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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Módulo 3:
Métodos de
Tratamento dos
Dejetos Bovinos
Chegamos ao último módulo do curso de Tratamento de Dejetos Animais.
Vimos, até aqui, as tecnologias e os benefícios do tratamento de dejetos,
além das principais características dos sistemas de produção leiteiros no
Brasil. Este terceiro módulo será específico sobre os métodos de trata-
mento dos dejetos bovinos.
Iniciaremos tratando sobre a separação das fases sólida e líquida. Na
sequência, destacaremos a compostagem mecanizada, o Compost Barn,
o uso de biodigestores e a geração de energia elétrica, até finalizarmos
com o uso dos biofertilizantes.

Fonte: CNA Brasil / Foto: Wenderson Araujo.

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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Este módulo é composto por seis aulas. Conheça a seguir os assuntos


que serão tratados em cada uma:

Aula 1 | Aula 2 | Aula 3 | Compost


Tratamento Separação dos Barn
de dejetos de dejetos • O que é Compost
bovinos leiteiros • Processos da Barn
• A necessidade separação dos • Características da
de tratamento dejetos bovinos cama orgânica
dos efluentes da • Tanque de
bovinocultura • Temperatura do
equalização e sistema
leiteira intensiva separador
• Os • Ponto de
biodigestores estabilidade e
substituição do
• A compostagem material
• A escolha do • Benefícios do
sistema de sistema
tratamento mais
adequado

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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Aula 4 | Aula 5 | Aula 6 | Uso dos


Biodigestores Compostagem biofertilizantes
e produção de mecanizada líquidos e sólidos
energia elétrica • As unidades de na propriedade
• Biodigestão compostagem • A substituição
anaeróbia mecanizada de fertilizantes
como forma de • Revolvimento químicos por
tratamento de da pilha de biofertilizantes
dejetos compostagem • Biofertilizantes
• Biodigestores • Etapas do processo líquidos e sólidos
• Produção de de compostagem • Segurança
energia a partir • Temperatura e microbiológica
do biogás umidade durante o na utilização de
• A geração processo biofertilizantes
distribuída de • Os benefícios dos
energia elétrica biofertilizantes

Vamos para a primeira aula!

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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Aula 1:
Tratamento de
dejetos de bovinos
leiteiros
A produção de leite em siste-
mas intensivos confinados tem
como contrapartida a neces-
sidade do tratamento dos
efluentes gerados pela con-
centração de animais em uma
pequena área.
Independentemente do siste-
ma de produção adotado pela
propriedade, não é suficiente
armazenarmos e manejarmos
os dejetos a céu aberto se de-
sejarmos reduzir as emissões
de GEEs.

Sistemas de tratamento
É necessário substituirmos o modelo tradicional de armazenamento dos
dejetos a céu aberto por sistemas de tratamento eficazes. Conheça a
seguir alguns deles.

Biodigestores
As lagoas anaeróbias são um sistema de tratamento do tipo aberto que possuem
um custo baixo de implementação, porém emitem odores fétidos e GEEs.

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Uma alternativa para essas la-


goas é transformá-las em bio-
digestores. Isso é feito por meio
do fechamento destas com ge-
omembranas, diminuindo as
emissões de gases e permitin-
do a coleta e utilização do bio-
gás produzido no seu interior.
Os biodigestores se caracteri-
zam por ser um sistema fechado Digestão anaeróbia
de digestão anaeróbia. Sem a presença de oxigênio.

Compostagem
Outra alternativa são os proces-
Digestão aeróbia
sos de digestão aeróbia com Com a presença de oxigênio.
a utilização da compostagem
como método de eleição.
A compostagem pode ser feita na própria instalação em que o animal
está alojado, como no caso do Compost Barn, ou fora dela, adotando a
compostagem mecanizada.

Não devemos aspergir os dejetos dos bovinos em pas-


tagens ou qualquer cultura, sem antes submeter esses
dejetos a um tratamento que possibilite reduzir a transfe-
rência de contaminantes.

Caso contrário, há o risco de aumentarmos o potencial de


contaminação, trazendo ameaças à saúde dos animais e
das pessoas.

Ou seja, não é apenas com a questão das emissões de


GEEs que devemos nos preocupar!

Escolha do sistema de tratamento


Devemos considerar três aspectos na escolha do sistema de tratamento
mais adequado para cada propriedade:

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1. as vantagens e desvantagens de cada método;


2. os objetivos do produtor (diminuição da carga orgânica, reúso da
água, inativação de microrganismos patogênicos, geração de ener-
gia elétrica, uso de biofertilizantes);
3. a capacidade de investimento.

Quer aprofundar seus conhecimentos no assunto? Você


pode consultar o seguinte material na biblioteca do curso:

• Documento da Embrapa “Gestão ambiental na agro-


pecuária – vol. 2”, capítulo 6 – Fala sobre as tecnolo-
gias de tratamento de dejetos.

Na próxima aula, trataremos sobre a separação dos dejetos (sólido/líquido).

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Aula 2:
Separação dos
dejetos
A separação das fases sólida
e líquida dos dejetos bovinos Se os dejetos brutos forem
é uma etapa obrigatória quan- colocados diretamente
do optamos por sistemas de no biodigestor, sem a
digestão anaeróbia – como no separação, o sistema ficará
caso dos biodigestores. assoreado rapidamente pela
alta quantidade de fibras.
Isso porque apenas a fase líqui-
da deve entrar no biodigestor.

Processos
Os sistemas de separação dos dejetos bovinos contemplam os seguintes
processos: peneiramento, decantação ou flotação e centrifugação.
Esses processos permitem separar as frações sólida e líquida dos deje-
tos. Como apenas o líquido entra no biodigestor, evitamos a sobrecarga
do sistema de tratamento com a parte sólida, que é rica em fibras. Isso
proporciona um aumento da vida útil do equipamento e reduz a demanda
do tamanho do biodigestor para um mesmo número de animais.
A separação de fases permite, ainda, que Mais eficiente
o processo de degradação dos efluentes Maior produção de biogás.
Mais rápido
se torne mais eficiente e mais rápido. Menor tempo de retenção hidráulica.

