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E não é só isso. Tem muito mais. O livro tem muito conteúdo relevante.
ISBN 9786555580259
Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa
Nutrição materno infantil / Aline Rocha Rodrigues; Laís Angélica de Paula Simino:
Cengage – 2020.
Bibliografia.
ISBN 9786555580259
1. Nutrição
E-mail: sereducacional@sereducacional.com
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL
Janguiê Diniz
Autoria
Aline Rocha Rodrigues
Nutricionista, Especialista em Nutrição com ênfase em Alimentação Escolar, Mestranda em
Desenvolvimento Territorial Sustentável, pela Universidade Federal do Paraná. Formada há mais de
15 anos, com a carreira focada em políticas públicas de alimentação e nutrição, como o Programa
Nacional de Alimentação Escolar. Membro dos conselhos de Alimentação Escolar e Segurança
Alimentar e Nutricional de Curitiba, sendo coordenadora da Câmara de Acesso aos Alimentos.
Prefácio..................................................................................................................................................8
Este livro, Nutrição materno infantil, informa o leitor, além de conceitos básicos
da área, conteúdo específico sobre nutrição e desfechos materno-fetais, nutrição na
gestação, situações patológicas na gestação e nutrição materno-infantil pós-natal, e
nutrição na infância.
Esta é apenas uma pequena amostra do que o leitor aprenderá após a leitura do
livro.
Desejamos que o leitor tenha uma carreira de sucesso, com muito prestígio. Aos
leitores, sorte em seus estudos!
UNIDADE 1
Nutrição e desfechos materno-fetais
Introdução
Olá,
Bons estudos!
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1. SAÚDE MATERNO-INFANTIL
A fisiologia da gestação, popularmente conhecida como gravidez, começa a se manifestar a
partir do momento em que um óvulo feminino é fecundado pelo espermatozoide masculino e,
subsequentemente, inicia-se o desenvolvimento intrauterino do feto, até sua expulsão, ou seja,
o momento do nascimento.
• gestantes;
Já o segundo e terceiro trimestres caracterizam uma fase em que o meio externo exerce grande
influência na condição nutricional do feto e, dessa forma, o ganho de peso e a ingestão adequada
de nutrientes, bem como o fator emocional e o estilo de vida, serão fatores determinantes para o
crescimento e desenvolvimento saudável do feto.
Uma das ferramentas importantes para o profissional que faz o acompanhamento da gestante
é a curva de ganho de peso fetal. Com os dados obtidos pela ecografia solicitada pelo médico, o
nutricionista pode avaliar se o peso estimado do feto se encontra no percentil adequado (entre P10
e P90). Valores próximos ou abaixo do percentil P10 indicam retardo do crescimento intrauterino,
enquanto valores acima do percentil P90 podem sugerir alteração glicêmica ou diabetes gestacional.
tem como principal ação o aumento da elasticidade da parede do útero e do canal cervical.
Como consequências, esse hormônio reduz as proteínas séricas, afeta as funções da tireoide,
interfere no metabolismo do ácido fólico;
• progesterona
tem como principal ação promover o relaxamento da musculatura lisa uterina. Atua também
no intestino, diminuindo sua motilidade e possibilitando, assim, um maior tempo para absorção
dos nutrientes. Por outro lado, pode levar à constipação intestinal. Além disso, favorece o aumento
de gordura corporal, aumenta a excreção de sódio e afeta o metabolismo do ácido fólico;
• HCG:
tem papel fundamental no início da gestação, enquanto a placenta ainda não é capaz de
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• insulina:
no início da gestação, a resposta à insulina, frente ao estímulo com glicose, costuma ser normal,
porém, com o avanço do período gestacional, mais insulina é necessária para promover a captação
da mesma quantidade de glicose. Por isso, a gestação é considerada um estado hiperinsulinêmico,
ou seja, por menor sensibilidade à insulina que, em partes, pode ser explicada pela ação antagonista
dos hormônios progesterona, cortisol, prolactina e hormônio lactogênio placentário;
tem ação antagônica à insulina, favorecendo o aumento da glicose circulante. Sua ação é
semelhante à do hormônio do crescimento, pois leva à deposição de proteínas nos tecidos. Além
disso, apresenta função anabólica e lipolítica e acredita-se que esteja envolvido com o início do
processo da produção do leite materno;
• tiroxina:
tem ação regulatória nas reações oxidativas que envolvem a produção de energia e, além
disso, participa de mecanismos homeostáticos que envolvem a progesterona e o estrógeno.
#ParaCegoVer: A imagem mostra um quadro dividido nos fatores de risco que podem afetar
a gestação e, abaixo de cada um deles, há uma lista de respectivas especificações e exemplos.
Os fatores de risco listados são: idade materna nos extremos da vida reprodutiva; situação
conjugal insegura; atividade profissional; baixa escolaridade materna; condições de saneamento
ambiental desfavoráveis; estado nutricional antropométrico materno; uso de álcool ou drogas
(lícitas ou ilícitas); histórico reprodutivo anterior desfavorável; doença obstétrica na gravidez
atual; intercorrIencias clínicas.
A imagem mostra um quadro que tem uma primeira linha denominada Alterações gestacionais. Abaixo
dessa linha, o quadro se divide em 3 partes: alterações fisiológicas, alterações nutricionais e alterações
metabólicas. Abaixo de cada subtítulo desses, está uma lista das alterações que a eles pertecem.
FIQUE DE OLHO
A placenta - responsável pela produção de alguns hormônios essenciais na gestação e pelo
transporte de oxigênio e nutrientes da mãe para o feto - é um órgão de alta complexidade
metabólica. Para saber mais sobre ela, leia o capítulo 8 (Aspectos Fisiológicos e Nutricionais
na Gestação), p. 80 de Vitolo (2015).
#ParaCegoVer: A imagem mostra um quadro dividido nos fatores de risco que podem afetar a
gestação e, abaixo de cada um deles, há uma lista de respectivas especificações e exemplos. Os fatores de
risco listados são: idade materna nos extremos da vida reprodutiva; situação conjugal insegura; atividade
profissional; baixa escolaridade materna; condições de saneamento ambiental desfavoráveis; estado
nutricional antropométrico materno; uso de álcool ou drogas (lícitas ou ilícitas); histórico reprodutivo
anterior desfavorável; doença obstétrica na gravidez atual; intercorrIencias clínicas.
Quanto maior o número destes fatores presentes, pior o quadro e, dependendo da gravidade
e quantidade de fatores, a gestação pode ser classificada como baixo, médio ou alto risco.
FIQUE DE OLHO
Para compreender melhor os aspectos envolvidos com os principais fatores de risco
associados à gestação, leia o capítulo 9 (Fatores de Risco na Gestação), p. 83 de Vitolo (2015).
A infertilidade é definida como a inabilidade de um casal sexualmente ativo, que não faz uso
de métodos contraceptivos, de estabelecer a gravidez dentro do período de um ano. Estima-
se que 90% dos casais sexualmente ativos que não utilizam métodos contraceptivos consigam
engravidar nesse período. As causas que levam à infertilidade podem ser diversas, mas acredita-
se que a nutrição exerça papel importante.
consumo de soja e alimentos fonte de isoflavonas foram relacionados de forma inversa com a
concentração de espermatozoides.
Com relação à fertilidade feminina, estima-se que o consumo de gorduras trans esteja
relacionado com um risco muito aumentado de desenvolvimento de infertilidade ovulatória,
assim como o consumo excessivo de alimentos com alto índice glicêmico. Por outro lado,
suplementação de ferro, uso de multivitamínicos e consumo de laticínios integrais (sem redução
do teor de gordura) foram associados a menor risco de infertilidade ovulatória.
Contudo, como recomendações gerais, deve-se priorizar a nutrição adequada, tanto para
homens como, principalmente, para mulheres que desejam engravidar, garantindo o suprimento das
necessidades de macro e micronutrientes. Além disso, o fator mais decisivo para o sucesso reprodutivo,
relacionado ao estilo de vida, tanto para homens como para mulheres, é a composição corporal.
Com relação a alguns desconfortos que podem ser minimizados por orientação nutricional
durante a gestação, os mais comuns são náuseas/vômito, pica, pirose e constipação intestinal.
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A pica, condição em que a mulher sente desejo e ingere substâncias não alimentares (terra,
sabão, tijolo, cinza de cigarro, etc), tem etiologia desconhecida, mas pode estar relacionada a
mecanismos de tentar aliviar sintomas como náuseas e vômitos, ou à deficiência de ferro, que
deve ser investigada.
A pirose, sintoma de queimação ou azia, ocorre, geralmente, após as refeições. Indica-se, nesses
casos, o fracionamento das refeições e o estímulo a alimentação mais lenta e com mais mastigações.
É importante ressaltar que o consumo de frutas cítricas não está relacionado à piora de pirose, e sua
restrição pode levar ao comprometimento da ingestão de vitaminas sem necessidade.
FIQUE DE OLHO
Para conhecer mais sobre estratégias de intervenção nutricional relacionadas a
situações adversas durante a gestação, leia os capítulos 13 (Situações Comuns Durante
a Gestação e Práticas Alimentares) e 14 (Estratégias de Intervenção Nutricional), p.108
e 114, de Vitolo (2015).
4. PROGRAMAÇÃO METABÓLICA
Nos dias atuais, são bem aceitas as teorias que propõe que grande parte dos distúrbios
metabólicos e das doenças desenvolvidas nos adultos têm origem no período fetal. Esse
fenômeno é conhecido na literatura de diversas formas: origens do desenvolvimento da saúde e
da doença (do inglês, Developmental Origins of Health and Disease – DOHaD), hipótese de Barker
e imprinting metabólico, ou programação metabólica.
A programação metabólica se refere ao conceito de que muitas das DCNT (doenças crônicas não
transmissíveis), tais como diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares, por exemplo, têm início
durante períodos críticos do desenvolvimento, como o período intrauterino ou pós-natal precoce.
