Você está na página 1de 51

CURSO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA -

NUTRIÇÃO E AUTISMO
INSTITUTO DE PESQUISA, ENSINO E
GESTÃO EM SAÚDE (IPGS)

PROF. NATÉRCIA FERREIRA


NUTRICIONISTA CLINICA E MATERNO INFANTIL
EDUCADORA EM DIABETES
MESTRE EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE -
UFPR
MÓDULO 1

O CÉREBRO DA
HISTÓRIA E DIAGNÓSTICO E
EPIDEMIOLOGIA CRIANÇA
DEFINIÇÃO DO TRATAMENTO
E CLASSIFICAÇÃO AUTISTA: SINAIS
AUTISMO MÉDICO
E SINTOMAS
MÓDULO 2

DISFUNÇÃO
METAIS PESADOS E
MITOCONDRIAL NO INTESTINO E AUTISMO
XENOBIÓTICOS
AUTISMO
MÓDULO 3

ALERGIAS AVALIAÇÃO
AUTISMO E O HÁBITO
ALIMENTARES E NUTRICIONAL DA
ALIMENTAR
AUTISMO CRIANÇA AUTISTA
MÓDULO 4

DIETAS ESPECIAIS NA PLANEJANTO A DIETA


CRIANÇA AUTISTA DA CRIANÇA AUTISTA
MÓDULO 1
TEMPLE GRANDIN

“Minha mente
“ A forma como eu
“Nossos cérebros funciona como Vou me lembrar
penso é diferente
são conectados de imagens do google de todas as igrejas
das outras
formas e se você me diz: que já vi na
pessoas, eu penso
diferentes... imagine uma vida!!!!
em imagens.”
igreja!

CARLY FLEISCHMANN

“Quando olho para o “Eu digo que sou uma


rosto de uma pessoa, Por isso é difícil olhar para pessoa igual as outras
minha mente tira alguém.” dentro de um corpo que
centenas de fotos dela. age diferente”.
“A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não seremos
capazes de resolver os problemas provocados pela forma como nos
acostumamos a ver o mundo”.

Albert Einstein
AUTISMO

AUTOS: SI MESMO

ISMOS: DISPOSIÇÃO,
ORIENTAÇÃO
HISTÓRIA DO AUTISMO
• 7 décadas de estudos;
▪ Ano de 1911: Bleuler → termo “autismo” para perda de contato com a
realidade;
▪ Kanner (1943): obsessividade e estereopatias (linha esquizofrênica); incapaz
de manter contato afetivo e interpessoal (11 pacientes crianças com
comportamento típico);
• 1944: Asperger – casos de inteligência
▪ Distúrbio do desenvolvimento;
▪ Década de 60: “distúrbio profundo do desenvolvimento”.
▪ Surgimento de Teorias: Comportamental Operante, Neurofisiológica,
Psicanalítica e Orgânica. RITVO; ORNITZ, 1976; apud SCHWARTZMAN, 2011.

KANNER,1943; apud MELLO, 2007;


SURGIMENTO DE TEORIAS

• TEORIA COMPORTAMENTAL OPERANTE: comportamento é consequência


dos fatores ambientais (déficits comportamentais e excessos);
• TEORIA NEUROFISIOLÓGICA: inconstância perceptual, limiar elevado de
percepção sensorial e altos níveis de sensibilidade e irritabilidade;
• TEORIA PSICANALÍTICA: falhas no desenvolvimento e no estabelecimento
das relações interpessoais;
• TEORIA ORGÂNICA: busca por respostas laboratoriais (enzimáticas, níveis
de minerais séricos, purinas e gliadinas);

SCHWARTZMAN, 2011
TEORIA DA PODA NEURONAL
EPIDEMIOLOGIA
• Hereditária (predisposição genética e
CARACTERÍSTICA defeitos congênitos) + ambiente

• 37% à 90%
FATOR HEREDITÁRIO • Mais comuns em meninos do que
meninas: 4/1

• 15%
MUTAÇÕES GENÉTICAS

• 50%: complicações pós-parto, infecções


FATOR AMBIENTAL maternas, uso de drogas e a possibilidade
de origem pré-natal.
DSM 5, 2014
SVEN et al., 2014
BASES GENÉTICAS

• FORTE BASE GENÉTICA E COMPLEXA: interações entre


múltiplos genes, meio ambiente e fatores epigenéticos
• HETEROGENEIDADE NA APRESENTAÇÃO FENOTÍPICA:
caracterísictas e severidade dos sintomas
• BASES GENÉTICAS ASSOCIADAS AO FENÓTIPO:
desconhecidas devido à variabilidade genética e fenotípica
da doença
• AUTISMO: resultado de variações genéticas simultâneas
em múltiplos genes
GÊNESE GENOTÍPICA DO AUTISMO
• Revista NATURE, 2014: até 33 genes envolvidos no
desenvolvimento de TEA. S. RETT e TEA: MECP2

