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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS – UNIPAM

AMANDA RODRIGUES COELHO


CARLOS HENRIQUE FERNANDES FERREIRA
GUSTAVO NUNES OLIVEIRA
JHOVANA MOREIRA SOARES FERREIRA
JOÃO AUGUSTO GALVÃO
LUIZA RODRIGUES DUARTE
NATIELLE SILVA DE MENEZES

RAÇÃO PARA BEZERROS EM COCHO PRIVATIVO USANDO SOJA


MICRONIZADA

Trabalho apresentado como


requisito parcial de avaliação do Projeto
Integrador V do curso de Medicina
Veterinária do Centro Universitário de
Patos de Minas sob orientação do Prof.
Flávio Moreira de Almeida.

PATOS DE MINAS - MG
2023
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................................3 - 4

ASPECTOS LEGAIS E REGIMENTOS..............................................................................4 - 8

REFERENCIALTEÓRICO.................................................................................................9 - 13

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.................................................................................13 - 19

ANÁLISES EM LABORATÓRIO........................................................................................29

RESULTADOS E CONCLUSÃO........................................................................................ 30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................31 – 33
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INTRODUÇÃO

O sistema de fornecimento do concentrado suplementar exclusivamente para o


bezerro antes do desmame, que tem como objetivo poupar as reservas da matriz e ao mesmo
tempo obter bezerros mais robustos, é nomeado como creep feeding ou cocho privativo
(OLIVEIRA et al,2006). Vários ingredientes são usados na alimentação destes animais, sendo
o farelo de soja uma das principais opções como fonte de proteína (SANTOS, 2005).
A soja (Glycine max) é uma leguminosa nativa da costa leste da Ásia, que chegou
ao Brasil por meio do Estado da Bahia em 1882. Apenas na década de 1960 a cultura começou
a se tornar importante para a agricultura do país, que atualmente, produz aproximadamente 125
mil toneladas do grão, ocupando importante colocação no ranking mundial de produção de soja
(SIEBEN, 2013; LIMA et. al, 2014; CONAB, 2022).
O farelo moído de soja é um alimento de alta aceitabilidade que está disponível
comercialmente com valores de proteína bruta variável até 48%, dependendo do nível de casca
de soja a ele adicionado, e pode ser usado como fonte única de proteína em rações. A soja crua
deve ser processada antes de sua utilização para destruição de fatores antinutricionais, os quais
são prejudiciais para bovinos com menos de quatro meses de idade (GARCIA, 2021).
Em relação ao processo de micronização da soja sua principal particularidade é a
melhoria da sua digestão, além de também proporcionar redução de seus fatores indesejáveis,
como a antitripsina. Este é feito através do tratamento térmico da soja e moagem ultrafina que
leva a diminuição da granulometria até cerca de 30 µm, proporcionando consequentemente
maior facilidade na absorção de seus nutrientes (OLIVEIRA, 2010; de OLIVEIRA et. al, 2012).
Cabe ressaltar que, a mesma é mais utilizada na alimentação de suínos, dentre isso,
algumas características nutricionais da soja micronizada são de grande importância
principalmente para a nutrição de leitões desmamados (FERRACIOLI, 2017).
A necessidade de aumentar o aproveitamento dos rebanhos e produzir novilhos
precoces reflete a demanda por carne no mercado. A Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO) prevê que o consumo de carne bovina cresça até 2029 e
represente 16% do aumento total, logo, há maior importância em se produzir animais com
elevado peso à desmama (BOGGS et. al, 1980; MALAFAIA et. al, 2020).
Em bezerros o ganho de peso médio diário (GMD) no início da vida depende
altamente da quantidade de leite produzido pela vaca, porém, estima-se que essa relação se
reduz após as 16 semanas, isto é, a partir de três a quatro meses de idade parte dos nutrientes
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necessários ao bezerro de corte vem de outras fontes que não o leite materno (LEAL &
FREITAS, 1982).
A soja micronizada é uma fonte de proteína alternativa, já que possui em torno de
39% de proteína bruta, além de representar uma fonte de energia, devido ao seu conteúdo
lipídico, que chega a 21,5% (ROSTAGNO et. al, 2011). Este maior conteúdo energético,
principalmente devido à presença do óleo, torna a soja micronizada interessante na formulação
de dietas que tem como objetivo fornecer o máximo de energia por quilograma de ração.
(NEWKIRK, 2010). A redução do ingrediente a partículas muito pequenas, proporcionada pela
micronização, tem efeito sobre sua solubilidade, assim, a ação de enzimas digestivas é
facilitada, bem como a utilização dos nutrientes pelo organismo animal, melhorando,
consequentemente, o desempenho animal (MENDES et. al, 2004; SILVA et. al,2009).
A presente pesquisa teve por intento desenvolver, calcular, formular e elaborar uma
ração comercial destinada à bovinos em fase de cria, ainda junto da matriz, que contenha como
principal ingrediente o farelo de soja micronizada, para uso em creep feeding.

