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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Módulo 2:
Sistemas de Produção
Leiteiros e os
Dejetos de Animais
No primeiro módulo do curso conhecemos algumas tecnologias de
tratamento de dejetos de animais e seus benefícios econômicos e
ambientais. Agora, no Módulo 2, vamos caracterizar os sistemas de
produção de leiteiros e os dejetos de animais, trazendo uma série de
informações importantes sobre o uso racional da água, dos volumosos
e concentrados.

Fonte: CNA Brasil / Foto: Bento Viana.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Acompanhe os assuntos de cada aula:

Aula 1 | Aula 2 | Aula 3 -


Bovinocultura Caracterização Caracterização
leiteira e dos sistemas dos dejetos de
tratamento dos de produção de bovinos leiteiros
dejetos bovinos leiteiros • O que são dejetos
• Panorama e • Características dos • Classificação dos
perspectiva sistemas de gado dejetos
da cadeia leiteiro confinado
produtiva do • Quantidade
• Sistema de de dejetos
leite no Brasil produção em free produzidos pelos
• Alternativas stall bovinos leiteiros
ambientais para • Sistema de
o tratamento • Parâmetros e
produção em características
dos dejetos Compost Barn dos dejetos
• Os regimes de
confinamento e
a produção de
dejetos

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Aula 4 | Aula 5 | Métodos Aula 6 | Impacto


Consumo de água de racionalização da alimentação
pelos bovinos do uso da água na produção de
leiteiros • Distribuição da dejetos
• Importância água no planeta • Impacto
da água na • Métodos de ambiental da
bovinocultura racionalização fermentação
leiteira do uso da água ruminal
• Requerimento na bovinocultura • Grupos de
diário de água leiteira: prevenção alimentos na
dos bovinos dos desperdícios, bovinocultura
• Fatores que coleta da água da leiteira
influenciam o chuva e reuso da • Nutrição de
consumo de água bovinos e
água • Mensuração do produção de
consumo de água metano

Siga em frente para conferir a primeira aula!

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Aula 1:
Bovinocultura
leiteira e
tratamento dos
dejetos
A cadeia produtiva do leite é uma das mais importantes atividades
econômicas do País. Veja alguns números para ter uma dimensão
do negócio:

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Crescimento da produção leiteira


A Embrapa Gado de Leite, jun-
tamente com algumas empre-
sas do segmento, destaca que
o crescimento da produção lei-
teira será sustentado mais pe-
las melhorias na gestão das fa-
zendas e na produtividade dos
animais, do que pelo número
de vacas em lactação (BRA-
SIL, 2018; ZOCCAL, 2018).
Ou seja, há uma tendência de
ganhos em escalas por meio de
incorporação de tecnologias e
melhorias na gestão (BRASIL,
2018).
Acompanhe na tabela a seguir o panorama e a perspectiva da produção
de leite no País.

Tabela 1 – Produção anual, importação, exportação e consumo de leite


no período entre 2016 e 2028. Dados expressos em milhões de litros.

Consumo
per capita
Ano Produção Importação Exportação Consumo de lácteos
(litros/
habitante)

2016 33.656 1.880 236 35.301 171

2017 34.490 1.270 137 34.624 167

2018 35.277 1.271 141 36.317 -

2022 38.526 1.274 157 39.606 -

2028 43.399 1.280 182 44.586 -

Fonte: adaptado de Brasil (2018) e Carvalho, Rocha e Gomes (2018), com dados do IBGE; MDIC/Aliceweb; Em-
brapa Gado de Leite.

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Alternativas para o tratamento


de dejetos
Embora a produção de leite seja uma atividade que proporciona relevante
desenvolvimento econômico e social, os animais produzem resíduos alta-
mente poluentes. Desse modo, é necessário desenvolver, validar, implan-
tar e monitorar alternativas viáveis de tratamento de dejetos (efluentes).
Acompanhe duas dessas alternativas:

Atualmente, a digestão anaeróbia dos dejetos


provenientes da produção agropecuária se des-
taca como uma forma de promover tanto a gera-
ção de energia elétrica, quanto um produto final
que pode ser utilizado como fertilizante.
Digestão
A digestão anaeróbia por meio de biodigestores
anaeróbia
é um processo para uma produção mais susten-
tável do ponto de vista da reciclagem de resídu-
os (os quais antes se caracterizavam por ser al-
tamente poluentes), gerando energia alternativa
e fertilizante orgânico.

A compostagem aeróbia dos dejetos – seja no


local onde os animais ficam alojados, como no
caso do Compost Barn, seja separadamente,
Compvostagem como na compostagem mecanizada, quando os
aeróbia dejetos são coletados e encaminhados para um
sistema independente – representam outras al-
ternativas tecnicamente viáveis de transformar
os dejetos brutos em biofertilizantes.

Estas duas alternativas agregam sustentabilidade ao


negócio!

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Regimes de confinamento e produção


de dejetos
Os animais em sistemas de
produção de leite podem per-
manecer em regime de confi-
namento, semiconfinamento
ou livres a pasto.
Contudo, diferentemente do
que ocorre na bovinocultura
de corte, mesmo nos casos
em que estão semiconfina-
dos e livres a pasto, os bovi-
nos leiteiros ficarão confina-
dos por pelo menos algumas Semiconfinamento
Os bovinos permanecem em piquetes
horas durante o dia no local durante uma parte do dia.
destinado à ordenha.

