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PRIMÀVESI '

A M ODERNA AGRICULTURA INTENSIVA


VOL. I.

A BIOCENOSE 00 SOLO
NA PRODUÇÃO VEGETAL

por

ARTUR PRIMAVESI
Engenheiro Agrônomo e D outor em Agronomia, P rofessor de A gricultura Geral,
D iretor do In stitu to de Solos e C ulturas, Universidade de
S anta M aria, RGS, B rasil

ANNA MARIA PRIMAVESI


Engenheira Agrônoma e D outora em Agronomia, Assistente da Cadeira de
A gricultura Geral, Coordenadora-G eral do In stitu to de Solos e Culturas,
Universidade de S anta Maria, RGS, Brasil
Tlossa h o m e n a g e m esp ecia l

ao Exmo. Sr. P R O F . D R . R A Y M U N D O M O N I Z DE
A R A G Ã O . Catedrático da Escola Nacional de Química, e
Diretor do Ensino Superior, no Ministério da Educação
e Cultura, C U J A P E R S O N A L I D A D E E M I N E N T E E N ­
C A R N A O I D E A L DO C I E N T I S T A E DO P R O F E S
S O R , cônscio de suas responsabilidades no processo do
desenvolvimento científico e tecnológico do país.

Apraz-nos lembrar aquelas palavras do Prof. Frank


Tiller, citadas por Sua Exa.: •
«o estupendo progresso norte-americano verificado nos
últimos cem anos, não se pode atribuir aos i nvestimen­
tos convencionais ou aos aumentos de população e ter­
ritório; antes deve ser referido ao magnífico esforço, r ea­
lizado nos campos da educação e da pesquisa científica >

Neste espírito, tributamos aqui à Sua Exa. o nosso


preito de admiração e aprêço.
-

■ ■

- .
PREFÁCIO

“Ê ste prim eiro volum e da obra do P rofessor A rtur Prim avesi, A M oderna
Agricultura Intensiva, a que o a u to r em prestou o sugestivo título de “Biocenose
do Solo” form ula, discute e aplica p o r m aneira a um tem po lúcida e apaixo­
nada o conceito segundo o qual, o solo não é um su porte estático da raiz, m as
a expressão dinâm ica resu ltan te da in teração de m últiplos fatores — raízes,
com ponentes m inerais, m icroorganism os, m etazoários, etc., que não só atuam
ao m esm o tem po, m as se influenciam m utuam ente.
Apaixonado, na intenção em que usam os o têrm o, não indica o ânim o
despropositado ou a intenção de fazer prevalecer a opinião a qualquer preço;
antes, traduz o entusiasm o pelo que, em sadia convicção, representa um a boa
doutrina, conform e a verdade e de ú til aplicação.
É o sentim ento do "hom em ligado à te r r a ”, que se fêz estudioso de seus
problem as, e qúe o leva a fazer éco e su ste n ta r o aforism o m enos prático, m as
m teiram ente verdadeiro, de que a “A gricultura não é um a profissão, é um as­
sunto de a m o r”. E que o a rra s ta aos lim ites do exagero, na construção do
símile expressivo, pôsto arriscado: “O solo . . . é um organism o vivo cujo es­
queleto é a p a rte m ineral, cujos órgãos são os m icróbios que ali vivem e cujo
sangue é a solução aquosa que ali circula. R espira como qualquer orgam sm o
vivo e possui sua te m p e ra tu ra p ró p ria ”.
E n treta n to , as opiniões são expostas com e strita probidade e cim entadas
em válidas noções científicas, à luz de ab undante a atualizada bibliografia.
Não classificaríam os o volum e com o um livro de texto. Ainda que escrito
em linguagem sim ples e acessível, joga com noções que presupõem conheci­
m ento de várias disciplinas, p o r form a que, trabalho de síntese, é antes p a ra
quem arrem ata, integra e com põe conhecim entos, do que p ara principiante das
ciências e a rte s agrícolas.
Mas é livro, pensam os, que nenhum agrônom o, neste país, com responsa­
bilidades na utilização ou tra ta m e n to de solos p a ra a agricultura, deveria deixar
de ler. N estes B rasis, em que o solo tem sido tra ta d o como objeto de explora­
ção egoísta, irracional e o p o rtu n ista, e sem vistas à preservação de sua perene
fertilidade, êle tem m uito a ensinar. Como seja, é um a clarinada a convocar
p a ra a m udança da p rá tic a da ag ricu ltu ra extensiva, espoliadora e cigana,
p ara a que ch am aríam os agricultura conservadora, aten ta não som ente à p ro ­
dução e à produtividade, m as à preservação e defesa do elem ento básico para
produzir: o solo fértil.
E com o as ações com eçam quando as idéias im plantam -se no espírito
dos hom ens, fazem os votos p a ra que êste livro, o bra de am or à terra, tenha
incontáveis leitores.

- Rio de Janeiro, m arço de 1966

Raimundo Moniz de Aragão


P ro fessor de M icrobiologia In d u strial da
E scola Nacional de Q uímica
D iretor do E nsino Superior.
Agradecemos sinceram ente a todos que nos prestaram
sua gentil colaboração.
PREFACE

Je n ’ai point l ’honneur de connaitre personnellem ent M onsieur le Profes-


seur PRIMAVESI, m ais m on atten tio n avait été déjà attirée depuis longtem ps
sur ses travaux et su r le caractère original de certaines de ses conceptions.
J ’avais été frappé p a r sa conviction que 1’étude des déficiences m inérales des
végétaux po u rrait nous a p p o rte r de précieux enseignem ents po u r les néoplasm es.
Toutes ses considérations su r le röle possible du bore et du cuivre dans
l’apparition de la cellule cancéreuse m ’avaient p articulièrem ent intéressé.
Aussi, est-ce avec plaisir que j ’écris la préface de son livre :
“A Biocenose do Solo na Produção V egetal”
que je trad u ira is en français p a r :
“Les associations biotiques du sol et leur im portance pour la production
végétale.”
Mon m anque de connaissance du po rtu g ais ne m ’a pas perm is de lire le
texte original com plet du livre; m ais les trè s larges tra d u ctio n s qui m ’ont été
fournies me p e rm e tte n t de considérer que nous y retrouvons les conceptions
nouvelles qui caractérisen t l’oeuvre de M onsieur le Professeur PRIMAVESI.
II souligne un point tro p oublié, s u rto u t depuis l’in troduction des hydro­
ponics : le sol n ’est pas p o u r la p lan te une base m orte, m ais il représente un
organism e en continuelle évolution. II rappelle que nos m éthodes culturales ne
doivent pas m odifier dangereusem ent, ou m êm e pire, d étru ire les équilibres du
sol. Aussi souligne-t-il 1’im portance de 1’engrais organique et m inéral, rappelant
que ces engrais doivent am éliorer les équilibres du sol, et non pas leur nuire.
Or, n o tre A griculture M oderne a souvent négligé ces principes, su rto u t dans
l'application des engrais m inéraux qui sont n o tre m eilleur outil p o u r augm enter
le iendem en t des récoltes, m ais qui, tro p souvent, sont encore m al appliqués,
nuisant ainsi à la santé des sols et p a r suite à celle des plantes, des anim aux
et des hom m es.
Un aspect p articu lièrem en t in téressan t du livre se rattac h e à ces consi­
dérations et concerne les m aladies des plantes en co rrelation avec les équilibres
du sol. C’est u n su jet q u ’on trouve rarem en t tra ité dans les ouvrages agrono-
m iques, et nous ne pouvons que nous ré jo u ir de voir 1'auteur accorder une
large place à cette question.
Ce livre fait h onneur à la jeune Science B résilienne et nous ne pouvons
que souhaiter q u ’il soit connu en dehors des fro n tières du Brésil.

