Curso de Pós-Graduação “ Ciências Aplicadas ao Futebol – CEPDAP “
FONTES ENERGÉTICAS PARA A ATIVIDADE FÍSICA
Para que o trabalho muscular seja executado dentro das diferentes
atividades físicas é preciso que ocorra o fornecimento da energia necessária a este objetivo. Esta energia é obtida através da quebra de substâncias que estão armazenadas na musculatura em reações que utilizam o oxigênio para sua ocorrência (reações aeróbias) e, em reações que ocorrem sem a presença do oxigênio (reações anaeróbias).
O objetivo básico destas reações é promover a síntese do ATP (adenosina
trifosfato) que é a molécula que fornece a energia para todos os processos biológicos existentes dentro do organismo. A dissociação do ATP em ADP (adenosina difosfato) mais uma molécula de fosfato inorgânico (Pi) liberam através desta reação a energia necessária ao processo de contração muscular.
Porém os estoques de ATP muscular têm um limite e para que o trabalho
muscular possa continuar é necessário a ocorrência da síntese de moléculas de ATP. Esta reação necessitará de energia para promover a ligação do ADP com Pi, formando assim uma molécula de ATP. As substâncias que fornecem a energia a síntese do ATP são respectivamente: a fosfocreatina (PC), a glicose e os ácidos graxos (gorduras).
As reações que utilizam a energia advinda da fosfocreatina (PC) para a
síntese do ATP, têm sua ocorrência limitada em esforços máximos com duração de até 10 segundos aproximadamente, onde não haverá a necessidade da presença de oxigênio para a ocorrência destas reações, recebendo estas a denominação de anaeróbias aláticas. O termo alático decorre da não formação de ácido lático durante a ocorrência destas reações, sendo o fator limitante a duração destes tipos de esforço, as quantidades de fosfocreatina que estão armazenadas na musculatura.
Os esforços que se enquadram neste metabolismo são aqueles de curta
duração e extrema intensidade, tais como os levantamentos, os arremessos e as corridas de curta duração. Já as reações que utilizam a energia proveniente da quebra da glicose à síntese do ATP, podem ocorrer na presença de ou não de oxigênio. Quando estas reações ocorrem sem a utilização de oxigênio, recebem a denominação de glicólise anaeróbia, ocorrendo neste caso a formação do ácido lático, que em conjunto com as reservas de glicose orgânicas, irá determinar o limite de duração destas reações, que geralmente representam a maior parte da energia gerada em esforços de duração entre 10 segundos a 3 minutos.
Após a fase anaeróbia, a glicólise entre em uma fase aeróbia onde a
produção de energia a partir das moléculas de glicose ocorre consumindo oxigênio, caso a intensidade do esforço seja adequada e permita a prolongação de sua duração por mais de 3 minutos. Os esforços que utilizam a glicólise aeróbia como principal fonte energética, têm duração superior a 3 minutos e, dependerão basicamente das reservas de glicose orgânica e da capacidade de absorção de oxigênio para sua manutenção.
Outra forma de fornecimento de energia através de reações aeróbias é a
oxidação dos ácidos graxos, que são derivados das gorduras estocadas no organismo. Este processo é conhecido como "beta-oxidação" e produz maiores quantidades de energia que os outros processos, porém a liberação desta energia ocorre de forma mais lenta.
Analisando os sistemas energéticos concluímos que os sistemas que
utilizam a glicose para o fornecimento de energia são os mais utilizados dentro das atividades físicas em âmbito esportivo, devido a alta intensidade exigida pelos esforços atléticos. Isto implica na adoção de uma dieta rica em carboidratos, já que a glicose é obtida através da metabolização destes nutrientes, e esta dieta permitirá a maximização da performance esportiva.
Porém, na maioria dos casos os atletas não consumem as quantidades
adequadas de carboidratos, o que diminui suas capacidades de performance e treinamento, além de permitir a ocorrência de síndromes de estresse ao treinamento, onde o atleta atinge o esgotamento físico e psicológico em decorrência de baixas reservas energéticas.
O conhecimento do funcionamento fisiológico dos sistemas energéticos,
mostra-se então de vital importância, não só para a escolha dos conteúdos de treinamento que utilizem os mesmos sistemas energéticos do esporte em questão, mas também para a compreensão e confecção de dietas adequadas à realidade esportiva. Referências Bibliográficas:
Hernandes Jr., Benito Daniel Olmos, (1998). Musculação: Montagem da
Academia, Gerenciamento de Pessoal, Prescrição de Treinamento. Editora Sprint, Rio de Janeiro-RJ.
Krieder, R.B., Fry, A.C. & O'Toole, M.L. (1997). Overtraining in Sport. Human Kinetics Books, Illinois, USA.
Kuipers,H.(1998). Training and overtraining: an introduction. Medicine and Science