Assim, parte dos dejetos produzidos em unidades leiteiras tendem a ficar


concentrados no curral ou na sala de ordenha, sendo possível encami-
nhá-los para algum sistema de tratamento.

Lá na fazenda Rio Novo


Em muitas propriedades, a geração dos resíduos na
bovinocultura de leite advém principalmente do esterco
puro e/ou diluído com água, recolhido na sala de orde-
nha, e do esterco acrescentado à cama dos estábulos.
E lá na fazenda Rio Novo não é diferente.

Isso significa que todas as propriedades que trabalham


com gado de leite de forma intensiva produzem diaria-
mente um determinado volume de dejetos de animais
que demandam um tratamento e destino coerente com
a sua escala.

Ao mesmo tempo em que essa situação exige uma so-


lução, representa também uma oportunidade! Por que,
então, não unir o útil ao agradável?

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Na próxima aula, falaremos um pouco mais sobre os sistemas de produ-


ção de bovinos leiteiros no Brasil. Vamos lá?

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Aula 2:
Caracterização dos
sistemas de produção
de bovinos leiteiros
Os sistemas de produção de bovinos leiteiros mais utilizados no Brasil são a
criação a pasto – com ou sem suplementação – e os sistemas confinados.

Criação a pasto.

Sistemas confinados

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Aqui, neste curso, vamos abordar os sistemas confinados pelo fato de


deixarem um acúmulo de dejetos em um mesmo local da propriedade e
estes demandarem tratamentos adequados. Os mais utilizados são o se-
miconfinamento, o free stall e o Compost Barn.

Lá na fazenda Rio Novo


O Compost Barn vem crescendo em importância aqui no
Brasil, pois muitos produtores que antes trabalhavam a
pasto agora estão confinando os animais para ganhar
escala e, além disso, passaram a utilizar a antiga área de
pastoreio para a produção de grãos e forragem.

E é essa estratégia que pretendo adotar na proprieda-


de Rio Novo!

Sistemas confinados
A principal característica dos sistemas de gado leiteiro confinado é o for-
necimento do alimento exclusivamente no cocho. A base da alimentação
são os alimentos conservados, como as silagens de milho e sorgo, fenos e
gramíneas de alta qualidade balanceados com concentrados.
No Cerrado brasileiro, os rebanhos são for-
mados por animais híbridos ou puros das Híbridos
Cruzados.
raças Girolando, Holandês, Gir leiteiro, Guzerá
leiteiro, Jersey, entre outras.

Mão na terra
A alta quantidade de dejetos produzidos por unidade de
área, característica dos sistemas confinados, pode ser
considerada um problema ou uma oportunidade, já que
é possível transformar esses efluentes para posterior
utilização dos coprodutos derivados.

Efluentes Eu prefiro enxergar essa situação como uma oportuni-


Resíduos dade! Mas é bom que se saiba: manejar esses dejetos é
provenientes um desafio que envolve conhecimento técnico e inves-
das atividades timentos.
humanas.
Continue comigo nesse curso para adquirir esses co-
nhecimentos!

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Quer aprofundar seus conhecimentos no assunto? Você


pode consultar o seguinte material na biblioteca do curso:

• Gado de leite: O produtor pergunta, a Embrapa res-


ponde. Coleção 500 perguntas - 500 respostas” –
Fala sobre a caracterização dos sistemas de produção
de bovinos leiteiros.

Sistema de produção em free stall


O primeiro sistema de produção que iremos abordar é o free stall. Ele sur-
giu nos Estados Unidos, na década de 1950, e de lá se expandiu com rapi-
dez para os outros países devido à facilidade de produção de um grande
volume de leite em uma área restrita. Este modelo chegou ao Brasil e se
tornou comum a partir da década de 1980.
Esse sistema é caracterizado
por um galpão coberto onde
os bovinos têm acesso a ali-
mentação em uma área res-
trita para este fim, bem como
a uma área dedicada a exercí-
cios e descanso das vacas, em
baias individuais forradas com
material de cama. Material de cama
Palha, areia, maravalha,
material emborrachado.
Os animais têm acesso livre às
baias – daí o nome “free stall” –,
onde eles descansam, embora não se permita que eles se virem.
Quando deitadas, as vacas
permanecem com o úbere e as
pernas dentro da baia, enquan-
to os dejetos são excretados
em um corredor de limpeza.
O corredor de limpeza é onde
os dejetos são depositados
para posterior remoção e tra-
tamento. Recomenda-se que
tenha declividade entre 1% a

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1,5% para facilitar o escoamento. A remoção dos dejetos nesse corredor


pode ser mecanizada com o uso de trator com lâmina frontal ou por uma
lâmina que automatiza a limpeza (raspador).

Quando o gado leiteiro é mantido no sistema free


stall, o esterco pode ser manejado nas formas líquida,
semissólida e sólida. No entanto, o ideal para evitar a
emissão de gases na atmosfera é fazer o tratamento
do dejeto fresco, evitando que se decomponha a céu
aberto.

Nesta situação ideal, os efluentes brutos são coletados,


homogeneizados e tratados na forma líquida.

Efluentes brutos
Urina, fezes e água.

Sistema de produção em
Compost Barn
O segundo sistema de produ-
ção que abordaremos é o Com-
post Barn.
Esse é um sistema utilizado
para bovinos leiteiros com base
em uma área de descanso co-
letivo coberta e livre de divisó-
rias para as vacas se movimen-
tarem, com a cama constituída Material orgânico
Serragem ou maravalha, por exemplo.
de material orgânico.