Existem, hoje, campanhas de conscientização sobre a importância dos primeiros 1000 dias,
que compreendem o período de gestação e os dois primeiros anos de vida da criança.
#ParaCegoVer: A imagem mostra quatro círculos. Um deles está acima dos outros e, dentro
dele, está escrito “os primeiros 1000 dias”. Deste círculo saem três linhas que levam aos outros
três círculos, que estão um ao lado do outro. Um deles diz “Gestação (270 dias)”, o segundo diz
“1º ano (365 dias)” e o terceiro círculo, por fim, diz “2º ano (365 dias)”.
Durante essa fase, conhecida como uma “janela de oportunidades”, é imprescindível que
haja uma atenção integral: acesso à saúde, estímulos para aprendizagem, segurança e proteção,
cuidados responsivos e acesso à nutrição adequada, para garantir, assim, maior qualidade de
vida a longo prazo e minimizar as chances de dificuldades de aprendizado, desenvolvimento de
doenças crônicas de longo prazo e maior probabilidade de mortalidade por essas doenças, o que
reduz o tempo e a qualidade de vida dessa pessoa.
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Assim, a nutrição adequada durante o período gestacional não visa apenas a promover a saúde e
bem-estar da mãe, mas também está associada à prevenção de doenças no filho, principalmente as DCNT.
As condições ou fatores maternos relacionados aos aspectos nutricionais que mais estão envolvidos com
o desenvolvimento de DCNT nos filhos são a restrição energética ou proteica, obesidade/supernutrição,
diabetes gestacional, baixo peso ao nascer ou macrossomia fetal e modificações epigenéticas.
#ParaCegoVer: A imagem mostra seis círculos conectados por linhas uns aos outros. Dentro
de cada um deles está um fator de risco: obesidade, epigenética, macrossomia fetal, baixo peso
ao nascer, diabetes gestacional e restrição energética e proteica.
A restrição energética e proteica durante a gestação foi um dos primeiros fatores nutricionais
relacionados à programação metabólica, conforme citado na seção anterior, através das descobertas
de David Barker, acerca do impacto da restrição alimentar severa de mulheres holandesas
durante a Segunda Guerra Mundial, sobre o baixo peso ao nascer e sobre a maior propensão ao
desenvolvimento de obesidade, intolerância à glicose e doenças cardiovasculares na vida adulta.
#ParaCegoVer: A imagem mostra um gráfico de curva. No eixo vertical, está o risco de doenças
metabólicas; no eixo horizontal, está o peso ao nascer, estando o baixo peso à esquerda, o peso normal
no centro, e o peso excessivo á direita. A curva que se forma tem formato de U, mostrando que o risco
aumenta à medida que o peso ao nascer se distancia do normal, tanto para mais, quanto para menos.
É de conhecimento popular o fato de que o peso excessivo ao nascer pode estar relacionado
ao desenvolvimento de obesidade e suas comorbidades na vida adulta. Um corte realizada nos
EUA demonstrou que adolescentes nascidos com 1kg a mais em relação ao peso considerado
normal apresentam 50% a mais de chances de serem obesos. O excesso de nutrientes,
principalmente a glicose, circulantes na mulher obesa ou diabética durante a gestação levam a
maior produção de insulina pelo feto e, se persistente, essa condição pode levar a resistência a
insulina e desenvolvimento de síndrome metabólica.
O baixo peso ao nascer, por outro lado, é um fator que, geralmente, leva as pessoas à
associação apenas com baixo peso ou desnutrição da mãe, e com menor risco de desenvolvimento
de obesidade ao longo da vida, o que as pesquisas já demonstraram ser uma inverdade.
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Existem muitas evidências de que o baixo peso ao nascer está intimamente relacionado com a
maior deposição de gordura. Isso pode ter explicação pela chamada teoria do fenótipo poupador, que
propõe que o desenvolvimento fetal em um ambiente intrauterino malnutrido, seja ele caracterizado
pelo excesso, insuficiência ou desbalanço de nutrientes, faz com que o indivíduo apresente baixo
peso no momento do nascimento mas seja programado para poupar energia, levando a um rápido
crescimento pós-natal, recuperação do peso e favorecimento da obesidade e DCNT.
Ao contrário do que se supõe, grande parte dessas alterações transmitidas de mãe para o
filho não estão relacionadas à predisposição genética. Apenas 5 a 10% dos casos de obesidade e
doenças metabólicas estão associadas com a genética, e acredita-se que a origem dessas doenças
seja o resultado de interações complexas entre a genética e os fatores ambientais que cercam o
indivíduo, por meio de mecanismos epigenéticos.
Para o cálculo da semana gestacional referida pela gestante, devemos arredondar, caso
necessário, da seguinte forma: 1, 2, 3 dias, considera-se o número de semanas completas, e 4, 5,
6 dias, considera-se a semana seguinte. Por exemplo:
É importante destacar que, nesta tabela, o ponto de corte inferior para consideração de eutrofia
é de 19,8, pois ainda não havia sido atualizado para o valor considerado atualmente (de 18,5).
De acordo com o estado nutricional pré-natal, estimado pelo quadro de classificação de IMC
para gestantes e pela curva de IMC para avaliação do estado nutricional, estima-se o ganho de
peso adequado durante a gestação e o ganho de peso semanal adequado no 2º e 3º trimestres.
#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela dividida em quatro colunas: estado nutricional
antes da gestação; IMC; ganho de peso durante a gestação (Kg); ganho de peso por semana no 2º
e 3º trimestre (Kg). Abaixo da primeira coluna, estão as linhas: baixo peso (BP); peso adequado
(A); sobrepeso (S); obesidade (O); abaixo das outras colunas, estão os valores de referência para
cada uma dessas classificações.
Nas consultas subsequentes, a avaliação do IMC deve ser realizada para o acompanhamento
da curva de ganho de peso adequado, de acordo com o estado nutricional pré-gestacional.
FIQUE DE OLHO
Para conhecer mais sobre os inquéritos alimentares mais utilizados com as gestantes,
as aplicações, vantagens e desvantagens de cada um, leia o capítulo 11 (Avaliação
Nutricional da Gestante), p. 95 de Vitolo (2015).
Para o cálculo das necessidades energéticas, existem 2 métodos que são mais frequentemente
utilizados:
FIQUE DE OLHO
Para conhecer mais métodos de estimativa de valor energético recomendado para
gestantes, como o valor recomendado baseado da curva de IMC e o valor recomendado
baseado nas DRIs, leia o capítulo 12 (Recomendações Nutricionais para Gestantes), p.
99 de Vitolo (2015).
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Para utilização desse método, multiplica-se o valor energético recomendado para mulheres
adultas (36kcal/kg) pelo peso ideal pré-gestacional.
O peso ideal pré-gestacional é determinado por regra de três, de acordo com o IMC. Em
seguida, o peso ideal é multiplicado por 36kcal (no caso de mulheres adultas), ou seja:
FIQUE DE OLHO
Para consultar a tabela de recomendações nutricionais de micronutrientes para gestante
e conhecer mais sobre a importância de cada micronutriente para o período gestacional,
leia as referências a seguir: Accioly et al. (2009, p. 151) e Vitolo (2015, p.100).
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
BRASIL. Ministério da Saúde. IMC para gestantes. 2017. Disponível em: http://www.
saude.gov.br/artigos/804-imc/40512-imc-para-gestantes. Acesso em: 30 jan. 2020.
HALES, CN; BARKER, DJ. Type 2 (non-insulin-dependent) diabetes mellitus: the thrifty
phenotype hypothesis. Diabetologia, 1992 Jul; 35(7):595-601. Disponível em: ncbi.nlm.
nih.gov/pubmed/1644236. Acesso em: 30 jan. 2020.
Bons estudos!
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Um dos compromissos dos guias alimentares é o de refletir a realidade vivida pela população
a que se destina, sendo assim, terá como base os alimentos mais consumidos por aquela
população em questões de cultura alimentar, além disso levará em conta em sua formulação
a linguagem popular, bem como as formas de consumo que são comuns entre as pessoas às
quais é destinado (BRASIL, 2014). Outra questão importante sobre os guias alimentares é que
as informações ali contidas contribuam para a saúde da população, sejam claras em relação ao
seu conteúdo e que possam ser facilmente executadas, sendo incorporadas de maneira possível
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no dia a dia do público alvo. Considerar outras questões que vão além do ato de comer, como o
plantio, comercialização, preparo, custos, por exemplo, também é uma preocupação que deve
estar presente na formulação destes documentos.
O Guia Alimentar para população brasileira (BRASIL, 2014), por exemplo, traz informações
gerais sobre alimentação e nutrição que auxiliam na busca por uma alimentação saudável,
neste sentido, pode ser seguido por gestantes saudáveis. Já o Guia da Rede Cegonha (BRASIL,
2013b; 2013d) traz informações focadas em gestantes especificamente, sendo estes materiais
complementares.
Este informativo, destinado a profissionais de saúde, pode auxiliar entre outros, aos
nutricionistas na atenção primária. Um dos principais intuitos desta padronização no atendimento
é a diminuição da mortalidade materno-infantil, através da promoção de saúde. A recomendação
do Ministério da Saúde é que o atendimento seja realizado por equipe multiprofissional, na qual
poderão fazer parte médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, agentes de
saúde, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais. As fases do atendimento são:
• pré-natal;
• parto e nascimento;
As ações propostas no material estão baseadas nas diretrizes do atendimento primário em saúde
do SUS (Sistema Único de Saúde) e na PNAN (Política Nacional de Alimentação e Nutrição), além e
recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde). O público alvo são as gestantes, mulheres
no puerpério e crianças até 2 anos. As orientações vão de acordo com as bases da SAN (Segurança
Alimentar e Nutricional) e o Marco de Educação Alimentar e Nutricional (BRASIL, 2012b), prevendo uma
alimentação saudável e adequada, que promova uma gravidez saudável, estímulo à amamentação/
aleitamento materno e saúde da criança, através de um desenvolvimento e crescimento adequados.