A. VOISIN
M em bre de 1’Académie d ’A griculture de France
D octeur H onoris Causa de 1’U niversité de BONN
(Allemagne).
G ruchet, Jule, 1964.
PREFÁCIO

Não tive ainda a h o n ra de conhecer pessoalm ente o S enhor P ro fesso r


PRIMAVESI, m as, há m uito tem po, seus tra b alh o s têm atra íd o a m inha a te n ­
ção, sobretudo o c a rá te r original de algum as de suas concepções. Tem-me im ­
pressionado vivam ente sua convicção de que o estudo das deficiências m inerais
nos vegetais poderia nos tra z e r preciosos ensinam entos sôbre as neoplasias.
P articularm ente, me in teressaram tô d as as suas considerações sôbre o papel do
boro e do cobre no ap arecim ento da célula cancerosa.
Por isso, é com p razer que escrevo o prefácio de seu livro :
“A Biocenose do Solo na P rodução V egetal”
que eu trad u ziria p a ra o francês como :
“Les associations biotiques du sol et leur im p o rtan ce p o u r la p ro d u c tio n
végétale”.
M inha falta de conhecim entos de p o rtu g uês não me p erm item ler o texto
original com pleto do livro; m as as am plas traduções que m e fo ram fornecidas,
me perm item consid erar que ali enco n tram o s as concepções novas que carac­
terizam a obra do Senhor P ro fessor PRIM AVESI.
Êle ressalta um ponto m uito esquecido, sobretudo depois da in tro d u çã o
de h id ro cu ltu ras : o solo não é p a ra a p lan ta um a base m o rta, m as re p re se n ta
um organism o em contínua evolução. Êle lem bra que nossos m étodos c u ltu rais
não devem m odificar perigosam ente, ou o que seria pior, d e stru ir o equilíbrio
do solo. T am bém ressalta êle a im p o rtân cia do adubo orgânico e m ineral, lem ­
bran d o que êstes devem m elh o rar o equilíbrio do solo, e não som ente o n u trir.
Ora, nossa A gricultura M oderna negligencia êstes princípios, so b retu d o n a apli­
cação dos adubos m inerais que são nosso m elhor in stru m en to p a ra a u m e n ta r o
rendim ento das safras, m as que, todos sabem , são hoje m al aplicados, p re ju ­
dicando, assim , a saúde dos solos e, p o r sua vez, a das plan tas, anim ais e
hom ens.
Um aspecto p articu larm en te in teressan te do livro prende-se as su as con­
siderações, no que concerne as doenças vegetais em correlação com o equilíbrio
do solo. É um tem a que raram en te enco n tram os tra ta d o em ob ras agronôm icas,
e só podem os nos regozijar de ver o a u to r dedicar um largo espaço a esta
questão.
Ê ste livro hon ra a nova Ciência B rasileira e tão som ente podem os dese­
ja r que seja conhecido m uito além das fro n teiras do B rasil.
A. VO ISIN

M em bro da Academia de A gricultura da F rança

G ruchet, Julho de 1964.


V o r w o r t
An d er O berfläche d er E rde, d o rt wo L ithosphäre, A tm osphäre und
H ydrosphäre aufeinander w irken, h at sich ein dreiphasiges, grob, fein und feinst
verteiltes System entw ickelt, das aus festen anorganischen und organischen
Teilchen verschiedener G rössen und aus flüssigen und gasförm igen Phasen
(W asser und Luft) besteht. Das so vorw iegend u n te r den klim abedingten
U m w eltfaktoren entstehende V erw itteru n g sp ro d u k t w ird aber e rst zum Boden,
wenn ein w eiterer entscheidender F aktor, der keinem Boden fehlt, die biologische
Phase, hin zu tritt. Das lockere D reiphasensystem b ietet verschiedenartigsten
Lebewesen, höheren wie niederen Pflanzen, aber auch zahlreichen höheren wie
niederen Tieren einen geeigneten N ä h r — und W ohnraum . Insbesondere pflanz­
liche M ikroorganism en, die weit verzw eigten W urzeln h ö h erer Pflanzen sowie grös­
sere und kleinere Tiere durchdringen den Boden und suchen d o rt W asser und
N ahrung und die zu ih rer Entw icklung notw endigen Lebensbedingungen. Die
m annigfaltige T ätigkeit d er B odenorganism en h at aber ihrerseits stark e R ück­
w irkungen auf den Boden selbst. Der Boden ist n icht n u r L ebensraum , vielm ehr
ein u n te r den E influss d er verschiedensten ökologischen F ak toren stehendes
System , dessen E igenart von d er von ihm beherb ergten Lebensgem einschaft der
Bodenorganism en, der B odenflora und B odenfauna, bestim m t und im m er von
neuem geform t und g estaltet wird. Der Boden stellt nichts Bleibendes, sondern
ein ständig W erdendes und ein Sich-w eiter-entw ickeltes (Bodenevolution) dar.
Die D urchm ischung und Lockerung d er B odenschichten durch die Bodentiere,
das V ordringen der Pflanzen w urzeln in die tieferen Bodenschichten, bew irken
Tiefenlockerung, Tiefendüngung und die V oraussetzung für eine Belebung dieser
w eniger biologisch tätigen Schichten. Der M ensch verm ag m it den m odernsten
M aschinen eine derartig e tiefgründige und sorgfältige Arbeit nicht zu leisten, so
dass die biologische B odenbearbeitung m it Recht der m aschinellen B odenbear­
beitung als überlegen voranzustellen ist. Die Pflanzenw urzeln liefern in den für
sie ch arak teristisch en R h izosphärenprodukten wie die übrigen O rganism en m it
ihren zahlreichen fü r sie ebenfalls typischen S toffw echselprodukten physiologisch
aktive Substanzen, die z.B . fü r die V ergesellschaftung der Pflanzen un terein an ­
der und m it M ikroorganism en, dam it fü r Fragen der Fruchtfolge und der
Bodenm üdigkeit oder fü r das A neignungsverm ögen d er Pflanzen fü r N ährstoffe
aus schw erlöslichen V erbindungen oder auch fü r bodengenetische Fragen der
Bodenbildung von g rosser B edeutung sind. Die in ste ter U m w andlung sich be­
findliche p o stm o rtale organische Substanz, — d er H um us — ist dynam isch
aktiv. W ir fragen heute nicht m ehr so sehr nach d er chem ischen, oft
w echselnden Z usam m ensetzung d er einzelnen Stoffe und Stoffgruppen der o r­
ganischen B odensubstanz, sondern richten u n ser A ugenm erk auf die von ihnen
ausgelösten und gesteuerten bodendynam ischen und pflanzenphysiologischen
Umsetzungen. U nter ihren E influss en tste h t das physikochem isch-biologische,
aber dynam ische B odenbild wie Bodengefüge, K rü m elstru k tu r, S tru k tu rsta b ili­
tät, P orenvergrösserung und —Verkleinerung, S chrum pfung und Quellung, Gare,
W asserhaushalt, W assergehalt, W asserführung, D urchlässigkeit, N ährstoffhaushalt:
N ährstoffpotential, N äh rsto ffv o rrat und N ährsto ffk inetik usw. oder m it anderen
W orten, F aktoren, die die B o d en fru ch tb ark eit kennzeichnen.
E s ist dah er besonders d an k b ar zu begrüssen, dass V erfasser dem vor­
liegenden W erk den Titel “Die Lebensgem einschaft des Bodens und ihre Bedeu­
tung fü r die pflanzliche P roduktion" gegeben h a t u nd m it einem um fassenden
Ü berblick ü b er das gesam te Bodenleben und seiner grossen B edeutung fü r das
Geschehen im Boden und die E rtrag sb ild u n g eines der aktuellsten Problem e
d er B odenkunde und d er landw irtschaftlichen P roduktionslehre behandelt. Im
M ittelpunkt der A usführungen steh t der B oden als dynam ischer O rganism us,
dessen biologisch-dynam ische F ak to ren einander beeinflussen und daher die
B odenfruch tb ark eit begünstigen und erh alten oder auch hem m en können. Die
A usführungen des V erfassers sind d ah er von besonderem W ert, indem er zeigt,
dass alle landw irtschaftlichen M assnahm en auf ihren E influss hinsichtlich der
Lebensgem einschaft Boden — Pflanze — M ikroorganism en k ritisch geprüft
w erden m üssen. Je fru c h tb a re r der Boden oder je höher sein T ran sfo rm atio n s­
verm ögen ist, das heisst, seine Fähigkeit, die von aussen zugeführten e rtrag sb il­
denden F ak to ren in Leistung (Q u an tität u n d Q ualität) zu tran sform ieren, um so
w irtschaftlich er und intensiver und m it geringerem Risiko lässt sich die m oderne
L andw irtschaft betreiben. Die planvolle E rfo rsch ung d er bodenaufbauenden
M assnahm en gehört zum w ichtigsten Aufgabengebiet d er m odernen Bodenkunde.
Der stete E insatz n eu erer w issenschaftlicher E rk enntnisse, insbesondere der
hier behandelten biologischen F aktoren, w ird dem Boden seine L eistungsfähig­
keit erhalten, zugleich aber zu höheren und gesicherten E rträ g e n führen und
dam it der M enschheit in d er ganzen W elt dienen. p SCH EFFER
Prof. Dr. Dr. h. c. F. Scheffer
D irektor des A grikulturchem ischen und B odenkundlichen In stitu te s
U niversität G öttingen
G öttingen, 18 S eptem ber 1964.
A P R E S E N T A Ç Ã O
Na superfície da terra, onde atuam , sim ultaneam ente, a litosfera, a a t­
m osfera e a hidrosfera, desenvolveu se um sistem a trifásico, de atuação geral
até a especializada, com posto de p artícu las sólidas, orgânicas e inorgânicas, dos
m ais diversos tam anhos, e um a fase líquida (água) e gasosa (ar).
Ê ste p ro d u to de intem perização, condicionado pelos fatores clim atéricos
do am biente, só se to rn a SOLO, quando se adiciona um a q u a rta fase — que não
pode fa lta r em nenhum solo — que é a biológica.
O floculado sistem a trifásico oferece o am biente vital e a alim entação aos
m ais diversos sêres vivos, isto é, a m acro = e m icroflora e a m icro e m esofauna.
Especialm ente, m icrorganism os vegetais, a m icroflora, o bem ram ificado siste­
m a radicular de plantas e m aiores e m enores sêres vivos do dom ínio anim al,
populam o solo à p ro cu ra de água e alim ento, tão necessários ao seu sustento
e desenvolvim ento.
As m ais variadas ações dos organism os do solo possuem efeito decisivo
sôbre o p ró p rio solo. O solo não é som ente o espaço vital dos sêres vivos, m as
um sistem a dinâm ico que se form a e m odifica p erm anentem ente, sob a influên­
cia dos m ais diversos fato res ecológicos e cuja p articularidode é a da biocenose
da meso e m icroíauna e da m acro e m icroflora do solo, que sofrem perm an en ­
tem ente rem odelação e m udança, quer dizer, sofrem perm anente am bientação.
O solo não é um fato r estático, definido, m as um organism o dinâm ico,
sem pre evoluindo c se tran sfo rm an d o . A fauna do solo revolve e m istu ra as ca­
m adas do m esm o, possibilitando a ram ificação das raízes vegetais e o seu de­
senvolvim ento em cam adas m ais p rofundas, o que provoca tan to o afofam ento,
como a fertilização dessas cam adas, representando, p o r sua vez, a predisposição
à anim ação das m esm as, até então biologicam ente pouco ativas.
Mesmo com m áquinas m ais m odernas, o hom em não consegue executar
serviços com tan to capricho em tais profundidades, de m odo que os trab alh o s
biológicos, no cam po, são absolutam ente superiores a qualquer trab alh o m ecânico.
As raízes vegetais, com o os dem ais organism os do solo, fornecem inúm e­
ros pro d u to s m etabólicos, típicos à rizosfera, que são substâncias fisiològica-
m ente ativas, da m aior im portância p a ra a sociabilidade dos vegetais, e dos
vegetais com m icrorganism os, sendo, assim , im p o rtantíssim os p a ra a rotação
dar. culturas.
Podem ser responsabilizados pelo cansaço do solo e pelo poder de assi­
m ilação das plantas, m esm o com relação a n u trien tes em ligações de pouca so-
lubilidade. São, igualm ente, im p o rtan tíssim o s na gênese do solo.
O hum o, esta substân cia orgânica “post-m o rtale”, que se encontra em
p erm anente tran sfo rm ação , é dinam icam ente ativo. Hoje, não nos in teressa m ais
a diferente com posição quím ica de m atérias ou grupos de m atérias da su b s­
tância orgânica, m as concentram os nossa atenção nos processos de tra n sfo rm a ­
ção genética do solo e fisiológica dos vegetais, dirigidos ou provocados por esta
substância. G raças a sua influência form am -se um a e stru tu ra físico-químico-
biológica dinâm ica do solo, os grum os, a estabilidade dos m esm os, as oscilações
do volume poroso, contração e inchação da fração argilosa, fofice, capacidade
retentora, perm eabilidade, infiltração, potencial, reserva e cinética de nutrientes,
etc. ou, em o u tras palavras, todos os fato res que caracterizam a fertilidade do solo.
Excepcional valor tem , p o rtan to , o título da obra dado pelo autor: “Bio­
cenose do Solo na Produção V egetal”. N um a vista geral, trata-se a vida do solo
em sua am plitude total, na sua im p o rtân cia relevante em todos os processos
do solo e na produção agrícola; sem dúvida, o p roblem a m ais atual da ciência
do solo e da ciência da produção agrícola.
Como centro das considerações encontra-se o solo, com o organism o dinâ­
mico, cujos fato res bio-dinâm icos se influenciam m utuam ente e, p o rtan to , p o ­
dem conservar e in crem en tar a fertilidade do solo bem como bloqueá-la ou di-
minuí-la. As considerações do a u to r em tô rn o dêstes assuntos são, pois, de
valor excepcional porque m o stram que todos trab alh o s e m étodos agrícolas têm
de ser exam inados criticam ente, em relação a sua influência sôbre a biocenose
solo-planta-m icrorganism o. Q uanto m ais fértil o solo ou quanto m aior o seu po­
der tran sfo rm ativ o , quer dizer, seu pod er de tra n sfo rm a r em produção fatores
fertilizantes introduzidos no solo, ta n to m ais econôm ica e intensiva será a agri­
cu ltu ra m o d ern a e tan to m enor será o seu risco. A pesquisa sistem ática de m é­
todos recuperativos e conservacionistas do solo, p ertence aos problem as m ais
im p o rtan tes da m oderna ciência do solo. O uso notório de novos conhecim entos
científicos, especialm ente dos fato res biológicos aqui tratad o s, não sòm ente
conservará a fôrça p ro d u tiv a do solo, m as conduzirá, tam bém , a m aiores, m e­
lhores e m ais seguros rendim entos agrícolas, servindo, assim , a tô d a a hum anidade.
Prof. Dr. Dr. h. c. F. Scheffer F. SCHEFFER
D iretor do In stitu to de Q uím ica Agrícola e Ciência do Solo
U niversidade de G öttingen
Göttingen, 18 de Setem bro de 1964.
E R R A T A
P á g in a O N D E S E Lfc L E IA -S E