Material orgânico
No Compost de Barn, o piso do 40 cm de cama.
galpão é coberto com matéria
orgânica, de modo que os bovinos não tenham contato permanente com
a superfície de concreto.

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Neste sistema, é fornecido mais espaço para as vacas do que no free stall,
pois não existem divisórias delimitando o espaço para cada animal.
As características deste siste-
ma são a necessidade de ma-
terial para a cama e de revol-
vimento diário do composto,
para permitir a aeração.
As fezes e a urina dos animais
são misturadas com o material
da cama, por isso o nome do
sistema, pois ocorre um pro-
cesso de compostagem a par-
tir dessa mistura.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Lá na fazenda Rio Novo


Lembra quando lhe falei que estamos planejando im-
plantar o Compost Barn lá na fazenda Rio Novo?

Quando dei essa ideia para o meu avô, o Sr. Antônio, ele
ficou bastante empolgado. Mas foi só eu virar as costas
que as dúvidas começaram a surgir... O espaço para o
galpão nós já temos, então ele resolveu perguntar para
o Marcos, técnico do SENAR que presta assistência nas
propriedades daqui da região, como deveria ser a tal
“cama”...

O Marcos enviou uma explicação bem completa. Confira!

Mas, vô, pode contar comigo também! Afinal, dessa téc-


nica eu entendo!

Dica do Técnico

Oi, Seu Antônio. Tudo bem com o senhor?

Essa é uma dúvida importante.

A cama pode ser feita de diferentes materiais, como, por exemplo:


maravalha, serragem, casca de arroz, de café, de amendoim...

O mais importante é que o material usado não deve ter uma de-
composição muito rápida, e nem muito demorada. Se não, o resul-
tado da compostagem não vai ser tão bom.

Depois de um certo tempo de uso, a mistura formada pelo mate-


rial da cama e pelos dejetos dos animais é retirada, gerando um
biofertilizante.

E olha que interessante: esse biofertilizante pode ser usado na sua


própria fazenda ou, então, ser comercializado, gerando mais uma
fonte de renda pra vocês.

Estou torcendo aqui pra implantarem esse sistema! Podem contar


comigo pro que precisarem! Um grande abraço!

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Fora da área de compostagem, há também:


• a área de alimentação, onde estão os bebedouros e comedouros;
• o curral de espera;
• a sala da ordenha.

Os efluentes brutos destas áreas, Efluentes brutos


no entanto, devem ser recolhidos e Fezes, urina, água residuária.
tratados por outro sistema, pois não
formam o composto.

Os relatos dos produtores que adotaram este sistema


destacam que o bem-estar das vacas é superior,
pois elas permanecem em um ambiente confortável
e apresentam menos problemas de cascos, o que
resulta em aumento na produção de leite e outros
índices de desempenho, como a longevidade.

De olho nos valores


O seu Antônio também estava preocupado com os custos para
implantar o Compost Barn.

Calma, vô... Nesse sistema, os custos iniciais com instalações são


menores quando comparados aos do free stall.

Além disso, o Compost Barn ainda pode minimizar as despesas


com o manejo de dejetos e reduzir a necessidade de água, quan-
do comparado com outros sistemas intensivos.

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Quer aprofundar seus conhecimentos no assunto? Você


pode consultar o seguinte material na biblioteca do curso:

• “Compost Barn: um novo sistema para a atividade


leiteira”.

Na próxima aula, vamos caracterizar os dejetos de bovinos leiteiros.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Aula 3:
Caracterização dos
dejetos de bovinos
leiteiros
O termo dejeto é utilizado para des-
Material excretado pelos animais
crever não apenas o material excre- Urina e fezes.
tado pelos animais, mas também:
• a cama utilizada que escoa junto
da urina e das fezes;
• a água de consumo desperdiça-
da dos bebedouros;
• a água da lavagem das instala-
ções;
• o alimento desperdiçado;
• os pelos.

Os dejetos podem ser classificados em quatro categorias de acordo com


sua porcentagem de sólidos, o que determina seu grau de consistência. É
essa consistência dos dejetos que vai determinar qual será a melhor forma
de manejo. Veja:

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Quadro 1 – Classificação dos dejetos conforme sua porcentagem de


sólidos e características de manejo.

Classificação Sólidos Características

Podem ser manuseados como um líquido,


Líquido Até 4%
utilizando equipamento de irrigação.

Podem requerer bombeamento. Dejetos de


vacas leiteiras misturados com a água de
Pastoso 4-10%
limpeza da sala de ordenha geralmente são
pastosos.

Muito comum em sistemas de produção


leiteira. São dejetos muito sólidos para
serem bombeados e muito líquidos para
Semissólido 10-20%
serem retirados com uma pá carregadeira.
Por isso, pode ser necessário adicionar
água para o manuseio.

20% ou Podem ser manuseados com pá


Sólido
mais carregadeira ou garfo.

Fonte: elaborado com dados de Lorimor e Powers (2004).

Quantidade de dejetos produzidos

O Marcos, técnico do SENAR, está nos ajudando com o


tratamento dos dejetos na fazenda Rio Novo. E meu vô
fez uma pergunta interessante a ele: quanto de dejeto
o gado produz por dia?

