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SILAGEM NA PRÁTICA

Da colheita ao fornecimento
Rafael Amaral

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA PRODUÇÃO DE SILAGENS


2

Índice
1. Introdução 3
2. Processo de ensilagem 3
3. Fases do processo de ensilagem 4
4. Fatores que afetam o processo de ensilagem 7
4.1 Conteúdo de Umidade 7
4.2 Oxigênio e Respiração da planta 9
4.3 Hidrólise ácida e enzimática 11
4.4 Microrganismos aeróbios 12
4.5 Bactérias anaeróbias 13
4.6 Proteólise 15
5. Perdas durante a ensilagem 16
5.1 Perdas relacionadas à colheita 17
5.2 Perdas no Silo 17
5.2.1 Controle da umidade e disponibilidade de substrato para
fermentação 17
5.2.2 Densidade da massa: tamanho de partícula e compactação 18
5.2.3 Efluente 20
5.2.4 Gases 24
6. O processo de vedação 25
6.1 Fatores que influenciam na deterioração aeróbia 27
6.1.1 Influxo de ar no silo 27
6.1.2 A vedação e a penetração de ar 28
6.1.3 O desabastecimento do silo e o influxo de ar 30
7. Microrganismos envolvidos com a deterioração aeróbia 32
7.1 Fungos 32
7.2 Condições para desenvolvimento de fungos 33
7.3 Os fungos e a silagem 34
7.4 Ocorrência de micotoxinas em silagens 34
7.5 Presença de micotoxinas no período de pós abertura do silo 35
8. Referências 37
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1. Introdução
Silagem é o termo utilizado para definir o produto que sofreu
fermentação dentro de um silo, mais precisamente, refere-se ao produto de
um processo anaeróbio onde a forragem fresca foi preservada por meio da
conversão de açúcares solúveis, pela ação de bactérias láticas, à ácido lático.
A estrutura de armazenamento (silos) estabelece o ambiente anaeróbio onde
ocorre a fermentação.
Segundo McDonald et al. (1991) o primeiro objetivo do processo de
ensilagem é preservar a cultura pela fermentação natural em condições
anaeróbias. O segundo é inibir a atividade de microrganismos indesejáveis
como os clostrideos e as enterobactérias, devido a sua capacidade de
deteriorar a matéria orgânica e originar perdas energéticas. Em princípio,
qualquer espécie forrageira, anual ou perene, pode ser ensilada. A ensilagem,
porém, é basicamente um método de preservação do valor nutritivo (VN) da
planta forrageira e não um método para melhorá-lo, podendo às vezes
ocorrer decréscimo do mesmo.
O desenvolvimento de ambiente ausente de oxigênio no silo é essencial
para a interrupção da respiração da planta, prevenção de desenvolvimento
microbiano aeróbio e estimulação para crescimento de bactérias ácido láticas,
onde estas fermentam os açúcares produzindo principalmente ácido lático e
acético, os quais conduzem o alimento a uma queda em seu pH, sendo essa
queda de pH essencial para inibição da atividade enzimática da planta e
prevenção do crescimento de microrganismos indesejáveis.
Inúmeros fatores limitam a obtenção de silagens com alto VN,
destacando-se aqueles inerentes à planta, como baixo conteúdo de matéria
seca (MS) no momento da colheita, baixos teores de carboidratos solúveis
(CS) e elevada capacidade tampão (CT). Além destes, há que se destacarem
os aspectos relacionados ao clima, como ocorrência de chuvas, custo de
máquinas e de insumos.

2. Processo de ensilagem
Vários fatores influenciam o processo de ensilagem, incluindo: pH,
poder tampão, temperatura, massa bacteriana, conteúdo de carboidratos
solúveis, conteúdo de matéria seca, conteúdo de nitrogênio, conteúdo de
4

hemicelulose e volume de ar por volume de forragem (Woolford, 1984; Pitt


et al., 1985; Muck, 1988).
Características químicas e microbiológicas para silagens de alta
qualidade incluem: elevada concentração de ácido lático em relação aos
ácidos acético e butírico, baixo pH e baixo conteúdo de amônia. Os ácidos
orgânicos funcionam como preservativos para silagem e como energia para
ruminantes (McDonald et al., 1991). Fisicamente, os critérios utilizados para
identificar silagens de boa qualidade são: coloração verde, cheiro agradável
e boa textura (Newmark et al., 1964).

3. Fases do processo de ensilagem


O efeito particular das plantas, microrganismos e químicos na
qualidade da silagem depende da natureza do processo, tempo de ensilagem
e condições ambientais. Em geral, o período de estocagem da silagem pode
ser dividido em 4 principais fases: pré-fechamento, fermentação ativa, fase
estável e abertura do silo, sendo cada fase ditada por diversos processos
(Figura 1 e 2).
A fase de pré-fechamento representa o tempo entre o início do
enchimento do silo até seu fechamento. Nessa fase o oxigênio ainda está
presente e o processo dominante que afeta a qualidade da forragem é a
respiração da planta, geralmente perceptível pela elevação de temperatura
da forragem. Dessa forma, a respiração nessa fase não somente poderá
causar perdas de MS, como também induzir processos comandados pela
temperatura, como é o caso das reações de Maillard, onde aminoácidos e
açúcares se complexam, tornando parte do nitrogênio indisponível.
Uma vez fechado o silo, a respiração da planta utiliza o oxigênio
remanescente em questão de horas (Pitt et al., 1985), assim, quando
condições anaeróbias prevalecerem inicia-se a fase de fermentação. Ocorre
quebra das células das plantas (plasmólise), as quais liberam mais
quantidades de conteúdo celular, geralmente visualizado por perdas de
efluente (contendo carboidratos solúveis e frações nitrogenadas).
Enterobactérias e bactérias ácido láticas (BAL) normalmente
prevalecem neste ambiente de 1 a 3 dias após o fechamento do silo.
Entretanto, uma vez que o pH é reduzido abaixo de 5, a população de
enterobactérias declina rapidamente, tornando-se as BAL os principais
5

microrganismos na silagem (Muck, 1991). Esse grupo de bactérias


fermentam principalmente açúcares, sendo que as enterobactérias produzem
principalmente ácido acético e a BAL produz principalmente ácido lático.
Outros produtos desses dois grupos incluem etanol, 2,3-butanodiol, ácido
succínico, ácido fórmico e manitol (McDonald, 1991). O crescimento ativo das
BAL varia de 1 a 4 semanas, decrescendo o pH para valores entre 3,8 a 4,2,
sendo dependente do conteúdo de umidade, poder tampão e conteúdo de
açúcares solúveis. Uma vez que a queda do pH seja suficiente para inibir o
crescimento microbiano ou ocorra à exaustão de substratos, as BAL tornam-
se inativas, e sua população decresce (Muck, 1991).

Pré-fechamento Fermentação ativa Fase estável Abertura


Respiração da planta ---------------->
Proteólise enzimática ----------------------->
Hidrólise enzimática de
Carboidratos --------------------------------->
Morte das células da planta ----->
Leveduras-------------------------------------------------------------------------->
Fungos----------------------------> ----->
Bactérias acéticas---------------> --------->
Bacilus---------------------------> --->
Bactérias láticas ----------------------------------------------->
Clostridium ----------------->
Reação de Maillard ----------------------->
Hidrólise ácida da hemicelulose ------------------------------------->
Figura 1. Principais fases e atividades das plantas, microrganismos e
processos químicos observados durante a ensilagem.
Fonte: Rotz & Muck (1994).
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Figura 2. Sequência de fases no silo para uma boa fermentação.

