Você está na página 1de 15

A IMPORTÂNCIA DA AMAMENTAÇÃO NA FORMAÇÃO DE VÍNCULOS

AFETIVOS SAUDÁVEIS ENTRE MAMÃE/BEBÊ

Adriana Serrão Coelho1


Rakelen Ribeiro de Menezes2
MSc. Maria Raika Guimarães Lobo3

RESUMO

O aleitamento materno resulta em notáveis benefícios tanto para o recém-nascido quanto para a
mãe. É um processo que envolve fatores fisiológicos, ambientais e emocionais, garantindo a saúde
da criança. O objetivo analisar se a amamentação interfere positivamente na constituição de vínculos
afetivos saudáveis entre mamãe/bebê. Foi utilizada revisão sistemática da literatura e a pesquisa foi
feita através dos descritores: amamentação, afetividade, vínculos emocionais e apego. A identificação
dos artigos foi realizada por meio de busca bibliográfica em periódicos, tendo como base de dados a
Biblioteca Virtual em Saúde, onde foram utilizados artigos do LILACS, MEDLINE e BNDENF -
ENFERMAGEM. A análise dos artigos foi feita através da análise de conteúdo. Como critério de
inclusão foram selecionadas as publicações que se encontravam em formato de artigo com texto na
íntegra online, publicados no período entre 2003 a 2018 e que apresentavam como idioma a língua
portuguesa. Como critério de exclusão, foram descartadas publicações que não estivessem no
formato de artigo, com texto incompleto ou redigido em idioma estrangeiro e também os que foram
publicados fora do período delimitado para a pesquisa. Os resultados obtidos abarcaram um total de
10 artigos relacionados ao tema que foram divididos e analisados em duas categorias temáticas.
Conclui-se que, que a amamentação interfere positivamente na constituição de vínculos afetivos
saudáveis entre mamãe/bebê. Os amigos e familiares também são importantes para a manutenção
ou interrupção da amamentação para o desenvolvimento da criança e faz-se necessário novas
pesquisas relacionadas a importância da amamentação na formação de vínculos afetivos saudáveis
entre mamãe/bebê, tendo em vista a relevância do tema para a atenção primária focada nos
programas e ações e na implementação de novas estratégias de saúde.

Palavras-chave: Amamentação, vínculos emocionais, afetividade, saúde pública.

ABSTRACT

Breastfeeding results in remarkable benefits for both the newborn and the mother. It is a process that
involves physiological, environmental and emotional factors, ensuring the child's health. The objective
of this study was to analyze whether breastfeeding positively interferes with the constitution of healthy
affective bonds between mother and baby. It was used a systematic review of the literature and the
research was done through the descriptors: breastfeeding, affectivity, emotional bonds and
attachment. The articles were identified through bibliographic search in journals, based on the Virtual

1
Enfermeira, Pós-graduanda em Saúde Pública com Ênfase em Saúde Indígena e Saúde da Família. E-mail:
dricca_21@hotmail.com
2
Psicóloga, Especialista em Psicologia Clínica com Ênfase em Psicoterapia Infantil e Pós-Graduanda em Saúde
Pública com Ênfase em Saúde Indígena e Saúde da Família. E-mail: rakelenribeiro@hotmail.com
3
Enfermeira, Mestre em Imunologia Básica e Aplicada (UFAM) e Especialista em Infectologia (UEA). Orientadora
do módulo de Metodologia da Pesquisa do Curso de Saúde Pública com ênfase em Saúde Indígena e Saúde da
Família do Instituto Singular Educacional.
2

Health Library, where articles from LILACS, MEDLINE and BNDENF - NFERMAGEM were used. The
analysis of the articles was done through content analysis. As inclusion criterion were selected the
publications that were in an article format with full text online, published in the period between 2003 to
2018 and that presented as Portuguese language. As an exclusion criterion, publications that were not
in the format of an article, with incomplete text or written in a foreign language, and those that were
published outside the period defined for the survey, were discarded. The results obtained comprised a
total of 10 articles related to the theme that were divided and analyzed in two thematic categories. We
conclude that breastfeeding positively interferes with the constitution of healthy affective bonds
between mother and baby. Friends and family members are also important for the maintenance or
discontinuation of breastfeeding for the child's development, and further research is needed on the
importance of breastfeeding in the formation of healthy affective bonds between mother and baby, in
view of the relevance of the topic to primary care focused on programs and actions and
implementation of new health strategies.