Além de responder com uma mensagem esclarecedo-


ra, o Marcos ainda nos encaminhou uma tabela com-
pleta para facilitar o cálculo.

Leia a mensagem e consulte a tabela!

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Dica do Técnico
Dica do Técnico

Olha, Seu Antônio...


Olha, Seu Antônio...
A quantidade de dejetos produzida diariamente pelos
A quantidade de dejetos
bovinos leiteirosproduzida diariamente
pode variar pelos uma
bastante entre bovinos
pro-
leiteiros pode variar ebastante
priedade outra. entre uma propriedade e outra.
Isso ocorreIsso
porque
ocorrea quantidade produzidaproduzida
porque a quantidade depende depende
de muitosde
fatores, como o programa alimentar e a composição
muitos fatores, como o programa alimentar e a compo- da dieta dos
animais. Dietas
sição àdabase
dietadedosforragem,
animais.por exemplo,
Dietas à basegeram maior
de forragem,
volume de por
dejetos do quegeram
exemplo, dietasmaior
à basevolume
de grãos.
de dejetos do que
dietas à base de grãos.
Depende, também, da composição genética do rebanho, da idade
dos animais, da produtividade
Depende, também, das vacas, do conforto
da composição genética ambiental
do reba-
nho,
(que impacta noda idade dos
consumo animais,
de água), da da produtividade
sazonalidade, das va-
do manejo
cas, do conforto ambiental (que impacta no consumo
da propriedade...
de água), da sazonalidade, do manejo da propriedade...
É por isso que eu digo que o ideal é medir e monitorar os dejetos
produzidosÉna por isso que
própria eu digo que o ideal é medir e monitorar
propriedade.
os dejetos produzidos na própria propriedade.
Mas não vou te deixar na mão, Seu Antônio. Vou te contar como
Mas não
esse valor pode vou te deixar na mão, Seu Antônio. Vou te
ser estimado.
contar como esse valor pode ser estimado.
Alguns estudos realizados por pesquisadores da Embrapa mos-
traram queAlguns
uma vacaestudos
leiteirarealizados
elimina opor pesquisadores
equivalente a 9% doda seu
Em-
brapa
peso vivo por dia.mostraram
Desse volume que uma
total,vaca
60%leiteira elimina
são fezes com o equi-
teor
valente
de água de 85%. a 9% do seu peso vivo por dia. Desse volume
total, 60% são fezes com teor de água de 85%.
É bom considerar, também, que esses valores são mais expres-
É bom considerar, também, que esses valores são mais
sivos nos sistemas de produção em confinamento, porque você
expressivos nos sistemas de produção em confinamen-
tem uma grande quantidade de animais gerando resíduos em um
to, porque você tem uma grande quantidade de ani-
espaço muito limitado.
mais gerando resíduos em um espaço muito limitado.
Tô te encaminhando uma tabelauma
Tô te encaminhando comtabela
umas com
estimativas mais de-
umas estimativas
talhadas. Dá uma
mais olhada aí e,Dá
detalhadas. seuma
tiver olhada
dúvida,aíme
e, dá
se um
tivertoque!
dúvida,
me dá um toque!

Veja a tabela encaminhada pelo Marcos:

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Tabela 2 – Produção e características dos dejetos de bovinos leiteiros


(valores em animal/dia). As características reais dos dejetos podem variar
em torno de 30% dos valores tabelados, devido à genética, à dieta, ao
desempenho dos animais e ao manejo da propriedade.

Conteúdo de
Peso DT Água Densidade ST SV DBO
nutrientes
Animal

(kg) (kg) (%) (kg/m3) (kg/dia) (kg/dia) (kg/dia) (kg N) Kg (P2O5) (K2O)

Bezerra 68,0 5,4 88 1041 0,64 0,54 0,09 0,03 0,004 0,02

113,4 9,1 88 1041 1,09 0,91 0,14 0,05 0,01 0,04

Novilha 340,2 20,4 88 1041 3,04 2,59 0,31 0,10 0,04 0,10

453,6 27,2 88 1041 4,04 3,45 0,42 0,14 0,05 0,14

Vaca em
453,6 50,3 88 993 6,49 5,49 0,76 0,33 0,17 0,18
lactação

635,0 70,3 88 993 9,07 7,71 1,06 0,46 0,24 0,26

Vaca seca 453,6 23,1 88 993 2,95 2,49 0,34 0,14 0,05 0,11

635,0 32,2 88 993 4,13 3,49 0,47 0,19 0,07 0,15

771,1 39,5 88 993 4,99 4,22 0,58 0,23 0,08 0,18

Vitela 113,4 3,0 96 993 0,12 0,05 0,02 0,01 0,01 0,02

DT = dejetos totais; ST = sólidos totais; SV = sólidos voláteis; DBO = demanda bioquímica de oxigênio (oxigênio
utilizado na oxidação bioquímica da matéria orgânica em cinco dias, a 20 ºC)

Fonte: Adaptado de Lorimor e Powers (2004).

Mão na terra
Vamos a um exemplo prático.

Considere um sistema free stall com 100 vacas em lac-


tação, as quais apresentam peso médio de 450 kg, pro-
duzindo 50 kg/dia de esterco cada uma (dejetos totais).

Se forem adicionados a esse volume a água de consu-


mo que foi desperdiçada, a água de lavagem da orde-
nha, entre outros, estima-se a produção de até 100 kg/
dia de efluentes brutos.

