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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

KEROLLEN THALITA CORRÊA PEREIRA

EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO


MATERNO EXCLUSIVO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

RECIFE

2024
KEROLLEN THALITA CORRÊA PEREIRA

Resultado da intervenção na USF


Maranguape IA, para a nota parcial do
estágio curricular de enfermagem na
atenção primária.
Orientadoras: Renata Lins e Viviane
Fonseca.

RECIFE

2024
1 INTRODUÇÃO

O leite materno é vastamente reconhecido como a alimentação mais adequada


para a criança, garantindo suas necessidades nutricionais na primeira infância. Ele é
responsável pelo fortalecimento do vínculo inicial entre mãe e bebê, tendo impactos
nos mais diversos aspectos, sendo principalmente no desenvolvimento e na saúde
infantil. Essa prática é reconhecida como a medida isolada mais eficaz na prevenção
de mortes infantis em todo o mundo, ao mesmo tempo em que contribui para a saúde
da lactante (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o Aleitamento Materno
Exclusivo (AME) como o ato de alimentar a criança apenas com leite materno, sem a
introdução de outros líquidos ou alimentos sólidos, com exceção de suplementos
como vitaminas, sais de reidratação oral, minerais ou medicamentos. Caracteriza-se
como a forma ideal de alimentação nos primeiros seis meses de vida. Após esse
período, recomenda-se continuar o aleitamento materno de forma complementar,
estendendo-o até os dois anos de idade (OMS, 2007).
Apesar das diretrizes recomendando o aleitamento materno exclusivo, as taxas
globais de amamentação são consideradas baixas. Uma análise abrangendo 80
países revelou que, em 2018, apenas 42% das crianças até seis meses eram
alimentadas exclusivamente com leite materno. No contexto brasileiro, a prevalência
do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida era de 2,9% em 1986,
aumentando para 23,9% em 1996, atingindo 37,1% em 2006, e posteriormente
diminuindo para 36,6% em 2013 (BOCCOLINI et al, 2017).
A prática da amamentação é influenciada por uma variedade de fatores,
incluindo aspectos biológicos, histórico-culturais, econômico-sociais e psíquicos,
tornando-se um fenômeno complexo e não rigidamente determinado pela biologia. No
contexto brasileiro, foram implementadas políticas públicas com o objetivo de apoiar,
proteger e promover o aleitamento materno (AM), sendo reconhecidas
internacionalmente como bem-sucedidas. Entre as iniciativas destacadas estão os
Hospitais Amigos da Criança, a eficácia dos Bancos de Leite Humano, a criação da
Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças, e a
Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil. Apesar do progresso observado nos
indicadores ao longo dos anos, estes ainda não atingiram as metas estabelecidas pelo
Ministério da Saúde (MS) (LUZ et al, 2018).
O MS reconhece a relevância dos serviços de saúde na promoção, proteção e
apoio ao aleitamento materno. Dado que a Atenção Primária à Saúde (APS)
representa frequentemente o primeiro e principal ponto de acesso aos cuidados de
saúde, é crucial que o acompanhamento puerperal e da puericultura, que envolve o
crescimento e desenvolvimento das crianças, realizado nas unidades de saúde,
incorpore a abordagem do aleitamento materno e promova ativamente essa prática
(OPAS, 2018).
Neste contexto, compreende-se que atingir essa meta requer a implementação
de medidas legais e sociais que promovam a atenção integral à saúde materno-
infantil. A APS, sendo a porta de entrada para os serviços de saúde no Brasil, é
reconhecida como um espaço privilegiado para a execução de ações voltadas à
promoção, proteção, apoio e manutenção do AME. O enfermeiro desempenha um
papel estratégico nesse cenário, pois interage com a díade mãe-bebê em diversos
momentos do ciclo gravídico-puerperal (CARVALHO et al, 2018).
Diante desse cenário, surge o desafio de elaborar novas estratégias em relação
ao modelo de atenção vigente, com foco na promoção, proteção, apoio e manutenção
do AME, com a meta de elevar seus indicadores. (OLIVEIRA et al, 2015).
2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Desenvolver ações de educação em saúde na Unidade Básica de Saúde


Maranguape I-A, no município de Paulista/PE, para explicar as mães de crianças até
6 meses de idade ou gestantes atendidas pela enfermagem, a importância do
aleitamento materno exclusivo.

