Mitos e verdades e a suplementação para o paciente oncológico
Prof. Iris Lengruber – irislengruber@hotmail.com
COMO SURGEM OS MITOS
Infelizmente o câncer é uma doença que tem aumentado o
número de casos a cada dia. Com isso, muito se fala de
alimentos que poderiam interferir de forma positiva ou
negativa no desenvolvimento e/ou tratamento da doença.
De um lado se destacam os alimentos heróis. Do outro os
vilões. Quase sempre as descobertas se passam no
laboratório da “melhor universidade do mundo”. Já a
divulgação se dá de muitas formas. Pode surgir pela boca
da vizinha, pelo grupo do WhatsApp ou pelas redes sociais.
“Fake News” são perigosas! Com o objetivo de combater
informações equivocadas o INCA lançou uma cartilha para
combater dietas polêmicas e mitos em torno da doença.
Carboidrato = energia. As células precisam glicose.
Privação = queima muscular, inclusive. O tumor se alimenta
de glicose, mas altera vias para gerar energia e biomassa e
se alimenta também de glutamina, ácidos graxos e acetato!
Até o momento, não existem evidências científicas
suficientes que confirmem que cortar carboidratos ajuda a
“matar o tumor” em humanos.
Alguns cientistas estão estudando o efeito de determinadas
dietas na resposta ao tratamento do câncer, mas ainda não
existem dados suficientes que possam gerar
recomendações diferentes das atuais para pacientes em
tratamento.
O que pode ser orientado por enquanto é que você siga uma
alimentação saudável, baseada em “comida de verdade” e
sem alimentos ultraprocessados.
Muito se fala em “matar as células tumorais de fome com
uma dieta “Low Carb” ou cetogênica. O problema são os
efeitos colateriais. Tem sido mencionada propensão para o
aparecimento de dores de cabeça, diarreias, estados de
fraqueza e câimbras musculares.
Os indivíduos que adotam esta dieta e que tomam
simultaneamente medicação devem ter supervisão clínica
para que sejam evitados episódios de hipoglicemia,
hipotensão e outras complicações.
Conclui-se também que os indivíduos que utilizam uma
dieta pobre em hidratos de carbono apresentam um
aumento do LDL, porque ao restringir carboidratos, há um
aumento da ingestão de gorduras totais, inclusive saturada.
Diante desse aumento dos níveis de LDL, e sendo este
altamente aterogênico, torna-se importante esclarecer se a
dieta Low Carb pode promover a morbidade/mortalidade
em longo prazo .
Em conclusão, a aplicação clínica de dieta cetogênica como
terapia adjuvante para pacientes com câncer requer
primeiramente maior conhecimento dos seus efeitos no
organismo humano, sem descartar o conhecimento dos
ensaios com modelos de células e cobaias.
No entanto, o pouco benefício encontrado não justifica a sua
utilização em pacientes já metabolicamente alterados e com
o comprometimento do estado nutricional.
PROTEÍNA
 Principal componente estrutural celular
 Transporte de substâncias no sangue
 Síntese de hormônios
 Construção muscular
Existe a perda muscular da própria doença e de alguns tipos
de tratamento. Logo, a ingestão adequada de proteínas
pode diminuir a toxicidade do tratamento, manter a
independência, e prevenir quedas além de reduzir fadiga.
As proteínas estão presentes nos vegetais, como feijões,
grão de bico, lentilha, ervilha e castanhas; e nos alimentos
de origem animal, como peixes, frango, carnes vermelhas,
ovos, leite, queijos e iogurte natural.
A carne vermelha, se bem tolerada, pode ser consumida,
desde que não ultrapasse 500g por semana da carne já
cozida.
É importante também evitar o consumo de carnes
processadas, como presunto, salsicha, linguiça, bacon,
salame, peito de peru defumado e blanquet de peru.
Segundo a recomendação do Ministério da Saúde, através
do Guia Alimentar para a População Brasileira, é importante
reduzir o consumo de carne vermelha, priorizando cortes
magros. E quando utilizada, durante o pré preparo, retirar
toda a gordura aparente. Dar preferência a preparações
grelhadas, assadas ou ensopadas, que utilizam menos
óleo.
GRAVIOLA - chá de graviola (por exemplo) possui um
composto chamado acetogenina que possui algumas
propriedades antitumorais.
Mas não é por isso que se pode dizer que a bebida é capaz
de curar a doença!!!
Durante o tratamento, se ingeridas em altas doses,
substâncias do chá podem, inclusive, ser tóxicas para os
rins e o fígado comprometendo a absorção e a eficácia dos
quimioterápicos.
A Anvisa suspendeu as peças publicitárias contendo
alegações indevidas referentes ao produto, ao tempo em
que adverte que no Brasil, não foi aprovado e registrado
como alimento nenhum suco de fruta Noni.
Além disso, a Anvisa adverte que foram relatados casos de
toxicidade hepática em humanos, associados ao consumo
de Noni e um caso de toxicidade renal .
Cogumelo do sol, rico em Ergosterol ( pró-vitamina D-2);
Beta-glucanas 1-3 e 1-6; Outras vitaminas e minerais. Mas
seu principal efeito colateral é a hepatotoxicidade.
DIETA ALCALINA
Você provavelmente já deve ter lido na internet que
nenhuma doença, inclusive o câncer, pode se desenvolver
em meio alcalino. E depois, para aumentar a credibilidade
da frase atribuem sua autoria a Otto Warburg, que ganhou
o prêmio Nobel por esta descoberta. Isto é verdade? A frase
sim, já a biologia, não é bem assim.
Otto Warburg realmente falou isso e realmente pesquisou
sobre o metabolismo das doenças. O prêmio foi dado em
1931, sobre pesquisas que ocorreram nos anos anteriores,
ou seja, sobre ciência de mais de 100 anos atrás.
Nesta época não existia nenhum tratamento contra o
câncer, zero remédios. Era o começo das cirurgias
oncológicas e a radioterapia estava muito inicial. Para se ter
ideia do quanto aprendemos de lá para cá, a estrutura do
DNA só foi descrita mais de 20 anos depois, o que também
premiou com o Nobel os pesquisadores Watson e Crick em
1953.
Apenas em 1970 começamos a entender sobre o
funcionamento do DNA e a relação das mutações com o
desenvolvimento de câncer, os oncogenes, o mecanismo
real de desenvolvimento da doença.
Então Warburg errou? Falou bobagem? Absolutamente
não. Naquele momento, há 100 anos, suas pesquisas
acrescentaram ao conhecimento da humanidade.
Outros pesquisadores que vieram depois dele puderam
aprimorar, corrigir e acrescentar ao conhecimento produzido
por ele. É assim que funciona a ciência, é um trabalho
coletivo da humanidade.
Cada geração de pesquisadores aprende com os anteriores
e continua seu trabalho. Por isso que hoje saímos de zero
medicamentos contra o câncer para centenas deles, saímos
de 100% de morte por câncer para curar mais de 90% das
pessoas que são diagnosticadas em estágios iniciais.
