Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA AGROALIMENTAR
Título do projeto:
PROCESSAMENTO DE QUEIJOS TIPO ROQUEFORTI PRODUZIDO COM LEITE DE CABRA
NO BREJO PARAIBANO: CARACTERIZAÇÃO FISICO-QUIMICA, MICROBIOLÓGICA E
SENSORIAL
BANANEIRAS-PB
DEZEMBRO/2021
PROCESSAMENTO DE QUEIJOS TIPO ROQUEFORTI PRODUZIDO COM LEITE DE CABRA
NO BREJO PARAIBANO: CARACTERIZAÇÃO FISICO-QUIMICA, MICROBIOLÓGICA E
SENSORIAL
BANANEIRAS - PB
DEZEMBRO – 2021
SUMÁRIO
JUSTIFICATIVA
Segundo dados brasileiros, até 70% dos adultos no país têm algum sintoma após
consumir leite de vaca ou derivados. Em países como Japão e alguns do continente africano,
praticamente todos os habitantes com mais de 80 anos têm algum grau de intolerância
(INTOLERÂNCIA..., 2012). Para essas pessoas, o consumo de leite e produtos lácteos pode
causar dor abdominal, diarréia, flatulência, entre outros sintomas desagradáveis.
A exclusão de leite e derivados lácteos da dieta pode diminuir os sintomas
gastrointestinais em indivíduos intolerantes à lactose, no entanto, as consequências da
exclusão do leite para a saúde dependerão da possibilidade de ingestão apropriada de
nutrientes essenciais como o cálcio, os quais para muitos indivíduos são fornecidos por meio
dos produtos lácteos.
HIPÓTESE CIENTÍFICA
O mercado dos produtos com baixo teor de lactose ainda é pouco explorado no Brasil,
porém 58 milhões de pessoas sofrem de má absorção ou intolerância à lactose. A influência da
adição da lactase na produção de um derivado lácteo, contribuindo assim com conhecimento
científico, para que as indústrias de laticínios possam atender e proporcionar melhor
4
qualidade de vida para os consumidores de produtos lácteos que possuem intolerância à
lactose disponibilizando no mercado um produto diferenciado que atenda às suas
necessidades.
2. OBJETIVO GERAL
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 – Leite
Entre os alimentos, o leite é o que possui maior valor para o ser humano (SOROA,
1980). Este é um produto importante para todos os povos por ser de alto valor nutritivo,
fornecendo nutrientes em quantidades consideráveis (VALSECHI, 2001).
5
O leite, obtido em circunstâncias naturais, é uma emulsão de cor branca, ligeiramente
amarelada, de odor suave e gosto ligeiramente adocicado. É um produto secretado pelas
glândulas mamárias e é um alimento indispensável aos mamíferos nos primeiros meses de
vida, enquanto não podem digerir outras substâncias necessárias à sua subsistência
(BEHMER, 1979).
A legislação brasileira denomina leite, sem outra especificação, como sendo o produto
oriundo da ordenha completa e ininterrupta em condições de higiene, de vacas sadias, bem
alimentadas e descansadas (BRASIL, 2002). As principais constantes físico-químicas
utilizadas para determinar a qualidade do leite são: o pH (a 20ºC) que varia de 6,5 a 6,7; a
acidez titulável de 15ºD a 18ºD; a densidade variando de 1,028g/mL a 1,036g/mL; e a
temperatura de congelamento que pode variar de -0,510ºC a -0,550ºC (GOURSAUD, 1991).
O leite de vaca possui em média 3,5% de proteínas, 3,8% de gordura, 5,0% de lactose,
0,7% de minerais (cinzas) e 87% de água. Estes valores médios podem apresentar desvios,
uma vez que a variação da composição do leite é muito grande. De todos os componentes do
leite, a fração que mais vária é a formada pela gordura. Os sólidos não-gordurosos, que
compreendem todos os elementos do leite menos a água e a gordura, representam em média
8,9% do total no leite. Os fatores mais importantes que influenciam a composição do leite
são: a espécie animal, a raça, a fase de lactação, os intervalos entre as ordenhas, a influência
da estação do ano e a alimentação do animal (BEHMER, 1979; SPREER, 1991; RAPACCI,
2000).
A água constitui, em volume, o principal componente do leite, influenciando
sensivelmente na densidade. Sua principal função é atuar como solvente dos demais
componentes. A maior parte encontra-se como água livre, embora haja água ligada às
proteínas, à lactose e aos minerais (BEHMER, 1979; SPREER, 1991; SILVA et al., 1997).