Já o Guia Alimentar para população brasileira (BRASIL, 2014) traz o enfoque de uma
alimentação saudável para a população em geral, exceto as crianças menores de 2 anos, que
têm um guia específico. Nele são dadas diretrizes para uma alimentação adequada, e gestantes
sem agravos de saúde, podem segui-lo sem restrições. Neste sentido, o acompanhamento de um
profissional de saúde poderá ajustar as recomendações contidas nesse Guia para as gestantes.
Um dos orientadores do Guia, que também segue as recomendações da OMS, é conhecido
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Estas dicas de alimentação podem ser aplicadas para gestantes saudáveis, pois se aplicam a
toda a população brasileira e, como vimos, suas orientações são simples e de fácil compreensão,
base para uma informação acessível. Estas orientações não dispensam a avaliação individualizada
das gestantes na atenção primária, seja por nutricionista ou outro profissional de saúde capacitado.
FIQUE DE OLHO
Cabe ao nutricionista conhecer o Guia Alimentar para população brasileira. Este
documento oficial poderá facilitar o atendimento de gestantes e a elaboração de planos
alimentares para manutenção da saúde. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf>
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Segundo Mahan et al. (2013) a suplementação para garantia de uma condição nutricional
adequada, inclusive em períodos pré-gestacionais, em algumas políticas públicas de
suplementação tem como foco a gestação. Porém estudos comprovam que são mais bem
sucedidas suplementações de multinutrientes do que apenas alguns poucos nutrientes. Sendo
que a suplementação necessita de avaliação do estado nutricional, seguindo a ordem de quanto
mais desnutrida for a gestante, maior será a necessidade de suplementação.
Outra questão inerente à gestação é evitar desconfortos comuns à condição, como dificuldade no
esvaziamento gástrico, náuseas, azia, quedas de pressão e desmaios, e neste sentido a alimentação pode
contribuir positivamente. As recomendações de hidratação seguem as mesmas da população em geral,
com uma média de 2 litros de água por dia, sempre nos intervalos das refeições. Ainda se preconiza
refeições fracionadas, que mantenham a paciente alimentada e satisfeita, facilitem a digestão, diminuam
as náuseas e possam garantir uma nutrição adequada. Uma boa avaliação nutricional da gestante poderá
garantir que sejam supridas todas as necessidades para uma gravidez adequada
realize três refeições e dois lanches saudáveis – evitando ficar mais de 3h sem comer e
ingerindo líquidos nos intervalos das refeições (ao menos 2 litros), evitando bebidas açucaradas.
Pular refeições não é adequado, pois se alimentando corretamente seu estômago não ficará
vazio por muito tempo, evitando algumas sensações típicas da gravidez como náuseas, vômitos,
fraquezas e desmaios. Esta ação também promove outros benefícios como controle do ganho de
peso, da azia e de consumo de alimentos em grandes quantidades;
inclua cereais, de preferência integrais, sendo seis porções destes alimentos, fonte de energia,
fibras, vitaminas e minerais. Dando preferência à forma natural dos alimentos, ou seja, sem
grandes processamentos. Distribua essas fontes de carboidratos durante todas as refeições. E,
caso seja uma adolescente grávida, sua quantidade de consumo deverá ser aumentada, já que,
além do crescimento do bebê, você deverá garantir seu próprio crescimento nesta fase;
consuma três porções de legumes e verduras e três porções de frutas, no mínimo, durantes
as refeições. Você poderá distribuir entre as grandes refeições e os lanches. Um prato colorido
é um prato saudável, fornece fibras, vitaminas e minerais, além de contribuir com quantidades
significativas de água em alguns casos. Observar as condições de higiene e lavagem destes
alimentos garante uma qualidade ainda maior de consumo;
coma o prato típico brasileiro de arroz e feijão, ao menos uma vez ao dia. Esta combinação
garante boas doses de carboidratos complexos, fibras e proteínas, além de vitaminas e minerais.
Uma parte de feijão para duas partes de arroz é a combinação perfeita, mas cuidado com o
preparo destes alimentos. Evite a inclusão de muito sal, gordura ou outros componentes como
carnes gordas e linguiças que possam interferir na qualidade desta combinação;
consuma uma porção de carne ou ovos e três porções de leite e derivados. O leite e seus
derivados são uma boa fonte de cálcio, fundamental na gestação. E as carnes de proteínas, que
é outro nutriente bastante importante neste período. Cuidado ao escolher as carnes, leite e
derivados, pois muitos podem ter altos índices de gorduras e sódio. Cálcio e Ferro são nutrientes
que competem entre si na absorção, procure evitar consumir fontes destes dois nutrientes nas
mesmas refeições. Por exemplo: se seu almoço tiver carne, prefira leite ou iogurte numa próxima
refeição, como o lanche da tarde. Achocolatados e café também interferem na absorção de cálcio,
por isso devem ser evitados. No caso de uma alimentação sem carne, vegetariana ou vegana,
consulte um nutricionista ou profissional de saúde para maiores informações;
consuma pouca gordura, sendo uma porção diária de óleos vegetais, azeite, manteiga. Prefira
aqueles que, em sua rotulagem se apresentam sem gorduras trans. Evite alimentos gordurosos,
principalmente aqueles que passaram por industrialização, com adição de grandes porções de
gorduras e sódio. Buscar informações sobre os alimentos nos rótulos é sempre uma boa maneira
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diminua o consumo de sal. Ele pode estar presente em diversos alimentos, sendo fácil
ultrapassar as recomendações diárias de consumo. Retirar o saleiro da mesa e evitar a adição de
sal após o alimento pronto são aneiras de reduzir o consumo. Alimentos industrializados também
podem apresentar grandes teores de sódio, sendo a redução do consumo destes uma boa opção.
Complicações na gestação relacionadas ao aumento da pressão arterial são comuns, e a redução
do sódio pode ser um fator protetor. O sal pode se apresentar em rótulos como sal, sódio e
cloreto de sódio;
consuma alimentos fonte de ferro, eles evitam a anemia, mantendo a gravidez saudável. A
anemia na gestação está relacionada a casos de morte tanto materna, quanto fetal, baixo peso
ao nascer e partos prematuros, devendo ser prevenida. Alimentos fonte de ferro são carnes,
vísceras, feijões e alguns grãos, folhas verde-escuras e castanhas. O consumo de alimentos fontes
de vitamina C favorece a absorção e biodisponibilidade do ferro, sendo favorável o consumo
destes nutrientes combinados em uma mesma refeição. Por exemplo: temperar uma salada de
folhas verdes com limão é uma boa dica. O ferro de origem animal é melhor absorvido do que
o de origem vegetal, por isso, em dietas com restrição de proteínas de origem animal, deve-
se procurar um profissional de saúde que possa orientar o consumo e suplementação de ferro.
Lembrando que, de acordo com as políticas de saúde vigentes, gestantes entre 20 semanas
até 3 meses pós-parto receberão suplementação de ferro, via postos de saúde, bem como
suplementação de ácido fólico;
Pudemos perceber que as dicas do orientador alimentar para a gestação trazem informações
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simples e do cotidiano da alimentação das gestantes brasileiras, com foco nos principais nutrientes
e na hidratação, com a intenção de prevenir doenças, através de uma alimentação adequada. Para
aprimorar as orientações que serão ministradas às gestantes, podemos fazer um cruzamento de
informações entre este guia, que foi lançado em 2013, e o Guia Alimentar de 2014, atualizando
assim as dicas que serão repassadas às pacientes.
FIQUE DE OLHO
Conhecer os documentos norteadores para o atendimento nutricional é uma boa
ferramenta na atenção primária. Um bom conhecimento de todos os documentos
disponíveis permite ao profissional um sucesso maior na adaptação dos conteúdos diversos
ao planejamento alimentar de seu paciente. Para pacientes gestantes, é importante
consultar sempre o guia da Rede Cegonha para informações sobre atendimento específico
para esse público. este documentos está disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/manual_alimentacao_nutricao_rede_cegonha.pdf>.
As deficiências de nutrientes como ferro, ácido fólico e vitamina A podem causar deformidades
no feto, prejudicar sua formação e desenvolvimento (VITOLO, 2008). O baixo peso da gestante no
inicio da gestação, baixo ganho de peso, bem como sobrepeso e obesidade também são fatores
que influenciam na saúde, tanto da gestante, quanto do bebê (ACIOLY et al., 2009). Podendo
influenciar inclusive em nascimentos de pré-maturos (KRAUSE, 2013).
Situações alimentares não comuns podem ocorrer na gestação, conhecida como Pica, caso
em que as gestantes relatam a necessidade de ingerir substancias não alimentícias, como gomas
de passar roupa, tijolos, cimento ou cal, por exemplo (VITOLO, 2008). Esta condição também é
conhecida como Malácia ou Alotriofagia, e pode ocorrer fora da gestação, sendo mais comum
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durante a gravidez. Pode ser oriunda da falta de nutrientes ou ainda de foro psicológico, sendo
necessário o acompanhamento de médicos, nutricionistas e psicólogos ou psiquiatras.
Ela não deve ser confundida com a vontade de comer ou desejo de determinado alimentos
que ocorre na gestação, bastante relatado em senso comum. Este processo se dá pela alteração
de hormônios que ocorrem na gestação, que afetam a sensação de apetite e saciedade, bem
como podem aumentar o olfato, gustação e causar sensações de aversão a alguns alimentos e
vontade incontrolável de outros. As relações com a alimentação se alteram de gestante para
gestante, necessitando, tanto paciente, quanto profissionais de saúde estarem atentos às rotinas
de alimentação.