• Análise de 15.480 amostras de DNA para analisar


impacto das mutações passadas de pais para filhos.
• Dos 33: 7 são novos, 11 não eram considerados
potenciais e 15 são conhecidos.
• Mutações genéticas raras: 107 genes

O GATILHO É A GENÉTICA - MAS HÁ UM


MONTE DE DIFERENTES POSSÍVEIS CAUSAS
BUXBAUM J., 2014.
PROJETO FADA DO DENTE

GEN: NPTC6

MUOTRI A. et al., 2016.


TÉCNICA DE REPROGRAMAÇÃO DE
DNA - CRISPR
AUTISMO NO BRASIL

• Poucos estudos epidemiológicos publicados


• Justificativa: ausência de abrangência e de protocolo
sistemático no SUS
• PAULA et al.: 0,3% de casos de autismo
• Primeiro Encontro Brasileiro para Pesquisa em Autismo
(2010): Autism Speaks

+ 2 milhões no
Brasil
BRASIL, 2013
PAULA et al., 2014.
AUTISMO ENTRE IRMÃOS
• Maior probabilidade de autismo entre irmãos
• Estudos populacionais: 3-10% entre as famílias
• Possível relação de 26% entre irmãos e 9% entre irmãs
IMPRINTING METABÓLICO
TERMO PROGRAMAÇÃO METABÓLICA

Experiência nutricional precoce


Janela de
oportunidade

Período crítico do crescimento ou desenvolvimento

Acarretaria efeito duradouro e persistente ao longo


da vida

Predispondo a determinadas doenças


IMPRINTING METABÓLICO

ESTUDOS EVIDENCIAM: Condições gestacionais e pré gestacionais

Exposições nutricionais
Exposições ambientais
Desenvolvimento de doenças crônicas
Padrões de crescimento
uterino
Janela de OBESIDADE
oportunidade

DCV SM
Efeitos importantes sobre as condições de
saúde do adulto
RI
IMPRINTING METABÓLICO
DESNUTRIÇÃO FETAL
MÁ NUTRIÇÃO FETAL

PROPICIA AO FETO UM ENERGIA PARA ÓRGÃOS VITAIS


FENÓTIPO THRIFTY

DETRIMENTO DE ENERGIA PARA A


FETO ADAPTAR A UM MÚSCULOS E ÓRGÃOS ABDOMINAIS
AMBIENTE INTRAUTERINO

• AMBIENTE
OBESOGÊNICO
OTIMIZANDO O USO DE SUPRIMENTOS ENERGÉTICOS
REDUZIDOS

↓ Capacidade funcional céls. β

GARANTIA DA SOBREVIDA * Gens poupadores de energia


IMPRINTING METABÓLICO
AMBIENTE FETAL E FATORES
NEONATAL
GENÉTICOS

PROGRAMAÇÃO METILAÇÃO
METABÓLICA DNA

FENÓTIPO
SILVA, L.R. et al. A Genética e a Neurofisiologia do Autismo, 2016.
QUAIS OS ERROS DE IMPRINTING?

❑ NEOPLASIAS
❑ DOENÇAS METABÓLICAS
❑ Dismorfismos genéticos
❑ Distúrbios do desenvolvimento neurológico
EVOLUÇÃO DIAGNÓSTICA

INDICÊNCIA • AUTISMO
PRIMEIROS ESTUDOS • 4-5 casos para 1000 nascimentos
Porém, apesar da prevalência dos casos
2002 • 1/150
de autismo ter aumentado quase
2004 seiscentos
• por cento em dez anos, esses
1/125
dados parecem ter se estabilizado desde
2009 2014, com prevalência atual de 1 em cada
• 1/110
39 pessoas com até 17 anos de idade
2012 • 1/88
2014 • 1/68
ESTIMATIVAS ATUAIS • 1/50

ANTONIUK, WEHMUTH, 2013; BLUMBERG, et al., 2013; CDC, 2014; XU G. et al., 2018.
DSM-5
• Substituição do termo Transtorno Invasivo do Desenvolvimento
(TID) por Transtorno do Espectro Autista (TEA);
• Não há mais subdivisão em autismo, asperger, síndrome de rett,
transtorno desintregrativo da Infância e transtorno invasivo do
desenvolvimento sem outra especificação
• Dois domínios:
1. déficits de comunicação social e interpretação social
2. padrões restritos ou repetitivos de comportamento, interesses ou
atividades
FATORES DE RISCO AUTISMO

• Estudo Nice (2011) guidelines: “Autism Recognition Referal and Diagnosis


of Children and Young people on the Autism Spctrum”
• Ter irmão com autismo (independe gravidade)
• História familiar de esquizofrenia
• História familiar de distúrbios afetivos
• História familiar de deficiência intelectual ou alteração do comportamento
• Maternidade após os 40 anos
• Idade paterna entre 40 e 49 anos ou superior a essa faixa etária
• Peso ao nascer abaixo de 2500g
• Prematuridade (<35 semanas)
MERCADANTE, 2011.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?

