Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Módulo 3:
Métodos de
Tratamento dos
Dejetos Bovinos
Chegamos ao último módulo do curso de Tratamento de Dejetos Animais.
Vimos, até aqui, as tecnologias e os benefícios do tratamento de dejetos,
além das principais características dos sistemas de produção leiteiros no
Brasil. Este terceiro módulo será específico sobre os métodos de trata-
mento dos dejetos bovinos.
Iniciaremos tratando sobre a separação das fases sólida e líquida. Na
sequência, destacaremos a compostagem mecanizada, o Compost Barn,
o uso de biodigestores e a geração de energia elétrica, até finalizarmos
com o uso dos biofertilizantes.
79
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
80
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
81
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Aula 1:
Tratamento de
dejetos de bovinos
leiteiros
A produção de leite em siste-
mas intensivos confinados tem
como contrapartida a neces-
sidade do tratamento dos
efluentes gerados pela con-
centração de animais em uma
pequena área.
Independentemente do siste-
ma de produção adotado pela
propriedade, não é suficiente
armazenarmos e manejarmos
os dejetos a céu aberto se de-
sejarmos reduzir as emissões
de GEEs.
Sistemas de tratamento
É necessário substituirmos o modelo tradicional de armazenamento dos
dejetos a céu aberto por sistemas de tratamento eficazes. Conheça a
seguir alguns deles.
Biodigestores
As lagoas anaeróbias são um sistema de tratamento do tipo aberto que possuem
um custo baixo de implementação, porém emitem odores fétidos e GEEs.
82
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Compostagem
Outra alternativa são os proces-
Digestão aeróbia
sos de digestão aeróbia com Com a presença de oxigênio.
a utilização da compostagem
como método de eleição.
A compostagem pode ser feita na própria instalação em que o animal
está alojado, como no caso do Compost Barn, ou fora dela, adotando a
compostagem mecanizada.
83
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
84
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Aula 2:
Separação dos
dejetos
A separação das fases sólida
e líquida dos dejetos bovinos Se os dejetos brutos forem
é uma etapa obrigatória quan- colocados diretamente
do optamos por sistemas de no biodigestor, sem a
digestão anaeróbia – como no separação, o sistema ficará
caso dos biodigestores. assoreado rapidamente pela
alta quantidade de fibras.
Isso porque apenas a fase líqui-
da deve entrar no biodigestor.
Processos
Os sistemas de separação dos dejetos bovinos contemplam os seguintes
processos: peneiramento, decantação ou flotação e centrifugação.
Esses processos permitem separar as frações sólida e líquida dos deje-
tos. Como apenas o líquido entra no biodigestor, evitamos a sobrecarga
do sistema de tratamento com a parte sólida, que é rica em fibras. Isso
proporciona um aumento da vida útil do equipamento e reduz a demanda
do tamanho do biodigestor para um mesmo número de animais.
A separação de fases permite, ainda, que Mais eficiente
o processo de degradação dos efluentes Maior produção de biogás.
Mais rápido
se torne mais eficiente e mais rápido. Menor tempo de retenção hidráulica.
Peneiras ou grades instaladas no chão dos currais, nas entradas dos sis-
temas de condução dos dejetos, podem ser utilizadas para uma separa-
ção inicial de sólidos grosseiros. Nessa etapa, o material com dimensões
maiores que o espaçamento entre os buracos da peneira ou barras da
grade é retido.
85
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
86
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
87
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Resumo do processo
Em resumo, a separação dos dejetos segue as seguintes etapas, desde a
captação no curral até a destinação ao biodigestor:
Etapa Ação
88
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Aula 3:
Compost Barn
O Compost Barn, como já mencionamos no Módulo 2, é um sistema de
produção de bovinos leiteiros que também funciona como estratégia para
o tratamento dos dejetos dos animais.
Nele, os animais permanecem
confinados, porém livres no
estábulo, permitindo que as
vacas circulem à vontade pelo
galpão e interajam entre si.