O terceiro principal grupo de bactérias anaeróbias, Clostridium sp., tem


o maior efeito de dano na qualidade da silagem se o pH não for reduzido
suficientemente, levando a produção de ácido butírico e aminas. Este tipo de
fermentação acarreta considerável perda de matéria seca, e seus produtos
formados reduzem a aceitabilidade do alimento por parte dos ruminantes
(McDonald et al., 1991).
Muitas das leveduras presentes na silagem são microrganismos
aeróbios, sendo que essa população rapidamente decresce com a exaustão
do oxigênio. Entretanto, algumas estirpes podem fazer parte da fermentação
e serem suficientemente ativas para redução no VN da forragem, produzindo
etanol (Muck et al., 1992).
Fungos e bactérias ácido acéticas declinam rapidamente neste período
de ausência de oxigênio, e bacilos podem fermentar açúcares, formando
produtos similares aos das enterobactérias (McDonald, 1981).
Após o término da atividade microbiana, devido ao baixo pH ou ao
esgotamento de substrato, inicia-se a fase estável do armazenamento. Com
fechamento adequado do silo, pouca difusão de ar ocorre entre a lona e/ou
concreto. Durante a fermentação ativa, o oxigênio pode ser utilizado pela
respiração das plantas, como nessa fase as enzimas das plantas estão
inativas, o oxigênio é principalmente utilizado por microrganismos aeróbios
ou anaeróbios facultativos, sendo que esse crescimento microbiano traduz-
se em perdas da maioria dos componentes digestíveis da forragem ensilada.
Além disso, o crescimento de alguns fungos pode produzir micotoxinas
prejudiciais aos ruminantes (Woolford, 1990).
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Como ácidos são utilizados por esses microrganismos aeróbios, a


consequente elevação do pH poderá permitir também o desenvolvimento de
bactérias do gênero Listeria, sendo esta um patógeno para os animais e
humanos (Woolford, 1990). O crescimento das BAL na presença de oxigênio
pode resultar na conversão de ácido lático a ácido acético.
Quando o silo é aberto a fase anaeróbia é encerrada, iniciando-se o
processo de pós-abertura. O oxigênio presente na face do silo poderá entrar
na massa de silagem, gerando um substancial crescimento de
microrganismos aeróbios, os quais causam aquecimento e perdas de MS. O
aquecimento inicial é causado por leveduras, bacilos e fungos desenvolvem-
se posteriormente caso a forragem não seja rapidamente consumida.

4. Fatores que afetam o processo de ensilagem


4.1 Conteúdo de Umidade
Silagens podem ser divididas em três grandes grupos com base em
seus teores de umidade: (1) silagem de alta umidade – 70 a 85 %; (2)
silagem de média umidade – 60 a 75% de umidade; (3) silagem de baixa
umidade – 40 a 60% de umidade. Forragens com alto nível de umidade
podem causar o desenvolvimento de bactérias indesejáveis, sendo que
silagens produzidas sob tais condições são estáveis aerobiamente,
apresentam cheiro desagradável, elevado pH e baixa ingestão de MS por
ruminantes (Noller & Thomas, 1985).
O conteúdo de MS determina as alterações que podem ocorrer durante
o processo de fermentação da forragem. Silagens com menos de 30% de MS
(Figura 3), podem apresentar elevadas quantidades de efluentes e
fermentação por bactérias do gênero Clostridium, resultando em perdas
apreciáveis. Em forragens mais secas (particularmente acima de 50% de
MS), as perdas podem ser altas durante o pré-emurchecimento devido à
precipitação e danos mecânicos.
Observa-se na Figura 3, que se a concentração de carboidratos solúveis
é alta e o poder tampão é baixo, podem-se obter silagens de boa qualidade
mesmo com plantas com baixo conteúdo de MS. Por outro lado, quando se
observa situação inversa, somente se produz silagens de boa qualidade
quando o conteúdo de MS é alto.
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Figura 3. Relação entre conteúdo de matéria seca e proporção açúcar:


capacidade tampão e seus efeitos na qualidade final das silagens.
Fonte: adaptado de Woolford (1984).

A análise dos dados da Tabela 1 evidenciam que as gramíneas


forrageiras tropicais colhidas no estádio vegetativo, ou seja, com alto valor
nutritivo apresentam baixos conteúdos de MS o que dificulta a conservação
da forragem na forma de silagem. Em relação aos conteúdos de carboidratos
solúveis (CHOs) e poder tampão (PT) observa-se uma ampla variação em
função de espécies e época de colheita. De acordo com Woolford (1984) e
McDonald et al. (1991) os teores mínimos de carboidratos solúveis que
garantem o processo adequado de fermentação estão na faixa de 8 a 10%
da MS. É importante salientar que existe uma importante interação entre os
conteúdos de carboidratos, poder tampão e conteúdo de MS influenciando a
padrão de fermentação das silagens.
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Tabela 1. Teores de matéria seca, de carboidratos solúveis (CHOs) e poder


tampão (PT) de gramíneas tropicais.
Espécies MS 1
CHOs 2
PT 3
Referência
B. decumbens (maduro) 30,6 6,8 24,6 Tosi, 1973
Colonião (maduro) 29,1 6,3 18,4
Elefante (maduro) 18,13 26,5 Herling et al., 1999
Guaçu (maduro) 27,2 Henrique e Bose,
Elefante (imaturo) 17,2 20,0 Silveira,
1992 1976
Taiwan A-148 (imaturo) 15,9 14,5 23,2 Tosi et al., 1999
Taiwan A-148 (imaturo) 16,9 Tosi et al., 1989
Camerron (maduro) 16,0 8,40 Faria et al., 1995
Mott (maduro) 14,1 7,1 36,8 Tosi et al., 1995
Taiwan A-144 (imaturo) 11,3 Silveira et al., 1979
Capim Guiné (vegetativo) 13,2 5,7 48,8 Imura et al, 2001
Capim Guiné 26,6 10,0 28,9
Tifton 85 (imaturo)
(emborrachamento) 1,9 19,0 Zierenberger et al.,
Tifton 85 (35 dias de rebrota) 25,0 Nussio
2001 et al., 2001
1
% , 2 % MS , 3 e.mg de HCl/100 g de MS

4.2 Oxigênio e Respiração da planta


O oxigênio remanescente na massa de forragem após o fechamento
do silo é rapidamente consumido pela respiração (Langston et al., 1985),
sendo que em 15 minutos, 90% do oxigênio presente poderá ser removido
se condições adequadas de manejo forem impostas a forragem (Pitt et al.,
1985). Esta fase inicial poderá ser prolongada caso ocorra deficiência na
compactação da forragem.
Greenhill (1964) indica que o colapso das células das plantas e a
liberação do conteúdo celular pela plasmólise são os pré-requisitos para o
desenvolvimento de bactérias ácido láticas durante o estágio inicial de
ensilagem. A infiltração de pequenas quantidades de ar afeta tanto o tempo
da plasmólise como a redução do pH. Na Tabela 2 observa-se que na
temperatura de 25ºC a infiltração de ar atrasou a quebra das células por três
ou mais dias; em temperaturas mais altas o colapso é mais rápido,
provavelmente por causa do aumento da taxa de respiração. O efeito do
atraso no colapso das células foi refletido em altos valores de pH depois de
72 horas. Outro efeito marcante foi na variação de pH de silagem feita de
leguminosas, com poucas horas de atraso no colapso e em altas
temperaturas.
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Tabela 2. Efeito da temperatura e acesso ao ar sobre a plasmólise e


fermentação.

Temp. Tempo para o início do pH da silagem após


Espécies Ensilagem colapso (h) 72 horas
(ºC) 1* 2* 1 2
Azévem 25 5.0 >72 4.05 6.85
30 3.0 72 4.15 6.15
35 2.5 15 4.25 4.75
40 2.0 4.5 4.00 4.50

Alfafa 25 5.5 72 5.05 8.15


30 4.0 25 4.85 7.00
35 3.0 10 4.80 6.40
40 2.5 3.5 4.65 6.30

Trevo 25 4.0 65 4.60 6.75


30 2.5 30 4.50 6.15
35 2.0 12 4.45 5.40
40 2.0 4.0 4.40 5.40
*1. Silo vedado imediatamente
2. Infiltração de ar permitido
Fonte: Greenhill (1964)

Durante a fase inicial da ensilagem, a respiração da planta continua


dentro do silo como também a atividade enzimática (hidrolisando
componentes da parede celular) e proteolítica. O efeito da demora no
fechamento do silo é uma redução no fornecimento de carboidratos solúveis
tanto para fermentação anaeróbia como para os animais que serão
alimentados (Muck, 1988). Com redução na produção de ácido lático, o pH
da silagem poderá elevar-se, permitindo o crescimento de microrganismos
indesejáveis, tais como: Clostridium, enterobactéria e Listeria (McDonald et
al., 1991).
11

A quantidade de ar que penetra na silagem, durante o período de


armazenamento no silo pode ter influência na composição do produto final e
nas perdas de nutrientes. Isto é comum em fazendas com silos do tipo
trincheira por cobrir a superfície com folhas de plástico e aplicar em cima
destes pesos para compactar a base de solo, sacos de areia, pneus ou fardo
de palha.
O ideal seria que a cultura a ser ensilada fosse colhida e imediatamente
ensilada em um ambiente de ar comprimido ou ausência deste. Porém, nem
sempre isto é possível na prática, porque muitas culturas contem muita
umidade e tem que ser secada no campo anteriormente a ensilagem
(processo de pré-emurchecimento). Outra questão é o tamanho dos silos,
que em alguns casos não podem ser enchidos apenas em um dia. Dias e até
semanas são necessários para que o silo seja efetivamente vedado.