O diagnóstico do autismo é clínico, feito por meio de observação


direta do comportamento e de uma entrevista com os pais ou
responsáveis. Os sintomas costumam estar presentes
precocemente no período de desenvolvimento.

Exame de cariótipo para descartar a


presença de síndromes

DSM V, 2014
ESCALAS DIAGNÓSTICAS
ESCALAS DIAGNÓSTICAS

• Autism Diagnostic Observation Schedule (ADOS);

• Adi-R Autism Diagnostic Interview – Revised;

• Childhood Autism Rating Scale (CARS ou "Escala de Pontuação para Autismo na


Infância");

• Autism Behavious Cheklist (ABC);

• Autism Diagnostic Interwiew (ADI);

• Autims Diagnostic Interview (ADI-R);

• Cheklist for Autism in Toddlers (CHAT);

• Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT);


SINALIZAÇÕES INICIAIS
• Primeiros sinais: meses iniciais de vida
• Sem contato visual e não respondem ao serem chamados
pelo nome
• Até 12 meses: não apontam com o dedo, não batem palma
• Interesse em objetos
• Sintomas comuns: anormalidades sensoriais e motoras,
perturbações do sono, hiperatividade, crises de epilepsia,
agressividade, bipolaridade, ansiedade, compulsão.
• Movimentos estereotipados e repetitivos;
CATEGORIA DIAGNÓSTICA

BAIXO GRAU

• Limitações Cognitivas

ALTO GRAU

• Atraso na fala
• Déficit na interação pessoal
• Irritabilidade por ruídos altos
• Tonicidade muscular rígida
• Dificuldade motora
• Dificuldade de tônus anal e de micção
DSM V,2014.
DÉFICIT DA COMUNICAÇÃO QUALITATIVA

• Dificuldade em compartilhar informações com


terceiros
• Linguagem imatura (jargão-ecolalia, reversões de
pronome, entonação monótona)
• Falta de reciprocidade
• Ausência de fala
COMPORTAMENTOS COMUNS
• Estereotipia: movimento repetitivo, como agitar as mãos, virar a
cabeça de um lado para o outro ou balançar o corpo.
• Comportamento compulsivo: organização de objetos em pilhas ou
linhas, parece seguir regras.
• Uniformidade: resistência à mudanças ou alterações muito bruscas.
• Comportamento ritualista: envolve um padrão invariável de suas
atividades diárias, como um menu imutável ou um ritual de vestir.
• Comportamento restrito: foco limitado em um só interesse ou
atividade, como a preocupação com um programa de televisão,
brinquedo ou jogo.
• Automutilação: inclui movimentos que ferem ou podem ferir a
pessoa, como o dedo nos olhos, bater a cabeça ou morder as mãos.
APRESENTAÇÕES DE TEA

Transtorno do Espectro Autista: Caracterizado por desordens em todas


as áreas do desenvolvimento, comunicação, habilidades sociais e
comportamento.

Síndrome do X Frágil: Forma herdada mais comum de deficiência mental;


pode causar também dificuldades de aprendizagem e comportamentais.
APRESENTAÇÃO DE TEA

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

• Doença crônica
• Sintomas presentes precocemente no período de desenvolvimento
• Afeta aspectos comportamentais, sociais e de linguagem
• Dificuldades na socialização (isolamento)
• Deficiências na comunicação verbal e não verbal
• Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamentos e de interesses
• Dificuldade de auto-percepção (fala na terceira pessoa) → não fala o pronome EU

DSM V, 2014. BUIE et al., 2010; DSM V, 2014;


O BEBÊ AUTISTA

TRANSTORNOS ALIMENTARES
• Não procura o seio
• Não demonstra fome
• Mama muito lentamente
• Dificuldade em modificar repertório alimentar
• Preferência por alimentos líquidos e papinhas
• Mastigação atípica (lingual)
O BEBÊ AUTISTA
QUALIDADE DO SONO
• Dorme menos que o esperado
• Episódios curtos de sono
• Alterna entre choro ao despertar ou não dar sinal algum

