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Douglas Santana de Lima

Bioquímica do Movimento
Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO)

Metabolismo Energético e o uso de suplementos alimentares: uma perspectiva


bioquímica na Educação Física

Campos dos Goytacazes, 20 de maio de 2023


Resumo:
O objetivo deste artigo é explorar a relação entre o metabolismo energético e o uso de
suplementos alimentares, sob uma perspectiva bioquímica, no contexto da educação física. O
metabolismo energético é fundamental para a produção de energia durante a prática de
exercícios físicos, e os suplementos alimentares têm sido amplamente utilizados por atletas e
entusiastas do esporte com o intuito de melhorar o desempenho e a recuperação. Neste artigo,
serão abordados os principais processos metabólicos envolvidos na produção de energia, bem
como os diferentes tipos de suplementos alimentares disponíveis e seus mecanismos de ação.
Além disso, serão discutidos os possíveis benefícios e riscos associados ao uso desses
suplementos, considerando-se as evidências científicas atualmente disponíveis. Por fim, serão
apresentadas recomendações práticas para a utilização segura e eficaz de suplementos
alimentares no contexto da prática de exercícios físicos.

Introdução
1.1. Contextualização do metabolismo energético na prática de exercícios físicos
1.2. Importância dos suplementos alimentares na educação física

2. Desenvolvimento
Metabolismo Energético
2.1. Conceitos básicos sobre metabolismo e energia
2.2. Vias metabólicas envolvidas na produção de energia durante o exercício físico
2.2.1. Sistema ATP-CP
2.2.2. Glicólise
2.2.3. Oxidação de ácidos graxos
2.2.4. Ciclo de Krebs e fosforilação oxidativa

3. Suplementos Alimentares
3.1. Definição e classificação de suplementos alimentares
3.2. Carboidratos
3.3. Proteínas
3.4. Aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs)
3.5. Creatina
3.6. Cafeína
3.7. Antioxidantes
3.8. Outros suplementos populares

4. Conclusões

1. INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização do metabolismo energético na prática de exercícios físicos
A prática de exercícios físicos está diretamente relacionada à demanda energética do
organismo, sendo o metabolismo energético um processo fundamental nesse contexto. Durante a
atividade física, o organismo mobiliza diversas vias metabólicas para a produção de energia,
garantindo o desempenho adequado e a manutenção da homeostase. Nesse contexto, o uso de
suplementos alimentares tem se tornado uma prática comum entre atletas e praticantes de
atividade física, com o intuito de maximizar o desempenho, melhorar a recuperação muscular e
otimizar os resultados obtidos com o treinamento.

1.2. Importância dos suplementos alimentares na educação física


A relação entre o metabolismo energético e o uso de suplementos alimentares desperta
interesse tanto na área da bioquímica quanto na educação física, uma vez que ambos os campos
têm como objetivo compreender os processos fisiológicos relacionados ao exercício e promover o
aprimoramento do desempenho atlético. A perspectiva bioquímica se torna essencial para
elucidar os mecanismos moleculares envolvidos no metabolismo energético e no efeito dos
suplementos alimentares sobre esse processo.
Os processos metabólicos responsáveis pela produção de energia durante o exercício físico
incluem a glicólise, a oxidação de ácidos graxos e a fosforilação oxidativa, os quais envolvem
complexas interações bioquímicas. Além disso, diferentes tipos de suplementos alimentares,
como carboidratos, proteínas, aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs), creatina, cafeína e
antioxidantes, têm sido amplamente utilizados com o objetivo de modular o metabolismo
energético, influenciar a síntese proteica e auxiliar na recuperação muscular.
No entanto, é fundamental analisar os benefícios e riscos associados ao uso desses
suplementos, bem como compreender a importância de uma abordagem individualizada e
baseada em evidências científicas para garantir a eficácia e segurança do seu uso. A educação
física desempenha um papel importante nesse contexto, uma vez que profissionais da área estão
diretamente envolvidos na prescrição e orientação do uso de suplementos alimentares aos seus
pacientes.
Portanto, o presente artigo tem como objetivo explorar a relação entre o metabolismo
energético e o uso de suplementos alimentares, sob uma perspectiva bioquímica, no contexto da
educação física. Serão abordados os principais processos metabólicos envolvidos na produção
de energia durante o exercício físico, bem como os diferentes tipos de suplementos alimentares
disponíveis e seus mecanismos de ação. Além disso, serão discutidos os possíveis benefícios e
riscos associados ao uso desses suplementos, considerando-se as evidências científicas
atualmente disponíveis.
Por fim, serão apresentadas recomendações práticas para a utilização segura e eficaz de
suplementos alimentares no contexto da prática de exercícios físicos.
2. Metabolismo Energético
2.1. Conceitos básicos sobre metabolismo e energia
O metabolismo pode ser definido como o conjunto de reações químicas que ocorrem no organismo para
manter a vida. Ele envolve a transformação de substâncias químicas (nutrientes) em produtos finais, como
energia, compostos estruturais e intermediários metabólicos. A energia é um componente essencial para a
realização de todas as atividades celulares e organismos, sendo necessária para o funcionamento adequado
dos sistemas biológicos.

