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2017
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2 COMPOSIÇÃO DO LEITE
3. PROPRIEDADES ORGANOLÉPTICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DO LEITE
3.1. Densidade
3.2. Ponto de Congelamento e de Ebulição
3.3. Condutividade elétrica
3.4. pH
3.5. Viscosidade
3.6. Acidez
3.7. Calor específico
3.8. Tensão superficial
4. MICROBIOLOGIA DO LEITE
4.1. Microrganismos benéficos presentes no leite
4.2. Microrganismos deteriorantes e patogênicos no leite
5. TRATAMENTOS TÉRMICOS: PASTEURIZAÇÃO E ULTRA-ALTA
TEMPERATURA (UAT)
6. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS PARA LEITE
6.1. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS PARA LEITE CRU E PASTEURIZADO
6.1.1 Procedimentos para colheita de amostras de leite
6.1.2. Medição da temperatura
6.1.3. Teste do Alizarol
6.1.4. Prova de acidez pelo método Dornic
6.1.5. Peroxidase
6.1.6. Fosfatase alcalina
6.1.7. Crioscopia
6.1.8. Análises físico-químicas do leite em equipamento ultrasônico
6.1.9. Determinação da porcentagem de gordura pelo processo
6.1.10. Extrato seco total
6.1.11. Densidade
6.1.12. Sólidos não gordurosos
6.2. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS COMPLEMENTARES
6.2.1. Lactofermentação
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6.2.2. Sedimentação
6.2.3. Lactofiltração
6.2.4. Ring Test - prova do anel azul
6.2.5. Teste do Álcool
7. PESQUISA DE RESÍDUOS DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS
7.1. CONSERVANTES
7.1.1 Antibióticos
7.1.2 Peróxido de hidrogênio
7.1.3. Formol
7.1.4. Cloro e hipoclorito
7.2. NEUTRALIZANTES DA ACIDEZ
7.2.1. Bicarbornato e outros alcalinos
7.3. RECONSTITUINTES
7.3.1 Amiláceos
7.3.2. Cloretos
7.3.3. Sacarose
7.3.4. Álcool etílico
8. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS
8.1. Planos amostrais
8.2. Colheita e preparo da amostra para análises microbiológicas
8.3. Diluições decimais seriadas
8.4. Análises obrigatórias para leite fluido
8.4.1. Contagem Padrão em Placas
8.4.2. Número mais provável de Coliformes a 30/35°C
8.4.3. Número mais provável de Coliformes a 45°C
8.4.4. Pesquisa de Salmonella spp
9. Outras análises microbiológicas
9.1. Contagem de Bolores e Leveduras
9.2. Contagem de Microrganismos Psicrotróficos
9.3. Contagem de Staphylococcus coagulase positiva
9.4. Pesquisa de Listeria monocytogenes
10. OBTENÇÃO DE LEITE COM QUALIDADE (Cartilha de Boas Práticas de
Produção de Leite e Fabricação de Queijo de Búfala).
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA/RECOMENDADA
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1. INTRODUÇÃO
2. COMPOSIÇÃO DO LEITE
O leite "in natura" é um produto obtido higienicamente, por meio da ordenha completa e
ininterrupta de vacas sadias, devendo ser resfriado imediatamente após sua obtenção, podendo ser
proveniente de uma ou várias fêmeas e de uma ou mais ordenhas (SPREER, 1975). A sua composição
média inclui água (87,3%), gordura (3,9%), proteínas (3,2%), lactose (4,6%), sais minerais (0,6%) e
pode variar conforme a espécie, raça, individualidade, alimentação, tempo de gestação, intervalos
entre ordenhas, estresse ou ação de drogas medicamentosas (PEREIRA et al., 2001).
A matéria gorda é o elemento mais variável do leite, constituída por triglicérides e formada
por glóbulos de diversos tamanhos que se encontram em emulsão. No leite de vaca há,
aproximadamente, 347 acidos graxos, com destaque para o butírico, capróico, caprílico,
láurico, mirístico, palmítico, esteárico e oleíco (BEHMER, 1982, PEREIRA et al., 2001).
queijos, sendo o constituinte mais estável do leite, praticamente não variando entre as raças bovinas.
A lactose isolada do leite em forma de pó serve como matéria prima na indústria farmacêutica
(VIERA DE SÁ, 1978).