Por isso temos televisão, celulares, computadores, internet,
carros, foguetes que estão visitando outros planetas e toda
tecnologia que nos cerca.
A célula cancerígena é uma célula humana com um
metabolismo acelerado.
O microambiente tumoral pode, sim, se tornar mais ácido,
mas isto não é a causa da doença e sim a consequência do
metabolismo acelerado e do maior consumo de nutrientes.
Como também acontece quando fazemos muito esforço
físico e ficamos com dor muscular.
Isto se dá pela produção de ácido lático, relacionado ao alto
consumo de nutrientes pela célula muscular para realizar o
exercício. Nem por isso pessoas que fazem musculação
têm maior risco de câncer no músculo.
O corpo de uma pessoa em tratamento contra o câncer não
tem seu pH modificado. Mas o que é o pH?
pH é uma escala que mede o quão ácida ou alcalina é uma
solução aquosa (alcalino e básico são sinônimos nesta
escala). Quanto mais íons positivos de hidrogênio (H+)
existem na solução, mais ácida ela é; quanto mais íons
negativos de hidróxido (OH-), mais alcalina ela é.
Quanto é o pH do corpo humano? Depende, o pH do sangue
é sempre 7,4, ligeiramente alcalino. No estômago o pH fica
em torno de 1 (e nem por isso o câncer de estômago é o
tipo de câncer mais comum), no intestino o pH é básico, pela
secreção da bile.
Independente do que nós comermos ou bebermos, o pH do
sangue não vai se alterar, ele será sempre 7,4. Mudanças
só ocorrem em situações muito graves, com risco de vida,
como infecções generalizadas, mas mesmo assim como
consequência da doença e não como causa. Existe no
sangue o que chamamos de solução tampão, qualquer
substância ácida ou básica que comermos interage com
essa solução e é instantaneamente associada a H+ ou OH-
, o que neutraliza sua capacidade de acidificar ou alcalizar
o sangue. Desta forma, “dietas ou água alcalina” não terão
absolutamente nenhum impacto no pH do corpo humano e,
como discutimos anteriormente, o pH não interfere em nada
no desenvolvimento das doenças.
Não existe dieta mágica anti-câncer. A dieta saudável é
aquela baseada em grãos integrais, frutas, verduras,
legumes, carne preferencialmente branca, limitar o
consumo de carne vermelha e álcool e evitar o consumo de
alimentos processados e defumados. Este hábito alimentar
ajuda a prevenir câncer, doenças cardiovasculares e
diabetes. Vai ser um aliado durante e depois do tratamento,
associado a um bom peso e à prática de atividades físicas.
Não há nenhuma comprovação científica de que essa dieta
possa curar o câncer ou mesmo auxiliar durante o
tratamento.
Nas dietas alcalinas é necessário que o cardápio tenha 60%
de alimentos alcalinos como pepino, orégano ou tofu e 40%
de alimentos ácidos como ovo, maçã, iogurte ou arroz, por
exemplo.
Cada indivíduo é único e tem necessidades nutricionais
diferentes, por esse motivo o acompanhamento
individualizado se faz necessário. Antes de começar
qualquer tipo de dieta é preciso consultar o nutricionista, que
saberá te orientar de maneira adequada. Durante o período
de tratamento pode ser necessário o aporte de nutrientes
específicos, ofertados por meio de suplementação, muitas
vezes.
O ideal é minimizar o consumo de alimentos
industrializados, pois a presença de conservantes, corantes
e aditivos químicos são prejudiciais à saúde e estão
relacionados ao maior risco para o desenvolvimento de
câncer.
Durante o tratamento, o consumo de alimentos orgânicos é
extremamente importe. Grande parte das produções
agrícolas estão contaminados por pesticidas e agrotóxicos
que estão relacionados ao desenvolvimento de vários tipos
de câncer também.
Por este motivo a comunidade científica tem discutido a
aplicação do exercício físico como estratégia não
farmacológica para prevenção da doença e reabilitação de
indivíduos durante e após o tratamento.
Apesar das evidências indicarem o exercício físico como
uma estratégia eficaz para pacientes com fadiga
relacionada ao tratamento do câncer a maior parte desta
população é sedentária.

Estes são os alimentos mais comuns em uma dieta citada A fadiga do paciente oncológico é associada a barreiras
como ácida: adicionais como cansaço físico o isolamento social e a
• Carnes dificuldade de se exercitar diariamente além de fatores
• Laticínios ambientais.
• Processados e refinados
• Açúcar O facilitador de exercícios foi um programa de exercícios em
• Gorduras hidrogenadas grupo supervisionado adaptado individualmente e com
• Bebidas gaseificadas progressão gradual.
• Álcool
• Refeições feitas no micro-ondas LEITE E CÂNCER
• Pão branco
• Estimulantes como café e tabaco É o produto da secreção da glândula mamária dos
• Ambientes com poluição ou produtos químicos mamíferos.
também podem contribuir para a acidificação e intoxicação
das células. Composição: variável e depende
 raça
Estão entre os alimentos que mais alcalinizam, segundo  alimentação do animal
citações:  individualidade
• Limão  estação do ano
• Abacate  época da lactação
• Brócolis  idade
• Espinafre cru  numero de parições
• Couve
 alterações climáticas
• Verduras verde escuras em geral
• Pepino
Histórico do leite
• Lentilhas
• Melancia
Início século XX - desnutrição infantil:
• Maçã
leite, ovos, carne passam a ser considerados
alimentos protetores. Na década de 60 - leite integral e
Pode-se observar que a dieta alcalina de fato é mais
derivados integrais passam a ser considerados com
saudável, por se tratar de alimentos mais naturais. O que se
causadores de doença arterial coronariana (DAC).
chama atenção é para as restrições desnecessárias e
Mais recentemente considerado boa fonte de cálcio devido
exageradas, podendo causar um transtorno alimentar e
a osteoporose. Ampla variedade de alimentos: queijo,
psicológico.
manteiga, ghee, iogurte, creme de leite e leite condensado.
ATIVIDADE FÍSICA E CÂNCER
Rede Global Do Fundo Mundial Para Pesquisa Em Câncer
Após o diagnóstico e o início do tratamento, alguns
Conclusões: As evidências sobre a relação entre o leite e os
quimioterápicos são associados ao aparecimento de
produtos lácteos e dietas ricas em cálcio e o risco de câncer
sintomas como fadiga, fraqueza, náuseas, etc.
apontam em direções diferentes:
influenciando negativamente na qualidade de vida do
paciente
O leite provavelmente protege contra o câncer colorretal;
Há evidências limitadas que o leite proteja contra o câncer
Mas, a prática da atividade física, realizada durante e após
de bexiga;
o tratamento, parece causar efeitos benéficos sobre uma
Há evidências limitadas que o queijo cause câncer
série de fatores físicos e psicossociais
colorretal;
Dietas ricas em cálcio são a provável causa de câncer de
Os sintomas de fadiga, fraqueza e a recuperação de
próstata;
cirurgias comprometem as atividades diárias, levando a
Há evidências limitadas sugerindo que o alto consumo de
perda da flexibilidade, força e resistência muscular.
leite e derivados é uma causa de câncer de próstata.
