNIVERSITIES
CURSO DE NUTRIÇÃO
RIO DE JANEIRO
2017
KARLA DE OLIVEIRA MAGALDI
RIO DE JANEIRO
2017
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a DEUS, pois me deu forças para chegar até aqui,
permitiu que tudo isso acontecesse. É o maior MESTRE que alguém pode conhecer.
À minha mãe Maria da Conceição, minha irmã Kátia Magaldi, e minha prima
Amanda Magaldi, pelo incentivo e apoio em todas as horas.
Agradeço a minha orientadora, Prof ª. Dra. Patrícia Souza dos Santos, pelo
suporte, paciência e dedicação.
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu
muito obrigada!
“O Senhor é minha luz e salvação,
o Senhor é a força da minha vida.”
Salmos 27
MAGALDI, Karla Oliveira. Programação metabólica: Efeitos desde e a formação
do embrião até o segundo ano de vida. Rio de Janeiro, 2017, 37 p. Trabalho de
Conclusão do Curso de Graduação em Nutrição, Centro Universitário IBMR/Laureate
International Universities.
RESUMO
Programação Metabólica contempla eventos que acontecem durante o período
intrauterino, e podem repercutir na vida adulta. A alimentação da gestante pode induzir
hábitos e preferências alimentares da criança, pois essas modificações que
promovem alterações no genoma ocorrem durante a gestação. A programação
metabólica no desenvolvimento embrionário nos mostra que, a nutrição, estímulo
ambiental, prática de atividade física, estilo de vida, tem efeitos sobre as funções do
organismo podendo modificar o genoma, sendo capaz de aumentar ou diminuir os
riscos de desenvolvimento de doenças. Este estudo visa demonstrar que a maioria
das doenças metabólicas são originadas durante o período gestacional, podendo ser
modificada com a Programação Fetal, constatar que a dieta da gestante está
relacionada às modificações no genoma, evidenciar a importância do aleitamento
materno e introdução adequada da alimentação complementar. Realizou-se uma
revisão de literatura sobre alguns fatores que podem iniciar no desenvolvimento
intrauterino, modificando a expressão gênica do bebê, assim como no estado geral de
saúde na vida adulta. As informações foram obtidas de livros e artigos publicados em
revistas científicas nas bases de dados MEDLINE, Scielo, PubMed. A programação
metabólica tem ratificado a importância da nutrição materna e sua influência no risco
para o desenvolvimento de várias doenças crônicas não transmissíveis.
ITC - Isotiocianatos
IGA - Imunoglobulina A
IGM - Imunoglobulina M
IGG - Imunoglobulina G
1. Introdução ....................................................................................................... 09
2. Objetivos
4. Revisão de Literatura
1. INTRODUÇÃO
com fontes ricas de carboidrato integral, proteína de origem animal e vegetal (ricas
em ferro, B12), vitaminas, minerais, seguindo as recomendações vigentes durante
essa fase (COX JT; PHELAN ST, 2008).
A finalidade deste estudo é relacionar hábitos de vida, mais especificamente a
alimentação, as modificações no genoma, avaliar a influência da programação fetal
demonstrando que as doenças metabólicas podem ser originadas durante o período
intrauterino demostrando que a alimentação da mãe tem impacto direto na vida dos
filhos podendo modificar genes diminuindo os riscos do desenvolvimento de doenças.
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2. OBJETIVOS
3. MATERIAL E MÉTODOS
4 REVISÃO DE LITERATURA
cromatina, ou seja, altera o fenótipo sem mudar o genótipo, podendo perdurar por
gerações (TANG W. Y; HO S. M, 2007).
O papel da epigenética na memória celular funciona da seguinte forma, o óvulo
é fertilizado por um espermatozoide, a partir do momento que ocorre a fecundação,
um conjunto de células darão origem ao embrião, tudo dependerá da captação de
sinais pelas células (sinais do meio externo, de células vizinha, ou até mesmo da
própria célula). Os sinais recebidos irão determinar a morfologia, fisiologia do embrião,
assim como o seu comportamento, dessa forma vemos que as células respondem a
nutrientes, hormônios, estímulos ambientais, mas para que tudo isso aconteça os
sinais gerados por receptores devem chegar ao núcleo celular (COMBES;
WHITELAW, 2010).