Segundo Veisseyre (1972), o leite está entre os alimentos que contém uma maior
variedade de vitaminas, apesar de encontrarem-se em pequenas quantidades, sendo que as principais
vitaminas lipossolúveis são A (1500 UI/litro), D (20 UI/litro) e E (l a 2 mg/litro) e as vitaminas
hidrossolúveis são B1 (400 a lOOOµg/litro), B2 (800 a 3000 µg/litro), B6 (0,3 a l,5 mg/litro), B12 (l a
8 µg/litro), ácido pantotênico (2 a 5 mg/litro), niacina (l a 2 mg/litro) e vitamina C (10 a 20
mg/litro).
O leite fresco apresenta-se como um líquido cuja coloração pode variar do branco
opaco, devido à passagem da luz através da caseína e substâncias coloidais dispersas, à
amarela devido ao caroteno dissolvido na gordura; é duas vezes mais viscoso que a água, com
sabor levemente adocicado devido à relação entre a lactose e os sais, e de odor pouco
acentuado conferido pelo ácido cítrico (VEISSEYRE, 1972).
3.2. Ponto de Congelamento e de Ebulição: o leite é uma solução que contém sais e
açúcares. Portanto apresenta ponto de congelamento mais baixo, em relação à água
(aproximadamente -0,530° Celsius que corresponderá a -0,550° Hortvet), e de ebulição (entre
100oC e 101oC) (PEREIRA et al., 2001).
3.3. Condutividade elétrica: por conter eletrólitos (sais, ácidos e bases), o leite
possibilita a passagem de corrente elétrica que pode ser utilizada para detectar leites anormais,
como aqueles provenientes de animais com mastite (ocorre aumento de cloretos) e para
detecção de fraudes por adição de substâncias neutralizantes. Em média, a condutividade do
leite varia entre 46,1 – 49,2 x 104 S cm-1.
3.5. Viscosidade: o leite é mais viscoso do que a água, devido à presença de proteínas
e gorduras, podendo sofrer alterações com o processamento industrial (PEREIRA et al.,
2001). A viscosidade depende da resistência de atrito entre as moléculas, que diminui quando
há aumento da temperatura e é especialmente importante na avaliação do creme.
3.6. Acidez: O leite logo após a ordenha apresenta reação ácida com a fenolftaleína
sem que nenhuma acidez como ácido lático tenha sido produzida por fermentações. A acidez
do leite fresco deve-se à presença de caseínas, fosfatos, albumina, dióxido de carbono e
citratos. A elevação da acidez é determinada pela hidrólise da lactose por enzimas de origem
microbiana e formando ácido lático, caracterizando a acidez desenvolvida do leite (PEREIRA
et al., 2001).
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4. MICROBIOLOGIA DO LEITE
pasteurização lenta (Figura 1), que consiste no aquecimento do leite a 63 - 65°C (sessenta e
três a sessenta e cinco graus centígrados) por 30 (trinta) minutos mantendo-se o leite em grande
volume sob agitação mecânica, lenta, em aparelhagem própria, sendo indicada para pequenos
volumes; a pasteurização rápida, que consiste no aquecimento do leite em camada laminar a
72 - 75°C (setenta e dois a setenta e cinco graus centígrados) por 15 a 20 (quinze a vinte)
segundos, em aparelhagem própria, devendo imediatamente após o aquecimento, o leite ser
refrigerado em temperatura não superior a 4oC e em seguida envasado. Somente é permitida a
utilização de aparelhagem convenientemente instalada e em perfeito funcionamento, provida
de dispositivos de controle automático, de termo-regulador, de registradores de temperatura
(termógrafos de calor e frio) e outros que venham a ser considerados necessários para o
controle técnico-sanitário da operação (Figuras 2 e 3) (RIISPOA, 2017).
6. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS
Para leite cru, recomenda-se a utilização de agitadores, com turbulência moderada para
mistura do leite no latão ou no tanque de resfriamento, e coletor com alça (Figuras 6 e 7). Os
frascos para acondicionamento do leite não devem ser cheios até a tampa para evitar
extravasamento e permitir uma homogeneização antes das análises, devendo ser colhidos pelo
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menos 1000 mL para a realização de todas as análises. As amostras deverão ser mantidas em
refrigeração (máximo de 7°C) até o momento das análises, que devem ser realizadas o mais
rápido possível, identificadas corretamente. Para leite pasteurizado, coletar um litro na
embalagem original, que deve estar íntegra, manter em refrigeração (máximo de 7°C) até o
momento da realização das análises, que deve acontecer o mais rápido possível e com o
produto dentro do prazo de validade. Para o leite UAT, a amostra pode ser mantida em
temperatura ambiente.