O confinamento em sistema
Compost Barn é bastante
utilizado em países de clima
temperado e vem se tornan-
do uma alternativa ao sistema
free stall para muitas proprie-
dades leiteiras no Brasil.
A cama orgânica
A principal característica do sistema Compost Barn não é a permanência
dos animais livres no estábulo de confinamento, mas, sim, a utilização de
uma “cama” orgânica cobrindo toda a superfície de solo do galpão.
89
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
O processo de compostagem
No sistema Compost Barn, as vacas defecam e urinam sobre o material
orgânico da cama, dando início ao processo de compostagem.
A compostagem é a decomposição biológica aeróbica controlada da ma-
téria orgânica, formando um produto estável, semelhante ao húmus, de
alto valor agronômico e comercializável. Além disso, a compostagem ae-
róbia dos dejetos reduz as emissões de GEEs.
90
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Dica do Técnico
Dica do Técnico
No Compost Barn, os resíduos depositados sobre a
cama sofrem uma semicompostagem aeróbia. Ou seja,
em contato com o ar.
No Compost Barn, os resíduos depositados sobre a cama sofrem
Pra que isso aconteça
uma semicompostagem da forma
aeróbia. Ou certa,
seja, em a cama
contato comdeve
o ar.pas-
sar por um processo constante de aeração e também ser
Pra que isso aconteça
mantida da forma certa, a cama deve passar por um
seca.
processo constante de aeração e também ser mantida seca.
Por isso, você vai precisar fazer o revolvimento desse
Por isso, você vai precisar
material fazere oenxadas
com tratores revolvimento desseduas
mecânicas, material
vezes
com tratores e enxadas mecânicas, duas vezes ao dia,
ao dia, geralmente quando as vacas são ordenhadas.geralmente
quando as vacas são ordenhadas.
Se esse manejo for feito certinho, a cama pode durar até
Se esse manejo
um anoforno
feito certinho, a cama pode durar até um ano
estábulo.
no estábulo.
Então, vamos tratar de adquirir esse hábito diário assim
Então, vamos
quetratar de adquirir
o sistema esse hábito
for implantado, diário assim que o sis-
hein!
tema for implantado, hein!
Temperatura do sistema
A temperatura do sistema Compost Barn é um fator importante, que deve
ser acompanhado pelo produtor. Veja algumas informações sobre esse fator:
91
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
92
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Ponto de estabilidade
A compostagem atinge o ponto de estabilidade quando não ocorre mais
a decomposição do material. Para identificar essa fase, basta observar os
seguintes sinais:
Substituição do material
O material deve ser reposto sempre que o volume diminuir, especialmente
nos locais do pavilhão com mais umidade.
No momento da substituição, o material velho poderá ser utilizado como
adubo na própria propriedade ou comercializado. No entanto, recomenda-se
deixar este composto em forma de leiras por um período de estabilização.
93
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Benefícios da compostagem
As vantagens da compostagem dos dejetos são:
• redução da matéria seca, geralmente entre 50-75%;
• redução do volume dos dejetos entre 50-60%, podendo chegar a 85%;
• facilidade e baixo custo no transporte do composto;
• formação de um produto estável, utilizado como biofertilizante;
• diminuição de odores, moscas e patógenos;
• processo simples, que não necessita de alta tecnologia.
Lotação de animais
A lotação recomendada no Com-
post Barn para vacas de raças de
grande porte é de 10 m2/animal;
para vacas de raças de pequeno
porte, de 8,5 m2/animal.
Em rebanhos de alto desempe-
nho, no entanto, pode ser ne-
cessário mais espaço por animal
devido à alta produção de dejetos. Grande porte
Exemplo: Holandesa.
Pequeno porte
Exemplo: Jersey.
Fatores a considerar
Antes de adotar o sistema Compost Barn, no entanto, é importante consi-
derar alguns fatores.