Peneiras ou grades instaladas no chão dos currais, nas entradas dos sis-
temas de condução dos dejetos, podem ser utilizadas para uma separa-
ção inicial de sólidos grosseiros. Nessa etapa, o material com dimensões
maiores que o espaçamento entre os buracos da peneira ou barras da
grade é retido.

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Antes da etapa da separação propriamente dita, os efluentes brutos de-


vem ser homogeneizados em um tanque de equalização, que recebe todo
o efluente gerado na propriedade.

Nesse tanque, os efluentes são homogeneizados por meio de um sistema


de agitação e depois são conduzidos para o sistema de separação.
Na separação propriamente dita, a parte sólida pode ser separada da
líquida por meio de um sistema de decantação, pode ser construído
em alvenaria.

Alguns exemplos de equipamentos e instalações destinadas à separação


dos dejetos são apresentados a seguir. Suas dimensões e tecnologia em-
pregada devem condizer com a quantidade de animais e de dejetos pro-
duzidos diariamente na propriedade. Portanto, cabe ao produtor adotar o
modelo e tamanho de peneira e de decantador adequado ao seu sistema
de produção.

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No separador, a parte sólida dos dejetos é separada da líquida. Veja o


destino de cada uma:

Parte sólida Parte líquida


A parte sólida é A parte líquida
destinada para a é enviada para o
compostagem. biodigestor.

A fração sólida possui menor potencial de produção de


biogás, mas elevado poder poluente. Por isso, deve
passar por um processo de estabilização (compostagem)
antes de ser utilizada como biofertilizante.

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Resumo do processo
Em resumo, a separação dos dejetos segue as seguintes etapas, desde a
captação no curral até a destinação ao biodigestor:

Quadro 2 – Etapas da separação dos dejetos (efluentes brutos) da bovi-


nocultura leiteira, do curral até a lavoura.

Etapa Ação

1 Limpeza do piso do curral.

Separação das partículas maiores antes de chegarem ao


2
tanque de equalização.

No tanque de equalização ocorre a homogeneização dos


3
dejetos por meio de agitação.

Os dejetos são bombeados para o separador de sólidos,


4
no qual a parte sólida é separada da líquida.

A parte sólida é destinada à compostagem, e a parte


5
líquida, ao biodigestor.

Dentro do biodigestor ocorre a decomposição da matéria


6
orgânica e a produção de biogás.

O resíduo líquido proveniente do biodigestor é utilizado


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como biofertilizante na fertirrigação de lavouras.

Fonte: elaborado com informações de Otênio et al. (2017).

Nosso próximo assunto será o Compost Barn. Siga em frente!

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Aula 3:
Compost Barn
O Compost Barn, como já mencionamos no Módulo 2, é um sistema de
produção de bovinos leiteiros que também funciona como estratégia para
o tratamento dos dejetos dos animais.
Nele, os animais permanecem
confinados, porém livres no
estábulo, permitindo que as
vacas circulem à vontade pelo
galpão e interajam entre si.
O confinamento em sistema
Compost Barn é bastante
utilizado em países de clima
temperado e vem se tornan-
do uma alternativa ao sistema
free stall para muitas proprie-
dades leiteiras no Brasil.

Também chamado de “Estábulo de compostagem” ou


“Galpão de compostagem”, em português, o sistema
Compost Barn foi inicialmente adotado em países como
Estados Unidos, Canadá e Holanda em meados da década
de 1980, chegando ao Brasil em 2011.

A cama orgânica
A principal característica do sistema Compost Barn não é a permanência
dos animais livres no estábulo de confinamento, mas, sim, a utilização de
uma “cama” orgânica cobrindo toda a superfície de solo do galpão.

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O processo de compostagem
No sistema Compost Barn, as vacas defecam e urinam sobre o material
orgânico da cama, dando início ao processo de compostagem.
A compostagem é a decomposição biológica aeróbica controlada da ma-
téria orgânica, formando um produto estável, semelhante ao húmus, de
alto valor agronômico e comercializável. Além disso, a compostagem ae-
róbia dos dejetos reduz as emissões de GEEs.

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Lá na fazenda Rio Novo


Te contei que lá na fazenda Rio Novo estamos planejan-
do tratar os dejetos bovinos utilizando o sistema Com-
post Barn. O Marcos, do SENAR, está nos acompanhan-
do nesse processo.

Como eu estava aqui na correria, o Marcos pacientemen-


te explicou ao meu avô Antônio como o sistema deve
ser manejado para promover uma melhor compostagem
dos dejetos.

Veja a explicação que ele nos mandou, pois pode te aju-


dar também!

Dica do Técnico
Dica do Técnico
No Compost Barn, os resíduos depositados sobre a
cama sofrem uma semicompostagem aeróbia. Ou seja,
em contato com o ar.
No Compost Barn, os resíduos depositados sobre a cama sofrem
Pra que isso aconteça
uma semicompostagem da forma
aeróbia. Ou certa,
seja, em a cama
contato comdeve
o ar.pas-
sar por um processo constante de aeração e também ser
Pra que isso aconteça
mantida da forma certa, a cama deve passar por um
seca.
processo constante de aeração e também ser mantida seca.
Por isso, você vai precisar fazer o revolvimento desse
Por isso, você vai precisar
material fazere oenxadas
com tratores revolvimento desseduas
mecânicas, material
vezes
com tratores e enxadas mecânicas, duas vezes ao dia,
ao dia, geralmente quando as vacas são ordenhadas.geralmente
quando as vacas são ordenhadas.
Se esse manejo for feito certinho, a cama pode durar até
Se esse manejo
um anoforno
feito certinho, a cama pode durar até um ano
estábulo.
no estábulo.
Então, vamos tratar de adquirir esse hábito diário assim
Então, vamos
quetratar de adquirir
o sistema esse hábito
for implantado, diário assim que o sis-
hein!
tema for implantado, hein!