3 1* P r e f a c e ........................................................................ P réfac e
33 15* s a p r ó f i t a s ................................................................... s a p r o z o o n te s
52 43* T h io b a c illo s th io x id a n s ..................................... T h io b a e illu s th io o x id a n s
m 13* U r o b a c illu s p a s te u r i ........................................... U r o b a c illu s p a ste u r ii
74 13» T h io b a c te r th io x id a n s ....................................... T h io b a c te r th io o x id a n s
81 27* C elu lo m o n a s ............................................................... C e llu lo m o n a s
29* B o tr itis .......................................................................... B o tr y tis
84 G rá fic o t a n to m e lh o r e t a n t o m a is in te n s iv o • t a n to m e lh o r e t a n t o m a is in te n s iv a
A g r e g a to s ................................................................... A g re g a d o s
t a n t o m e lh o r o a b a s te c im e n to d a p la n ta t a n to m e lh o r o a b a s te c im e n to d a p l a n t a
c o m .......................................................................... em
t a n t o m a is e q u ilib r a d o e t a n to m e lh o r .. t a n to m a is e q u ilib r a d o s e t a n to m e lh o re s
96 G rá fic o P o li p é p tid o s .............................................................. P o li p e p tíd i o s
98 13* B a cilu s s u b tilis ...................................................... B a c illu s s u b tilis
30* C lo str id iu m le n tip u tr e sc e n s .......................... C lo str id iu m le n to p u tr e sc e n s
99 8* B u tr itis ........................................................................ B o tr y tis
102 7» c o c o s d e 0,5 a 0,6 ................................................ c o co s de 0,5 a 0.6 m ic ro n
8* fla g e lo d e 30 g .................................................... fla g e lo d e 30 m ic ro n
117 F ó r m u la s H O ( e n tr e c e to -á c id o ú ric o e a la n to ín a ) HO —
N H (N H s u p e r i o r d a f ó r m u la d a a l a n t o í ­
na) ........................................................................ NH2
119 14* C lo str id iu m le n tip u tr e s c e n s ............................ C lo str id iu m le n to p u tr e sc e n s
122 9* C elulom !»nas ............................................................. C e llu lo m o n a s
10* C elu lo m o n a s ............................................................. C e llu lo m o n a s
11* C elulom íonas ............................................................. C e llu lo m o n a s
34* N H ................................................................................... NH3
131 29» T h io b a c te r th io x id a n s ....................................... T h io b a c te r th iooxidatn s
132 8* T h io b a e illu s th io x id a n s ..................................... T h io b a e illu s th io o x id a n s
173 8* f u n g ó f a g a s ................................................................. m ic ó fa g a s
189 5* C o lu lo m o n a s ............................................................. C ellu lo m o n a s
191 6* Bar. te r m o filu s ....................................................... B a r. th e r m o p h ilu s

O u tr o s la p s o s e in a d v e r tê n c ia s , n o ta d a m e n te e m p o n tu a ç õ e s e a c e n to s , s ã o f a c ilm e n te c o m ­
p re e n s ív e is .
« . . . E R R O S T IP O G R Á F IC O S . ..»
«A l u t a c o n tr a o ê r r o tip o g r á f ic o te m a lg o d e h o m é ric o . D u r a n te a re v is ã o o s ê r r o s se
e s c o n d e m , fa z e m -s e p o s itiv a m e n te in v is ív e is . M as, a s s im q u e o liv r o s a i, to r n a m - s e v is ib ilís s i-
m o s, v e r d a d e i r o s « sac is» a n o s b o t a r a lín g u a em tô d a s a s p á g in a s . T r a t a - s e de u m v e r d a d e i r o
m is té r io q u e a c iê n c ia a in d a n ã o c o n s e g u iu d e c i f r a r . . .»