O sistema depende da disponibilidade de material orgânico para ser adqui-
rido e utilizado como cama. Além disso, o produtor deve analisar a viabilida-
de em manejar o composto diariamente em sua propriedade, uma vez que
exige maquinário e possíveis custos extras com energia elétrica para manter
uma adequada ventilação dentro do galpão.
94
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Resumo do processo
A figura a seguir representa um resumo das etapas que ocorrem no proces-
so de Compost Barn na bovinocultura leiteira. Acompanhe:
95
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Aula 4:
Biodigestores e
produção de energia
elétrica
A biodigestão anaeróbia é uma forma eficaz de tratamento dos dejetos
da bovinocultura leiteira confinada. Além de reduzir as emissões dos
GEEs, esse processo traz diversas outras vantagens, como:
1. geração de biogás, rico em meta- Metano (CH )
no (CH4), que pode ser converti-
4
Elemento com alto poder combustível.
do em energia térmica e elétrica.
Essa fonte de energia pode ser utilizada na própria propriedade,
e seu excedente, comercializado com a concessionária de energia
elétrica da localidade;
2. uso do efluente líquido como biofertilizante na produção agrícola
da propriedade, ou comercializado com outras propriedades. Esse
biofertilizante possui nutrientes dos dejetos conservados;
3. diminuição dos impactos ambientais negativos que seriam gerados
pelos dejetos não tratados;
4. redução de moscas e odores indesejáveis.
Os biodigestores
Os efluentes líquidos dos dejetos são transferidos para os biodigestores
logo após a separação da fase líquida da sólida, por meio de equipamen-
tos com essa finalidade – os separadores de dejetos. Já vimos um pouco
sobre esse processo na Aula 2 deste módulo.
96
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Funcionamento
Existem três modelos de biodigestores: o canadense, o indiano e o chinês.
No Brasil, devido às características climáticas, de praticidade de instala-
ção e custo, o modelo predominante é o canadense – também conhecido
como modelo balão.
Neste equipamento, o volume de líquido que entra no biodigestor é o mes-
mo volume que sai ao final do processo.
97
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Tanque de equalização
Tanque principal
Tanque de saída
98
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Mão na terra
O processo todo é basicamente o seguinte...
Simples, não?
Produtividade
A produção de biogás varia entre 0,5-0,7 m3 biogás/dia por m3 de biomas-
sa (fase líquida). Isso significa que um biodigestor com 1.000 m3 de volume
teria potencial para gerar entre 500 m3 e 700 m3 de biogás por dia.
99
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Aquecimento de ambientes
Principalmente na avicultura e suinocultura.
100
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
101
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Composição do biogás
O biogás contém entre 55-80% de metano (CH4) e 20-45% de dióxido
de carbono (CO2), além de umidade e traços de outros gases, como amô-
nia, gás sulfídrico e hidrogênio.
Estes últimos são substâncias não combustíveis que prejudicam o pro-
cesso de queima, diminuindo o poder calorífico e tornando o biogás me-
nos eficiente.
102
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
103
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Geração distribuída
A Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL) é um órgão
vinculado ao Ministério de Minas
e Energia com a finalidade de
produção, transmissão e comer-
cialização de energia elétrica.
É também a agência regula-
dora do uso do biogás, tanto
como fonte geradora de ener-
gia elétrica para consumo pró-
prio, quanto para o fornecimen-
to do excedente para a rede.
Desde o ano de 2012, a ANEEL permite que o consumidor brasileiro gere
e utilize o excedente de energia em outras unidades consumidoras, por
meio da micro e da minigeração distribuída de energia elétrica a partir de
fontes renováveis ou cogeração qualificada.
Por meio da geração distribuída, a produção de energia elétrica de pe-
quenas centrais geradoras conectadas à rede de distribuição é disponibi-
lizada para outros consumidores servidos pela mesma concessionária de
energia.