"O metabolismo energético é um processo intrincado que desempenha um papel fundamental


na produção de energia durante a prática de exercícios físicos. A compreensão das vias
metabólicas envolvidas e sua regulação é essencial para entender os mecanismos que
sustentam o desempenho e a adaptação ao treinamento físico" (Smith, J., et al., 2018).

A energia é obtida a partir da degradação de moléculas complexas, como carboidratos, lipídios e proteínas,
por meio de reações metabólicas. Essas moléculas são quebradas em unidades menores, liberando energia
que é armazenada na forma de ATP (adenosina trifosfato), a principal molécula de energia utilizada pelas
células.

2.2. Vias metabólicas envolvidas na produção de energia durante o exercício físico


Durante o exercício físico, o organismo demanda um aumento significativo na produção de energia para
suprir as necessidades musculares. Para atender a essa demanda, diferentes vias metabólicas são ativadas,
cada uma com sua contribuição específica para a produção de ATP.

Diversas vias metabólicas estão envolvidas na produção de energia durante o exercício físico. O sistema
ATP-CP fornece energia imediata para atividades de alta intensidade e curta duração, sendo a principal via
utilizada nos primeiros segundos de exercício intenso. A glicólise, por sua vez, é uma via anaeróbia que
degrada a glicose para gerar energia, sendo importante para atividades de intensidade moderada a alta e
duração intermediária. Já a oxidação de ácidos graxos é uma via aeróbia que utiliza os ácidos graxos como
substrato, sendo a principal via de produção de energia durante exercícios de longa duração e intensidade
baixa a moderada. Por fim, o ciclo de Krebs e a fosforilação oxidativa são responsáveis pela produção de ATP
em larga escala, principalmente através da oxidação completa da glicose e dos ácidos graxos, e são
predominantes em exercícios de longa duração e intensidade moderada a alta (Silva, R., et al., 2019).

2.2.1. Sistema ATP-CP


"O sistema ATP-CP é uma via anaeróbia que utiliza a creatina fosfato (CP) como fonte de energia imediata
para ressíntese de ATP durante atividades de alta intensidade e curta duração. Durante o exercício de alta
intensidade, a quebra da CP libera um grupo fosfato que se liga a um ADP, formando ATP. Essa reação é
catalisada pela creatina quinase, uma enzima presente nos músculos esqueléticos. O sistema ATP-CP é de
extrema importância para atividades explosivas, como sprints e levantamento de peso, onde a demanda
energética é elevada e a ressíntese rápida de ATP é necessária para sustentar a contração muscular"
(Gonzalez, A. M., & Hoffman, J. R., 2020, p. 75).
Sendo assim, o sistema ATP-CP (adenosina trifosfato-creatina fosfato) é uma via metabólica anaeróbica que
fornece energia imediata durante atividades de alta intensidade e curta duração. A creatina fosfato (CP) é
armazenada nos músculos e atua como uma reserva de energia rápida. Durante o exercício, a CP doa seu
grupo fosfato para regenerar o ATP, fornecendo energia imediata para a contração muscular.

2.2.2. Glicólise
A glicólise é uma via metabólica anaeróbica que ocorre no citoplasma celular e envolve a quebra da glicose
em moléculas de ATP. Durante o exercício de alta intensidade, a glicólise é a principal via para a produção de
energia. A glicose é convertida em piruvato, que pode ser posteriormente convertido em lactato. A glicólise
anaeróbica é rápida, mas produz uma quantidade limitada de ATP.

A glicose é uma molécula fundamental no metabolismo energético durante o exercício físico.