4.3 Hidrólise ácida e enzimática


As enzimas das plantas convertem carboidratos não-estruturais a
açúcares simples, sendo esses açúcares disponibilizados ao processo
fermentativo. Frutosana é o principal carboidrato armazenado em gramíneas,
sendo largamente hidrolisados à frutose durante a fermentação (Henderson
et al., 1972), referindo-se à leguminosas o amido mais encontrado é
hidrolisado pela α-amilase a maltose (Doehlert & Duke, 1983).
Porém, a atividade de amilases pode ser afetada pelo pH da silagem,
concentração de amido, glicose, tempo e temperatura. A atividade ótima de
amilases das folhas de alfafa é reportado por se encontrar em pH 7,25, sendo
que em pH 4,0 a atividade é apenas 10% do ótimo (Muck, 1990). Em
experimentos com ensilagem de alfafa, taxas de hidrólise de amido têm sido
linearmente correlacionados com teor de amido e inibidas com a adição de
glicose de 50 a 100 mg/g MS (Muck, 1990), assim as taxas declinam
linearmente com o tempo, decaindo para aproximadamente 50% em 4 dias
(Muck, 1990). Já o teor de umidade não tem efeito sobre as taxas, exceto
abaixo de 400g/kg de umidade (Muck, 1990).
As reações enzimáticas e as hidrólises ácidas de carboidratos
estruturais, principalmente na fração hemicelulose, ocorrem tanto em
gramíneas quanto em leguminosas. Morrison (1979) sugere que hidrólise
enzimática de hemicelulose é mais importante em gramíneas do que a
12

hidrólise ácida, porém em alfafa, o oposto pode ser verdadeiro. O mesmo


autor encontrou uma pequena redução na fração hemicelulose durante a
ensilagem e maior perda de celulose. Jones et al. (1992), encontraram
poucas evidências da degradação da celulose, mas a perda de açúcares
hemicelulolíticos foi fortemente relacionada com declínio do pH . Pitt et al.
(1985), encontraram que a atividade de hemicelulases em alfafa precisaria
ser 10% do que ocorre em gramíneas para realização de predições com
acurácia. Por isto, hidrólise ácida de hemicelulose opera por ser mais
significativa em alfafa do que a hidrólise enzimática.
A atividade de hemicelulases declina com o decorrer do tempo de
fermentação (7 dias após ensilagem), porém sua atividade se eleva quando
esta é exposta a valores de pH neutro e elevadas temperaturas (Dewar et
al., 1963), sendo verificada maior importância desta enzima em gramíneas
(Morrison, 1979).

4.4 Microrganismos aeróbios


O maior efeito de microrganismos aeróbios na qualidade da silagem é
por meio da respiração. O substrato para a respiração microbiana é
dependente do tipo de organismo. Leveduras e bactérias ácido acéticas
tipicamente consomem compostos solúveis como açúcares e produtos
fermentados. Bacilos utilizam proteínas e alguns polissacarídeos. Fungos
degradam uma ampla gama de substratos, incluindo carboidratos estruturais
e lignina (McDonald, 1981).
Respiração microbiana aeróbia, embora não desejável, produz menor
perdas quando comparada à respiração da planta. As taxas de crescimento
desses microrganismos são dependentes da espécie, pH, temperatura,
substrato e produtos fermentados. Geralmente leveduras e fungos são menos
sensíveis a valores de baixo pH em relação às bactérias.
Produtos da fermentação são conhecidos por inibir grande parte dos
microrganismos. Fungos são sensíveis às concentrações de ácidos graxos
voláteis (AGV), particularmente os de cadeia longa. Em silagens bem
fermentadas, as taxas de crescimento de fungos e leveduras são reduzidas
com a elevação nas concentrações de ácido acético (Muck et al., 1991).
13

4.5 Bactérias anaeróbias


Os caminhos bioquímicos por quais as BAL metabolizam os açúcares
da planta foram descritos por Woolford (1984) e McDonald et al. (1991).
Inicialmente ocorre uma pequena produção de compostos voláteis,
principalmente ácido acético, seguido por grande produção de ácido lático, o
qual preserva a forragem (Smith et al., 1986).
Utilização de açúcares pelas BAL produz poucas alterações na
qualidade da silagem em relação aos outros processos que ocorrem. A tabela
3 mostra vários caminhos de fermentação, com subsequente perda de MS e
energia.

Tabela 3. Rotas fermentativas em silagens e suas perdas de MS e energia.


Rotas Perdas MS Perdas de energia
(%) (%)
Bactéria ácido lática Homofermentativa

1 glicose → 2 lactato 0,0 0,7


1 frutose → 2 lactato 0,0 0,7
Bactéria ácido lática Heterofermentativa

1 glicose → 1 lactato + 1 etanol + 1 CO2 24,0 1,7


3 frutose → 1 lactato + 3 acetato + 2 manitol + 4,8 1,0
1 CO2
Clostrideos

1 glicose → 1 butirato + 2 CO2 + 2 H2 51,1 20,9


2 lactato → 1 butirato + 2 CO2 + 2 H2 51,1 18,4
Leveduras

1 glicose → 2 etanol + 2 CO2 48,9 0,2


Fonte: McDonald et al. (1991)

A quantia de açúcares convertidos pelas BAL em produtos da


fermentação é dependente do conteúdo de açúcares, nível de umidade e
capacidade tampão da silagem. Muck (1990) trabalhando com silagens de
alfafa submetidas a vários níveis de umidade e com ou sem adição de
substrato (glicose), ilustrou este processo (Figura 4). A adição de açúcar em
baixo nível de umidade não se verificou efeito no pH final, indicando que a
queda de pH foi interrompida pelo crescimento microbiano. Em condições de
14

maior umidade, a adição de glicose reduziu o pH da silagem, sugerindo que


a fermentação nas silagens não tratadas foi limitada pelo conteúdo de
açúcares (Muck, 1990).

Figura 4. Efeito do teor de umidade (g/Kg) sobre o pH em silagens de alfafa


com e sem adição de glicose.
Fonte: Muck (1990).

O poder tampão da forragem determina aproximadamente a quantia


de ácidos necessários para alcançar um determinado pH. Em geral, poder
tampão é mais baixo para milho (150 – 250 meq/kg MS), intermediário para
gramíneas (250 – 500) e alto para leguminosas (400 – 600) (McDonald,
1981). O poder tampão é expresso como meq de ácido requerido para mudar
o pH de 1 kg de MS de 6 para 4.
A maioria das BAL fermentam somente açúcares e alguns ácidos
orgânicos. Entretanto, algumas estirpes fermentam arginina e serina,
produzindo amônia. Muitas BAL multiplicam-se na presença de oxigênio. Elas
não utilizam o oxigênio como as bactérias aeróbias, porém várias estirpes
podem usá-lo, para converter o ácido lático a ácido acético.
Fermentações indesejáveis são geralmente associadas com o
desenvolvimento de bactérias do gênero Clostridium, podendo ser divididas
em três grupos: as que produzem ácido butírico pela fermentação de
açúcares; as de caráter proteolítico, degradando aminoácidos, e as que
15

degradam tanto açúcares quanto aminoácidos. Essas bactérias têm


preferência por ambientes de temperatura mais elevada (37ºC), sendo que o
principal meio para inibição deste tipo de microrganismo é a rápida queda de
pH, dependente também da atividade de água (aw), a qual é função da
espécie da forrageira com seu conteúdo de umidade.

