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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA


CENTRO DE TECNOLOGIA
ENGENHARIA MECÂNICA

Pedro Manuel Pinto Viana

PRODUÇÃO DE BIOGÁS

JOÃO PESSOA - PB
2023
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RESUMO

O presente relatório visa apresentar os benefícios da produção do biogás, com um


enfoque no seu desenvolvimento e nas etapas do seu processo, tomando como exemplo
um projeto realizado em uma suinocultura em Santa Catarina, e questões que envolvem
as relações para o seu desenvolvimento.

Palavras-chave: Biogás, Poluição, suinocultura, biodigestor.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................3
2 BIOGÁS……………….................................................................................................3
3 A PRODUÇÃO DO BIOGÁS .....................................................................................4
4 BIODIGESTORES……...............................................................................................4
5 BIODIGESTOR CONTÍNUO ………………………………………………………6
6 BIODIGESTOR ESTÁTICO ……………………………………………………….8
7 PNAM …...……………………………………………………………………………8
8 PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO………………………………………………….9
9 ORÇAMENTO……………………………………………………………………...12
10CONCLUSÃO ..……………………………………………………………………13
REFERÊNCIAS ………………………………………………………………………14
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1 INTRODUÇÃO

Um dos piores problemas ambientais presentes no mundo é a questão das


mudanças climáticas, devido, principalmente, ao lançamento de substâncias causadoras
do efeito estufa na atmosfera, como por exemplo o dióxido de carbono (CO2), metano
(CH4) e o óxido nitroso (NO3).
Dentre os principais contribuidores para a emissão desses gases na atmosfera está
às instalações rurais, em que devido ao mal tratamento dos dejetos produzidos, ocorre a
emissão de gases como os citados acima.
Tomando como exemplo dessa poluição, temos a suinocultura, considerada uma
das maiores atividades poluentes relacionada ao trabalho rural, a qual decorre
principalmente do mal manejamento dos efluentes e do péssimo tratamento dos seus
dejetos.

2. O BIOGÁS

O biogás é uma mistura gasosa produzida a partir da decomposição( digestão


anaeróbica) de materiais orgânicos compostos por metano e dióxido de carbono. A
digestão anaeróbica está sendo aplicada efetivamente em efluentes industriais e
domésticos e na reciclagem de resíduos agrícolas, como fertilizantes orgânicos. Além
disso, cada vez mais a digestão anaeróbica está sendo usada para degradação de
poluentes orgânicos pesados. O biogás é utilizado principalmente como alternativa aos
combustíveis fósseis, que estão cada vez mais escassos e apresentam elevada
capacidade de poluição. ( ZANETTE 2009).
O biogás pode ser utilizado de várias formas. Pode ser queimado diretamente para
geração de calor, utilizado em fogões, aquecedores ou caldeiras. Também pode ser
convertido em energia elétrica por meio de um gerador a biogás. Além disso, o biogás
pode ser purificado e utilizado como combustível veicular.
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A produção do biogás serve não somente como uma forma de gerar energia mas
também como uma medida de ambiental com o intuito de diminuir a emissão de gases
nocivos à população, servindo como uma alternativa a utilização de combustíveis
fósseis, e auxiliando no tratamento de dejetos produzidos em áreas rurais e urbanas.

3. A PRODUÇÃO DE BIOGÁS

A digestão anaeróbica é um processo biológico que ocorre na ausência de


oxigênio. É um tipo de decomposição orgânica que ocorre geralmente em pântanos,
sedimentos oceânicos ou no trato digestivo dos animais. É realizada por
microorganismos anaeróbicos, como as bactérias, estes organismos quebram a matéria
orgânica complexa em componentes mais simples. O processo mais conhecido é o da
fermentação, em que os microrganismos convertem os açúcares presentes nos resíduos
orgânicos como ácido lático, álcool etílico, ácido acético ou metano.