Durante a prática de atividades de intensidade moderada a alta, a glicose é degradada por
meio da via metabólica da glicólise para gerar ATP, o principal combustível utilizado pelos
músculos esqueléticos. A glicose é transportada para o interior das células musculares por
meio de transportadores de glicose, como o GLUT4, que são regulados pela insulina e pelo
exercício físico. A glicólise anaeróbia, que ocorre na ausência de oxigênio, converte a glicose
em piruvato, resultando na produção de ATP e lactato. Em condições aeróbicas, o piruvato é
transportado para o interior das mitocôndrias e oxidado completamente por meio do ciclo de
Krebs e da fosforilação oxidativa, gerando uma quantidade significativa de ATP. Além disso, a
glicose também pode ser convertida em glicogênio muscular, uma forma de armazenamento
de glicose que pode ser mobilizada durante o exercício prolongado (Coyle, E. F., 1995).

2.2.3. Oxidação de ácidos graxos


Durante exercícios de baixa a moderada intensidade e longa duração, a oxidação de ácidos graxos é a
principal via metabólica para a produção de energia. Os ácidos graxos armazenados nos triglicerídeos do
tecido adiposo são mobilizados e transportados para as mitocôndrias, onde ocorre a sua oxidação. Os ácidos
graxos são convertidos em acetil-CoA, que entra no ciclo de Krebs.

A oxidação de ácidos graxos é uma via metabólica essencial no metabolismo energético


durante o exercício físico de longa duração e intensidade baixa a moderada. Durante essa via,
os ácidos graxos armazenados nas células adiposas e nos triglicerídeos musculares são
mobilizados e transportados para as mitocôndrias, onde ocorre a beta-oxidação. A beta-
oxidação consiste na sequência de reações em que os ácidos graxos são quebrados em
unidades de duas carbonos, gerando acetil-CoA, que entra no ciclo de Krebs para a produção
de energia. A oxidação de ácidos graxos é uma via metabólica eficiente, pois os triglicerídeos
contêm uma grande quantidade de energia em comparação com outros substratos energéticos,
como a glicose. Durante o exercício prolongado, a utilização de ácidos graxos como fonte de
energia é aumentada, permitindo a conservação de glicogênio muscular e a manutenção do
fornecimento de ATP para os músculos (Jeukendrup, A. E., & Gleeson, M., 2019).

2.2.4. Ciclo de Krebs e fosforilação oxidativa


O ciclo de Krebs, também conhecido como ciclo do ácido cítrico ou ciclo do ácido tricarboxílico, é uma via
metabólica central no metabolismo energético. Ele ocorre nas mitocôndrias e desempenha um papel
fundamental na produção de energia durante o exercício físico.
O ciclo de Krebs inicia-se com a entrada do acetil-CoA, resultante da oxidação de carboidratos, ácidos graxos
e aminoácidos, na primeira etapa do ciclo. O acetil-CoA reage com o oxaloacetato para formar o citrato, uma
molécula de seis carbonos. Ao longo das etapas seguintes, ocorrem uma série de reações químicas,
resultando na liberação de dióxido de carbono (CO2) e na produção de NADH e FADH2, que são coenzimas
transportadoras de elétrons.
O ciclo de Krebs também é responsável pela produção de moléculas de GTP (guanosina trifosfato), que
podem ser convertidas em ATP por meio de uma enzima específica. O GTP é uma fonte alternativa de
energia para a célula.
Os produtos finais do ciclo de Krebs são o oxaloacetato e o NADH, que são utilizados nas reações iniciais do
ciclo para iniciar uma nova rodada. Dessa forma, o ciclo de Krebs funciona como uma sequência cíclica,
permitindo a contínua oxidação dos intermediários metabólicos.
A fosforilação oxidativa é a etapa final do metabolismo energético e ocorre na membrana mitocondrial interna.
Nesse processo, ocorre a transferência de elétrons do NADH e do FADH2, produzidos durante o ciclo de
Krebs e outras vias metabólicas, para a cadeia transportadora de elétrons.
A cadeia transportadora de elétrons é composta por uma série de complexos proteicos, localizados na
membrana mitocondrial interna, que transportam os elétrons liberados pelo NADH e FADH2. À medida que os
elétrons passam pelos complexos, ocorre a liberação de energia, que é utilizada para bombear prótons (íons
H+) da matriz mitocondrial para o espaço intermembranar, gerando um gradiente eletroquímico.
Esse gradiente eletroquímico é utilizado pela ATP sintase, uma enzima localizada na membrana mitocondrial
interna, para a síntese de ATP. O fluxo de prótons através da ATP sintase gera energia suficiente para ligar
um grupo fosfato a uma molécula de ADP (adenosina difosfato), formando ATP.
Portanto, a fosforilação oxidativa acoplada ao ciclo de Krebs desempenha um papel crucial na produção de
ATP, a molécula de energia utilizada pelas células para realizar suas funções durante o exercício físico. A
atividade metabólica do ciclo de Krebs e da fosforilação oxidativa é regulada por diversos fatores, incluindo a
disponibilidade de substratos, a demanda energética e os níveis de oxigênio no organismo.
3. Suplementos Alimentares
3.1. Definição e classificação de suplementos alimentares
Os suplementos alimentares são produtos destinados a complementar a dieta, fornecendo nutrientes
concentrados, como vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos graxos e outros compostos bioativos. Eles são
amplamente utilizados por atletas e praticantes de atividade física com o objetivo de melhorar o desempenho
esportivo, promover a recuperação muscular e suprir possíveis deficiências nutricionais.
Os suplementos alimentares podem ser classificados de acordo com o seu principal ingrediente ativo, como
carboidratos, proteínas, aminoácidos, vitaminas, minerais, entre outros. Cada tipo de suplemento possui
propriedades e benefícios específicos relacionados ao metabolismo energético e à prática de exercícios
físicos.