Devemos ainda acompanhar o ganho de peso das gestantes, como ponto fundamental
do atendimento relacionado a nutrição, sendo orientado pelo Ministério da Saúde um ganho
recomendado de:
(i) as gestantes que iniciaram a gravidez com baixo peso ganhem entre 12,5kg e 18kg; (ii) as que
iniciaram a gravidez com peso normal ganhem entre 11,5kg e 16kg; (iii) as que iniciaram a gravidez com
sobrepeso ganhem entre 7kg e 11,5kg; e (iv) as que iniciaram a gravidez com obesidade ganhem entre
5kg e 9kg durante todo o período gestacional (BRASIL, 2012a, p. 88).
Segundo Mahan et al. (2013, p. 732), seis passos podem resumir os cuidados nutricionais na gestação:
3. ingestão de sal iodado que não exceda nem seja menor que 2-3 g/dia;
5. álcool omitido;
6. omitir toxinas e substâncias não nutritivas dos alimentos, da água e do ambiente o máximo
possível.
Em seguida, veremos quais são as recomendações nutricionais para suprir as necessidades das
gestantes, de acordo com a faixa etária. Conhecer estas recomendações trará grandes benefícios
ao nutricionista na prescrição dietética, elaboração de orientações e planos alimentares e no
acompanhamento do estado nutricional no período da gestação.
#ParaCegoVer: A imagem mostra um quadro onde é possível ler IDR para Gestantes no topo.
abaixo disso, o quadro se divide em duas colunas: Nutriente e Recomendação. Abaixo da coluna
nutriente, as linhas expressam os principais macro e micro nutrientes relevantes para a gestação
e, abaixo da coluna recomendação, estão as linhas com suas respectivas quantidades.
Em relação aos micronutrientes, cabe ressaltar que Ferro, vitamina B12 e ácido fólico
representam papel fundamental no desenvolvimento de anemia ferropriva, sendo primordiais
em avaliação e, se necessário, suplementação para uma gravidez saudável. Quanto a
macronutrientes, o aumento da TMB (Taxa Metabólica Basal) de gestantes ocorre, de acordo com
o informado na tabela acima, para suprir as necessidades energética fetais, para seu crescimento,
desenvolvimento e gasto calórico, esta mudança tem seu auge a partir do 3º mês de gestação.
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Ainda segundo Acioly et al. (2009), são medidas de prevenção da anemia ferropriva durante a
gestação:
· ingestão de carnes em pelo menos 2 refeições diárias; consumo de frutas com grandes
aportes de vitamina C, como caju, abacaxi, laranja, maracujá e goiaba; estímulo ao consumo de feijões
e outras leguminosas; presença de vegetais verde-escuros e alimentos fortificados com ferro;
· devem ser desestimulados hábitos como o consumo de produtos lácteos (leite e derivados) junto
às grandes refeições; presença de aveia e cereais integrais em almoço ou jantar; consumo de refrigerantes,
mate, chás que contenham cafeína e café junto a refeições de maior volume (almoço e jantar).
Lembrando que este processo pode ocorrer tanto na rede pública de atendimento, através
dos postos de saúde e programas de saúde da mulher, gestante e família, quanto pode ocorrer
dentro da rede privada de atendimento, em hospitais, clinicas e consultórios. Bem como poderá
acontecer em atendimento individual ou em grupo. Os principais passos para elaboração de um
atendimento global passam por recepção humanizada das pacientes, processo de escuta das
necessidades e anseios, avaliação antropométrica, avaliação bioquímica, avaliação dietética,
diagnóstico e elaboração do plano de ação nutricional.
GE = TMB x fa*
#ParaCegoVer: a imagem traz uma tabela do fator de atividade física de homens e mulheres
para atividades físicas leves, moderadas e intensas.
50
Tanto nos métodos quantitativos, quanto nos qualitativos cabe ao profissional receptor dos
dados, neste caso o nutricionista, avaliar e compilar as informações recebidas, de modo que elas
possam contribuir para as orientações, planos alimentares ou possíveis prescrições dietéticas que
possam dar sequência no atendimento em saúde.
Outros métodos de verificação do consumo alimentar podem ser utilizados, porém não são
tão comuns quanto os referidos acima. São eles: registro ou diário alimentar, história dietética e
inventário alimentar. Todos têm em comum o fato de registrarem longos períodos de consumo,
mas apresentam como fragilidade o fato de ficarem sujeitos à rotina dos pacientes e à memória
dos mesmos.
51
Em seguida, nos aprofundaremos neste tipo de atendimento, com foco nos documentos
oficiais do Ministério da Saúde, voltados para o público de gestantes, para atendimento na
atenção básica de baixo risco (BRASIL, 2016). Este atendimento procura englobar o momento de
descoberta de gravidez, seu desenvolvimento no decorrer das 40 semanas, parto e período de
puerpério e saúde da mulher e criança no período pós-parto.
Segundo manual prático para implementação da Rede Cegonha – folder (BRASIL, 2013d), o
atendimento deve seguir os seguintes passos:
Segundo Costa et al. (2005, p. 773), o atendimento a gestantes de baixo risco, no âmbito da
atenção básica segue o seguinte protocolo:
[...] o Ministério da Saúde estabelece diretrizes e princípios norteadores para o PHPN entre os
quais destaca-se o conjunto dos direitos relacionados a: universalidade do atendimento ao pré natal,
ao parto e puerpério digno e de qualidade às gestantes, acesso com visitação prévia ao local do parto,
presença do acompanhante no momento do parto e atenção humanizada e segura ao parto. Esses
direitos são ainda extensivos ao recém-nascido, em relação à adequada assistência neonatal.
2. Localize, na primeira coluna da tabela 1 (presente no caderno nº 32), [...] a semana gestacional
calculada e identifique, nas colunas seguintes, em que faixa está situado o IMC da gestante.
3. Classifique o estado nutricional (EN) da gestante, segundo o IMC, por semana gestacional, da
seguinte forma:
Baixo peso: quando o valor do IMC for igual ou menor do que os valores apresentados na coluna
correspondente a baixo peso;
Obesidade: quando o valor do IMC for igual ou maior do que os valores apresentados na coluna
correspondente a obesidade. (BRASIL, 2012a, p. 74 e 75).
Pode-se afirmar que para haver humanização deve haver: compromisso com a ambiência (bem-
estar integral em determinado ambiente), melhoria das condições de trabalho e de atendimento;
respeito às questões de gênero, etnia, raça, orientação sexual e às populações específicas (índios,
quilombolas, ribeirinhos, assentados, etc.); fortalecimento de trabalho em equipe multiprofissional,
fomentando a transversalidade e a grupalidade (experiências coletivas significativas); apoio à construção
de redes cooperativas, solidárias e comprometidas com a produção de saúde e com a produção de
sujeitos; fortalecimento do controle social com caráter participativo em todas as instâncias gestoras do
SUS; e compromisso com a democratização das relações de trabalho e valorização dos profissionais de
saúde, estimulando processos de educação permanente.
Podemos usar como exemplo uma paciente que receba um plano alimentar com alimentos
que não fazem parte de seu cotidiano, ou ainda, que tenham alto valor, não acompanhando seu
poder aquisitivo, isto causaria estranhamento e possível abandono deste plano. Se, por outro
lado, o profissional tiver conhecimento da rotina alimentar desta paciente, investigando quais
alimentos ela costuma ingerir, qual sua rotina de alimentação diária, seu acesso aos alimentos, e o
54
plano alimentar respeitar estas condicionantes, certamente as chances de sucesso serão maiores.
Nesse sentido, é importante que possamos saber qual a abordagem mais adequada, quando
a paciente descobre a gravidez num estágio avançado da gestação. Sendo necessário iniciar as
avaliações de peso e altura, número de semanas de gestação, e possivelmente a escolha de
métodos de avaliação do consumo alimentar que não demandem tanto tempo, como pode ser o
caso de um recordatório de 24 horas.
Imaginemos que uma paciente chegue ao serviço de saúde com amenorreia (ausência de
menstruação), e seja feita a solicitação de exames de sangue. Digamos que entre o trâmite de
solicitação dos exames, coleta e resultados, e ainda marcação de nova consulta se passem 30 dias.
Se a paciente já estivesse grávida no momento da primeira consulta, e com gestação estimada em
20 semanas, a confirmação ocorreria com 24 semanas. A sequência de um plano de pré-natal não
poderia seguir o mesmo padrão de uma paciente que descobriu a gravidez na terceira semana.
· Organizar a Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil que garanta acesso, acolhimento e
resolutividade e;
São ações que podem surtir efeito e são preconizadas pelo Ministério da Saúde no
atendimento nutricional:
Este conceito deve balizar as ações tanto do trabalho em grupo relacionado à alimentação
e nutrição das gestantes, quanto do atendimento individual, seja na avaliação do consumo
alimentar das pacientes, seja na tomada de decisões sobre a melhor estratégia de trabalho, bem
como nas orientações prestadas.
Deste modo, cabe estabelecer uma relação baseada nas recomendações do Marco de EAN,
quanto às intervenções nutricionais para gestantes de baixo risco:
escuta ativa e próxima; reconhecimento das diferentes formas de saberes e práticas; construção
partilhada de saberes, práticas e soluções; valorização do conhecimento, da cultura e do patrimônio
alimentar; atender às necessidades dos indivíduos e grupos; busca da formação de vínculo entre os
diferentes sujeitos que integram o processo; busca de soluções contextualizadas; relações horizontais;
monitoramento permanente dos resultados; formação de rede entre profissionais e setores envolvidos
visando à troca de experiências e o diálogo (BRASIL, 2012b, p. 35).
56
As equipes de saúde compostas por diversas áreas do atendimento tendem a prestar maiores
cuidados aos pacientes por meio de abordagens diferenciadas, porém complementares, além de
desafogarem o atendimento de um único profissional responsável por todo o cuidado com aquela
paciente.
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer sobre a estrutura dos guias alimentares, inclusive os indicados para ges-
tantes, sempre baseados em documentos oficiais do Ministério da Saúde;
ALMEIDA FILHO, N; BARRETO, ML. Epidemiologia & Saúde. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2013. 699 p.