4. BIODIGESTORES

Os Biodigestores são tanques fechados em que se obtêm gás metano através da


fermentação. O uso de biodigestores é amplamente disseminado no mundo todo, sendo
os países mais desenvolvidos detentores de melhores tecnologias e consequentemente
de biodigestores de maiores escalas, enquanto em países menos desenvolvidos há a
predominância de biodigestores de menores escalas, principalmente em comunidades
rurais. Segundo Kunz et al., (2004) a biodigestão anaeróbia é um processo conhecido há
muito tempo e seu emprego na produção de biogás para a conversão de energia é muito
popular nos países asiáticos como, China e Índia.
A efetividade do processo depende de questões como a temperatura, ph,
alcalinidade, qualidade do material orgânico. Como a geração de biogás envolve
processos termodinâmicos, mudanças bruscas na temperatura podem influenciar no
desempenho do processo. De acordo com Massé et al (2003), o desempenho do
biodigestor anaeróbico cai significativamente quando a temperatura operacional diminui
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de 20º C para 10º C. O aquecimento interno pode ser realizado por sistemas de
circulação de água nos trocadores de calor.

figura 1: Biodigestor Chinês e Indiano

O funcionamento do biodigestor segue os seguintes passos:

1. Alimentação do biodigestor: Os resíduos orgânicos, como esterco animal,


restos de alimentos, resíduos agrícolas ou até mesmo plantas aquáticas, são
introduzidos no biodigestor. É importante que os resíduos sejam triturados ou
misturados para facilitar a decomposição.

2. Decomposição anaeróbica: Dentro do biodigestor, os resíduos orgânicos são


submetidos à fermentação anaeróbica. Nesse ambiente isento de oxigênio, as
bactérias anaeróbicas começam a quebrar a matéria orgânica complexa em
componentes mais simples.

3. Produção de biogás: Durante o processo de fermentação, os microrganismos


produzem biogás como produto final. O biogás é composto principalmente de
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metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2), juntamente com traços de outros


gases.

4. Coleta e armazenamento do biogás: O biogás produzido no biodigestor é


coletado e armazenado em um sistema de armazenamento, como um
reservatório. O biogás pode ser utilizado posteriormente como fonte de energia.

5. Produção de fertilizante: Após o processo de digestão anaeróbica, o material


que sobra no biodigestor é conhecido como biofertilizante ou bioadição. Esse
material é rico em nutrientes, como nitrogênio, fósforo e potássio, tornando-se
um fertilizante natural e de alta qualidade para uso na agricultura.

De acordo com Gusman e Evódio, 1980, existem vários tipos de biodigestores,


variando conforme os tipos de resíduos utilizados, a necessidade de utilização do biogás
e a disponibilidade do material. Sendo eles o biodigestor contínuo, sistema estático ou
de batelada.

5. BIODIGESTOR CONTÍNUO

É formado por um tanque circular, construído abaixo do nível do solo. Por meio
de uma canalização é introduzido o material orgânico misturado com água. É nesse
tanque onde ocorre a fermentação e formação de biogás, que é armazenado no
gasômetro.
A produção gás é contínua e a cada carga de resíduo fresco (influente)
corresponde a descarga igual de biofertilizante (efluente). O efluente é retirado através
de uma canalização, podendo ser utilizado como adubo orgânico
A movimentação interna do material no biodigestor é feita pela colocação do
influente, permitindo renovação da superfície do contato da bactéria com o material.
Para aumentar a eficiência podem ser usados agitadores que movimentam a massa.
Como exemplo de biodigestor continuo temos os modelos GOBAR, de origem indiana,
o chinês e os modelos horizontais.
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Figura 2: Biodigestor - Vista Geral

6. BIODIGESTOR SISTEMA ESTÁTICO OU DE BATELADA


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É abastecido apenas uma só vez e somente quando não há mais condições


bacteriológicas de produção o conjunto é retirado os resíduos e limpo. Nesse sistema,
cada carga tem produção limitada de gás, podendo ser feito junto a outros biodigestores
em série, acoplado a um mesmo gasômetro, tendo assim uma produção contínua de gás.