ASPECTOS LEGAIS E REGIMENTOS

A soja é um grão muito cultivado em todas as regiões do Brasil, embora com


predominância nas Regiões Sul e Centro-Oeste, que respondem por 93% da produção. No
Nordeste, ela está presente nos Estados do Maranhão, do Piauí, da Bahia e de Alagoas. Na
Região Norte, a soja é cultivada em Tocantins, no sul do Pará, em Roraima e em Rondônia. No
Sudeste, é cultivada em São Paulo e Minas Gerais. Estima-se que o agronegócio da soja ocupe
mão-de-obra de 900 mil pessoas, entre trabalhadores rurais e mobilização familiar
(EMBRAPA, 2005).
A oferta de tecnologia para a soja brasileira é capitaneada pela Embrapa Soja que
é, historicamente, o indispensável gerador de inovações ou adaptações tecnológicas daquela
cultura. Além dessa entidade, diversas organizações públicas e privadas concorrem para que o
Brasil detenha tecnologia própria e seja o principal gerador dessa tecnologia para a região
tropical do planeta (EMBRAPA, 2005).
Dentre isso, cabe ressaltar que, a utilização recente da soja micronizada, obtida
através do processo de micronização, onde os grãos de soja são aquecidos a uma temperatura
de 116°C, posteriormente são inseridos em um descascador, e logo após, os grãos são triturados
através de rolos, reduzindo o tamanho da partícula de 500 µ a 35µ. Esse subproduto é muito
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aplicado na dieta de bezerros e suínos na fase de aleitamento. Possui em média, 38% de proteína
bruta, 15,65% de FDN, 3,95% de FDA e 21,87% de gordura A farinha de soja micronizada
possui coloração amarelo, aparência de pó fino e boa diluição (ROSTAGNO, 2000).
O preparamento do grão de soja integral a partir da micronização, torna os fatores
antigênicos da soja eliminados e o grão fica menor, facilitando a absorção dos nutrientes pelo
animal, e desta forma, favorecendo o desempenho nesta fase antes do desmame do bezerro
(OLIVEIRA et. al, 2012; BRANCO et. al., 2006).
Por outro lado, de um modo geral cabe aos fazendeiros disponibilizar uma ração a
esses animais que seja de boa qualidade, palavra essa que contém várias abordagens conceituais
utilizadas para mencionar o termo, e em geral todas confluem para o ajuste do produto à
demanda que irá satisfazer. O conceito técnico capaz de definir qualidade é a capacidade e
características de um produto que dão suporte à sua capacidade de satisfazer requisitos
especificados nutricionalmente ou desprovimentos implícitos (PALADINI, 2008).
Segundo a Lei nº 6.198, de 26 de dezembro de 1974 a qual dispõe sobre a inspeção
e a fiscalização obrigatórias dos produtos destinados à alimentação animal; dentre elas o
Aspectos industriais o Aspectos bromatológicos o Aspectos higiênico-sanitários. Introduzindo
um pouco mais sobre os Aspectos bromatológicos, cabe ressaltar para que a soja tenha
excelência em sua qualidade é necessário dar uma atenção maior a escolha do terreno o qual é
essencial para o sucesso do empreendimento agrícola. Assim, é importante: Não cultivar a soja
em solos com menos de 15% de argila, dando preferência para solos com textura média (30%
a 35% de argila) ou argilosa, bem drenados, com boa capacidade de retenção de água e com
profundidade efetiva acima de 1,0 m. Solos rasos possuem menor capacidade de
armazenamento de água e em condições de chuvas excessivas podem apresentar problemas de
drenagem. É necessário também, um devido cuidado em relação a temperatura ideal para o
desenvolvimento da soja, já que, o solo deve estar entre 20ºC e 30ºC. Sob temperaturas menores
ou iguais a 10ºC ou temperaturas acima de 40ºC, a soja sofre redução de crescimento ou
distúrbios na floração e diminuição na capacidade de retenção de vagens (EMBRAPA, 2005).
Cabe destacar também que, as práticas de conservação do solo e da água podem
contribuir para diminuir as perdas por erosão, o assoreamento e a contaminação, por pesticidas
e fertilizantes, de rios e represas (corpos de água), além de proporcionar condições para um
melhor desempenho da soja. Essas práticas consistem em procedimentos como: prevenir o
processo de erosão, utilizar, preferencialmente, o plantio direto; utilizar sistemas de rotação de
culturas com a soja, visando a produção de resíduos vegetais para a proteção do solo, a
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reciclagem de nutrientes e a redução da incidência de pragas e doenças; construindo terraços e


faixas de retenção, de acordo com as recomendações técnicas de cada região, e entre outras
técnicas (EMBRAPA, 2005).
Além disso, ressaltando questões importantes sobre o armazenamento
temporário, de acordo com a Instrução Normativa nº 04, de 23 de fevereiro de 2007 aprova que
o Regulamento Técnico Sobre as Condições Higiênico Sanitárias e de Boas Práticas de
Fabricação Para Estabelecimentos Fabricantes de Produtos Destinados à Alimentação Animal
e o Roteiro de Inspeção das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Fabricantes de
Produtos Destinados à Alimentação Animal, dentre isso, consoante a norma, é necessário
acentuar que até a época de semeadura, a semente, como ser vivo, deve receber todos os
cuidados necessários e apresentar boa germinação e emergência no campo. O produtor deve
atender, na medida do possível, se atentar com recomendações como armazenar em galpão bem
ventilado, sobre estrados de madeira, não empilhar os sacos de semente contra as paredes do
galpão e não armazenar sementes ao lado de adubos, calcário e agroquímicos. Dentro do
armazém, a temperatura não deve ser superior a 25ºC, e a umidade relativa do ar não deve
ultrapassar 70%. Se não for possível atender a essas condições na propriedade, sugere ao
agricultor retirar as sementes do armazém do seu fornecedor somente em época próxima à
semeadura (EMBRAPA, 2005).
A semente de soja, antes de ser semeada, deve ser submetida a tratamento com
fungicidas e inoculante. A inoculação com Bradyrhizobium japonicum é fundamental para
assegurar adequada nodulação, capaz de garantir um bom suprimento de nitrogênio à planta.
Com essas medidas, assegura-se boa emergência no campo e a não-disseminação de doenças
transmitidas por semente nem sua introdução na propriedade. O tratamento com fungicida, que
deve ser realizado antes da inoculação, é feito utilizando-se um tambor giratório com eixo
excêntrico. Deve-se armazenar os agrotóxicos em local apropriado, que deverá estar fechado,
mas ventilado, protegido de insetos e animais, distante de residências e de acesso restrito aos
usuários dos agrotóxicos, estando rigorosamente conforme as normas de segurança e da
legislação vigente (EMBRAPA, 2005).
O armazenamento em condições impróprias resultará em perdas econômicas e
deterioração do grão e da semente, prejudicando o seu uso. Por isso, aconselha-se ao
proprietário armazenar a soja em estruturas adequadas, que disponham de equipamento de
termometria e aeração; manter a temperatura do produto destinado à semente abaixo de 25ºC e
a umidade relativa do ar abaixo de 70% durante o armazenamento; desinfestar de insetos e
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roedores as unidades armazenadoras, antes de utilizá-las; manter os grãos destinados à