MAHAN, L. K. et al. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 13ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2013. 1228 p.
Bons estudos!
63
Na tabela abaixo, estão descritos os termos que classificam os tipos de alterações na pressão
arterial que podem ocorrer no período gestacional.
A hipertensão pode ser crônica (quando a mulher já apresenta o distúrbio antes da gestação
ou quando desenvolve durante a gestação, mas persiste por mais de 12 semanas após o parto),
gestacional (quando aparece na gestação, geralmente após a 20ª semana, sem associação de
proteinúria), transitória (quando o quadro vai e volta ao normal repetidas vezes) ou crônica com
sobreposição de pré-eclâmpsia (quando há proteinúria associada).
A pré-eclâmpsia/eclampsia não tem causas bem definidas ainda, mas suspeita-se que seja
decorrente de produção excessiva de hormônios pela placenta e glândula supra-renal, além de
desequilíbrios na síntese de substâncias que agem como vasodilatadores e vasoconstritoras. Essa
condição é mais frequente no último trimestre de gestação e está associada a sintomas como tontura,
dores de cabeça, distúrbios visuais, dores abdominais, vômito e edema no rosto e nas mãos.
• energia
para estimativa do valor energético diário, utiliza-se as mesmas fórmulas usadas para as
gestantes saudáveis. Porém, deve-se fazer os ajustes necessários e trabalhar com os valores
mínimos recomendados para que não haja ganho de peso excessivo;
• proteínas
para estimativa do valor energético diário, utiliza-se as mesmas fórmulas usadas para as
gestantes saudáveis. Porém, deve-se fazer os ajustes necessários e trabalhar com os valores
mínimos recomendados para que não haja ganho de peso excessivo;
• sódio
de modo geral, a restrição de sódio não é indicada para gestantes para que não haja prejuízos
no volume plasmático. Recomenda-se que sejam ingeridos de 2 a 3g de sódio por dia (cerca de
5 a 6g de sal), mesma recomendação feita para adultos. Se a gestante apresentar hipertensão
crônica, não deve ultrapassar as 2g de sódio por dia;
65
• cálcio
Dados demonstram que até 12% das gestantes podem desenvolver DG e, dessas, 40 a 60%
desenvolvem diabetes tipo II entre 15 a 20 anos após a gestação.
#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela dividida em duas colunas: Autores e Fatores
de risco para rastrear diabetes gestacional. Abaixo da coluna autores, estão as referências
bibliográficas de autores que indicam os fatores de risco; e, abaixo da segunda coluna, estão os
fatores de risco apontados por cada autor.
A macrossomia fetal, por sua vez, está associada a complicações como: morbidade materna,
mortalidade pré-natal, traumatismos de nascimento, hiperbilirrubinemia e hipoglicemia neonatal.
Como prevenção, recomenda-se o rastreamento do DG para todas as gestantes, mesmo que não
apresentem fatores de risco. O ponto de partida para o rastreamento do DG é a glicemia de jejum.
#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela dividida em duas colunas: Estado Nutricional da
Gestante (Baixo Peso, Eutrófica, Obesidade, Obesidade Mórbida) e Kcal/kg de pedo ideal por dia
(36-40, 30-35, 24, 12-18).
• almoço: 30%;
• jantar: 30%;
• ceia: 10%.
A terapia com insulina é recomendada se, após 2 semanas de dieta controlada, os índices
de glicemia permanecerem elevados (maior que 105mg/dL em jejum ou acima de 120mg/dL no
pós-prandial). Também pode ser recomendado tratamento com insulina caso o crescimento fetal,
observado por ecografia entre a 29ª e a 33ª semana gestacional, for superior ao percentil 75.
Porém, a terapia com insulina só poderá ser prescrita pelo médico.
2. ALEITAMENTO MATERNO
A amamentação, ou aleitamento materno, é um processo que, assim como a gestação, tem
grande impacto na saúde do lactente.
Por esse motivo, os profissionais de saúde, dentre eles, o nutricionista, devem saber da
importância desse período e incentivar as mulheres a essa prática.
• aleitamento materno: quando o bebê recebe leite materno, seja ele exclusivo, predomi-
nante ou complementado;
• aleitamento materno misto ou parcial: acontece quando a criança recebe, além do leite
materno, outros tipos de leite (fórmulas, leite de vaca, entre outros).
Ainda de acordo com a Organização Mundial da Saúde, a condição ideal é que a criança seja
amamentada já na primeira hora de vida, receba aleitamento materno exclusivo até os 6 meses
de idade e continue recebendo leite materno complementado até os 24 meses de vida.
70
• o leite materno, diferente de outros tipo de leite, apresenta fatores de proteção para
a criança. Estima-se que o aleitamento materno faz com que haja redução de 13% das
mortes em crianças com menos de 5 anos, em todo o mundo, e que 1,47 milhões de vi-
das poderiam ser salvas se as recomendações de aleitamento materno exclusivo por seis
meses e até os dois anos de vida, de forma complementada, fossem cumpridas;
• o aleitamento materno exclusivo, nos primeiros 6 meses de vida, protege contra a diar-
reia e doenças respiratórias, enquanto, por outro lado, oferecer chás e até mesmo água a
crianças até os 6 meses pode dobrar as chances e intensidade dos episódios de diarreia;
• o leite materno é o único que apresenta todos os nutrientes essenciais para o cresci-
mento e o desenvolvimento saudável da criança. Esse alimento supre, sozinho, todas as
necessidades nutricionais do bebê nos primeiros 6 meses de vida e continua sendo uma
ótima fonte de nutrientes até o segundo ano, além de ser mais bem digerido e tolerado
quando comparado com leites de outros tipos;
• a movimentação que o bebê faz para retirar o leite materno da mama é de extrema impor-
tância para o adequado desenvolvimento da cavidade oral e, ainda, o desmame precoce
pode prejudicar funções como a mastigação, deglutição, respiração e articulação da fala;
• desde que a mulher esteja amamentando em livre demanda e não esteja menstruando, a
amamentação representa um excelente método anticoncepcional nos primeiros 6 meses
após o parto, com eficácia comparada a outros métodos (cerca de 98%);
• as fórmulas infantis apresentam custo elevado e, ainda, ao ser oferecido outro tipo de
leite, devem-se acrescentar custos com mamadeiras, bicos e gás de cozinha e, portanto,
a opção mais barata de alimentação do bebê, até os 6 meses de vida, é o leite materno;
• vínculo afetivo:
72
FIQUE DE OLHO
Aprofunde seus conhecimentos sobre a fisiologia do aleitamento materno lendo as
seguintes referências: Vitolo (2015, p. 141) e Accioly et al. (2009, p.226).
Além disso, a composição do leite de mães que tiveram seus filhos prematuros ou a termo é
diferente.
Em comparação ao leite de vaca, o leite humano apresenta menos proteínas, mas o que é
mais diferente entre eles é o tipo de proteínas presentes: a principal proteína do leite materno
é a lactoalbumina, digerida muito mais facilmente pelas crianças, enquanto, no leite de vaca,
predomina a caseína, de difícil digestão.
Além disso, o leite humano possui muitos fatores imunológicos de proteção para a criança, como
anticorpos IgA, IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lisosima e fator bífido.
73
Entre os fatores pelos quais o bebê pode não obter a quantidade suficiente de leite, estão
alguns fatores relacionados à amamentação e fatores psicológicos da mãe (mais comuns) e
condições físicas da mãe e do bebê (incomuns).
Figura 9 - Fatores envolvidos com o aporte insuficiente de leite materno para o bebê
Fonte: Vitolo (2015)
Sendo assim, os principais fatores da insuficiência de leite materno para a criança são
fatores evitáveis com informação e instruções à lactante. É papel dos profissionais da saúde,
inclusive do nutricionista, informar a mãe sobre todos os benefícios, tanto para ela, quanto
para a criança, da prática da amamentação, incentivar a busca de soluções em caso dores ao
amamentar, desestimular a introdução de outros alimentos durante os 6 primeiros meses de vida
e, principalmente, ensinar as técnicas adequadas de amamentação, tranquilizando a mãe em
relação à composição do seu próprio leite.
FIQUE DE OLHO
O Ministério da Saúde possui um material muito completo sobre aleitamento materno e
nutrição da criança. Saiba mais sobre o assunto, consultando Brasil (2015a).
74
Umas das maiores preocupações das mulheres nessa fase é a perda de peso e a composição
do leite. A amamentação promove uma perda de peso mais rápida, em consideração a mulheres
que não amamentam. Entretanto, de qualquer forma, para que a perda de peso seja saudável
nessa fase, ela deve ser gradativa.
Assim, o acompanhamento da perda de peso pode ser feito através do peso total, de
avaliações das dobras cutâneas e do IMC, comparando sempre com o último dado pré-gestacional
disponível.
Em relação aos parâmetros bioquímicos, não existem referências para nutrizes. No entanto,
sabe-se que alterações no volume plasmático, a concentração de micronutrientes no soro,
como zinco e cobre, o balanço nitrogenado, a concentração sérica de glicose e insulina e de
lipoproteínas, como triglicérides e colesterol, por exemplo, são comuns em nutrizes em relação a
mulheres adultas não lactantes.
75
Assim, as necessidades nutricionais da nutriz são aumentadas, para que a energia e nutrientes
necessários para a produção do leite materno não esgote as reservas da mãe.
Valor energético
O cálculo do valor energético para nutrizes pode ser feito de duas formas: através de ajustes
dos cálculos do GET (gasto energético total), baseado nas recomendações da RDA e, ou através
das fórmulas das DRI (ingestão dietética de referência).