7. EXEMPLO DA UTILIZAÇÃO DE BIODIGESTORES

Como exemplo da utilização de biodigestores para a produção de biogás, temos o


Projeto Suinocultura Santa Catarina – PNAM II, em que foi instalado dois
biodigestores em propriedades de produtores de suínos, com a finalidade de implantação
de unidades demonstrativas. O modelo escolhido foi de um biodigestor de construção e
operação simples e pode ser implantado em unidades de produção de suínos de pequeno
e médio porte, com custo de implantação e manutenção dentro da realidade econômica
dos produtores (Oliveira, 2004b).
Na implantação foram selecionadas duas localidades, uma localizada no
município de Concórdia na Bacia hidrográfica do Lajeado de Fragosos e outra no
Município de Braço do Norte na bacia hidrográfica de Coruja.
A propriedade possui uma edificação para a produção de 400 suínos nas fases de
crescimento e terminação. A unidade recebeu os leitões com peso médio inicial de 23
kg e entregou os animais para uma agroindústria com peso médio de 110 kg. Os animais
foram alimentados com ração e água à vontade. A edificação para a produção de suínos,
possui piso compacto com canais para o manejo dos dejetos do lado externo. Os dejetos
são raspados diariamente de dentro das baias da edificação para os canais externos e a
limpeza total das baias da edificação é realizada somente na saída dos animais no final
da fase de terminação.A produção de biogás teve foco no abastecimento energético de
um aviário presente na propriedade.
O biodigestor instalado nas propriedades produtoras de suínos, quando mado
correto produz biogás com eficiência de 0,35 à 0,6 m³ de biogás por m³ de biomassa.
Todo biogás produzido diariamente, gerado pelos dejetos de 400 suínos na fase de
crescimento e terminação foi suficiente para aquecer o ambiente interno de um aviário,
o qual manteve uma temperatura ideal para a produção de 14.440 frangos de corte.Por
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fim, fica evidente que a produção de biogás, quando feita de modo correto, se mostrou
como uma alternativa energética benéfica, além de ser uma forma de utilizar os dejetos
produzidos pela própria zona rural.

Figura 3: Biodigestor do Projeto

8.PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO

8.1Avaliação Inicial
Realizar uma avaliação inicial para identificar a viabilidade técnica, ambiental e
econômica do projeto de produção de biogás. Avaliar a disponibilidade de matéria-
prima, infraestrutura existente, demanda energética local e potencial de mercado para o
biogás.

8.2 Definição de Metas e Objetivos


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Estabelecer metas claras e objetivos específicos para o projeto de produção de


biogás. Definir a capacidade de produção desejada, a porcentagem de substituição de
energia convencional, os benefícios ambientais esperados e os prazos de
implementação.

8.3 Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica


Realizar um estudo detalhado de viabilidade técnica e econômica. Avaliar os
aspectos técnicos da construção do sistema de produção de biogás, dimensionar os
equipamentos necessários, analisar os custos de investimento e operacionais, e realizar
projeções financeiras para determinar a viabilidade econômica do projeto.

8.4 Licenciamento e Regularização


Obter as licenças e autorizações necessárias para a implementação do projeto, de
acordo com as regulamentações ambientais e energéticas locais. Realizar os trâmites
necessários para a regularização do projeto, garantindo a conformidade com as normas e
regulamentos vigentes.

8.5 Projeto e Construção


Elaborar o projeto detalhado do sistema de produção de biogás, considerando o
tipo de biodigestor, os sistemas de alimentação e mistura, o tratamento de resíduos, o
sistema de captação e aproveitamento do biogás, bem como as medidas de segurança e
controle. Contratar os fornecedores e construtores qualificados para a execução do
projeto.

8.6 Operação e Monitoramento


Iniciar a operação do sistema de produção de biogás e estabelecer os protocolos de
monitoramento e manutenção regular. Monitorar os parâmetros de processo, como a
temperatura, pH e produção de biogás, e implementar ajustes e melhorias conforme
necessário para otimizar o desempenho do sistema.

8.7 Gestão de Resíduos


Gerenciar adequadamente os resíduos resultantes do processo de produção de
biogás, garantindo a correta disposição e/ou tratamento dos subprodutos. Implementar
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medidas para a utilização do biofertilizante gerado, contribuindo para a sustentabilidade


agrícola e minimizando impactos ambientais.

8.8 Monitoramento e Avaliação de Resultados


Estabelecer um sistema de monitoramento contínuo para acompanhar os
resultados do projeto. Avaliar periodicamente a eficiência energética, a redução de
emissões de gases de efeito estufa, os benefícios socioeconômicos e ambientais
alcançados, e fazer ajustes conforme necessário.

8.9 Monitoramento e Avaliação de Resultados


Continuar monitorando o desempenho do sistema de produção de biogás e realizar
avaliações regulares dos resultados obtidos. Analisar o consumo de energia substituído,
a redução de emissões de gases de efeito estufa, os ganhos econômicos e os benefícios
sociais. Identificar áreas de melhoria e implementar ações corretivas, visando a
maximização dos resultados e a otimização do processo.

8.10 Avaliação de Riscos e Gestão


Identificar os riscos potenciais associados à produção de biogás e implementar
medidas de mitigação adequadas. Realizar análises de risco periódicas, garantir a
conformidade com as normas de saúde e segurança no trabalho e implementar um plano
de contingência para lidar com eventuais incidentes.