agroindústria armazenados abaixo de 14% de umidade (EMBRAPA, 2005).
Dentre isso, o agricultor deve atentar-se durante o processamento industrial os
pontos críticos são a contaminação da matéria-prima com “resíduo” de soja e farelo. Enquanto
ocorre o processamento de farelo convencional (não OGM), não é concedida a adição de
qualquer espécie de resíduo ao processo como, varreduras. Esse material deve ser coletado,
acondicionado e identificado como reprocesso. Portanto, resíduos serão reprocessados quando
estiver produzindo matéria OGM (EMBRAPA, 2005).
Para evitar possíveis contaminações ao longo do processo produtivo, deve-se estar
alerta a forma da sequência de produção, desde a armazenagem do produto nos silos, até o seu
processamento na planta produtiva. Como o processamento do farelo da soja é sem setup de
produção, a confirmação de produto conforme ou não conforme se dá através de análise
qualitativa (EMBRAPA, 2005).
Outrossim, é cabível que os Requisitos Higiênico-Sanitários da Produção também
cabe aos transporte, onde os agricultores devem ficar atentos a todas as fases, incluindo na
Expedição de Farelo, esta etapa da produção há fatores que causam risco de contaminação, sem
dúvidas o contato com o caminhão pode causar contaminação das tulhas, havendo necessidade
de utilizar as tulhas de farelo OGM para expedição de farelo não OGM, efetuar limpeza,
descontaminação das estruturas, ter uma plataforma coberta e entre outros (EMBRAPA, 2005).
Por fim, de acordo com a Instrução Normativa nº 22 de 2 de junho de 2009 que
regulamenta a embalagem, rotulagem e propaganda dos produtos destinados à alimentação
animal, indubitavelmente é de extrema importância mencionar sobre o rótulo desse alimento,
que é um dos requisitos para a formalização e, também, um importante instrumento de
comunicação com o consumidor. Incluindo nele, indicação de uso; espécie(s) e categoria(s) de
animal(is) a que se destina; modo de usar; cuidados, restrições, precauções, contraindicações,
incompatibilidades; nome empresarial, endereço completo, nº de inscrição no CNPJ e telefone
de atendimento ao consumidor do estabelecimento fabricante, fracionador ou importador; data
da fabricação indicando claramente o dia, mês e o ano em que o produto foi fabricado; data ou
prazo de validade indicando claramente o dia, o mês e o ano; prazo de consumo; identificação
do lote: indicar a numeração sequencial do lote; condições de conservação; o carimbo oficial
da inspeção e fiscalização federal; e entre outros aspectos sobre a soja micronizada. Também
cabe ressaltar a norma de Suplementos Minerais Instrução Normativa 12/2004 fixa os
parâmetros e as características mínimas de qualidade que devem atender os suplementos
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destinados a bovinos, e estabelece os procedimentos para a fabricação, a utilização e a


comercialização dos mesmos, os suplementos deverão atender os níveis dos nutrientes
constantes na tabela, no caso da Ração para bezerros Pi-VitaCorte, contém nutrientes como
cálcio, fosforo, selênio, cobre, zinco e magnésio. Além disso o carimbo oficial da inspeção e
fiscalização federal da ração Pi-VitaCorte contem diâmetro de 6cm, tamanho da fonte no texto
1 com 18 cm, texto 2 com 32 cm, texto 3 com 16cm, texto 4 com 30 cm e texto 5 com 18 cm.
As suas declarações estão regulamentadas pela legislação brasileira através dos órgãos como
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento (Mapa) e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro)
nas questões de peso e medidas (SULEIMAN, 2021).

REFERENCIAL TEÓRICO

De acordo com Taylor e Field (1999), o termo "creep" refere-se a "engatinhar" ou


"rastejar", descrevendo o ato que um bezerro precisa realizar para entrar no restrito e acessar o
cocho exclusivo. Já o significado de "feeding" é alimentação. No caso de regiões tropicais, uma
das finalidades em suplementar bezerros de corte é beneficiar a vaca em seu potencial
reprodutivo. Já no dos bezerros, uma das razões para essa prática é compensar a produção de
leite pela mãe que não é suficiente, a partir do terceiro mês pós-parto ou durante períodos menos
favoráveis do ano (VAZ et. al, 2011).
A fase que compreende entre o nascimento e a desmama é o período da vida em
que o animal apresenta as maiores taxas de ganho de peso, sendo alcançado, em 7 meses,
aproximadamente cerca de 25 a 35% do peso final de abate. Existem nutrientes indispensáveis
no leite, que são oferecidos de uma forma simples e de fácil absorção, de maneira que supre as
exigências que são um tanto quanto altas nesta fase. Mas, em muitas ocasiões, independente de
quando ocorre o desmame, é observado peso corporal inferior ao potencial dos bezerros.
Provavelmente, isso ocorre, devido a falta de nutrientes essenciais, tanto nas pastagens, quanto
no leite (GOTTSCHALL, 2002; PACOLA, 1999).
A utilização do creep feeding possibilita o aumento do ganho de peso pré-desmame
e peso ao desmame, além de reduzir a mortalidade de bezerros nessa fase. O aumento de peso
é mais evidente durante esse período devido ao crescimento muscular máximo e ao crescimento
ósseo contínuo. Na prática do creep feeding ou cocho privativo, a alimentação deve seguir o
princípio dos efeitos associativos entre os alimentos concentrados. Uma vez que os bezerros
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ainda não possuem um rúmen completamente desenvolvido, é recomendado que os grãos de


