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Faculdade de Engenharia Ambiental e de Recursos Naturais

ENERGETICA DE RESIDUOS

Curso: EARN e EAA

TEMA III
Fundamentos da Valorização Agronómica dos
Residuos

Eng. Julia Silota, MSc.


VALORIZAÇÃO

• É uma operação que permite que seja utilizado o resíduo,


agregando-lhe valor.

• A agregação de valor consiste na separação/tratamento


do resíduo para que adquira qualidade diferenciada em
virtude de ter recebido aperfeiçoamento/melhoria ou por
ter em alta, temporária, o seu valor ou preço no mercado.

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VALORIZAÇÃO
A valorização pode se por :

• Recuperação/regeneração:

• Agronômica

• Energética

• Comercialização

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Recuperação/regeneração

Valorização que visa obter, de um produto já usado, um produto


com propriedades iguais ou não das originais.
• Pode ser alcançados por um processo minucioso de triagem, lavagem
de embalagens e outros.

• Pode ser feito por meio de reutilização e reciclagem

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Valorização agronômica

• Ocorre pela degradação biológica, aeróbia ou anaeróbia, de resíduos orgânicos, que resulta
na sua estabilização, produzindo uma substância húmida utilizável como condicionador do
solo (fertilizante). Pode ser por:

Compostagem Vermi-Compostagem Co-Compostagem Fertilizante do Biodigestor


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COMPOSTAGEM e VERMI-COMPOSTAGEM

• Dois processos para a estabilização de materiais orgânicos, que


visam sua posterior disposição agrícola

• A compostagem: realizada exclusivamente por microrganismos

• A vermicompostagem: realizada por uma simbiose entre


minhocas e microrganismos que vivem em seu trato digestivo.
COMPOSTAGEM

• A compostagem é o processo de transformação biológica de materiais orgânicos, tais como


palha de arroz, café, papel etc., em fertilizantes orgânicos utilizáveis na agricultura.

• Processo natural de decomposição biológica de materiais orgânicos, de origem animal e


vegetal, pela acção de microrganismos.

• Envolve transformações de natureza bioquímica, promovidas por milhões de microrganismos


presentes no próprio material ou que nele são adicionados por meio de um pré-inóculo, que utilizam a
matéria orgânica in natura como fonte de energia, nutrientes minerais e carbono, promovendo a
mineralização de parte do material e a humificação de outra parte.
4. Gestión integral de los residuos sólidos.
VANATGENS

Produção de composto orgânico

Auxiliar da fertilização química e biológica do solo

Fácil manutenção e operação do que quando


comparado com a técnica de incineração
FACTORES NO PROCESSO

• Microbiologia

• Humidade

• Oxigenação

• Temperatura

• PH

• Relação C/N

• Tamanho de partícula
PARÂMETROS ANALISADOS DURANTE O PROCESSO

Microorganismos

• Bacterias, fungos e actinomicetos

• Outros organismos (não necessariamente na escala micro)


• Algas, protozoarios, nematoides, vermes,insetos e larvas
PARÂMETROS ANALISADOS DURANTE O PROCESSO

Temperatura
PARÂMETROS ANALISADOS DURANTE O PROCESSO
• PARÂMETROS ANALISADOS DURANTE O PROCESSO: Temperatura

• A primeira fase: mesófila (de aquecimento)

• Duração: de poucos dias e fornece condições necessárias para que o processo


se inicie.
• Temperaturas: moderadas, entre 30 e 45.C.
• No inicio do processo ocorre a expansão das colônias de microrganismos
mesofilicos
• Com a elevação da temperatura, os microrganismos mesofilicos tornam-se
menos competitivos, dando espaço para a proliferação dos microrganismos
termofilicos, atingindo-se assim a fase termofilica
PARÂMETROS ANALISADOS DURANTE O PROCESSO

A segunda fase: termofílica

• Temperatura: atinge a temperatura máxima, geralmente maior que 55 C.

• Neste momento e que ocorre a máxima decomposição dos compostos


orgânicos (fase de degradação ativa)

• Tempo de duração: varia de acordo com as caracteristicas

• Do material que esta sendo compostado.


PARÂMETROS ANALISADOS DURANTE O PROCESSO

Terceira Fase: Mesofílica

• Temperatura volta a decair (quando a maior parte do substrato orgânico for degradado)

• A população termofílica tende a ser desativada, fazendo com que a atividade biológica
reduza significativamente

• Ocorre a degradação das substancias orgânicas mais resistentes e perdas mais intensas
de umidade.

• Se inicia o processo de humificao e maturação da materia organica.


PARÂMETROS ANALISADOS DURANTE O PROCESSO

Quarta fase: Maturação


• Ultima etapa da degradação do material na compostagem.

• Temperatura tem valor proximo a temperatura ambiente e ha a mineralizacao da materia organica.

• A atividade microbiana decai.

