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INTRODUÇÃO
1.1.
1.2. Justificativas:
Uma justificativa adicional para este estudo reside na importância econômica da indústria de
laticínios. A produção de leite UHT é um setor economicamente significativo em muitos
países, gerando empregos, contribuindo para a balança comercial e impulsionando o
crescimento econômico. Ao avaliar a produção de uma fábrica específica, é possível
identificar oportunidades de melhorias que podem aumentar a eficiência produtiva, reduzir
custos e aumentar a competitividade da empresa no mercado, gerando benefícios econômicos
não apenas para a fábrica em questão, mas também para o setor de laticínios como um todo.
Além disso, a segurança e a qualidade alimentar são fatores primordiais para a indústria de
laticínios. O leite UHT é amplamente consumido e deve atender a rigorosos padrões de
qualidade e segurança para proteger os consumidores contra riscos de contaminação
microbiológica e química. A avaliação da produção em uma fábrica específica permite
identificar possíveis problemas, desvios e não conformidades que possam afetar a qualidade
do produto final. Ao abordar essas questões, é possível propor medidas corretivas e
preventivas para garantir a produção de um leite UHT seguro e de alta qualidade.
Dessa forma, a realização deste estudo sobre a avaliação da produção de leite UHT em uma
fábrica específica apresenta uma justificativa robusta. A pesquisa visa contribuir para o
aprimoramento da indústria de laticínios, abordando aspectos de qualidade, eficiência
produtiva e satisfação do consumidor. Ao identificar áreas de melhoria, otimizar processos e
garantir a conformidade com as regulamentações e normas de qualidade, espera-se que o
estudo traga benefícios significativos para a fábrica específica, o setor de laticínios e,
principalmente, para os consumidores, que poderão desfrutar de um leite UHT seguro,
nutritivo e de alta qualidade.
1.3. Objetivos
Objetivo geral
O objetivo geral deste estudo é avaliar a produção de leite UHT em uma fábrica
específica, analisando sua qualidade, eficiência produtiva e recepção pelo
consumidor. Para atingir esse objetivo, serão observados os seguintes objetivos
específicos:
Objetivos especificos
Hipóteses: Com base na problemática apresentada, as seguintes hipóteses são propostas para
este estudo:
2.1.1. Generalidades
Entende-se por leite, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha completa e
ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. O
leite de outros animais deve denominar-se segundo a espécie de que proceda‖ (RIISPOA, art.
475).
Conceito sobre aspecto biológico:
Leite é uma secreção das glândulas mamárias, rico em princípios energéticos, proteínas, sais
minerais e vitaminas e que serve para alimentar os mamíferos em sua primeira fase de vida.
Importância biológica: é o alimento exclusivamente dos mamíferos jovens.
Conceito sobre aspecto físico-químico
Leite é uma dispersão mista de aspecto branco, opaco, levemente adocicado, tendendo a
neutralidade, constituído de gorduras em emulsão, proteínas em estado coloidal (caseína) e
carboidratos (lactose), sais (citratos), vitaminas B e C em solução, sendo a água o meio
dispersante.
Conceito sobre aspecto proteico:
Leite é um produto íntegro obtido de vacas leiteiras sadias, a partir de uma ordenha completa
e ininterrupta (7 a 8 minutos), convenientemente alimentadas, ordenhadas a partir de uma
ordenha higiênica, com exceção do colostro.
O colostro obtido até vinte dias antes do parto e dez dias após não é recomendado o seu
consumo, porque contém substâncias repugnantes, pus, escamações do úbere, excesso de
cloretos, ácido (pH = 5,2 - 5,5) e pode ter células de Staphylococcus aureus, que produz
toxinas.
2.1.2. Recomendações de consumo
Alimento muito rico em nutrientes, o leite aparece em nossas refeições diárias de várias
maneiras, quer seja na forma in natura (fluido) ou em diversos produtos derivados lácteos.
Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde, as recomendações para o consumo de
leite são:
Crianças abaixo de 9 anos: 500 mL/dia (2 copos);
Crianças de 9 a 12 anos: 750 mL/dia (3 copos);
Adolescentes: 1 litro /dia (4
Copos);
Adultos: 500 ml/dia (2 copos).
Portanto, devido ao seu grande valor nutricional, iniciaremos agora o estudo do leite
conhecendo os seus principais componentes.
2.1.3. Características Sensoriais do leite
Cor
A cor branca opaca do leite deve-se ao resultado da dispersão da luz em proteínas, gorduras,
fosfatos e citrato de cálcio. O processo de homogeneização do leite aumenta a coloração
branca, pois as partículas fragmentadas dispersam mais luz. O leite desnatado apresenta
tonalidade mais azulada, já que existe baixa quantidade de grandes partículas na suspensão.
