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1. INTRODUÇÃO
A produção de leite é uma atividade de grande importância no
agronegócio brasileiro, à frente de produtos tradicionais como café beneficiado
e arroz. Desempenham relevante papel social, principalmente na geração de
empregos, renda e tributos para o País. A exploração de animais leiteiros é de
suma importância tanto fisiologicamente quanto economicamente.
Com a abertura da economia, a entrada de produtos lácteos de outros
países foi facilitada, ocasionando grande concorrência no segmento. O
consumidor tornou-se cada vez mais exigente quanto à qualidade do leite e de
seus derivados, com isso, a qualidade da matéria prima se tornou fundamental
para atingir às exigências do mercado e dos consumidores e,
consequentemente, passou a gerar maiores rendimentos aos produtores.
Entretanto, embora a produção de leite no Brasil tenha crescido nos
últimos anos, existe uma deficiência em melhorar a qualidade (microbiológica e
físico-química) desse produto, visto que grande parte do leite produzido no país
é oriunda de pequenos produtores rurais, com baixa capacitação técnica e
limitação financeira para realizar investimentos necessários (utensílios,
insumos, equipamentos, maquinários, etc.).
A obtenção do leite de qualidade está diretamente ligada às condições
higiênicas durante a ordenha (limpeza dos equipamentos e utensílios
destinados a sua obtenção; higiene do local e do ordenhador; e qualidade da
água utilizada na propriedade) e a saúde do animal, pois estes podem servir de
veículo para agentes patogênicos para seres humanos.
Por fim, com o aumento do consumo e da produção do leite, surgiu a
necessidade de aprimoramento de técnicas e de higienização na obtenção,
transporte e conservação do leite, com o objetivo de garantir um produto limpo
e saudável e com maior tempo de conservação.
3. CLASSIFICAÇÃO DO LEITE
Atualmente existe muita divergência sobre as classificações do leite,
pois as legislações referentes a esse produto foram publicadas em
complemento às anteriores, revogando alguns artigos e anexos, gerando
confundimento e cabendo interpretações distintas.
A Instrução Normativa nº 51 de 2002, considerada a referência inicial
para determinação das classificações de leite, classificava o leite em três tipos:
Tipo A, Tipo B e Tipo C, baseado nos critérios de instalações de ordenha,
higiene de ordenha e armazenamento do leite na propriedade rural. Em 2011,
com a publicação da IN nº 62, houve revogação dos anexos II e III da IN nº51,
e consequentemente, a retirada das classificações de Tipos B e C, dando uma
nova classificação para os tipos de leite: Leite cru Refrigerado, Leite Tipo A,
Leite Pasteurizado, ainda utilizando os mesmos critérios anteriores.
a) Prova do álcool
Ao acrescentar ao leite certa quantidade de álcool etílico, produz-se uma
desidratação parcial ou total de certos coloides hidrófilos, podendo haver perda
de equilíbrio e consequente floculação. É conhecido o fato de que a
estabilidade da fração proteica do leite diminui com o aumento da acidez. A
prova se baseia, então, na ação desidratante do álcool desde que o leite
apresente uma acidez ligeiramente superior a 20ºD ou pH de 6,3 a 6,4. Com
este índice de acidez, o leite contém partículas desestabilizadas que se
coagulam sob a ação do álcool, cuja concentração pode variar de 68 a 80ºGL.
Para a realização da prova:
Misturar 2mL de leite com 2mL de álcool a 68% (1:1) em tubo de ensaio
ou placa de Petri
Tampar e inverter várias vezes
Observar se existem partículas de caseína coaguladas
Figura 4 – Teste do álcool: leite normal (esquerda) e leite não estável (direita)
b) Prova do alizarol
O método do alizarol tem o mesmo princípio da prova do álcool, verificar
a estabilidade proteica através da presença da coagulação ou não, evitando
que ocorra nas placas do pasteurizador. Entretanto este teste apresenta
vantagens sobre o anterior, pois ainda permite determinar rapidamente a
acidez aproximada do leite, sendo uma combinação da prova do álcool com a
determinação colorimétrica do pH através do indicador alizarina, permitindo
observar de forma simultânea a floculação da caseína e a viragem da cor
devido à mudança de pH.
Para a realização da prova:
Misturar 2mL de leite com 2mL de solução de alizarol* (1:1) no tubo de
ensaio ou placa de Petri
Homogeneizar lentamente para facilitar a visualização dos coágulos.
*Alizarol = Alizarina (corante) + 0,1% de álcool a 68%
OBS: Na rotina das plataformas de recebimento, utiliza-se o dosador (pistola)
do alizarol por sua praticidade (Figura 5).
D = Dt + 0,0002 x (T-15ºC)
Onde,
Dt = valor da densidade encontrada em leite com temperatura diferente da
exigida;
T = Temperatura da amostra do leite
Caso não seja necessário realizar o teste com o leite a esta temperatura,
pode-se utilizar ainda o fator de correção de +0,0002 para cada grau (1ºC)
acima de 15ºC ou -0,0002 para cada grau (1ºC) abaixo de 15ºC.
As condições naturais para alteração na densidade do leite estão
relacionadas a individualidade do animal e ao período de lactação. As fraudes
mais comuns que alteram a densidade são adição de água para aumentar o
rendimento da matéria-prima, diminuindo a densidade, ou pela realização do
desnate na propriedade (proibido), ou ainda adição de reconstituintes (amido,
urina, sacarose, sal de cozinha), aumentando a densidade do leite (Figura 9).
4.2.9. Peroxidase
A peroxidade também é uma enzima componente natural do leite, porém
ao contrário da fosfatase ela resiste ao tratamento térmico, não sendo inativada
pelo processo convencional de pasteurização. Sua inativação completa só
ocorre se o leite for submetido ao superaquecimento, acima de 80ºC,
detectando conformidade ou não no processo tecnológico do leite, mais
especificamente na pasteurização.
Utiliza-se um kit comercial para a verificação da atividade dessa enzima,
adicionando substratos à amostra de leite, proporcionando à mistura condições
ideais para que as enzimas possam atuar.
Interpretação: O leite deve apresentar a cor rósea salmão (Figura 14)
devido à presença da enzima na mistura, sendo, portanto, POSITIVA. Caso o
leite tenha sofrido aumento demasiado na temperatura ou tempo de contato
com as placas do pasteurizador maior que o preconizado, esta será inativada e
apresentará a cor branca.