• A decomposição ocorre a taxas muito baixas e o composto ja apresenta propriedades fisico-


quimicas e biologicas desejaveis a aplicacao no solo e pode ser denominado “maturado”, propicio
para liberar nutrientes
Perfil típico de temperatura em uma leira
PARÂMETROS ANALISADOS DURANTE O PROCESSO
Nivel de Oxigenio: aeracao

• A quantidade necessária de oxigênio depende da fase de compostagem

• São necessárias 2g de oxigênio por grama de sólidos voláteis biodegradáveis para


oxidação da matéria orgânica biodegradável.

• A aeração pode ser manual ou mecanizado

• Para dimensionamento de equipamentos eletro-mecanicos de insuflamento de ar


em leiras recomendam-se valores de 0,3 a 0,6 m³ de ar por quilograma de sólidos
voláteis por dia
PARÂMETROS ANALISADOS DURANTE O PROCESSO
HUMIDADE
• Agua que promove transporte de nutrientes dissolvidos, imprescindíveis para as atividades metabólicas e
fisiológicas dos microrganismos

• Deve variar entre 40-70%

• O excesso de humidade: impede a difusão de oxigênio e propiciando condições anaeróbias. (exalação de


odores característicos pela produção do gás sulfidrico (H2S); produção de chorume)

• Humidade inferiores a 40%: retarda o desenvolvimento do processo.

• Humidade em excesso: deve se fazer injectar ar ou adicionar material seco.

• Humidade baixa: deve se fazer a irrigação da leira, de preferencia no momento do revolvimento para que a
agua seja distribuída por igual
PARÂMETROS ANALISADOS DURANTE O PROCESSO

Relação carbono/nitrogênio (C/N)

• Índice utilizado para avaliar os níveis de maturação de materiais orgânicos

• Recomenda-se que no inicio do processo seja 30/1 (trinta partes de C para uma de N).

• Valores entre 26/1 e 35/1 são considerados como favoráveis.


𝑪 𝑷𝟏 𝑪𝟏 × 𝟏𝟎𝟎 − 𝑯𝟏 + 𝑷𝟐 [𝑪𝟐 × 𝟏𝟎𝟎 − 𝑯𝟐 + ⋯ + 𝑷𝒏[𝑪𝒏 × (𝟏𝟎𝟎 − 𝑯𝒏)
𝒇𝒊𝒏𝒂𝒍 =
𝑵 𝑷𝟏 𝑵𝟏 × 𝟏𝟎𝟎 − 𝑯𝟏 + 𝑷𝟐 𝑵𝟐 × 𝟏𝟎𝟎 − 𝑯𝟐 + ⋯ 𝑷𝒏[𝑵𝒏 × (𝟏𝟎𝟎 − 𝑯𝒏)

P: Peso
H: Humidade
C-% de carbono
N-%de Nitrogénio
Para cada componente

NTK: Azoto total de Kjeldahl Carbono orgânico


PARÂMETROS ANALISADOS DURANTE O PROCESSO

pH

• pH ótimo: 5,5 – 8

• pH estiverem abaixo de 4,5: redução da atividade microbiana, fazendo com que não se
alcance a fase termofilica do processo

• pH, acima de 9,5: ocorre a deficiencia de micronutrientes e fosforo, além de perdas de


nitrogênio por volatilização, devido a transformação do iao amônio (NH4+) em amônia (NH3)

• pH final: 6 e 7
Variação do ph ao longo do processo de compostagem
PARÂMETROS ANALISADOS DURANTE O PROCESSO

GRANULOMETRIA

• Refere-se ao tamanho das partículas dos resíduos a serem compostados

• Menor a partícula: maior a superfície de contato atacada por microrganismos, o que consequentemente
facilita a degradação do material.

• Partículas muito pequenas: conferem problemas a leira quanto a aeração e a compactação, por
impossibilitar a manutenção da porosidade, causando anaerobiose no meio

• Granulometria óptima: 1 e 5 cm.


MÉTODOS PARA A REALIZAÇÃO DE COMPOSTAGEM

• Existem diversos métodos

• A escolha depende de:


• do local, da quantidade e do tipo de residuos e da disponibilidade financeira para a
implantação / manutencao do processo.

• Pode ser feita em:


• leiras, silos, covas feitas no chão ou em reatores, também conhecidos como composteiras,
com diversos formatos e técnicas de funcionamento
MÉTODOS PARA A REALIZAÇÃO DE COMPOSTAGEM

Compostagem em leiras sobre o solo

• Mais utilizado, um método simples e de baixo custo.

• Pode ser realizada em piso pavimentado ou sobre o solo coberto com lona

• Podem ser de formato triangular ou trapezoidal


MÉTODOS PARA A REALIZAÇÃO DE COMPOSTAGEM

Uso de composteiras

• Pode se usar tambores plásticos, balses, ou outro material


• Apropriado quando não se tem uma quantidade elevada de resíduos (compostagem domestica)
• As composteiras podem ser fechadas com tampa para evitar a proliferação de insetos e de mau odor,
porem devem conter furos em suas laterais para promover oxigenação e evitar anaerobiose.
MÉTODOS PARA A REALIZAÇÃO DE COMPOSTAGEM
• MÉTODOS PARA A REALIZAÇÃO DE COMPOSTAGEM

• Para Fernandes et al. (1999), os processos de compostagem podem ser divididos em três grandes
grupos:

• Sistema de leiras revolvidas (windrow,)

• Sistema de leiras estáticas aeradas (static pile),

• Sistemas fechados ou reatores biológicos (In-vessel),

• Os dois primeiros sistemas geralmente são realizados ao ar livre, sendo em alguns casos realizados
em áreas cobertas.