BRINQUEDOS
• Não explora e não os usa de forma adequada
• Uso de forma estereotipada
• Sem Brincadeiras de faz-de-conta

MOTRICIDADE
• Demora para sentar e não costuma engatinhar antes de andar
• Estereotipias e balança o corpo
O BEBÊ AUTISTA

TRANSTORNOS RELACIONAIS
• Não se aninha no colo da mãe
• Não demonstra afeto ou entusiasmo com a aproximação de
familiares
• Não reage aos chamados verbais
• Não faz contato visual
• Costuma irritar-se quando colocado diante de novos
estímulos
CO-MORBIDADES ASSOCIADAS AO
AUTISMO
✓ Associação com doença mental
✓ Epilepsia
✓ Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
✓ Alergias Alimentares
TRATAMENTO MÉDICO

APRENDIZAD
INICIAR OPORTUNIDA
TRATAMENTO ATENÇÃO INCLUIR OINTERAÇÃO
PROGRAMA DE DE ENSINO
INTENSIVO 5 INDIVIDUALIZ COMPONEN ,
S DE E MEDICAMENTO
DIAS POR ADA EM UMA TE DA HABILIDADES
INTERVENÇ ESTRUTURAD
SEMANA BASE DIÁRIA FAMÍLIA SOCIAIS,
ÃO O
INTERAÇÃO

Committee on Educational Interventions for Children with Autism, 2001;


TEACCH
TRATAMENTO MÉDICO
• Participação dos pais e/ou responsáveis
• Perdas nos avanços do desenvolvimento infantil na ausência dos pais
no tratamento
• Emprego de medicamentos: tratamento dos sinais e sintomas
• 45-75% das crianças com TEA utilizam antidepressivos, antipsicóticos,
anticonvulsivantes e estimulantes sem comprovação científica
• Medicações: não tem por objetivo tratar a doença e devem ser
indicados após intervenções educacionais e comportamentais
• Prescrição medicamentosa: gravidade dos sintomas, progressão do
quadro clínico, resposta à tratamentos anteriores e opinião de
familiares próximos à criança
TRATAMENTO MÉDICO
• Método Applaied Behavior Analysis (ABA) ou Análise do Comportamento Aplicada:
✓ Metodologia: comportamentos que podem ser observados e modificados
através do princípio da imitação
✓ Trabalhar os déficits, identificando os comportamentos que a criança tem
dificuldades ou até inabilidades e que prejudicam sua vida e suas
aprendizagens.
✓ Diminuir a freqüência e intensidade de comportamentos de birra ou
indesejáveis, como, por exemplo: agressividade, estereotipias e outros que
dificultam o convívio social e aprendizagem deste indivíduo.
✓ Promover o desenvolvimento de habilidades sociais, comunicativas,
adaptativas, cognitivas, acadêmicas
✓ Promover comportamentos socialmente desejáveis
✓ Realizado em grandes centros intensivo e individualizado
TRATAMENTO MÉDICO

• Método Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped


Children (TEACCH)
✓ Metodologia: ensino estruturado com base nos estilos de aprendizagem de crianças
com TEA e ensinar os pais ou responsáveis como avaliar e implementar o suporte
individualizado para seus filhos.
✓ “Diversão com os outros” para o desenvolvimento de habilidades sociais (reciprocidade
social)

+ TTOS Discrete Trial Training (DTT), Functional Communication Training


(FCT), Incidental Teaching, Positive Behavior Support (PBS), Cognitive
Behavioral Therapy (CBT), Denver Model, DIR/FLOORTIME
TRATAMENTO MÉDICO - EVIDÊNCIAS
• Fonoaudiologia
• Jogo simbólico
• Escolarização (socialização)
• Técnicas de socialização, recreação
• PECS (formas de comunicação alternativas – figuras)
• ABA – TEACHH (modulação do comportamento)
• Atividade Física (utilização de animais)
• Abordagem Pedagógica
• Medicação
PROBLEMÁTICA DO
ENFRENTAMENTO
• Pouco conhecimento das equipes de saúde
• Desintegração e descontinuidade do tto
• Insegurança dos professores
• Ausência de equipes disciplinares
• Burocracia na solicitação de medicamentos
• Alto custo do tto
• Medicina focada na medicação
• Baixa qualidade de vida (atenção familiar)
• Baixa infraestrutura para os atendimentos
• Direitos e deveres da criança autista: Lei de Dezembro/2012
PRÓXIMO MÓDULO

DISFUNÇÃO
METAIS PESADOS E
MITOCONDRIAL NO INTESTINO E AUTISMO
XENOBIÓTICOS
AUTISMO

Você também pode gostar