É comum, em alguns tipos de câncer, a perda de massa
magra e o ganho de peso de gordura durante o tratamento.

Estudos comprovaram que o exercício físico é seguro

durante e após o tratamento oncológico.

Atualmente a inatividade física é considerada um fator de

risco comprovado cientificamente.
Meta-análise de estudos prospectivos de coorte, avaliando
a associação entre o consumo diário de laticinios e o risco
de câncer de mama trouxeram os seguintes dados:
1.063.471 participantes com 24.187 casos
18 estudos epidemiológicos avaliaram o consumo diário de
laticínios e o risco de câncer de mama.
Dados conflitantes com relatos de relação inversa e positiva.
Além disso analisaram por região geográfica, tempo de
acompanhamento, teor de gordura dos laticínios e
menopausa no início do estudo.
O consumo total de laticínios está inversamente relacionado
com o risco de câncer de mama na maioria dos subgrupos,
menos nos que consomem laticínios com alto teor de
gordura ou na pós-menopausa. Essa associação é mais
forte para laticínios com menor teor de gordura e mulheres
na pré-menopausa;
A ingestão de leite desnatado associou-se
significativamente a um risco reduzido de câncer de mama;
Mulheres na pré-menopausa, embora não
significativamente, apresentam redução do risco em relação
ao consumo de leite, em comparação com as mulheres na
pós-menopausa;
Consumo de 200 g/dia de laticínios, apresenta leve redução
no risco (4%), mas 200 g/dia (1 copo) de leite não
demonstrou essa redução;
O cálcio e a vitamina D, por seus efeitos anticarcinogênicos,
protegem as mulheres principalmente na pré-menopausa;
Em estudos experimentais, o CLA parece proteger as
mulheres contra a carcinogênese mamária, por atuar de
forma anti-inflamatória e por induzir apoptose.
Em estudos populacionais os resultados são conflitantes.
Mas o consumo de gordura saturada se associa
positivamente ao câncer de mama;
O status da menopausa pode interferir com a influência do
leite/laticínios no risco de câncer de mama. Talvez
relacionado com a interação do cálcio, vitamina D e IGF-1
ser mais forte na pré do que na pós- menopausa.
Vieses:
O uso de produtos com menor teor de gordura normalmente
é acompanhado por estilo de vida mais saudável;
Definição dos produtos lácteos utilizados;
O consumo de laticínios foi avaliado só uma vez durante
anos de acompanhamento, os hábitos podem mudar;
Dose resposta baseada em um número limitado de
trabalhos.
Conclusão:
O aumento no consumo de leite/laticínios podem estar
relacionado com risco diminuído de câncer de mama-
evidências insuficientes. A menopausa pode modificar o
efeito do leite/laticínios no risco de câncer de mama. Mais
estudos são necessários
SOJA E CÂNCER
Baixa aceitação entre os ocidentais (enzima lipoxigenase –
beany flavour); comercializada de várias maneiras: grão,
farinhas, leite, tofu, proteína texturizada, molhos e presente
em vários produtos como margarina, óleos vegetais,
massas e biscoitos.
Alimento funcional associado à prevenção e tratamento de
doenças (osteoporose, doenças cardiovasculares e
câncer), devido à presença das isoflavonas, cujo teor
desses compostos variam e dependem do tipo de grão,
solo, clima, local de cultivo e principalmente do tipo de
processamento utilizado no preparo do alimento;
Deve-se ter atenção aos produtos químicos utilizados na
lavoura devido aos efeitos adversos que podem causar ao
organismo (alterações hormonais, infertilidade, câncer de
mama e próstata e desordens neurológicas.
Alimento funcional
Aquele alimento ou ingrediente que, além das funções
nutritivas básicas, quando consumido como parte da dieta
usual, produza efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou
efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para
consumo sem supervisão médica (RDC 18/99).
Ações:
 Inibe o desenvolvimento da aterosclerose;
 Controla crescimento e regulação celula;
 Inibe angiogênese tumoral;
 Efeito antioxidante;
 Atenua perda de massa óssea;
 Alternativa ao tratamento de reposição hormonal
tradicional para alívio dos sintomas da
menopausa.
Câncer de mama:
Baixa incidência de câncer de mama nos países
consumidores de soja em comparação com os países
ocidentais. Essas taxas vem aumentando com a
ocidentalização;
Estudos sugerem que para a soja reduzir o risco de câncer
de mama o consumo deve se iniciar na
infância/adolescência (ingestão antecipada);
Estudo de Saúde das Mulheres de Xangai – investigar o
impacto do tempo de consumo no risco de câncer de mama
– tempo de segmento 13 anos, mais de 70 mil mulheres
inscritas com 1034 caso de câncer de mama. Três grupos:
baixa, média e alta ingestão de soja.
Resultados:
Alta ingestão de proteína de soja na adolescência e vida
adulta - significativa redução no risco;
Alta ingestão durante adolescência e baixa ingestão na vida
adulta – quase a mesma proteção;
Alta ingestão na vida adulta só gerou proteção se na
adolescência tivesse havido pequena ingestão de proteína
de soja
Esses dados sugerem que o efeito protetor na pré-
menopausa vem do consumo na adolescência.
EPIC (Investigação Prospectiva em Câncer e Nutrição –
Oxford) – suporte da ingestão antecipada – estudo com
vegetarianos não encontrou associação entre a ingestão de
isoflavonas e risco de câncer de mama. Provavelmente
porque o consumo maior de soja ocorreu após início da
dieta vegetariana.
Meta-análise de 5 estudos prospectivos (2 americanos e 3
chineses) com mais de 11 mil mulheres com câncer de
mama. O consumo de soja, após diagnóstico, diminuiu o
risco de recorrência, em ambos os países;
O posicionamento da American Cancer Society e da
American Institute of Cancer é que a soja pode ser
consumida com segurança por mulheres com câncer de
mama;
Journal of Family Practice confirma que o consumo de soja
melhora o prognóstico de mulheres com câncer de mama.
Resumindo...
Diferença na microbiota pode influenciar na absorção e no
metabolismo da soja;
Os efeitos da soja (estogênico ou antiestrogênico) parecem
não alterar a densidade mamográfica;
Em mulheres asiáticas o consumo de soja dose dependente
(10mg de isoflavonas) se associa a redução no risco de
câncer de mama em 16% - mecanismos em estudo;
Em populações ocidentais o consumo de soja (1 mg de
isoflavona em média) não foi associado ao risco de câncer
de mama;
A idade de exposição ao consumo de soja parece ser
determinante na diminuição do risco de câncer de mama;
Não há efeito modificador do consumo de soja em relação
ao estado menopausal ou ao peso corporal.
FITOTERAPIA E CÂNCER
RDC Nº 14, de 31 de março de 2010
A utilização de plantas medicinais como recurso terapêutico
é tão antiga quanto a civilização humana “São considerados
medicamentos fitoterápicos os obtidos com emprego
exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, cuja eficácia
e segurança são validadas por meio de levantamentos
etnofarmacológicos, de utilização, documentações tecno-
científicas ou evidências clínicas.”