8.11 Comunicação e Engajamento das Partes Interessadas


Manter uma comunicação aberta e transparente com as partes interessadas,
incluindo comunidades locais, autoridades regulatórias, consumidores e outros atores
relevantes. Envolver as partes interessadas desde o início do projeto, ouvindo suas
preocupações, fornecendo informações claras e promovendo o engajamento ativo na
implementação e no monitoramento.

8.12 Avaliação de Sustentabilidade


Realizar avaliações periódicas da sustentabilidade do projeto de produção de
biogás, considerando aspectos ambientais, econômicos e sociais. Avaliar o cumprimento
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dos objetivos estabelecidos, o impacto positivo gerado e a contribuição para a transição


para uma matriz energética mais sustentável.

8.13 Revisão e Aprimoramento


Realizar revisões regulares do plano de implementação, considerando os
resultados obtidos, as lições aprendidas e as mudanças no contexto. Realizar ajustes e
aprimoramentos no projeto, visando aperfeiçoar a eficiência, a viabilidade e a
sustentabilidade do sistema de produção de biogás.

9.ORÇAMENTO

Estudo de viabilidade técnica e econômica: R$ XXXX


Elaboração do projeto detalhado: R$ XXXX
Biodigestor e equipamentos de processamento: R$ XXXX
Sistemas de alimentação e mistura: R$ XXXX
Sistema de captação e aproveitamento de biogás: R$ XXXX
Mão de obra para construção civil: R$ XXXX
Instalação de equipamentos e sistemas: R$ XXXX
Taxas de licenciamento ambiental: R$ XXXX
Custos de regularização junto aos órgãos competentes: R$ XXXX
Programas de treinamento para operadores: R$ XXXX
Capacitação em gestão do projeto: R$ XXXX
Manutenção e reparos: R$ XXXX/ano
Monitoramento de parâmetros do processo: R$ XXXX/ano
Tratamento e disposição adequada de subprodutos: R$ XXXX
Utilização do biofertilizante gerado: R$ XXXX

10. Considerações Finais


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O presente relatório abordou a produção de biogás como uma alternativa promissora e


sustentável para a geração de energia. Durante a análise, foi possível compreender os
principais benefícios ambientais, econômicos e sociais associados a esse processo.
A produção de biogás a partir da decomposição anaeróbica de resíduos orgânicos
apresenta-se como uma solução eficiente para a redução de emissões de gases de efeito
estufa e o aproveitamento de recursos renováveis. Além disso, a geração de biogás
contribui para a diversificação da matriz energética, diminuindo a dependência de
combustíveis fósseis.
Ao longo do relatório, foram exploradas as etapas-chave para a implementação de um
projeto de produção de biogás, desde a avaliação inicial da viabilidade até o
monitoramento contínuo dos resultados. Foi ressaltada a importância de estudos de
viabilidade técnica e econômica, além da obtenção das licenças e autorizações
necessárias.
Destaca-se também a relevância da capacitação e assistência técnica para o sucesso do
projeto, garantindo a operação adequada dos sistemas e a maximização da produção de
biogás. A gestão adequada dos resíduos, incluindo a utilização do biofertilizante gerado,
é essencial para promover a sustentabilidade ambiental e agrícola.
A comunicação e engajamento das partes interessadas desempenham um papel crucial
na implementação do projeto, permitindo a conscientização e o envolvimento da
comunidade local, instituições e parceiros potenciais. A divulgação dos resultados e a
troca de experiências são fundamentais para inspirar a replicação de projetos de
produção de biogás em diferentes contextos.
Embora cada projeto de produção de biogás apresente particularidades e desafios
específicos, a experiência adquirida por meio deste relatório reforça a importância de
uma abordagem integrada, envolvendo estudos de viabilidade, planejamento cuidadoso,
gestão eficiente e monitoramento contínuo.
Com o avanço das tecnologias e o aumento do interesse global pela transição energética,
a produção de biogás tem o potencial de desempenhar um papel significativo na busca
por soluções energéticas sustentáveis. Portanto, incentiva-se a continuidade dos esforços
e investimentos nessa área, visando a promoção de um futuro mais limpo, eficiente e
resiliente.
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REFERÊNCIAS

ARMANDO, P. V. O; MAYUMI, M. H. Geração e utilização de biogás em unidades de


produção de suínos. 1 ed. Embrapa. 2006

ZANETTE; ANDRÉ LUIZ. Potencial de Aproveitamento Energético do Biogás no


Brasil / André Luiz Zanette – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2009.

Ferraz, José Maria Gusman Marriel, Ivanildo Evódio. Biogás: uma fonte alternativa de
energia. Sete Lagoas, EM]BWA/CNPMS, 1980.

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