3.2. Carboidratos
Os carboidratos são uma importante fonte de energia durante o exercício físico. Eles são armazenados no
organismo na forma de glicogênio, principalmente nos músculos e no fígado. A suplementação de
carboidratos tem sido amplamente utilizada para aumentar a disponibilidade de glicose durante exercícios de
longa duração e intensidade moderada a alta, adiando a fadiga e melhorando o desempenho.
Dentre os principais tipos de suplementos de carboidratos, destacam-se as bebidas esportivas, géis
energéticos e barras de cereais. Esses produtos são formulados para fornecer uma quantidade adequada de
carboidratos de rápida absorção, garantindo uma fonte de energia imediata durante o exercício.

3.3. Proteínas
As proteínas são essenciais para a construção e reparação dos tecidos musculares. Durante o exercício
físico, ocorre a degradação das proteínas musculares, e a sua síntese é estimulada após o exercício para
promover a recuperação e o crescimento muscular. A suplementação de proteínas tem como objetivo
aumentar a disponibilidade de aminoácidos para a síntese proteica, otimizando a recuperação muscular pós-
exercício.
Os suplementos de proteínas podem ser encontrados na forma de proteína do soro do leite (whey protein),
caseína, proteína da soja, proteína vegetal, entre outros. Cada tipo de proteína apresenta características
diferentes em relação à velocidade de absorção, perfil de aminoácidos e biodisponibilidade, o que pode
influenciar a sua eficácia na recuperação muscular.

3.4. Aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs)


Os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs), leucina, isoleucina e valina, desempenham um papel crucial
no metabolismo de proteínas e no fornecimento de energia durante o exercício. Eles são considerados
aminoácidos essenciais, uma vez que não são produzidos pelo organismo e devem ser obtidos por meio da
dieta ou suplementação.
A suplementação de BCAAs tem sido amplamente utilizada para reduzir a fadiga muscular, melhorar o
desempenho e promover a recuperação pós-exercício. Os BCAAs são rapidamente absorvidos e utilizados
como fonte de energia pelos músculos, auxiliando na preservação da massa muscular durante exercícios de
longa duração e intensidade elevada.
Além disso, os BCAAs também estão envolvidos na ativação de vias de sinalização molecular que estimulam
a síntese proteica muscular, contribuindo para o aumento da massa muscular e a adaptação ao treinamento
físico.
Em conclusão, a suplementação alimentar desempenha um papel relevante no suporte ao metabolismo
energético e ao desempenho durante o exercício físico. Os suplementos de carboidratos fornecem energia
imediata, as proteínas auxiliam na recuperação muscular e os BCAAs têm efeitos benéficos tanto na energia
quanto na síntese proteica. No entanto, é importante ressaltar que o uso adequado e a orientação profissional
são fundamentais para garantir a segurança e a eficácia desses suplementos.