Isso totaliza cerca de 10.000 kg/dia (ou 10 m3/dia) a


serem coletados, estocados, tratados, transportados
e utilizados!

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Analisando os parâmetros dos dejetos


Vamos analisar alguns dos parâmetros que aparecem na Tabela 2, refe-
rentes às características dos dejetos de bovinos de leite:

A quantidade de nitrogênio presente nos deje-


tos tem grande importância poluidora, uma vez
que esse elemento é indispensável para o cresci-
mento de algas, podendo causar eutrofização de
Quantidade de lagos e represas.
nitrogênio Além disso, o nitrogênio presente nos processos
de conversão de amônia em nitrito, e de nitrito
em nitrato, implica no consumo de oxigênio dis-
solvido na água. Por sua vez, o nitrogênio na for-
ma de amônia livre é tóxico para os peixes, e na
forma de nitrato está associado a doenças.

A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) é o


Demanda parâmetro mais comum para mensurar o poten-
bioquímica de cial de poluição de resíduos orgânicos.
oxigênio Esse parâmetro envolve a medida de oxigênio
dissolvido utilizado pelos microrganismos na
oxidação da matéria orgânica.

A quantidade de sólidos voláteis nos dejetos é


um dos parâmetros mais relevantes para estimar
Quantidade de
a produção de biogás.
sólidos voláteis
Os sólidos voláteis representam a fração orgâni-
ca do material que será fermentada no biodiges-
tor para produzir o biogás.

Eutrofização
Adição excessiva de nutrientes no corpo d´água, fazendo com que organismos que
se alimentam desses nutrientes cresçam rapidamente, como é o caso das algas.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Além desses parâmetros, temos, ainda, a capacidade de produção de


metano (B0), que compreende a máxima produção de metano possível a
partir de determinada biomassa.
As médias e os intervalos mínimos e máximos para a capacidade de pro-
dução de metano de diferentes espécies, de acordo com dados da litera-
tura, estão descritos na tabela a seguir.

Tabela 3 – Capacidade de produção de gás metano de acordo com a


categoria animal.

B0 (m3 de metano/kg
de sólidos voláteis)
Categoria

Volume mínimo Volume médio Volume máximo

Suínos 0,32 0,38 0,44

Bovinos
0,10 0,15 0,21
de leite

Bovinos
0,12 0,17 0,23
de corte

Fonte: adaptado de Mito et al. (2018).

Nosso próximo assunto será o consumo de água pelos bovinos leiteiros.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Aula 4:
Consumo de água
pelos bovinos
leiteiros
O nutriente mais importante para os bovinos leiteiros é a água, pois ela
está envolvida nos processos de:
• digestão e metabolismo;
• eliminação de elementos
não aproveitáveis por meio
da urina, das fezes e da
respiração;
• controle da temperatura
corporal.

Além disso, a água é o prin-


cipal elemento constituinte
do leite, perfazendo cerca de
90% desse produto.

Requerimento diário de água


O requerimento diário de água dos bovinos varia significativamente
devido a vários fatores, tais como: tamanho do animal, genética, fase de
crescimento, ingestão de matéria seca na dieta, produção diária de leite,
temperatura e umidade relativa do ar e ingestão de sódio.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Além desses fatores, é necessá-


rio considerar que a temperatura Aspectos de qualidade
Como salinidade e impurezas.
da água e aspectos de qualidade
que afetem o sabor e odor tam-
bém influenciam o consumo diário de água pelos bovinos.

Fatores que influenciam o consumo de água


Bovinos leiteiros

Fonte: Adaptado de Palhares (2013).

Você deve ter percebido que o consumo de água para a dessedentação é


influenciado por muitos fatores. No entanto, se o produtor não tiver con-
dições de mensurar esse volume na sua própria condição, é recomendado
utilizar valores de referência de acordo com as categorias de animais que
compõem o seu rebanho. A tabela abaixo apresenta essas informações.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Tabela 4 – Consumo de água de dessedentação* por


bovinos leiteiros.

Categoria animal Litros de água/dia

Vaca em lactação 64

Vaca e novilha no final da gestação 51

Vaca seca e novilha gestante 45

Bezerro lactente (a pasto) 12

*Considerando intervalos de temperatura entre 21 °C e 32 °C.


Fonte: Adaptado de Palhares (2013).

Mão na terra
São muitos os fatores, mas posso te garantir que o prin-
cipal fator que influencia o livre consumo de água é o
conteúdo de matéria seca na dieta.

Alimentos com alta umidade, como silagens ou pasta-


gens, têm altos teores de água. Já o feno, por exemplo,
tem baixos teores.

É impossível estruturarmos um projeto de produção de


leite sem antes nos certificarmos sobre o fornecimento
de água em quantidade e qualidade para atender não
apenas aos animais, mas também aos processos de hi-
gienização das instalações.

Na sequência, veremos alguns métodos de racionalização do uso da


água nas propriedades leiteiras.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Aula 5:
Métodos de
racionalização do
uso da água
Antes de pensarmos em qualquer sistema de tratamento de dejetos, deve-
mos adotar medidas com a finalidade de reduzir a produção dos efluentes.
Nesse sentido, é fundamental focar no uso eficiente do alimento e da água.