O uso de plantas medicinais na fitoterapia vai desde as
formas mais empíricas e tradicionais até as científicas, em
preparações farmacêuticas para auxílio ao tratamento de
doenças, manutenção e recuperação da saúde.
No mundo...
A Organização Mundial da Saúde (OMS) vem estimulando
o uso da Medicina Tradicional/Medicina Complementar nos
sistemas de saúde de forma integrada às técnicas da
medicina ocidental moderna.
Preconizando o desenvolvimento de políticas que observem
os requisitos de segurança, eficácia, qualidade, uso
racional e acesso.
No Brasil...
Possui grande potencial para o desenvolvimento dessa
terapêutica, como a maior diversidade vegetal do mundo.
O interesse popular e institucional vem crescendo no
sentido de fortalecer a fitoterapia no SUS.
Todo fitoterápico deve ter sua ação comprovada por meio
de ensaios farmacológicos e toxicológicos, que garantam
eficácia, segurança e qualidade, para ser registrados e
utilizados com o fim profilático, curativo e/ou paliativo.
Adotar a Fitoterapia baseando-se em evidências científicas
quanto a critérios de eficácia e segurança, considerando as
contraindicações e oferecendo orientações técnicas
necessárias para minimizar os efeitos colaterais e adversos
das interações com outras plantas, medicamentos e
alimentos, assim como os riscos da potencial toxicidade
dos produtos prescritos.
Eficácia, segurança e qualidade: Credulidade de que “o que
é da terra não faz mal” vem sendo descontruída pelas
evidências científicas mostrando que pode haver
complicações cardíacas, hepáticas, hematológicas e
intestinais, além de interações entre eles, com
medicamentos e alimentos.
Prescrição
 Qual efeito terapêutico desejado;
 Escolha da planta medicinal;
 Avaliação de dosagem e duração do tratamento;
 Contra indicações e possíveis efeitos colaterais ou
adversos;
 Possíveis interações;
 Legislação vigente (não apenas do Conselho)
Forma farmacêutica
Estado final de apresentação que os princípios ativos
possuem, com ou sem a adição de excipientes apropriados,
a fim de facilitar a sua utilização e obter o efeito terapêutico
desejado, com características apropriadas a uma
determinada via de administração.
 Cápsulas
 Comprimidos;
 Pós (sachês, shakes, sucos, sopas);
 Líquidos (chás, tinturas, xaropes, spray);
 Gomas mastigáveis, pastilhas, pirulitos, balas,
chocolates medicamentosos.
Fitoterápicos e interações medicamentosas
O medicamento fitoterápico pode anular ou diminuir os
efeitos terapêuticos do tratamento Oncológico, ou ainda
uma pode potencializar os efeitos levando a um a grave
toxicicidade.
As interações podem ocorrer através de dois mecanismos
gerais:
Modificação da ação farmacológica => interação
farmacodinâmica (o que a droga faz com o corpo)
Alteração na concentração da droga que atinge o local de
ação => interação farmacocinética (o que o corpo faz com
a droga)
O risco da ingestão concomitante de plantas medicinais
e/ou fitoterápicos com outros medicamentos por pacientes
oncológicos podem ser fortes indutoras ou inibidoras das
enzimas do complexo do citocromo p450.
EX: O estudo mais evidente demonstrou que o consumo da
Erva de São João (Hipericum perforatum) deve ser evitado
por pacientes em quimioterapia com Irinotecan®, o
consumo simultâneo levou à menor mielossupressão
induzida pelo Irinotecan, além de diminuir os níveis
plasmáticos do componente ativo em 42%.
Consenso Nacional de Nutrição Oncológica - “Em razão
da falta de vivência clínica na população oncológica,
permanece inviável, nesse momento, consensuar
recomendações à prática do uso de fitoterápicos em
pacientes oncológicos”
Diretriz Braspen - Não existe recomendação segura
quanto ao uso dos fitoterápicos em pacientes com câncer,
pois podem contribuir com interações metabólicas,
hematológicas e medicamentosas, assim como na eficácia
do tratamento antineoplásicos.
São necessários mais estudos sobre a segurança no uso de
fitoterápicos e suplementos dietéticos, considerando-se a
falta de evidências em relação à sua eficácia.
Nível de evidência: baixo
SUPLEMENTAÇÃO E CÂNCER
A suplementação do paciente oncológico geralmente se faz
necessária devido à perda rápida de peso em massa gorda
e massa magra e o estado inflamatório crônico associados
às substâncias do próprio tumor
A suplementação clínica por via oral possui diversos
benefícios para esses pacientes:
 Não invasivos
 Simples e psicologicamente aceita
 Pode estimular o apetite melhorando ingestão
 Indicada especialmente quando a ingestão
nutricional for inferior a 75% das recomendações
por 5 dias
 Deve ser viável – sabor, valor, forma de
apresentação
ANABOLISMO PROTEICO – UM DESAFIO PARA O
PACIENTE ONCOLÓGICO
 Relação com a idade – pacientes oncogeriátricos
são mais afetados
 Anorexia própria da doença
 Efeitos colaterais dos tratamentos
O tumor tem ligação com sistema imune, mediadores
inflamatórios, anorexia, perda muscular, alteração
metabolismo hepático e aumento lipólise. Por essas e
outras razões a intervenção nutricional apenas pode não ter
a resposta desejada
COMPLEMENTO NUTRICIONAL
Produto elaborado com a finalidade de complementar a
dieta cotidiana de uma pessoa, que necessita compensar
uma possível deficiência de nutrientes, a fim de alcançar os
valores da Dose Diária Recomendada.
Complemento nutricional não substitui o alimento, não
podendo ser utilizado como dieta exclusiva.
ÔMEGA 3 E CÂNCER
Omega-3 é reconhecido por suas propriedades anti
inflamatórias e tem sido usado em abordagens terapêuticas
para tratar ou atenuar a caquexia do câncer.
Nesta revisão, discutiu-se as descobertas recentes sobre os
mecanismos celulares e moleculares envolvidos na
inflamação na síndrome de caquexia do câncer e a eficácia
dos PUFAs n-3 para atenuar ou prevenir a caquexia do
câncer.
Estudos com o objetivo de determinar a dose máxima e
toxicidade de cápsulas contendo AG n-3 não obtiveram
respostas significativas.
Os autores acreditam que se deva utilizar a dose máxima
tolerada na tentativa de reverter ou minimizar a caquexia
apresentada pelos pacientes.
Relataram também que os pacientes com câncer avançado
toleraram dose alta de AG n-3, em cápsulas, com poucos
efeitos colaterais (principalmente diarreia), e sugerem como
dose apropriada até 3g por dia!
Os benefícios do uso de suplementos contendo Ags n-3 em
pacientes oncológicos parecem claros.
Considerando-se ainda os poucos efeitos colaterais
relatados, acredita-se que a suplementação desse nutriente
esteja indicada nessa população.