Keywords: Breastfeeding, emotional bonds, affectivity, public health.

1 INTRODUÇÃO

Tão importante quanto a fase do pré-natal, é a fase após o parto, quando


finalmente mamãe e bebê vão se conhecer e estreitar os laços afetivos. Um dos
momentos mais importantes nesse processo é a amamentação.
O aleitamento materno resulta em notáveis benefícios tanto para o recém-
nascido quanto para a mãe. Podemos citar o valor nutritivo do leite materno, os
elementos imunoprotetivos essenciais ao recém-nascido, os benefícios para a saúde
da mulher – como a diminuição do câncer de mama – e o desenvolvimento de
vínculos afetivos saudáveis entre mamãe e bebê.
A escolha do tema justifica-se pelo mesmo abranger várias áreas de
conhecimento que ao trabalharem juntas proporcionam uma visão integrada do ser
humano em todos os seus aspectos. Além disso, agrega conhecimentos
fundamentais para o acolhimento e manejo nesse período em que a mulher se
encontra mais fragilizada. Dessa forma surgiu o seguinte questionamento: a
amamentação é capaz de produzir vínculos afetivos saudáveis entre mãe filho,
levando em consideração os vários aspectos envolvidos nesse processo?
Com a finalidade de responder a indagação acima essa pesquisa teve como
objetivo analisar se a amamentação interfere positivamente na constituição de
vínculos afetivos saudáveis entre mamãe/bebê.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Ganho de peso e Nutrição
3

Tudo começa na descoberta da gravidez, pois, a gestação proporciona a


chegada de uma nova vida dentro do lar, podendo ser responsável por grande
alegria para os familiares e para a futura mamãe. Durante esse período, o corpo
feminino passa por transformações que garantem o desenvolvimento do feto. 1
Porem essa mudança também afeta na sua alimentação.
Durante esse período a mulher poder ganhar 12 quilos equivalente 300kl por
dia que é o permitido durante a gestação, não sendo recomendado fazer dieta
restritiva em nutrientes. A avaliação nutricional da gestante inclui as avaliações
antropométricas, alimentar, bioquímica e clínica. O ganho ponderal ocorre
gradualmente conforme as semanas de gestação.2
Para sabermos o quanto essa mulher ganhou de peso é realizado um cálculo
do índice de massa corpórea IMC= (peso x altura), porém, existe fatores e condições
que afetam para uma nutrição saudável como a ingestão de gorduras, bebidas
alcoólicas, cafeína, produtos industrializados e doenças como a diabetes e
hipertensão.
Recomenda-se dar preferência para alimentos naturais e frescos, diminuir o
excesso de gorduras e óleo no preparo dos alimentos, evitar comidas
industrializadas, em decorrência do alto teor de sódio, açúcar e conservantes e
praticar exercício físico, mantendo uma alimentação balanceada e adequada. 3
A alimentação adequada durante a gestação é de suma importância pois é
através dela que mamãe e bebê irão adquirir os nutrientes necessários para
gozarem boa saúde e condições físicas, após o parto o bebê passará a receber
esses nutrientes através do aleitamento materno, um processo que envolve fatores
fisiológicos, ambientais e emocionais, garantindo a saúde da criança, combatendo a
desnutrição, a mortalidade infantil, infecções do trato respiratório e as alergias. 2
É o alimento mais eficaz, saudável e seguro, atendendo aos aspectos
nutricionais, imunológico e psicológico da criança.
2.2 Fatores imunoprotetivos
O leite materno é o único alimento capaz de reduzir, mundialmente, as taxas de
mortalidade infantil, pois é rico em anticorpos, chamado imunoglobulina A.
protegendo-o contra infecções, uma das principais causas de morte em crianças.
Sendo recomendado a sua ingestão exclusiva até os seis meses de vida.
Além disso, diminui o risco para o desenvolvimento futuro de doenças como
diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, anemia, alergia alimentares e
4