M O N T E IR O LOBATO.
INDICE

CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS .................................................. 7


HISTÓRICO ................................................................................................ 10
Cap. I: BIOCENOSE DO SOLO ................................................... 21
Cap. II: MICRORGANISMOS DO SOLO ....................................... 47
Cap. Ill: FONTES DE NITROGÊNIO NO SOLO......... .............. 93
Cap. IV: OUTRAS FONTES DE NITROGÊNIO ........................ 115
Cap. V: TRANSFORMAÇÕES DE SUBSTÂNCIAS M INERAIS
NO SOLO ............................................................................... 127
Cap. VI: A MICROVIDA E AS ATIVIDADES AGRÍCOLAS .. 141
Cap. V II: OS PATÓGENOS NO SOLO ........................................... 165
Cap. V III: A FORMAÇÃO DO ESTRUM E ....................................... 183
RESUMO ...................................................................................................... 196
CONSIDERAÇÕES I NT RO DU TÓ R IA S 7

O C O N C E I T O DE A G R I C U L T U R A M O D E R N A

O solo é um organism o vivo (1) e não um sim ples suporte, como se


pensou por m uito tempo. Isso m odifica, obrigatoriam ente, todo o nosso conceito
de agricultura.
Surge, pois, a necessidade de considerar tam bém o íntim o entrosam en-
to de todos os processos do solo, sejam êles físicos, quím icos ou biológicos. Te­
mos de lem brar que cada técnica, indiscrim inadam ente em pregada, provoca um
desequilíbrio de m uitos outros fatores ( 2).
O solo é um a biocenose onde há estreita dependência entre suas pro­
priedades físicas e quím icas, a m icrovida, a topografia, a raiz vegetal e o porte
da vegetação. É um ciclo perm anente onde sem pre um fator depende do outro
e provoca, quando m odificado, a m odificação dos dem ais. Sabemos da gênese
do solo, que a sua form ação depende da vegetação, e esta, por sua vez, do solo,
do clima e da m icrovida. A m icrovida depende, por sua vez, d a vegetação e
das propriedades do solo. Foi um êrro fundam ental da época a n a lític a (3) que-
! rer tra ta r os diversos fatores da produção isoladam ente, porque som ente no
conjunto das suas relações reciprocas, apresentam -se as verdadeiras causas de
m uitos sintom as incom preensíveis.
A quím ica agrícola n ão com preende porque a an álise quím ica não d á
suficientes esclarecim entos sôbre a fertilidade do so lo f4 > . N o isolam ento, ta l­
vez isso nunca se descubra. M as, se considerarm os, igualm ente, tanto a e stru ­
tu ra do solo e a m icrovida, como a pressão osmótica das raízes, o caso torna-se
claro e não m ais se ap resenta enigm ático.
A técnica agrícola nunca descobrirá porque um a aração que deu re­
sultado num solo, acarreta, em outro, um fracasso total. P rocura as explicações
m ais difíceis, sem chegar a um a conclusão exata. T u d o porém torna-se-á fàcil-
m ente explicável se considerarm os a e stru tu ra do solo e os fatores por ela res­
ponsáveis.
A ag ricu ltu ra especial, com as m ais perfeitas técnicas de plantação e
cultivo p a ra as diversas culturas, nunca com preenderá por que, por exemplo,
um a rotação de trigo-linho-m ilho dá piores resultados que um a m onocultura de
trigo. Isso explica-se, de m aneira m ais fácil, quando se Considera a sociologia( 5)
das plantas e as recíprocas alelopatias (6 ), Como as relações tróficas ou simbió-
ticas — m as tam bém antibióticas — com os m icrorganism os.
Todos êstes problem as serão abordados. T ratarem os disso, tentando
m ostrar a biocenose do solo como ela é, os m étodos de seu equilíbrio e os pe­
rigos de um desequilíbrio.
A ag ricu ltu ra extensiva desenvolveu técnicas isoladam ente, convencida
de que o solo fosse tão som ente um suporte inerte. N ão se conhecia, ou ao
menos não se considerava, a m icrovida e se a considerava, julgavam -na, igual­
m ente, um fator isolado, sem relação com os dem ais. R O B IN S O N m ostrou,
pela p rim eira vez, o íntim o entrosam ento entre a raiz e a e stru tu ra do solo e
S C H E F F E R . W IN O G R A D S K Y , F R A N K e R U B IN entre a raiz e os m icrorga­
nismos, enqu an to S E K E R A , K U B IE N A e R U S S E L L m ostram claram ente a
relação entre a e stru tu ra do solo e m icrorganism os. Com o o homem, m em bro
8 CONSIDERAÇÕES I N T R O D U T Ó R I A S

integrante da sociedade h um ana, n ão pode ser considerado isoladam ente, assim


as raízes vegetais e m icrorganism os, como m em bros integrantes da biocenose,
não podem ser separados.
0 fracasso m undial da ag ricu ltu ra extensiva, ain d a em vigor no B rasil,
levou a hum anidade à beira da fome, e criou a teoria de S m ith que reza: «No
m ais tard ar em 100 anos, o m undo será de tal m aneira sup erp o p u lad o que será
condenado a m orrer de fome». N o e n tan to a fome lavra especialm ente nos
países pouco populados, isto é nos paí-ses d a África, A m érica do Sul e n a R ú s­
sia, onde há um a população entre 6 a 8 h ab itantes por km 2, en q u an to a Bél­
gica, com 281 h abitantes por km 2 n ão padece fome. Isto vem p rovar que os
métodos explorativos da ag ricu ltu ra extensiva contribuem m uito m ais p a ra a
fome m undial que a densidade dem ográfica.
Como m étodos explorativos e predatórios temos de considerar tôdas as
técnicas visando, unicam ente, colheitas altas, em desrespeito à biocenose do solo.

F iguram entre êles:

1 .) Arações profundas dem ais e o em prego de m áquinas «pulverizado-


ras» de torrões do solo, porque são feitas sem levar em conta a vida
do solo e a sua decadência. U m homem, forçando um outro, g ra ­
vem ente enferm o, a trab alh ar, é um m onstro. U m homem, o b rig an ­
do um solo altam ente decadente a produzir, é um crim inoso.
2 .) C alagens altas, provocando a saíd a dos últim os n u trien tes do com ­
plexo de troca e em pobrecendo, assim , o solo. V ai aqui a regra:
«Calagens altas fazem pais ricos e filhos pobres».
3 . ) Adubações u n ilaterais com N P K , esgotando as últim as reservas nos
dem ais 12 n utrientes vegetais, até agora conhecidos, pelo esforçado
e artificial desenvolvim ento vegetal.
A ag ricu ltu ra intensiva trab alh a estritam ente dentro das leis n a tu ra is,
em observância perm anente da biocenose do solo e do seu equilíbrio. O a g ri­
cultor Consciencioso sabe, que lavrando o chão, êle assum e a responsabilidade
por todos cs processos quím icos, físicos e biológicos no solo, que incentivado
para um a m aior produção, tem de ser igualm ente tratad o e cuidado com o
m aior zêlo. Por isso, diz-se nos países de ag ricu ltu ra intensiva: «A gricultura
não é um a profissão, é um assunto de am or». Q uem não am a o seu solo nun ca
saberá cuidar da sua saúde biológica, que é a base de tôda a sua fertilidade.

M EY ER divide a fertilidade do solo em duas partes:

1 — A estru tu ra porosa do solo, com pCE alto e m icrovida equilibrada.


2 — A riqueza do solo em sais nutritivos.

Êle explica: «Do ponto de vista científico, a fertilidade do solo não po­
de ser com preendida como um resultado estatístico de alguns fatores isolados
m as como função de processos dependentes e entrosados, que em sua ação co­
ordenada, provocam um efeito definido que cham am os de fertilidade». E êle
CONSIDERAÇÕES IN T R O D U T Ó R IA S 9

prossegue: «Q uanto m aior a especialização, tan to m ais longe encontram -se os


resultados da realidade e tan to m ais im portante a grande síntese que procura
in terpretar os fatores isolados em relação ao complexo geral d a biocenose do
solo, sendo im possível entendê-los sem aquela reposição aos seus devidos lu­
gares».

A ag ricu ltu ra intensiva não trab alh a o solo com fins explorativos, mas
> com fins conservacionistas. Todos os métodos visam , principalm ente, a conser­
vação do estado que cham am os de «fértil», sendo a alta produção agrícola um a
conseqüência lógica e autom ática dêste estado.

BIBLIOGRAFIA

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10 HISTÓRICO

A B IO C E N O S E do solo é a ação recíproca entre solo-p lan ta-m icro v id a.


A ciência, que se desenvolveu depois do reconhecim ento da im p o rtân cia dos
m icrorganism os, tanto anim ais como vegetais, para a fertilidade do solo, basea-
se nas três m atérias fundam entais:
1 — A M icrobiologia do Solo, (que trata da m ic ro flo ra ),
2 — A Biologia do Solo (que trata da m icro e m e so fa u n a ),
3 — A Sociologia Vegetal.

