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TECNOLOGIAS UTILIZADAS PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE

Vitor Vasconcelos Tanaca¹, Everton Gabriel de França Costa¹, Lucas Koiti Hino¹, Bruno Daniel
Domingues Antunes¹, Gabriela de Godoy Cravo Arduino², Maressa de Freitas Vieira²
¹Discente do Curso de Tecnologia em Agronegócio do Instituto Federal de São Paulo - Câmpus Avaré,
trabalhodagabi@outlook.com.
²Docente do Curso de Tecnologia em Agronegócio do Instituto Federal de São Paulo - Câmpus Avaré.

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo fazer uma revisão bibliográfica acerca do aumento da
produtividade da cadeia produtiva de bovinos de corte por meio da adoção de tecnologias.
Foram buscadas publicações acadêmicas e consultados diversos livros sobre recursos
utilizados para o aumento da produtividade na produção de bovinos. As informações
foram coletadas e organizadas de modo que foram selecionados quatro temas de elevada
importância para a cadeia produtiva, sendo eles: o sistema de integração lavoura e
pecuária (ILP), a utilização da Saccharina na alimentação de bovinos durante a seca, o
método de criação confinamento para bovinos de corte e as vantagens na utilização de
forrageiras na produção de bovinos. Os resultados mostraram que essas técnicas têm sua
efetividade comprovada e, se aplicadas de maneira correta, podem trazer benefícios como
a redução dos custos de produção, melhora da qualidade da carne, maior competitividade
e eficiência dos sistemas. Como ressaltados, os benefícios obtidos por meio da adoção
dessas tecnologias deixa clara a necessidade de difundi-las no setor agropecuário.

Palavras-chave: Bovinocultura. Bovinocultura de corte. Tecnologias de Produção.

1 INTRODUÇÃO
A bovinocultura de corte é uma das cadeias mais importantes do país e também é
responsável por grande parte (8,7%) do PIB (produto interno bruto) do Brasil (ABIEC,
2019). Por conta disso, possui um mercado consumidor grande e consolidado. Vale
ressaltar que esta produção só foi possível devido às tecnologias empregadas na cadeia, e
devido a este fato as revisões deste texto tem como objetivo introduzir as temáticas
abordadas aos produtores e trabalhadores envolvidos na cadeia produtiva de bovinos de
corte. Para que o público-alvo tome conhecimento da melhora adquirida com a adoção
destas tecnologias e que elas possam ser empregadas produção de bovinos, deste modo
tendo como consequência o aumento da produtividade brasileira.
Para o presente estudo foi realizada uma revisão da literatura disponível, ou seja,
fontes primárias de informação como livros, artigos, teses, dissertações, monografias,
revistas e folhetos explicativos. Também foram utilizadas as obras literárias pertencentes
aos autores e disponíveis no acervo da Biblioteca Linda Bimbi, localizada no Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, Avaré/SP, além de sites de
busca como Scielo e Google Acadêmico. Os artigos foram escolhidos através das
palavras-chave bovinocultura, bovinocultura de corte, tecnologias de produção, bovino
de corte, alimentação, sistema de criação, forrageiras, seca e técnicas de produção.