Ademais, como forma de prevenção, a ingestão de peixes
ricos em ômega 3 deve ser estimulada dentro dos hábitos
nutricionais adequados.
Segundo as diretrizes da Braspen
Ômega 3: Ácido ecoisapentanóico (EPA) e o ácido
docosahexainoico (DHA)
 Melhora caquexia
 Atenuam a degradação proteica na caquexia
 Reduz resposta inflamatória
 Evidenciado pela queda dos marcadores
inflamatórios (IL-6 e proteína C reativa)
 Melhora apetite
 Aumento ingestão oral
 Ganho muscular e peso
 Pacientes em tratamento
Quanto maior a concentração de EPA e DHA, mais
concentrado e puro será o óleo.
É fundamental que a pureza do óleo em rela-ção a metais
pesados e dioxinas (subprodutos industriais) seja
comprovada por órgão certificador especia-lizado.
O programa de certificação interna-cional The
International Fish Oil Standards™ (IFOS) é referência
mundial no controle de qualidade do ômega-3 que define os
padrões mais elevados de pureza, frescor do óleo e
concentração de EPA e DHA.
Os critérios de aprovação e certificação do óleo de peixe
estão relacionados à:
 Alta concentração de EPA e DHA por cápsula,
 Cumprimento das normas de segurança para
contaminantes ambientais
 Avaliação dos níveis de oxida-ção do óleo.
O selo IFOS é referência mundial no controle de qualidade
de óleo de peixe. Desenvolvido pela empresa canadense
NutraSource, é responsável por assegurar a qualidade,
segurança e eficácia do suplemento.
O programa IFOS realiza inúmeras análises como: Metais
pesados (mercúrio, cádmio, chumbo e arsênio), Dioxinas,
furanos e PCB, Ácidos graxos essenciais e sua oxidação e
Índice de acidez.
A organização não governamental, Friends of the Sea,
garante que a extração da matéria prima (óleo de peixe)
ocorra de maneira respeitosa e sustentável em relação aos
oceanos e vida marinha.
Para melhora da recuperação pós operatória, é
recomendado a suplementação de ômega 3 (1,5-2g/dia) em
pacientes que apresentam perda ponderal e caquexia.
VITAMINA D E CÂNCER
A vitamina D tem demonstrado relações diretas e indiretas
com mais de 200 genes promovendo ou inibindo
proliferação celular.
A identificação da expressão do receptor para vitamina D
(VDR) e a descoberta de que algumas células também
apresentam mecanismos enzimáticos para produzir formas
ativas de vitamina D têm mostrado a influência desta
vitamina na patogenia de algumas neoplasias
Pacientes com níveis deficientes em vitamina D o uso de
suplementação para atingir níveis normais tem benefício
que inclui melhora no prognóstico.
O uso de suplementos vitamínicos em pacientes
oncológicos deve ser utilizado em pacientes que não
atingem as necessidades diárias adequadas, e que não
ultrapassem a dose diária máxima.
A exceção é a vitamina D, que deve ser sempre dosada na
forma de 25-OH-vitamina D, e a reposição é feita através da
forma colecalciferol (dose de 1.800 a 4.000UI/dia), a
depender do valor plasmático para definição da dose diária.
O ideal é manter um nível plasmático acima de 30ng/mL. A
administração oral é a via mais conveniente e econômica,
para aumentar os níveis de 25 (OH) D, especialmente
porque grandes proporções da população têm baixos níveis
de VD.
PROTEÍNAS E O CÂNCER
CREATINA
A creatina é uma substância naturalmente produzida no
corpo, pelos rins e fígado, e tem como função fornecer
energia para o músculo e favorecer o desenvolvimento das
fibras musculares, resultando no ganho de massa muscular,
melhora do desempenho físico e diminuição do risco de
lesões.
Apesar de ser naturalmente produzida pelo organismo, é
comum que atletas façam uso do suplemento de creatina
para melhorar a performance.
Tendo em vista que a creatina é essencial para o processo
de transformação de ADP em ATP, a suplementação desse
nutriente atua na otimização de energia durante o treino,
evitando que a fadiga seja atingida rapidamente. Além
disso, a creatina proporciona grandes efeitos sobre a
hipertrofia muscular, já que o nutriente estimula a
proliferação de células satélites e promove a retenção de
água intracelular, o que aumenta o volume das células e,
consequentemente, o músculo se torna maior.
Mais do que isso, a creatina é capaz de manter o nível de
glicogênio no sangue mais alto do que apenas com a
ingestão de carboidratos. Por fim, quem recebe uma carga
de creatina é capaz de se recuperar mais rapidamente das
lesões musculares provocadas pelos treinos.
Para aqueles que não praticam atividades físicas, a creatina
também demonstra-se benéfica. O nutriente mantém o
cérebro mais ativo por mais tempo e o protege contra os
efeitos de concussões. Além disso, a creatina atenua
consequências do envelhecimento. Por essa razão pode ser
um excelente suplemento para o paciente oncológico.
PEPTÍDEOS DE COLÁGENO
O colágeno é uma importante proteína que oferece os
nutrientes que o corpo necessita para vários processos
celulares e musculares.
Sabemos que pessoas fisicamente ativas necessitam de
uma maior quantidade de proteína ao longo do dia, assim
como os idosos que, durante o processo natural de
envelhecimento sofrem com a perda de força e massa
muscular e, consequentemente, com o aumento da gordura
corporal.
Os Peptídeos de colágeno possuem comprovação clínica e
científica de resultados. Em combinação com a prática de
exercícios físicos moderados, a suplementação com esses
peptídeos contribui para o aumento da massa magra, da
força e resistência muscular.
Pesquisas comprovaram que os peptídeos de colágeno
aliado à prática de exercícios, podem potencializar os
resultados e proporcionar força muscular. Além disso, este
ativo pode ser uma alternativa segura para as pessoas que
desejam iniciar a suplementação de proteínas, mas
possuem alguma restrição alimentar, como glúten ou
intolerância à lactose.
WHEY PROTEIN
O whey protein é uma proteína extraída do soro do leite, que
é composto principalmente pelas proteínas alfa-globulina e
beta-globulina. A segunda está presente em maior
quantidade nesse suplemento, fazendo com que o produto
seja de fácil digestão e absorção.
O whey fornece todos os aminoácidos não produzidos pelo
organismo e é rico em BCAA —aminoácidos de cadeia
ramificada (leucina, isoleucina e valina), importantes para a
síntese (produção) de fibras musculares.
Tipos de whey protein
É possível encontrar no mercado três versões do
suplemento, e isso pode gerar confusão na hora de
comprar. De forma simples, os tipos de whey protein são:
Concentrado: O soro do leite passa apenas por uma
filtragem e conserva os carboidratos (inclusive lactose),
minerais e gorduras do leite. Tende a ser mais barato.
Porém, uma dose oferece teor proteico menor e o processo
de digestão e absorção da proteína é mais demorado do
que o dos outros tipos de whey.