1 — A MICROBIOLOGIA DA T E R R A

Já na L iteratu ra R om ana, e depois, de nôvo n a Id ad e M édia, enco n tra­


mos referências a dim inutos sêres vivos, que afetam , em vários sentidos, a
nossa vida, a das p lantas e a dos anim ais. C O L U M E L L A , um escritor rom ano,
disse: «Os pân tan o s criam invisíveis anim ais que se elevam , infectam o ar e
dão início às doenças hum anas.»
M ais ou menos em 1861 nasceu a M icrobiologia d a T erra.
F oram reconhecidos três processos distintos no solo:
a) a decom posição da m atéria orgânica,
b) a nitrificação,
c) a fixação de nitrogênio.
Sabia-se que o hum o não era um alim ento vegetal, m as um p roduto in ­
term ediário. H á séculos, conhecia-se o hum o, mas som ente B O U S S IN G A U L T
relacionou-o à fertilidade do solo. In iciaram -se então um a série de estudos que
finalm ente term inaram no conhecim ento de processos m icrobianos no solo.
Já os antigos rom anos conheciam o fato, que as legum inosas enriquecem
o solo, mas som ente B E R T H E L O T descobriu que a fixação do nitrogênio é
feito por bactérias, tan to por sim biontes, como por não sim biontes.

Fig. 1 — M. W. BE IJER IN C K
MIC RO BIOLOGIA AGRÍCOLA 11

K E T T E , em 1865, cham ou a atenção para o fato de que o estrum e de


curral nunca pode ser su b stituído por adubos inorgânicos m inerais, mesmo se
êles adicionam idênticos nutrientes, porque está faltando a êstes a «verdadeira
ferm entação causada por vibriões».
Seguem os trabalhos de H E L L R IE G E L e W IL L F A R T H que se referem
à atividade dos m icrorganism os na nitrificação do azôto elem entar.
W IN O G R A D S K Y provou que a n itrificação se dá devido à atividade
de bactérias, as Nitrobacter, e B E IJE R IN C K , descobriu que a fixação de n i­
trogênio nos nódulos das raízes, é feita por bactérias que invadem a raiz. C on­
seguiu criá-las em meio artificial e cham ou-as de Rhizobacter. V erificou po­
rém, mais tarde, que são m uitas as variedades de bactérias capazes de fixar
azôto
O russo W IN O G R A D S K Y , é considerado o pai da M icrobiologia do
Solo. Foi o prim eiro a reconhecer a im portância dos m icrorganism os no solo e
desenvolveu, n a R ússia, aquilo que conhecemos hoje como a C iência do Solo.
L Ö H N IS escreveu o prim eiro livro sôbre a B acteriologia do Solo e a
sua im portância p ara a fertilidade do mesmo.
Desde 1900 incluíram as Escolas Superiores de A gricultura de V iena e
M unique a M icrobiologia do Solo no seu currículo. A m atéria ganhou sem pre
m ais im portância.
L IP M A N iniciou o estudo sistem ático da população do solo. Desde 1911
a M icrobiologia do Solo é um a ciência independente.
T H O M e W A K S M A N pesquisaram os fungos da terra, como os Peni-
cillium e Aspergillus.

Fig. 2 — S. N. WINOGRADSKY
12 A M I C R O V I D A E A F E R T I L I D A D E DO SO LO

Fig. 3 — J. G. LIPMAN

A M icrobiologia do Solo foi sem pre m ais pesquisada e, especialm ente


C H O L O D N Y , SE K E R A e K U B IÊ N A são os grandes cientistas que a re la­
cionaram intim am ente com a fertilidade da terra. G raças a êles, possuím os ho­
je métodos bons e exatos para os estudos da m icroflora do solo. S E K E R A , es­
pecialm ente, deu o grande passo da ciência ab strata para a prática, resp o n sa­
bilizando os m icrorganism os pela estru tu ra sadia e fofa da terra. In tro d u z iu o
Serviço de H igiene do Solo que é n ad a m ais e nada m enos, que a recuperação
e conservação do solo, dirigido pelos conhecim entos profundos das causas bio­
lógicas. Hoje, êste serviço é com um na E uropa inteira e os trabalhos de S E ­
K E R A são considerados como os m elhores desta nova ciência.
K U B IÊ N A , a m aior au toridade viva em Edafologia, por sua vez, Con­
seguiu provar que os cham ados «tipos de terra» nada m ais são do que d iferen ­
tes estados de desenvolvim ento sob diversas condições e clim as, sendo igual ao
n a tu ra l envelhecim ento da terra que, por sua vez, depende essencialm ente da
atividade da vida m icrobiana.
R U SSE L L , da estação experim ental de R otham sted, In g late rra, deu, no
seu livro «Soil Conditions and Plant Growth», a prim eira vista geral de tôdas
as condições físicas, quím icas e biológicas do solo, redundando pois, num a obra
perfeita e pioneira, decisiva para a ag ricu ltu ra m oderna.
B R O M F IE L D , o pioneiro da recuperação prática das lavouras am eri­
canas, disse em seu famoso livro «Malabar farm»: «Os m icrorganism os da terra
são os anim ais domésticos m ais im portantes e m ais úteis. Se êles prosperam ,
o lavrador tam bém prospera, e se êles lutam pela sua sobrevivência, o lavrador
tam bém o fará. A prosperidade e a ru ín a do lavrador depende pois, antes de
tudo, da m icrovida do solo.»
VISÃO ECOLÓGICA 13

As m ais notáveis revelações acerca da atuação dos fungos do solo foram


feitas por um a m ulher, G E L T SE R , pesquisadora russa, cujos livros são a base
dos conhecim entos que possuímos.

Porém , a G A R R E T T cabe o m érito de ter feito a prim eira classificação


ecológica de fungos do solo, dando assim o passo decisivo na ag ricultura m o­
derna. livrando-a dos preconceitos da ciência clássica que im possibilitou, por
m uito tempo, a visão real dos fungos no solo e sua im portância.

Com a visão ecológica abriu-se um a nova era, perm itindo finalm ente a
recom posição dos processos biológicos no solo — a biocenose, — a qual nos
transm ite a noção de todos os processos biológicos, quím icos e físicos, em re­
lação coordenada, e nos perm ite com preender a «vida do solo», o índice de sua
fertilidade.

Fig. 4 — S ir J. RUSSELL

Sabem os hoje, que a M icrobiologia A grícola não se reduz som ente ao


lacticínio, à in d ú stria de conservas e a produção do vinho ou vinagre, mas
que a m icrobiologia da própria terra é a parte m ais im portante n a ag ricu ltu ra
sadia e próspera.
A convivência dos m icrorganism cs e n fre si, entre m icrorganism os e ve­
getais, é designada por F R A N C E : «Edaphon».
D aí se deriva a palav ra Edafologia. a ciência da vida do próprio solo.
O solo não é aquilo que a ag ricu ltu ra quim iotécnica pregava, somente
um suporte para os adubes, água de irrigação e cu lturas, m as um organism o
vivo, cujo esqueleto é a parte m ineral, cujos órgãos são os m icróbios que
ali vivem e Cujo sangue é a solução aquosa que ali circula. R espira como q u a l­
14

quer outro organism o vivo e possui sua tem p eratu ra própria. N ecessita êle tan to
das p lantas, como as p lan tas necessitam d êle. (L Ö H N IS , L IP M A N , W A K S -
M A N ).
T erra inerte é terra infértil. N inguém pretende tira r leite de vaca m orta,
m as m uitos pretendem tira r safras dum a terra m orta. A in fertilid ad e se a trib u i
a tudo, m enos à realidade de ser a terra m orta, sua e stru tu ra decaída e sua
vida acabada.
Poucos ainda consideram que som ente a revitalização do solo, que se
conhece sob a p alav ra «recuperação», é capaz de trazer a fertilid ad e perdida.
Os m icrorganism os, porém , só populam a terra, de nôvo, se existe um a
ótim a relação entre ar, um idade e tem p eratu ra, suficientes sais m inerais e m a­
téria orgânica, da qual, a m aioria dêles, retira sua energia v ital (S E K E R A ).
Em terras tropicais, 15 cm são bem entrelaçados por um a tra m a viva
de vida m icrobiana, 20 cm em terras subtropicais e 25 cm em terras de clim a
m oderado. O zêlo desta cam ada «esponjosa» e fôfa, que protege a fertilid ad e do
solo, deve ser a nossa m áxim a aspiração.

Fig. 5 — S. A. WAKSMAN
P ro fessor E m érito
A BIOLOGIA DO SOLO 15

2 — A B I O L O G I A DO S O L O

É um a ciência bastan te nova e tom ou o seu prim eiro im pulso com o


trabalho de F E H É R e V A RG A S cujo «M anual de Biologia do Solo», (em
h ú n g a ro ), deu início às pesquisas coordenadas. E ntende-se por «Biologia do
I Solo», a zoologia da micro e m esofauna, suas form as e, especialm ente, seus
i costumes.

K Ü H N E L T nos d á um a excelente visão geral da micro e m esofauna do


solo e tenta, pela prim eira vez, um a classificação ecológica, dando ênfase à
atividade zoológica relativo aos processos no solo.

