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CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA

DISCIPLINA: ZOOTECNIA III

PRODUÇÃO E CONSERVAÇÃO DE FORRAGEM

Prof. Osvaldo Brito


• A conservação de forragem é uma prática fundamental quando se adota o manejo
intensivo das pastagens.

• A manutenção da oferta de forragem de alta qualidade durante todo o ano,


garante o atendimento do requerimento animal e permite aumentar a eficiência da
utilização das pastagens diminuindo o risco de degradação das mesmas em
decorrência do superpastejo.

• A ensilagem e a fenação são as principais formas de conservação de forragem


empregadas pelos pecuaristas, não podendo ser considerados sistemas
antagônicos, e sim complementar, pois o alimento produzido apresenta
características distintas.
A importância do volumoso na nutrição animal

• A natureza dotou o ruminante de uma flora ruminal capaz de


transformar a fibra bruta em alimento.

• Tal alimento, na verdade, é obtido a partir de subprodutos da


fermentação que são liberados no rúmem, bem como da morte de
microrganismos e utilização destes como fonte proteica.
SISTEMA DIGESTIVO DOS BOVINO
FONTES DE FORRAGEIRAS

• PASTAGEM

• CAPINEIRA

• FENO

• SILAGEM
ESTACIONALIDADE: Seca, frio
SILAGEM: PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO
SILAGEM
• Introdução
• O que é ensilagem?
• Porque ensilar?
• Por que utilizar inoculante biológico para silagem?
• A importância do volumoso na nutrição animal
• Transformações físico-químicas da silagem
SILAGEM
• A preservação dos alimentos é baseada em métodos de conservação por
processos biológicos naturais

• Silagem é o produto oriundo da conservação de forragens úmidas (planta


inteira) ou de grãos de cereais com alta umidade (grão úmido) através da
fermentação em meio anaeróbico, ambiente isento de oxigênio, em locais
denominados silos
• O que é ensilagem?
A ensilagem nada mais é do que um processo para conservação de
alimentos, baseado na redução do pH (aumento da acidez) graças à
produção de ácido lático a partir do açúcar e na eliminação do oxigênio do
meio, com o objetivo de conservar ao máximo o valor nutritivo original da
forragem.
Porque ensilar?

• Por que é a forma mais eficiente e barata que conhecemos para


garantir o suprimento de volumoso para o rebanho durante o período
de entressafra.

• A ensilagem é a fonte mais adequada de volumoso para os sistemas


modernos de produção que visam maximizar o uso da terra, do
trabalho e do tempo
• Volumoso de alto valor nutritivo e de produção econômica viável;
• Possuir bom valor energético e níveis medianos de proteína, assegurando a produção,
• principalmente em animais de alta exigência e de produtividade;
• Possuir bom valor energético e níveis medianos de proteína, assegurando a produção,
• principalmente em animais de alta exigência e de produtividade;
Transformações físico-químicas da silagem

• Fase 1: Aeróbica (logo após o fechamento do silo)

• Fase 2: Anaeróbica e a pH maior que 4,5

• Fase 3: Anaeróbica, a pH menor que 4,5



• Fase 4: Aeróbica
Transformações físico-químicas

TEMPO
Mudanças qualitativas da microflora na silagem durante o processo de fermentação
Fonte: Woolford, 1984
Transformações físico-químicas da silagem
• 1. FERMENTAÇÃO Lática: As bactérias láticas nativas das plantas
fermentam o açúcar da forragem e produzem ácido lático, o qual reduz o
pH abaixo de 4,5 (ou seja, aumenta a acidez da forragem) impedindo que
bactérias indesejáveis, principalmente coliformes e clostrídios se
desenvolvam e apodreçam a silagem.

• 2. ANAEROBIOSE: significa ausência de oxigênio e é graças


• a ela que em um silo bem feito não encontraremos fungos e mofos, já que
estes necessitam de ar para se multiplicarem.