Sabor
É levemente adocicado, reflexo da presença de lactose e cloretos.
Aroma
Típico do leite, bastante suave e está relacionado ao teor de ácido cítrico (citratos).
Tanto o sabor quanto o aroma do leite dependem principalmente de sua composição química,
entretanto outros fatores, determinados por condições ambientais as quais o leite pode estar
exposto, terão influência marcante sobre o aroma e sabor. Estes fatores são principalmente:
absorção de odores estranhos e ação de microrganismos (decompondo certos constituintes do
leite).
2.1.4. . Composição química e valor nutricional do leite
Vários são os componentes do leite. O que se apresenta em maior proporção é a água, sendo
os demais formados principalmente por gorduras, proteínas, carboidratos, todos sintetizados
na glândula mamária. Existem também pequenas quantidades de substâncias minerais,
substâncias hidrossolúveis transferidas do plasma sanguíneo, proteínas específicas do sangue
e traços de enzimas.
Figura 1 – composição química do leite
Tais percentuais de participação dos seus compostos podem variar de acordo com os
seguintes fatores como: espécie lactante (bovina, bubalina, caprina, ovina etc.), raça
(Holandesa, Jersey etc.), período de lactação, alimentação, saúde do animal, individualidade,
diferença entre os quartos do úbere, idade, clima, espaço entre as ordenhas, estação do ano.
Sendo que, em termos produtivos para a indústria láctea, quanto maior o percentual de extrato
seco total (EST), maior rendimento esta matéria-prima terá na elaboração dos produtos
lácteos.
De acordo com Pinheiro e Mosquim (1991) a importância do leite, sob o ponto de vista
nutricional, se deve a qualidade de suas proteínas, ao seu teor elevado em cálcio, fósforo,
magnésio e às vitaminas A, riboflavina e niacina, entre outras.
1.4.1. Água
A água constitui, em volume, o principal componente do leite. Entra em média na
percentagem de 87,5%, influindo sensivelmente na densidade do leite. Como causa da
variação da percentagem de água na composição do leite salientam-se os seguintes fatores: a
raça do gado e o tempo de lactação (Behmer, 1984). Suas funções no leite são as de dissolver
alguns componentes, além de dispersar (espalhar) e emulsificar (ligar-se com moléculas de
gordura) outros.
1.4.2. Gordura
Entre todos os compostos do leite, a gordura é o que apresenta (dentro do seu percentual de
participação) um teor com maior faixa de variação: 2 a 6% com média em geral de 3,5%.
Essas variações podem ser atribuídas à alimentação fornecida ao animal, à raça, ao período de
lactação etc. É também creditada à gordura do leite, pela indústria de laticínios, a condição de
ser um dos componentes com maior valor agregado.
Ela é utilizada na indústria para fabricação de: manteiga, creme, queijo, chantily, sorvetes etc.
A gordura do leite apresenta-se como uma emulsão (partículas em suspensão no meio
aquoso) na forma de um conjunto de pequenos glóbulos, rica em vitaminas lipossolúveis –A,
D, E, K. As gorduras são envolvidas por uma membrana protetora constituída
fundamentalmente por fosfolipídios (função tensoativas e emulsificante, bem como, são
responsáveis pelo sabor indesejável advindo de sua oxidação – rancificação) e proteínas
lipoproteica.
A gordura do leite é composta principalmente de ácidos graxos saturados – triglicerídeos. São
eles: os ácidos graxos, que conferem ao leite e seus derivados as características
organolépticas (odor, sabor e cor) típicas dos produtos derivados lácteos.
Quando o leite chega ao laticínio, parte da gordura é retirada desse leite (para elaboração de
outros produtos) por um procedimento chamado de desnate, o que ocorre através de um
equipamento chamado de desnatadeira. Nesse processo, a gordura se separa da parte aquosa
do leite em forma de creme.
Nos laticínios, esse creme é beneficiado através de uma prática chamada de batedura do
creme‖. Ocorrendo nela por esse procedimento a rotura da membrana protetora, o que permite
a união dos glóbulos de gordura para formar um dos derivados lácteos tão apreciados no
nosso dia-a-dia – a manteiga.
O triacilglicerídeo é o principal lipídio (gordura) presente no leite. A cada quilograma de
leite, existem cerca de 39 gramas de gordura. Abaixo temos a fórmula estrutural do
triacilglicerídeo, na qual podemos observar, à direita, grupos funcionais de ésteres.
Os ácidos graxos que formam os triacilglicerídeos do leite são o ácido palmítico e o oleico.