F R A N Z e K U B IÊ N A foram os prim eiros a ten tar relacionar as espé­


cies zoológicas da m icro e m esofauna com a gênese do solo. F R A N Z esboça,
pela vez prim eira, em traços claros e geniais, a biocenose que, já há 20 anos,
S E K E R A sentiu, relacionando, naquela época, no entanto, som ente a m icro- e
m acroflora. O reconhecim ento das relações entre m icroflora, m icrofauna e os
vegetais nos perm ite estabelecer um regim e de conservação da fertilidade ver­
dadeira do solo, com preender as doenças vegetais e encontrar meios de comba-
1 tê-las em bases m uito m ais am plas e eficazes do que foi possível até hoje.

Presenciam os o íntim o entrosam ento entre a m icropopulação, o solo e


as plantas. As qualidades físicas do solo e in d iretam ente tam bém as quím icas,
são altam ente dependentes da m icrovida, (S E K E R A , F R A N Z , K U B IE N A ,
S C H E F F E R , W A K S M A N , P R IM A V E S I), dependendo esta, por sua vez, da
vegetação e das condições do solo. Êste entrelaçam ento cham am os de bioceno-
) se, onde cada integrante possui um a influência decisiva sôbre o outro.

Reconhecem os não ser possível considerar som ente um a cultura e suas


exigências, ou um fungo patógeno e suas Condições de vida, porque cada um
faz parte de um conjunto vivo, do qual foi retirado para m elhor estudo (M E Y ­
E R ), aonde, porém , deve ser reposto, p ara se poder julgar a sua atuação, com
base em seus costum es e em sua vida in dividual, d entro da grande sociedade
que representa a biocenose do solo.

Esclarecem -se, de repente, m uitos fatos incom preensíveis, e especialm en­


te a atuação dos m icrorganism os como patógenos e p arasitas que, anteriorm ente,
sem razão visível, atacaram as nossas Culturas; isto se constata, q uando se ob­
serva sua vida d entro da sociedade do solo, propiciando assim , o im pedim ento
de sua atuação danosa.

As três m ais novas ciências agrícolas, a M icrobiologia do Solo, a Biolo­


gia do Solo e a Sociologia Vegetal, são as pedrinhas que faltavam ao complexo
mosaico da biocenose do solo, hoje a base d a ag ricu ltu ra intensiva. Produz-se,
graças a elas, com poucas despesas, de m an eira relativam ente m uito segura, co­
lheitas altas e de boa qualidade. (M E Y E R , G Ö R B IN G , P R IM A V E S I,
S C H E F F E R ).
16 A SOCIOLOGIA VEGETAL

3 — A SOCIOLOGIA VEGETAL

Já os povos antigos do Egito e da Grécia reconheciam a existência de


relações entre as plantas. Sabiam que algum as beneficiavam as outras, como,
por exemplo, as leguminosas ao trigo, sendo outras prejudiciais, como a noguei­
ra às oliveiras, ou o repolho às videiras, etc. (K L A P P ) . Os arqueólogos a p ro ­
veitaram para as suas pesquisas, o fato de ter cada clima a sua associação ve­
getal, como, por exemplo, florestas, estepes, pradarias, etc.
B R A U N -B L A N Q U E T relacionou as associações vegetais tanto com o
tipo e o estado do solo, como com o clima, com a topografia e fu ndou com
isso, no início dêste século, um a ciência que é um a das mais prom issoras da
Agricultura e Silvicultura modernas.
Reconheceu-se logo que o solo influi tanto sôbre as plantas, como as
plantas sôbre o solo, como dem onstram especialmente, D U R I E T Z para a Es­
candinávia, M O R O S O V , S U K ATS C H E W , I L J I N S K I , p ara as florestas russas,
A I C H I N G E R para os Alpes. Em vista disso desenvolveram sistemas v a n ta ­
josos de reconhecimento precoce da decadência de um solo pastoril ou florestal,
podendo esta ser remediada em tempo.
M u dan do a sociedade vegetal, pode-se concluir que m ud ou o solo, e a
floresta ou o pasto entram em declínio. Com a introdução de plantas, a in d a
adaptáveis a esta sociedade, mas já constituindo o último elo de u m a sociedade
superior, melhora-se a fitosociedade e com ela, o solo.
O botânico M O L IS C H e o cientista do solo S C H E F F E R provam que
o sinergismo e alelopatia entre as plantas são devidos, especialmente, as secre­
ções radiculares e a sua microflora trófica, e só parcialmente, em conseqüên­
cia da competição pelos nutrientes.
N a Inglaterra, T A N SL E Y dá um a boa visão geral dos problemas fito-
ecológicos, mas destacam-se neste setor, especialmente, os cientistas americanos
W E A V E R e C L E M E N T S que, em sua «Ecologia Vegetal», tratam de muitos
problemas da fitosociologia. Esclarecem muitos aspectos do desenvolvimento
radicular, em relação ao meio, incluindo aqui o tipo de solo, clima, associação
vegetal e métodos de cultura.
K U T S C H E R A publicou um «Atlas de Raízes» que possibilita ao agri­
cultor e pecuarista escolher plantas para a sua rotação ou invernadas que, ao
menos, não disputam o mesmo espaço do solo.
K L A PP é o primeiro que usa largamente os conhecimentos fitosociológi-
cos para pastos e invernadas e criou com seu livro «W iesen u nd Weiden»,
( Invernadas e Pastos) um a obra prim a e até revolucionária que m ostra novos
e promissores caminhos.
A Sociologia Vegetal é a ciência das associações vegetais, cabendo a ela
tratar de todos os fatores relacionados com a vida social da planta. A luta in ­
cessante pelo espaço, água, nutrientes e luz, é tanto mais acirrada, q uanto mais
semelhantes forem as exigências vegetais.
Assim, das inúmeras sementes espalhadas pelo vento ou pelos anim ais,
vingam somente aquelas que encontram as melhores condições num certo meio]
relativo ao clima, solo, topografia, insolação e nutrientes.
A SOCIOLOGIA VEGETAL 17

A Ecologia Vegetal, fator resultante desta luta pela sobrevivência, ex­


plica, pois, muito melhor, as condições reinantes de clima, solo e ambiente, em
geral, do que qualquer exame dos fatores, em separado ( A I C H I N G E R ) .
Por isso, K L A P P afirma a superioridade dos resultados das pesquisas
sociológicas sôbre as pesquisas, simplesmente, químicas e físicas do solo, cli-
matéricas e topográficas, porque o método sociológico abrange todos os fatores
do meio, sem êrro e esquecimento, sendo isso impossível com os métodos clás­
sicos vigentes.
A êsse respeito, S C H Ä D E L IN disse: «O estudo do meio pelos fatores
componentes, em separado, nos dá, na melhor das hipóteses, partes de um con­
junto, faltando, porém, a ligação vitalizante. N ã 0 podem revelar o essencial:
0 complicadíssimo entrosamento dos diversos fatores com as suas relações reci-
procíclicas».
A Sociologia Vegetal pesquisa, segundo B R A U N -B L A N Q U E T :
1 — a composição da associação vegetal de u m determinado local,
2 — as Condições de vida das diversas associações vegetais, relativas:
a) ao clima local (luz, calor, precipitações, vento),
b) aos fatores químicos, físicos e biológicos do solo,
c) aos fatores topográficos,
d) à influência cultural (aração, desmatamento, queimada, uso da terra,
isto é, m onocultura, policultura, rotação, drenagem, irrigação, aduba-
ção, etc.),

e) às influências anim ais da macro e mesofauna: pastoreio, cavação por


minhocas, danificação radicular por ratos, etc.,
f) à microflora e fauna,
3 — a influência da associação vegetal sôbre o solo (sombreamento, produção
de m atéria orgânica, etc.),
4 — a adaptação das diversas associações ao ambiente e a sua Fisiognomonia,
5 — o desenvolvimento gradativo das diversas associações vegetais,
6 — a história das diversas associações vegetais (pasto, mato, pântano, soio
cu ltura l).

A Ecologia Vegetal é hoje um a ciência bastante desenvolvida e se co­


nhece, perfeitamente, a interdependência existente entre a vegetação e o meio
(«Standort»), Em nossas culturas agrícolas, a dependência do clima é, porém,
muito menor que a do próprio solo. Encontramos sob um clima, inúmeras fito-
sociedades, dependendo tôdas, essencialmente, das condições oferecidas pelo
solo. Ao agrônomo não interessa tanto a fitosociedade n atural, mas sim a
cultural.
18 A FITO S OCI EDADE

Aprende-se com a sociologia vegetal que:


1 — a fitosociedade se forma em estreito equilíbrio com os fatores ecológicos.
Se aparecer um inço, de dificílima eliminação, isso significa que as con­
dições são altamente favoráveis ao inço e, portanto, desfavoráveis à cul­
tura. ( W E A V E R ) ;
2 — não adianta tentar p la n ta r um a cultura em um solo de condições a lta ­
mente desfavoráveis. Se a fitosociedade espontânea e, portanto, n atural,
dem onstra as condições precárias do solo, é contraproducente querer p la n ­
tar culturas exigentes, mesmo se forem adubadas. A adubação pode re­
gular somente um dos fatores responsáveis pela fitosociedade reinante,
mas não todos;
3 — a raiz é o órgão mais importante da nutrição vegetal, dependendo o seu
desenvolvimento:
a) do estado bio-físico do solo (estrutura e um idade)
b) da luz recebida pela planta (H O L C H )
c) dos nutrientes presentes (P, B, Ca, aum entam o seu desenvolvimento)
d) da inibição ou estimulação por outras raízes (m onocultura tem efeito
inibitivo) ( S C H E F F E R ) .
T anto no pasto, como na terra de cultura, sofrem perm anente in flu ê n ­
cia pelo uso, sendo destruídas as fitosociedades naturais (K L A P P , S C H E F F E R ) .
O homem assume a responsabilidade por estas sociedades culturais (C L E ­
M EN TS).
Se a nossa cultura agrícola e a nossa flora pastoril figuram dentro do
quadro da fitoassociação, à qual o meio é favorável, a produção será satisfatória.
Portanto, há zonas de produção ( L Ö H R ) indicadas, em geral, pelo clima e
pelo tipo de solo, e, em especial, pela decadência ou conservação do solo.
É pois, mais econômico plantar a cultura melhor a d a p ta d a ao meio, do
que plantar a que, no momento, promete preço melhor mas fracassa depois ou
fornece um rendimento insatisfatório, por ser o meio inadequado à cultura.