cáries.4 A amamentação deve ser iniciada logo após o parto, isto estimula a
produção de leite e deve começar no Máximo uma hora após o nascimento do
recém-nascido.5
O primeiro leite produzido é uma secreção mamaria chamada colostro, aguado
e riquíssimo em imunoglobulina A. É rico em proteínas, vitaminas, sais minerais e
anticorpos, sua composição contém endorfina que ajuda a suprimir a dor e é
considerado a primeira vacina do bebê- ele formará a primeira memória imunológica.
2.3 Benefícios para mãe e filho
O leite materno é indispensável ao recém-nascido pois dentre outros benefícios
ele promove uma flora intestinal rica em bactérias benéficas; protege contra a
obesidade futura, diabetes tipo 2 e doenças crônicas do adulto; previne as alergias;
reforça o sistema imunológico, ajuda na formação dos músculos e ossos da face
ajudando na formação das bochechas do bebê; praticidade; economia, etc.
A mãe também é beneficiada no processo de amamentação, visto que, ajuda
na recuperação pós-parto; favorece a estimulação da oxitocina - hormônio
responsável pelo retorno do útero ao seu tamanho normal de antes da gravidez de
forma rápida, ajuda a prevenir uma nova gestação, além de ajudar a reduzir o risco
de Câncer de Mamas, útero e ovário.3
2.4 Tipos de aleitamento materno
O aleitamento materno é classificado como quando a criança recebe leite
materno (direto da mama ou ordenhado), independente de receber ou não outros
alimentos. Existem 4 tipos de aleitamento materno: o aleitamento materno
exclusivo, o predominante, o complementado e o misto ou parcial.6

Quadro 1 – Tipos de aleitamento materno e seus respectivos conceitos.


Aleitamento
Aleitamento materno Aleitamento materno Aleitamento materno
materno misto ou
exclusivo predominante complementado
parcial
Quando a criança Quando a criança Quando a criança Quando a criança
recebe somente leite recebe, além do leite recebe, além do leite recebe leite materno
materno exclusivo até materno há utilização materno, a introdução e outros tipos de leite
os seis meses, direto da de água ou bebidas à de alimento sólido ou de vaca.
mama ou ordenhado, ou base de água (água semissólido com a
leite humano de outra adocicada, chás, finalidade de
fonte, sem outros infusões), sucos de complementá-lo, e
5

líquidos ou sólidos. frutas e fluidos rituais. não de substituí-lo.


2.5 Técnica da amamentação
Quando falamos em técnicas corretas de amamentação para as mães, isso se
refere à posição que a mãe coloca a criança no colo para amamentar e também e a
maneira que a criança abocanha a mama adequadamente durante o aleitamento.
Apesar de a sucção do RN ser um ato reflexo, ele precisa aprender a retirar o leite
do peito de forma eficiente.
Quando o bebê pega a mama adequadamente, o que requer uma abertura
ampla da boca, abocanhando não apenas o mamilo, mas também parte da aréola
forma-se um lacre perfeito entre a boca e a mama, garantindo a formação do vácuo,
indispensável para que o mamilo e a aréola se mantenham dentro da boca do bebê.2
A técnica de amamentação, ou seja, a maneira como a dupla mãe/RN se
posicionam para amamentar/mamar e a pega/sucção do bebê são muito importantes
para que o bebê consiga retirar, de maneira eficiente, o leite da mama e também
para não machucar os mamilos.7 Quando há uma boa pega, o mamilo fica na
posição dentro da boca da criança que o protege da fricção e compressão,
prevenindo assim, lesões mamilares.6 (Figura 1)
Uma posição desconfortável para o binômio na hora da amamentação dificulta
o posicionamento correto da boca do bebê em relação ao mamilo e à aréola,
resultando no que se denomina de “má pega”. A má pega dificulta o esvaziamento
das mamas, levando a uma diminuição da produção do leite materno.6 (Figura 2)
Quando a criança faz a pega inadequada o ganho de peso é prejudicado. Isso
ocorre porque, nessa situação, ele é capaz de obter o leite anterior, mas tem
dificuldade de retirar o leite posterior, mais calórico.5
Figura 1 - Pega adequada Figura 2 – Pega inadequada