Figura 6. Agitadores para latões e para tanques de resfriamento. Disponível em: www.cap-
lab.com.br/2004/images/prod
Figura 8. Prova do Alizarol com leite ácido, alcalino e normal, respectivamente. Acervo próprio.
Figura 11. Acidímetro de Dornic para análise de acidez. Disponível em: www.cap-lab.com.br/2004/images
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6.1.5. Peroxidase
Princípio: a peroxidase é uma enzima, utilizada na avaliação da eficiência do sistema de
pasteurização por ser considerada termoresistente, ou seja, permanece ativa após o tratamento
térmico. A peroxidase, ao hidrolisar o peróxido de hidrogênio, libera oxigênio, o qual
transformará o guaiacol da sua leucobase para a forma corada (Figura 13).
Procedimento (IN 68/2006): Transferir 10 mL da amostra para um tubo de ensaio, aquecer
em banho-maria a 45ºC por 5 minutos, para ativação da enzima. Acrescentar 2 mL da solução
hidroalcoólica de guaiacol a 1 % ao tubo de ensaio, pelas suas paredes, seguir a adição de 3
gotas da solução de peróxido de hidrogênio a 3 %.
Resultados: cor salmão: prova positiva, leite cru ou propriamente pasteurizado.
cor branca: prova negativa, leite superaquecido ou fervido (acima de 80°C).
Figura 14. Teste da fosfatase com reação positiva e negativa, respectivamente. Acervo próprio.
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6.1.7. Crioscopia
Princípio: baseia-se na determinação do ponto de congelamento do leite em comparação ao
da água e está relacionado com o equilíbrio entre água e solutos.
Procedimento: para a determinação dos índices crioscópicos (IC) das amostras, utiliza-se 3
repetições de cada amostra distribuídas em tubos de crioscópio, em um volume de 2,5mL cada, e
transferidos para crioscópio (Figura 15), para a determinação do ponto de congelamento. Após a leitura
de cada amostra, calcula-se a média, determinando assim o valor do índice crioscópico, expresso em
graus Hortvet (°H).
Normalidade (RIISPOA, 2017): - 0,530ºH a -0,555ºH (equivalentes a -0,512ºC e a -0,536ºC)
6.2.1. Lactofermentação
Princípio: baseia-se na coagulação espontânea do leite, pelas bactérias presentes, quando
incubado a temperaturas de 30-35oC por 24 horas. O material utilizado deve apresentar-se
rigorosamente limpo e esterilizado; é uma análise qualitativa (Figura 17).
Procedimento (LANARA, 1981): pipetar l0 mL da amostra de leite em um tubo esterilizado
hermeticamente vedado e incubar em estufa à 3 8°C/24h.; classificar o coágulo.
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Resultados:
tipo gelatinoso: o coágulo apresenta-se uniformemente gelatinoso e é proveniente da
fermentação lática (bactérias de várias espécies transformam a lactose em ácido lático). A
biota normal é aquela que produz ácido lático, acidificando naturalmente o leite ( S.
cremocis, S. lactis e Lactobacillus casei).
tipo esfacelado ou esponjoso: com produção de gás e ácido; o soro é claro e mais ou
menos abundante e é proveniente de fermentação pseudolática, devido à presença de
coliformes.
tipo caseoso: apresenta coágulo que se contrai de um lado ou em todo o contorno; o soro é
claro ou leitoso; o coágulo é proveniente de fermentação proteolitica, devido à ação de
microrganismos que agem sobre a substância proteica, decompondo-a em compostos de
aroma desagradável. Aeróbios e Psicrotróficos: Proíeus spp, Serratia spp,
Pseudomonas spp, Achromobacter spp, Flavobacterium spp. Anaeróbios: Clostridium spp.
tipo floculoso: apresenta flocos de caseína, com bolhas gasosas, sendo que o soro muitas
vezes, apresenta-se leitoso. O coágulo é proveniente de fermentação por leveduras. Ocorre
forte produção de gás carbónico devido à formação de pequena quantidade de álcool etílico.
aspecto líquido: com ausência de coágulo ou escassa coagulação. Este leite é um meio
impróprio para o crescimento bacteriano denotando um produto impróprio para a indústria e
para o consumo, pois geralmente indica presença de substâncias inibidoras como antibióticos.