• A Caseína
1.5.4. Enzimas
1.5.5. Carboidratos
O carboidratos ou glucídio presente no leite é a lactose, que é originada pela união de dois
monossacarídeos diferentes (glicose e galactose). A lactose é o componente sólido em
maior quantidade do leite. Em um quilograma de leite, existem, em média, 46 gramas de
lactose.
Os componentes do leite são vários, sendo que a água representa a maior proporção e os
demais constituintes são, principalmente, a gordura, a proteína, a lactose e sólidos totais,
todos sintetizados na glândula mamária, com variação média de 3,7%, 3,1%, 4,5% e 12,1 %,
respetivamente (Modesto et al., 2009).
O pH normalmente varia entre 6,6 e 6,9, a acidez entre 0,13 a 0,17% de ácido lático,
densidade 1,023 a 1,040 mg/mL, pressão osmótica 700 kPa e ponto de congelamento
(crioscópico) 0,531°C (González, 2001).
1.5. Fatores que influenciam a qualidade do leite matéria prima
Fatores como manejo, sanidade, alimentação, potencial genético pode estar associado a
qualidade do leite obtido. Contudo, uma das principais causas da queda de qualidade e perdas
quantitativas, que gera grande prejuízo a pecuária leiteira, é a mastite. Ressalva-se ainda, a
importância da mastite em relação à saúde pública, devido ao envolvimento de bactérias
patogênicas que podem colocar em risco a saúde humana (Coser et al., 2012).
O leite de boa qualidade deve apresentar as seguintes características (Chapaval, 1999): ser
livre de todos os microrganismos, possuir baixa contagem de células somáticas, ser livre de
sedimentos e materiais estranhos, possuir sabor levemente adocicado e levemente aromático,
ser livre de odores e aromas estranhos, estar de acordo com os padrões legais, para o mínimo
de gordura, sólidos totais e sólidos desengordurados, possuir um perfeito balanço de
nutrientes, fornecendo macro e micronutrientes.
O leite ainda é fonte de proteínas, lipídeos, carboidratos, minerais e vitaminas, sendo assim,
considerado um dos alimentos mais vulneráveis a alterações físico-químicas e suscetível a
deterioração por microrganismos (Zocche et al., 2002), que levam a modificações físico-
químicas e organoléticas, que limitam a durabilidade do leite e seus derivados, além de
problemas econômicos e de saúde pública (Freitas et al.,2007).
A obtenção de leite de boa qualidade depende de vários fatores como: o estado sanitário do
rebanho, as propriedades genéticas dos animais, a higiene do local, a qualidade da água
utilizada na propriedade, as condições de exploração, o clima, as instalações, a alimentação, a
mão-de-obra, a sanidade do rebanho, a situação de estresse do animal e as políticas
comerciais (Gracindo&Pereira, 2009; Amaral et al., 2003). Atualmente, parâmetros
desejáveis da composição do leite podem ser um critério adotado para remuneração por
qualidade. O sistema de preço do litro do leite é acrescido por um preço por quilograma de
gordura, proteína e lactose, considerando que os cuidados básicos de higiene (contagem
bacteriana total - CBT) e sanidade (contagem de células somáticas - CCS) sejam atendidos
(Fagundes, 2005).
1.5.2. Características e fatores que alteram a qualidade e composição do leite
A qualidade do leite que chega a indústria para processamento deve ser garantida pela
ordenha higiênica de animais sadios e bem alimentados, imediata refrigeração do leite na
propriedade e seu transporte a granel em tanques isotérmicos até a indústria (Dürr, 2006).
Outro fator é uma dieta balanceada para vacas em lactação, essencial para uma produção
desejável e manter a qualidade do leite produzido (Pales et al., 2005).
O tratamento intenso do leite pelo calor é desejável do ponto de vista microbiológico. Mas tal
tratamento também envolve um risco de efeitos adversos sobre a aparência, o sabor e o valor
nutricional do leite. As proteínas no leite são desnaturadas a temperaturas elevadas. Isto
significa que as propriedades do leite para o fabrico de queijo são prejudicadas por tratamento
com calor intenso.
Um forte aquecimento produz, também, alterações no sabor do leite. A escolha de uma
combinação de temperatura/tempo é, então, uma questão de otimização, em que quer os
efeitos microbiológicos quer os aspetos de qualidade têm de ser tidos em consideração.
Termização 63 – 65 ºC 15 Segundos
O papel cartão corresponde a 75% da embalagem e do peso. Este material possui camadas
duplex sendo uma camada branca que não utiliza cloro para o seu clareamento. Suas
principais funções são dar suporte mecânico à embalagem e receber a impressão que pode ser
realizada utilizando a flexografia ou a roto gravura.
O alumínio corresponde apenas em uma pequena camada da embalagem, no total de 5%.