Temperatura do sistema
A temperatura do sistema Compost Barn é um fator importante, que deve
ser acompanhado pelo produtor. Veja algumas informações sobre esse fator:

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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Como a compostagem gera vapor de água e calor, reco-


menda-se a instalação de ventiladores dentro do galpão
para reduzir o estresse térmico e a umidade ambiental.

Para se certificar de que o processo de compostagem


está correto, basta medir a temperatura interna da
cama, a 30 cm de profundidade: ela deve estar entre 40-
65 °C.
Na superfície, a temperatura da cama é menor, com valo-
res próximos à temperatura do ar, mensurada na altura da
superfície da cama, antes ou após a cama ser revolvida.
Ou seja, apesar do processo de fermentação ativo no inte-
rior da cama, a temperatura da superfície não se eleva.

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Ponto de estabilidade
A compostagem atinge o ponto de estabilidade quando não ocorre mais
a decomposição do material. Para identificar essa fase, basta observar os
seguintes sinais:

Substituição do material
O material deve ser reposto sempre que o volume diminuir, especialmente
nos locais do pavilhão com mais umidade.
No momento da substituição, o material velho poderá ser utilizado como
adubo na própria propriedade ou comercializado. No entanto, recomenda-se
deixar este composto em forma de leiras por um período de estabilização.

O material estará pronto para uso agrícola


a partir do momento em que não gerar
mais calor na parte interna da leira.

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Benefícios da compostagem
As vantagens da compostagem dos dejetos são:
• redução da matéria seca, geralmente entre 50-75%;
• redução do volume dos dejetos entre 50-60%, podendo chegar a 85%;
• facilidade e baixo custo no transporte do composto;
• formação de um produto estável, utilizado como biofertilizante;
• diminuição de odores, moscas e patógenos;
• processo simples, que não necessita de alta tecnologia.

Lotação de animais
A lotação recomendada no Com-
post Barn para vacas de raças de
grande porte é de 10 m2/animal;
para vacas de raças de pequeno
porte, de 8,5 m2/animal.
Em rebanhos de alto desempe-
nho, no entanto, pode ser ne-
cessário mais espaço por animal
devido à alta produção de dejetos. Grande porte
Exemplo: Holandesa.
Pequeno porte
Exemplo: Jersey.

Fatores a considerar
Antes de adotar o sistema Compost Barn, no entanto, é importante consi-
derar alguns fatores.
O sistema depende da disponibilidade de material orgânico para ser adqui-
rido e utilizado como cama. Além disso, o produtor deve analisar a viabilida-
de em manejar o composto diariamente em sua propriedade, uma vez que
exige maquinário e possíveis custos extras com energia elétrica para manter
uma adequada ventilação dentro do galpão.

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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Apesar desses fatores, esse sistema permanece como


uma boa alternativa para o tratamento adequado dos
dejetos que seriam depositados na natureza.

Também é uma alternativa aos sistemas como o free


stall ou à criação a pasto, pois promove o bem-estar
das vacas, diminuindo os problemas de casco, além
de permitir o uso do composto orgânico final como
biofertilizante.

Resumo do processo
A figura a seguir representa um resumo das etapas que ocorrem no proces-
so de Compost Barn na bovinocultura leiteira. Acompanhe:

Fonte: Cleandro Pazinato Dias e Carlos Pierozan (2019).

Na próxima aula, o assunto será o uso de biodigestores para a produção


de energia elétrica.

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Aula 4:
Biodigestores e
produção de energia
elétrica
A biodigestão anaeróbia é uma forma eficaz de tratamento dos dejetos
da bovinocultura leiteira confinada. Além de reduzir as emissões dos
GEEs, esse processo traz diversas outras vantagens, como:
1. geração de biogás, rico em meta- Metano (CH )
no (CH4), que pode ser converti-
4
Elemento com alto poder combustível.
do em energia térmica e elétrica.
Essa fonte de energia pode ser utilizada na própria propriedade,
e seu excedente, comercializado com a concessionária de energia
elétrica da localidade;
2. uso do efluente líquido como biofertilizante na produção agrícola
da propriedade, ou comercializado com outras propriedades. Esse
biofertilizante possui nutrientes dos dejetos conservados;
3. diminuição dos impactos ambientais negativos que seriam gerados
pelos dejetos não tratados;
4. redução de moscas e odores indesejáveis.

Os biodigestores
Os efluentes líquidos dos dejetos são transferidos para os biodigestores
logo após a separação da fase líquida da sólida, por meio de equipamen-
tos com essa finalidade – os separadores de dejetos. Já vimos um pouco
sobre esse processo na Aula 2 deste módulo.

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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Os biodigestores são equipa-


mentos que aceleram o pro-
cesso de degradação da ma-
téria orgânica, sem que ocorra
qualquer tipo de contato com
o ar – condição que chamamos
de anaerobiose.
É essa decomposição da maté-
ria orgânica pelos microrganis-
mos que origina o biogás.

Funcionamento
Existem três modelos de biodigestores: o canadense, o indiano e o chinês.
No Brasil, devido às características climáticas, de praticidade de instala-
ção e custo, o modelo predominante é o canadense – também conhecido
como modelo balão.
Neste equipamento, o volume de líquido que entra no biodigestor é o mes-
mo volume que sai ao final do processo.