Desse modo, conforme o volume de energia produzido, a geração distri-
buída é classificada em micro e minigeração:
104
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
• http://www.aneel.gov.br/publicacoes
105
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Aula 5:
Compostagem
mecanizada
Os processos contemporâneos de compostagem têm como base práticas
milenares que consistem na estabilização biológica dos materiais, redu-
zindo a massa e o volume dos resíduos orgânicos sólidos, reciclando seus
nutrientes e matéria orgânica para outras atividades.
Na compostagem mecanizada ocorrem os mesmos processos de fermen-
tação aeróbia que no Compost Barn. A diferença é que, aqui, os efluentes
brutos são coletados e misturados ao composto orgânico mecanicamen-
te, em um ambiente controlado.
A unidade de compostagem
Na compostagem mecanizada são montadas leiras de resíduos vegetais,
ricos em carbono, sobre um piso de alvenaria. São utilizados os mesmos
materiais empregados no sistema de Compost Barn.
Um equipamento realiza a aplicação Aplicação dos efluentes brutos
dos efluentes brutos sobre as leiras Na forma líquida e sem separação de fases.
de resíduos vegetais, por meio de tu-
bulações que acompanham a bar-
ra suspensa da máquina por todo o
comprimento do galpão destinado à
compostagem.
Isso torna homogêneo o material que
vai sendo aerado.
106
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Revolvimento do material
O revolvimento do material pode
ser realizado manualmente, mas
na compostagem mecanizada
esse processo é automatizado
com uso, por exemplo, de enxada
rotativa ou disco gradeador.
A mecanização acelera o proces-
so de compostagem, diminuin-
do o tempo de estabilização do
material. Assim, o composto fica
pronto mais rapidamente.
107
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Mão na terra
Os resíduos devem ser lançados de forma fracionada
sobre o leito de material orgânico até que o substrato se
torne saturado de líquido.
108
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Fase de absorção
Fase lenta, na qual ocorre a incorporação dos dejetos líquidos aos re-
síduos orgânicos sólidos, até que se forme uma biomassa com por-
centagem de umidade e relação carbono:nitrogênio (C:N) adequada.
O substrato orgânico deve ter, no mínimo, 50 cm de espessura.
No decorrer dessa fase ocorre o aumento da temperatura e a evapo-
ração da água contida nos dejetos.
Fase de maturação
Nessa fase ocorre uma degradação mais acelerada da matéria orgâ-
nica, devido ao estabelecimento de condições ambientais mais favo-
ráveis para a atividade microbiológica no composto.
A biomassa é estabilizada ou maturada (compostagem).
A temperatura do composto nessa fase permanece elevada, caso
seja adicionado oxigênio por meio do revolvimento da biomassa.
Microrganismos patogênicos são eliminados nessa fase e há maior
concentração de nutrientes no composto orgânico formado.
109
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Temperatura do composto
Na compostagem aeróbia, a tempe-
Compostagem aeróbia
ratura do composto se eleva devido Com a presença de oxigênio.
ao metabolismo exotérmico dos mi-
crorganismos.
110
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Umidade
A umidade da pilha de compostagem também é um fator importante
para o bom desenvolvimento do processo.
Mão na terra
Para que o processo de compostagem tenha
alta eficiência, a relação C:N deve ser mantida
em torno de 30:1.
No decorrer do processo de compostagem, o
relação C:N
conteúdo de matéria orgânica diminui, o que
Relação carbono:nitrogênio. leva a uma redução do carbono orgânico, sen-
do necessário adicionar material orgânico para
corrigir a relação C:N.
As fontes de carbono mais empregadas na com-
postagem dos dejetos são a maravalha e a ser-
ragem. No entanto, diferentes materiais, como
casca de amendoim, feno picado e aparas de
grama, também têm sido pesquisados, sendo
considerados essenciais para o correto proces-
so de compostagem – seja por meio de mistu-
ras com serragem/maravalha ou utilização pura.