Para que ocorra uma pega adequada é necessário que tanto mãe quanto bebê
estejam em uma posição confortável,5 a tabela 1 descreve as posições confortáveis
para amamentar.
6

Tabela 1. Posições confortáveis para amamentar

POSIÇÕES CONFORTÁVEIS PARA AMAMENTAR


• Segurar o bebê no colo em posição transversal, barriga com barriga, utilizando o braço
contrário ao seio em que ele está mamando;
• Deitada de lado, a mãe coloca o bebê em posição paralela a seu corpo, também de lado;
• Segura o bebê no colo em posição transversal, utilizando o braço do mesmo lado do seio
em que ele mama;
• Segurar o bebê invertido, com as perninhas passando embaixo do braço, do mesmo lado
do seio em que ele está mamando e apoiando as pernas cruzadas na beira da cama ou
em outro móvel;
• Posição de cavalinho, esta é a aposição ideal, com a cabeça do bebê mais erguida para
evitar engasgo;
• A posição “invertido” também é utilizado para gêmeos simultaneamente. É importante que
uma pessoa ajude a segurar um dos bebês no início e no fim da amamentação.

2.6 Vínculo emocional entre mamãe/bebê


O vínculo emocional é caracterizado pelo estabelecimento de uma conexão
intensa entre os pais e o bebê, promove sensações de segurança e auto estima da
criança. Nos primeiros meses de vida somos seres tácteis, sensoriais. O ato de
acariciar o bebê desencadeia a liberação do hormônio ocitocina que é responsável
pela sensação de felicidade, relaxamento e segurança. 8
A qualidade do vínculo mãe-filho, importante ligação afetiva, imprime marcas
no desenvolvimento da personalidade de uma pessoa e nas relações que ela
estabelece em seu cotidiano e com o mundo, portanto deveria ser considerada uma
questão primordial em saúde pública.9
O ambiente considerado como essencial para o bom desenvolvimento do
processo de formação do vínculo mãe-bebê, é formado por algumas condições tidas
como facilitadoras; como a presença de um companheiro continente, um ambiente
familiar tolerante, um bebê saudável e desejado. 10
A concomitância de todos esses aspectos introduz o conceito de holding e da
mãe suficientemente boa, que é capaz de suprir todas as necessidades de seu filho,
promovendo o sentimento de satisfação e excluindo o sentimento de culpa e
angústia que estaria atrelado a frustração por não conseguir atender as demandas
7

do recém-nascido, como por exemplo a mãe que deseja amamentar e por algum
motivo não o consegue fazer.
O vínculo nasce da interação entre a mãe e o filho, numa dança gestual e
expressiva entre os dois, eliciado por alguns desencadeantes inatos (contato olho-a-
olho, choro...) ele é aprendido nas “conversas”, através da linguagem dos sentidos,
quando olhar, ouvir, tocar, falar, chorar e amamentar vão adquirindo significados
especiais.9

3 MÉTODO

Esse trabalho tratou-se de um estudo de revisão integrativa da literatura, optou-


se por utilizar esse método pelo mesmo reunir e sistematizar resultados de pesquisa
sobre um delimitado tema ou questão de maneira sistemática e ordenada,
contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado.11
A identificação dos artigos foi realizada por meio de busca bibliográfica em
periódicos, tendo como base de dados a Biblioteca Virtual em Saúde, onde foram
utilizados artigos do LILACS, MEDLINE e BNDENF - ENFERMAGEM. Na busca
foram empregados os seguintes descritores: amamentação, afetividade, vínculos
emocionais e apego combinados através do operador booleano AND, com o intuito
de encontrar publicações que tivessem os descritores ocorrendo simultaneamente.
A fim de favorecer a síntese das informações necessárias para a elaboração
dos resultados e discussão, os artigos selecionados foram divididos em categorias
temáticas e analisados através da Análise de Conteúdo, pela mesma ser composta
por procedimentos sistemáticos que proporcionam o levantamento de indicadores
(quantitativos ou não) permitindo a realização de inferência de conhecimentos. 12
Como critério de inclusão foram selecionadas as publicações que se
encontravam em formato de artigo com texto na íntegra online, publicados no
período entre 2003 a 2018 e que apresentavam como idioma a língua portuguesa.
Como critério de exclusão, foram descartadas publicações que não estivessem no
formato de artigo, com texto incompleto ou redigido em idioma estrangeiro e também
os que foram publicados fora do período delimitado para a pesquisa.
8