cereais, especialmente o milho, sejam minimamente processados, passando por uma moagem
grosseira para evitar a ocorrência de acidose (OLIVEIRA et. al, 2006).
Os bezerros no cocho privativo, ao receberem leite de boa qualidade e em
quantidade adequada, além de pastos abundantes e de qualidade, serão capazes de expressar
plenamente seu potencial genético para ganho de peso. No entanto, caso o pasto e/ou o leite
sejam deficientes em quantidade, os ganhos até desmame apresentarão maior resposta relativa,
na medida em que o alimento concentrado terá maior importância no fornecimento de
nutrientes. Nessas condições, os animais que recebem melhor plano nutricional conseguem
maiores pesos à desmama. Quando os bezerros se aproximam do desmame, suas exigências
nutricionais aumentam e se as exigências nutricionais dos bezerros são maiores que os
nutrientes supridos pelo leite ou pasto, obviamente, o crescimento será restringido.
O desempenho de bezerros pode ser afetado por alguns fatores, como nutricional,
sanitários e genéticos. A variação no ganho de peso sofre alterações conforme a idade, sendo
normalmente inferiores antes da desmama (QUIGLEY et. al, 1991). Existem patologias que
podem afetar o crescimento de bezerros (VIRTALA et. al, 1996), pois há uma conexão íntima
entre o desenvolvimento fisiológico do sistema digestivo e o peso ao desmame (PLAZA &
FERNANDEZ, 1999). Contudo, a nutrição é a principal responsável pelo desempenho dos
animais. Atualmente, os substitutos ou também conhecidos como sucedâneos têm sido cada vez
mais empregados na alimentação de ruminantes, com o objetivo de reduzir os custos de criação
nessa fase e maximizar a utilização do leite produzido para fins comerciais.
As vacas de corte atingem entre 75 a 90 dias pós-parto, o auge da produção de leite,
que diminui gradualmente. Assim, em diversas situações, o leite materno torna-se restritivo
para o progresso dos bezerros, pois não supre os nutrientes necessários para acompanhar o
potencial genético máximo de ganho de peso dos animais. É normal que bezerros mamando
ganhem entre 500 e 750 gramas/dia. Aqueles que possuem potencial genético alto, podem
apresentar ganho de mais de 1000 gramas/dia, desde que seja oferecido um aporte nutricional
que se adeque às suas exigências (ROVIRA, 1996).
O uso de creep-feeding pode ser definido como a maneira de disponibilizar
alimento suplementar (energético/proteico) para bezerros antes do desmame, portanto, deve ser
oferecido este suplemento em cocho privativo, de maneira que os animais mais velhos não
tenham acesso. Bezerros suplementados em cocho privativo até a desmame, podem provocar
nas mães o retorno pós-parto mais precoce da atividade ovariana, devido à diminuição do
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estímulo da mamada, resultado da redução do consumo de leite (GOTTSCHALL, 2002;


FORDYCE et. al, 1996).
Ao utilizar o creep-feeding para suplementação alimentar, o bezerro recebe uma
dieta especializada com altos níveis de proteína e energia, sem interromper o consumo de leite
da matriz. Essa prática visa aumentar o desenvolvimento do bezerro, conseguindo a conversão
da alimentação em carne, resultou em uma redução da idade de puberdade e do abate
(MARTIN, 1993).
Vacas meio sangue zebu que possuíram dietas de menor qualidade, reduziram a
produção de leite, e consequentemente a intensidade da mamada foi elevada. Foi sugerido pelos
autores que com a respectiva elevação da intensidade da mamada, o feedback negativo sobre a
secreção de gonadotrofinas foi maior, com isso deixando mais tardio o reinício da atividade
ovariana pós-parto (JOLLY et. al, 1994).
Atualmente, soja é cultivada em todas as regiões do Brasil, com maior
predominância nas Regiões Sul e Centro-Oeste, responsável por 93% da produção. Na Região
Norte, a cultura da soja abrange áreas em Tocantins, sul do Pará, Roraima e Rondônia. No
Nordeste, encontra-se presente nos Estados do Maranhão, Piauí, Bahia e Alagoas. Já no
Sudeste, seu cultivo ocorre em São Paulo e Minas Gerais. Estimativas indicam que o
agronegócio da soja emprega cerca de 900 mil pessoas, incluindo trabalhadores rurais e
membros de famílias envolvidas na produção.
Com a implantação de programas de melhoramento de soja no Brasil possibilitou o
avanço da cultura para as regiões de baixas latitudes, através do desenvolvimento de cultivares
mais adaptados por meio da incorporação de genes que atrasam o florescimento mesmo em
condições de fotoperíodo indutor, conferindo a característica de período juvenil longo (KIIHL
& GARCIA, 1989). Ao longo das últimas décadas, houve um progresso significativo na
produção de soja no Brasil, impulsionado não apenas pelo aumento da área cultivada, mas
também pela adoção de técnicas de manejo avançado que resultaram em um aumento na
produtividade. A média de produtividade das plantações de soja no país teve um crescimento
considerável, passando de 1.369,4 kg.ha-1 na safra 1985/86 para 2.927,0 kg.ha-1 na safra
2009/10, o que correspondeu um aumento de 114,77%. Durante o mesmo período, houve uma
evolução na área cultivada de 9,6 milhões para 23,6 milhões hectares na safra 2009/10, o que
representou um crescimento de 145,83% (LAZZAROTTO & HIRAKURI, 2010).
A produção brasileira de soja teve um crescimento significativo, passando de 13,2
para quase 68,7 milhões de toneladas, devido ao aumento da área cultivada e da produtividade
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média. Esse aumento permitiu que o Brasil se tornasse um importante participante no mercado
global de produtos agroindustriais de soja (LAZZAROTTO & HIRAKURI; CONAB, 2010). A
cultura da soja, originária da China, iniciou-se no sul do país e a partir da década de 1980
ganhou o Cerrado graças ao desenvolvimento de cultivares adaptadas para esse bioma. Os
avanços científicos em tecnologias de manejo de solos, incluindo técnicas de correção da
acidez, o processo de inoculação das sementes para a fixação biológica do transmissor e a
adubação balanceada com macronutrientes e micronutrientes, permitiram a cultura expressar a
sua potencialidade nas diversas condições edafoclimáticas do território brasileiro. Desde a
implantação da cultura da soja no Brasil, o manejo integrado de pragas desempenhou um papel
crucial em sua expansão, ao controlar os insetos que causam danos respiratórios. Além disso, é
digno de nota a introdução do uso de fungicidas a partir dos anos 90 para combater as principais
doenças, tornando-se duas tecnologias de grande importância desde o tratamento inicial das
sementes.
O setor de máquinas e implementos agrícolas também avançou de forma expressiva
nesse período, promovendo a modernização e aperfeiçoamento das operações de cultivo,
tornando-as mais eficientes. Além disso, a adoção de biotecnologia com sementes transgênicas
de soja resistente ao herbicida Roundup Ready (RR) da Monsanto, já atinge mais de 70% da
área cultivada com soja no Brasil (VENCATO et al., 2010). A soja Round up Ready (RR) da
Monsanto foi a primeira planta transgênica a ser aprovada pela Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio) para alimentação humana e animal e para cultivo no Brasil, no ano
de 1998. Entretanto, vale ressaltar, que o seu cultivo comercial só foi liberado efetivamente a
partir da safra 2006/07, após proibição ainda no ano de 1998 em virtude da alegação da
inexistência de estudos sobre impacto ambiental e de normas de segurança.
O farelo de soja pode ser uma opção econômica viável para o desmame precoce
devido à sua alta qualidade proteica e conteúdo energético elevado. No entanto, a soja crua
precisa ser processada antes de ser utilizada na alimentação de bezerros, a fim de inativar os
fatores antinutricionais presentes. Um processo de baixo custo chamado micronização é capaz
de melhorar a digestibilidade da soja, além de reduzir os componentes tolerados, como a
antitripsina. Esse método envolve o tratamento térmico da soja e a redução dos grãos em
partículas menores, aumentando a solubilidade da farinha e facilitando a assimilação de
nutrientes.
A micronização da soja é eficiente na inativação dos fatores antinutricionais e na
melhoria da digestibilidade, superando os tratamentos de expansão e extrusão (OLIVEIRA et.
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al, 2012; MENDES, et. al, 2004). Entretanto, os processamentos da soja não conseguem
inativar ou eliminar os polissacarídeos não amiláceos (PNAs), que são constituídos em
monossacarídeos ou açúcares simples unidos por uma ligação glicosídica específica e têm um
efeito negativo na digestibilidade e no desempenho (BRANCO et. al, 2006).
Ao utilizar enzimas exógenas na alimentação, é viável desfazer as ligações dos
PNAs mencionados, o que resulta em uma melhora na digestão ao reduzir a transferência dos
alimentos no sistema digestivo. A enzima b-mananase é produzida pela fermentação do Bacillus
lentus e desempenha um papel crucial na hidrólise dos b-mananos. Dietas com altos níveis de
b-mananos podem levar à redução da retenção de refeições, assim como à absorção de gordura
e energia metabolizável (SILVA JÚNIOR et. al, 2009; KRATZER et. al, 1967).
No Brasil a pecuária de corte sempre foi caracterizada pelo atraso, resistência às
inovações tecnológicas e gestão arcaica, e isto, ao longo de muitas décadas, marcou
negativamente a atividade. Entretanto, a bovinocultura de corte se contrapõe intensamente a
essa situação e passa a usar inovações importantes na gestão e uso de tecnologias
(BARCELLOS et. al, 2004). Com a alta demanda na cadeia produtiva de carne, o Brasil precisa
produzir animais de qualidade e em grande número, e isto, só se tornou possível com o avanço
das biotecnias de reprodução e através destas é possível fazer com que a meta imposta pelo
mercado seja atingida (SOUSA FILHO et. al, 2008).
Com a alta demanda na cadeia produtiva de carne, o Brasil precisa produzir animais
de qualidade e em grande número, e isto, só se tornou possível com o avanço das biotecnias de
reprodução e através destas é possível fazer com que a meta imposta pelo mercado seja atingida
(SOUSA FILHO et. Al, 2008).