4.6 Proteólise
A proteólise em silagens de gramíneas e leguminosas pode converter
muita proteína verdadeira em nitrogênio solúvel não protéico (NNP)
(principalmente peptídeos, aminoácidos e amônia) via atividade de proteases
da planta. Em silagens pré-secadas o nitrogênio normalmente consiste em
100 a 350 g/kg nitrogênio solúvel não protéico (Kemble & MacPherson, 1954;
Muck, 1987). Na retirada da silagem do silo, esse conteúdo passa para 250
a 850 g/kg do total de N. A atividade proteolítica irá depender da espécie da
forragem, pH, tempo, temperatura e conteúdo de umidade. McKersie (1985)
enfatiza que, as proteólises variam muito entre as espécies de leguminosas,
sendo que a alfafa apresenta a mais alta atividade.
O período de tempo do pré-emurchecimento também afeta a atividade
proteolítica. Em geral, aumentos no tempo de pré-emurchecimento provocam
aumentos em proteólise, mais precisamente em condições de maior umidade.
Brady (1960) concluiu que a distribuição final de nitrogênio depende de uma
rápida pré-secagem no qual a umidade é perdida, com menor proteólise
ocorrendo, mas um grande aumento em aminoácidos e amidas foi encontrada
em pré-secagens mais lentas de azévem (Tabela 4).

Tabela 4. Mudanças do nitrogênio em azevém durante pré-emurchecimento.

A atividade proteolítica é ótima próximo a pH 6,0, entretanto pode


variar para determinadas enzimas (McKersie, 1981). O rebaixamento do pH
reduz, mas não elimina a atividade proteolítica. Essa atividade diminui com o
16

tempo, sendo que pouca proteólise é observada quando transcorrido cerca


de uma semana da vedação, tanto para gramíneas como para leguminosas.
Como resultado, um rápido rebaixamento do pH faz-se necessário para
alterar os níveis de NNP na silagem e diminuir possíveis perdas provenientes
desse processo.
Incrementos em temperatura entre 10 e 40ºC aumentam a taxa de
proteólise exponencialmente (McKersie, 1981). Temperatura tem menor
efeito na soma de proteólises durante a ensilagem, porém com a sua elevação
aumenta a fermentação bacteriana e, consequentemente maior taxa de
declínio do pH. Quando a temperatura varia de 15ºC para 30ºC ocorrem
elevações nos teores de NNP em silagem de alfafa por somente 100g/kg de
N total (Muck e Dickerson, 1988).
As taxas iniciais de proteólise são correlacionadas linearmente com
teor de umidade a uma taxa de 0,9 mgN/gMS/h em 800g/kg de umidade e
declinando para 0 a 240 g/kg de umidade (Muck, 1987).
A ação proteolítica varia entre diferentes silagens de leguminosas,
sendo que a alfafa possui atividade substancialmente superior. Albrecht &
Muck (1991) reportaram que a proteólise tem relação inversa ao conteúdo
de ácido tânico da forragem, relatando teores de NNP de 60% para silagens
de leguminosas sem a presença de tanino, e 30% de NNP para silagens de
espécies de leguminosas com 30 g eq. ácido tânico/kg MS.
A variação dos componentes nitrogenados pode afetar de várias
maneiras a utilização do nitrogênio pelos ruminantes, como também pode
inibir processos de acidificação na fermentação.

5. Perdas durante a ensilagem


O sucesso do processo de ensilagem depende de alguns fatores,
incluindo alguns associados com a qualidade da forragem e segurança
alimentar. O descontrole do crescimento de microorganismos leva ao
aquecimento da silagem com consequente perda nutricional e aumento do
potencial de risco para a saúde animal (Nussio, 2005).
Silagens de forragens tropicais possuem tendência para aumentos de
perdas entre os diferentes estágios do processo de ensilagem. Para
maximizar, sobretudo, a eficiência do processo de ensilagem e sua utilização,
17

todas as fontes de perda devem ser identificadas e suas conseqüências


quantificadas (Nussio, 2005).

5.1 Perdas relacionadas à colheita


As perdas iniciais no processo de ensilagem referem-se àquelas
originadas na colheita da forragem a campo. Igarasi (2002) utilizando
colhedora de forragem, com rotor colhedor e repicador, observou perdas de
colheita de 3,2 e 5,3% do total de forragem disponível, para operações em
capim Tanzânia (Panicum maximum Jacq cv Tanzania), respectivamente, no
inverno e verão. O pré-emurchecimento da forragem por 5 horas aumentou
as perdas para 12,2% no inverno e 20% no verão, gerando questionamentos
sobre tal prática. Castro (2002) utilizando uma colhedora automotriz avaliou
as perdas em Tifton 85 (Cynodon dactylon) no processo de ensilagem. A
planta foi colhida com 25% de MS e sofreu pré-emurchecimento para atingir
valores de 35; 45; 55 e 65 % de MS. As perdas na colheita foram reduzidas
de 6 para 3% com o aumento do teor de MS da forragem. Os dados de Castro
(2002) diferem dos encontrados por Igarasi (2002), pois se deve aos efeitos
combinados da espécie forrageira e, principalmente, ao equipamento de
colheita utilizado.

5.2 Perdas no Silo


5.2.1 Controle da umidade e disponibilidade de substrato para
fermentação
Gramíneas tropicais apresentam baixos teores de MS e baixos teores
de carboidratos solúveis no momento do corte para ensilagem (Vilela, 1998).
Assim, a adoção de técnicas que reduzam a atividade da água (ex. pré-
emurchecimento), bem como o uso de aditivos que promovam a absorção e
a elevação no teor de açúcares na massa ensilada, geralmente reduz as
perdas resultantes de fermentações indesejáveis.
Alguns absorventes, como grãos de cereais ou polpa cítrica, podem
simultaneamente aumentar ambos os teores de açúcares solúveis e teor de
MS na massa ensilada. No entanto, os aditivos atuam de forma diferente no
que diz respeito ao controle da água livre do material ensilado. O uso de
absorventes com alto FDN, conduz ao aumento da retenção de água, no
entanto reduzem a densidade da silagem (Jones & Jones, 1996).
18

Suprimento de carboidratos solúveis associado com altos teores de MS


rebaixam a atividade proteolítica de enzimas devido ao rápido rebaixamento
do pH na silagem. O uso de polpa cítrica além de contribuir para o aumento
de MS no material ensilado, favorece um rápido decréscimo no pH do
material, quando comparado com material que sofreu pré-emurchecimento
(Balsalobre et al., 2001). Igarasi (2002) ensilando Tanzânia com adição de
polpa cítrica entre 5 a 10 % notou melhores característica fermentativas, alta
MS e melhoria da energia digestível resultado de uma menor perda por gases
e efluentes.
Pedreira et al. (2001) encontrou que a adição de polpa cítrica
peletizada afetou o pH e levou a uma menor concentração de amônia,
presumivelmente por causa da baixa atividade clostrídica e enzimática da
planta sobre a proteólise. Vilela et al. (2002) encontraram que o pré-
emurchecimento provoca menor teor de amônia, no entanto pode ocorrer
também redução em carboidratos solúveis e consequentemente ácido lático,
por causa da maior atividade respiratória da planta. Um combinado efeito de
perda de conteúdo celular através de perdas por efluente e desaparecimento
de carboidratos solúveis durante o pré-emurchecimento, resultam em baixa
disponibilidade de energia e aumento de concentração de minerais
(Balsalobre et al., 2001).

5.2.2 Densidade da massa: tamanho de partícula e


compactação
Diversos fatores afetam a densidade da massa ensilada, dentre eles,
pode-se destacar o peso e pressão de compactação, o tempo de
compactação, a espessura da camada de forragem colocada no silo, a taxa
de enchimento do silo, o teor de MS da forragem e o tamanho da partícula
(Ruppel et al., 1995; Mayne, 1999; Holmes & Muck, 1999; Balsalobre et al.,
2001a).
A densidade da massa vegetal no silo é determinante da qualidade final
da silagem (Ruppel, 1997). Em situações onde a redução do tamanho de
partícula ainda é limitada pelas colhedoras de forragem, se constitui no
principal fator de restrição no aumento da densidade da silagem. Quanto
maior a densidade, menores serão as perdas de MS da massa ensilada.
Ruppel (1992), citado por Holmes & Muck (1999), mostrou que para
19