A gordura é um dos componentes mais ricos do leite e está presente na forma de
glóbulos de diversos tamanhos que se encontram em suspensão na fase aquosa, formando uma
emulsão relativamente estável. Os glóbulos são compostos por triglicerídios e cada um deles é
envolvido por uma camada formada por um componente da gordura denominado fosfolipídio.
O leite de vaca possui aproximadamente 437 moléculas de ácidos graxos e entre os principais
podem ser citados o ácido palmítico (C16) e o ácido oléico (C18:1). A gordura é o
constituinte que mais sofre variações em razão da alimentação, raça, estação do ano e período
de lactação (BEHMER, 1979; SPREER, 1991; ALBUQUERQUE, 1997; SILVA et al., 1997).
O leite apresenta dois grupos de proteínas: as proteínas do soro e a caseína. As
proteínas do soro são formadas de lactoglobulinas e lactoalbuminas, que são solúveis na água.
6
A caseína forma uma dispersão coloidal, apresentando-se em maior proporção (em média 3%)
no leite. Está presente na forma de micelas, que são agrupamentos de várias moléculas de
caseína junto com cálcio, fósforo e outros sais (BEHMER, 1979; SPREER, 1991; LONGO et
al., 2001).
A lactose é o açúcar característico do leite, sendo o constituinte predominante e menos
variável da matéria seca do leite. É quantitativamente o mais importante dos sólidos não
graxos. Industrialmente, a fermentação da lactose por ação dos microrganismos que a
transforma em ácido láctico ocupa lugar de grande destaque, sendo utilizada para obtenção de
vários derivados lácteos como iogurte, leite acidófilo, queijos, requeijões, ácido láctico e
outros (GOURSAUD, 1985; ALBUQUERQUE, 1997).
As substâncias minerais e as vitaminas são normalmente encontradas em pequenas
quantidades no leite. Entre os minerais presentes, podem ser citados: cálcio, fósforo, cloro,
sódio, potássio e magnésio em teores consideráveis, e ferro, alumínio, bromo, zinco e
manganês em baixos teores. Quanto às vitaminas, o leite constitui uma larga fonte para o
fornecimento das vitaminas necessárias para o organismo. Entre as que se destacam estão
presentes as vitaminas A, D, E e K (associadas aos glóbulos de gordura), a vitamina C e
aquelas pertencentes ao complexo B: tiamina (B1), riboflavina (B2) e niacina (B3) (SPREER,
1991; ALBUQUERQUE, 1997; SILVA et al., 1997).
No Brasil, a indústria de laticínios é bastante expressiva, apresentando elevado nível
de desenvolvimento tecnológico, o que pode ser demonstrado pela grande variedade de
produtos derivados existentes no mercado. Um notável aumento da produção de leite e
derivados lácteos vem ocorrendo como resultado da crescente demanda por produtos de maior
praticidade, sobretudo em grandes cidades, conforme se observa na Tabela 2.1 (OLIVEIRA,
2003).
7
Nos últimos 25 anos, a produção brasileira de leite aumentou 119%, passando de 10,2
bilhões de litros em 1979 para 22,3 bilhões em 2003. Para o ano de 2005, a expectativa é de
que se confirme uma produção de 22,9 bilhões de litros de leite (EMBRAPA, 2005).
A produção de iogurte e outros tipos de leites fermentados é um mercado que cresce a
taxas substancialmente elevadas mundialmente, com destaque para o mercado brasileiro que
assiste a uma explosão de consumo, notadamente após o advento do plano real. O aumento do
consumo traz duas conseqüências: em um primeiro momento aumenta-se o consumo dos
produtos existentes, como iogurtes tradicionais, iogurtes com frutas e iogurtes líquidos; na
seqüência, o mercado tende a segmentar-se no sentido de manter a curva de consumo
ascendente, e os consumidores desejam cada vez mais produtos diversificados (OLIVEIRA,
1997).
A fermentação do leite resulta em vários tipos de produtos, todos com vida de
prateleira mais extensa do que o leite fresco. Além de aumentar a vida de prateleira do leite in
natura, o processo fermentativo em si torna o produto mais seguro e nutritivo. Os principais
tipos de leites fermentados são iogurte, kefir e leite acidófilo, sendo o iogurte o mais popular
(RAPACCI, 1999).