É operado, portanto, em um processo contínuo. O tempo de retenção do


digestado é de 30-40 dias.
O biodigestor de modelo canadense é um equipamento composto, resu-
midamente, por três tanques construídos em um nível mais baixo que
o estábulo:

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Tanque de equalização

Recebe os dejetos brutos do estábulo, homogeneíza o efluente e re-


gula a vazão do sistema.

Tanque principal

É o biodigestor propriamente dito. Contém o substrato para a fer-


mentação e produção do biogás e é coberto por uma manta para
reter o biogás produzido.

Tanque de saída

Também chamado de tanque de estabilização, recebe os resíduos do


tanque principal e é usado na fertirrigação.

Ainda compõem o sistema:


• uma caixa de areia, tanque que separa a areia que vem do estábulo,
evitando que ela entre no tanque principal (isso quando se utiliza areia
como cama no free stall);
• um sistema de separação da parte sólida, necessário nos sistemas de
produção de leite devido ao alto teor de fibra presente na dieta bovina;
• um motogerador, motor que utiliza o biogás como combustível e movi-
menta o dínamo que produz a eletricidade;
• um painel de distribuição de energia.

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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Restam do processo o material sólido, que passou pela


peneira separadora, e o efluente líquido gerado pelo
biodigestor.

O primeiro será compostado e transformado em adubo


orgânico.

Já o segundo é utilizado como biofertilizante.

Mão na terra
O processo todo é basicamente o seguinte...

O tanque principal do biodigestor é constituído por uma


câmara fechada que recebe o material orgânico a ser
decomposto na geração do biogás.

Após a decomposição, o biogás gerado fica armazena-


do na parte superior da câmara e é, então, canalizado e
direcionado a um motogerador de energia elétrica.

Essa energia pode ser utilizada para o funcionamento dos


equipamentos da própria propriedade, como resfriadores
de leite ou bombas d’água, e/ou comercializada com a
empresa administradora da rede de energia elétrica.

Simples, não?

O modelo de biodigestor utilizado atualmente tem maior eficiência do


que os que eram utilizados décadas atrás. Além disso, o Brasil já possui
tecnologia própria para fabricação dos motores abastecidos com biogás.

Produtividade
A produção de biogás varia entre 0,5-0,7 m3 biogás/dia por m3 de biomas-
sa (fase líquida). Isso significa que um biodigestor com 1.000 m3 de volume
teria potencial para gerar entre 500 m3 e 700 m3 de biogás por dia.

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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

A qualidade da matéria-prima, no entanto, é um fator determinante na


quantidade e qualidade do biogás que será produzido. Isso significa que se
a matéria-prima (ou dejetos) é mais
Rica
rica, ela tem maior potencial para re- Energia, nutrientes e degradabilidade.
agir dentro do biodigestor e produzir
melhor o biogás.

Biogás e produção de energia


O biogás pode ser utilizado tanto para gerar energia térmica, quanto energia
elétrica nas propriedades.

O biogás pode ser utilizado diretamente na gera-


ção de energia térmica, o que significa uma al-
ternativa extremamente atrativa economicamen-
Energia te para determinadas propriedades.
térmica Os usos mais frequentes são: na secagem de
grãos, no aquecimento de ambientes, no aque-
cimento da água para o banho ou para a lava-
gem das instalações.

A geração de energia elétrica a partir do biogás


é uma realidade cada vez mais frequente nas
propriedades rurais brasileiras, transformando a
biomassa em energia sustentável.
Todo o biogás gerado da bovinocultura (corte e
Energia
leite), suinocultura e avicultura confinada possui
elétrica
potencial de aproveitamento.
Assim, a energia produzida nos geradores pode
ser utilizada diretamente na propriedade ou o ex-
cedente pode ser fornecido para a rede elétrica
da concessionária.

Aquecimento de ambientes
Principalmente na avicultura e suinocultura.

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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Uma outra forma de uso do biogás é como energia auto-


motiva ou veicular. Essa forma vem ganhando destaque,
mas a regulamentação e as escalas que viabilizam sua uti-
lização são difíceis de serem atendidas para a modalidade
de produtor rural.

Nesse caso, a utilização do biogás contribui para a redu-


ção da utilização de combustíveis fósseis e dos impactos
ambientais ocasionados por eles.

A tabela a seguir apresenta a equivalência energética do biogás em re-


lação a outras fontes, considerando o poder calorífico e a eficiência média
de combustão.

Tabela 5 – Equivalência energética entre 1 m3 de biogás e outras


fontes energéticas.
Fonte Equivalência energética

Gasolina (L) 0,61-0,70

Querosene (L) 0,58-0,62

Óleo diesel (L) 0,55

Gás de cozinha (kg) 0,40-1,43

Álcool (L) 0,80

Carvão mineral (kg) 0,74

Lenha (kg) 3,50

Eletricidade (kWh) 1,25-1,43

Fonte: Adaptado de Pompermayer e Paula Júnior (2000).

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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

O biogás, quando não for aproveitado para a geração


de calor ou energia elétrica, deve ser queimado via flaire
(queimador).

Isso não gera valor econômico direto, mas contribui para


a mitigação do aquecimento global!

Lá na fazenda Rio Novo


Lá na fazenda Rio Novo estamos projetando implantar
um biodigestor de 1.000 m3 de volume a fim de poder
gerar energia elétrica para a própria propriedade.

Com um biodigestor desse tamanho, esperamos gerar,


pelo menos, 500 m3 de biogás por dia e, com isso, 650
kWh de energia elétrica! Tudo isso somente a partir do
tratamento dos dejetos do gado leiteiro! Não é demais?

Composição do biogás
O biogás contém entre 55-80% de metano (CH4) e 20-45% de dióxido
de carbono (CO2), além de umidade e traços de outros gases, como amô-
nia, gás sulfídrico e hidrogênio.
Estes últimos são substâncias não combustíveis que prejudicam o pro-
cesso de queima, diminuindo o poder calorífico e tornando o biogás me-
nos eficiente.