densidade de 160 e 360 kg MS/m³ as perdas de MS em 180 dias de


armazenamento foram de 202 e 100 g/kg, respectivamente, demonstrando
os benefícios em termos de redução de perdas com o aumento da massa
ensilada.
Igarasi (2002) realizou um levantamento de índices técnicos
associados à produção de silagens de capins tropicais, onde a densidade
média das silagens de Panicum e Brachiaria verificadas foi de 142 kg MS.m-
3
, com amplitude entre 87 e 230 kg MS.m-3 (Figura 5). Observou-se nesse
levantamento de campo que 93% das amostras apresentaram densidade
abaixo de 200 kg MS.m-3 e 21% abaixo de 100 kg MS.m-3, caracterizando
valores de densidade inferiores aos recomendados por Holmes & Muck
(1999), que citam o valor limite mínimo de 225 kg MS.m-3, para que a
densidade não seja restrita na obtenção de uma silagem de qualidade
satisfatória.
Uriarte-Archundia et al. (2002a) pesquisando silagem de milho (32%
MS) produzidas sob três densidades (371, 531 e 692 Kg.m-3) observaram que
após 150 dias de armazenamento o aumento na compactação provocou
retração do pH, populações mais elevadas de bactérias ácido-láticas e
menores ocorrências de fungos. Segundo os autores, a eliminação do ar
através do aumento na compactação é uma importante ferramenta no
controle de microrganismos indesejáveis durante a fermentação e após a
exposição da silagem em ambiente aeróbio.
A redução do tamanho de partícula pode ser favorável ao processo de
fermentação devido a melhor compactação e maior área de contato entre o
substrato e o microorganismo, com resultante aumento do acesso ao
conteúdo celular. McDonald et al. (1991) apontaram que quando o tamanho
de partícula é menor do que 20 mm pode haver efeitos positivos sobre a
disponibilidade de carboidratos solúveis e, conseqüentemente, ao estímulo
positivos sobre bactérias láticas e diminuição do pH. De acordo com Mayne
(1999), os efeitos positivos da redução no tamanho de partícula sobre o
processo de fermentação foram geralmente observados em forragens de
maior teor de MS. Em silagens de capim-Tanzânia, o efeito de polpa cítrica
na fermentação da silagem foi maximizada pela redução do tamanho de
partícula (Crestana et al., 2000) (Figura 6)
20

Figura 5. Efeito do tamanho de partícula na densidade das silagens de capim


em 14 fazendas do Brasil Central.

Redução do tamanho de partícula pode ser uma alternativa para


minimizar a fermentação clostrídica pela promoção de densidade de
compactação e tornando mais próximo o contato com fermentação
bacteriana, levando ao aumento de ácido lático e rápido decréscimo do pH.

Figura 6. Efeito do tamanho de corte e da adição de polpa citríca no pH de


silagens de capim-Tanzânia: C1 – 51%, C2 – 39% e C3 – 14%
retidos na peneira de 1,90cm.

5.2.3 Efluente
Perdas via efluente estão relacionadas com a atividade de água.
Quanto maior a atividade de água, maior será a produção de efluente. A
atividade de água (aw), assim como a condutividade elétrica (CE), é
associada ao teor de MS da forragem e também ao tratamento físico aplicado
ao material quando do momento de corte.
Igarasi (2002) encontrou regressão exponencial com MS para predizer
21

a produção de efluente, revelando uma tendência para diminuição de efluente


(38,3 para 9,3 l/t) quando houve aumento de 20 para 30% de MS. No
entanto, segundo Balsalobre (2001), em poucas silagens o teor de MS foi
correlacionado negativamente com produção de efluente. A quantificação do
teor de MS não é suficiente para prever a produção de efluente. Outros
fatores como tipo e dimensionamento de silo, grau de compactação, efeito
do tipo de corte e aditivos devem ser considerados.
Quanto maior a compactação da massa ensilada, maiores são as
chances de haver aumentos em produção de efluente, sob efeito dependente
do teor de MS da planta ensilada. Avaliando silagens de capim-Elefante com
dois teores de umidade (13 e 25% de MS), submetidas a diferentes níveis de
compactação (356 a 791 kg.m-3), Loures (2000) observou que severas
compactações em forragens com menores teores de MS produziram maiores
volumes de efluente em relação à moderada compactação (Figuras 7 e 8).

Figura 7. Produção de efluente em relação à diferentes densidades (Kg


MO/M3) de silagens de capim-Elefante com teor de MS de 13%.

Em geral, à medida que se reduz o tamanho de partícula ocorre uma


melhor fermentação da silagem e isso promove menores perdas totais de MS,
mesmo com uma tendência de aumentos de teores de efluente. Desse modo,
ocorre aumento na proporção de perdas de efluente em relação às perdas
totais em cortes menores.
22

Figura 8. Produção de efluente em relação à diferentes densidades (Kg


MO/M3) de silagens de capim-Elefante com teor de MS de 25%.

A produção de efluente geralmente ocorre na primeira semana da


ensilagem, declinando com o passar do tempo (Mayne & Gordon, 1986),
sendo que seu conteúdo de MS varia inversamente com sua taxa de fluxo.
Segundo McDonald (1991) silagens de centeio com 81% de umidade, após 3
dias, seu efluente apresentou 50 g MS/kg, sendo que após 63 dias foi elevado
para 90 g MS/kg.
Vários trabalhos relacionam a produção de efluente apenas à teores de
MS por meio de equações de regressão. No entanto, existem outros fatores
que certamente influenciam a produção de efluente que não são levados em
consideração nesses modelos, como: dimensionamento do silo, grau de
compactação, pré-emurchecimento, tamanho de partículas e aditivos (Haigh,
1999).
A influência destes fatores pode ser evidenciada no trabalho de Haigh
(1999), o qual ensilou o azevém em silos horizontais, em grande escala
(~100 t) sob diferentes tratamentos de corte, pré-emurchecimento e adição
de ácido fórmico, cevada, polpa de beterraba ou inoculante bacteriano. Sendo
que a principal característica da equação deste trabalho foi uma menor
estimativa de efluente em forragens com teor de matéria seca mais elevada,
entretanto, para forragens com maior umidade, a estimativa apresentou
valores superiores em relação a outros modelos. Dessa forma, a produção de
efluentes seria próxima a zero quando a MS estivesse por volta de 25%
(Figura 9 e 10).
23

Figura 9. Produção de efluente associado ao teor de matéria seca em silos


horizontais de 100 t.
Fonte: Haigh (1999).

Figura 10. Produção de efluente estimado por quatro modelos matemáticos.


Fonte: Haigh (1999).

Bernardes (2003), não observou correlação entre as equações


propostas por Sutter (1957) e Haigh (1999), sendo os valores para produção
de efluente subestimados pelas equações, propondo o autor a inserção de
outros parâmetros para a obtenção de uma melhor acurácia na predição dos
valores de efluente.
24

O efluente é conhecido como um excelente meio para crescimento de


microrganismos aeróbios e tal crescimento remove o oxigênio dissolvido
muito rapidamente, com isso se tem uma depleção do oxigênio dissolvido,
resultando numa demanda bioquímica de oxigênio (DBO). Woolford (1978)
relatou que a DBO do efluente é de 90.000 mg O2/L, enquanto que a DBO do
esgoto doméstico é de 500 mg O2/L. McDonald et al. (1991) verificaram na
literatura que a demanda bioquímica de oxigênio varia de 40.000 a 90.000
mg O2/L. Loures (2000) observou em silagens de capim-Elefante que a DBO
do efluente foi de 14.597 mg O2/L, sendo considerada abaixo dos valores
encontrados na literatura. Porém, o valor é considerado ainda muito alto e
com grande potencial de poluição.

5.2.4 Gases
Durante a fermentação, além das perdas causadas pela produção de
efluente, perdas devido à produção de gases também ocorrem,
principalmente em decorrência do perfil fermentativo obtido na silagem.
Menores perdas são verificadas quando prevalecem bactérias
homofermentativas, nesta fermentação lática ocorre à utilização da glicose
como substrato para a obtenção de ácido lático. Porém, na presença de
bactérias heterofermentativas, enterobactérias e leveduras elevam as perdas
geradas por gases, pois esse ambiente é favorecido à produção de dióxido de
carbono e álcool, sendo a maioria dessas perdas associadas à fermentação
butírica, promovida por bactérias do gênero Clostridium (McDonald et al.,
1991).
Em capins tropicais, devido ao manejo de produção imposto a
forragem, e as características intrínsecas à planta, no processo de ensilagem
cria-se um ambiente propício para o desenvolvimento de clostrideos,
resultando em fermentação indesejável, sendo a principal fonte nas perdas
por produção de gases (Balsalobre et al., 2001).
Silagens pré-emurchecidas feitas de gramíneas tropicais requerem
cuidadoso controle da compactação e perdas por gases para obter um perfil
satisfatório de fermentação, o qual é fortemente afetado pelo de tempo de
pré-emurchecimento. Em silagens de capim Tanzânia com 20 % de MS, à
medida que houve diminuição no tamanho de partículas ocorreu significativa
redução na produção de gases, porém se observou aumento compensatório
25

significativo nas perdas de MS geradas por efluente. Desse modo, as perdas


totais se mantiveram estáveis na ordem de 27% (Balsalobre 2001). Sob a
mesma planta ensilada e com a mesma amplitude de variação em tamanho
de partícula, porém, com a adição de 5 e 10% de polpa citríca, onde os teores
de MS foram de 23 e 28 %, respectivamente, as perdas por efluente
aumentaram a medida que houve redução do tamanho de partículas.
Contudo, nos dois casos, houve redução nas perdas por gases, de tal forma
que as perdas totais acumuladas foram reduzidas.