6.2.2. Sedimentação
Princípio: baseia-se na avaliação visual do sedimento formado pela deposição de substâncias
próprias ou residuais presentes no leite.
Procedimento (LANARA, 1981): pipetar 5 mL de cada amostra em tubos de centrífuga; após
centrifugação a 2.000 rpm por 5 minutos, observar o sedimento formado classificando-o segundo
descrito abaixo.
Resultados: bom: pequeno sedimento branco;
regular: presença de células, sujidades;
ruim: presença de células, sujidades, sangue, terra;
péssimo: presença de células, sujidades, sangue, terra, fezes.
6.2.3. Lactofiltração
Princípio: é feita a filtração, em papel filtro, de um volume determinado de leite levemente
aquecido para avaliar quantitativamente, a presença de sujidades no leite cru provenientes de
processos anteriores à sua recepção na indústria (ordenha, utensílios, transporte) como
estimativa das condições higiênico-sanitárias. É necessário utilizar aparelho de filtração de
Minit com papel filtro adequado.
Procedimento (PEREIRA et al., 2001): transferir 500 mL de leite para béquer de 1000 mL;
aquecer o leite em banho-maria a no máximo 40°C; transferir para o aparelho de filtração de
Minit com o papel filtro previamente tarado (P1); vedar o aparelho; insuflar ar com auxílio de
pera de borracha até completar a filtração; retirar o filtro, secar em estufa à 100ºC e esfriar em
dessecador; em seguida pesar o filtro com o resíduo seco em balança analítica (P2).
Resultados: a massa do resíduo é determinada por diferença entre os resultados das pesagens
P2 e P1 que será expressa em miligramas de sujidade por litro de leite.
7.1. CONSERVANTES
7.1.1 Antibióticos
Princípio: Os resíduos de antibióticos no leite geralmente estão em concentrações baixas, da
ordem de ppb (partes por bilhão) e são vários os medicamentos que podem ser utilizados em
vacas leiteiras. Atualmente, os denominados métodos rápidos, que se baseiam em kits
comercialmente disponíveis, já podem ser utilizados e têm como princípios a inibição do
crescimento bacteriano e reações enzimáticas ou imunológicas, sendo que os mais usados são os
de inibição do crescimento, como o Charm Test utilizado pelo LABLEITE (Figura 18).
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Figura 18. Placa aquecedora para Charm e fitas de MRL BL/TET test.
Procedimento: verificar se a incubadora está em +- 56°C, agitar o leite e retire o rótulo da fita;
inserir no local adequado da incubadora a fita. Pipetar 300 µL da amostra no compartimento da
amostra na fita. Fechar o compartimento da fita e a tampa da incubadora, apertar para travar,
aguardar não mais que 10 minutos, retirar a fita para fazer a leitura.
Resultados: reação inválida: falha na linha “C” e duas linha “BL” e “ TE” visíveis.
reação negativa: Linha “C” clara ou escura e linhas “BL” e “TE” escuras.
reação positiva: Linha “C” visível e linhas “BL” e/ou “TE” clara ou linhas “BL” e/ou
“TE” escura (Figura 19).
Figura 19. Resultados do kit Charm MRL BL/TET test. Disponível no manual do produto.
Figura 20: Teste do Peróxido de hidrogênio com reação positiva. Acervo próprio.
7.1.3. Formol
Princípio: A metodologia alternativa possui reação colorimétrica em caso positivo - uma cor
violeta, que varia de acordo com a concentração do contaminante adicionado na amostra. A
formação de uma cor rosácea indica o resultado negativo (Figura 21).
Procedimento: pipetar 15 mL de leite em tubo de ensaio e adicionar 1 mL de Formfix em
seguida.
Resultados: reação positiva: coloração roxa
reação negativa: coloração rosa
Figura 21. Teste Formfix com reação negativa e positiva para formol, respectivamente. Acervo próprio.