O biogás puro, na forma como é gerado, é um gás corro-


sivo devido à presença do gás sulfídrico (H2S). Por isso,
requer cuidados para não danificar os equipamentos utili-
zados – o gás sulfídrico pode oxidar aparelhos domésticos
e maquinários, por exemplo.

Recomenda-se, portanto, a filtragem do biogás para re-


dução do teor de gás sulfídrico, o que proporciona um au-
mento na vida útil dos equipamentos.

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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Resumo do processo de geração de


energia elétrica
A figura a seguir representa um resumo das etapas que ocorrem no uso
de biodigestores e produção de energia elétrica a partir do biogás na bo-
vinocultura leiteira. Acompanhe:

Cleandro Pazinato Dias e Carlos Pierozan (2019).

A Embrapa vem pesquisando a utilização concomitante


de biodigestores para dejetos da pecuária leiteira mistu-
rados com resíduos de outras atividades, a fim de poten-
cializar o uso desses biodigestores.

Caso um protocolo de codigestão seja validado, será pos-


sível um produtor de leite vender o serviço de biodigestão
para indústrias que geram resíduos, como cervejarias e
empresas de laticínios.

Isso otimizaria a capacidade ociosa dos equipamentos


instalados, ao mesmo tempo em que solucionaria pro-
blemas ambientais decorrentes dos resíduos industriais,
transformando-os em energia elétrica.

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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Geração distribuída
A Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL) é um órgão
vinculado ao Ministério de Minas
e Energia com a finalidade de
produção, transmissão e comer-
cialização de energia elétrica.
É também a agência regula-
dora do uso do biogás, tanto
como fonte geradora de ener-
gia elétrica para consumo pró-
prio, quanto para o fornecimen-
to do excedente para a rede.
Desde o ano de 2012, a ANEEL permite que o consumidor brasileiro gere
e utilize o excedente de energia em outras unidades consumidoras, por
meio da micro e da minigeração distribuída de energia elétrica a partir de
fontes renováveis ou cogeração qualificada.
Por meio da geração distribuída, a produção de energia elétrica de pe-
quenas centrais geradoras conectadas à rede de distribuição é disponibi-
lizada para outros consumidores servidos pela mesma concessionária de
energia.
Desse modo, conforme o volume de energia produzido, a geração distri-
buída é classificada em micro e minigeração:

Microgeração distribuída Minigeração distribuída


Central geradora de energia Central geradora com potência
elétrica com potência instalada superior a 75 kW e
instalada menor ou igual a 75 menor ou igual a 3 megawatt
quilowatts (kW). (MW), para fonte hídrica, ou 5
MW para as demais fontes.

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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Caso a quantidade de energia gerada em um determinado


mês supere a energia consumida no mesmo período, o
consumidor acumula créditos que poderão ser utilizados
para diminuir a fatura nos meses subsequentes. O
prazo de validade dos créditos é de 60 meses.

As modalidades para a utilização desses créditos são:


a) autoconsumo remoto;
b) empreendimento com múltiplas unidades consumidoras (condomínios);
c) geração compartilhada.

Saiba mais sobre as regras de geração distribuída de


energia elétrica a partir do biogás e, também, sobre ou-
tros temas relacionados acessando a aba de publicações
do site da ANEEL:

• http://www.aneel.gov.br/publicacoes

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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Aula 5:
Compostagem
mecanizada
Os processos contemporâneos de compostagem têm como base práticas
milenares que consistem na estabilização biológica dos materiais, redu-
zindo a massa e o volume dos resíduos orgânicos sólidos, reciclando seus
nutrientes e matéria orgânica para outras atividades.
Na compostagem mecanizada ocorrem os mesmos processos de fermen-
tação aeróbia que no Compost Barn. A diferença é que, aqui, os efluentes
brutos são coletados e misturados ao composto orgânico mecanicamen-
te, em um ambiente controlado.

A unidade de compostagem
Na compostagem mecanizada são montadas leiras de resíduos vegetais,
ricos em carbono, sobre um piso de alvenaria. São utilizados os mesmos
materiais empregados no sistema de Compost Barn.
Um equipamento realiza a aplicação Aplicação dos efluentes brutos
dos efluentes brutos sobre as leiras Na forma líquida e sem separação de fases.
de resíduos vegetais, por meio de tu-
bulações que acompanham a bar-
ra suspensa da máquina por todo o
comprimento do galpão destinado à
compostagem.
Isso torna homogêneo o material que
vai sendo aerado.

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Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

A compostagem mecanizada é um processo que


pode ser automatizado, o que melhora o controle do
processo e dispensa a necessidade da construção de
lagoas anaeróbias e esterqueiras, diminuindo a poluição
ambiental e reduzindo o risco de acidentes.

As unidades de compostagem podem ser construídas de modo a aprovei-


tar melhor a radiação solar incidente no local, aumentando a temperatura
no processo de compostagem e a evaporação de água dos dejetos. Para
isso, podem ser utilizadas estruturas com cobertura de material translú-
cido, como telhas de policarbonato ou de PVC.
Veja outras características estruturais da compostagem mecanizada:
• as paredes devem ser abertas para permitir a remoção natural do va-
por de água;
• o piso pode ser feito de concreto ou solo compactado;
• deve haver um sistema de drenagem de líquido para depósito do cho-
rume, o qual pode ser recirculado na unidade de compostagem.

Revolvimento do material
O revolvimento do material pode
ser realizado manualmente, mas
na compostagem mecanizada
esse processo é automatizado
com uso, por exemplo, de enxada
rotativa ou disco gradeador.
A mecanização acelera o proces-
so de compostagem, diminuin-
do o tempo de estabilização do
material. Assim, o composto fica
pronto mais rapidamente.