3.2 Lactose
8
3.3 Hidrólise da lactose
9
lactose não digerida, gerando ácidos graxos de cadeia curta, dióxido de carbono e gás
hidrogênio. Pode resultar em inchaço, flatulência, cólicas e diarréia (BEYER, 2002). A
severidade dos sintomas depende da quantidade ingerida e da quantidade de lactose que
cadapessoa pode tolerar (SUENAGA et al., 2001). O método diagnóstico mais utilizado é
simples, através da presença de hidrogênio no ar expirado, pois a fermentação da lactose
origina esse gás, que é absorvido e posteriormente expulso na expiração (LESSOF, 1996).
Com exceção da população da Europa do Norte e Central e seus descendentes na
América e na Austrália, 70 a 100% dos adultos do mundo são intolerantes à lactose. Na
América do Sul, a prevalência de intolerância a esse carboidrato é de 65 a 75% (VRESE et al.,
2001). Segundo During apud Longo (2006), esta é uma das mais comuns desordens genéticas.
E dados existentes indicam que a população tolerante tende a diminuir (OLIVEIRA, 2005).
Existem três tipos de intolerância à lactose, decorrentes de diferentes processos. A
deficiência congênita de lactase, que é um defeito genético muito raro e manifesta-se nos
recém-nascidos logo após a primeira ou segunda ingestão de leite, sendo uma condição
permanente. Na intolerância ontogenética à lactose ou hipolactasia tipo adulto, as
manifestações clínicas são menos intensas e mais tardias, e ocorre devido a uma tendência
natural de diminuição da produção de lactase com o avançar da idade. A intolerância
secundária à lactose é a mais comum e pode ocorrer em consequência de doenças que causam
algum tipo de dano à mucosa intestinal, ou após todas as cirurgias no aparelho digestivo, ou
também em prematuros em que uma imaturidade enzimática associada a um processo
infeccioso pode levar à intolerância (SUENAGA et al., 2001; FARIAS, FAGUNDES NETO,
2004; LONGO, 2006).
Quanto ao tratamento, no caso de intolerância congênita à lactose, existe a necessidade
de seguimento de dieta isenta de lactose. Se a deficiência enzimática for adquirida, essa forma
de se alimentar não é permanente, podendo-se retornar à dieta habitual após a resolução do
problema. No caso de deficiência ontogenética, como existe apenas uma diminuição de
atividade enzimática, não há a necessidade de excluir a lactose completamente da dieta,
bastando haver uma redução da quantidade de leite e derivados de acordo com a tolerância
individual (FARIAS, FAGUNDES NETO, 2004).
A maioria dos adultos intolerantes à lactose pode consumir uma pequena quantia da
mesma (6 a 12g) sem sintomas principais, especialmente quando consumida com refeições ou
na forma de iogurte com culturas ativas (BEYER, 2002). A enzima lactase e os derivados de
leite tratados com ela estão disponíveis para pessoas que não digerem a lactose e possuem
desconforto com a ingestão de leite (BEYER, 2002).
Em vários estudos, a ingestão de leite com lactose hidrolisada tem reduzido os
sintomas em pessoas intolerantes a esse carboidrato (VESA, MARTEAU, KORPELA, 2000).
Essa seria a melhor alternativa para pessoas intolerantes, inclusive porque não se deve
deixar de ingerir leite e produtos lácteos, pois eles fazem parte de uma dieta equilibrada,
sendo ricos em nutrientes como proteínas e cálcio, que são vitais para que o organismo seja
forte e saudável (SPG, 2006). Segundo Moriwaki e Matioli (2000), a redução ou eliminação
do leite e seus derivados da dieta de crianças intolerantes à lactose pode comprometer a
absorção de proteína e riboflavina, além do cálcio.
10
4. MATERIAIS E METODOS
4.1 Amostra
Serão utilizadas enzimas de duas marcas comerciais diferentes, que serão citadas ao
longo da dissertação como enzimas 1 e 2. Os nomes das marcas foram omissos para preservá-
las e evitar qualquer tipo de constrangimento ou prejuízo pelos possíveis resultados
encontrados. Estas enzimas são provenientes de leveduras Kluyveromyces lactis, conforme
especificação da legislação (BRASIL, 2003a), que são obtidas comercialmente através da
fermentação de uma cepa selecionada e específica desta levedura. Segundo informações
técnicas de uma das marcas, a enzima em questão pode atuar em uma ampla faixa de
temperatura, que varia de 6ºC a 40ºC. As enzimas armazenadas durante todo o período do
experimento em local refrigerado, visando a manutenção da sua viabilidade.
4.3 Tratamentos
11
adicionadas as enzimas. O acompanhamento da hidrólise da lactose será feito através de
análise de crioscopia, realizada em intervalos de 1 hora. Com esses valores, terá uma
estimativa da porcentagem de hidrólise, utilizando-se a Equação 1, recomendada por uma das
empresas fornecedoras da enzima (apud Longo, 2006).
