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Fernanda Paula Cerântola Siqueira1, Joyce Caroline Calixta da Silva1, Fernanda Moerbeck Cardoso Mazzetto1,
Sandra Renata Albino Marques1 e Julia Tavares de Oliveira Prado1
UNDERSTANDING THE ROLE OF MEN IN THE BREASTFEEDING PROCESS FROM THE PERSPECTIVE
OF HEALTH PROFESSIONALS
Abstract. Objective: To understand the role of men in the breastfeeding process from the perspective of
health professionals. Method: A qualitative study carried out with 32 health professionals working in a
maternity and children’s hospital. Data collection was performed through a questionnaire and content
analysis, thematic modality was used. Results: Three themes were identified: "Support for women/nursing
mothers", "Perceived difficulties for paternal support for women/nursing mothers" and "Strategies for
aiding paternal support for women/nursing mothers". Conclusion: The investigation highlights men’s
support as a fundamental element in the breastfeeding process, in addition to the need for their
preparation to safely share the care of the child and to empower the woman/nursing mother. The father
should, therefore, be prepared and included in all phases of the puerperal pregnancy cycle in the various
scenarios of the network of maternal child health care.
Keywords: Breast feeding; Child health; Maternal and child health
1 Introdução
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2 Material e Método
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3 Resultados
Entre os 32 profissionais participantes, constatou-se que, a maioria era do sexo feminino e com
idades entre 20 e 40 anos de idade, branca e, em relação ao estado civil, possuíam união estável. A
profissão com mais profissionais atuantes e participantes deste estudo foi a equipe de enfermagem.
Entre os 32 profissionais da equipe multiprofissional que presta assistência na unidade materno-
infantil, cenário desta pesquisa, a maioria atua na profissão há mais de 5 anos e já realizaram curso
de capacitação para promoção do aleitamento materno. Dos participantes, 13 referiram desenvolver
algum tipo de atividade que incentive o aleitamento materno.
Pelos depoimentos dos profissionais participantes deste estudo foi possível identificar três categorias
temáticas, apresentadas a seguir.
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Aflora, nas falas dos profissionais participantes, que o apoio do homem à mulher no processo de
amamentação pode ser de ordem emocional ou física. Destacam que o homem, para contribuir com
a nutriz nessa fase, deve ser paciente, afetivo, utilizar linguagem de incentivo, buscando tranquilizá-
la. Apontam também que, quando o homem acolhe as orientações dos profissionais e compartilha os
cuidados do recém-nascido, não permite influências negativas no processo de amamentação, o que
fortalece a relação do casal e a segurança deles para cuidarem do filho.
[...] O homem deve contribuir com o apoio físico e emocional, ajudando a esposa com o bebê para
o sucesso do aleitamento materno [...]. O papel dele é apoiar a esposa no aleitamento materno
sendo paciente, utilizando palavras de fortalecimento para a esposa, além do apoio emocional,
apoiando também nos cuidados ao bebê para não sobrecarregar a esposa. Pois somente o fato de
ele estar por perto já está ajudando, ele deve estar aberto para as orientações de profissionais e
não permitir que atrapalhem no aleitamento.(P17; P18; P28)
Sugerem ainda, que o homem pode apoiar a mulher dividindo as diversas tarefas, como, por
exemplo, em alguns cuidados com o filho, nos afazeres domésticos e no manejo adequado da
amamentação. A importância do apoio do homem nas atividades com o filho é fundamental no
período noturno. A nutriz quando apoiada pelo parceiro se sente motivada para amamentar o filho.
[...] como no incentivo, principalmente no período noturno, ajuda física e emocional no convívio
familiar e no afeto com o bebê, a colaboração nos cuidados gerais com o bebê. A puérpera se
sentirá mais motivada a amamentar se for ajudada.(P23; P27)
Colaboração do homem nos afazeres da casa enquanto a mãe amamenta o filho.(P11; P13)
Os participantes salientam que o papel do homem nessa fase traz incentivo e apoio à mulher para
amamentar e possibilita o crescimento e o desenvolvimento saudável da criança.