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CAPÍTULO I

B IO C E N O S E DO SO L O

A BIOCENOSE DO SOLO ........................................................................... 23


ECOLOGIA GERAL DA POPULAÇÃO DO SOLO ................................. 27
SUPRIM ENTO DE ENERGIA ................................................................... 29
RELAÇÕES SIMBIÕTICAS E ANTIBIÓTICAS ................................... 31
AÇÃO RECIPROCA DE MICROFLORA E MICROFAUNA ............... 33
CONDIÇÕES DO SOLO EM RELAÇÃO À MICROFLORA ................ 33
A MICROVIDA NA RIZOSFERA .............................................................. 33
MICORRIZAS ................................................................................................ 39
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 44
A BIOCENOSE DO SOLO 23

A B I O C E N O S E DO S O L O

O solo, como sistema poroso, abriga tanto bactérias como fungos, pro-
tozoários, vermes e insetos, mas é, também, o espaço vital da raiz vegetal.

Por isso, W I E R S U M denominou o espaço do solo densamente enraizado


de «volume ativo do solo», com o qual êle designa justamente esta parte que
G Ö R B I N G denomina de «vivo». Vivo, porque é anim ado pelas raízes e micror-
ganismos, que tem de com partilhar o mesmo espaço, ar, água e nutrientes. Esta
convivência estreita da microflora e fauna com a macroflora, com m ú tu o bene­
fício e controle, chamamos de biocenose.
N ão há dúvida que o estado favorável do solo, floculado ou fôfo, de­
pende da microvida.
O valor cultural de um solo dim inui ( P É R I G A U D ) com a atividade
microbiana dim inuída e o aum ento de camadas endurecidas.
W I N O G R A D O W prova que em solos deficientes em Mn, B e Z n u m a
adubação química raram ente traz efeito, porque trata-se, geralmente, de solos
biologicamente inativos. A nutrição vegetal é, portanto, seriamente comprometida.
T anto S E K E R A , como também, G Ö R B I N G , R U S S E L L , P R I M A V E S I ,
BO G U S LAW S K l e outros, constataram que as safras aum entam com a dim i­
nuída resistência do solo, que é igual ao aum ento do volume poroso. O volume
poroso, por sua vez, é o produto da riqueza do solo em íons bivalentes, tro-
cáveis, do hum o e da microvida.
As raízes, que entram no solo, defendem o seu espaço vital contra as
outras, através de excreções, muitas vêzes altamente tóxicas, como é o caso da
escopoletina do Lolium multiflor ( S C H E F F E R ) .
Cada planta possui as suas excreções específicas criando, assim, em
volta de sua raiz, um ambiente um pouco mais ácido, que favorece a absor­
ção de Ca, K, B, Mn, Zn, Mg e que, igualmente, aum enta a atividade bioló­
gica ( U L R I C H , H E M P L E R ) .

Especialmente em sociedades polífitas, as raízes excretam muitas subs­


tâncias que podem ser tóxicas p ara outras. As outras raízes, p ara poder pene­
trar nestas zonas, soltam substâncias desintoxicantes tais como aminoácidos
aromáticos ( K N A P P ) . Porém, muitos organismos da m icrofauna, tais como
nematóides, larvas, etc., desaparecem da rizosfera por não suportar as excreções
(açúcar, brenzcatequina, etc.) ( S C H E F F E R e K I C K U T ) .
O que im porta aqui. entretanto, é que cada substância excretada, possui
a sua microflora específica que, por sua vez, possui a sua microfauna, que vive
dela e se aproveita da mesma. O alimento no solo é parco e para possibilitar a
vida de dezenas e até Centenas de milhões de microrganismos n um gram a de
solo, não se pode esbanjar nada. Assim, encontram-se nas imediações das raízes
milhões de bactérias, próprias a esta rizosfera. R U B I N cham a esta convivência
entre a raiz e os microrganismos de «simbiose trófica».
24 O E Q U I L Í B R I O B I O L Ó G I CO N O S O L O

As excreções radiculares causam um a intensa m icrovida em volta da


raiz. T anto as secreções, como a microflora trófica, são responsáveis pela ale-
lopatia de um a raiz para com a outra, o que pode im pedir o crescimento de
outras plantas. Assim, por exemplo, centeio inibe o desenvolvimento de Si napi s
arvensis, Matricaria maritima, etc. Desta m aneira, cada solo cria a sua pró pria
sociedade de vegetais e microrganismos. Sabemos que as condições ecológicas
determ inam a vegetação, sendo estas condições, tanto o clima e a topografia, co­
mo o estado bio-físiCo do solo.
Um solo depauperado e decaído possui, portanto, um a o utra flora, dife­
rente da de um solo rico e fôfo. ( L O U B ) .
A biocenose do solo se modifica, segundo o tipo de solo, sua riqueza
mineral e orgânica, seu estado de decadência, a vegetação reinante (pasto, mo­
nocultura, flo re sta ), e a idade das plantas.
N o próprio solo, os horizontes eluviais e iluviais exercem a m aior in ­
fluência sôbre a microvida, pela riqueza ou pobreza em nutrientes, oxigênio e
água. Q ualquer modificação do solo, seja ela ocasionada por trabalhos no cam ­
po, pelas culturas, pelos tratos culturais, pela seleção do gado de pastoreio —
que escolhe sempre a vegetação superior, exterm inando-a após certo tempo —
influe sôbre a ecologia. N enhum processo no solo se desenvolve separadam ente,
mas sempre, em íntima relação e entrosamento com outros, constituindo, so­
mente, um simples elo num a contínua sucessão ( F R A N Z ) .
Sabe-se que os diversos tipos de organismos que se aproveitam, tanto das
excreções radiculares, como dos nutrientes metálicos no solo, servem sempre,
por sua vez, de alimento aos outros, razão porque F R A N Z cham a a isso de
«uma cadeia alimentícia». Se houver, abaixo d um a vegetação n atural, a m u l­
tiplicação demasiada de um microrganismo, originar-se-á com isso a fome de
outros. A biocenose transformar-se-á em aberta inimizade e logo se criarão micro­
stores predatórios ou bacteriófagos que acabarão com a raça que proliferou de­
mais, restabelecendo-se, de nôvo, o equilíbrio antigo. Mas, com a norm alização
d a situação, também desaparecerão os microrganismos predatórios ou parasitas
( F R A N Z ) . Pode-se julgar o parasitismo microbiano como expressão de u m de­
sequilíbrio ecológico. ,
Pcde-se imaginar que êste processo de equilibração não é somente pôsto
em ação quando se trata da microflora (os micróbios) ,mas, também, q u a n d o se
trata da macroflora (as plantas de c u lt u r a ) . Como elo da biocenose solo-planta-
microflora-microfauna, a monocultura, provoca um desequilíbrio n a microflora e
fauna, que estas tendem a sanar pela eliminação dos vegetais, no m om ento em
que êstes saem enfraquecidos pela própria concorrência alimentar. ( B R A U N ) .