A água
A água é um recurso natural
limitado e essencial para qual-
quer atividade agropecuária.
Portanto, deve receber atenção
especial dos produtores, técni-
cos e funcionários.
As fontes de água utilizadas em
propriedades rurais podem ter
três origens: pluvial, subterrâ-
nea ou superficial. As fontes
subterrâneas são os lençóis
freáticos. As fontes superficiais
são formadas pelos rios, lagos,
canais etc.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Distribuição da água no planeta

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Lá na fazenda Rio Novo


É por isso que lá na fazenda Rio Novo eu recomendo:
vamos deixar a água de boa qualidade para atividades
mais nobres, dessa maneira reduzindo a demanda so-
bre as nascentes de água (subterrânea) e, consequen-
temente, contribuindo para a conservação dos recur-
sos hídricos.

Métodos de racionalização
Os métodos de racionalização do uso da água na bovinocultura leiteira
devem compor o rol de medidas ligadas à sustentabilidade ambiental.
Cabe destacar aqui três medidas passíveis de serem implantadas na rea-
lidade brasileira, com o objetivo de economizar água e reduzir o volume
de dejetos produzidos. São elas: a prevenção dos desperdícios, a coleta
da água da chuva e o reúso da água (reaproveitamento).

Prevenção dos desperdícios


O excesso de diluição do dejeto que posteriormente deverá ser tratado re-
presenta um fator antieconômico. Alguns cuidados são necessários para
evitar a diluição dos dejetos, como:
• desvio da água da chuva do sistema de tratamento;
• diminuição dos desperdícios nos bebedouros;
• aperfeiçoamento da limpeza das
instalações, promovendo a ras- Raspagem dos dejetos
pagem dos dejetos antes da uti- Limpeza a seco.
lização de água.

Os bebedouros devem oferecer água em quantidade e qualidade para


saciar a sede dos bovinos, mas não devem apresentar vazamentos.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Devem ser dimensionados con-


siderando:
• o período de máximo consu-
mo, que geralmente ocorre
nos meses mais quentes do
ano;
• o número de animais por lote;
• o tipo de dieta fornecida.

Mão na terra
Existem diversos modelos de bebedouros disponíveis,
com diferentes capacidades de armazenamento.

O mais importante é que consigam suprir a exigência


diária de água dos animais e sejam mantidos limpos e
sem vazamentos!

Outras formas de eficazes de economia de água são:


• optar, sempre que possível, pela limpeza a seco por meio da raspagem
do piso em substituição à lavagem com fluxo contínuo;
• realizar a lavagem das instalações e equipamentos utilizando água
quente, pois facilita a remoção de gordura;
• efetuar a limpeza das instalações destinadas ao confinamento de bo-
vinos com sistemas de água de alta pressão com baixa vazão (lava-
jatos);
• fazer uso de produtos detergentes.

Coleta da água da chuva


A captação da água da chuva é um processo simples que tem sido ado-
tado cada vez mais frequentemente nas propriedades rurais.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Consiste em conduzir a água captada dos telhados das casas e dos


galpões, por meio de calhas e encanamentos, até cisternas ou outro tipo
de reservatório.

O uso que pode ser dado depende da qualidade da água coletada. As-
sim, quanto mais for investido em tecnologia de coleta e armazenamen-
to, maior será a qualidade da água e as possibilidades de uso e destino.

A utilização da água para fins mais nobres, como para a dessedentação


dos animais e higienização dos equipamentos de ordenha, dependerá da
não contaminação dessa água com microrganismos patogênicos. In-
dependentemente disso, a propriedade poderá utilizar a água da chuva
para outros fins, como para a lavagem das instalações.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Mão na terra
O armazenamento da água da chuva pode ser feito de
várias formas: em cisternas construídas no solo ou por
meio do uso de materiais como mantas, fibra de vidro,
alvenaria etc.

Para dimensionar a cisterna, deverá ser considerada a


precipitação local, a demanda de consumo de água, a du-
ração do período seco e a área de superfície de captação.

Veja algumas vantagens do aproveitamento da água da chuva:


• é gratuito;
• gera economia na utilização da água potável. Por exemplo: a água da
chuva substitui a água potável na lavagem dos pisos;
• tem baixo custo o sistema de captação (tanto em investimento e quan-
to em manutenção);
• oferece possibilidade de uso para inúmeras atividades na propriedade,
dependendo da qualidade da água armazenada na cisterna (como, por
exemplo, na agricultura);
• colabora com a segurança hídrica da propriedade.

Reúso da água
A água residuária é aquela descartada após utilização em diversas ativi-
dades ou processos, seja ela tratada ou não. Os efluentes resultantes do
biodigestor também são classificados como água residuária.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

De forma geral, a vazão de águas residuárias geradas na criação de ani-


mais depende:
• do número de animais con-
finados;
• da quantidade de água des-
perdiçada nos bebedouros;
• da quantidade de água usa-
da na higienização das ins-
talações e no transporte hi-
dráulico dos dejetos;
• da existência ou não de sis-
temas de isolamento para
evitar a incorporação de
águas pluviais.

Já a água de reúso é a água residuária que se encontra dentro dos pa-


drões exigidos para sua utilização nos fins pretendidos. As característi-
cas químicas e físicas das águas residuárias são bastante variáveis, pois
dependem da digestibilidade e da composição da dieta, além da idade
dos animais.

A reutilização de águas residuárias é um método


de gestão sustentável dos recursos hídricos nas
propriedades rurais e aparece como um substituto ao
uso de águas de boa qualidade.