2.2 Objetivos Específicos

Esclarecer sobre a importância do leite materno e os benefícios que ele traz


para a criança e para mãe.
Orientar nas consultas de puericultura e pré-natal como deve ser realizada a
oferta do leite, a pega correta e como deverá ser feita a introdução alimentar quando
for o momento ideal, lembrando sempre que o leite materno pode e deve permanecer
mesmo após o início da introdução alimentar.
Reduzir o abandono ao aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade
e desmistificar a introdução alimentar.
3 METODOLOGIA

Durante a estadia na UBS, ocorreu o levantamento do perfil demográfico e


socioeconômico das usuárias que participavam do pré-natal e das mães com crianças
até 06 meses de idade. A partir disso, esclareceu-se quais as ferramentas poderiam
ser utilizadas com o público-alvo. Com isso, foi traçado um plano de intervenção, para
ser executado entre os dias 8 de janeiro a 28 de fevereiro. Foi desenvolvido um banner
que continha “10 MOTIVOS PARA AMAMENTAR” para ficar exposto de forma
estratégica no consultório de enfermagem, a fim de ser um lembrete durante a
consulta sobre as vantagens da amamentação.
Também foi elaborado um panfleto informativo, intitulado “SABIA QUE NEM
TODO CHORO É FOME?”, que abordava sobre a pega correta e os tipos de choro,
pois uma das queixas mais recorrentes observadas entre as mães, era que o leite
materno não saciava o bebê por completo. O aumento do choro estava deixando as
mães confusas, e junto a interferência familiar, estava ocorrendo a introdução de
fórmulas ou outros alimentos antes do tempo.
A oferta desses materiais ocorrerem durante as consultas. Na puericultura, a
educação foi colocada no momento que se realizou os questionamentos nutricionais
da rotina do bebê. Já no pré-natal, utilizamos os momentos finais para reforçar a
importância do estímulo ao aleitamento materno exclusivo, principalmente com as
gestantes que estavam no terceiro trimestre de gestação.
4 PRINCIPAIS RESULTADOS ALCANÇADOS

Houve uma aceitação importante das mães quanto a proposta de educação


popular em saúde. A partir da intervenção, percebeu-se a desmitificação quanto a
necessidade de complementos alimentares antes dos 06 meses de vida. A
conscientização foi visualizada a partir da permanência no aleitamento materno
exclusivo, além da retirada de outros alimentos da rotina dos lactentes. Além disso,
outros indicadores de sucesso foram percebidos. Fatores como o aumento da pega
correta, a melhora na identificação do choro e a aproximação da usuária com a
enfermeira sucederam a intervenção.

5 PERSPECTIVA PARA CONTINUIDADE E OTIMIZAÇÃO DE RESULTADOS

A partir dos resultados alcançados, é notória a contribuição significativa quanto


a educação em saúde, e o seu poder em oferecer bem-estar a comunidade como um
todo. A implementação de atividades com as usuárias que estão dentro do público-
alvo, de forma permanente, como palestras temáticas e esclarecimentos durante as
consultas, é fundamental para continuar desmistificando o aleitamento materno
exclusivo, assim como emponderando as usuárias a serem protagonistas da sua
própria saúde. A implementação de recursos atrativos, que possam ser levados para
fora da UBS, além de envolver as pacientes, servem como lembretes e meios de
fixação do conhecimento adquirido na consulta.
A criação de diálogo entre enfermeiro e paciente, possibilita a criação de vínculo
e o sentimento de valorização, que permite a participação ativa das usuárias que se
sentem seguras para tirarem suas dúvidas e aderirem comportamentos saudáveis. É
visível a carência de recursos para manter essas ações em saúde, o que pode
dificultar a execução e continuidade da intervenção proposta.
6 LIMITAÇÕES

A implementação da intervenção foi realizada no consultório de enfermagem.