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

A realização prática do presente trabalho e construção da ração, foi subdividida em


fases: escolha da categoria animal e alimentos utilizados; cálculo e formulação da ração;
pesquisa bibliográfica; preparo de embalagem e rotulagem; preparo da ração e análises
laboratoriais; apresentação em sala de aula.
Atividade/mês Fevereiro Março Abril Maio Junho
Escolha da categoria X
Escolha dos alimentos X
Cálculo de exigências X
Formulação da ração X
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Revisão de literatura X X
Preparo da ração X
Análises laboratoriais X
Apresentação X
Tabela 1. Calendário de atividades.

A escolha da categoria animal foi feita entre os membros do grupo, a princípio se


sugeriu trabalharmos com a categoria de corte pós-desmame. Após sugestão do orientador
Flávio e algumas pesquisas sobre o sistema de cocho privativo, a escolha final foi bezerros de
corne na fase de cria, ainda junto da matriz se amamentando.
Para produção da ração foram escolhidos milho moído e farelo de trigo como fonte
energética; farelo de soja micronizado como fonte protéica, proporcionando qualidade e
desempenho do que a soja convencional; núcleo mineral poli-vitamínico comercial para
categoria selecionada; fontes minerais (calcário calcítico, selenito de sódio, óxido de zinco,
iodato de potássio e sulfato de cobalto) para complementar e atender as exigências; sal branco;
flavorizante de baunilha e palatabilizante (melaço de cana) para melhorar o consumo animal.
Para cálculo das exigências nutricionais foi utilizada a plataforma “BR Corte”. Na
aba “Formulação de rações” foi selecionado a categoria Bezerro com peso inicial de 120kg e
um ganho de 800 gramas por dia, com fornecimento até desmame. A plataforma gerou uma
tabela com os valores de exigência, que foram utilizados na planilha formulação.

Figura 1. Exigências nutricionais da categoria.


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Os valores de exigência foram inseridos na planilha “Mcarne 2.0” disponibilizada


pelo professor Flávio e após seleção dos ingredientes, foi gerado uma tabela com a proporção
de cada ingrediente a ser usado no misturador.

Figura 2. Formulação da ração para o misturador.

A pesquisa bibliográfica foi feita pelo grupo com objetivo de conhecer melhor as
propriedades dos ingredientes – principalmente a soja micronizada e seu processamento, – as
normas de rotulagem e fabricação de rações e o funcionamento do sistema de cocho privativo.
Foram usadas fontes científicas de literatura para esta consulta e feita uma revisão literária.
A escolha da embalagem foi baseada nos produtos semelhantes disponíveis no
mercado atual, logo, optou-se pelo saco de ráfia. Foi feito sob encomenda uma embalagem
menor, de apenas 1 quilograma, peso da amostra fabricada para apresentação. A rotulagem foi
feita em conjunto baseando-se nas normativas vigentes, constando: nome comercial do produto,
indicação, modo de usar, ingredientes presentes, possíveis substitutos, modo de conservação,
níveis de garantia baseados na formulação, informações do fabricante, data de fabricação e
validade, selos obrigatórios (uso de transgênicos e selo de inspeção do Ministério da Agricultura
e Pecuária).
17

Figura 3. Rótulo elaborado para o concentrado.