O homem deve e tem que participar apoiando a mulher e incentivando a amamentação para o
filho crescer com saúde.(P4; P5)
O papel do homem tem a sua importância centrada na segurança que transmite à mulher no período
de amamentação, bem como na relação que irá estabelecer com o filho.
Muito importante, sem dúvidas. O pai irá passar segurança para a mãe e também na interação
pais e filhos, no que se diz respeito à família que nada mais é que amor, afeto, carinho e
cumplicidade.(P6; P24; P26)
Nesta categoria, os profissionais referem que os homens se deparam com dificuldades para
apoiarem o processo de amamentação. Acreditam que uma das dificuldades possa estar relacionada
à construção do papel social da mulher. Referem que a amamentação ainda é reconhecida,
culturalmente, como papel exclusivo da mãe.
O homem não tem uma participação ativa, por compreender ou entender que a função da
amamentação é processo com figura de importância apenas a mãe.(P8; P28)
Outra dificuldade apontada pelos profissionais participantes é o despreparo do homem em relação
ao seu próprio papel no processo de amamentação, bem como no processo de cuidado do filho de
uma forma geral.
[...] por falta de orientação e incentivo de como seu papel faria a diferença.(P8)
A pouca participação do homem, sua resistência e o preconceito quanto à amamentação em público
foram relatados como fatores que dificultam a promoção do aleitamento materno. Os participantes
referem que estes aspectos ainda precisam ser melhor informados para a população.
[...] os homens precisam quebrar o “tabu” da amamentação e deixar o preconceito e crítica de
lado quando a mulher está amamentando e com o seio à mostra em determinados lugares.(P10;
P32)
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Outro entrave citado é que a organização dos leitos na maternidade, que pode dificultar o início do
processo de amamentação quando há compartilhamento do quarto, pois algumas mulheres poderão
se sentir constrangidas na presença de pessoas que ela não conhece.
[...] penso que é complicado em um mesmo quarto dois casais, porque as lactantes podem ficar
constrangidas com um homem desconhecido no quarto.(P30)
Nesta categoria, os participantes expressam estratégias que contribuem para que o apoio do homem
seja efetivo no processo de amamentação. Destacam a importância da participação do homem, junto
com sua companheira, em cursos e grupos desde o período gestacional. Sugerem também que as
orientações devem ser realizadas pela equipe multiprofissional na rede de cuidados.
[...] o pai deve participar, junto com a esposa, dos cursos para gestantes para que, após o parto,
grande parte das dúvidas estejam esclarecidas.(P7)
Os incentivos e orientações podem ser feitos através de grupos nas unidades básicas de saúde
com a presença de médico, enfermeira, auxiliares, pessoas capacitadas para tal explicação e
orientação. Além dos hospitais e maternidades.(P12)
Os profissionais destacaram a necessidade de o cenário hospitalar desenvolver também grupo de
apoio com a inclusão e maior valorização do homem nesse espaço para que, de fato, ele possa
ampliar seu conhecimento.
[...] incentivos como grupos de apoio na maternidade [...] contribuem na ampliação de
informações e valorização do papel do homem no processo.(P28)
Os profissionais acreditam que, quando o homem se sente preparado quanto ao manejo da
amamentação e suas complicações e quando reconhece a importância do aleitamento materno para
a saúde do filho, ele poderá contribuir de forma efetiva e segura. Referem que a presença do homem
no momento da amamentação minimiza as incertezas, colabora no enfrentamento das dificuldades
que sua parceira vivencia e fortalece o vínculo pai-mãe-filho.
[...] É importante que o homem saiba as vantagens do aleitamento, para entender o porquê de
apoiar sua companheira. Além disso, é interessante conhecer as técnicas de amamentação e
quais suas possíveis intercorrências para poder ajudar melhor a mulher.(P21)
[...] O homem pode estar atento para acalmar o bebê quando este estiver chorando\irritado,
apoiar, auxiliar e deixar a mulher confortável e segura, ou simplesmente se manter presente no
momento da amamentação. Amamentar é difícil para algumas mulheres, a presença do homem
durante o processo fortalece o vínculo afetivo entre pai- mãe- bebê.(P31)
4 Discussão
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fornecem cuidado materno-infantil e às famílias, de modo a favorecer o cumprimento dos dez passos
para o sucesso dessa estratégia definidos pela portaria nº 1.153 de 22/05 de 2014 (Brasil, 2017).
