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emagrecimento e na hipertrofia
Professor do módulo: Eduardo Haluch
Macronutrientes:
A alimentação saudável é definida como aquela que atende todas as exigências
do corpo, ou seja, não está abaixo nem acima das necessidades do organismo. É
muito importante que no planejamento de uma dieta sejam propostos
alimentos com sabores individuais respeitados, desta forma, melhorando a
adesão do paciente ao plano dietético, no entanto, também é de extrema
importância haver todo o devido aporte nutricional bem elaborado. O estudo
dos macronutrientes obtém grande relevância neste quesito, uma vez que, estes
são a base da alimentação.
1- Proteínas:
As proteínas são polímeros essenciais sintetizados a partir de aminoácidos e
peptídeos. Os monômeros, chamados de aminoácidos (AA´s), são formadas
através da ligação de um carbono com um grupo amina (NH2), um grupo ácido
(carboxila), um hidrogênio e um radical. Este último, por sua vez é variável,
diferente dos demais, o que permite ao AA obter caracterização em relação
função, muitas vezes única.
São diversos, os aminoácidos presentes, na natureza, podendo ser classificados
como essenciais, ou seja, que necessita da ingesta alimentar dos mesmos para
que esteja presente no organismo e, não essenciais, que são aqueles que o
corpo humano já os produz. No entanto, vale ressaltar que, apenas vinte destes,
possuem a capacidade de formar proteínas. Segue a lista abaixo:
Hipertrofia muscular:
O processo de hipertrofia requer alguns fatores em constante harmonia, como
treinamento gerando lesões teciduais e resposta inflamatória, o sono adequado,
otimizando o processo, o devido balanço hormonal e bom aporte calórico-
proteico. Para compreender o processo de ganho de massa muscular, é crucial
considerar a relação delicada entre a síntese e a degradação proteica. A síntese
proteica muscular é a base do crescimento muscular. Quando realizamos
exercícios de resistência, como o levantamento de pesos, os músculos sofrem
micro lesões, que para reparar e fortalecê-las, o corpo aumenta a síntese de
proteínas musculares, criando fibras musculares maiores e mais fortes, processo
chamado de hipertrofia muscular. No entanto, a síntese proteica não é o único
lado da equação. A degradação proteica também desempenha um papel
fundamental. O corpo está constantemente quebrando e reconstruindo
proteínas musculares, processo conhecido como turnover proteico. Quando a
taxa de síntese proteica supera a taxa de degradação, ocorre o ganho líquido de
actina e miosina e, consequentemente, a hipertrofia. O período de maior síntese
proteica é após as refeições, no entanto períodos em jejum não são
necessariamente causadores de atrofia muscular, o resultado final no balanço
proteico será o definidor da relação hipertrofia e atrofia muscular.
2- Carboidratos:
Os carboidratos, geralmente os macronutrientes mais abundantes numa dieta,
são substâncias formadas a partir de sacarídeos, podendo ser classificados
como: monossacarídeos (glicose, frutose, galactose); dissacarídeos (sacarose,
lactose); polissacarídeos (amido, celulose). Antigamente chamados de
carboidratos simples, os mono e dissacarídeos, e carboidratos complexos, os
polissacarídeos. Devido a característica estrutural mais ou menos complexa,
quanto menor o número de sacarídeos mais rápida é a absorção dos
carboidratos, e vice-versa. Alguns polissacarídeos, como a celulose possuem
ligações do tipo β, perdendo assim, a capacidade de digestão e sendo nomeados
como fibras alimentares, melhorando o trânsito intestinal e o perfil lipídico. As
fibras geralmente não possuem calorias, ou possuem baixas calorias quando
fermentadas pela microbiota intestinal.