O preparo da ração foi feito no Laboratório de Bromatologia do Centro


Universitário de Patos de Minas. As pesagens foram feitas em balança de precisão de acordo
com os valores disponibilizados no misturados da planilha MCarne. Houve a necessidade de
substituição de alguns integrantes que não foram encontrados para venda. O farelo de soja
comum no lugar do farelo de soja micronizado; uma marca comercial de poli-vitamínico
mineral para outra categoria; açúcar mascavo em substituição ao melaço de cana; essência de
baunilha para alimentos em lugar de um flavorizante comercial; calcário calcítico no local dos
demais minerais.
A mistura da amostra de 1 quilograma foi feita manualmente e separado
posteriormente uma amostra de aproximadamente 100 gramas para avaliação laboratorial de
matéria seca, matéria mineral e proteína bruta.

Imagem 1. Preparo da ração.


18

Já a determinação da matéria seca é o ponto de partida da análise de alimentos. É


de grande importância, uma vez que a preservação do alimento pode depender do teor de
umidade presente no material e, além disso, quando se compara o valor nutritivo de dois ou
mais alimentos, temos que levar em consideração os respectivos teores de matéria seca. É o
peso do material analisado livre de água.
O conhecimento do percentual da matéria seca contido na amostra é importante,
pois é com base nele que se estabelece o cálculo da dieta, já que o consumo do alimento pelos
animais é expresso em kg de matéria seca/animal/dia, ou seja, quanto menor o percentual de
matéria seca maior o consumo. No entanto, existe uma faixa de percentagem de matéria seca
que é ideal tanto para o consumo, como para a produção e conservação dos alimentos que, no
exemplo do milho, fica em torno de 28% a 35% de matéria seca.
Caso seja necessário conhecer a matéria seca com maior brevidade, deve-se pesar
em torno de 10 g de amostra, submetendo-a à secagem a 105ºC por 48 horas. Concluído o
processo, deve-se deixar a amostra seca esfriar por no mínimo uma hora em dessecador, para,
então, pesá-la.
Determinação desse processo consiste em duas fases: secagem prévia ou pré-
secagem e a secagem definitiva:

1.1 - Pré-Secagem - Matéria Seca:

A pré-secagem é necessária quando a amostra possui alto teor de umidade ou baixa


matéria seca; como as gramíneas, as silagens etc. Normalmente é feita em temperatura de 60 ±
5°C para evitar perda por volatilização ou alteração de outros nutrientes, principalmente
compostos nitrogenados. A operação de pré-secagem deve ser feita de preferência em estufas
de ar forçado. O tempo de pré-secagem é variável, em média 72 horas, dependendo da umidade
e da carga que se coloca na estufa, ou seja, o tempo necessário para que o material apresente
peso constante, permitindo moagem perfeita.
A perda de água que se verifica na pré-secagem tem de ser computada no cálculo
da umidade total, portanto, o material antes de ser colocado na estufa deve ser pesado em
balança adequada, com precisão de 0,1 g e, para isso, coloca-se o material em um Métodos de
análises bromatológicos de alimentos: Métodos físicos, químicos e 27 bromatológicos
recipiente próprio, de peso previamente conhecido, denominado “tara”. É recomendável o uso
de bandejas (22 x 16 x 6 cm), de tela bem fina ou sacos de papel perfurados, a fim de facilitar
19

a entrada do ar quente e apressar a secagem. Para cada amostra deve-se fazer pelo menos duas
determinações, paralelamente, para a comparação entre os pesos das amostras. Ao término de
dois a três dias, retira-se o material da estufa, deixando-o esfriar sobre balcões ou mesa do
laboratório durante uma hora, ou seja, até que a umidade da amostra entre em equilíbrio com a
umidade do ar, fazendo-se, a seguir, a pesagem. Chamamos esse procedimento de amostra seca
ao ar (ASA). A seguir, faz-se a moagem final guardando a amostra em vidros fechados com
tampas de polietileno, para a determinação das análises subsequentes. Para análises mais
aprimoradas como a de aminoácidos e de ácidos graxos, por exemplo, são necessários processos
especiais de secagem para preservar a verdadeira forma química dos componentes.
Dentre esses processos destacam-se a secagem a vácuo com ou sem elevação de
temperatura e a secagem pelo frio (liofilização). A ocorrência de compostos voláteis, como a
amônia, encontrada em silagens e cama de galinheiro, exige cuidados especiais durante a
secagem da amostra; a pré-secagem não deve ser superior a 55ºC, e, em muitos casos, as
determinações devem ser feitas no material natural.

Material necessário
a) Saco de papel perfurado (5 kg) ou bandejas metálicas;
b) Estufa de secagem de ar forçado (Temperatura = 65ºC);
c) Estufa de esterilização (Temperatura = 105ºC);
d) Balança analítica com precisão mais ou menos 0,1 mg;
e) Moinho Wiley (peneira de 1 mm) de facas;
f) Redutor de Jones

Procedimento
a) Tarar o saco de papel; 28 Métodos de análises bromatológicos de alimentos:
Métodos físicos, químicos e bromatológicos
b) Pesar a amostra, cerca de 250 g por repetição (modificação implantada no
Laboratório de Bromatológia e Nutrição Animal);
c) Colocar em estufa de ar forçado a 60ºC+ 5ºC por 48 a 72 horas, a depender de
estágio de secagem da mesma;
d) Retirar da estufa e deixar por 1 hora em contato com a temperatura ambiente;
e) Pesar e fazer as devidas anotações das amostras, anotando-se o peso em ficha;
20

f) Submeter à moagem em moinho de facas. A amostra é recolhida em sacos


plásticos ou vidro com tampa, previamente identificado com a especificação da mesma.
Armazenar cerca de 50 g de amostra;
g) Reduzir a amostra para 50 – 100 g em redutor de Jones, caso seja necessário;
h) Limpar cuidadosamente o moinho e o redutor.
Utiliza-se a Fórmula = PS = PMPS/ PMV X 100
Onde: PS = Pré-Secagem PMPS = Peso do material pré-seco PMV = Peso do
material verde