Possui a importante função de proteger contra a entrada da luz, do oxigênio e de impedir a
troca de aromas e odores entre o alimento e o meio externo. Este material na embalagem fica
entre várias camadas de plástico, não entrando em contato direto com o alimento. A proteção
contra a luz é importante, pois ela destrói as vitaminas encontradas em alimentos como o leite
e sucos. O oxigênio presente no ar produz uma reação de oxidação nos alimentos , que pode
causar alterações de cor e sabor. O ar pode, também, levar microrganismos e odores
estranhos para dentro da embalagem, se ela não for muito bem fechada.
O plástico usado na embalagem “longa vida” é o polietileno de baixa densidade (PEBD) e
representa 20%. Este polímero é obtido pela polimerização do monômero insaturado, o
etileno, cuja estrutura pode ser de forma linear ou ramificada do tipo homopolímero ou
copolímero.
Presente em quatro camadas da embalagem, o PEBD tem funções de isolar o papel da
umidade, impedir o contato do alumínio com o alimento e servir como elemento de adesão
dos outros materiais presentes na estrutura (papel e alumínio). Como possui maior
porcentagem de cadeias laterais, o PEBD é menos cristalino e menos denso que o polietileno
de alta densidade – PEAD. Isso o torna razoavelmente flexível e permite que ele seja usado
na produção de filmes plásticos, além de possuir um grande faixa de temperatura de
termosselagem. Outra propriedade importante do polietileno é o fato de ser apolar e, assim,
não ter afinidade por água, o que é essencial para o uso em embalagens de alimentos.
As quatro camadas configuram a solda e a possibilidade de fechamento da embalagem,
caracterizando a embalagem como impermeável, o que denominamos como uma embalagem
hermeticamente fechada. O PE externo e responsável pela solda das dobraduras finais da
caixa, que são dependentes do tipo de máquina que está sendo utilizada.
Figura 2 - Ilustração das diferentes camadas das embalagens
Existem alguns testes necessários e obrigatórios, que devem ser realizados no recebimento do
leite em cada um dos compartimentos do tanque, eles servem para atestar sua qualidade,
determinar possíveis adulterações, uso indevido de antibióticos e se o mesmo estáapto para
ser processado. Esses testes são: análise de temperatura, teste do alizarol, análise de índice
crioscópico, densidade, teor de gordura, pesquisa de fosfatase e peroxidase, EST e ESD,
neutralizantes de acidez e pesquisa de agentes inibidores do crescimento microbiano,
(BRASIL, 2011).
a) Verificação da Temperatura: Segundo Tronco (2010) a conservação do leite está
diretamente ligada ao fator tempo e temperatura, os cuidados ao ordenhar até o
processamento determinam a contaminação do leite. Quanto maior a temperatura que o leite
se encontra maior é sua chance de contaminação e menor é o tempo de conservação. A IN 62
(BRASIL, 2011) determina que a temperatura no descarregamento nos laticínios não pode ser
superior a 7ºC.
b) Teste com alizarol: O teste com alizarol possibilita a determinação rápida e aproximada
da acidez do leite por colorimetria, trata-se de uma combinação da prova álcool com uma
determinação colorimétrica do pH através do indicador alizarina, permitindo observar de
forma simultânea a floculação da caseína e a viragem da cor devido à mudança do pH
(TRONCO, 2010).
c) Índice Crioscópico: O índice Crioscópico é a medida do ponto de congelamento do leite,
teste este muito utilizado para identificar adulteração do leite por adição de água. Estudos
comprovam que a temperatura de congelamento do leite é inferior à temperatura de
congelamento da água isso se deve a lactose e sais minerais presentes no leite, neste caso
analisa-se o tempo de congelamento (BOTARO; SANTOS, 2008).
d) Teste de Densidade: A densidade do leite é a relação entre a sua massa e o volume,
normalmente é medida a 15°C ou corrigida a essa temperatura (PAULA; CARDOSO;
RANGEL, 2010). Segundo Dreschler (2014) a densidade abaixo do mínimo estabelecido pela
legislação indica a adição de água no leite, pois a densidade do leite gira em torno de 1,028 a
1,035 g/cm³ a 15,5°C, caracterizando-se por ser mais denso que a água.
e) Determinação do teor de gordura: Segundo Castanheira (2012) a determinação da gordura
ocorre pelo método butirométrico, que se baseia na separação e na quantificação da gordura
por meio de um tratamento da amostra com ácido sulfúrico e álcool isoamílico. O ácido
dissolve as proteínas que se encontram ligadas a gordura, diminuindo a viscosidade gerando
um aumento da fase aquosa fundindo a gordura. Devido a essas alterações ocorre uma
liberação de calor proveniente da reação favorecendo a separação da gordura pelo extrator.