Para que seja possível a absorção dos carboidratos, é necessário que todos se
apresentem na forma de monossacarídeos, possuindo desta forma, a digestão
um fator fundamental com relação aos carboidratos não monossacarídeos. O
processo de digestão de carboidratos começa na boca, onde a amilase salivar,
uma enzima presente na saliva, inicia a quebra de carboidratos complexos,
como amido, em unidades menores chamadas maltose e dextrina. A mastigação
adequada e a exposição dos alimentos à saliva são cruciais nesse estágio inicial.
3- Gorduras:
A molécula de gordura, chamada de triacilglicerol (TGL), é composta por três
ácidos graxos mais uma molécula de glicerol. As principais funções dos lipídios
são no armazenamento de energia (gorduras); como componentes das
membranas celulares (fosfolipídios); mensageiros químicos (hormônios
esteroides e eicosanoides). Além disso, principalmente mediante a um cenário
de restrição de glicose, é necessário que o organismo utilize os TGL´s como fonte
de energia. Para que isto ocorra, há a degradação da dos TGL´s, chamada de
lipólise, por ação da lipase hormônio sensível (LHS), através estímulo do
glucagon, GH, testosterona, entre outros, e da diminuição do efeito inibitório da
insulina sobre a LHS. Frente a isso os ácidos graxos podem ser usados como
fonte de Acetil-Coa para o ciclo de Krebs e a depender da necessidade, e podem
também ser convertidos em corpos cetônicos também para suplantar as
demandas energéticas. Nesta perspectiva em conexão com o que foi visto
anteriormente, o processo de lipólise participa da perda de gordura, porém para
que haja degradação maior que a produção de produção de TGL´s e
consequente atrofia de tecido adiposo, é necessário que haja déficit calórico.
De acordo com suas características os ácidos graxos podem ser classificados pela
quantidade de duplas ligações carbônicas presentes. As gorduras saturadas,
presentes principalmente em fontes animais, não possuem duplas ligações em
sua composição. Já as mono e poli-insaturadas, provindas geralmente de fontes
vegetais, possuem respectivamente, uma ou mais dupla ligações carbônicas em
sua formula estrutural. O perfil de ácidos graxos presentes no organismo de um
indivíduo irá depender da ingesta dos mesmos. Abaixo serão discutidas algumas
especificidades dos ácidos graxos mais relevantes ao estudo das gorduras
alimentares.
O ácido oleico, um ácido graxo monoinsaturado é o mais abundante na
alimentação, além de poderem ser produzidos pelo próprio organismo;
Os ácidos graxos poli-insaturados, como os ômega 3, nomeado assim por ter a
primeira dupla ligação a partir do terceiro carbono após o grupo metil (sendo
alguns exemplos: ALA; EPA; DHA) e ômega 6, nomeado assim por ter primeira
dupla ligação a partir do sexto carbono após o grupo metil (ácido linoleico e
ácido araquidônico) são extremamente benéficos a saúde, porém não
produzidos pelo organismo. O ômega 6, encontrado principalmente em óleos
vegetais, nozes e sementes, tem potencial de diminuir o colesterol plasmático,
diferente do que acontece com o ômega 3. Alguns estudos indicam que hoje
tem mais ´´infalmação do que antigamente por contaa do maior consumo de
ômega , o que não passa de um viés de cinfusão – erro do tipo 1. Apesar disso,
este último, encontrado em peixes gordurosos (salmão de cativeiro ou
selvagem), óleo de peixe, linhaça, chia, etc, possui benefício na saúde
cardiovascular independente da diminuição do colesterol, por efeitos anti-
inflamatórios, da diminuição de triglicerídeos plasmáticos, além de um efeito
muscular anticatólico. Devido a maior dificuldade de obtenção de ômega 3 pela
dieta, a preocupação com a ingesta é mais significativa. As recomendações
ideais é que o omega3 seja ingerido principalmente através de 2 a 3 refeições
com peixes gordurosos por semanas, e caso não seja atingida, a suplementação
pode ser válida. Valendo ressaltar que, revisões sistemáticas comparando a
morbimortalidade geral e patologias específicas relacionadas a RCV, não
mostraram fator protetor com o uso de ômega 3;
A gordura saturada encontrada principalmente em fontes animais,
industrializados, e outros como o óleo de coco. Há muitos anos este tipo de
gordura era associado como o principal fator para o aumento do risco
cardiovascular (RCV), fato que hoje em dia já fora melhor e estudado e
constatado que apesar do potencial maléfico, o ambiente pobre em fibras, rico
predominantemente de carboidratos refinados associados ao sedentarismo,
tabagismo, e também ao aumento de gorduras saturadas, é o que de fato
acarreta mais substancialmente no aumento do RCV. A gordura saturada tem o
potencial de aumentar o LDL e consequente aterosclerose, aspecto importante
em indivíduos com maior tendência a dislipidemias. A gordura trans inicialmente
utilizada como substituta das gorduras saturadas foi proibida pela ANVISA
devido ao caráter significativo prejudicial à saúde.