Para o cálculo utilizando as recomendações da RDA, calcula-se o GET, através dos dados da
TMB (taxa de metabolismo basal) e FA (fator atividade) e, considerando-se o estado nutricional
pré-gestacional, faz-se os seguintes ajustes:
Considera-se no cálculo da TMB o peso desejável (utilizando IMC ideal entre 18,7 e 23,8). Se o
ganho de peso ponderal durante a gestação foi adequado, adiciona-se 500kcal/dia e, se o ganho
de peso ponderal durante a gestação foi insuficiente, adiciona-se 700kcal/dia.
• Sobrepeso/obesidade pré-gestacional:
Para o cálculo das necessidades energéticas de acordo com as DRI, no 1º semestre pós-parto,
considera-se o EER (requerimento energético estimado) pré-gestacional, acrescenta-se 500kcal
76
ao dia de adicional calórico para lactação e subtrai-se 170kcal ao dia, para auxiliar na perda de
peso adequada dessa fase. No 2º semestre pós parto, deve ser adicionado 400kcal ao dia, sem
subtração de calorias.
FIQUE DE OLHO
Você tem dúvidas de como calcular o EER pré-gestacional? Leia o Capítulo 12
(Recomendações Nutricionais para Gestantes), p. 100 de Vitolo (2015).
Proteínas
Micronutrientes
4. NUTRIÇÃO DO LACTENTE
O lactente, ou seja, a criança que recebe o leite materno, idealmente dos 0 a 24 meses de
vida, está em fase de crescimento e desenvolvimento máxima e, por isso, a avaliação do estado
nutricional e as recomendações dietéticas e alimentares são imprescindíveis.
#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela dividida em duas colunas: Classificação e Peso
ao nascer. Abaixo da coluna classificação, estão as categorias: Macrossômico, Peso adequado,
peso insuficiente, Baixo peso, peso extremamente baixo e Prematuro PIG/a termo com RCIU;
abaixo da segunda coluna, estão so valores de referência em gramas para cada categoria.
79
As nutrizes devem ser alertadas sobre práticas não recomendáveis durante a amamentação,
como: oferecer outros tipos de leite ou fórmulas infantis, começar a introdução alimentar antes
dos 6 meses de idade, oferecer mamadeiras e chupeta, fumar durante a amamentação, se
automedicar, ingerir bebidas alcoólicas.
O requerimento energético (EER) para lactentes pode ser calculado da seguinte forma:
FIQUE DE OLHO
É importante que você leia e conheça as recomendações de macro e micronutrientes
específicas para crianças do nascimento aos 2 anos de vida. Para isso, leia o Capítulo 24
(Recomendações Nutricionais para Crianças), p.191 de Vitolo (2015).
80
A partir do 6º mês, os alimentos podem começar a ser oferecidos para as crianças. É importante
que os sinais de fome e saciedade sejam respeitados em todas as fases e, para crianças de 6
meses, é possível identificar esses sinais de acordo com as dicas da figura abaixo.
#ParaCegoVer: A imagem mostra um quadro com uma primeira coluna que ocupa todo o
comprimento da figura, sinalizando que o leite materno pode ser oferecido sempre que a criança
81
Entre 7 e 8 meses de vida, a criança já deve conseguir sentar sem apoio, pega os alimentos e
leva à boca e novos dentes surgem, mas os sinais de fome e saciedade ainda são parecidos.
Um exemplo da alimentação ao longo do dia para crianças entre 7 e 8 meses está apresentado
na figura a seguir.
#ParaCegoVer: A imagem mostra um quadro com uma primeira coluna que ocupa todo o
comprimento da figura, sinalizando que o leite materno pode ser oferecido sempre que a criança
quiser. Na segunda coluna, encontra-se um cardápio dividido em café da manhã, lanche da manhã
e da tarde, almoço e jantar, e antes de dormir. Ao lado de cada refeição, estão as suas respectivas
recomendações aos 7 a 8 meses de vida da criança.
Já entre os 9 e 11 meses, identificamos os sinais de fome e saciedade conforme relatado na figura abaixo.
Lembrando-se sempre de oferecer água ao longo do dia. A alimentação deve ser baseada no
exemplo da figura abaixo.
#ParaCegoVer: A imagem mostra um quadro com uma primeira coluna que ocupa todo o
comprimento da figura, sinalizando que o leite materno pode ser oferecido sempre que a criança
quiser. Na segunda coluna, encontra-se um cardápio dividido em café da manhã, lanche da manhã
e da tarde, almoço e jantar, e antes de dormir. Ao lado de cada refeição, estão as suas respectivas
recomendações aos 9 a 11 meses de vida da criança.
Por fim, o lactente entre 1 e 2 anos de vida consegue expressar sinais de fome e saciedade
de maneira mais clara.
Nessa fase, a alimentação passa a ser mais rica em alimentos sólidos, mas é extremamente
recomendável que a mãe continue oferecendo o leite materno.
84
#ParaCegoVer: A imagem mostra um quadro com uma primeira coluna que ocupa todo
o comprimento da figura, sinalizando que o leite materno pode ser oferecido sempre que a
criança quiser. Na segunda coluna, encontra-se um cardápio dividido em café da manhã, lanche
da manhã, almoço, lanche da tarde e antes de dormir. Ao lado de cada refeição, estão as suas
respectivas recomendações aos 1 a 2 anos de vida da criança.
Obs: Nesta fase de vida, a refeição almoço deve ser repetida no horário do jantar.
FIQUE DE OLHO
Para consultar as recomendações para crianças de até 6 meses que não são amamentadas
de forma exclusiva ou não recebem leite materno, e para crianças de 6 a 24 meses que não
recebem leite materno, leia a referência Brasil (2010).
86
Desnutrição
A desnutrição pode ocorrer precocemente desde a vida intra-uterina e levar ao baixo peso ao
nascer. Ela também pode ser desenvolvida precocemente na infância, por conta da interrupção
precoce do aleitamento materno exclusivo e introdução alimentar inadequada dos 6 meses aos
2 anos de vida.
- Marasmo: ocorre com mais frequência em lactentes com até 12 meses, e a criança apresenta
emagrecimento acentuado, pouca atividade, irritabilidade, atrofia muscular, frouxidão na pele,
costelas proeminentes e desaparecimento da “bola de Bichat”, localizada na região malar e o
último depósito de gordura a ser consumido. Pode haver aspecto aumentado no abdome e os
cabelos são finos e escassos.
Obesidade
Assim como a desnutrição, a obesidade é muito prevalente em classes sociais mais baixas,
pois os alimentos com alta densidade energética costumam apresentar baixo custo, ou seja, o
acesso é facilitado na população de baixa renda.
Anemia ferropriva
A anemia tem sido apontada como um dos determinantes que prejudicam o desenvolvimento
de crianças e, lactentes anêmicos apresentam maior probabilidade de possuírem, no futuro,
baixo rendimento escolar.
5.2 Hipovitaminoses
Em crianças, não é raro que seja observada a deficiência de vitaminas B1, B12, C e D, mas, a
hipovitaminose mais comum e mais preocupante para lactentes é a da vitamina A.
– Nictalopia: conhecida como cegueira noturna, é a alteração visual mais precoce e impede a
criança de enxergar bem em ambientes pouco iluminados;
– Xerose conjuntival: o aspecto do olho se torna seco e opaco e os reflexos luminosos ficam
difusos e com menos intensidade;
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
BRASIL. Ministério da Saúde. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar
para menores de dois anos: um guia para o profissional da saúde na atenção básica.
Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/
portaldab/publicacoes/guia_da_crianca_2019.pdf. Acesso em: 30 jan. 2020.
Bons estudos!
93
Sabe-se que, entre os dois primeiros anos de vida, ocorrem grandes demandas de crescimento
com subsequente requerimento tanto energético, quanto de outros nutrientes (MAHAN et al.,
2013). Portanto, veremos a seguir como se dá a atenção nutricional em todas as fases da primeira
infância, desde o nascimento até a fase pré-escolar. Segundo Acioly et al. (2009, p.258), a fase
ambulatorial do atendimento em saúde básica deve passar pelos seguintes passos:
• Avaliação antropométrica;
• Queixa principal;
• Dados socioeconômicos;
• Desenvolvimento da criança;
• Imunização;
• Função intestinal;
• Alimentação atual;
• Exames bioquímicos;
• Uso de medicamento.
94
Como pudemos perceber, parte deste atendimento poderá ser realizado por nutricionista, ou
ainda, os dados coletados por outros profissionais podem auxiliar na construção do diagnóstico
do estado nutricional da criança, sendo importante tanto a padronização de técnicas corretas na
coleta de dados, quanto o trabalho de equipes multiprofissionais para melhores resultados.
A atenção neste período se dá num duplo processo, pois haverá demandas específicas
para o lactente e para a lactante. Chamamos de lactente o bebê que se alimenta exclusiva ou
prioritariamente de leite, preferencialmente materno; e de lactante a mãe, que fornece o leite
materno ao seu filho. Demandas de calorias aumentadas, consumo de alimentos ricos em macro
e micronutrientes, aumento no consumo de líquidos são as principais demandas da lactante,
buscando, além de recuperar o corpo da gestação e parto, nutrir o bebê.
Segundo Mahan et al. (2013), os bebês perdem em média 6% do seu peso de nascimento nos
primeiros dias de vida, e voltam a ganhar peso entre o 7º e 10º dia, sendo as demandas nutricionais
de primeira importância neste período, evitando assim quadros de hipoglicemia, por exemplo.
#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela com dados sobre as necessidades de calorias
por quilo de peso e por dia, para crianças de 6 meses a 15 anos.
• a biodisponibilidade de nutrientes;
#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela com dados sobre as necessidades de calorias
por quilo de peso e por dia, para crianças de 6 meses a 15 anos.
Na atenção primária, o cuidado com lactentes está baseado em alguns quesitos: peso/ganho de
peso, altura, curva de crescimento, circunferências corpóreas e parâmetros de crescimento (relação
entre altura e peso), sempre baseados nas curvas de crescimento preconizadas pela OMS. Tanto
a perda de peso, quanto o excesso de ganho de peso devem ser considerados no atendimento
nutricional do lactente, sendo um sinal de alerta nutricional que deverá ser melhor investigado.