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na busca foram encontrados o total de 526 publicações. Destas 42 atenderam


aos critérios de busca anteriormente estabelecidos. Descartando-se os artigos
repetidos em mais de uma base indexadora e os critérios de inclusão e exclusão,
chegou-se ao total de 10 artigos indexados de produção brasileira que abordava
sobre a temática da importância da amamentação na formação de vínculos afetivos
saudáveis no binômio mãe/bebê, que foram utilizados como instrumentos de
mensuração dos critérios preestabelecidos para a construção do corpus deste
estudo. Ilustrado abaixo na tabela 2 podemos visualizar os artigos recuperados na
base de dados e os que foram selecionados para a análise.

Tabela 2. Distribuição numérica de Publicações encontradas e Selecionadas nas Base Indexadora


consultada
Artigos Artigos
Base de Artigos
Descritores previamente revisados e
dados encontrados
selecionados selecionados
Amamentação and LILACS 5 4 1
Afetividade
BNDENF 1 1 1
MEDLINE 234 4 2

LILACS 9 6 2
Amamentação and
INDEX PSI 2 2 -
Vínculos
emocionais SEC. EST.
2 1 -
SAÚDE SP

BNDENF 1 1 -

MEDLINE 235 4 0

LILACS 24 12 4

BNDENF 5 4 -

Apego and
INDEX PSI 3 2 -
Amamentação
SEC. EST.
2 1 -
SAÚDE SP
INDEX PSI
2 - -
TESES

LIS 1 - -
9

Os artigos selecionados para compor o corpus deste estudo foram analisados e


agrupados de forma sistemática conforme apresentado na tabela a seguir. (Tabela
3)

Tabela 3. Distribuição dos artigos que constituem o corpus do estudo segundo autores, ano de
publicação e título
Ref. Autor (es) Ano Título
Rocha; Apego mãe-filho: estudo comparativo entre mãe de parto normal
1 2003
Simpionato; Mello e cesárea.
O lugar da mãe na prática de amamentação de sua filha nutriz: o
2 Machado et al 2004
estar junto.
Rafael; Silva;
3 2005 O significado da amamentação para a mulher primípara.
Rodrigues
Amamentação de prematuros com menos de 1500 gramas:
4 Delgado; Halpem 2005
funcionamento motor-oral e apego.
Mendes; Percepção dos enfermeiros quanto aos fatores de risco para
5 2006
Galdeano vínculo mãe-bebê prejudicado.
Aleitamento materno em crianças até seis meses de vida:
6 Carrascoza et al 2011
percepção das mães.
Fatores emocionais associados ao aleitamento materno
7 Diehl; Anton 2012
exclusivo e sua interrupção precoce: um estudo qualitativo.
Condições iniciais do aleitamento materno de recém-nascidos
8 Scheeren et al 2012
prematuros.
Método mãe-canguru: percepção da equipe de enfermagem na
9 Souza et al 2014
promoção a saúde do neonato.
10 Mariano; Silva 2018 Significando o amamentar na prisão.