Mifflin – St Jeor:
Necessita do peso, altura e idade, sendo mais indicada para indivíduos
eutróficos e obesos.
Cunningham:
Para indivíduos atléticos.
Tinsley:
Para indivíduos fisiculturistas.
Como exemplos da aplicabilidade das fórmulas podem ser citados os seguintes:
Mais uma vez, a análise do gasto energético é de extrema importância para que
se possa calcular a perda calórica diária. Possuindo como exemplo, uma mulher
de 42 anos, com 95 quilos, IMC = 36 kg/m2 (obesidade grau II), 162cm com fator
atividade de 1,5. Primeiramente, o cálculo do GER será realizado pela fórmula de
Mifflin, e em sequência o GET será gerado pelo GER x FA.
O ponto fundamental a ser pensado frente a uma dieta de cutting para poder
minimizar a perda de músculos é associar exercícios físicos, principalmente
anaeróbicos, e evitar déficit calórico muito agressivo, sendo essa última técnica
não muito interessante em pessoas eutróficas. Esta abordagem, pode ser feita
em alguns cenários, como na fase final de uma preparação de um atleta que
necessita de uma perda de peso mais significativa, usuários de esteroides, que
possuem um fator anticatabólico de massa magra, ou mesmo em pacientes
portadores de obesidade ou sobrepeso, que possuem um grande estoque
energético proveniente de tecido adiposo e, no geral, pouco tecido muscular,
tornando esse último uma preocupação não muito significativa. Desta forma,
como já ficou demonstrado, o quanto de déficit que será estipulado vai
depender da individualidade de cada caso. Segue abaixo uma tabela com
algumas recomendações de déficit calórico a depender do indivíduo.
Outro aspecto relevante no estudo da perda de peso é fato de ser muito comum
na população, a crença de que exercícios físicos são os grandes protagonistas da
perda de gordura, fato este que é uma inverdade, uma vez que, o exercício
mesmo extenuante tem um potencial de baixo de perda de energia, salvas
exceções como atletas profissionais que realizam exercícios intensos por longos
períodos. Para estimar a perda de energia de maneira correta utiliza-se o
equivalente metabólico da tarefa (MET), um múltiplo da taxa metabólica basal,
que equivale à energia suficiente para um indivíduo se manter em repouso,
representado na literatura pelo consumo de oxigênio de aproximadamente 3,5
ml/kg/min, o equivalente a uma caloria gasta. Quando se exprime o gasto de
energia em METs, representa-se o número de vezes pelo qual o metabolismo de
repouso foi multiplicado durante uma atividade. Como exemplo, pedalar a
quatro METs implica em gasto calórico quatro vezes maior que o que vigora em
repouso, acarretando numa pessoa de 60 quilos o total de 160 quilocalorias em
40 minutos, o equivalente a duas bananas médias. A fórmula para chegar neste
valor final segue a seguir:
Kcal = METs x Kg (peso corporal) x 1 hora
As atividades de baixa, média e alta intensidade, geram um gasto de cerca de
1,6-2,9 METs, 3-5,9 METs e maior ou igual a 6 METs, respectivamente. Abaixo,
segue a relação dos METs em determinados exercícios físicos.