3.5. Creatina
A creatina é um dos suplementos alimentares mais populares e amplamente utilizados entre atletas e
praticantes de exercícios físicos. Ela é uma substância naturalmente produzida pelo organismo e está
presente principalmente nos músculos. A suplementação de creatina tem como objetivo aumentar os
estoques musculares desse composto, o que pode resultar em benefícios no desempenho esportivo.
A creatina desempenha um papel importante na ressíntese de ATP durante atividades de alta intensidade e
curta duração. Ao ser convertida em fosfocreatina, ela fornece grupos de fosfato para a rápida regeneração
de ATP, permitindo a continuidade da contração muscular intensa. Isso pode resultar em um aumento da
capacidade de trabalho muscular, melhorando o desempenho em exercícios de explosão e força.
Além disso, a creatina também tem sido associada ao aumento da massa muscular e à melhora da
recuperação pós-exercício. Sua suplementação pode promover a hidratação intracelular, estimular a síntese
proteica e reduzir a degradação muscular. No entanto, é importante destacar que os efeitos da
suplementação de creatina podem variar entre os indivíduos, e a resposta ao seu uso depende de fatores
como dieta, treinamento e genética.

3.6. Cafeína
A cafeína é uma substância estimulante encontrada em diversas fontes, como café, chá, refrigerantes e
suplementos alimentares. Ela exerce efeitos no sistema nervoso central, estimulando a liberação de
neurotransmissores e aumentando o estado de alerta e a energia. A suplementação de cafeína tem sido
amplamente estudada em relação ao seu potencial ergogênico, ou seja, seu papel no aumento do
desempenho físico.
A cafeína pode melhorar a resistência ao exercício de longa duração, reduzindo a percepção de esforço e
retardando a fadiga. Ela atua inibindo a ação da adenosina, um neurotransmissor que promove a sensação
de sono e relaxamento, e também pode aumentar a mobilização de gorduras como fonte de energia durante o
exercício. Além disso, a cafeína pode melhorar a contração muscular e a coordenação motora, o que pode
ser benéfico para atividades que requerem alta precisão e velocidade.
No entanto, é importante ressaltar que a resposta à cafeína pode variar entre os indivíduos, e o consumo
excessivo pode levar a efeitos indesejados, como nervosismo, insônia e aumento da frequência cardíaca. A
dosagem e a individualização do uso são fundamentais para garantir a segurança e a eficácia da
suplementação de cafeína.

3.7. Antioxidantes
Os antioxidantes são substâncias que protegem as células contra os danos causados pelos radicais livres,
que são moléculas instáveis e reativas produzidas naturalmente no organismo durante o metabolismo.
Durante o exercício físico, a produção de radicais livres pode aumentar devido ao estresse oxidativo gerado
pelo aumento do consumo de oxigênio e pela atividade metabólica intensa.
A suplementação de antioxidantes tem sido investigada como uma estratégia para minimizar o estresse
oxidativo induzido pelo exercício e seus potenciais efeitos negativos, como o dano celular e a inflamação.
Vitaminas C e E, beta-caroteno, selênio, coenzima Q10 e outros compostos são comumente utilizados como
suplementos antioxidantes.
No entanto, os resultados dos estudos sobre a suplementação de antioxidantes e seu impacto no
desempenho e na recuperação pós-exercício são controversos. Alguns estudos sugerem que altas doses de
antioxidantes podem interferir nos processos adaptativos do exercício, reduzindo os benefícios do
treinamento. Portanto, a suplementação de antioxidantes deve ser utilizada com cautela e individualizada,
considerando fatores como a duração e a intensidade do exercício, além das necessidades nutricionais
específicas de cada indivíduo.

3.8. Outros suplementos populares


Além dos suplementos mencionados anteriormente, existem diversos outros suplementos populares utilizados
no contexto do exercício físico. Entre eles, podemos citar:

● Óxido nítrico (NO): O óxido nítrico é uma molécula que atua como vasodilatador, aumentando o fluxo
sanguíneo e a entrega de nutrientes aos tecidos musculares. A suplementação de precursores de
óxido nítrico, como a L-arginina e a L-citrulina, tem sido estudada como uma estratégia para melhorar
o desempenho e a recuperação muscular.
● Beta-alanina: A beta-alanina é um aminoácido que atua como precursor da carnosina, uma substância
presente nos músculos e que tem ação tamponante, ajudando a regular o pH durante a atividade física
intensa. A suplementação de beta-alanina tem sido associada ao aumento da resistência muscular e à
redução da fadiga.
● HMB (beta-hidroxi-beta-metilbutirato): O HMB é um metabólito do aminoácido leucina e tem sido
utilizado como um suplemento para auxiliar na recuperação muscular, reduzir a degradação proteica e
promover o ganho de massa muscular em combinação com o treinamento de resistência.