Determinadas mudanças podem manifestar-se desde a fase intrauterina até a
terceira idade, assim como fatores ambientais também podem intervir em diversas
patologias, envolvendo alterações genes nutriente (AFFMAN L; MULLER M, 2006).
A epigenética atualmente tem sido destinada como alvo para prevenção de
diversas doenças como, por exemplo, câncer (patologia onde ocorrem modificações
no DNA), obesidade, resistência insulínica, sendo um tema importante para
futuramente conseguirmos reduzir as chances de desenvolvimento dessas doenças
(EGGER G et al., 2004).
(IgA, IgM, IgG), sendo sua maior concentração no colostro (líquido que antecede a
secreção do leite, e é fornecido somente nos 3 à 4 primeiros dias de vida do bebê).
IgA protege nariz, ouvido, garganta, tubo digestivo, recobre a mucosa intestinal
impermeabilizando-a contra patógenos causadores de infecções (RODRIGUEZ,
2003).
Além do IgA, IgM, IgG, possui outros fatores de proteção como, macrófagos e
neutrófilos (são glóbulos brancos que atuam destruindo bactérias patogênicas),os
macrófagos produzem as lisozimas que são enzimas que eliminam bactérias,
linfócitos T CD8+ (são importantes na resposta imune, eliminam células infectadas por
vírus), linfócitos T CD4+ (coordenam a resposta imune, destroem células infectadas
por patógenos), lactoperoxidase (oxida bactérias e tem ação antimicrobiana),
lactoferrina (ela se une ao ferro, atuam na defesa pois impedem o crescimento
bacteriano e formação de biofilmes) (RODRIGUEZ, 2003).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou aleitamento materno,
sendo
hoje reconhecido no mundo inteiro, de acordo com a exclusividade do referido
alimento (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2008).
- Aleitamento materno exclusivo: O bebê recebe somente leite materno, de
forma exclusiva, diretamente da mama ou ordenhado, sem que acrescente outros
líquidos.
- Aleitamento materno predominante: Quando a criança além do leite materno
recebe água ou bebidas à base de água como sucos, chás, infusões.
- Aleitamento materno: A criança recebe somente o leite materno (direto da
mama ou ordenhado), independente de receber outros alimentos.
- Aleitamento materno complementado: Além do leite materno a criança recebe
alimento sólido ou semi-sólido com o objetivo de complementar e não substituir.
- Aleitamento materno misto ou parcial: O bebê recebe leite materno e outros
tipos de leite.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda-se que o
aleitamento materno seja exclusivo até os primeiros 6 meses de vida, e que a duração
da amamentação seja em média de 2 a 3 anos de idade, sendo o desmame feito de
forma gradativa e natural (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2008).
De acordo com VIEIRA et al., (2009), o leite materno possui vários benefícios
tanto para a mãe como para o bebê, tais como:
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• Passo 1
Ofertar somente leite materno até os 6 meses; não oferecer chá, água, ou
qualquer outro alimento. As mães geralmente oferecem chá porque imaginam que a
criança está com cólica, com o objetivo de acalmar, fazer dormir mais rápido, ou até
mesmo que esteja com sede, não sendo necessário até os 6 meses. É importante
orientar que o leite que é produzido em pequena quantidade, logo após o parto,
chamado de colostro, é extremamente necessário nos primeiros dias de vida,
especialmente em bebês prematuros pois possui alto teor de proteínas. O leite
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materno é o alimento mais completo, e contém tudo que o bebê precisa até os seis
meses de idade, inclusive água.