• A compostagem em reatores biológicos apresenta várias alternativas de reatores e níveis de


automação.
MÉTODOS PARA A REALIZAÇÃO DE COMPOSTAGEM

Sistema de leiras
revolvidas (windrow)
onde a mistura de resíduos
é disposta em leira, sendo
a aeração fornecida pelo
revolvimento dos resíduos
e pela convecção e difusão
do ar na massa do
composto.

Uma variante deste


sistema, além do
revolvimento, utiliza a
insuflação de ar sob
pressão nas leiras
MÉTODOS PARA A REALIZAÇÃO DE COMPOSTAGEM

Sistema de leiras estáticas


aeradas (static pile): onde
a mistura a ser compostada
é colocada sobre uma
tubulação perfurada que
injeta ou aspira o ar na
massa do composto, não
havendo revolvimento
mecânico das leiras.
MÉTODOS PARA A REALIZAÇÃO DE COMPOSTAGEM

Sistemas fechados ou
reatores biológicos
(In-vessel): onde os
resíduos são colocados
dentro de sistemas
fechados, que
permitem o controle de
todos os parâmetros do
processo de
compostagem.
Lombricultura ou Vermicompostagem

• Proceso de transformação da porção orgánica dos residuos pela acção das minhocas em condições específicas
(temperatura, humidade, climatização, tempo, altura da capa residual) obtendo-se um humus ou composto
orgánico.
• Processo controlado que utiliza a acção conjunta de minhocas e microrganismos, sob condição aeróbica, com a

finalidade de estabilizar a matéria orgânica, inviabilizando o grau poluente e contaminante dos resíduos.

As minhocas utilizadas são


especialistas em comer esterco,
são as chamadas “vermelhas-
da-califórnia”
VERMI-COMPOSTAGEM

Pode ser dividida em tres principais etapas:

• Etapa inicial ou de degradação: os microrganismos realizam o “ataque” inicial dos resíduos,


ocorrendo os primeiros processos de mineralização.

• Etapa de colonização dos resíduos por parte das minhocas: moléculas orgânicas são
transformadas em constituintes mais simples, por meio da acção dos microrganismos e
processo de digestão das minhocas.

• Etapa de maturação: ocorre a mineralização e humificação dos compostos. Tal processo


origina substancias de elevada estabilidade.
VERMI-COMPOSTAGEM: Características do Processo

TEMPERATURA

• Altos e baixos valores inviabilizam o processo

• Temperaturas ideias: 20.C a 25.C (para o desenvolvimento das minhocas e do


processo de vermicompostagem)

• Entre 30.C e 35.C: atrasam a migração das minhocas para horizontes


superiores

• Superiores a 40 C: podem ser letais

• Inferiores a 10 C: reduzem as atividades digestivas e reprodutivas das


minhocas, causando reflexos no vermicomposto gerado
VERMI-COMPOSTAGEM

HUMIDADE E OXIGÊNIO

• A humidade e primordial a sobrevivência das minhocas

• Tanto a escassez quanto o excesso de humidade podem ocasionar a rápida letalidade.

• Humidade devem estar entre 75 e 90%.

• As minhocas possuem respiração cutânea e na presenca de agua o O2 e absorvido pela cuticula da


pele das minhocas e o CO2 e dissipado

• Valores inferiores a 70% comprometem a respiração das minhocas, levando-as a morte por asfixia.

• Valores superiores a 90% também comprometem a sua sobrevivencia,


VERMI-COMPOSTAGEM

Relação C/N e nitrogênio amoniacal

• C/N: na faixa de 15/1 a 35/1.

• Valores inferiores a 15/1: indicam carência de carbono e excesso de nitrogênio, o que acelera o
crescimento microbiano, elevando assim a temperatura e a liberacao nitrogenio amoniacal (N-
amoniacal), altamente toxico as minhocas.

• Proporções de nitrogênio amoniacal superiores a 1mg g-1, são potencialmente toxicas as minhocas

• Todavia, relações superiores a 35/1 indicam carência de nitrogênio e excesso de carbono, sendo
também prejudicial as minhocas.
VERMI-COMPOSTAGEM

pH e condutividade elétrica

• Faixa ideal: de 5,5 a 6,5, embora valores entre 6,5 e 7,5 sejam tolerados e aceitáveis.

• Valores acima de 7,5 podem prejudicar as atividades metabólicas

• Os teores de salinidade são aferidos por meio da condutividade elétrica

• O valor máximo admissível de condutividade eléctrica e de 7,8 dS m– 1


VERMI-COMPOSTAGEM

GRANULOMETRIA

• Menores granulometrias aumentam a área superficial especifica e a área de contato com as


minhocas e com a comunidade microbiana, facilitando o “ataque”, acelerando assim a decomposição
do material.

• Partículas muito pequenas facilitam a compactação, criando condições de anaerobiose

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