A mistura permanece entre dois e três meses na
unidade de compostagem, até que ocorra sua
maturação total.
111
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Resumo do processo de
compostagem mecanizada
A figura a seguir representa um resumo das etapas que ocorrem no pro-
cesso de compostagem mecanizada de dejetos da bovinocultura leiteira.
Acompanhe:
112
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
113
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Aula 6:
Uso dos
biofertilizantes
líquidos e sólidos
na propriedade
A utilização de fertilizantes inor-
gânicos industrializados (ou quí-
micos) na produção agrícola ao
redor do mundo tem sido funda-
mental para o aumento da produ-
ção de alimentos.
Porém, o uso desses fertilizantes
comerciais está associado ao au-
mento dos custos de produção e
à poluição ambiental.
Você sabia que o Brasil é o quarto maior importador de fertilizantes do
mundo, importando cerca de 75% do total desses insumos aplicados
nas lavouras?
Nesse contexto, a substituição de fertilizantes industrializados por
efluentes das atividades pecuárias que passaram pelo processo de bio-
digestão poderia ser uma solução sustentável, tanto do ponto de vista
econômico, quanto ambiental, por meio da reciclagem dos nutrientes da
alimentação dos bovinos.
Biofertilizantes
O conceito adotado pelo Regula- Regulamento Nacional
mento Nacional define biofertili- Regulamento da Lei nº 6.894, de
16 de dezembro de 1980.
zante como:
114
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Existem dois tipos de biofertilizantes que podem ser produzidos pela pe-
cuária leiteira: na forma sólida, oriunda da compostagem mecanizada ou
do Compost Barn, e na forma líquida, oriunda dos biodigestores.
115
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Mão na terra
Você sabia que os biofertilizantes também são fontes de
nitrogênio?
Segurança microbiológica
O uso de biofertilizantes líquidos oriundos dos biodigestores na agricultu-
ra deve considerar a segurança microbiológica, pois os efluentes podem
conter microrganismos potencialmente patogênicos.
Portanto, antes de serem destinadas à fertirrigação, é necessária uma ava-
liação das características microbiológicas e bioquímicas, de forma a avaliar
qual cultura será destinada e como o produto será consumido.
116
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Aplicação
Dica do Técnico
Dica do Técnico
Uma das formas de distribuição dos biofertilizantes no solo
é a fertirrigação. Essa técnica pode ser aplicada por meio de
Uma das formassulco,de distribuição
aspersão, dos biofertilizantes
gotejamento no solo é a fertirri-
ou com chorumeiras.
gação. Essa técnica pode ser aplicada por meio de sulco, aspersão, gote-
jamento ou com chorumeiras.
A escolha do método vai depender da cultura, da suscetibili-
dade a doenças, da capacidade de infiltração de água no solo
A escolha do e, método vaiquantia
é claro, da depender da cultura,
financeira que odaprodutor
suscetibilidade a do-
estiver dispos-
enças, da capacidade de infiltração de água no solo e, é claro, da quantia
to a investir.
financeira que o produtor estiver disposto a investir.
No caso da irrigação por aspersão, é preciso tomar alguns
No caso dacuidados,
irrigação como:
por aspersão, é preciso tomar alguns cuidados,
como:
• evitar fazer a aplicação em dias com vento;
• evitar fazer a aplicação em dias com vento;
• aplicar água limpa após a fertirrigação, pra lavar as fo-
• aplicar águalhas limpa
daapós a fertirrigação,
cultura e evitar sua pra lavareas folhas da cultu-
queima;
ra e evitar sua queima; e
• lavar o equipamento pra evitar que ele possa entupir.
• lavar o equipamento pra evitar que ele possa entupir.
Mas, veja bem: seja qual for a técnica de aplicação adotada, é
Mas, veja bem: seja qual for
fundamental a técnica
sempre de aplicação
utilizar adotada,
equipamento é fundamen-
de proteção indivi-
tal sempre utilizar equipamento de proteção individual!
dual! Afinal, segurança em primeiro lugar! Afinal, seguran-
ça em primeiro lugar!