1.2 - Matéria seca definitiva


É usada para amostras que foram submetidas à pré-secagem ou para amostras que
contém mais de 80% de matéria seca, rações fareladas, grãos de cereais etc. Para tal processo,
pesa-se de 2,000 a 3,000g de amostra seca ao ar e triturada, em cápsula de porcelana
previamente secas e pesada na “tara”. Na prática, quando se trabalha com grandes quantidades
de amostras, deixamos os cadinhos de porcelana, durante toda à noite na estufa, dispensando,
desse modo, a verificação de constância de peso e após procede-se à secagem em estufa a 105ºC,
durante quatro horas Lenkeit; Becker, (1956). A seguir, retira-se os cadinhos da estufa e coloca-
os em um dessecador por uma hora aproximadamente, até que a temperatura deles se iguale
com a temperatura ambiente; e pesa-se novamente. É necessária uma balança analítica de
aproximadamente 0,1 mg. A perda de peso representa a umidade bruta, ou seja, todos
componentes voláteis à temperatura de 105ºC. Os resultados são apresentados em porcentagem.
Rações ricas em gordura podem aumentar de peso durante uma secagem demorada, uma vez
que poderá haver fixação de oxigênio, durante o processo. Em tais casos, torna-se necessário
usar processos especiais de secagem. As silagens e outras forragens submetidas à fermentação
podem sofrer perdas de determinadas substâncias durante a secagem como ácidos orgânicos,
amoníacos, etc. Com estes materiais, o teor exato de matéria seca pode ser obtido pela
determinação desses componentes voláteis ou, o que é mais prático, por secagem a vácuo.

Material necessário
a) Cápsula metálica ou porcelana (cadinho);
b) Estufa de secagem e esterilização (Temperatura = 105ºC);
c) Dessecador a vácuo, com luva, tampa e fundo, em vidro borossilicato,
equipado com placa de porcelana e sílica gel azul;
21

d) Balança analítica com precisão mais ou menos 0,1 mg;


e) Sacos plásticos ou vidros com tampa;
f) Bandeja de alumínio

Procedimento
a) Colocam-se as cápsulas metálicas ou cadinhos de porcelana em estufa para secar
durante 12 horas, a uma temperatura de 105ºC;
b) Retiram-se as cápsulas metálicas ou cadinhos de porcelana da estufa e coloca-se
em dessecador, para esfriar por 1 hora
c) Retiram-se as cápsulas metálicas ou cadinhos de porcelanas do dessecador (uma
a uma), tara-se e anota-se o peso em ficha adequada;
d) Pesa-se de 2,500 g a 2,510 g da amostra
e) Coloca-se em estufa para secar a 105ºC por 4 horas (podendo se deixar de um
dia para o outro);
f) Retira-se da estufa a cápsula metálica ou porcelana (cadinho), e colocase em
dessecador para esfriar durante 1 hora;
g) Pesam-se as amostras, anotando-se o peso em ficha

Figura 4. Fórmula para cálculo de MS.


22

Imagem 2. Pesagem do cadinho 1.


Cadinho 1: Peso Inicial = 2,0029

Imagem 3. Pesagem do cadinho 2.


Cadinho 2: Peso Inicial = 2,0008
23

Imagem 4. Pesagem do cadinho 3.


Cadinho 3: Peso Inicial = 2,0055
Peso Final das Amostras da Matéria Seca: Os valores não condizem com o esperado
devido um erro no processamento, não sendo possível a realização de novos testes.

1.3 - CINZAS OU MATÉRIA MINERAL


Cinza ou matéria mineral é o produto que se obtém após o aquecimento de uma
amostra, a temperatura de 500 à 600oC, ou seja, até o aquecimento ao rubro, porém não superior
a 600oC, durante 4 horas ou até a combustão total da matéria orgânica.
A determinação da cinza fornece apenas uma indicação da riqueza da amostra em
elementos minerais. Fick (1976). A cinza, nos alimentos, tem o significado nutricional quase
nulo; contém, principalmente, os seguintes cátions: cálcio, potássio, sódio, magnésio, ferro,
cobre, cobalto e alumínio; e ânions: sulfato, cloreto, silicato, fosfato, etc. Na verdade, só foi
incluída no Esquema de Weende para poder-se calcular os extrativos não nitrogenados (ENN).
Realiza-se a determinação da cinza pelo método de incineração simples. Pode-se
fazer a calcinação do cadinho em bico de bunsen, cobrindo-se, antes, a amostra com glicerina
líquida. Esse procedimento objetiva evitar a produção de muita fumaça no início da calcinação.
Entretanto, todo o processo pode ser feito no próprio forno mufla, desde que se
tenha o cuidado de colocar o cadinho com a amostra no forno mufla frio, aumentando o
aquecimento lentamente, até 500-600ºC. Se a temperatura do forno mufla for além de 600ºC,
alguns cátions e ânions serão parcialmente ou totalmente perdidos por volatilização.
Outro aspecto importante a ser salientado é que o peso da amostra a ser calcinada
está correlacionado com a quantidade de elemento mineral a ser pesquisado. Quando mede-se
24

quantitativamente um elemento mineral que está presente na amostra em pequenas quantidades,


torna-se necessário que se faça a calcinação de amostra mais representativa ou a de maior peso.

Material necessário

a) Cápsula de porcelana;
b) Forno de mufla com controlador de temperatura;
c) Dessecador a vácuo, com luva, tampa e fundo, em vidro borossilicato, equipado
com placa de porcelana e sílica gel azul;
d) Balança analítica com precisão mais ou menos 0,1 mg;
e) Bandeja de alumínio;
f) Pinças.