Para fins didáticos é interessante compreender que o exercício físico pode não
ser tão significativo na perda de peso em si, porém avaliar apenas as
quilocalorias gastas é um equívoco, pois o espectro analítico deve ir muito além
disso. Individualizando mais uma vez, já é muito difundido na literatura que a
cessação do sedentarismo é um grande fator para a diminuição do RCV, por
mecanismos intrínsecos e extrínsecos, além de se mostrar como um
coadjuvante na melhora da saúde óssea e muscular, sendo, portanto, de grande
valia a recomendação de exercícios para indivíduos não atletas, com sobrepeso
ou portadores de obesidade. De outro modo, indivíduos hígidos buscando perda
de gordura para fins estéticos, podem realizar a chamada recomposição
corporal, ocasionada quando há perda de gordura concomitante a ganho ou
manutenção neutra da massa muscular. As particularidades no emagrecimento
são extensas, e requerem uma análise minuciosas. Durante este processo, visto
como estressor ao organismo, adaptações fisiológicas ocorrem objetivando a
manutenção do peso perdido, e é sobre esse aspecto que será o próximo foco
de leitura.
Durante a perda de peso, é natural pensar que devido a perda de tecido adiposo
e massa magra, o GER calculado reduza também. A análise fica mais clara
quando colocada comparativamente no decorrer do tempo com as fórmulas
para cálculos da GER e GET. Seguindo o exemplo do capítulo anterior, uma
mulher de 42 anos, com 95kg e 162cm, que durante o processo perdeu cerca de
10 quilos, os resultados seriam o seguinte:
Sucesso no emagrecimento
Pessoas que iniciam o processo de perda de peso, é comum que haja reganho
ao longo do tempo, pelos múltiplos fatores já elucidados. Por mais que, todos os
indivíduos queiram uma perda de peso sustentada ao longo do tempo, este fato
é pouco provável. No geral, o reganho de peso tende a ser comum após
períodos de dietas para emagrecimento, possuindo boa efetividade terapêutica
aquele que possui reganho mínimo após certo período. As estatísticas mostram
que, apenas cerca de 20% das pessoas na população em geral são bem
sucedidas na manutenção da perda de peso a longo prazo.
Para obter a perda de gordura corporal, fica entendido que o déficit calórico é
um fator inegociável e fundamental. No entanto é possível, como mostrado
anteriormente, que as calorias reduzidas sejam implementadas de forma
intermitente, consequentemente obtendo entre períodos semanais ou mensais
de déficit calórico, momentos de período intermediário com balanço calórico
neutro. Abordagem parecida a esta é obtida através do chamado ciclo de
carboidratos, realizando durante curto prazo um aumento dos carboidratos na
dieta, seguidos de períodos com maior restrição destes. O resultado é de maior
adesão dietética e um aumento na aptidão física no período de carboidratos
elevados. As estratégias utilizadas variam, porém, é bastante comum a
implementação desta por meio de três dias de baixo carboidrato, com dois dias
de carboidratos moderados, seguidos de dois dias de alto consumo de
carboidratos. Valendo ressaltar que, o ciclo de carboidratos também deve
respeitar a premissa de atingir um déficit calórico substancial ao longo do
tempo.
Após toda leitura deste material, a esperança é que este possa contribuir a
todos os leitores, excelentes condutas aos seus respectivos pacientes. A busca
pela melhora da composição corporal e/ou o tratamento da obesidade são
frequentes e estão numa crescente cada vez maior. O bom profissional é aquele
que não se aproveita deste fato lidando com as pessoas de qualquer forma, mas
sim que busca conhecimento e aptidão em seu trabalho para gerar a maior
satisfação aos pacientes.