Os profissionais de saúde ainda destacaram a importância do papel do homem enquanto apoiador
no processo de cuidado do filho e a necessidade de ser incluído nos diversos cenários de cuidado.
Esses resultados são reiterados por outras pesquisas, que aponta que, a partir da inserção do homem
e do acolhimento do casal em relação às dúvidas e aos sentimentos vivenciados, há possibilidade
estarem atentos às singularidades de cada família (Rêgo, Alves, Rocha, & Alves, 2016), não tornando
a obrigatoriedade do aleitamento materno como única forma de cuidar (Seixas, Siqueira, & Mazzeto,
2017).
Nesta pesquisa evidenciou-se o apoio paterno como elemento fundamental do papel do homem no
processo de amamentação. Os participantes reconheceram que a fase de amamentação é um
período em que a mulher se sente frágil e sobrecarregada pelas diversas demandas de cuidado à
criança, à família e até mesmo ao lar. Nessa ocasião, o apoio paterno torna-se um recurso valioso
para a mulher resolver seus próprios problemas, uma vez que o homem estando presente e
dividindo a responsabilidade dos cuidados com o filho, contribui para o estado de bem-estar físico,
psicológico e social da mãe (Seixas et al., 2017).
Para que o apoio paterno seja efetivo, esta pesquisa corrobora os resultados obtidos por outros
estudos, segundo os quais a valorização da participação paterna deve ocorrer desde o pré-natal,
buscando quebrar barreiras de adaptação, ensinando o cuidado do filho ao casal para contribuir de
fato no manejo da amamentação, evitando o desmame precoce (Brasil, 2015, Rêgo et al., 2016,
Silveira, Barbosa, & Vieira 2016, Siqueira, Castilho, Kuabara, 2017).
Os profissionais de saúde que participaram do estudo consideram-se atores fundamentais para o
cuidado integral, sendo disseminadores de orientações para que o empoderamento e o cuidado com
o filho sejam continuados em casa. Essas orientações devem ser passadas para todos aqueles que
sejam capazes de influenciar nos sentimentos, aflições e decisões da mulher, sendo o pai da criança o
ator principal (Seixaset al., 2017).
O cuidado dispensado deve ter um eixo mãe-pai-filho, sustentado por uma comunicação clara em
todas as fases e cenários de cuidado à saúde. Acredita-se que, com as informações adequadas
transmitidas por pessoas capacitadas aos atores envolvidos no processo de cuidado à criança, o
processo de amamentação será eficaz (Siqueira & Santos, 2017).
Com a melhor interação do homem junto à mulher e ao seu filho, ele percebe que a sua participação
influencia positivamente no aleitamento materno (Piazzalunga & Lamounier, 2011). As mulheres
percebem que, quando os homens estão envolvidos nos cuidados com o filho, há também benefícios
para as transformações conjugais e familiares como um todo (Siqueira et al., 2017), assim como foi
apontado pelos profissionais participantes, evidenciando fortalecimento do vínculo familiar.
O papel paterno neste estudo foi considerado, então, importante no processo de amamentação, pois
os profissionais apontaram a família como a primeira rede de apoio à nutriz. Como a amamentação
sofre influência do ambiente em que a nutriz está inserida, não basta a mulher optar pelo
aleitamento. As pessoas que a rodeiam, principalmente sua família, devem apoiar sua escolha (Brasil,
2015, Cabral, Barros, Vasconcelos, Javorski, & Pontes, 2013).
Segundo a literatura e os participantes, alguns serviços de saúde têm incentivado a criação de grupos
de apoio à amamentação realizados por equipe multiprofissional, destinados não somente à nutriz,
mas também à família, com especial atenção ao pai da criança, visto que o apoio paterno fortalece o
processo de aleitamento materno. Tais grupos são apontados por pediatras como uma ferramenta
importante para o sucesso do aleitamento materno (Coca, Pinto, Westphala, Mania, & Abrão, 2018).