Foi um prazer ajudá-lo, seu Antônio!
Foi um prazer ajudá-lo, seu Antônio!
117
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Benefícios
A adubação com biofertilizantes apresenta efeitos diretos e indiretos:
• diretos, devido à quantidade de nutrientes industrializados que podem
ser substituídos com o seu uso;
• indiretos, em virtude da ação benéfica sobre as propriedades físicas,
químicas e biológicas do solo (estruturação do solo).
118
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Atividade de
aprendizagem
Chegou o momento de verificar sua compreensão com relação aos con-
ceitos apresentados até aqui.
Questão 1
Sobre as características relacionadas ao tratamento dos dejetos pelo sistema
Compost Barn, assinale a alternativa correta.
a) Caso o material orgânico atinja alta umidade em locais específicos
do galpão, o local deve ser isolado e mantido sem animais até que
a umidade diminua.
b) Sabe-se que o material orgânico atingiu a estabilidade avaliando-se
sua temperatura, odor e uniformidade.
c) O controle da temperatura e umidade dentro do galpão deve ser
feito com a instalação de cortinas laterais e umidificadores, uma vez
que a cama deve ser mantida úmida.
d) Para que o processo de compostagem ocorra de forma correta, não
é desejável que os animais revirem ou misturem a cama.
119
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos
Questão 2
No que diz respeito ao uso de biodigestores e produção de energia elétri-
ca a partir do biogás, assinale a alternativa correta.
a) O volume de líquido que sai do tanque principal do biodigestor é
menor que o volume inicial que entra, devido à decomposição da
matéria orgânica pelos microrganismos.
b) A fase sólida dos dejetos deverá ser conduzida ao tanque princi-
pal do biodigestor junto à fase líquida, para que os microrganismos
possam realizar a correta decomposição da matéria orgânica.
c) O tanque de equalização do biodigestor de modelo canadense é des-
tinado à fermentação dos dejetos, à produção e à retenção do biogás.
d) A biodigestão anaeróbia com o uso de biodigestor permite a gera-
ção de três produtos a partir dos dejetos da bovinocultura leiteira: o
biogás, o biofertilizante líquido e o adubo orgânico sólido.
Questão 3
Sobre a técnica de compostagem mecanizada e sua relação com a compos-
tagem em sistema Compost Barn, assinale a alternativa correta.
a) A temperatura é um bom indicador da qualidade do processo de
compostagem. Temperaturas reduzidas podem indicar que é ne-
cessário realizar aeração (revolvimento da pilha de composto), apli-
cação de mais dejetos ou de mais material orgânico sobre a pilha.
b) Na compostagem mecanizada ocorrem praticamente os mesmos
processos de fermentação aeróbia que no Compost de Barn, a dife-
rença é que a compostagem mecanizada utiliza tratores para mistu-
rar os dejetos ao material orgânico dentro do Compost Barn.
c) A principal diferença da compostagem mecanizada para o processo
de compostagem que ocorre no Compost Barn é que na composta-
gem mecanizada se deseja manter a matéria orgânica em tempera-
tura ambiente e evitar a evaporação da água.
d) Diferentemente do que ocorre no processo de tratamento dos de-
jetos em Compost Barn, para a compostagem mecanizada é ne-
cessário que o produtor mantenha esterqueiras dentro de sua pro-
priedade para que os dejetos sejam bombeados até as unidades
de compostagem.
120
Encerramento
Parabéns, você chegou ao final do curso Tratamento de Dejetos Animais!
Aqui, você conheceu algumas tecnologias de baixa emissão de carbono
para o tratamento de desejos animais – em especial, da bovinocultura
leiteira. Você viu que, além dos benefícios ambientais, essas tecnologias
ainda trazem diversos benefícios econômicos ao produtor rural.