No que concerne ao ano de publicação, observou-se que os anos de 2005 e


2012, concentraram o maior número de publicações, 2 publicações em 2005 e 2
publicações em 2012, totalizando 40% da amostra. Os outros anos selecionados
apresentaram apenas 1 publicação cada, que equivale a 10% e que somadas
totalizam 60% da amostra dos artigos que compõem o corpus deste estudo.
Os artigos da amostra foram publicados em 10 revistas científicas distintas e
ressalta-se que as publicações selecionadas são provenientes de periódicos de
Revistas de Enfermagem, Fonoaudiologia e Psicologia. Ocorrendo com maior
prevalência as revistas de Enfermagem (70%), seguida da de Fonoaudiologia (20%)
e apenas uma de Psicologia (10%).
Com a finalidade de obter dados tanto qualitativos quanto quantitativos, em
suas metodologias foram utilizados alguns instrumentos de análise e avaliação como
entrevistas, registros cursivos de observação de comportamento, consultas aos
prontuários, estudos de caso, protocolos, gravações, questionários e roteiros.
Destaca-se que todos os artigos selecionados para análise, aplicaram o Termo
de Consentimento Livre Esclarecido – TCLE, o qual traz todas as informações sobre
10

a pesquisa que será desenvolvida. É a fonte de esclarecimento que permitirá ao


participante da pesquisa tomar sua decisão de forma justa e sem constrangimentos.
É através desse documento que o pesquisador obtém proteção legal e moral,
posto que é a manifestação consciente de concordância com a participação na
pesquisa.
Nele deve conter, de forma clara as informações mais importantes da pesquisa.
Todos os itens incluindo título, justificativas, objetivos, possíveis riscos e benefícios e
a desistência da pesquisa a qualquer momento sem nenhum ônus ao participante.
Essas informações devem estar descritas em uma linguagem que seja entendida
pelos eventuais participantes da pesquisa, que ao concordarem com as mesmas,
devem assinar o termo.
Os artigos selecionados foram agrupados em categorias temáticas, a primeira
categoria é composta pelos artigos, 1, 2, 3, 6, 7 e 10, que expõem a questão dos
vínculos afetivos tanto da mãe/bebê quanto dos vínculos afetivos familiares positivos
e negativos que interferem na amamentação, bem como a visão das mães a
respeito desse processo.
No artigo 1 chegou-se à conclusão de que o RN é mais propenso a estabelecer
relações de apego com a pessoa que interage com ele, do que com a pessoa que o
alimenta e cuida de sua higiene corporal, sem se preocupar em manter os sinais de
reciprocidade na comunicação interativa. Já no artigo 2, ressalta-se a questão da
organização e desempenho das tarefas domésticas a participação da mãe da nutriz
é fundamental. Na maternidade da filha emerge significados simbólicos do que seja
ser mãe, renovando os vínculos, consolidando-os e até mesmo reconciliando-os.
O artigo 3 evidencia que para a mulher o processo de amamentação se torna
algo que pode afetar sua totalidade, pois envolve o físico, o espirito e o emocional,
extrapolando o biológico, atingindo diversos fatores de natureza sentimental e
perceptiva, envolvendo ansiedades, angústias e desejos. Sendo assim, torna-se
fundamental os significados que têm para ela o ser mãe/ mulher/ trabalhadora/
nutriz, assim como o significado atribuído a criança.
Dessa forma, fica evidenciado que a mulher age, no que concerne à
amamentação, baseada no significado que essa tem para ela. Embutido nesse
significado, está inserida sua percepção de que afetividade e dever materno são
esperados de toda aquela que se torna mãe.
11