Os resultados desta pesquisa reforçam a importância do preparo familiar no ciclo gravídico
puerperal, especialmente do homem, para os cuidados do filho e as formas de apoiar a esposa no
processo de amamentação. Com isso, faz-se necessário que se valorize o potencial de apoiador e
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influenciador do pai, para que participe desses cuidados desde a descoberta da gestação. É
necessário incentivar as mulheres a valorizar as iniciativas desse pai, fazendo com que seu
companheiro, seja um “pai participante“, estruturando uma relação favorável para toda a família
(Rêgo et al., 2016).
Embora neste estudo os pais tenham sido identificados como importante fonte de apoio à
amamentação, muitos não sabem de que maneira podem apoiar as mulheres, provavelmente por
falta de informação. Alguns sentimentos negativos dos pais, comuns após o nascimento de um filho,
poderiam ser aliviados se eles estivessem conscientes da importância do seu papel, não apenas nos
cuidados com o filho, mas também nos cuidados com a nutriz (Brasil, 2015). Parece que a
paternidade nessa relação de cuidado produzido por homens muitas vezes não vem sendo
compreendida como experiência genuinamente masculina, o que evidencia um “tabu” imposto pela
sociedade. Talvez esse fato, citado por alguns profissionais participantes deste estudo, seja um dos
obstáculos para o sucesso do aleitamento materno.
Na atual sociedade, o pai é uma figura que apresenta novas funções, como companheiro, cuidador e
protetor (Jeneral, Bellini, Duarte, & Duarte, 2015). O papel do pai é tornar possível o
encaminhamento da criança desde sua realidade biológica de pequeno ser vivo até a maturidade e
sua integração social (Carvalho, 2018). Essas relevantes funções do pai na sociedade puderam ser
identificadas nos depoimentos como a valorização do papel paterno para torná-lo mais participante
e contribuir para a quebra de barreiras de adaptação e cuidados ao filho e à sua companheira para
além do manejo da amamentação, evitando o desmame precoce (Rêgo et al.,2016). Os pais devem
ter papel importante na divisão de responsabilidades ante o binômio mãe-filho, já vulnerável.
De acordo com a literatura, a escolha de amamentar se desenvolve dentro de um contexto
sociocultural influenciado pela cultura, crenças, tabus e pessoas da rede social daquele contexto
(Piazzalunga & Lamounier, 2011). A amamentação não deve vista apenas como prática biológica. Ela
perpassa funções sociais, levando à necessidade de desconstruir certos aspectos culturais,
principalmente os relacionados ao papel da mulher (Siqueira et al., 2017, Cabral et al., 2013,
Carvalho, 2018).
Destaca-se, portanto, a importância do preparo dos profissionais de saúde para desenvolverem
estratégias na rede de atenção aos cuidados materno-infantil que possibilitem e assegurem a
inclusão do homem no ciclo gravídico puerperal. Acredita-se, pois, que o homem, quando preparado
para exercer seu papel como pai apoiador, poderá dar segurança e contribuirá para o
empoderamento da mulher no processo de amamentação, garantindo assim uma prática
amamentação eficaz.
5 Considerações Finais
Os resultados obtidos nesta pesquisa evidenciaram, na fala dos profissionais de saúde, o quão é
importante o apoio do homem no processo de amamentação, ainda que se destaque que esse apoio
deve permear o período gestacional, parto e puerpério. Ressaltam que, quando o homem se sente
preparado e seguro quanto aos benefícios do aleitamento materno para a saúde do filho, ele não
permite influências negativas, compartilha os cuidados da criança e isso fortalece a relação do casal.
Embora os profissionais tenham apontado o papel do homem como um elemento importante no
processo de amamentação, também reconhecem dificuldades como o fato de o cuidado do filho
ainda ser centrado no papel da mulher, haver despreparo do homem e preconceito em relação à
amamentação em público, citando também o compartilhamento do quarto no hospital, que inibe
muitas lactantes.
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Referências
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