121
Referências
BRASIL. Decreto nº 4.954, de 14 de janeiro de 2.004. Aprova o Regula-
mento da Lei nº 6.894, de 16 de dezembro de 1980, que dispõe sobre a
inspeção e fiscalização da produção e do comércio de fertilizantes, corre-
tivos, inoculantes ou biofertilizantes destinados à agricultura, e dá outras
providências. Brasília, DF, 2004. Disponível em: http://www.agricultura.
pr.gov.br/arquivos/File/PDF/decreto_4954.pdf. Acesso em: 24 abr. 2019.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ministério
do Desenvolvimento Agrário. Coordenação da Casa Civil da Presidência
da República. Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças
Climáticas para a Consolidação de uma Econômica de Baixa Emissão
de Carbono na Agricultura: Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de
Carbono). Brasília: MAPA/ACS, 2012. 172 p.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Projeções
do Agronegócio, Brasil 2017/18 a 2027/28 – projeções a longo prazo.
Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2018.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Valor Bruto
da Produção Agropecuária: VBP - Janeiro/2019 - Brasil. Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Brasília, DF, 2019. Disponível em:
http://www.agricultura.gov.br/assuntos/politica-agricola/valor-bruto-da-
-producao-agropecuaria-vbp. Acesso em: 22 abr. 2019.
CAMPOS, O, F. de; MIRANDA, J. E. C. de. Gado de Leite: O produtor per-
gunta a Embrapa responde. Coleção 500 perguntas - 500 respostas. 3.
ed. rev. e ampl. Brasília: Embrapa, 2012. 311 p.
CARVALHO, G. R.; ROCHA, D. T.; GOMES, I. R. O Mercado de Leite em
2017. Circular técnica 118. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2018.
28 p.
DIAS, C. P.; COSER, F.; BERALDI, T. Pecuária de Baixa Emissão de Car-
bono: Tecnologias de produção mais limpa e aproveitamento econômi-
co de resíduos de bovinos de corte e leite em sistemas confinados. In:
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria
de Mobilidade Social, do Produtor Rural e Cooperativismo. Brasília: MAPA,
2018, 88 p.
122
DIAS, C. P.; PIEROZAN, C. Resumo das etapas que ocorrem no uso de
biodigestores e produção de energia elétrica a partir do biogás na bo-
vinocultura leiteira. 2019. Disponível em: <https://figshare.com/articles/
Resumo_das_etapas_que_ocorrem_no_uso_de_biodigestores_e_pro-
du_o_de_energia_el_trica_a_partir_do_biog_s_na_bovinocultura_leitei-
ra/8362412>. Acesso em: 29 jun. 2019.
DIAS, C. P.; PIEROZAN, C. Resumo das etapas que ocorrem no proces-
so de compostagem mecanizada de dejetos da bovinocultura leiteira.
2019. Disponível em: <https://figshare.com/articles/Resumo_das_etapas_
que_ocorrem_no_processo_de_compostagem_mecanizada_de_dejetos_
da_bovinocultura_leiteira/8362415>. Acesso em: 29 jun. 2019.
DIAS, C. P.; PIEROZAN, C. Resumo das etapas que ocorrem no processo
de Compost Barn na bovinocultura leiteira. 2019. Disponível em: <ht-
tps://figshare.com/articles/Resumo_das_etapas_que_ocorrem_no_pro-
cesso_de_Compost_Barn_na_bovinocultura_leiteira/8362400>. Acesso
em: 29 jun. 2019.
GUIMARÃES, A. SÁ de; MENDONÇA, L. C. Compost Barn: um novo sis-
tema para a atividade leiteira. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, [201-].
KNZ, A.; HIGARASHI, M. M.; OLIVEIRA, P. A. V. de. Tecnologias para o
tratamento de resíduos de animais: biodigestão e compostagem. In: PA-
LHARES, J. C. P.; GEBLER, L (ed.). Gestão Ambiental na Agropecuária. v.