No artigo 6, de modo geral, observou-se que as mães apresentam percepções


positivas em relação a prática do aleitamento materno, além disso a participação
dessas mães em um programa de incentivo ao aleitamento materno fez com que
elas adquirissem um repertório comportamental favorável a prática do aleitamento e
percebem esse processo como positivo para a díade mãe-criança.
Percebe-se também que o ato de amamentar parece ter maior sucesso quando
as necessidades físicas, emocionais, sociais, culturais, intelectuais e profissionais da
nutriz são, ao menos, consideradas de forma empática pela sociedade.
É importante compreender como se sentem as mães que estão amamentando,
tendo em vista que a mãe não é apenas uma fonte de alimento, mas também possui
necessidade psicossociais e é influenciada por um amplo conjunto de variáveis
contextuais e culturais.
Fato esse que também pode ser observado no artigo 7, que mostrou que a
história de vida, as condições biológicas e emocionais das participantes e dos
bebês, o valor que as participantes davam ao aleitamento materno exclusivo, assim
como o apoio da equipe hospitalar, dos pediatras, dos maridos e das avós
influenciaram a manutenção ou interrupção do aleitamento materno exclusivo. Estes
achados podem contribuir para estratégias de saúde pública mais eficazes na
promoção do aleitamento materno e para a discussão do papel do psicólogo neste
contexto.
O último artigo dessa categoria, artigo 10, traz um olhar pouco debatido no
campo científico da saúde pública, ele discute a amamentação feitas por mulheres
em restrição de liberdade e evidência a construção de uma relação entre mãe e o
filho, que representa para ela uma forma de tolerar e conviver com o ambiente hostil
e conflituoso da penitenciária.
A amamentação representa uma alternativa de bem-estar da criança e da mãe,
na medida em que também representa a segurança de manter a criança junto a si.
Ao viver a crise do desmame e da separação do filho a mulher vive também a
possibilidade de outras perdas, sobretudo a de vínculos com seu mundo de
referência e consigo mesmo.
Além dos significados dos pontos de vista biológico e emocional, amamentar é
um instrumento para garantir o direito de manter a criança junto de si. Reconhece-se
as perdas mas julgam que valeu a pena, apesar das perdas e danos percebidos.
12

A segunda categoria temática é composta pelos artigos 4, 5, 8 e 9 e abordam


tanto a percepção quanto a importância da equipe multiprofissional, tendo o
enfermeiro como protagonista no auxílio a introdução da amamentação em recém-
nascidos prematuros.
O artigo 4, analisa variáveis relacionadas ao funcionamento motor-oral e
considera que a alteração dessas variáveis constitui-se nas dificuldades para
estabelecer a amamentação. Evidência dessa forma que através da avaliação oral e
das observações da amamentação é possível, detectar dificuldades iniciais muitas
vezes passíveis de modificação, que colocam em risco o processo de aleitamento.
Fazendo essa análise o artigo levanta um outro ponto importante que é a
participação da equipe multiprofissional e destaca a figura do Fonoaudiólogo nesse
contexto.
Já o artigo 5, traz a percepção dos enfermeiros aos fatores de risco para a
formação de vínculos mãe-bebê prejudicado.
Chegou-se à conclusão com esse artigo que o fator de risco identificado pelo
maior número de enfermeiros foi a doença do recém-nascido, seguido pelo
despreparo dos profissionais, a prematuridade, a gravidez indesejada. As ações de
enfermagem relatadas foram: o incentivo a amamentação na primeira hora de vida
do recém-nascido.
Dessa forma, percebe-se que os enfermeiros reconhecem a importância do
preparo, técnico e científico do profissional para atender as necessidades da
puérpera e do seu recém-nascido e dessa forma amenizar as inferências negativas
na formação do vínculo afetivo.
Na pesquisa feita pelos autores do artigo 8 infere-se que os fatores prévios
relacionados ao aleitamento materno foram positivos pelo fato de o estabelecimento
ter o título de Hospital Amigo da Criança. O fato de as mães serem mais velhas é
referido como fator protetor para o aleitamento materno em prematuros.
O número de consultas no pré-natal foi o preconizado pela OMS, esse dado é
importante pois é nas consultas durante o pré-natal que as mães são inicialmente
incentivadas a amamentar e deve ser propagado no período peri e pós-natal.
A falta de experiência materna e de informação pode levar ao desmame
precoce. Os resultados considerados piores estão relacionados a longos períodos
de internação, a falta de estimulação oral adequada e os procedimentos médicos
necessários irão contribuir para as dificuldades alimentares do prematuro.
13