Lá na fazenda Rio Novo


Nas propriedades produtoras de leite aqui no Brasil, uma
das formas de reúso mais frequentes é o reúso da água,
após o tratamento do biodigestor, para lavagem dos pi-
sos e tubulações dos dejetos. Ou seja, a reutilização é fei-
ta naqueles processos menos exigentes de qualidade da
água. E é isso o que pretendo fazer na fazenda Rio Novo.

É muito importante destacar que a água de reúso não


deve ser utilizada para a limpeza da sala de ordenha ou
de equipamentos. Já alertei o seu Antônio quanto a isso...

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Um estudo realizado pela Em-


brapa Gado de Leite constatou
que, com o reúso, é possível
obter uma economia de água
na ordem de 82,5% a 86,0%.
O consumo estimado de água
em sistemas que fazem lim-
peza hidráulica dos pisos do
curral é de 200 a 250 litros/
unidade por animal/dia.

Mensuração do consumo de água

A mensuração do consumo de
água é um procedimento im-
portante. A utilização de hidrô-
metros é uma forma simples
de realizar essas medições.
Se soubermos qual é o consu-
mo regular da propriedade e
compararmos com a demanda
dos animais e a quantidade de
água necessária nos demais
processos de produção, os
registros podem nos indicar
se há vazamentos no sistema
ou alto consumo por alguma
particularidade.

Tudo aquilo que se mede passa a ser gerenciado. O


impacto ambiental e econômico da mensuração do
consumo de água e das medidas corretivas deve ser
uma motivação para os técnicos e pecuaristas.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Quer aprofundar seus conhecimentos no assunto? Você pode


consultar os seguintes materiais na biblioteca do curso:

• Comunicado Técnico nº 78 (“Reaproveitamento de água re-


siduária em sistemas de produção de leite em confinamen-
to”) – Trata sobre métodos de racionalização do uso da água
na bovinocultura leiteira;
• Cartilha “Gestão da Água na Suinocultura” – Trata sobre
métodos de racionalização do uso da água na suinocultura.

Na sequência, conheceremos os impactos da alimentação na produção


de dejetos de bovinos leiteiros. Siga em frente!

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Aula 6:
Impacto da
alimentação na
produção de dejetos
A principal caraterística da alimentação dos ruminantes é o marcante im-
pacto da fermentação ruminal. Ela é resultado do processo evolutivo de
milhares de anos que permite a estas
espécies, dotadas de quatro estômagos,
o processamento de alimentos fibro- Alimentos fibrosos
Pastos, silagem, feno e palhadas.
sos, ricos em celulose, o que contribui
para a produção de alimentos nobres,
como o leite e a carne. Nós humanos,
por exemplo, não temos a mesma capacidade de consumir esses tipos de
alimentos fibrosos.
Devido a esta fermentação, no entanto, um grande número de bovinos
confinados em pequenas áreas aumenta os riscos de ocorrência de pro-
blemas ambientais. Portanto, adotar programas adequados de nutrição,
alimentação e manejo é fundamental para reduzir esses riscos.

Formulação da dieta
O excesso de nutrientes na dieta não é assimilado nem para a manuten-
ção do animal, e nem para a produção de leite. Esse excedente é elimina-
do nas fezes e na urina, o que contribui para a poluição ambiental e au-
mento do custo de produção – por meio dos nutrientes desperdiçados.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Portanto, a dieta elaborada


para cada fase do ciclo de
produção de leite deve ser
formulada de acordo com os
melhores padrões científicos
e fornecida de maneira ade-
quada, proporcionando me-
nores volumes
de dejetos.
Nesse sentido, devem ser
considerados os produtos e
as tecnologias utilizadas na
ração que melhoram o de-
sempenho e a eficiência na
conversão do alimento em leite.

Mão na terra
A melhor conversão alimentar é aquela em que os nu-
trientes fornecidos estão nas quantidades mais próxi-
mas às necessidades dos animais, nem de forma escas-
sa e nem em excesso.

Assim, proporcionalmente, haverá maior produção de


leite e menor consumo de alimentos, o que significa me-
nor perda de nutrientes para o ambiente na forma de
fezes, urinas e gases. Além disso, o sistema de aprovei-
tamento dos dejetos não será sobrecarregado.

Grupos de alimentos
Os bovinos confinados são alimentados com dois grupos de alimentos:

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Alimentos volumosos
Os alimentos volumosos são compostos por mais de
18% de fibra bruta e apresentam baixo valor energéti-
co, ou menos de 60% de nutrientes digestíveis totais.
Exemplos: forrageiras, silagens (milho, sorgo, capim,
cana-de-açúcar), fenos, restos culturais e resíduos de
agroindústrias.

Alimentos concentrados
Os alimentos concentrados possuem menos de 18% de
fibra bruta e apresentam alto valor energético, ou mais
de 60% de nutrientes digestíveis totais.
Exemplos: concentrados energéticos (menos de 20%
de proteína bruta), que são os grãos e cereais (milho,
sorgo, trigo, arroz, melaço, polpa cítrica); raízes e tu-
bérculos (mandioca, batata); óleos de origem vegetal; e
concentrados proteicos (mais de 20% de proteína bru-
ta), que correspondem às oleaginosas (farelo de soja,
farelo e caroço de algodão, farelo de amendoim).

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

As dietas com mais alimentos concentrados reduzem as emissões de


metano entérico pelos animais e favorecem o meio ambiente.
Já a produção de forragens conservadas está associada a um impacto
ambiental variável, em função das etapas executadas durante o processo
de geração do alimento.