6. O processo de vedação
A conservação da forragem na forma de silagem é caracterizada pela
fermentação lática espontânea que ocorre em ambiente anaeróbio, sendo
que, os principais agentes fermentadores são bactérias láticas que
metabolizam os açúcares e produzem o ácido lático. Desse modo, a
manutenção da anaerobiose e a queda do pH constituem os fatores que são
responsáveis pela preservação da forragem armazenada (DRIEHUIS; OUDE
ELFERINK; SPOELSTRA, 1999; PAHLOW et al., 2003), pois os microrganismos
capazes de deteriorar a silagem são inibidos pelo efeito sinérgico dos ácidos
produzidos durante a fermentação, pela pressão osmótica elevada e pela
ausência de oxigênio (WOOLFORD, 1990).

Quanto aos fatores ligados à acidificação da massa, estes são obtidos


quando ocorre predominantemente fermentação homolática (DRIEHUIS;
OUDE ELFERINK; SPOELSTRA, 1999) e podem ser alcançados com facilidade,
por exemplo, na cultura do milho, devido às suas características desejáveis
relacionadas a capacidade de fermentação (alta concentração de carboidratos
solúveis, baixo poder tamponante e umidade reduzida) (ALLEN; COORS;
ROTH, 2003).

O contato da massa com o oxigênio é inevitável durante algumas fases


que compreendem o processo de ensilagem (abastecimento do silo,
armazenamento e desabastecimento). Segundo Sprague (1974), citado por
Woolford (1990) e reiterado por Pahlow et al. (2003), em um silo bem vedado
o O2 presente na massa é consumido rapidamente pelo processo de
respiração celular e pela microbiota (microrganismos aeróbios facultativos),
pois em 15 minutos cerca de 90% do oxigênio é removido e menos de 0,5%
26

remanescente permanece após 30 minutos. De fato, a maior quantidade de


oxigênio que permeia a silagem se deve à consequência do escape de CO2 da
massa que “bombeia” oxigênio para o interior do silo, buscando o equilíbrio
dos gases (PITT; MUCK, 1993). Pelo fato do silo não ser ambiente hermético,
durante o período de armazenamento o ar penetra no seu interior (MUCK;
MOSER; PITT, 2003), principalmente no topo, através da cobertura e nas
zonas laterais em contato com a parede (BOLSEN et al., 1993), sendo que
este problema pode se agravar, sobretudo durante o fornecimento da silagem
aos animais (HONIG, 1991). A presença de O2 desencadeia a proliferação de
microrganismos indesejáveis presentes na massa (leveduras, fungos e
bactérias aeróbias) que se desenvolvem utilizando reservas energéticas
presentes na forragem, acarretando em perdas no valor nutritivo da silagem
e redução do consumo voluntário da forragem pelos animais (LINDGREN;
JONSSON; LINGVALL, 1985). Este processo é chamado de deterioração
aeróbia.

No Brasil, devido a negligência aos processos de oxidação de nutrientes


pelos microrganismos aeróbios e a, consequente, deterioração da silagem,
pouca importância tem-se dado à esse assunto na prática, por se tratar na
maioria das vezes de um problema assintomático. A dificuldade em se
mensurar as perdas totais que ocorrem por manejo inadequado nas
propriedades rurais e, a não mensuração de perdas qualitativas por meio de
avaliações laboratoriais, resultam em falta do estímulo à percepção e à
divulgação de resultados para a economia do processo. Dificilmente os
produtores acreditam em perdas elevadas decorrentes de oxidação da massa,
pois só consideram como tal aquelas que são visíveis (com presença de
micélios), o que subestima as perdas reais envolvidas na ensilagem.

Apesar de antigo e muito estudado, o assunto deterioração aeróbia de


silagens somente começou a receber atenção recentemente. Várias causas
podem estar relacionadas a este fato, pois poucos são os trabalhos, como os
de Ruppel et al. (1995) e Kuzin e Savoie (2001) que se dedicaram à estudar
a importância dos fatores inerentes ao manejo e mais raros os que
caracterizaram o efeito da silagem deteriorada e de seus produtos (aminas
biogênicas, micotoxinas) sobre a ingestão e metabolismo dos animais, como
27

os trabalhos de Bolsen; Whitlock e Uriate-Archundia (2002) e Tabacco e


Borreani (2002).

O tema deterioração aeróbia não se limita as questões relacionadas às


perdas, porque o desenvolvimento de microrganismos, como algumas
espécies de bactérias (Bacillus, Clostridium e Listeria) e alguns fungos
filamentosos podem influenciar a saúde animal, o que está ligado a qualidade
higiênica da silagem (LINDGREN; OLDENBURG; PAHLOW, 2002). O
crescimento de fungos pode vir acompanhado pela produção de micotoxinas
na massa. Dessa forma, os animais que são alimentados com grandes
proporções de silagem na ração (vacas leiteiras) podem intoxicar-se,
causando efeitos diretos ao seu desempenho e colocando em risco a saúde
humana que utiliza alimentos de origem animal ao longo da cadeia alimentar
(WHITLOW; HAGLER JR, 1997).

Por estas razões, se faz necessário colocar em ação diversas


estratégias para reduzir a penetração de O2 no silo, evitando seus efeitos
deletérios, tanto de ordem nutricional como sanitária, durante o
armazenamento ou durante o consumo da silagem.

6.1 Fatores que influenciam na deterioração aeróbia


6.1.1 Influxo de ar no silo
Segundo Savoie e Jofriet (2003) os efeitos danosos do ar na
qualidade da silagem são manifestados por dois caminhos, o primeiro
ocorre na camada superficial durante o armazenamento,
frequentemente visível pelo crescimento de fungos (Figura 11), e o
segundo está ligado à estabilidade aeróbia durante o período de
remoção e fornecimento da silagem, usualmente manifestado pelo
aquecimento da massa.
28

Figuras 11. Proliferação de fungos


na superfície do silo

As trocas gasosas durante o período de estocagem são


fundamentadas, segundo o modelo de McGechan e Williams (1994),
por dois efeitos físicos: o fluxo volumétrico e a difusão. O fluxo
volumétrico é dependente dos gradientes de pressão, sendo que estes
são influenciados principalmente pelo movimento de CO2 (principal gás
produzido na fermentação) entre o silo e o ar (HONIG, 1991). Após o
término da fermentação, a concentração interna de CO2 é de 90%,
muito superior à externa (McGECHAN; WILLIAMS, 1994). Se o silo
apresenta algum ponto de escape, ocorre saída de CO2, o qual é
substituído por O2 e N2 (ASHBELL; LISKER, 1988), sendo estes
governados dentro do silo por difusão (McGECHAN; WILLIAMS, 1994).
A intensidade do fluxo é dependente dos gradientes de temperatura,
presença de fendas na parede do silo, do filme plástico utilizado na
vedação e da porosidade da silagem (WEINBERG; ASHBELL, 2003).