Este processo será feito com o intuito de inativar a enzima e reduzir a carga
microbiana presente devido ao manejo do leite e à adição da enzima. Vinhal (2001)
comprovou que há temperaturas superiores a 40ºC, a lactase apresenta baixa estabilidade
térmica.
12
a 505 nm.
Para determinar a lactose das amostras após terem sido submetidas aos tratamentos e o
grau de hidrólise da lactose, foi determinada a glicose, para então fazer-se a estequiometria da
reação, considerando que para cada molécula de lactose degradada são formadas uma
molécula de glicose e uma molécula de galactose.
A MSR envolve quatro passos básicos: seleção dos parâmetros do sistema (variáveis e
seus níveis); formulação do delineamento experimental (o mais comum é o delineamento
central composto rotacional – DCCR); encontrar o modelo (DCCR é adequado somente para
modelos lineares e quadráticos – testes estatísticos avaliam a validade do modelo, incluindo a
falta de ajuste e a análise de resíduo); e encontrar as soluções ótimas (se o modelo for
13
estatisticamente válido, pode ser usado para predizer o ponto ótimo do sistema) (ARTEAGA
et al., 1994).
Em que:
Yij é a observação feita na parcela para o tratamento i na repetição j;
µ representa uma constante inerente a toda parcela;
ti representa o efeito do tratamento i;
eij é o erro experimental na parcela i, j.
5. CRONOGRAMA
14
Análises microbiológicas X X X
Análises físico-químicas X X X
Tabulação dos Dados X X X
Qualificação X X X
Elaboração da X X X X X
Dissertação
REFERÊNCIAS
ARTEAGA, G.E. et al. Systematic experimental designs for product formula optimization.
Trends in Food Science and Technology, Cambrigde, v. 5, n. 8, p. 243-254, aug. 1994.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12806: Análise Sensorial dos
Alimentos e Bebidas. Rio de Janeiro, 1993. 8p.
BEYER, P.L. Terapia clínica nutricional para distúrbios do trato gastrointestinal baixo. In:
MAHAN, L.K.; ESCOTT-STUMP, S. (Ed.). Krause alimentos, nutrição & dietoterapia.
10aed. São Paulo: Roca, 2002, p.643-670.
15
COMMITTEE ON SENSORY EVALUATION OF THE INSTITUTE OF FOOD
TECHNOLOGISTS. Sensory testing guide for panel evaluation of foods and beverages.
Food Technology, Chicago, v. 18, n. 8, p. 25-31, Aug. 1964
DURING, M. J.; XU, R.; YOUNG, D.; KAPLITT, M. G.; SHERWIN, R. S.; LEONE, P.
Peroral gene therapy of lactose intolerance using an adeno-associated virus vector. Nature
Medicine, v. 4, p.1131-1135, 1998
FARIAS, F.F.; FAGUNDES NETO, U. Intolerância aos carboidratos. The Electronic Journal
of Pediatric, v. 8, n. 3, dec 2004. Disponível em: http://www.e-
gastroped.com.br/dec04/intolerancia.htm. Acesso em: 27 fev. 2007
LESSOF, M.H. Alergia e intolerancia a los alimentos. Zaragoza: Acribia S.A., 1996. 218p.
LONGO, G.; WASZCZYNSKYJ, N. Avaliação sensorial de leite UHT com baixo teor de
lactose. In: XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS, 2005, Juiz de Fora. Anais.
Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 60, n. 345, p. 77-80, jul.-
ago. 2005.
SHAH, N. P.; FEDORAK, R.N.; JELEN, P. J. Food consistency effects of quarg in lactose
malabsorption. International Dairy Journal, n. 2, p. 257-269, 1992.
SINHA, R., Radha, C., Prakash, J., & Kaul, P. (2007). Whey protein hydrolysate: Functional
properties, nutritional quality and utilization in beverage formulation. Food Chemistry, 101,
1484 –1491.
16
<http://www.virtual.epm.br/material/tis/curr-bio/trab2001/grupo1/intolerancia.htm>. Acesso
em: 04 ago. 2003.
VRESE, M.de et al. Probiotics – compensation for lactase insufficiency. American Journal of
Clinical Nutrition, v. 73, n. 2, 421S-429s, 2001.
VESA, T. H.; MARTEAU, P.; KORPELA, R. Lactose intolerance. Journal of the American
College of Nutrition, v. 19, n. 2, p. 165S-175S, 2000
17