• Passo 2
Ao completar 6 meses de idade, deve ser feita a introdução de alimentos de
forma lenta e gradual, assim como mencionado no Quadro 3, mantendo o leite
materno até os 2 anos. Quando a criança completa 6 meses ocorre o aumento das
necessidades nutricionais que não são mais atendidas somente com o leite materno,
porém o mesmo continua sendo fonte importante de nutrientes e calorias. Com a
inclusão dos alimentos é importante que a mãe ofereça água (tratada e fervida) para
a criança nos intervalos.
• Passo 3
Ao concluir os 6 meses a mãe deverá introduzir alimentos complementares
(Quadro 4), cereais, carnes, tubérculos, leguminosas, frutas, legumes, 3 vezes ao dia
se a criança ainda estiver sendo amamentada. Quando a criança começa a receber
outros tipos de alimentos a absorção do ferro do leite materno será diminuída, por isso
é importante a introdução de carnes, vísceras e miúdos (exemplo: moela, fígado,
coração) no mínimo uma vez por semana, ingerir alimentos fontes de vitamina C
(laranja, acerola, kiwi) junto ou após a refeição. Nas pequenas refeições (Quadro 4),
a mãe poderá oferecer ao completar 6 meses frutas (abacate, caqui, mamão, etc..),
ao completar 12 meses (frutas e cereal ou tubérculo).
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Quadro 5. Alimentos que podem ser oferecidos à criança nas pequenas refeições
• Passo 4
A alimentação complementar poderá ser oferecida no mesmo horário que refeição
da família, de forma regular respeitando o apetite da criança. Quando os pais adotam
esquemas inflexíveis de alimentação afeta o desenvolvimento o autocontrole da
ingestão alimentar pela criança. A capacidade gástrica da criança que está iniciando
a alimentação complementar é pequena, após os seis meses é de 20 a 30 ml kg/ peso.
Durante os primeiros dias caso a mãe perceba que a criança não está saciada com a
alimentação complementar, poderá oferecer leite materno. É importante saber
distinguir quando a criança está com fome, para não insistir que ela coma quando não
deseja. É desaconselhável oferecer prêmios para que a criança coma, pois as
crianças precisam ser estimuladas e não forçadas.
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• Passo 5
A alimentação complementar deverá ser espessa e oferecida na colher, no
início a consistência deverá ser pastosa (papas/ purê), aumentando gradativamente a
textura do alimento até chegar a alimentação da família. Quanto mais consistente as
refeições, maior será a densidade energética se comparada com as dietas diluídas
(líquidas, como sopas e sucos). A capacidade gástrica da criança é pequena, portanto
consumirá poucas colheradas no início da introdução dos alimentos complementares.
Sendo assim, é importante aumentar o aporte calórico com papas com valor calórico
elevado.
Aos seis meses a gengiva da criança já se encontra endurecida (devido a
aproximação dos dentes), já sendo a mesma capaz de fazer a trituração
complementar dos alimentos. A alimentação espessa estimula as funções de
lateralização da língua, a criança joga os alimentos para os dentes trituradores e
reflexo de mastigação. Aos oito meses a criança que recebeu o estímulo com papas
de consistência espessa desenvolverá da melhor forma a musculatura facial, assim
como a capacidade de mastigação.
• Passo 6
Ofertar diferentes alimentos ao dia, de forma variada e colorida. Deverá haver
variações dentro de cada grupo de alimentos. O consumo de diferentes alimentos
durante as refeições como frutas e papas vão garantir o suprimento de todos os
nutrientes necessários para o desenvolvimento da criança. A mãe deverá ofertar duas
frutas diferentes por dia, principalmente as ricas em vitamina A. É importante conter
um alimento de cada grupo na papa, como cereais ou tubérculos, leguminosas,
legumes e verduras, carne ou ovo. A cada dia deverá implementar novos alimentos
para compor a papa.