• PORTANTO, A SILAGEM SE CONSERVA POR QUE NÃO TEM AR E POR QUE É


MAIS ÁCIDA QUE A FORRAGEM FRESCA.
Quais transformações ocorrem na silagem?
• Fase 1: Aeróbica (logo após o fechamento do silo)
• Na FASE 1 ocorrem dois tipos de atividades:

I) Respiração: Ela acontece enquanto houver oxigênio no silo, e


produz água, gás carbônico e calor, com consequente perda de
energia, aumento da temperatura e produção de chorume.

Açúcares + O2 CO2 (perda de energia) + H2O (chorume) + Calor


(com perda de energia)
II) Reação de Maillard:

• Açúcar + Proteína (alto pH e alta temperatura) Caramelização

• Otimização da fase 1
Como? Não podemos evitar esta fase, mas podemos fazê-la mais
breve possível compactando muito bem.
Para uma boa compactação é importante picarmos bem a forragem, no caso
de silagens de planta inteira (0,5 – 2cm), e termos uma boa umidade (no
caso do milho planta inteira, 30-32% de matéria seca).

• Para parar Maillard rapidamente, é necessário baixar o pH rapidamente.


Fase 2: Anaeróbica e a pH maior que 4,5

• Esta fase inicia com o desaparecimento do oxigênio do silo e nela


estão ativos os clostrídios, coliformes e bactérias láticas
(heterofermentativas e homofermentativas).

• Como atuam estas bactérias?

• Clostrídios: seu habitat natural é a terra, e estão presentes na planta.


Eles ocasionam perdas de energia e proteínas, e também produzem
substâncias tóxicas como a histamina (manqueira) e de gosto e cheiro
ruins, como a amônia, o ácido acético e o ácido butírico.
Os tipos Clostrídios da silagem
• Clostrídios Sacarolíticos (fermentação butírica): O ácido butírico
produzido é o principal responsável pelo mau cheiro da silagem.

• 2 Ácido Lático 1 Ácido Butírico (mau cheiro) + 2 CO2 (perda


de energia) + 2 H2O (chorume)

• Nota-se que os clostrídios sacarolíticos se alimentam do ácido lático


produzido pelas bactérias láticas, o que tende a um aumento do pH.
• Clostrídios Proteolíticos (fermentações amoniacais): essa espécie de
clostrídio é a principal responsável pela produção de substâncias
tóxicas e de gosto ruim.

• Consomem proteínas e produzem: ácido acético, NH3, CO2, ácido isobutírico,


histamina, cadaverina, triptamina, e outras aminas tóxicas.
• Coliformes Fecais: Seu habitat é o intestino e são levados para o silo
pela terra.

• Açúcares Ácido Acético + CO2 (com perda de energia)

• Proteínas NH3* + Ácido Graxos Voláteis (com perda de proteínas)

*O cheiro de amoníaco indica perda de proteínas.


• Bactérias Láticas: Esses são os microrganismos que produzem o ácido
lático.
• A flora lática é dividida em homofermentativa e heterofermentativa.

• Bactérias Láticas Heterofermentativas


• 1 Glicose 1 Ácido Lático + 1 Álcool + CO2 + Ácido Fórmico
• 3 Frutose Ácido Lático + 1 Ácido Acético + 2 Manitol + CO2
(causam perda de energia)

• Bactérias Láticas Homofermentativas


1 Glicose ou 1 Frutose 2 Ácido Lático
Ação das bactérias láticas

• A predominância da flora lática homofermentativa, produz


exclusivamente ácido lático.

• A heterofermentativa produz 50% de ácido lático e 50% de outras


substâncias.

• As bactérias homofermentativas reduzem mais rapidamente o pH


(produzem mais ácido lático) consumindo menos açúcar e portanto,
preservando mais energia na silagem.
• A fase 2 termina quando o pH chegar abaixo de 4,5.