2 DESENVOLVIMENTO DO ASSUNTO
2.1 Sistema de Integração Lavoura Pecuária (ILP)
Segundo Gléria, Silva, Santos e colaboradores (2017), com o tempo de exploração
extensiva, grandes terras foram prejudicadas e degradadas pelo grande uso do solo, isso
preocupa os produtores, mas graças à tecnologia foi possível diminuir esse impacto e até
recuperar a produtividade da área, o uso do sistema de integração lavoura e pecuária (ILP)
proporciona isso.
O ILP ou agropastoril seria o conjunto de cultivo agrícola e produção de animais,
esse sistema é usado a muitas décadas com várias intenções. Esse método vem sendo
utilizados com mais frequência e vem ganhando mais adeptos devido ao insucesso dos
modelos de produção pecuária e agrícola, ou seja, é uma estratégia de produção com
potencial de sustentabilidade por ela integrar diversas culturas como grãos, fibras, carne,
leite, agroenergia, entre outros (NASCIMENTO; CARVALHO, 2011). O principal
objetivo do ILP foi a aplicação de nutrientes no solo, na busca do enfoque especial sobre
o componente animal dentro desse sistema de produção. Nos animais foram estudados os
aspectos nutricionais e de recursos genéticos do bovino (WADT, 2003).
Com a aplicação do sistema de integração de lavoura pecuária (ILP) os produtores
tiveram uma melhora na produção e economia na adubação pela aplicação do esterco do
gado direto no solo e no uso de herbicidas por ser o alimento do gado, ou seja, é uma
aliança perfeita onde ninguém tem prejuízos (MACHADO; CECCON, 2010).
2.2 Utilização da Saccharina na alimentação de bovinos durante a seca
O problema de alimentação em época de seca tem sido resolvido com novas
tecnologias, um exemplo disso é Sacharina, que é uma espécie de silagem na qual
basicamente consiste no melhoramento de enriquecimento genético da cana-de-açúcar
por meio da fermentação em estado sólido da cana-de-açúcar, livre de palhas, sendo o
material moído adicionado de ureia e mistura de minerais, colocado para secar, resultando
em produto que pode ser armazenado. Todo seu processo é de forma artesanal conforme
se pode constatar pela descrição de obtenção feita por Leme & Demarchi (1992):
O processo de dá da seguinte forma: a) a cana-de-açúcar com pontas, livre de
palhas, deve ser desintegrada em partículas de 4,00 a 8,00 mm; b) a cana-de-açúcar
desintegrada é então espalhada em um terreiro, manualmente ou com auxílio de
máquinas, numa espessura de 3,00 a 5,00 cm (pode ser utilizada também uma área
coberta); c) misturar muito bem 15,00 kg de ureia, 5,00 kg de mistura mineral e 2,00 kg
de sulfato de amônio para cada 1000,00 kg de cana fresca; d) Distribuir essa mistura do
item anterior de modo uniforme sobre a camada fina de cana esparramada no chão e
procurar misturá-la muito bem com a cana, com o uso de enxadas ou qualquer utensílio
agrícola; e) depois de misturada, fazer uma camada espessa de cana-de-açúcar (20,00
cm), para que a temperatura e a umidade sejam adequadas para que ocorra a fermentação;
f) movimentar a cana várias vezes durante o dia, para que entre oxigênio no meio da cana,
e a fermentação seja aumentada. Um ou dois dias depois de iniciado o processo, fazer
novamente uma camada fina (3,00 cm) para secagem do produto, normalmente ocorrida
em mais dois dias; g) após a secagem, a Sacharina pode ser armazenada em sacos ou a
granel, em lugar seco durante no máximo seis meses.
Segundo Elias et al. (1990), esse processo ocorre devido a variabilidade dos
carboidratos solúveis e conteúdo celular que fazem parte da composição da cana, os
açucares da cana-de-açúcar e o nitrogênio da ureia são utilizados para o crescimento da
microbiota epífita da cana, que resultará o crescimento da proteína. Segundo Almeida
(1997), mesmo com as recomendações quanto às etapas a serem seguidas para a obtenção
do produto, o que se observa é a grande variabilidade na composição química das
Saccharinas produzidas no Brasil, em relação àquelas obtidas em Cuba, principalmente
na porcentagem de proteína verdadeira, essas diferenças podem ser por causa da idade de
corte, carboidratos presentes, temperatura e umidade relativa do ar.

Tabela 1. Composição químico-bromatológica da Saccharina produzida em Cuba e no


Brasil
Composição Cuba* Brasil**
Matéria seca (%) 87,11 a 89,51 86,99
Proteína bruta (%) 11,01 a 16,01 14,24
Proteína verdadeira (%) 8,91 a 13,90 3,50
Matéria mineral (%) 3,30 a 4,00 -
Fibra bruta (%) 24,60 a 26,50 -
Fibra detergente neutro (%) - 61,72
Carboidratos solúveis (%) 20,00 -
Energia bruta (Mcal/kg MS) 3,46 a 3,94 -
Fonte: adaptado de *Elias et al. (1990) ** Média dos trabalhos de: Pereira (1995), Carvalho et al.
(1995), Reis (1996), Almeida (1997), Oliveira (1998), Inácio Neto (1999) modificado por Elias
et al, 1990.
Tabela 2. Bovinos de corte em confinamento submetidos à dieta com Saccharina
Sil. de milho + Sil. de milho + Sil. de capim +
concentrado 1 Saccharina concentrado1
Ganho de peso (kg/dia) 1,3 1,0 1,0
Conversão alimentar 5,7 7,0 6,2
Matéria seca ingerida 2,7 2,6 2,3
(% do PV)
1
concentrado a base de rolão de milho (83%) e farelo de soja (17%)
Fonte: Henrique et al. (1993).

