Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ITU
2022
“Diga-me e eu esqueço. Ensine-me e eu lembro. Envolva-me e eu aprendo.”
Benjamin Franklin
“A nutrição entrou na minha vida quando passei por sérios problemas psicológicos,
relacionados a alimentação. Sofri por muitos anos com uma fobia alimentar e social,
descoberta na adolescência, porém com suas raízes ainda na infância. Isso me fez repensar e
querer ajudar os demais em todo o processo alimentar infantil, desde o primeiro contato com
o alimento, ainda na vida intrauterina, passando pela amamentação, introdução alimentar e
outras dificuldades que possam vir a existir”. (Cristiane Ap. de Campos)
Ao nosso orientador, professor e colega, Prof. Dr. Victor Augusto Ramos Fernandes, por
toda colaboração e dedicação ao nosso projeto. Sem você não seria possível a finalização e
entrega de tal trabalho. Obrigada pela gentileza de sempre!
(Fe) Ferro
(Vitamina D) Colecalciferol
(IgA) Imunoglobulina A
(IgM) Imunoglobulina M
(IgG) Imunoglobulina G
(IgD) Imunoglobulina D
(M.O) Microorganismo
LISTA DE ORGANOGRAMAS
LISTA DE TABELAS
*Graduanda em Nutrição pelo Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP) – Universidade
Cruzeiro do Sul
**Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP) –
Universidade Cruzeiro do Sul
RESUMO
A gestação é um período de grande importância nutricional para mães e bebês, pois, é a partir do
correto fornecimento nutricional que o feto irá se desenvolver. Após seu nascimento, inicia-se o
período da amamentação, ainda dependente da saúde materna, haja vista que, o leite é oriundo, na
maior parte dos casos, da mãe da criança. Esse estudo tem como objetivo, descrever os componentes
nutricionais encontrados no leite materno e identificar os principais achados descritos na literatura a
respeito do aleitamento materno e o desenvolvimento da criança. Também objetivou-se, enfatizar o
profissional de nutrição como importante colaborador para a garantia do sucesso nutricional, tanto da
mãe como do bebês, na gestação e na amamentação. O presente trabalho trata-se de uma revisão
integrativa da literatura, de caráter exploratório, de natureza básica, usando os descritores
“breastfeeding” e “nutrientes” e “development”, padronizados e associados na plataforma Pubmed,
com corte temporal de dez anos; a partir dos critérios, foram incluídos quatorze artigos. Os resultados
demonstram que o leite fortificado é suplementado com duas proteínas bovinas, a caseína e a alfa-
lactoalbumina, porém o teor de ambas é muito elevado, o que resulta em uma sobrecarga de soluto
renal. O leite humano tem 60% de lactoalbulminas, e 40% de caseína, já o leite de vaca, tem 20% de
proteínas de soro e 80% de caseína. A caseína do leite de vaca forma coágulo de difícil digestão
enquanto a lactoalbumina do leite materno forma coágulos macios e de fácil digestão.
ABSTRACT
Pregnancy is a period of great nutritional importance for mothers and babies, because it is from the
correct nutritional supply that the fetus will develop. After birth, the breastfeeding period begins, still
dependent on maternal health, given that, in most cases, the milk comes from the child's mother. This
study aims to describe the nutritional components found in breast milk and identify the main findings
described in the literature regarding breastfeeding and child development. It also aimed to emphasize
the nutrition professional as an important contributor to ensuring nutritional success, both for the
mother and the babies, during pregnancy and breastfeeding. The present work is an integrative review
of the literature, of an exploratory nature, of a basic nature, using the descriptors “breastfeeding” and
“nutrients” and “development”, standardized and associated in the Pubmed platform, with a time cut
of ten years; from the criteria, fourteen articles were included. The results demonstrate that the
fortified milk is supplemented with two bovine proteins, casein and alpha-lactoalbumin, but the
content of both is very high, which results in a renal solute overload. Human milk has 60%
lactoalbulmin and 40% casein, whereas cow's milk has 20% whey protein and 80% casein. Cow's milk
casein forms a hard-to-digest clot while lactalbumin from breast milk forms soft, easily digestible
clots.
Sendo valorizado cada vez mais, o acompanhamento nutricional pré-natal, vem a ter
um impacto com a população em seu resultado obstétrico; durante seu acompanhamento a
antropometria, altura e o peso pré-gestacional são fortes indicadores do seu estado nutricional
atual, podendo evidenciar alguma inconformidade precocemente, tendo um resultado positivo
em condições do nascimento do bebê e como consequência, a baixa taxa de mortalidade
perinatal e neonatal. A exemplo disso, Lapa e colaboradores³, observaram que são necessárias
políticas públicas para o incentivo ao acompanhamento da saúde materna e do bebê, tanto no
pré-natal como no pós-natal ³.