• Os coliformes fecais e os clostrídios se inativam, e as


únicas bactérias a se desenvolverem serão as láticas.
Otimização da fase 2

• Não podemos evitar esta fase, mas podemos faze-la o mais curta possível:

• Com redução rápida do pH de 6,0 para menos de 4,5

• Uso de aditivos e Inoculantes:


• Aditivos: milho triturado, melaço em pó.

• Inoculantes: bactérias láticas homofermentativas em ALTA


CONCENTRAÇÃO por grama de silagem.
Inoculantes
• Em um silo bem feito, sem inoculantes, o tempo necessário para
baixar o pH abaixo de 4,5 é de pelo menos 30 dias, o que significa que
as, reações da fase 2 estarão ocorrendo e se estará perdendo
nutrientes por todo este tempo.

• Os silos com inoculantes podem ser abertos entre 48 e 72 horas após


o seu fechamento com o pH 3,9

• diferença de pelo menos 27 dias e evita-se a presença de Coliformes e


Clostrídios que estarão consumindo nutrientes da silagem e
diminuindo sua qualidade de várias maneiras
Fase 3: Anaeróbica, a pH menor que 4,5
• Otimização da fase 3

• Para otimizar esta fase tudo o que podemos fazer é utilizar


um inoculante que possua alta concentração bacteriana e
composto de bactéria láticas homofermentativas de alta
eficiência, como foi explicado na otimização da Fase 2.
Fase 4: Aeróbica
• Essa fase inicia-se com a abertura do silo para a alimentação. Ela é
caracterizada pela parte frontal do silo em contato com o ar, o que
torna possível a multiplicação de fungos, leveduras e mofos.

• Esses organismos estão presentes no ar, mas também estão na


silagem;

• a única razão pela qual eles ainda não haviam se desenvolvido é por
que não havia oxigênio no meio.
Otimização da fase 4

• Existem quatro procedimentos para otimizar esta fase:


• I. COMPACTAR MUITO BEM:
• É uma das operações mais importantes para se obter uma silagem de boa
qualidade, pois é compactando bem que expulsamos o máximo de ar de
dentro do silo.
• Para uma boa compactação devemos observar que a largura do silo seja de
pelo menos uma vez e meia a largura do trator utilizado, os pneus do trator
sejam o mais finos possíveis e a forragem seja picada em pedaços
paquenos.
• No caso de silagens de grão úmido é essencial para uma boa compactação
termos uma umidade de 35-42%, e que o grão seja moído fino.
• II. FEEDOUT 1:

• A alimentação do rebanho deverá ser de pelo menos 20cm da frente


do silo por dia.

• Garantir que a silagem oferecida aos animais, teve, no máximo, 24


horas de contato com o ar.
Principais tipos de silagem
Silagem MS% PB% FDN% NDT% t MV/ha Produção de leite até

Capim elefante 23 3.8 76 48 30-50* 10-12 kg/d

Cana de açúcar 30 3,5 66 58 80-140 15-20 kg/d

Sorgo 30 7.5 63 59 40-50** 18-22 kg/d

Milho 33 7.0 52 65 40-50 >20 kg/d

* Cada 60-70 dias


** Plantio normal
Silagem de capim elefante

• Vantagem:
• Forragem já disponível

• Limitações:
• Alto teor de umidade
• Maior dificuldade de fermentação
• Menor valor nutritivo
• Menor consumo
Silagem de cana de açúcar
• Vantagens
• Alta produção de MS por área
• Alta produção de NDT
• Maior facilidade operacional*
• Melhor manejo do canavial*
*Em relação à cana fornecida in natura

• Desvantagens
• Custo inicial alto
• Perdas fermentativas altas (produção de etanol)
• Necessidade de usar aditivo
• Fibra de baixa digestão ( menor consumo)
Silagem de sorgo
• Alta produção por área
• Boa opção para áreas mais secas
• Opção para o período de safrinha
• Fácil fermentação
• Bom consumo
• Bom valor energético
• Aproveitamento da rebrota
• Não roubam espigas
TIPOS DE SORGO
• Sorgo granífero
• Sorgo forrageiro
Silagem de milho
• Híbridos adaptados para todo o país