A afetividade entre mãe e filho foi um dos itens com maior comportamento
favorável. O vínculo mãe/bebê também deve ser observado: a forma como a mãe
segura o bebê, os toques físicos e o contato visual durante a mamada.
Já o último artigo dessa categoria, artigo 9, apresenta o Método Mãe Canguru
e avalia os profissionais a respeito de seus conhecimentos e o manejo técnico
dentro desse método.
Através desse artigo é possível perceber que os profissionais de enfermagem
entrevistados compreendem o Método Mãe Canguru aplicado na sua assistência
diária como uma busca pela humanização do cuidado com o recém-nascido, como
uma forma de estímulo a ligação entre mãe e filho e se apresenta como fator de
relevância na recuperação do recém-nascido proporcionando ganho de peso,
estabilidade dos dados vitais e estímulo a amamentação.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Levando em consideração a análise feita a partir dos artigos selecionados


chegamos à conclusão que a amamentação interfere positivamente na constituição
de vínculos afetivos saudáveis entre mamãe/bebê. Pois a nutriz deve conciliar
trabalho, tarefas do lar, ser mãe, esposa e filha, dessa forma, a avó materna ocupa
um papel primordial para essa primípara. Nesse período os amigos e familiares
também são importantes para a manutenção ou interrupção da amamentação para o
desenvolvimento da criança.
Outro aspecto que observamos foram as condições sociais, emocionais,
físicas, culturais, biológicas, intelectuais e financeiras como condições que
interferem positiva ou negativamente tendo em vista que o aleitamento materno não
se trata apenas de alimentar, como um ato mecânico, mas sim uma troca, um
vínculo entre mãe e filho. Também ajuda na formação orofacial do recém-nascido.
Compreendemos que a humanização feita pela equipe multiprofissional faz
toda a diferença para uma mãe de primeira viagem, não importando se ela teve seu
bebê de parto natural, cesárea ou prematuro, pois através das orientações
fornecidas pela equipe ela esclarece suas dúvidas e também de seus familiares,
propiciando assim mais segurança, conforto e acolhimento para essa nutriz.
Concluímos que este artigo contribuirá para o fortalecimento de novas
pesquisas relacionadas a importância da amamentação na formação de vínculos
14

afetivos saudáveis entre mamãe/bebê, tendo em vista a relevância do tema para a


atenção primária focada nos programas e ações e na implementação de novas
estratégias de saúde.
15

REFERÊNCIAS

1. LOPEZ, Fabio Ancona; Jr, Dioclecio Campos. Filhos da gravidez aos 2 anos de
idades dos pediatras da sociedade Brasileira de Pediatria para os pais. São
Paulo: Manole, 2014.
2. VITOLO, Márcia Regina. Nutrição da Gestante ao Envelhecimento. Rio de
Janeiro: RUBIO; 2 ed. 2015.
3. BRASIL. Ministério da saúde: Caderneta da Gestante. Brasília- DF, 2014.
Acesso em: WWW. Saúde.gov.br.
4. SOUZA, Aspásia Basile Gesteira. Enfermagem Neonatal: Cuidado Integral ao
Recém- Nascido. São Paulo: Martinari, 1 ed. 2011.
5. MAHET, Thatiane. O Grande Livro do Bebê; São Paulo: Planeta, 2017.
6. BRASIL. Ministério da saúde: Saúde da Criança: Nutrição Infantil.
Aleitamento Materno e alimentação Complementar. Brasília- DF, 2009. Acesso
em: WWW. Saúde.gov.br
7. BRASIL. Ministério da saúde: Caderneta da criança. Brasília- DF, 2011. Acesso
em: WWW. Saúde.gov.br.
8. BENDEFY, Ilona. Dia a Dia do bebe. São Paulo: SENAC, 2014.
9. POMMÉ, Eliana Lemos. O vínculo mãe-bebê: primeiros contatos e a importância
do holding. São Paulo: Puc-SP, 2008.
10. WINNICOTT, D.W. Os bebês e suas mães, São Paulo: Martins Fontes, 1988.
11. MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. C. P.; GALVÃO, C. M. Revisão integrativa:
método de pesquisa pela incorporação de evidências na saúde e na enfermagem.
Florianópolis: Texto Contexto Enfermagem. v. 17, n. 4, p. 758-764, Out-Dez, 2008.
12. CAVALCANTE, R. B.; CALIXTO, P.; PINHEIRO, M. M. K. Análise de conteúdo:
considerações gerais, relações com a pergunta de pesquisa, possibilidades e
limitações do método. João Pessoa: Inf. & Soc: Est, v.24, n. 1, Jan-Abr, p. 13-18.
2014.

Você também pode gostar