Isolado: Obtido por técnicas rígidas de extração e filtragem,
é uma proteína praticamente "pura". Geralmente, contém
cerca de 90% de proteína e um teor muito baixo de
carboidratos e gorduras (muitos suplementos não possuem
essas substâncias). Logo, a concentração de aminoácidos
por dose no whey isolado é maior do que no concentrado.
Além disso, o produto é absorvido mais rapidamente.
Hidrolisado: É uma versão isolada do whey que passou por
um processo de quebra dos aminoácidos, facilitando a
digestão e absorção dessas substâncias pelo organismo.
Tende a oferecer menos BCCA que o isolado e é o mais
caro entre os três tipos de whey. Pode ser uma boa opção
para quem apresenta problemas de gases e má digestão ao
consumir o suplemento isolado ou concentrado. Pesquisas
já mostraram que a velocidade de absorção, fator que fazia
muitos investirem no whey hidrolisado, não faz tanta
diferença para os resultados do treino.
Quanto prescrever?
Por dia, o recomendado é que uma pessoa que pratica
exercícios em intensidade moderada a intensa consuma de
1,2 gramas a 2 gramas de proteína por quilo de peso
corporal —isso considerando todas as fontes de proteína
(carnes, ovo, leite, frango, queijo) e não só o whey. Assim,
uma pessoa com 70 kg deve ingerir de 84 gramas a 140
gramas de proteínas por dia, e o suplemento pode entrar na
dieta para ajudar a alcançar esse número.
Muitos especialistas recomendam que se consuma no
máximo uma dose de whey protein por dia (cerca de 20 g a
25 g de proteína) e o restante do nutriente seja obtido por
alimentos.
Como consumir?
Geralmente, a recomendação do fabricante é consumir o
suplemento com água —no entanto, o sabor nem sempre
agrada quem consome o produto assim. Então, se o
paciente quiser misturar o whey com fruta ou com leite por
achar mais saboroso, sem problema.
Só fique sabendo que ao fazer isso a velocidade de
absorção do suplemento será reduzida —o que não é um
problema, pois o mais importante é o consumo de proteínas
ao longo do dia.
Existe perigo do consumo excessivo?
Ultrapassar um pouco a dose recomendada do suplemento
ou até mesmo a necessidade diária de proteína não tende
a trazer prejuízos à saúde. O próprio organismo faz o
trabalho de eliminar o elemento por meio da urina.
A ingestão muito excessiva (bem acima de 2,5 gramas por
quilo de peso corporal) pode causar sobrecarga no fígado e
nos rins. E, em longo prazo, desencadear doenças,
principalmente o cálculo renal. É válido ressaltar que
pessoas com insuficiência hepática ou renal necessitam de
cuidado na prescrição de proteínas de forma geral.
Paciente diabético pode tomar whey?
Sim, com orientação nutricional, não tem problema algum o
suplemento fazer parte da dieta de uma pessoa com
diabetes. Inclusive, cientistas já associaram o consumo de
whey protein à redução de riscos de desenvolver o diabetes
tipo 2 e também a favorecer o tratamento da doença. Vários
estudos sugerem que a proteína do soro do leite possui
propriedades anti-inflamatórias e reduz a resistência à
insulina. Também parece controlar os níveis de
triglicerídeos circulantes no sangue, pois substâncias
encontradas no suplemento auxiliam no transporte dessas
gorduras, que serão utilizadas como fonte de energia nas
células.
Conseguimos recuperar massa muscular só com o whey?
O ideal é realizar um programa com exercícios de força,
além de ter uma alimentação adequada, com a quantidade
certa de proteínas, carboidratos e gorduras.
Mas é verdade que o suplemento estimula algumas vias de
sinalização muscular, como a Akt - mTOR, responsável por
sintetizar novas fibras musculares. No entanto, tal via
também pode ser estimulada por outros tipos de nutrientes
e, logicamente, tudo dependerá do perfil de treino que o
sujeito realiza. Apenas consumir o suplemento pode não ser
suficiente.
O que é importante observar na hora de prescrever o whey?
É importante sempre observar a quantidade de proteínas
oferecidas por porção e os outros nutrientes presentes
(especialmente carboidratos e proteínas).
O ideal é que em uma dose de whey tenha cerca de 80% de
proteínas. Ou seja, se o suplemento tem uma dose
recomendada de 30 g, o ideal é que pelo menos 24 g seja
de proteína.
Também é muito importante observar a lista de
ingredientes. Isso porque, para baratear o produto sem
reduzir a quantidade de proteínas, alguns fabricantes
adicionam outras fontes do nutriente, como proteína de soja,
glúten (proteína do trigo) e colágeno. Muitas dessas
substâncias não são tão eficazes para a construção
muscular quanto o whey. Alguns ainda adicionam farinha e
açúcar na fórmula.
É recomendável evitar suplementos com grandes
quantidades de aditivos alimentares na lista. Por isso, as
versões sem sabor, do ponto de vista nutricional, podem ser
melhores do que as com sabor
BEEF PROTEIN
A carne bovina é sem dúvida uma excelente fonte de
proteína, mas devido sua alta taxa de gordura e colesterol
muitos atletas não a utilizam em sua dieta. Pensando
exclusivamente nesse mercado as indústrias de
suplementos alimentares desenvolveram uma proteína da
carne realmente pura, o Beef Protein!
O Beef Protein é um suplemento alimentar desenvolvido a
partir da proteína isolada e hidrolisada da carne, obtida por
avançados processos tecnológicos de extração,
clarificação, isolamento e hidrólise enzimática, tornando a
proteína mais pura, muito mais concentrada, e isenta de
gorduras e colesterol.
O Beef Protein possui BCAA (aminoácidos de cadeia
ramificada), arginina e glutamina, aminoácidos que
favorecem um equilíbrio positivo de nitrogênio para
realização de síntese proteica, além de contribuírem na
redução do catabolismo muscular, evitando assim, a fadiga
muscular.
Benefícios da proteína Isolada e Hidrolisada da Carne
Diferente de um bife de carne, a proteína isolada e
hidrolisada tem uma concentração bem maior de proteína
quando comparada à própria carne, podendo ser até 350%
mais concentrada. Em relação ao Whey protein, o benefício
será para pacientes com alguma alergia ou intolerância aos
componentes do leite.
SUPLEMENTO PROTEICO VEGANO
A proteína vegana é feita à base de proteínas vegetais.
Essas proteínas são encontradas em diversos alimentos. A
maioria desses alimentos são as leguminosas, como
ervilhas, feijão, grão-de-bico, lentilha, soja entre outras e
alguns cereais como o arroz e algumas oleaginosas como
as castanhas, nozes e amêndoas. Vale deixar claro que o
termo “Whey Protein” não é o correto para descrever esse
tipo de proteína vegetal, mas foi como se popularizou aqui
no Brasil.
A maioria desses suplementos são fabricados utilizando três
bases, a soja, o arroz e a ervilha. O Whey Protein Vegano
pode ser fabricado com apenas um dessas bases, ou com
as três em forma de blend.