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• Passo 7
Incentivar o consumo diário de frutas, legumes e verduras nas refeições, pois
são fontes de vitaminas, minerais e fibras. As frutas deverão ser ofertadas in natura,
amassadas. O suco natural deverá ser ofertado após a refeição, pois ele ajuda a
absorver o ferro orgânico principalmente os que são ricos em vitamina C. Caso a
criança recuse determinado alimento, a mãe poderá oferecê-lo novamente em outras
refeições. Em média é necessário a exposição de oito à dez vezes de um novo
alimento para que seja aceito pela criança. Até os doze meses não se recomenda que
os alimentos sejam muito misturados, pois estão aprendendo a conhecer novas
texturas e sabores. As grandes refeições como almoço e jantar não deverão ser
substituídas por fórmulas lácteas ou lanches, devendo as mesmas serem mais
elaboradas, papa salgada ou comida de panela.
• Passo 8
Evitar o consumo de açúcar, enlatados, café, refrigerante, fritura, balas, entre
outras guloseimas, no primeiro ano de vida. O sal deve ser usado com moderação,
estudos comprovaram que a criança nasce com preferência para alimentos com sabor
doce, portanto não é necessário a adição de açúcar, devendo ser evitada nos dois
primeiros anos de vida. Com essa conduta a criança não perderá o interesse pelas
verduras, legumes, cereais, vão aprender a diferenciar outros sabores. A mucosa
gástrica da criança é muito sensível, dessa forma, substâncias que estão presentes
nos enlatados, refrigerantes, café, mate, podem irritar causando comprometimento na
digestão e absorção de nutrientes e possuem baixo valor nutricional.
O sal deve ser usado com moderação, ele auxilia para que a criança se adapte
a alimentação da família. Nos primeiros anos de vida frituras não são necessárias, o
lipídeo (fonte de gordura) já está presente naturalmente no leite materno, em fontes
proteicas, e no óleo vegetal usado para cozinhar alimentos. O óleo que sofre
superaquecimento libera radicais livres, e causam danos na mucosa intestinal da
criança, e a longo prazo pode ter efeito prejudicial à saúde. A ingestão de alimentos
como refrigerante, salgadinhos, doces, açúcar, temperos prontos, refresco em pó,
achocolatados, está associado as alergias alimentares, anemia e excesso de peso.
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• Passo 9
Atentar-se na higiene, no preparo e manuseio dos alimentos, garantir o correto
armazenamento e conservação. No momento em que a criança passa a receber
alimentação complementar ocorre o aumento da possibilidade de contaminação,
doenças diarreicas, que são causas de morbimortalidade em crianças pequenas. Um
dos maiores problemas é a contaminação da água e alimentos durante a manipulação
e preparo, inadequada higiene pessoal, utensílios, conservação dos alimentos em
temperaturas impróprias. As refeições devem ser preparadas e armazenadas em
recipientes limpos, secos, e conservadas em local fresco. O ideal é usar copos, pois
a mamadeira é um risco de contaminação devido a dificuldade de higienização
adequada. Recomenda-se que os alimentos sejam preparados na quantidade ideal
para o consumo.
• Passo 10
Incentivar a criança doente a se alimentar, ofertando alimentação habitual,
respeitando sua aceitação. A criança quando está com alguma patologia, infecção,
ingere menos alimentos pois ocorre a diminuição do apetite, e isso pode ser devido a
febre, cólicas, aumento da produção de anticorpos e hormônios. Com isso há um
aumento no catabolismo proteico, com perdas de nitrogênio através da urina, em
casos de diarreia ocorrem perdas gastrintestinais de energia e micronutrientes.
Quando a infecção ocorre com frequência, pode levar ao retardo no desenvolvimento
e deficiências nutricionais como (vitamina A, zinco e ferro), podendo aumentar as
chances de novos episódios de infecção comprometendo o estado nutricional. Para
criança doente a prioridade é a ingestão adequada de calorias, utilizando alimentos
pastosos ou em forma de papa. Assim que se recuperar e o apetite voltar ao normal
a mãe poderá oferecer mais uma refeição extra ao dia. Nos primeiros dois anos de
vida, a mãe deverá seguir as recomendações para cada faixa etária da criança como
citado no (Quadro 6).
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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