Sempre que reduzimos as perdas durante os


processos de conservação, estamos sendo mais
eficientes. E este é o objetivo a ser perseguido!

O uso de tratores e implementos mais eficientes é um


método que contribui para mitigar as emissões de gases
do efeito estufa (GEEs) na agricultura. Isso porque o
consumo de combustíveis fósseis, fator responsável pelo
impacto ambiental, acaba sendo reduzido.

Alimentação dos bovinos e produção


de metano
Uma nutrição adequada propicia o aumento das taxas de passagem e
de fermentação e a diminuição do tempo em que o alimento permanece
no rúmen do animal. Essas condições reduzem a quantidade de hidro-
gênio disponível para a produção do gás metano.
A manipulação da dieta dos ruminantes é uma alternativa para a dimi-
nuição da produção de metano, bem como para a redução das perdas
energéticas pelo animal. Alguns dos fatores que interferem na liberação
de metano pelos bovinos incluem:

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

• o nível de ingestão de alimento;


• o tipo de carboidrato ingerido;
• o processamento da forragem;
• a adição de lipídios;
• a manipulação da microflora ruminal, incluindo o uso de ionóforos.

A utilização de aditivos alimentares como ionóforos,


extratos de plantas, ácidos orgânicos, probióticos e
enzimas reduzem as perdas e o impacto ambiental.

A redução da produção do metano (CH4) está associada à dimi-


nuição das populações de protozoários no rúmen dos animais, já
que estes são conhecidos por produzir hidrogênio e ter relação
simbiótica com as bactérias metanogênicas.

Dessa forma, ao diminuir a população de protozoários no rúmen


ocorre a consequente diminuição de transferência de hidrogê-
nio entre protozoários e bactérias metanogênicas, o que reduz a
produção de metano.

No entanto, as mudanças na composição da dieta, que provo-


cam a diminuição da população de protozoários, também podem
gerar distúrbios prejudiciais ao animal.

Com esse assunto, finalizamos o Módulo 2 do curso. No terceiro e último


módulo, teremos uma abordagem mais prática, focando no tratamento
de dejetos de bovinos leiteiros propriamente dito.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Atividade de
aprendizagem
Chegou o momento de verificar sua compreensão dos conceitos apre-
sentados até aqui.

As atividades aqui na apostila servem apenas para você


ler e respondê-las com mais tranquilidade.

Entretanto, você deverá acessar o AVA e responder lá


as questões. Você terá duas tentativas e só desbloque-
ará o próximo módulo depois que:

(1) acertar as questões; ou

(2) usar todas as suas tentativas.

Questão 1
No que diz respeito ao sistema Compost Barn, assinale a alternativa correta.
a) O galpão Compost Barn possui alojamentos individuais para cada
vaca, onde elas permanecem deitadas sobre uma cama que pode
ser de palha ou maravalha.
b) A principal característica do sistema Compost Barn é a utilização de
uma cama de material orgânico que cobre toda a superfície de solo
do galpão.
c) Nesse sistema, a cama de material orgânico pode ficar em contato
direto com o solo e ter entre 50 e 70 cm de altura.
d) A área de alimentação onde ficam bebedouros e comedouros loca-
liza-se dentro da área de Compost Barn. Nesse mesmo local é feito
o aproveitamento de água e de alimento desperdiçados a fim de
auxiliar o próprio processo de compostagem.

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Módulo 2 – Sistemas de Produção Leiteiros e os Dejetos de Animais

Questão 2
Sobre a caracterização dos dejetos de bovinos leiteiros, assinale a alterna-
tiva correta.
a) Ao saber qual a raça do animal e o tipo de alimentação, é possível
estimar com precisão a quantidade diária de dejetos produzidos.
b) A importância do nitrogênio (N) como elemento poluidor presente
nos dejetos de animais é limitada a ocasionar aumento nos gases
de efeito estufa e prejuízo à camada de ozônio.
c) Dejetos de bovinos leiteiros têm maior capacidade de produção de
metano do que dejetos de bovinos de corte. Ao mesmo tempo, de-
jetos de bovinos de corte e de leite produzem mais metano do que
dejetos de suínos.
d) O termo “dejeto” é utilizado para descrever a urina e as fezes dos
animais, mais a cama utilizada (que escoa junto da urina e fezes), o
desperdício da água de consumo pelos bebedouros, a água da lava-
gem das instalações, o alimento desperdiçado e os pelos.

Questão 3
Sobre os métodos de racionalização do uso da água na bovinocultura lei-
teira, assinale a alternativa correta.
a) O produtor deve optar pela lavagem em fluxo de água contínuo, que
é preferencial à limpeza a seco, pois a água de lavagem será apro-
veitada para a diluição dos dejetos que serão tratados.
b) A captação da água da chuva é um processo simples, que tem o ob-
jetivo de direcionar a água dos telhados diretamente para a diluição
dos dejetos e a limpeza dos pisos das instalações.
c) O número de animais confinados e a quantidade de água desper-
diçada e usada para limpeza e no transporte dos dejetos são fato-
res que influenciam na quantidade de águas residuárias geradas na
criação.
d) As águas de reúso podem ser utilizadas para a lavagem de pisos,
nas tubulações de dejetos, na sala de ordenha e lavagem de equi-
pamentos. Propriedades que utilizam água de reúso podem econo-
mizar até 40% de água.

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