Figura 22. Teste para cloro e hipoclorito com reação negativa e positiva, respectivamente. Acervo próprio.
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Princípio: a adição de substâncias alcalinas ao leite têm como objetivo mascarar uma má qualidade
do produto, pela neutralização da acidez de forma a produzir uma estabilidade da proteína (Figura
23).
Procedimento(ILTC, 1993): pipetar em tubo de ensaio com rosca, 5mL de leite + 5mL da mistura
álcool-éter acetona (11mL de éter + 7mL de álcool + 0,l mL de acetona); após fechamento do tubo,
invertê-lo até uniformizar a mistura.
Resultados: reação positiva: formação de solução homogénea semi-transparente.
reação negativa: formação de grumos aderentes à parede do tubo.
Figura 23. Teste para bicabornato e outros alcalinos com reação negativa. Acervo próprio.
7.3. RECONSTITUINTES
7.3.1 Amiláceos
Princípio: verifica o desenvolvimento de coloração azulada após o aquecimento e adição da
solução de iodo/iodeto de potássio (lugol) à amostra em presença de amido. O aquecimento
promove a abertura da cadeia helicoidal da molécula do amido, e permite a absorção do iodo, com
o desenvolvimento da coloração característica após resfriamento (Figura 24).
Procedimento (IN 68/2006): transferir 5mL de leite para um tubo e ferver, resfriar com água
quente e acrescentar cinco gotas de solução lugol.
Resultado: reação positiva: coloração azul-violeta devido à presença de dextrina
reação negativa: inalterado
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Figura 24. Teste do amido. Controle positivo seguido por resultados negativos. Acervo próprio.
7.3.2. Cloretos
Princípio: baseia-se na reação do nitrato de prata com os cloretos, em presença de cromato de
potássio como indicador de cor. Quando o teor de cloretos é normal, a quantidade de nitrato de
prata adicionado é excessiva, reagindo com o indicador para a produção de coloração marrom.
Por outro lado, quando o teor de cloreto é elevado, haverá maior consumo de nitrato de prata,
diminuindo a intensidade da coloração marrom. A reação deve desenvolver-se em pH ajustado
(Figura 25).
Procedimento (IN 68/2006) misturar em um tubo de ensaio partes iguais (1mL) de leite, de
cromato de potássio 5% (m/v) S.R. (Reagente A) e de nitrato de prata 10% (m/v) S.R.
(Reagente B).
Resultado: reação positiva: coloração amarelo claro
reação negativa: coloração vermelho-tijolo
Figura 25. Teste para cloretos com reação negativa e positiva, respectivamente. Acervo próprio.
7.3.3.Sacarose
Princípio: a presença de açúcar é detectada pela reação de caramelização deste em meio
fortemente acidificado.
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Procedimento: Misturar em um tubo de ensaio 1ml de leite e 1ml de ácido clorídrico p.a.,
agitar até a dissolução e deixar em banho-maria por 2-3 minutos
Resultado positivo: escuro
negativo: inalterado
7.3.4.Álcool etílico
+6
Princípio: na presença de álcool etílico, em meio ácido, ocorre a redução do cromo a
+3
cromo , modificando a coloração da solução sulfocrômica.
Procedimento: medir 100 mL da amostra e transferir para o kitazato, adicionar 10 mL de
antiespumante e misturar bem, transferir para um tubo de ensaio 2 mL da solução
sulfocrômica e mergulhar nessa solução a extremidade da pipeta de Pasteur acoplado ao
kitazato por um tubo de silicone ou látex, de modo a formar um sistema fechado, aquecer a
amostra contida no kitazato mantendo em fervura por 5 minutos.
Resultado positivo: verde
negativo: inalterada ou amarelada
8. ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS
Todo o material a ser utilizado em análises microbiológicas deve estar rigorosamente limpo e
esterilizado.
Figura 26. Preparo das diluições Adaptado de Madigan et al., Brock Biology of Microorganisms,2003.
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Figura 28. Esquema de semeadura e crescimento de aeróbios mesófilos para amostras sólidos e líquidos.
Figura 29. Esquema de semeadura e crescimento de aeróbios mesófilos. Adaptado de Madigan et al., Brock
Biology of Microorganisms, 2003.
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Figura 30. Esquema de semeadura e crescimento de coliformes totais (NMP) para amostras sólidas e líquidas
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Figura 31. Semeadura para coliformes totais em CVLB em triplicata. Acervo próprio/Lipoa/UEL.