• prevenção de diarreia;
• auxilio na contracepção;
• formação de vinculo e melhor qualidade de vida tanto para mãe, quanto para o bebê.
Porém, no atendimento básico do lactente, outras questões devem ser avaliadas, como
dificuldades de aleitamento por parte da mãe, dificuldades de sucção e pega por parte do
lactente, doenças que possam impedir o aleitamento materno, condições adversas e baixo
desenvolvimento do bebê.
profissionais de saúde em alguns casos, como baixo ganho de peso, depressão pós-parto grave,
incapacidade de amamentar (coma ou internamento em estado grave de saúde), mastites
(que não são uma contraindicação, mas podem causar alterações no sabor do leite, condição
dolorosa e rejeição ao ato de amamentar tanto pela mãe quanto pele bebê), nova gestação
(não há proibição para amamentação em caso de nova gestação, mas em alguns casos ela pode
gerar contrações uterinas e estimular o aborto), uso de medicamento incompatíveis com a
amamentação, galactosemia, entre outros.
[...] fórmulas infantis para lactentes: considerando lactentes saudáveis até o sexto mês de vida;
fórmulas infantis de seguimento: indicado para lactentes a partir do sexto mês de vida até os 12 meses
de idade incompletos, ou seja, 11 meses e 29 dias; fórmulas infantis para crianças de primeira infância:
indicado para crianças de um ano até os três anos de idade (MIWA, 2018, p. 138).
Lembrando ainda que existe uma rígida regulação de propaganda de alimentos relacionados a
primeira infância e a proibição de propagandas que promovam o aleitamento através de fórmulas
lácteas, bem como promoções que estimulem a compra de tais produtos, como, por exemplo: na
compra de duas latas de fórmula infantil, ganhe uma mamadeira ou bolsa térmica. Em relação a
este assunto, cabe à NBCAL (Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes)
a regulação dos alimentos da primeira infância, baseados na Lei nº 11.265 (BRASIL, 2006) e a
Portaria nº 2.051 (BRASIL, 2009b).
A adoção de uma alimentação complementar não exclui a amamentação com leite materno.
Muitas mães se queixam de diminuição do leite relacionada a introdução de uma fórmula láctea,
porém o manejo de alternância entre os dois métodos de alimentação e a preferência pela oferta
do leite materno podem ser boas técnicas para manter a produção de leite materno.
FIQUE DE OLHO
Você conhece os tipos de aleitamento? São eles: aleitamento materno exclusivo;
aleitamento materno predominante; aleitamento materno; aleitamento materno
complementado; aleitamento materno misto ou parcial. Saiba mais: https://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_aleitamento_materno_cab23.pdf
98
No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de nutrientes. Estima-
se que dois copos (500 mL) de leite materno no segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades
de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% de proteína e 31% do total de energia. Além disso, o leite
materno continua protegendo contra doenças infecciosas. Uma análise de estudos realizados em três
continentes concluiu que quando as crianças não eram amamentadas no segundo ano de vida elas
tinham uma chance quase duas vezes maior de morrer por doença infecciosa quando comparadas com
crianças amamentadas (Brasil, 2015 apud OMS, 2000, p. 15).
Porém, o acesso ao leite materno, devido a demandas externas, pode ser uma preocupação,
fato pelo qual muitas mães deixam de fornecer este alimento a seus filhos. Retorno ao mercado
de trabalho, dentição, falta de leite e rotina escolar das crianças são comumente apontados como
fator decisivo para mudanças na alimentação dos mesmos.
Após os primeiros dias de vida, a criança está na fase de lactente, que se estende até o 6º
mês, porém muitas mães voltam a trabalhar neste momento ou ainda antes, e muitas crianças
passam pelo período de desmame, sendo relatado pela literatura desmames desde os 3 meses
de idade.
Classifica-se a fase pré-escolar é aquela que compreende entre 2-4 anos, e a fase escolar, que
compreende o período em que o bebê passa a ser chamado de criança, compreende a fase entre
5-10 anos (WAMI, 2018). A orientação tanto das equipes de saúde da família, quanto da OMS
são de aleitamento materno mesmo sem a presença da mãe, com esgotamento e congelamento
do leite para administração através de cuidador (avós, tios, babás ou profissionais de educação),
sendo preconizado o uso de colher ou copinho ao invés de mamadeiras.
A amamentação pela própria mãe nos períodos de descanso no trabalho é garantida por
lei, antes da sua saída e após sua chegada. Sendo as demais mamadas provenientes do leite
materno extraído, congelado e reaquecido. Neste sentido, após o 6º mês será iniciada a transição
do aleitamento exclusivo para o aleitamento misto. Serão introduzidos novos alimentos em
concomitância com a administração do leite materno.
A atenção neste sentido deve ser dada tanto à quantidade de alimentos ingeridos, quanto
à qualidade desses alimentos, respeitando o amadurecimento fisiológico da criança. Questões
importantes como o consumo de água devem ser observadas, pois para crianças em aleitamento
materno exclusivo não há consumo de água, porém com o desmame será necessário para suprir
as necessidades diárias em outras fontes além do leite materno.
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#ParaCegoVer: A imagem mostra uma tabela com dados sobre as necessidades diárias de
ingestão de água, desde os 6 meses até os 14 anos.
Percebam que a quantidade de água que deverá ser consumida diminui com o avanço da
idade, este fato se dá pois, com a introdução de novos alimentos, o acesso a água nestes alimentos
aumenta, complementando as necessidades diárias. Condições de diarreia ou outras que possam
propiciar a perda de líquidos devem ser monitoradas para que não haja desidratação. Olhos, pele,
boca e demais mucosas são formas aparentes de verificar a hidratação em crianças, sendo pontos
de observação tanto para pais, quanto para profissionais de saúde.
Em relação à alimentação complementar, ou seja, aquela que irá propiciar uma boa
condição nutricional à criança após o desmame, o Ministério da Saúde preconiza as seguintes
ações: “a alimentação complementar deve prover suficientes quantidades de água, energia,
proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, por meio de alimentos seguros, culturalmente aceitos,
economicamente acessíveis e que sejam agradáveis à criança” (BRASIL, 2015, p. 95).
Após os 6 meses, a criança já começa a apresentar maturidade para a ingestão de outros alimentos,
que deve começar de maneira lenta e gradual e ir evoluindo de acordo com o Guia alimentar para
menores de 2 anos (BRASIL, 2019). Os sinais de que a criança já é capaz de se alimentar são:
• desenvolvimento do paladar.
A comida que é oferecida à família, se for saudável e adequada, também pode ser oferecida à criança,
segundo o Guia alimentar para menores de 2 anos (BRASIL, 2019). Deve-se respeitar as quantidades
100
ideais para a idade, a consistência que deve evoluir de uma papa amassada com o garfo para pedacinhos
no decorrer do tempo, e a não adição de sal ou açúcar, com adição mínima de gorduras.
O sucesso desta fase depende da paciência de quem acompanha a criança nos momentos
de alimentação. Ofertar diversas vezes o mesmo alimento, variar a dieta, fazer uso de alimentos
in natura, não adicionar sal ou açúcar, estimular a capacidade alimentar da criança, tornando os
alimentos acessíveis, seja em localização ou forma de servimento, são algumas das orientações
que devem ser prestadas durante este período.
A desnutrição na infância é uma das maiores causas de mortalidade infantil, sendo associada a
fatores sociais como baixa renda, condições precárias de moradia e situação financeira debilitada.
Uma das agendas públicas mais difundidas pela OMS é a atenção primária voltada para a
alimentação na infância, combate à mortalidade infantil e desnutrição. Sabe-se que cuidados
neste sentido podem gerar quedas nos índices de mortalidade e ainda melhorias na qualidade de
vida desta população, com reflexos até a idade adulta e velhice.
Pele, cabelos, mucosas e olhos, por exemplo, podem fornecer sinais importantes destes
desvios nutricionais e devem ser avaliados em consultas de acompanhamento das crianças, além
das verificações antropométricas de rotina. Também é relevante a participação de pais, familiares
e cuidadores em palestras e ações de educação continuada que possam esclarecer dúvidas sobre
a alimentação e condições nutricionais adversas nesta fase.
As pautas das ações nos postos de saúde podem incluir dificuldades na amamentação,
alimentação da mãe neste período, transição ou introdução alimentar, o Guia alimentar para
menores de dois anos, alimentação e a vida escolar, entre outros. As relações entre saúde e
educação devem se estreitar para que se cumpram as bases da educação alimentar e nutricional.
A escola tem papel fundamental neste processo, tendo em vista que muitas das crianças
nesta fase estarão em ambiente escolar durante a maior parte do dia. Em escolas públicas, o
PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) traz diretrizes de estímulo a uma alimentação
saudável e adequada, prevendo inclusive a fase de transição. Através de diretrizes, de cardápios
elaborados por nutricionista, de compras da agricultura familiar, avaliação nutricional e ações
102
FIQUE DE OLHO
O PNAE atende crianças de várias faixas etárias, matriculadas na rede pública de ensino,
fornecendo alimentação escolar. A lei nº 11.947/2009 (BRASIL, 2009c) e a Resolução FNDE
nº 26/2013 regulam alimentação nas escolas públicas, conhecê-las poderá facilitar o
entendimento sobre alimentação infantil no ambiente escolar.
Toda e qualquer pessoa que esteja envolvida na alimentação de crianças influencia de alguma
maneira o modo de se alimentar daquela criança. E essas influências irão perdurar por toda a
vida, sendo importante que sejam fundamentadas em hábitos saudáveis que possam promover
um estado nutricional adequado.