No entanto, durante esse processo, algumas limitações significativas foram
identificadas. Em primeiro lugar, houve a restrição de cadeiras para o acolhimento e
conforto dos acompanhantes nas consultas. Isso influenciou na atenção
disponibilizadas pelos acompanhantes.
Outro desafio foi o recurso financeiro limitado. A aquisição de materiais
educativos, como os panfletos e cartazes, demandou verba significativa. Isso
restringia a capacidade da UBS de fornecer materiais de qualidade e atualizados para
as usuárias.
Além disso, as oscilações na participação das mulheres eram um obstáculo. A
adesão das pacientes variava consideravelmente, dependendo de diversos fatores,
como horário de atendimento, interesses individuais e escolaridade das mulheres.

7 RECURSOS

7.1 Recursos Humanos


Participaram da intervenção as discentes Kerollen Thalita (UFPE) e Cássia
Santos (UPE) e a enfermeira Renata Lins, que desempenharam um papel ativo na
condução das sessões educativas, fornecendo informações precisas e respondendo
às dúvidas dos pacientes.

7.2 Recursos Materiais


Foram utilizados além do consultório, o banner de 60 x 40 cm e folders de 15 x
21 cm.
8 CRONOGRAMA

2023/2024
ATIVIDADES
12/23 01/24 02/24

Levantamento do perfil de usuários da USF X

Revisão bibliográfica X

Preparação dos materiais para distribuição X

Realização da intervenção X X

Elaboração do material escrito X

9 ORÇAMENTO

Material Quantidade Valor unitário (R$) Valor total (R$)

Produção de arte 02 22,00 22,00

Banner 01 20,00 20,00

Folders 55 0,72 39,60

Impressão 01 12,00 12,00

TOTAL 59 93,60
REFERÊNCIAS
Boccolini CS, Boccolini PMM, Monteiro FR, Venâncio SI, Giugliani ERJ.
Breastfeeding indicators trends in Brazil for three decades. Rev Saude Publica.
2017; 51:108. http://dx.doi.org/10.11606/S1518-8787.2017051000029
PMid:29166437.

Carvalho MJLN, Carvalho MF, Santos CR, Santos PTF. First postpartum home visit:
a protective strategy for exclusive breastfeeding. Rev Paul Pediatr. 2018;36(1):66-
73. doi: 10.1590/1984-0462/;2018;36;1;00001.

Luz LS, Minamisava R, Scochi CG, Salge AK, Ribeiro LM, Castral TC. Predictive
factors of the interruption of exclusive breastfeeding in premature infants: a
prospective cohort. Rev Bras Enferm. 2018;71(6):2876-82.

Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primaria à Saúde. Departamento de


Promoção da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2
anos. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2019.

Oliveira CS, Iocca FA, Carrijo MLR, Garcia RATM. Amamentação e as


intercorrências que contribuem para o desmame precoce. Rev Gaúcha Enferm.
2015;36(N Esp):16-23. doi: 10.1590/1983-1447.2015.esp.56766.

Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Relatório 30 anos de SUS, que


SUS para 2030? [Internet]. Brasilia (DF): OPAS; 2018 [acesso em 2023 dez 11].
Disponível em: https://iris.paho.org/handle/10665.2/49663.

WHO: World Health Organization. Indicators for assessing infant and young child
feeding practices: conclusions of a consensus meeting held 6-8 November.
Washington: WHO; 2007. [citado em 2023 Dez 4 12]. 26 p. Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/43895/9789241596664_eng.pdf;jses
sionid=C3B4C6225 7BDAF63286FA697EF6768EE?sequence=1.

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