• Facilidade de cultivo

• Boa produtividade

• Excelente fermentação

• Boa fonte de fibras

• Boa fonte de energia

• Muito bem consumida pelos animais


Ponto de colheita
(milho e sorgo)
1- Mais facilidade de conservação (fermentação)

2- Maior rendimento na lavoura (kg de MS/ha)


• Menor custo da tonelada ensilada

3- Melhor valor nutritivo do material ensilado


• Maior consumo
• Melhor digestibilidade da MS
• Economia de concentrados
Ponto de colheita
• Se colher com muita umidade:

• Muito chorume (Perda de açúcares)


• Fermentações indesejáveis (produz menos ácido lático)
• Conservação inadequada (pH não diminui o suficiente)

Lático
Acético
Propiônico
Butírico
• Se colher muito seco:
• Difícil compactação (retém mais ar na massa ensilada)
• Perda por respiração
• Super aquecimento (Perda de material; PB)
• Fermentações indesejáveis e conservação inadequada
• Dificuldade de picagem
• Seleção pelos animais
• O vento aumenta a perda na colheita
Ponto de colheita
• Milho: 32-35% de matéria seca

• Quebra a espiga ao meio e observa a linha que separa a parte mais


líquida da mais consistente.
• No caso de dúvida abra o grão.
Ponto de colheita
• Sorgo: 29-33% de matéria seca

As panículas (cachos) devem ser colhidas em vários


pontos da lavoura, porque existem diferenças na
umidade, na qualidade da terra e na quantidade de sol
recebida pela planta. Assim, dentro de uma mesma
lavoura, as plantas de sorgo podem apresentar
variações no seu amadurecimento e na qualidade dos
cachos.

Aperte com os dedos os grãos mais externos da


panícula, verificando se ainda têm muita umidade. O
ponto de ensilagem do sorgo é quando os grãos mais
externos cedem à pressão dos dedos sem umedecê-
los.
Altura de corte Efeito da altura de corte sobre a produção
e valor nutritivo da silagem de milho

Tonelada/área kg de leite/tonelada kg de leite/área


Altura corte
(sorgo)
• A altura de corte ideal varia de 15 cm a 25 cm do solo.

Objetivo:

Evitar a presença de terra na silagem


reduzindo a contaminação desta
pela presença de micróbios da terra.
Picagem

• TMP (tamanho médio da partícula): 1,5 cm


- Facilitar o acondicionamento do material dentro do silo
- Facilitar a compactação
- Deixar os açúcares solúveis expostos para que o processo de
fermentação seja mais rápido e completo
- Evitar que o animal selecione no cocho
- Quebrar os grãos facilitando a degradação do amido

• Cana de açúcar: TMP < 1,2 cm


SILAGEM MOFADA
Figura xx. Enchimento de silo de superfície
Fonte: Arquivo pessoal
Compactação
Vedação

Figura xx. Vedação silo tipo cincho


Fonte: EMBRAPA,2014
Silo tipo Bag Silo tipo bola
Vedação

Figura xx. Silo superfície – Fazenda Bonanza.


Fonte: Arquivo pessoal
Tipos de silo
Referências

CARVALHO, D. O. et al. Sete passos para uma boa ensilagem de milho : cartilhas
adaptadas ao letramento do - Brasília, DF : Embrapa, 2015. 32 p. : il. color.: ISBN
978-85-7035-427-3.
CHAVES, F. F. et al. Sete passos para uma boa ensilagem de sorgo : cartilhas
adaptadas ao letramento do produtor / - Brasília, DF: Embrapa, 2015. 32 p. : il.
color.: ISBN: 978-85-7035-508-9.
EMBRAPA GADO DE LEITE. Silagem de capim – Módulo 1, ano 1, nº 1, 2017.
OLIVEIRA, J. S. Silagem. produção e utilização. Embrapa, Gado de Leite.
OBRIGADO!

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