Por conseguinte, vem a amamentação, que é uma fase tão importante quanto a nutrição
intrauterina. Ainda dependente da saúde materna, haja vista que, o leite é oriundo, na maior
parte dos casos, da mãe da criança. Não obstante, considera-se de grande importância que o
bebê consuma o colostro, leite altamente concentrado, repleto de proteínas e rico em
nutrientes, produzido nos primeiros dias da amamentação e sendo considerado a primeira
vacina do recém-nascido por protegê-los contra uma série de doenças. A exemplo disso,
Ichisato e colaboradores⁴ observaram que as crenças e os tabus influenciavam no aleitamento
materno, principalmente, no tocante à alimentação materna durante a lactação. Com isso, as
autoras identificaram que o aleitamento materno não é somente uma questão biológica, mas é
histórica, social e psicologicamente delineada. A cultura, a crença e os tabus têm influenciado
de forma crucial a sua prática. Foi compreendido que o sucesso da promoção da
amamentação, também está relacionado a programas educativos de diversas naturezas e foi
identificado com clareza, a valorização do hábito cultural ligado a esta prática ⁴ .
MÉTODOS
O presente trabalho trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura, de
caráter exploratório e natureza básica, visando o desenvolvimento de hipóteses futuras para
ensaios clínicos a respeito do assunto. Para este estudo foram utilizadas os descritores
“breastfeeding” e “nutrientes” e “development”. Descritores padronizados e associados pela
plataforma de buscas utilizada.
Para a elaboração desta revisão, foi acessada e utilizada a base de dados Pubmed
(Medline) na qual integra manuscritos, originais e revisionais, bem como relatos de casos e
meta-analises, além de livros científicos na língua inglesa e publicados em revistas de alta
impactação técnico-científica (com fator de impacto maior que 0.7). Não obstante, somente
artigos publicados na língua inglesa foram admitidos para a confecção dos resultados do
presente artigo. Literaturas clássicas e fora do corte temporal, no qual foi aplicado dez anos
(janeiro de 2011 a fevereiro de 2021), foram aceitas, com finalidades exclusivamente
conceituais. Não foram contemplados artigos revisionais integrativos e cartas ao editor.
Com relação aos aspectos nutricionais, o leite humano apresenta alto teor percentual
hídrico, lactose e nutrientes que irão garantir todo o aporte necessário para o seu adequado
funcionamento metabólico. Levando em conta o aspecto nutricional, o leite humano apresenta
componentes imunológicos, como fatores celulares e humorais específicos e não específicos
que garantem a proteção ativa e passiva do lactente ⁵ .
Cerca de dois a cinco dias após o parto e até por volta de dez a quatorze dias pós-
parto, começa a ser produzido o leite de transição, essa fase é chamada de lactogênese II, esse
leite é branco, cremoso e passa a ser produzido em maiores quantidades do que o colostro; os
seios femininos se tornam maiores e mais firme, e é nesse momento em que as mães sentem o
leite “entrar”. Nessa fase é de extrema importância que as mães amamentem seus bebês
frequentemente (de oito a doze vezes por dia), para evitar o ingurgitamento e permitir que
haja o esvaziamento adequado da mama pelo bebê ⁵ .
Observou-se que o leite humano materno varia em sua composição nutricional durante
o período de aleitamento materno e parece ser mais sensível a fatores maternos, como
composição corporal, dieta e paridade. Este fluído está constantemente mudando para
satisfazer as necessidades de crescimento do bebê, com isso a composição de nutrientes muda
ao longo de toda a duração do aleitamento, mas também ao longo de um dia, e mesmo durante
a mamada ⁵ .
Conclui-se que a nutrição do leite materno e a proteção contra doenças que este
proporciona são incomparáveis, superiores a qualquer outro substituto ⁵ .
Existem variações quanto à composição nutricional do leite humano e esse fato está
ligado ao estágio da lactação, os horários do dia, o período da oferta, a pariedade, nutrição e
idade materna, assim como a idade gestacional e os aspectos de cada nutriz; dessa forma,
conhecer a composição nutricional do leite materno é de extrema importância, pois
identificam-se aqui, as corretas necessidades nutricionais do lactente em cada estágio da sua
vida ⁵ .
Com relação aos minerais encontrados, observam-se o sódio, potássio, cloro, cálcio,
magnésio e flúor; todos apresentam alta biodisponibilidade e a relação cálcio/ fósforo é de
2:1, atendendo a mineralização óssea efetiva. Encontram-se também, o ferro; o zinco, que
apresenta alta biodisponibilidade e torna rara a deficiência nos lactentes; o cobre, manganês,
selênio e iodo ⁵ .