Esses vegetais passam por vários processos, para que as
moléculas de proteína sejam isoladas em cada grão. O
produto final é um suplemento com alto teor de proteínas,
aminoácido, tudo de origem vegetal. O suplemento não tem
colesterol, tem baixo teor de gorduras, e ainda tem adição
de vitaminas com a B12. Além disso, ele também pode ser
utilizado por pessoas que tenha alergia a lactose ou ao
glúten.
HMB (beta-hidroxi – beta-metilbutirato)
O HMB é um metabólico bioativo derivado do aminoácido
leucina, de tipo essencial.
Ele é naturalmente produzido pelo corpo humano, mas tem
sido usado como suplemento alimentar, principalmente por
seu poder anticatabólico, ou seja, de prevenir que o corpo
entre em estado de catabolismo (degradação dos músculos
a fim de gerar energia). A creatina é outro suplemento de
ação similar e tão popular quanto.
Principais benefícios do HMB
Facilita a hipertrofia
O suplemento facilita a hipertrofia ao impedir o catabolismo,
a parte do metabolismo que processo matéria orgânica
adquirida a fim de obter energia para o corpo. Sendo assim,
sua suplementação impede que o processo catabólico
degrade os músculos para fornecer energia ao organismo.
Segundo um estudo realizado na Universidade da Flórida
Central, nos Estados Unidos, sua suplementação pode
facilitar a hipertrofia até mesmo em pessoas sedentárias.
Ou seja, seus benefícios podem ser observados até mesmo
em quem não tem a prática de atividades físicas como um
hábito.
A maioria dos estudos realizados com o HMB utiliza a dose
diária de 3 gramas, que pode ser fracionada durante o dia
ou consumida em uma única vez cerca de 30 minutos antes
da atividade física, juntamente com a refeição.
GLUTAMINA
A glutamina é o aminoácido não essencial em maior
quantidade no plasma e no tecido muscular. Tem a função
de otimizar o balanço nitrogenado e manter a síntese
proteica muscular, além de ser uma fonte energética
importante para as células do sistema imunológico e do
epitélio intestinal.
A glutamina é captada pelas células epiteliais do intestino a
uma velocidade semelhante à da captação da glicose,
sendo mesmo mais importante do que esta como fonte
energética para enterócitos e colonócitos, embora estes
últimos utilizem preferencialmente ácidos graxos de cadeia
curta como fonte energética.
Sua reserva no tecido muscular é diminuída em episódios
catabólicos como o câncer. Situações como essa mostram
que a de produção desse aminoácido é excedida e justifica
a necessidade de suplementação pela dieta.
As evidências científicas atuais confirmam a suplementação
da glutamina na preparação de cirurgias abdominais.
Verifica-se diminuição da incidência de infecção, baixos
níveis de colonização microbiana, melhorias no balanço
nitrogenado e redução de cerca de uma semana no tempo
de internação.
Ademais, a glutamina atua na proteção e no crescimento da
mucosa gastrintestinal, reduzindo assim as alterações na
absorção e permeabilidade intestinais em pacientes
acometidos por carcinoma colorretal metastático.
Outra vertente estudada da glutamina seria a proteção e uso
como tratamento da mucosite gastrintestinal induzida pela
radioterapia, sendo que a suplementação com glutamina é
capaz de prevenir a mucosite ou diminuir a severidade da
reação.
 Fonte de combustível para enterocitos
gastrointestinais
 Substrato gliconeogenese
 Age no metabolismo de ptn muscular durante
infecção, inflamação e trauma (síntese proteica)
 Fator de crescimento tumoral (através da
glutaminolise vai fornecer alfa cetoglutarato
estimulando a fosforilação oxidativa das células
tumorais e por sua vez estimulando o o seu
crescimento.
 Deve ser usado para PREVENÇÃO e não
tratamento do câncer
A ESPEN conclui que não há dados clínicos consistentes
para recomendar glutamina para melhorar o desfecho
clínico de pacientes com câncer submetidos à
quimioterapia em altas doses e Transplante de células
tronco-hematopoiéticas;
A BRASPEN também não recomenda a utilização de
glutamina para pacientes oncológicos com o objetivo de
prevenção ou recuperação da massa muscular pois os
estudos ainda são controversos
É importante entender que a célula tumoral pode ter
centenas de mutações genéticas. Essas mutações podem
alterar sinalizações envolvendo alterações de várias
enzimas do metabolismo energético desregulando o
metabolismo glicose, alterando outros nutrientes
metabólicos (glutamina, acetato, ácidos graxos e até
formando novos substratos energéticos. Facilitando, dessa
forma, a proliferação das células mutadas. Como se não
bastasse, ainda é capaz de realizar autofagia e servir de
próprio substrato!
Logo, não existe um único nutriente totalmente vilão, Não
adianta reduzir drasticamente o açúcar da dieta. Mas pode
não ser interessante suplementar com glutamina. A célula
do câncer faz estímulos metabólicos para conseguir
substratos energéticos para seu crescimento.
LEVEDURA NUTRICIONAL
A levedura nutricional é um alimento vegano à base de
levedura inativa seca de Saccharomyces cerevisiae, fonte
de proteínas, vitaminas, minerais e aminoácidos essenciais
que pode ser utilizado como suplemento alimentar.
Rica em fibras, pode ajudar a proteger o corpo de doenças
gastrointestinais como prisão de ventre, hemorroidas,
câncer de cólon, entre outras.
Rica em vitaminas do complexo B, incluindo a vitamina B12,
além de ácido fólico, ambos essenciais para o
funcionamento fisiológico celular e para geração de energia.
Aproximadamente 50% da composição das leveduras
nutricionais são de proteínas, nutrientes importantes para a
manutenção da massa muscular, cuja função preservada é
essencial:
 Na locomoção,
 No equilíbrio,
 Na preservação da densidade óssea e
 Controle da homeostase bioenergética.
Neste sentido, o enriquecimento nutricional da alimentação
de idosos com levedura nutricional pode ser bastante eficaz.
As fibras representam aproximadamente 25% da
composição do produto, e apesar de não serem digeridas,
são responsáveis por mudanças significativas nas funções
gastrointestinais.
 Influência na manutenção da homeostase
intestinal,
 Melhora da barreira epitelial,
 Inibição da citotoxidade induzida por patógenos e
 Impedimento da colonização de bactérias
patogênicas.
Uma das características da Saccharomyces cerevisiae é
que a levedura é fonte de betaglucana, um tipo específico
de fibra que é reconhecida pelos receptores das células do
nosso sistema de defesa.
Ao se conectar com células do sistema imune estimula
ações antimicrobianas contribuindo para o fortalecimento da
imunidade.
Pode ser usada como uma forma de enriquecimento
nutricional em receitas culinárias ainda ser um aliado na
redução da quantidade de sal adicionado aos alimentos.
Possui sabor natural e pode ser adicionado no preparo de
alimentos, quentes ou frios como:
 massas,
 saladas,
 sopas,
 omeletes,
 purê de batatas,
 pipoca,
 batata assada,
 entre outros.
TCM – TRIGLICERÍDEOS DE CADEIA MÉDIA
O TCM (triglicerídeos de cadeia média) é uma gordura
presente no óleo de coco, no óleo de palma e em laticínios
(queijo, iogurte).