A utilização de subprodutos da cana-de-açúcar na alimentação animal representa


um grande avanço visando à sustentabilidade dos sistemas de produção animal, marcando
o sinergismo entre pecuária e agricultura pela redução em potencial dos impactos
ambientais que causam (SANTOS, 2008).
2.3 Método de criação confinamento para bovinos de corte
O número de confinamentos vem crescendo muito nesses últimos anos, isto está
diretamente ligado a fatores importantes, dentre eles: o expressivo crescimento da
produção nacional de grãos, o custo alto de forragens preservadas, processamento e mão
de obra, e questões de operacionalidade, que vem aumentado o interesse da inclusão de
acervos cada vez maiores de grãos e coprodutos nas rações de bovinos confinados em
terminação com sua efetividade na utilização, visando futuramente um retorno econômico
ao produtor (ARRIGONI; MARTINS; SARTI et al., 2013).
O confinamento, por ser uma tecnologia que requer um investimento maior,
principalmente na alimentação do animal, transforma todo aquele alimento consumido
em carne. Ela está em busca, não somente no aumento do cruzamento dos animais, mas
no desenvolvimento de grupos genéticos (ABREU; LOPES, 2005).
Esta é uma tecnologia bastante benéfica, que reduz a idade de abate do animal,
melhora a qualidade da carne, aumenta a taxa de desfrute, diminui os problemas
intrínsecos a oferta de forragem no período seco e o aumento do giro capital (ARRIGONI;
MARTINS; SARTI et al., 2013).
2.4 Vantagens na utilização de forrageiras na produção de bovinos
A pecuária brasileira é dependente dos pastos, devido as vantagens econômicas
que ele traz consigo. Conforme dados do IBGE (2005), 96,5% dos bovinos são manejados
apenas em pastagens e os 3,5% restantes são criados em alguma fase no pasto também.
Sendo assim a escolha da forrageira correta que irá ditar a rentabilidade e sustentabilidade
do sistema. Devido à grande variedade de biomas que o Brasil possui é de suma
importância realizar a seleção das espécies (que são variadas e numerosas) corretas de
forrageiras para os climas corretos (CEZAR; QUEROZ; THIAGO et al., 2005).
De acordo com Gomes (2001), o recente aumento da produção de carne no Brasil
deve-se as novas tecnologias adotadas pelos pecuaristas, em especial a utilização de novas
cultivares de forrageiras nos pastos. Esse foi um fator muito significativo para o
crescimento produtivo. Embora exista o crescimento do uso de forrageiras, estima-se que
dos 170 milhões de ha (hectares) de pastagens existentes no Brasil apenas 100 milhões
de ha são cultivados, o restante é composto por pastagens naturais de baixa produtividade
(IBGE, 2005).
O fato de que grande parte das pastagens brasileiras não são cultivadas reflete
diretamente na ineficiência dos sistemas de produção em comparação com outros países.
Segundo dados do (FAO, 2002) o desfrute brasileiro é 23,4% menor em comparação com
o da Argentina, 47,5% menor do que o da Austrália e 64,1% menor do que o dos Estados
Unidos. As principais causas do baixo desfrute são: Manejo inadequado das pastagens e
a não adaptação da forrageira ao sistema de produção.
A fim de introduzir uma nova variedade de forrageira em um pasto é prudente
realizar pesquisas antes da implantação da mesa, com a finalidade de evitar problemas
futuros. É mandatório selecionar a cultivar que mais irá se adaptar ao ambiente. E para
descobrir qual é esta cultivar é feito o planejamento, onde são considerados diversos
fatores. Dentre estes o relevo do local, clima, é observada a espécie animal, o valor
genético e a demanda nutricional do animal que irá consumir a forrageira. Além das
características agronômicas da planta (CEZAR; QUEROZ; THIAGO et al., 2005).
Não é efetivo fornecer para um bovino de alto valor genético uma pastagem
natural, pois devido ao baixo valor nutricional do pasto o animal não irá manifestar seu
máximo potencial de desenvolvimento. Assim promovendo a piora dos índices
zootécnicos e prejuízos ao produtor (CLARK, 1990).
Ao analisar a estrutura hierárquica entre os componentes do sistema de produção
animal em pastagens, é possível observar que os recursos animais se encontram no topo
da pirâmide, seguidos por recursos vegetais e recursos físicos respectivamente em ordem
de importância. “A inadequação dos recursos vegetais aos recursos físicos resulta em
baixa produtividade e lucratividade do sistema e, o que é mais preocupante, em
degradação dos ecossistemas pastagens” (BARCELLOS et al., 2001).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do apresentado a tecnologia de plantas forrageiras é legítima na cadeia
produtiva do gado de corte, mas deve-se atentar a todas as observações feitas no texto
para que o investimento em pastagens não seja executado com métodos errôneos. Que ao
invés de aprimorar os índices zootécnicos da propriedade apenas degrada o solo e não
fornece a quantidade correta de nutrientes aos animais, além dos outros diversos fatores
que são negativos se a implantação for concebida sem planejamento prévio.

4 REFERÊNCIAS
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AGRADECIMENTOS
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – Câmpus
Avaré e docentes do curso de Tecnologia em Agronegócio, em especial às docentes Profa.
Dra. Gabriela de Godoy Cravo Arduino e Profa. Dra. Maressa de Freitas Vieira.

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