107
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

O revolvimento diário do composto garante


adequada oxigenação no interior das leiras.

O revolvimento da pilha de compostagem é necessário para:


1. acelerar o processo de compostagem;
2. diminuir a emissão de odores indesejáveis;
3. reduzir a umidade;
4. fornecer oxigênio (O2) para a biomassa.
Esse revolvimento libera para o ambiente: vapor de água, calor e gás car-
bônico (CO2).

Mão na terra
Os resíduos devem ser lançados de forma fracionada
sobre o leito de material orgânico até que o substrato se
torne saturado de líquido.

Na prática, consegue-se uma taxa de obtenção de 10 a


12 kg de dejetos brutos para cada quilograma de com-
posto utilizado como material orgânico (serragem, ma-
ravalha etc.).

108
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Etapas do processo de compostagem


A primeira etapa do processo de compostagem é caracterizada por:
• alta atividade biológica;
• rápida decomposição;
• alta temperatura;
• principais quebras das moléculas orgânicas.

Esta etapa pode ser dividida em duas fases:

Fase de absorção

Fase lenta, na qual ocorre a incorporação dos dejetos líquidos aos re-
síduos orgânicos sólidos, até que se forme uma biomassa com por-
centagem de umidade e relação carbono:nitrogênio (C:N) adequada.
O substrato orgânico deve ter, no mínimo, 50 cm de espessura.
No decorrer dessa fase ocorre o aumento da temperatura e a evapo-
ração da água contida nos dejetos.

Fase de maturação
Nessa fase ocorre uma degradação mais acelerada da matéria orgâ-
nica, devido ao estabelecimento de condições ambientais mais favo-
ráveis para a atividade microbiológica no composto.
A biomassa é estabilizada ou maturada (compostagem).
A temperatura do composto nessa fase permanece elevada, caso
seja adicionado oxigênio por meio do revolvimento da biomassa.
Microrganismos patogênicos são eliminados nessa fase e há maior
concentração de nutrientes no composto orgânico formado.

Resíduos orgânicos sólidos


Maravalha, serragem, palha etc.

109
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

A segunda etapa é caracterizada por:


• baixa atividade biológica;
• decomposição mais lenta;
• temperaturas mais baixas;
• conclusão das quebras das moléculas orgânicas e estabilização de ma-
terial composto.

Temperatura do composto
Na compostagem aeróbia, a tempe-
Compostagem aeróbia
ratura do composto se eleva devido Com a presença de oxigênio.
ao metabolismo exotérmico dos mi-
crorganismos.

Quando a matéria-prima a ser decomposta apresenta volume reduzido,


o calor gerado pelos microrganismos se dissipa e o material acaba não
se aquecendo.

Sendo assim, a mensuração da temperatura do


material demonstra a ocorrência de atividade
biológica no material e é um bom indicador da
qualidade do processo de compostagem.

Para que os microrganismos presentes no composto


apresentem atividade metabólica ideal, a faixa de tem-
peratura deve ser mantida entre 45 ºC e 65 ºC.
Assim, o processo de compostagem será finalizado no
tempo adequado.

110
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Ao final do processo não ocorre mais a elevação da temperatura, de modo


que esta tende a se igualar à temperatura do ambiente. Desse modo, en-
tão, as propriedades químicas do composto se estabilizam.

Umidade
A umidade da pilha de compostagem também é um fator importante
para o bom desenvolvimento do processo.

• Baixa umidade pode ocasionar desidratação no


interior da pilha de compostagem, inibindo o processo
biológico.
• Por outro lado, umidade alta também não é dese-
jada, pois pode promover condições de anaerobiose
no interior, reduzindo a população de microrganismos
desejáveis para o processo de compostagem.

Mão na terra
Para que o processo de compostagem tenha
alta eficiência, a relação C:N deve ser mantida
em torno de 30:1.
No decorrer do processo de compostagem, o
relação C:N
conteúdo de matéria orgânica diminui, o que
Relação carbono:nitrogênio. leva a uma redução do carbono orgânico, sen-
do necessário adicionar material orgânico para
corrigir a relação C:N.
As fontes de carbono mais empregadas na com-
postagem dos dejetos são a maravalha e a ser-
ragem. No entanto, diferentes materiais, como
casca de amendoim, feno picado e aparas de
grama, também têm sido pesquisados, sendo
considerados essenciais para o correto proces-
so de compostagem – seja por meio de mistu-
ras com serragem/maravalha ou utilização pura.
A mistura permanece entre dois e três meses na
unidade de compostagem, até que ocorra sua
maturação total.

111
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Resumo do processo de
compostagem mecanizada
A figura a seguir representa um resumo das etapas que ocorrem no pro-
cesso de compostagem mecanizada de dejetos da bovinocultura leiteira.
Acompanhe:

Cleandro Pazinato Dias e Carlos Pierozan (2019).

Dentre as vantagens da compostagem mecanizada, estão incluídas:


• a eliminação das esterqueiras;
• a eliminação dos fortes odores;
• a economia da água;
• a eliminação da necessidade de bombeamento para distribuição dos
dejetos líquidos;
• a redução dos riscos de acidentes de trabalho.

112
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Quer aprofundar seus conhecimentos no assunto? Você


pode consultar o seguinte material na biblioteca do curso:

• Documento 114 da Embrapa Suínos e Aves “Unidade


de compostagem para o tratamento dos dejetos de
suínos”.

Na próxima e última aula deste curso, falaremos sobre o uso de bioferti-


lizantes líquidos e sólidos na propriedade.