Figura 32. Resultado positivo para coliformes totais em CVBL com turvação e formação de gás nos tubos de
Durhan. Acervo próprio.
Procedimento (IN 62/2003): A partir de cada um dos tubos positivos no NMP de coliformes
totais, semear uma a duas alçadas em tubo contendo caldo EC e em tubo contendo caldo
Triptona; incubar ambos a 44,5°C (± 0,5°C), por 24-48 horas em banho-maria; após a
incubação verificar (Figura 33):
a) Fermentação da lactose com presença de gás nos tubos de Durhan.
b) Teste da presença do Indol: adicionar ao tubo com caldo triptona, ± 0,3mL de reativo de
Kovacs; o aparecimento de coloração vermelha-escura na camada representa uma reação
positiva (Figura 34).
Considerar como coliforme a 45°C quando ambas as provas apresentarem resultados
positivos. Calcular o NMP de coliformes a 45°C através do número de tubos confirmados,
conforme Anexo III da Instrução Normativa 62/2003.
Normalidade: Leite pasteurizado tipo A (IN 62/2011): n = 5; c = 0; m= ausência
Leite pasteurizado (IN 62/2011): n=5, c=1, m=1, M=2
Figura 33. Esquema de semeadura e crescimento de coliformes termotolerantes 45°C (NMP) para amostras
sólidas e líquidas.
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Figura 34. Resultados positivos para coliformes termotolerantes no caldo EC com formação do anel vermelho e
formação de gás em tubo de Durhan no caldo triptona. Acervo próprio.
Figura 35. Esquema para pesquisa de Salmonella para amostras sólidas e líquidas.
Figura 38. Esquema de semeadura e crescimento de Bolores e Levedura para amostras sólidas e líquidas.
Figura 39. Esquema de semeadura e crescimento de Psicrotróficos para amostras sólidas e líquidas.
por 30-48 horas; selecionar placas que contenham entre 10-150 colônias; contar as colônias
típicas, negras brilhantes com anel opaco, rodeado por um halo claro transparente,
destacando-se sobre a opacidade do meio; contar também as colônias atípicas, acinzentadas
ou negras brilhantes sem halo ou com apenas um dos halos. Após a seleção de 3-5 colônias
típicas e atípicas de cada placa, semear em tubos contendo caldo cérebro-coração (BHI),
incubados a 35°C por 24 horas; a partir deste caldo deve-se efetuar a prova para pesquisa da
presença de coagulase. Para a pesquisa da presença de coagulase deve-se transferir 0,2 mL de
cultivo para tubos contendo 0,5mL de plasma de coelho oxalatado; incubar a 35°C por 6 horas
e verificar a presença de coagulação (reação positiva); quando negativa, reincubar até 12
horas (Figuras 40, 41 e 42). Verificar a presença de coágulos, considerando:
Reação 1+: coágulo pequeno e desorganizado
Reação 2+: coágulo pequeno e organizado
Reação 3+: coágulo grande e organizado
Reação 4+: coagulação de todo o conteúdo do tubo (não se desprende se o tubo é
invertido) *Se a coagulação for do tipo 3+ e 4+, considerar positivo para S. aureus.
A partir da cultura feita no caldo BHI, realizar testes complementares: coloração de Gram e
prova de catalase; Para realização da prova de catalase, pingar uma gota de peróxido de
hidrogênio sobre a colônia a ser testada e observar se houve formação de bolhas. Se sim, o
teste é positivo, se não, é negativo;
Resultado: quando todas as colônias repicadas no caldo BHI forem confirmadas nos testes, o
resultado final da contagem será igual ao número obtido na contagem inicial. Quando não se
confirmam todas as colônias, calcular o resultado final com a fórmula: R = C x c x d / r, sendo
R = Resultado; C = número de colônias contadas; c = número de colônias confirmadas; r =
número de colônias repicadas; d = diluição usada.
Exemplo: Diluição 10-2 = 30 colônias contadas, das quais 20 eram típicas e 10 atípicas. Para
confirmação, foram repicadas 5 colônias de cada tipo. Quatro colônias típicas e duas atípicas
apresentaram resultado positivo nos testes confirmativos. Aplicando-se a fórmula para as
típicas: RT = 20x4x100/5 = 1600. Para as atípicas: RA= 10x2x100/5 = 400. O resultado final é
a soma: 1600 + 400 = 2000 = 2,0 x 103 UFC/mL/g.