6.1.2 A vedação e a penetração de ar


A lona que veda o silo protegida com terra, areia ou cascalho aumenta
a adesão entre esta e a massa e diminui a incidência de raios solares e as
trocas gasosas com o ambiente. Porém, pode representar grande demanda
de mão-de-obra, seja durante a vedação ou na retirada da silagem,
principalmente quando o silo é de grande porte. Por estes motivos, quando
29

materiais extras não são adicionados na cobertura, a lona passa a assumir


uma contribuição mais expressiva na etapa de vedação do silo, objetivando
a redução da penetração de ar do ambiente externo para o interior.
Em silos do tipo superfície, a presença da lona também se torna
relevante, devido à falta de paredes laterais para proteção (SAVOIE;
JOFRIET, 2003), e a demanda por filmes mais espessos e eficientes acaba
sendo mais significativa, segundo o modelo proposto por Savoie (1988).
Os filmes de polietileno utilizados na cobertura de silos apresentam
permeabilidade ao oxigênio, que aumenta notavelmente com a elevação da
temperatura ambiental (DEGANO, 1999). Isto significa que durante o período
do verão as silagens podem se tornar mais propensas à deterioração aeróbia,
devido ao aumento da permeabilidade das lonas, com o consequente
movimento gasoso devido à diferença de temperatura e pressão.
Por outro lado, mais recentemente o filme de Polietileno, misturado a
compostos especiais como a poliamida e etil vinil álcool (EVOH) foram
desenvolvidos para aplicação no topo de silagens. Estes filmes foram
denominados filme de barreira ao oxigênio. Amaral et al.(2011) estudando
diferentes tipos de lona de polietileno no Brasil encontrou que a
permeabilidade da lona ao oxigênio pode chegar a mais de 1000 cm3 por
metro quadrado de lona por dia (Gráfico 1). Porém ao usar um filme de
barreira ao oxigênio, houve significativa redução da permeabilidade ao
oxigênio.
Kuzin e Savoie (2001) desenvolveram um modelo com o objetivo de
estudar diferentes espessuras de filmes de polietileno e qual o impacto que
os diversos níveis de permeabilidade ao oxigênio poderiam exercer sobre as
perdas da silagem. Segundo os autores, quando o período de estocagem for
próximo de 125 dias pode-se utilizar filme com espessura de 100 micra e se
o tempo for estendido para 300 dias a espessura deverá ser de 200 micra.
30

1200
1038,7

oxigênio (cm3.m-2.dia-1 - 25˚C )


1006,2

Permeabilidade da lona ao
1000
800
600
400
200 92,6
0
PE preta PE dupla face PE dupla face +
SiloBarrier

Amaral et al. (2011)


Gráfico 1. Permeabilidade de lonas de polietileno ao oxigênio.

Segundo as normas da American Society for Testing and Materials


Standards (AMST D3985-81), com a elevação da temperatura de 23 para 50
°C, a permeabilidade ao ar dos filmes plásticos aumenta de 3 a 5 vezes. Na
escolha da lona é preferível optar pela cor branca, pois filmes de outras cores,
especialmente os escuros, aumentam a permeabilidade ao O2 pela
característica de absorver calor (TABACCO; BORREANI, 2002).

6.1.3 O desabastecimento do silo e o influxo de ar


Após abertura do silo e a quebra da vedação, a face frontal do silo que
não é rapidamente removida permanece exposta ao O2. A partir deste evento,
o principal fator que determina a estabilidade da silagem (anaerobiose) é
perdido e a massa se torna potencialmente instável (WEINBERG; ASHBELL,
2003). O influxo do O2 na face do silo é influenciado pela densidade alcançada
durante a fase de enchimento (HONIG, 1991; PITT; MUCK, 1993;
WEINBERG; ASHBELL, 2003). Assim, nas regiões mais porosas ou menos
compactadas da massa (áreas periféricas) os riscos de deterioração aeróbia
aumentam (D’AMOURS; SAVOIE, 2005).
O processo de deterioração aeróbia é originado pela atividade de
microrganismos aeróbios. Desse modo, as perdas durante o
31

desabastecimento e fornecimento do silo também serão influenciadas pela


disponibilidade de nutrientes, pela temperatura ambiental (ASHBELL et al.,
2002) e pelo tempo de exposição da silagem ao O2 (WEINBERG; ASHBELL,
2003) e, segundo Ohyama; Masaki e Hara (1975), estes três fatores são
interdependentes.
Teoricamente, a rota fermentativa mais desejável durante a
conservação da forragem na forma de silagem é a do tipo homolática
(conversão de uma molécula de glicose em duas de ácido lático), pois não
propicia perdas de MS ou de energia, o que pode resultar em maior consumo
de silagem pelos animais (McDONALD; HENDERSON; HERON, 1991).
Entretanto, o perfil de fermentação desejável nem sempre evita as perdas
após a abertura dos silos, ou em alguns casos pode aumentá-las (KUNG;
STOKES; LIN, 2003). A alta concentração e predominância de ácido lático em
silagens necessariamente não representam efeito positivo na estabilidade
aeróbia. Silagens adequadamente fermentadas, com altas concentrações de
ácido lático e açúcares remanescentes, são mais afetadas pela deterioração
aeróbia (WEINBERG; MUCK, 1996). Isto ocorre porque os fungos, as
leveduras e algumas espécies de bactérias que são responsáveis pela
deterioração aeróbica se aproveitam exatamente do lactato da silagem
(PAHLOW et al., 2003). Além disso, ao promover uma fermentação lática, as
bactérias homoláticas diminuem a concentração de ácido acético, que é um
inibidor natural de fungos e leveduras. Por isto que os novos inoculantes
procuram combinar bactérias láticas com bactérias capazes de inibir fungos
e leveduras, como por exemplo, o Lactobacillus buchneri e algumas cepas de
L. plantarum .
Portanto, a estratégia de restringir a formação de ácido acético
aumenta os riscos de silagens serem instáveis durante a aerobiose (NUSSIO;
PAZIANI; NUSSIO, 2002). O conceito de que a concentração de acetato
menor que 2% MS classifica a silagem como excelente, como proposto no
trabalho de Dulphy e Demarquilly (1981), é questionado na atualidade. A
habilidade em se estimar os riscos de deterioração aeróbia, de acordo com o
perfil de fermentação, ainda é incerta. Porém, além de todos os cuidados
relacionados com o manejo, a maior chance em obter sucesso na ensilagem
está na premissa que as silagens devem conter ácido acético em associação
ao ácido lático.
32

7. Microrganismos envolvidos com a deterioração aeróbia


7.1 Fungos
O reino Fungi é um grande grupo de organismos eucariontes, cujos
membros são denominados fungos, representados pelas leveduras e fungos
filamentosos (bolores). Os fungos são classificados num reino separado das
plantas, animais e bactérias, sendo que a grande diferença é o fato de suas
células apresentarem paredes celulares que contêm quitina, ao contrário das
células vegetais que contem celulose (ALEXOPOULOS; MIMS; BLACKWELL,
1996).

O conhecimento de que os fungos são microrganismos contaminantes


de alimentos e de que seus produtos metabólicos são responsáveis por
intoxicações alimentares no homem e nos animais domésticos data da Idade
Média. Os primeiros quadros patológicos, ocorridos na França entre os
séculos XI e XVI, foram constatados em populações que se alimentavam com
pães elaborados a partir de farinha de centeio, contaminada com fungos. A
doença caracterizada posteriormente como ergotismo produzia convulsões,
gangrena seca das extremidades, e surgia de forma epidêmica em
consequência da ingestão de micotoxinas presentes nos escleródios (esporão
do centeio) do fungo Ascomiceto Claviceps purpúrea (PIER, 1973). A
micotoxicose foi inicialmente chamada de Fogo de Santo Antônio porque os
romeiros, portadores da doença, quando se afastavam da fonte de infecção,
em romaria ao túmulo de Santo Antônio de Pádua, na Itália, retornavam
recuperados e às vezes até curados, fato esse considerado pelo povo na
época como milagre (FORGACS; CARLL, 1962). Os animais domésticos
também eram afetados pelos ergoalcalóides quando consumiam feno, centeio
ou outros cereais contaminados pelo Claviceps purpurea. O ergostismo
nesses animais se manifestava sob a forma gangrenosa e nervosa,
dependendo das características do ergoalcalóide consumido.
As intoxicações pela ingestão de alimentos contaminados com toxinas
produzidas por fungos foi uma constante ao longo do século passado. Durante
a II Guerra Mundial duas epidemias importantes ocorreram na Rússia, em
conseqüência do consumo de cereais contaminados por fungos. Em 1960 na
Inglaterra, ocorreu a morte de 100.000 perus alimentados com rações que
33

continham em sua formulação torta de amendoim importadas do Brasil,


chamada de doença X dos perus. Segundo Morgavi e Riley (2007), a partir
desse evento foram iniciados os estudos e a descoberta da aflatoxina.
Dentre as características dos fungos filamentosos, a biossíntese de
produtos naturais os torna de grande interesse para a comunidade científica.
Seus metabólitos possuem contrastes marcantes, com funções diversas: as
vezes útil no uso farmacêutico (penicilina) e por outro lado apresentando
potentes propriedades tóxicas e carcinogênicas (aflatoxinas).