2. Brasília: Embrapa, 2014. 490 p.
LORIMOR, J.; POWERS, W. Manure Characteristics: Manure Management
Systems Series. 2 ed. Ames: MidWest Plan Service, 2004. 24 p.
MARTINS, P. C.; ZOCCAL, R.; RENTERO, N.; ALBUQUERQUE, A. Anuário
leite 2018. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2018. 116 p.
MITO, J. Y. L. et al. Metodologia para Estimar o Potencial de Biogás e Bio-
metano a Partir de Plantéis Suínos e Bovinos no Brasil. Concórdia: Em-
brapa Suínos e Aves, 2018. 52 p.
NEIVA, R. Pesquisa comprova eficiência econômica de biogás na pecuá-
ria de leite. 2019. Disponível em: https://www.embrapa.br/en/busca-de-
-noticias/-/noticia/41719708/pesquisa-comprova-eficiencia-economica-
-de-biogas-na-pecuaria-de-leite. Acesso em: 23 abr. 2019.
123
OLIVEIRA, P. A. V. de. Modelo matemático para estimar a evaporação
d'água contida nos dejetos, em sistemas de criação de suínos sobre cama
de maravalha e piso ripado, nas fases de crescimento e terminação. Jour-
nal of the Brazilian Society of Agricultural Engineering, [s.l.], v. 23, n. 3, p.
398-626, 2003.
OLIVEIRA, P. A. V. de.; HIGARASHI, M. M. Unidade de Compostagem
para o Tratamento dos Dejetos de Suínos: Documento 114. Concórdia:
Embrapa Suínos e Aves, 2006.
OTÊNIO, M. H.; ROMÁRIO, V.; COSTA, L. R. da; MAGALHÃES, V. M. A.
Comunicado Técnico 78: Reaproveitamento de água residuária em siste-
mas de produção de leite em confinamento. Juiz de Fora: Embrapa Gado
de Leite, 2017. 5 p.
POMPERMAYER, R. S.; PAULA JUNIOR, D. R. Estimativa do potencial bra-
sileiro de produção de biogás através da biodigestão da vinhaça e com-
paração com outros energéticos. In: ENCONTRO DE ENERGIA NO MEIO
RURAL, 3., 2000, Campinas. Anais... Campinas, 2000. Disponível em:
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MS-
C0000000022000000200055&lng=en&nrm=abn. Acesso em: 22 abr.
2019.
ROCHA, D. T.; CARVALHO, G. R. Produção brasileira de leite: uma análise
conjuntural. In: MARTINS, P. C.; ZOCCAL, R.; RENTERO, N.; ALBUQUER-
QUE, A. Anuário Leite 2018. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2018.
p. 6-8.
SAVIOTTI, B.; DIAS, C. P.; COSER, F.; LEITÃO, F. OLIVEIRA, P. A. Suino-
cultura de Baixa Emissão de Carbono: Levantamento de tecnologias de
tratamento de dejetos para suinocultores de pequeno porte. In: BRASIL.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Mobili-
dade Social, do Produtor Rural e Cooperativismo. Brasília: MAPA, 2016b,
44 p.
SAVIOTTI, B.; DIAS, C. P.; COSER, F.; LEITÃO, F. Suinocultura de Baixa
Emissão de Carbono: Tecnologias de produção mais limpa e aproveitamen-
to econômico de resíduos da produção de suínos. In: BRASIL. Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Mobilidade Social, do
Produtor Rural e Cooperativismo. Brasília: MAPA, 2016a. 100 p.
SOUZA, J. C. P. V. B. et al. Gestão da água na suinocultura. Concórdia:
Embrapa Suínos e Aves, 2016. 32 p.
124
ZOCCAL, R. Menos vacas ordenhadas e mais produção de leite. In: MAR-
TINS, P. C.; ZOCCAL, R.; RENTERO, N.; ALBUQUERQUE, A. Anuário Leite
2018. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2018. p. 32-33.
125