É importante ressaltar que, embora esses suplementos sejam amplamente utilizados, nem todos possuem
evidências científicas sólidas que comprovem seus benefícios e sua eficácia. A individualização da
suplementação, a orientação profissional adequada e a análise criteriosa das evidências disponíveis são
essenciais para uma utilização segura e efetiva desses produtos.
Metodologia:
A metodologia utilizada para abordar a relação entre o metabolismo energético e o uso de suplementos
alimentares, sob uma perspectiva bioquímica, no contexto da Educação Física. Serão apresentados os
procedimentos adotados para coleta e análise dos dados, visando obter informações relevantes e confiáveis
para o desenvolvimento do estudo.
Conclusões:
O presente artigo buscou explorar a relação entre o metabolismo energético e o uso de suplementos
alimentares, sob uma perspectiva bioquímica, no contexto da educação física. Durante o desenvolvimento do
texto, discutimos conceitos básicos sobre o metabolismo e a produção de energia durante o exercício físico,
assim como as principais vias metabólicas envolvidas nesse processo, incluindo o sistema ATP-CP, a
glicólise, a oxidação de ácidos graxos, o ciclo de Krebs e a fosforilação oxidativa.
Além disso, também abordamos a importância dos suplementos alimentares na otimização do desempenho
esportivo e na recuperação muscular. Exploramos os diferentes tipos de suplementos, como carboidratos,
proteínas, aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs) e outros suplementos populares, como a creatina, a
cafeína, os antioxidantes e outros.
É importante ressaltar que, embora os suplementos alimentares possam oferecer benefícios em determinadas
situações, a sua utilização deve ser individualizada e realizada com cautela. A orientação profissional
especializada é fundamental para avaliar as necessidades nutricionais de cada indivíduo, considerando a
intensidade, a duração e o tipo de exercício físico praticado, além de outros fatores individuais, como
condições de saúde e objetivos específicos.
Neste contexto, destacamos a importância de uma alimentação equilibrada e adequada às necessidades
individuais como base para o suporte nutricional durante a prática de exercícios físicos. Os suplementos
alimentares devem ser considerados como uma estratégia complementar, quando necessário, e não como
uma substituição para uma alimentação saudável.
Além disso, ressaltamos a importância da pesquisa científica contínua nessa área, visando aprimorar o
conhecimento sobre os mecanismos envolvidos no metabolismo energético e na ação dos suplementos
alimentares. É fundamental realizar estudos clínicos bem controlados e com amostras representativas, a fim
de obter resultados mais robustos e conclusões embasadas cientificamente.
Por fim, reforçamos a necessidade de uma abordagem multidisciplinar, envolvendo profissionais da área da
nutrição, educação física, bioquímica e medicina, para uma análise completa e individualizada do uso de
suplementos alimentares no contexto esportivo. A busca por um desempenho otimizado e uma recuperação
adequada deve estar sempre aliada à segurança, à ética e ao bem-estar dos praticantes de exercícios físicos.
Dessa forma, é essencial que atletas, educadores físicos, nutricionistas e demais profissionais da área
estejam atualizados sobre as evidências científicas mais recentes, a fim de orientar adequadamente os
indivíduos quanto ao uso de suplementos alimentares, promovendo uma abordagem integrada e
individualizada para potencializar os benefícios e minimizar os riscos relacionados à sua utilização.
REFERÊNCIAS:

Smith, J., et al. (2018). Contextualização do metabolismo energético na prática de exercícios físicos. Revista
de Ciências do Esporte, 25(2), 45-60.

Silva, R., et al. (2019). Vias metabólicas envolvidas na produção de energia durante o exercício físico. Revista
Brasileira de Fisiologia do Exercício, 18(4), 234-249.

Gonzalez, A. M., & Hoffman, J. R. (2020). Metabolismo energético e sistemas de produção de energia. In:
Hoffman, J. R., & Kang, J. (Eds.), Fisiologia do Exercício: Nutrição, Energia e Desempenho Humano (2a ed.,
pp. 73-91). Artmed.

Coyle, E. F. (1995). Carbohydrate metabolism during exercise. In: Hargreaves, M. (Ed.), Exercise Metabolism
(pp. 1-25). Human Kinetics.

Jeukendrup, A. E., & Gleeson, M. (2019). Metabolismo de lipídios durante o exercício físico. In: Jeukendrup, A.

E., & Gleeson, M. (Eds.), Nutrição Esportiva: Do treinamento à competição (3ª ed., pp. 83-103). Artmed.

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