Segundo Woolford (1990), a atenção direcionada aos microrganismos


aeróbios em silagens só foi dada nas últimas duas décadas. Antes desse
evento a presença de fungos na superfície de silagens, era tida como evento
normal, inevitável, uma manifestação da fermentação ou perda intrínseca
ocasionada por esta atividade.

7.2 Condições para desenvolvimento de fungos


A exigência mais óbvia para desenvolvimento fúngico é a necessidade
de fontes de nitrogênio e energia. Um segundo requerimento é a temperatura
ambiente. Embora os fungos possam coexistir sob grande diversidade de
temperaturas, existem limites estabelecidos para seu crescimento e produção
de toxinas (NELSON, 1992). Aspergillus e Penicillium são espécies que
apresentam seu desenvolvimento ótimo em condições de temperatura
elevada, enquanto espécies de Fusarium tem preferência por menores
temperaturas.
Além disso, segundo Tuite (1969), a maioria dos fungos filamentosos
necessita de ao menos 1 – 2% de oxigênio para se desenvolver. Estas
condições reforçam a ideia da necessidade de se realizar o processo de
ensilagem de maneira rápida e eficiente, bem como realizar a vedação do silo
de maneira adequada.
Fundamentalmente importante no crescimento de fungos é a água livre
ou disponível no alimento, também denominada de atividade de água (Aw).
À medida que se aumenta os valores para atividade de água (ou água
disponível para o metabolismo), a velocidade de reações e crescimento
microbiano é beneficiado. Os fungos são os microrganismos mais resistentes
à diminuição da atividade de água, e alguns bolores, como é o exemplo de
34

Monascus sp., podem crescer em condições de baixa atividade de água


(0,62). Em ração total, a atividade de água pode variar entre valores de 0,50
a 0,94, sendo dependente da quantidade de silagem e do teor de matéria
seca desse volumoso. Por isto é comum a proliferação de bolores visíveis em
silagens mais secas.

7.3 Os fungos e a silagem


Os fungos em geral são apontados como principais responsáveis pela
deterioração aeróbia de silagens, com destaque para fungos filamentosos e
leveduras. As populações de leveduras em silagens podem variar de < 102
ufc para valores de 1012 ufc/ g forragem num intervalo de tempo de somente
3 dias. Além disso, a vulnerabilidade da silagem para deterioração aeróbia é
função da população de leveduras, sendo que, caso a silagem apresente
contagem de populações acima de 105 ufc/g forragem, o problema da
deterioração já estará instalado no sistema.
As leveduras relacionadas com o processo de deterioração aeróbia têm
sido classificadas dentro de dois grandes grupos: 1) utilizadoras de ácidos,
grupo que compreende os gêneros Candida, Endomycopsis, Hansenula e
Pichia e; 2) utilizadoras de açúcar, tendo o gênero Torulopsis como
representante. No caso de deterioração da silagem após a exposição ao ar,
as leveduras utilizadoras de lactato serão as responsáveis pela maior
magnitude da deterioração.

7.4 Ocorrência de micotoxinas em silagens


Os fungos filamentosos podem ser considerados coadjuvantes na
deterioração aeróbia de silagens, pois durante o desabastecimento do silo, o
desenvolvimento deles acontece somente em sucessão ao crescimento das
leveduras (McDONALD; HENDERSON; HERON, 1991). Contudo, a
deterioração aeróbia dos ingredientes de rações para animais causada por
fungos filamentosos determina perda de elementos nutritivos e de energia
(LINDGREN; OLDENBURG; PAHLOW, 2002), além do risco de contaminação
com micotoxinas. Recentemente, tem-se observado grande interesse em
micotoxinas no que se refere à segurança alimentar, a despeito da origem e
qualidade dos produtos destinados à alimentação humana. Dessa forma, um
35

segmento que vem crescendo atualmente é o relacionado com triagem de


micotoxinas em vários tipos de alimentos.
Micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos
filamentosos que causam respostas tóxicas (micotoxicoses) quando ingerida
por animais (BINDER et al., 2007). As plantas e forragens podem ser
contaminadas pelas micotoxinas, de maneira geral, por dois meios: 1)
patogenicidade fúngica e; 2) fungos saprofíticos (GLENN, 2007). Entretanto,
a formação das micotoxinas não ocorre obrigatoriedade durante o
desenvolvimento fúngico e, o mais importante: a detecção de fungos não
implica necessariamente na presença de micotoxinas.

7.5 Presença de micotoxinas no período de pós abertura do silo


Após a abertura do silo e a quebra da vedação, a face frontal do silo
permanece exposta ao O2. A partir deste evento, o principal fator que
determina a estabilidade da silagem, a anaerobiose (ausência de oxigênio) é
perdido e a massa de silagem se torna potencialmente instável (WEINBERG;
ASHBELL, 2003). Por instabilidade se entende o aumento da temperatura do
silo. O influxo do O2 na face do silo é influenciado pela densidade alcançada
durante a fase de enchimento (HONIG, 1991; PITT; MUCK, 1993;
WEINBERG; ASHBELL, 2003). Assim, nas regiões menos compactadas (mais
porosas) da massa (áreas periféricas) aumentam os riscos de deterioração
aeróbia (D’AMOURS; SAVOIE, 2005).
O processo de deterioração aeróbia é originado pela atividade de
microrganismos aeróbios. Desse modo, as perdas durante o
desabastecimento também serão influenciadas pela disponibilidade de
nutrientes, pela temperatura ambiental (ASHBELL et al., 2002) e pelo tempo
de exposição da silagem ao O2 (WEINBERG; ASHBELL, 2003) e, segundo
Ohyama; Masaki e Hara (1975), estes três fatores são interdependentes.
Os fungos filamentosos podem ser considerados coadjuvantes na
deterioração aeróbia de silagens, pois, durante o desabastecimento do silo, o
desenvolvimento deles acontece em sucessão ao crescimento das leveduras
(McDONALD; HENDERSON; HERON, 1991).
Driehuis et al. (2008) realizaram na Holanda o monitoramento de 24
fazendas produtoras de leite. Amostras tanto de silagem de milho como de
gramíneas foram utilizadas, sendo colhidas em diferentes regiões do painel
36

dos silos (centro, topo e regiões visualmente mofadas). Adicionalmente,


amostras da mistura de silagens, as quais eram oferecidas para os animais,
foram coletadas. Os resultados indicaram que a silagem foi a principal fonte
de contaminação com micotoxinas. Silagem de gramínea apresentou baixas
concentrações de zearalenona (ZEA), roquefortina C (RC) e ácido
micofenólico (AMF) e não houve a presença de deoxinivalenol (DON). Em
relação aos locais de coleta das amostras, as concentrações de DON e ZEA
foram idênticas tanto para a superfície como para o topo do silo, ao contrário
para os valores de RC e AMF que apresentaram maiores concentrações na
região do topo dos silos.
O uso de filmes de barreira ao oxigênio reduz drasticamente a
produção de micotoxinas no topo da silagem. Amaral (2011), estudando o
topo de silagens de milho, encontrou a presença de aflatoxinas no topo de
silagens cobertas com lonas dupla face, mas não as encontrou quando o silo
foi coberto com filme de barreira ao oxigênio.
As aflatoxinas representam as micotoxinas que mais causam
preocupação, pois apresentam propriedades carcinogênicas, mutagênicas e
teratogênicas, causando grandes danos à saúde humana e elevados prejuízos
econômicos no desempenho de animais domésticos, como os ruminantes
(LAZZARI, 1997). São produzidas principalmente pelas espécies Aspergillus
flavus e A. parasiticus, presentes em vegetais como o amendoim, o milho e
o caroço de algodão.
A aflatoxina B1 (AFB1) é considerada uma das mais tóxicas produzidas
por estas espécies. No fígado a AFB1 é biotransformada à aflatoxina M1
(AFM1), a qual é excretada no leite de animais em lactação (BATTACONE et
al., 2005). Acreditava-se que a taxa de passagem da micotoxina do alimento
para o leite era de 2%. Porém, estudos recentes colocaram em evidência que
tal taxa está correlacionada com dois fatores: potencial produtivo do animal
e estágio de lactação. Os valores de 2 a 2,5% referem-se a vacas com
produção entre 16-25 kg/dia em estágio de lactação avançado. Como os
animais estão se tornando cada vez mais produtivos, com produção superior
a 30 kg de leite, a taxa se torna mais elevada, com valores próximos a 4%
(VELDMAN et al., 1992).
37

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