103
Com o avanço da idade, as visitas aos postos de saúde diminuem e muitas vezes se realizam
em momentos de campanhas de vacinação, sendo necessário estreitar as relações com a
comunidade, a fim de garantir o atendimento a este público em outras oportunidades e estimular o
acompanhamento do estado de saúde das crianças. Um bom exemplo de parceria que pode gerar
bons resultados é o programa Saúde na Escola, que realiza avaliação do estado nutricional das
crianças em idade pré-escolar e escolar, em parceria entre postos de saúde e unidades escolares.
Segundo Mahan et al., “as necessidades nutricionais de uma criança refletem as taxas de
crescimento, a energia gasta em atividades, as necessidades metabólicas basais e a interação
dos nutrientes consumidos” (2013, p. 764). Podemos dividir essas necessidades em nutrientes e
garantir assim a nutrição adequada deste público.
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Ainda neste sentido, além de conhecer as necessidades alimentares das crianças nesta
fase, cabe identificar outros documentos que auxiliem na formação de conceitos, que poderão
nortear uma alimentação saudável. O Caderno nº 23 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2015) traz
informações sobre a rotina alimentar das crianças, com exemplos de alimentos e divisão por faixas
etárias, facilitando a orientação de profissionais de saúde e o desenvolvimento das refeições por
parte de pais, familiares ou cuidadores.
O guia alimentar para menores de dois anos traz 10 passos para uma alimentação saudável
e adequada para este público, sendo uma fonte de informação segura e de qualidade tanto
para profissionais, quanto para pais, familiares e cuidadores no desenvolvimento de uma rotina
alimentar que garanta o crescimento e saúde das crianças.
Em bebês, por exemplo, a retirada de toda a roupa, inclusive a fralda pode representar uma grande
diferença no peso. Em crianças maiores não há a necessidade de retirada de toda a roupa, podendo a
106
criança ficar com roupas leves, mas sem os sapatos, que podem representar um acréscimo de peso.
Crianças menores deverão ser pesadas deitadas, mas as maiores podem ficar de pé na balança.
O estado nutricional diz muito sobre a saúde de um indivíduo, e no período da infância ele é
bastante mutável. Além da alimentação, outros fatores podem influenciar no estado nutricional
das crianças.
Podemos imaginar, como citamos acima, uma criança com intolerância à lactose. Ela pode ser
confundida com uma alergia à proteína do leite, por exemplo, situação em que será necessário
a retirada da proteína do leite e não da lactose. Se nas orientações nutricionais para aqueles
que estão diretamente ligados à alimentação da criança, não ficar claro qual o diagnóstico, e
quais os alimentos que contêm o nutriente a ser retirado, bem como como manejar este tipo
de dieta, pode ser que seja administrada uma alimentação sem leite, mas com outros alimentos
que contenham leite em sua formulação, como biscoitos e bolos. Causando assim desconforto e
alterações nutricionais.
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A obesidade também é um fator preocupante em relação à saúde nutricional das crianças, ela
pode gerar danos futuros, expor a criança a uma DCNT, além de práticas de bullying em ambientes
escolares. O Brasil tem passado por uma transição nutricional, se antes os casos de desnutrição
eram prevalentes, agora temos inúmeros casos de sobrepeso e obesidade na infância. Não são
recomendadas dietas restritivas neste período, mas sim o controle da qualidade da alimentação
fornecida, os porcionamentos, a frequência da alimentação, bem como o incentivo à prática de
atividades físicas e acompanhamento da evolução do estado nutricional por profissionais de saúde.
A DEP (desnutrição energético proteica) já foi um dos panoramas mais assoladores da condição
nutricional da infância no Brasil. Ela pode ser classificada, segundo Mawi, como: “Kwashiorkor:
deficiência predominantemente proteica; Marasmo: deficiência energético-proteica equilibrada;
Kwashiorkor marasmático: forma mista em que existe a deficiência energética e proteica, porém
desequilibrada” (2018, p. 187).
Apesar de sua prevalência ter diminuído nos últimos anos, em determinadas regiões do
Brasil este problema ainda persiste. Avaliação precoce e acompanhamento, bem como políticas
públicas podem ser fortes aliados no tratamento desta situação.
A desnutrição pode variar de leve a grave, sendo caso de internamento quando em parâmetros
de maior gravidade. Reposição dos principais nutrientes através de soro e suplementos sintéticos,
com evolução para alimentação são alguns dos tratamentos possíveis. Acompanhamento
psicossocial da situação familiar da criança também pode gerar melhorias no quadro.
A falta de apetite pode estar relacionada tanto a características psicológicas das crianças,
quanto a outras enfermidades como feridas na boca, desconforto gástrico, gripes e estados febris
(PALMA et al., 2009). Ela pode ser transitória ou se estender por mais tempo, sendo necessária
a observação do consumo alimentar da criança nestes períodos. Os profissionais de saúde
deverão verificar o consumo alimentar, através de ganho de peso e inquérito alimentar, pois,
109
Os grupos de apoio, nas unidades de saúde, deverão abordar estes assuntos, seus sinais e
sintomas, as condições que promovem estes estados e ainda quais as recomendações para que
possam ser sanadas estas dúvidas. Os trabalhos em grupo promovem além de conhecimento, a
troca de experiencias entre pais e cuidadores, sendo bastante benéfica.
Segundo o Guia alimentar (BRASIL, 2019), fazer da base da alimentação das crianças, desde a
introdução alimentar, os alimentos in natura e minimamente processados trará benefícios a curto
e longo prazo. Uma alimentação variada, com pouco ou nenhum consumo de ultraprocessados ou
processados, que apresentam grandes quantidades de calorias, sal, açúcar e gorduras, poderá sanar
problemas como obesidade, constipação, má alimentação, desnutrição, anemia, entre outros.
Na infância, algumas políticas têm como foco a alimentação e nutrição. Estas políticas estão
ligadas ao atendimento básico de saúde, englobando ações que fomentem e protejam a alimentação
saudável e adequada, políticas de estímulo ao aleitamento materno, políticas de suplementação de
nutrientes, e a política nacional de alimentação escolar, que prevê o fornecimento de alimentação
saudável e adequada a todos os alunos da rede básica pública de educação.
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#ParaCegoVer: A imagem mostra uma mulher adulta e uma criança deitadas de bruços,
apoiadas sobre os cotovelos, com garfos nas mãos, comendo frutas picadas em uma tigela.
O PAISC (Programa de Atenção Integral à Saúde da Criança) foi uma das primeiras propostas
do Ministério da Saúde relacionado a este público. Com intuito de atenção global, prevê ações
em todas as áreas, inclusive nutrição. As políticas de atenção à infância têm ainda foco na atenção
materna, já que, do estado de saúde desta população, deriva a saúde da população infantil. É o
caso da desnutrição, que, em casos de desnutrição materna, pode gerar casos de desnutrição
infantil, com nascimento de bebês com baixo peso.
Segundo Accioly et al. (2009, p. 20), a PAISC tem ações em: acompanhamento do crescimento
e desenvolvimento; aleitamento materno e alimentação complementar; assistência e controle de
IRA (infecções respiratórias agudas); controle das doenças diarreicas e imunização. A Assistência
Integral às Doenças Prevalentes na Infância é outra ação da qual derivam políticas públicas para
este público, seguindo as recomendações da OMS e UNICEF.
Dentre as principais ações tanto na fase da gestação quanto na infância, podemos citar:
· Rede cegonha;
cada fase, também se faz necessário realizar o cálculo de gasto energético para este público. A
fórmula a seguir define como realizar este cálculo:
GE = TMB x AF
Valor energético total = gasto energético + adicional de energia para idade gestacional
Ainda segundo a autora, “esses valores citados não se referem ao fator atividade diária, e
sim a atividade desenvolvida. Devem-se multiplicar as horas de cada atividade até somar 24h,
multiplicar por cada valor de acordo com a atividade e dividir por 24h” (VITOLO, 2008, p. 193).
A grande dificuldade nesta fase se concentra nos inquéritos alimentares, sendo que os
responsáveis pela alimentação das crianças é que realizarão o preenchimento de acordo com a
observação.
Este processo pode ser dificultado pois, além dos cuidadores poderem ser múltiplos - como
por exemplo uma criança que fica com a mãe no período da manhã, na creche no período da
tarde e com a avó ou pai no período da noite -, as percepções da quantidade consumida podem
ser super ou subestimadas de acordo com quem as relata. As anotações deverão poder mensurar
as quantidades consumidas com base na observação atenta e podem ser norteadas por manuais
de quantificação alimentar.
As crianças podem ser avaliadas em conjunto com mãe, pai ou cuidadores habituais, sendo
que, até os 7 anos de idade, os responsáveis pelo fornecimento de dados são os adultos que
acompanham a criança, após esta fase, ou seja, depois dos 8 anos de idade, a criança pode
relatar seu consumo e ser auxiliada neste relato pelos responsáveis. Já na fase da adolescência, é
importante tentar coletar estes dados diretamente com o paciente.
Devido ao fato de crianças variarem seu apetite de acordo com questões que vão além do
habito alimentar, convém investigar o consumo alimentar com mais de um método de inquérito.
Solicitar um recordatório de 24 horas pode não ser totalmente suficiente se a criança estiver com
febre, indisposta ou fora de sua rotina normal no dia da coleta. Neste caso, seria interessante
um inquérito alimentar que possa verificar, por exemplo, de três a quatro dias de alimentação
(VITOLO, 2008).
FIQUE DE OLHO
Você conhece o Manual Fotográfico de Quantificação Alimentar Infantil? Ele pode ser
uma boa ferramenta de inquérito alimentar para crianças. https://enani.nutricao.ufrj.br/
wp-content/uploads/2019/06/Manual-quantificacao-alimentar-infantil-BR.pdf
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PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer mais sobre a nutrição nas principais fases da infância, com quantidades de
ingestão de nutrientes, necessidades nutricionais de cada fase e a importância dos
Guias alimentares, como é o caso do Guia Alimentar para crianças menores de 2 anos;
MAHAN, L. K. et al. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 13ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2013. 1228 p.