Procedimento

a) Colocar os cadinhos de porcelana em forno mufla para queimar por quinze


minutos. Para secagem dos cadinhos a temperatura de 550ºC, retira-se do forno mufla e coloca-
se no dessecador para resfriar, durante 1 hora;
b) Retirar os cadinhos do dessecador (um a um) e tarar, anotando o peso em ficha
adequada;
c) Pesar, a seguir, de 1 a 3 g da amostra;
d) Proceder à incineração durante 4 horas, a 550ºC, até obter a cor cinza clara. Após
esse tempo, caso persista a cor escura das cinzas, colocar de 3-5 gotas de HCO3 ou alguns
cristais de nitrato de amônio dentro do cadinho e levá-lo novamente ao forno mufla, por mais
1 hora. Ao incinerar as amostras, colocar à temperatura inicial em 200°C; após 1 hora Métodos
de análises bromatológicos de alimentos: Métodos físicos, químicos e 39 bromatológicos
aumentar a temperatura para 550°C. Observa-se que a temperatura inicial de 200°C é adotada
para evitar a queima brusca do material e, consequentemente, as perdas;
Observação: Os cadinhos de vidro devem ser aquecidos gradativamente (subir à
temperatura de 100 em 100ºC) para evitar que se danifiquem, até atingirem 550ºC;
e) Retirar as amostras do forno mufla e colocá-las em dessecador para resfriar por
1 hora;
f) Pesar as amostras, anotando-se o peso em ficha.
25

CÁLCULO FINAL

Figura 5. Fórmula para determinação de matéria orgânica.

Imagem 5: Cadinhos com cinzas.

Resultado Final das Amostras: 5,909251

GRANULOMETRIA:

É o ramo da física que estuda a forma e o tamanho das partículas sólidas, tendo
como objetivo dividir essas partículas em grupos pelas suas dimensões (frações) e determinar
suas proporções relativas ao peso total da amostra.
26

Figura 6. Peneiras de granulometria.

1- Foi realizado a mistura manual da ração na bancada, onde dividimos em 3


amostra para a realização do procedimento.
2- Realizamos a pesagem de cada cadinho vazio e depois com as amostras.
3- Após a pesagem das amostras, realizamos também a pesagem das peneiras para
iniciar o procedimento.
4- Encaixar as peneiras, previamente limpas, de modo a formar um único conjunto
de peneiras, com abertura de malha em ordem crescente da base pro topo. Prover um fundo de
peneiras adequado para o conjunto.
5- Promover agitação mecânica do conjunto por um tempo razoável permitindo a
separação e classificação prévia dos diferentes tamanhos de grão da amostra.
6- Após a separação dos grãos, realizamos novamente a pesagem das peneiras com
a quantidade de grãos em cada uma.
27

Imagem 6: Mistura para separação de amostra.

Imagem 7: Pesagem de amostra para granulometria.


28

Imagem 8: Processo de peneiramento das amostras.

Imagem 9: Pesagem das peneiras após sedimentação.

Amostra 1
Peso do cadinho: 1654,79
Peso do cadinho com a amostra: 1815,99
Peso final da amostra: 161,10
DGM = 950 µm
DPG = 2,14
29

Amostra 2
Peso do cadinho: 1582,65
Peso do cadinho com amostra: 1768,66
Peso final da amostra: 186,10
DGM = 937 µm
DPG = 2,05

Amostra 3
Peso do cadinho: 1531,77
Peso do cadinho com amostra: 1707,27
Peso final da amostra: 175,50
DGM = 897 µm
DPG = 2,08

Observação: cada amostra ficou por 5 minutos no agitador de granulometria e


posteriormente pesada as peneiras individualmente.

ANÁLISES EM LABORATÓRIO

No primeiro dia para análise de granulometria foi feita a mistura da amostra sobre
a bancada e posteriormente separadas em três partes para serem colocadas em cada cadinho.
Pesamos as amostras e levamos para o agitador. Porém na segunda amostra foi encontrado um
erro logo depois de ser retirada ( derramamento externo) do agitador e pesada, sendo incapaz
de obter um resultado de precisão sobre a amostra.
Remarcamos um horário no laboratório de solos para refazer novamente as análises
das amostras, seguimos o passo a passo até serem levadas no agitador e em seguidas pesadas
as peneiras com cada amostra desejada. Selecionamos as pesagens das peneiras juntamente das
amostras e jogamos no aplicativo GRANUCALC onde obtivemos o resultado mais preciso afim
de concluir nossa analise de granulometria da ração. A apresentação dos processos realizados,
resultados obtidos e discussão deram realizados em sala de aula no dia 15 de junho de 2023.

RESULTADOS E CONCLUSÃO
30

Conclui-se, portanto, que o fornecimento de ração balanceada e de boa qualidade é


importante em todas as fases da vida do animal, inclusive na fase de cria após os 16 meses de
idade. Tal fornecimento proporciona melhores desempenhos e um maior peso na desmama,
associados a um bom manejo sanitário, maior precocidade para abate.
É importante levar em conta o tamanho médio das partículas, chamado de Diâmetro
Geométrico Médio (DGM), que pode variar em milímetros ou micrômetros entre diferentes
alimentos. Portanto, ao misturá-los, é crucial considerar a granulometria dos ingredientes. Além
disso, o Desvio Geométrico Padrão (DPG) indica a uniformidade das partículas moídas. Nesse
sentido, é essencial alcançar uma mistura uniforme, uma vez que a distribuição normal e pouco
variável do tamanho das partículas dos alimentos ressalta a importância tanto do DGM quanto
do DPG. Para a amostra I, o DGM foi de 950 µm e o DPG foi de 2,14, enquanto que, para a
amostra II, o DGM foi de 937um µm e o DPG foi de 2,05. De acordo com a literatura, o DGM
ideal para bovinos é de 400 a 600 µm, logo nota-se um aumento deste na ração formulada,
possivelmente causado pelo milho moído. Os valores de DGP indicam a homogeneidade da
ração, logo quanto menor, melhor a ração.
A elaboração e o fornecimento da ração são necessário pois o leite materno atende
as exigências nutricionais do bezerro somente até as 16 semanas de vida, sendo assim, tal
fornecimento melhoraria o desempenho dos animais na fase de cria.
Com base nos estudos realizados durante o presente projeto, precipuamente, é
fulcral pontuar que a elaboração e desenvolvimento do mesmo proporcionou para o grupo uma
visão mais crítica sobre o uso do cocho privativo com o farelo de soja micronizada durante a
fase de desmame. Pode-se concluir, ainda, a necessidade de procurar se informar sobre as
qualidades e propriedades nutricionais do farelo de soja e seus efeitos positivos sobre essa fase
dos bezerros, além disso, foram necessárias pesquisas para ampliar o conhecimento já existente.

Imagem 10: Apresentação dos resultados e discussão do projeto.


31

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