113
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Aula 6:
Uso dos
biofertilizantes
líquidos e sólidos
na propriedade
A utilização de fertilizantes inor-
gânicos industrializados (ou quí-
micos) na produção agrícola ao
redor do mundo tem sido funda-
mental para o aumento da produ-
ção de alimentos.
Porém, o uso desses fertilizantes
comerciais está associado ao au-
mento dos custos de produção e
à poluição ambiental.
Você sabia que o Brasil é o quarto maior importador de fertilizantes do
mundo, importando cerca de 75% do total desses insumos aplicados
nas lavouras?
Nesse contexto, a substituição de fertilizantes industrializados por
efluentes das atividades pecuárias que passaram pelo processo de bio-
digestão poderia ser uma solução sustentável, tanto do ponto de vista
econômico, quanto ambiental, por meio da reciclagem dos nutrientes da
alimentação dos bovinos.

Biofertilizantes
O conceito adotado pelo Regula- Regulamento Nacional
mento Nacional define biofertili- Regulamento da Lei nº 6.894, de
16 de dezembro de 1980.
zante como:

114
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

“produto que contém princípio ativo ou agente orgânico, isento de


substâncias agrotóxicas, capaz de atuar, direta ou indiretamente, sobre o
todo ou parte das plantas cultivadas, elevando a sua produtividade, sem
ter em conta o seu valor hormonal ou estimulante” (BRASIL, 2004).

Existem dois tipos de biofertilizantes que podem ser produzidos pela pe-
cuária leiteira: na forma sólida, oriunda da compostagem mecanizada ou
do Compost Barn, e na forma líquida, oriunda dos biodigestores.

O sistema de Compost Barn e a compostagem mecanizada


produzem compostos equivalentes que possuem alto valor
agronômico.
Uma grande vantagem destes compostos é a facilidade de
armazenagem, pois são secos e, quando finalizados (estabi-
Forma sólida
lizados), estão prontos para serem utilizados na propriedade
como fertilizantes orgânicos.
Por essas características, despertam interesse de outros pro-
dutores e podem ser comercializados, tornando-se uma fonte
de renda alternativa.

Os biofertilizantes oriundos de biodigestores (biodigestão


anaeróbia) apresentam alta qualidade para uso agrícola, pois
sua matéria orgânica contém teor reduzido de carbono (em
Forma líquida decorrência de sua perda na forma de CH4 e CO2) e alto teor
de fósforo.
Além disso, devido ao seu avançado grau de decomposição,
apresentam maior grau de absorção de nutrientes pelo solo.

115
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Mão na terra
Você sabia que os biofertilizantes também são fontes de
nitrogênio?

Foi verificado, por exemplo, que a aplicação de bioferti-


lizante proporcionou o mesmo crescimento de capineira
de cana-de-açúcar em comparação com a aplicação de
doses de 60 kg ha-1 de nitrogênio na forma de ureia.
Isso demonstra o potencial de substituição de fertilizantes
orgânicos por biofertilizantes provenientes do tratamento
dos dejetos da bovinocultura leiteira.
O biofertilizante pode substituir 100% do adubo nitroge-
nado na cultura da cana e 60% na cultura do milho.

Segurança microbiológica
O uso de biofertilizantes líquidos oriundos dos biodigestores na agricultu-
ra deve considerar a segurança microbiológica, pois os efluentes podem
conter microrganismos potencialmente patogênicos.
Portanto, antes de serem destinadas à fertirrigação, é necessária uma ava-
liação das características microbiológicas e bioquímicas, de forma a avaliar
qual cultura será destinada e como o produto será consumido.

O uso dos biofertilizantes deve ser conduzido com


cautela, uma vez que podem ocorrer danos ambientais
ou mesmo de produtividade caso os critérios técnicos
para sua produção não sejam respeitados.

116
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Ao considerar o uso dos efluentes da pecuária leiteira que


passaram por digestão anaeróbia, como biofertilizantes
para produção de verduras, frutas ou grãos, é importante
levar em conta que microrganismos potencialmente pato-
gênicos podem chegar aos humanos, causando infecções
alimentares.

A adoção de um sistema de pós-tratamento dos efluentes,


como as lagoas de estabilização onde estes permanecem
por um determinado tempo, visa uma melhor inativação
ou destruição das bactérias patogênicas.

Aplicação

Lá na fazenda Rio Novo


O Sr. Antônio resolveu testar o tal do biofertilizante na fa-
zenda, antes de a gente começar o tratamento dos dejetos
animais na nossa propriedade.

Pediu uma indicação ao Marcos de algum produtor da região


que utilize e venda o material.

O Marcos indicou e, mais do que isso, já foi logo orientando


como aplicar o produto no solo. Confira!

Dica do Técnico
Dica do Técnico
Uma das formas de distribuição dos biofertilizantes no solo
é a fertirrigação. Essa técnica pode ser aplicada por meio de
Uma das formassulco,de distribuição
aspersão, dos biofertilizantes
gotejamento no solo é a fertirri-
ou com chorumeiras.
gação. Essa técnica pode ser aplicada por meio de sulco, aspersão, gote-
jamento ou com chorumeiras.
A escolha do método vai depender da cultura, da suscetibili-
dade a doenças, da capacidade de infiltração de água no solo
A escolha do e, método vaiquantia
é claro, da depender da cultura,
financeira que odaprodutor
suscetibilidade a do-
estiver dispos-
enças, da capacidade de infiltração de água no solo e, é claro, da quantia
to a investir.
financeira que o produtor estiver disposto a investir.
No caso da irrigação por aspersão, é preciso tomar alguns
No caso dacuidados,
irrigação como:
por aspersão, é preciso tomar alguns cuidados,
como:
• evitar fazer a aplicação em dias com vento;
• evitar fazer a aplicação em dias com vento;
• aplicar água limpa após a fertirrigação, pra lavar as fo-
• aplicar águalhas limpa
daapós a fertirrigação,
cultura e evitar sua pra lavareas folhas da cultu-
queima;
ra e evitar sua queima; e
• lavar o equipamento pra evitar que ele possa entupir.
• lavar o equipamento pra evitar que ele possa entupir.
Mas, veja bem: seja qual for a técnica de aplicação adotada, é
Mas, veja bem: seja qual for
fundamental a técnica
sempre de aplicação
utilizar adotada,
equipamento é fundamen-
de proteção indivi-
tal sempre utilizar equipamento de proteção individual!
dual! Afinal, segurança em primeiro lugar! Afinal, seguran-
ça em primeiro lugar!
Foi um prazer ajudá-lo, seu Antônio!
Foi um prazer ajudá-lo, seu Antônio!