Com relação as imunoglobulinas presentes no leite humano, essas são transferidas para
o bebê, de modo a protege-lo e a que mais se apresenta é a IgA secretória, tendo por função
impedir a adesão de microorganismos em seu intestino, combater os vírus respiratórios e
realizar a defesa contra E. coli, V. cholerae, Shigella, Salmonella, Clostridium difficile, G.
lamblia e Campylobacter ⁵ . Há também, a presença das IgM e das IgD, participando das
respostas imunes nas glândulas mamárias. A IgE libera mediadores químicos que aumentam a
permeabilidade vascular e facilita a passagem das IgG para opsonizar possíveis vírus e
bactérias ⁵ .
Por todos esses motivos e por ser uma questão inerente à maternidade, a amamentação
deve ser prioridade na agenda de compromissos dos governos e da sociedade civil, pois
educar sobre o aleitamento materno aumenta a consciência pública a respeito dos benefícios
do leite humano, criando dessa forma uma visão positiva a favor da amamentação,
colaborando e incentivando as mulheres que tomem a decisão de amamentar de forma
consciente analisando os fatores e benefícios nutricionais e imunológicos que a amamentação
proporciona à seus filhos ⁵ .
O leite humano tem 60% de proteínas de soro, sendo uma das principais as
lactoalbulminas e 40% de caseína, o leite de vaca por sua vez, tem 20% de proteínas de soro e
80% de caseína. A caseína apresenta um coágulo duro no qual o estômago do lactente tem
dificuldade para digerir, enquanto a lactoalbumina do leite materno forma coágulos macios e
de fácil digestão ⁷ .
Gráfico 1: Diferenças percentuais entre caseína bovina e caseína do leite humano
No início do aleitamento, o leite materno humano tem uma razão de proteínas do soro,
na sua composição proteica, na qual a lactoalbumina tem 90:10 no começo, e isso muda para
80:20 e que novamente muda para 60:40 quando o bebê está maior, essa mudança se dá pela
facilidade de digestão do leite materno ⁷ .
Já a proteína do soro do leite de vaca é a caseína, onde encontra-se em na proporção de
18:82. Em contrapartida, as fórmulas a base de leite de vaca, tem uma proporção diferente de
acordo com o fabricante, algumas fórmulas possuem 18:82 de soro de caseína e outros
chegam a introduzir 100% do soro na fórmula ⁷ .
Bebês pré-termos, com crescimento restrito e que possuem coração mais esférico na
vida fetal e pós-natal, apresentaram normalizações da esfericidade ventricular esquerda ao
serem alimentados com leite materno humano, com mamadas mais longas. Outros achados,
como o tamanho desproporcional do miocárdio, demonstram que o leite materno leva à
normalização do tamanho, evidenciando assim a sua importância para a morfofuncionalidade
dos órgãos ¹⁰ .
O leite materno é caracterizado por uma composição dinâmica e complexa que inclui
hormônios e outros componentes bioativos que podem influenciar o crescimento, o
desenvolvimento infantil e otimizar a saúde. Entre os efeitos benéficos associados a
amamentação prolongada, foi relatada uma redução de 13% no risco de sobrepeso e
obesidade. Segundo o estudo de Mazzocchi e colaboradores¹⁷ , revelou-se resultados
contrastantes sobre o papel potencial de todos esses hormônios na modelagem de crescimento
e aposição de massa gorda e resultados de saúde mais tarde na vida¹⁷ .
Observou-se que o leite materno humano é a escolha ideal para alimentar e nutrir
bebês prematuros. Lin e colaboradores²⁰ , apontou em seu estudo, que a concentração de
proteína no leite humano quanto a ingestão diária de proteína total apresentou correlação
positiva com o ganho de peso corporal de prematuros²⁰ .
Bebês com baixo peso, baixo comprimento, risco nutricional com menos de seis
meses, definidos como aqueles em emagrecimento; baixo peso ou outras formas de
deficiência de crescimento, apresentam alto risco de mortalidade e morbidade. As diretrizes
da Organização Mundial da Saúde de 2013 sobre desnutrição aguda grave destacam a
necessidade de gerenciar com eficácia esse grupo vulnerável. De acordo com Rana e
colaboradores²², há relatos de práticas de amamentação que surtem um efeito positivo no
AME, que são elas: aconselhamento, educação, treinamento, apoio de pares e promoção²².
CONSIDERAÇÕES FINAIS