Tem a característica de ser mais rapidamente absorvido
pelo organismo quando comparada aos triglicerídeos de
cadeia longa (existente no azeite, óleo de soja, etc), devido
à forma mais curta de suas moléculas.
Dessa maneira, o suplemento disponibiliza energia para o
corpo em menos tempo em relação ao outro tipo de gordura.
A substância começou a ser usada há mais de 50 anos em
hospitais, a fim de contribuir com ingestão calórica de
pacientes hospitalizados, uma vez que fornece uma grande
quantidade de calorias mesmo em pequenas doses,
ajudando a evitar a perda de peso acentuada.
O suplemento de TCM costuma ser produzido a partir do
óleo de coco ou de palma, depois de passar por um
processo industrial para ficar puro
TCM e óleo de coco não são a mesma coisa! O TCM é
constituído apenas pela combinação dos ácidos caprílico e
cáprico, em uma concentração sete vezes maior em relação
ao óleo de coco, que também possui outras substâncias,
como o ácido láurico em 52% de sua composição.
Ambos possuem gordura saturada, que é importante para
nosso organismo, mas em excesso é conhecida por causar
malefícios para o fígado e o coração. Para se ter ideia, o
óleo de coco tem 92% de gordura saturada, já o TCM, cerca
de 40%
Metabolizados de forma diferenciada pelo corpo, os TCMs
são conduzidos diretamente para o fígado onde estimulam
a criação de cetonas que são utilizadas pelo organismo
como combustível, potencializando a energia da mente e do
corpo de forma rápida e duradora.
No intestino, o Beta-hidroxibutirato (corpo cetônico) oferece
energia para os colonócitos exercendo efeito protetor da
microbiota.
No cérebro possui também grande efeito protetor. Na
presença de uma dieta normoglicídica, a suplementação de
TCM induz a produção de corpos cetônicos de forma quase
que imediata, que então atravessam a barreira
hematoencefálica e fornecem energia às células nervosas.
Devido ao seu mecanismo de ação, o do uso de TCM a nível
cerebral atua em diversas frentes, onde os principais efeitos
benéficos são:
 Geração de Energia Rápida e Eficiente para
Células Neurais;
 Evita o Declínio Cognitivo;
 Previne e Auxilia no Tratamento de Doenças como
Parkinson, Alzheimer e Epilepsia;
 Ação anti-inflamatória que potencialmente exerce
efeito neuroprotetor
No contexto muscular, o Beta-hidroxibutirato é usado como
substrato energético pelo músculo esquelético, formando
acetil-coa que será utilizado para formação de energia no
Ciclo de Krebs.
Ainda, de forma indireta, melhora a recuperação e
adaptações geradas pelo exercício, especialmente a
biogênese mitocondrial.
MICROBIOMA INTESTINAL
O microbioma é considerado a composição corporal de
microrganismos, distribuídos na pele, nariz, boca e intestino.
Fatores como idade, alimentação, higiene e regulação
hormonal podem alterar a qualidade e a quantidade do
microbioma.
Anteriormente conhecido como microflora, o microbioma
intestinal é composto notadamente por bactérias, sendo que
os gêneros mais comuns são Bacteroides, Bifidobacterium,
Eubacterium, Clostridium, Lactobacillus, Fusobacterium e
vários cocos gram-positivos anaeróbios. Enterococos e
Enterobacteriaceae estão presentes em números menores.
Além das bactérias naturalmente encontradas no intestino,
temos probióticos.
Segundo a FAO, probióticos são os microrganismos vivos
que, quando administrados em quantidades adequadas,
proporcionam benefícios à saúde do hospedeiro.
Os principais efeitos benéficos descritos na literatura
incluem a síntese de vitamina B, inibição do crescimento de
patógenos, diminuição do pH intestinal e níveis de
colesterol, proteção contra infecções intestinais,
estimulação da função intestinal e melhora da resposta
imunológica com regulação do metabolismo, hematopoese,
inflamação, imunidade.
Desvios na composição ou função da microbiota,
conhecidos como disbiose, foram observados em alguns
estados patológicos, como os causados por doenças
inflamatórias e infecção intestinal ou pelo uso de antibióticos
orais para o tratamento de doenças.
Considerando que aproximadamente 80% das células do
sistema imune estão ao longo da mucosa intestinal, os
probióticos têm um papel importante na modulação da
resposta imunológica inata e adaptativa, como com a
estimulação da fagocitose e citotoxicidade das células
natural killer e a diferenciação dos linfócitos T.
Recentemente, tornou-se evidente que a microbiota, e
particularmente a microbiota intestinal poderia modular a
resposta à terapia do câncer e susceptibilidade a efeitos
colaterais
A evidência atual revela que a indicação dos probióticos é
segura mesmo para pacientes imunocomprometidos e traz
benefícios. Parece que a melhor forma de se utilizar é
estabelecendo culturas variadas de bactérias, com ações
diferentes
CONSIDERAÇÕES FINAIS – MITOS E VERDADES
Com a evolução da internet e a acessibilidade maior, as
Fake News têm tido um impacto maior nos últimos tempos.
Esse tipo de informação tem ganhado repercussão com a
velocidade com que elas são divulgadas com a
popularização das redes sociais e de aplicativos de
mensagens. Mas informações irresponsáveis podem ter um
impacto negativo sério, sobretudo na área da saúde.
CONSIDERAÇÕES FINAIS SUPLEMENTAÇÃO
A alteração do paladar pode estar presente em 15 a 100%
dos pacientes em tratamento de câncer.
A palatabilidade pode afetar a adesão e efetividade do
suplemento. Dessa forma, o sucesso da suplementação é
relacionado quantidade e tempo de utilização.
O câncer é uma doença catabólica – provável ter que
suplementar!
Dieta individualizada, suplementação idem: paciente x
doença x contexto x custo e benefício.
A suplementação nutricional oral tem como objetivo
principal melhorar a oferta dos nutrientes, qualidade de vida
e proporcionar um impacto positivo durante todo tratamento
juntamente com acompanhamento de uma equipe
multidisciplinar.
Lembre-se sempre que o suplemento deve se ajustar ao
paciente, e não ao contrário.
Muito cuidado com:
 Probióticos;
 Prébióticos;
 Simbióticos
 Complexo vitamínicos*;
 Polivitamínicos com minerais (de A a Z);
 Glutamina;
 Antioxidantes isolados e encapsulados
Não existe dieta mágica anticâncer.
A dieta saudável é aquela baseada em grãos integrais,
frutas, verduras, legumes, carne preferencialmente branca.
Limitar o consumo de carne vermelha e álcool e evitar o
consumo de alimentos processados e defumados.
Esse estilo de vida será um aliado durante e depois do
tratamento, associado a um bom peso e à prática de
atividades físicas.
INCA – nosso órgão de referência: ciência sempre
Prescrição individualizada. Respeitando os sintomas e os
tratamentos
Preferir alimentos innatura e evitar ultraprocessados – Guia
Alimentar M.S.
O alimento ainda é o melhor suplemento.
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