117
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Benefícios
A adubação com biofertilizantes apresenta efeitos diretos e indiretos:
• diretos, devido à quantidade de nutrientes industrializados que podem
ser substituídos com o seu uso;
• indiretos, em virtude da ação benéfica sobre as propriedades físicas,
químicas e biológicas do solo (estruturação do solo).

Em suma, aqueles dejetos que


representam um risco para a ati-
vidade leiteira, se não forem ma-
nejados de forma correta após o
tratamento, acabam se conver-
tendo em biofertilizantes que po-
dem se tornar, inclusive, uma ou-
tra fonte de renda.
Sejam estes biofertilizantes líqui-
dos ou sólidos, seus usos agrí-
colas reduzem o uso de fertili-
zantes industrializados e geram
recursos por meio da agricultura.

Com esse assunto, concluímos os estudos do Módulo 3.

118
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Atividade de
aprendizagem
Chegou o momento de verificar sua compreensão com relação aos con-
ceitos apresentados até aqui.

As atividades aqui na apostila servem apenas para você


ler e respondê-las com mais tranquilidade.

Entretanto, você deverá acessar o AVA e responder lá


as questões. Você terá duas tentativas e só desbloque-
ará o encerramento do curso depois que:

(1) acertar as questões; ou

(2) usar todas as suas tentativas.

Questão 1
Sobre as características relacionadas ao tratamento dos dejetos pelo sistema
Compost Barn, assinale a alternativa correta.
a) Caso o material orgânico atinja alta umidade em locais específicos
do galpão, o local deve ser isolado e mantido sem animais até que
a umidade diminua.
b) Sabe-se que o material orgânico atingiu a estabilidade avaliando-se
sua temperatura, odor e uniformidade.
c) O controle da temperatura e umidade dentro do galpão deve ser
feito com a instalação de cortinas laterais e umidificadores, uma vez
que a cama deve ser mantida úmida.
d) Para que o processo de compostagem ocorra de forma correta, não
é desejável que os animais revirem ou misturem a cama.

119
Módulo 3 – Métodos de Tratamento dos Dejetos Bovinos

Questão 2
No que diz respeito ao uso de biodigestores e produção de energia elétri-
ca a partir do biogás, assinale a alternativa correta.
a) O volume de líquido que sai do tanque principal do biodigestor é
menor que o volume inicial que entra, devido à decomposição da
matéria orgânica pelos microrganismos.
b) A fase sólida dos dejetos deverá ser conduzida ao tanque princi-
pal do biodigestor junto à fase líquida, para que os microrganismos
possam realizar a correta decomposição da matéria orgânica.
c) O tanque de equalização do biodigestor de modelo canadense é des-
tinado à fermentação dos dejetos, à produção e à retenção do biogás.
d) A biodigestão anaeróbia com o uso de biodigestor permite a gera-
ção de três produtos a partir dos dejetos da bovinocultura leiteira: o
biogás, o biofertilizante líquido e o adubo orgânico sólido.

Questão 3
Sobre a técnica de compostagem mecanizada e sua relação com a compos-
tagem em sistema Compost Barn, assinale a alternativa correta.
a) A temperatura é um bom indicador da qualidade do processo de
compostagem. Temperaturas reduzidas podem indicar que é ne-
cessário realizar aeração (revolvimento da pilha de composto), apli-
cação de mais dejetos ou de mais material orgânico sobre a pilha.
b) Na compostagem mecanizada ocorrem praticamente os mesmos
processos de fermentação aeróbia que no Compost de Barn, a dife-
rença é que a compostagem mecanizada utiliza tratores para mistu-
rar os dejetos ao material orgânico dentro do Compost Barn.
c) A principal diferença da compostagem mecanizada para o processo
de compostagem que ocorre no Compost Barn é que na composta-
gem mecanizada se deseja manter a matéria orgânica em tempera-
tura ambiente e evitar a evaporação da água.
d) Diferentemente do que ocorre no processo de tratamento dos de-
jetos em Compost Barn, para a compostagem mecanizada é ne-
cessário que o produtor mantenha esterqueiras dentro de sua pro-
priedade para que os dejetos sejam bombeados até as unidades
de compostagem.

120
Encerramento
Parabéns, você chegou ao final do curso Tratamento de Dejetos Animais!
Aqui, você conheceu algumas tecnologias de baixa emissão de carbono
para o tratamento de desejos animais – em especial, da bovinocultura
leiteira. Você viu que, além dos benefícios ambientais, essas tecnologias
ainda trazem diversos benefícios econômicos ao produtor rural.

Para encerrar, que tal relembrar alguns pontos importantes que


vimos ao longo dessa jornada?
Então acesse o AVA e assista ao vídeo de encerramento.
Vale a pena conferir!

Um bom trabalho e até a próxima!

121
Referências
BRASIL. Decreto nº 4.954, de 14 de janeiro de 2.004. Aprova o Regula-
mento da Lei nº 6.894, de 16 de dezembro de 1980, que dispõe sobre a
inspeção e fiscalização da produção e do comércio de fertilizantes, corre-
tivos, inoculantes ou biofertilizantes destinados à agricultura, e dá outras
providências. Brasília, DF, 2004. Disponível em: http://www.agricultura.
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