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- O ATP é a molécula com energia potencial oriunda da oxidação dos substratos

alimentares e quando ele sofre hidrólise libera energia, sendo uma "moeda
energética" que viabiliza a contração muscular (deslocamento das pontes cruzadas de
miosina sobre a actina).

- Durante uma atividade motora como o exercício físico o ATP é transformado em


difosfato de adenosina + fosfato orgânico (ADP + Pi) pela ação da enzima ATPase.

- Os alimentos são a principal fonte de substratos para a formação de ATP através


de carboidratos (glicose), gorduras (ácidos graxos) e proteínas (aminoácidos).

- O estoque intracelular de ATP é pequeno e precisa ser constantemente


ressintetizado, sendo utilizadas 03 vias metabólicas principais de produção de
energia.

1) Vias anaeróbias (citosol celular)


1.1) Energia imediata
1.1.1) Sistema ATP-PCR (via da fosfocreatina)
Primeira via utilizada no exercício e a mais rápida para reconstituição do ATP.
Fosfocreatina hidrolisada com o ADP em reação catalisada pela creatinoquinase.
Predomina em exercícios de alta intensidade e curta duração.
Energia proveniente quase exclusivamente de fosfatos de alta energia
intramusculares, ATP e fosfocreatina (Pcr).
Ex: corrida de 50 a 100m, natação de 50m, levantamento de peso.

1.2) Energia a curto prazo


1.1.2) Sistema glicolítico (sistema lático)
A energia para fosforilar o ADP nessa via provém principalmente da degradação,
mediante glicólise anaeróbica rápida, do glicogênio muscular armazenado, resultando
na formação de lactato.
Quando o metabolismo glicolítico predomina a produção de NADH ultrapassa a
capacidade da célula de liberar seus hidrogênios para a cadeia respiratória,
gerando desequilíbrio na liberação de oxigênio e subsequente oxidação provocando a
ligação de 02 hidrogênios à molécula de piruvato, gerando a molécula de ácido
lático que começa a se acumular.
A produção e o acúmulo de lactato são acelerados quando a intensidade do exercício
aumenta, e a manutenção de um baixo nível de lactato conserva as reservas de
glicogênio, inibindo a fadiga muscular e aumentando a duração de um esforço
aeróbico intenso.
Indivíduos treinados possuem elevado limiar de lactato, tolerando maiores
intensidades de exercício.
O resultado final do metabolismo anaeróbio da glicose é 02 moléculas de ATP e 02
moléculas de piruvato.
A via glicolítica é empregada em uma atividade menos intensa e de maior duração (01
a 02 minutos).

2) Via aeróbia (mitocôndrias)


2.1) Energia a longo prazo
2.1.1) Sistema aeróbico (sistema oxidativo)
Forma mais eficiente de produção de ATP, garante a produção energética por horas.
Ocorre a oxidação de carboidrato advindo da glicose sanguínea e dos estoques de
glicogênio muscular, sendo ainda a única via onde a produção de ATP pode ocorrer a
partir de ácidos graxos e aminoácidos.
A oxidação dos lípides (betaoxidação) possui papel relevante na produção de energia
durante o exercício prolongado, sendo que em condições extremas de depleção
acentuada de glicogênio muscular a betaoxidação aumenta, mas também ocorre
proteólise (degradação de proteína muscular), principalmente dos aminoácidos
leucina e isoleucina.
O metabolismo aeróbio fornece quase toda a transferência de energia quando uma
atividade física intensa prossegue por mais de alguns minutos.
Durante os primeiros minutos de exercício físico o consumo de oxigênio aumenta,
alcançando um platô até 04 minutos, não ocorrendo acúmulo relevante de lactato
sanguíneo nessas condições.
Durante a realização de exercícios físicos prolongados com duração >10 minutos a
ressíntese de ATP para manutenção da contração muscular é predominantemente
dependente do metabolismo oxidativo.
Ex: maratona, triátlon.
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- No início do exercício o ATP é fornecido principalmente pelas vias anaeróbias,


sendo que com o prolongamento da atividade, o aumento da FC e da ventilação
pulmonar mais oxigênio torna-se disponível, iniciando o metabolismo aeróbio que
predomina até o limiar anaeróbio, quando o metabolismo anaeróbio é novamento
acionado.

- O treinamento aeróbio gera diversas adaptações na musculatura esquelética,


permitindo ao músculo usar substratos energéticos com maior eficiência para síntese
de ATP e se tornar mais resistente à fadiga.

- Após a prática regular de exercícios aeróbios o corpo humano desenvolve 03


principais adaptações:
1) transformações no tipo de fibras musculares com conversão de fenótipo da fibra
muscular branca para a de aparência vermelha.
2) aumento da atividade e da quantidade mitocondrial (melhor capacidade oxidativa).
3) aumento na expressão proteica de GLUT4 que facilita o transporte da glicose na
musculatura exercitada.
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- Fibras musculares
Existem 02 tipos de fibras musculares nos seres humanos, cada uma gerando ATP
diferentemente:
a) Fibras de contração rápida (tipo II - brancas)
Possuem alta velocidade de contração e capacidade para produção anaeróbica de ATP
via glicólise;
Ativas durante atividades com mudança de ritmo e com paradas e arranques (basquete,
futebol);
Representam 80% das fibras musculares de um nadador campeão de uma prova de 50m.

b) Fibras de contração lenta (tipo I - vermelhas)


Geram energia principalmente através de vias aeróbicas;
É provável que o predomínio dessas fibras contribua para altos limiares;
Representam 80% das fibras de um ciclista de endurance.
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- Transferência de energia durante atividade física


O exercício gera alta demanda energética, com o metabolismo muscular aumentando
>100x em atividades de alta intensidade e ~20x em atividade de menor intensidade
mas longa duração.

Na prática a maioria dos esportes utiliza todas as vias energéticas conforme a


tarefa executada.

- Contribuição percentual para geração de ATP


100m -> fosfocreatina (50%), glicolítica (50%);
800m -> fosfocreatina (6%), glicolítica (50%), aeróbica (44%);
Maratona -> aeróbica (75%), triglicerol/ácidos graxos (20%), glicose
sanguínea/glicogênio hepático (5%);
Futebol -> fosfocreatina (10%), glicolítica (70%), aeróbica (20%).

Systrom, D (2023). Exercise physiology. UpToDate


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8 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
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