Normalidade: Não há parâmetros legais para leite fluído
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Figura 40. Esquema de semeadura e crescimento de Staphylococus coagulase positiva para amostras sólidas e
líquidas.
Figura 42. Prova da coagulase para estafilococos sendo A um resultado positivo (coagulação) e B negativo.
Disponível em: <www.interlabdist.com.br>.
Figura 43. Esquema para pesquisa de L.monocytogenes para amostras sólidas e líquidas.
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA-UnB
Brasília – DF/2016
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Brasília–DF
2016
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Apresentação
A produção de alimentos para toda a população começa na propriedade rural. Para que
a indústria possa produzir um alimento seguro (saudável), é necessário que receba uma
matéria-prima com a menor contaminação possível.
Esta cartilha dá uma visão geral sobre o que são os perigos da cadeia agroalimentar do
leite e da fabricação de queijos de búfalas.
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Conteúdo
Local e instalações.……………………………………………………………………..28
Ordenhador……………………………………………………………………………....28
Saúde do úbere…………………………………………………………………………28
Linha de ordenha………………………………………………………………………..30
Ordenha…………………………………………………………………………………..30
Manipuladores…………………………………………………………………………...34
Pasteurização……………………………………………………………………………35
Local e Instalações
A área deve ser longe de locais com mau cheiro ou que favoreçam o
desenvolvimento de moscas e outras pragas.
Ordenhador
Saúde do Úbere
Resultado do CMT
Faça o teste da caneca de fundo preto, a partir dos três primeiros jatos de cada
teto, para diagnóstico da mastite clínica em todas as vacas e em todas as ordenhas.
Linha de ordenha
Nos casos em que os tetos estiverem muito sujos, é necessário que sejam
lavados. Direcione o jato de água para o teto, tenha cuidado para não molhar o úbere da vaca.
Ao molhar o úbere, aumenta-se o risco de que a água suja da lavagem escorra para a teteira,
contaminando o leite.
Realize o pré-dipping, limpeza dos tetos antes da ordenha, com solução clorada
a 750 ppm (misturar 75 mL de água sanitária em 2 litros de água) usando o copo aplicador.
Ordenha
Completar o volume que será uso de iodo com água e colocar um pouco de
glicerina apenas aumentar a viscosidade.
Forneça alimento para a búfala logo após sua saída da sala de ordenha. Ao
oferecer o alimento diminuímos a probabilidade de que ela se deite. Neste tempo, o esfíncter
do teto fechará, diminuindo o risco de mastite ambiental.
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As teteiras devem ser lavadas ao final de cada ordenha com escova apropriada
e detergente alcalino clorado (sugere-se SH 3000 Plus – Qualimilk - diluição segundo o
fabricante)
Quando ocorrer alteração da cor para levemente rosa (usar um tubo só com leite
para comparar), parar de adicionar a solução Dornic e verificar o volume utilizado;
para cada 0,1mL de solução Dornic corresponderá a 1°D.
Nas mesa e no tanque de pasteurização pode ser despejado água quente para
auxiliar o enxágue e remoção de resíduos de gordura.
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Manipuladores
Manter frasco com álcool gel à disposição dos funcionários e de outras pessoas
que adentrem as instalações de produção.
Pasteurização
Recomenda-se que a câmara fria passe por uma limpeza geral, pelo menos uma
vez a cada semana ou sempre que julgar necessário, dependendo da utilização.
A limpeza deve ser com detergente alcalino neutro (QualiMilk 300) na diluição
indicada pelo fabricante e usando esponja e escova apropriados.
Após a lavagem esperar secar por tempo adequada, para diminuir a umidade no
local.
HENDERSON J.L. The Fluid-Milk Industry. 3rd edition. Editor AVI, London, pp 2:18-19,
1971.
ORTOLANI, M.B.T. et al. Microbiological quality and safety of raw milk and soft cheese and
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Disease. v.7, n.2, p.175-180, 2010.
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VIEIRA de SÁ, F. O leite e os seus produtos. 4th edn, p 392. livraria clássica editora, Lisboa,
1978.
Bolor, listeria