Na monocultura, as plantas não soltam nem tóxicos nem des intoxicantes


( S C H E F F E R ) e as excreções unilaterais das raízes beneficiam somente, po u­
cas raças de microrganismos. As outras desaparecem, por não encontrar condi­
ções favoráveis de vida. O solo se desflocula, assenta e endurece. O pH b aixa
e os microrganismos que ainda podem viver são, especialmente, fungos N u m
solo com pH sobremaneira baixo ou alto — pH 5,0 ou 7,5 — as plantas mos­
tra m uma respiração dim inuída e, portanto, deficiente, com conseqüente m enor
absorção (G R A C A N IN , G E O R G I E V ) .
DESENVOLVIMENTO RADICUL AR 25

O DESENVOLVIMENTO RADICULAR: (seg. WEAVER)

H K B F G P A P o
Fig. 6 — Plantas de pradaria, — H ,Hieracium, K ,Koeleria, B,Balsamorrhiza,
F .Festuca, G ,Geranium, P ,Poa secunda, A,Hoorebekia, Po,Potentilla.
Fig. — 8

a b c a b
Desenvolvimento duma raiz de trigo D esenvolvim ento dum a raiz de cebola
a) 650 a 800 mm de precipitações a) em solo fôfo
b) 525 a 600 mm de precipitações b) em solo com pacto.
c) 400 a 475 mm de precipitações.
26 NU TRI ÇÃO VEGETAL E RI ZOS FE RA

Assim mesmo, com fácil disponibilidade de nutrientes — o que porém


não acontece — as plantas são mal nutridas, como provam as experiências de
W E L T E e T R O L L D E N I E R , verificando-se um m enor teor em m inerais, por
unidade de substância sêca, em plantas criadas em solos estéreis ou com pouca
atividade biológica. T R O L L D E N I E R prova, mais ainda, que as plan tas em tal
ambiente necessitam mais nutrientes p ara produzir 1 gram a de su bstância sêca
que plantas em solos vivos, porque o seu metabolismo tra ba lha menos economi­
camente. Provàvelmente dependa isso, do fato, de que as plantas abso rv am só
parte dos nutrientes por vias dinâmicas. O u tra parte entra por difusão ( M E N -
GEL, M A R S C H N E R ) — que causou a teoria do AFS, «aparent free space» —
e são, simplesmente, íons inorgânicos. Como a célula vegetal só aceita íons ou
moléculas orgânicos, êstes nutrientes inorgânicos necessitam de um «portador»
orgânico, para romper, com êles, a barreira do citoplasma ( L U N D E G A R D H ) . '
Muitas vêzes a planta absorve nutrientes inorgânicos inaproveitáveis, porque
carecem de um portador.

N um solo vivo, êste problema não surge, por ter as bactérias tra n sfo r­
m ado todos nutrientes disponíveis, em formas orgânicas.
Resumindo, pode-se dizer: Só em solos biologicamente vivos e sadios
podemos alcançar o máximo efeito de adubos comerciais, com altas colheitas, \
de boa qualidade, e um mínimo de incidência em doenças.

A monocultura é, pois, responsável tanto pela decadência dos solos, da


diminuição das colheitas, como pela alta incidência de pragas e moléstias
(S U L O C H A N A ). Em terras naturais, o vegetal morto, sendo decomposto pelos :
microrganismos, fornece, de nôvo, m atéria orgânica p ara a microflora heteró-
trofa. Em solos de culturas êste ciclo é interrompido, porque a colheita leva a
matéria orgânica, necessária p ara a m an utenção da microvida.

A má nutrição vegetal em solos decadentes, que nem adubações comer­


ciais podem contornar — é bem conhecido que «quanto pior o solo, tanto me­
nor é o efeito do adubo» (V E T T E R , P R I M A V E S I , G Ö R B I N G ) — provoca
menores excreções radiculares. Os estreptcmicetos, que vivem na rizosfera, pos­
suem. segundo R E H M , um efeito fungicida, defendendo a rizosfera contra ou­
tros microrganismos. Q u a n to mais velhas e quanto melhor nu tridas as plantas |
e com elas os estreptomicetos, tanto mais forte será êste efeito.

Em policuituras de solos ácidos e pobres, êste efeito é fraco; em m ono­


culturas, daqueles solos é pràticarnente nulo, porque tanto a má nutrição como
a m onocultura ( S C H E F F E R e K N A P P ) baixam a q uantidade de excreções e <
com isso as possibilidades da microflora beneficiente e o poder defensivo da
planta. A resistência da cultura é, portanto, seriamente comprometida, sendo
incapaz de defender-se contra um ataque de microrganismos u nilateralm ente
multiplicados, (fungos, bactérias, ácaros, nematóides) que, agora, se tornam p a ­
rasitas, porque nestes solos, por causa das condições reinantes ( F R A N Z ) , sua
biocenose é desequilibrada.

A maioria da microfauna desaparece por faltar muitas vêzes água, que


não pode infiltrar-se, normalmente, no solo.
SAÚDE VEGETAL E HU MA NA 27

B R A U N constatou, igualmente, em solos decadentes, o aum ento de a ta ­


ques por parte de percevejos, nematóides, fungos e ácaros. O controle mútuo da
micrcflora e m icrofauna está faltando.
V O I S I N disse que a saúde hum ana, depende intim am ente da saúde do
solo e responsabiliza a adubação química unilateral de N P K pelas doenças a n i­
mais e humanas.
É evidente, que a biocenose equilibrada do solo é a base da saúde dos
povos que ali vivem.
A m onocultura a rru in a pois, n ão somente a vida do solo e consequente­
mente a sua estrutura, provocando a sua infertilidade, mas a rru in a igualm en­
te a saúde e vitalidade hum ana, porque as terras «doentes», na sua estrutura e
microvida, só fornecem alimentos deficientes.
Vai aqui a regra: «quanto menor a colheita, tanto pior a sua qualidade»
(R E N D IN G ).

E C O L O G IA G E R A L D A PO P U LA Ç Ã O DO SOLO

Os diferentes grupos de organismos do solo, não vivem independente­


mente uns dos outros, mas, entrelaçados, intimamente, num equilíbrio perfeito
com as condições do ambiente.
Isso não prevalece somente para os microrganismos parasitas, mas
também para os saprófitas. porque todos estão em perm anente competição pelos
nutrientes disponíveis. E cada um desenvolve um a série de relações simbióti-
cas e antibióticas para com seus vizinhos, para alcançar o seu quinhão do ali­
mento existente. Assim, estabelece-se, em cada solo, um estrito equilíbrio entre
os microrganismos, o qual depende unicamente do ambiente, que o próprio solo
oferece. N u m a terra bem cuidada temos, por isso, um poder tam pão biológico
bastante grande, que proporciona boa estabilidade à estrutura da mesma.|
(Z E IL IN G E R , RU SSELL).
F R A N Z disse: «Hoje, a ecologia se torna um a das ciências mais moder­
nas e necessárias, estudando a relação do nosso m undo técnico e m aterial com
a «vida como centro» ( F R I E D E R I C H S ) .
Baseia-se no fato de n en hu m processo da natureza se desenvolver isola­
do, mas sempre intim am ente entrosado com outros, atu an do cada um, somente,
como elo de um a cadeia contínua.
A biocenose do solo é diferente segundo as condições reinantes e depen­
de, por conseguinte, dêste ser arejado ou anaeróbio ( d u r o ) , insolado ou sombre­
ado, rico ou pobre em sais nutritivos e humo, úmido, fresco ou sêco, cultivado
ou com flora n atural, com policultura ou m onocultura, com p H alto ou baixo,
etc.
P a r a cada variante há um a biocenose a d a pta da e própria, reagindo esta
às m ínim as oscilações. Se, por exemplo, não nos ag rad a r um a raça de micró­
bios, um inço ou um anim al da mesofauna, devemos sempre considerar que ês-
te surgiu devido a um a adaptação ecológica e é próprio ao ambiente reinante.
Êste indivíduo indesejável (seja êle um a planta, um inseto ou micróbio) não
é Combatível com métodos extra-ecológicos, como, por exemplo, pulverizações,
esterilisações, etc., porque todos êstes somente m atam o indivíduo no momento,
28 M É T O D O S DE C O N T A G E M DE M I C R Ó B I O S

mas não removem as condições ecológicas que o obrigam sempre, de nôvo, a


reaparecer.
Com a modificação do ambiente, porém, modificar-se-á a biocenose e o
indivíduo, agora desajustado, não encontra mais possibilidade de sobreviver, e
desaparece como surgiu.
Esta contínua equilibração da biocenose — que é um a com unidade dos
mais diferentes sêres vivos — é o ponto ang u la r da agricultura. Se é bem en ­
tendida não há problema, nem relativo ao rendim ento das culturas nem em
relação às doenças. Se não é bem compreendida, a agricu ltura torna-se, pouco
a pouco, um assunto desesperador, sendo cada vez mais um jôgo de sorte, em
completa dependência de fatores inesperados.

Sem a interferência hum ana, existiria um perm anente equilíbrio, que


sempre dentro de certos limites, se regeneraria automàticamente.
Se o homem destrói o equilíbrio da biocenose na tu ra l com as suas técnicas,
êle tem de contar, logicamente, com tôdas as conseqüências, como decadência
do solo, parasitismo microbiano nas culturas, etc. Se o homem quer m odificar
esta biocenose natu ral e substituí-la por um a ordem que lhe convém melhor,
assume com isso a responsabilidade de pesquisar e estudar as conseqüências
ecológicas dessa nova ordem, para poder restabelecer um equlíbrio, que sendo,
porém, artificial, tem de ser perm anentem ente zelado e cuidado. ( F R A N Z ) .
Se faltar um dos particulares habitantes da terra, não podemos juntá-lo
simplesmente, ( W A K S M A N ) , inoculando-o no solo, porque, não encontrando
condições favoráveis, sempre desaparecerá de novo ( P A R K S ) . Podemos intro­
duzi-lo somente pela modificação das condições vitais n Q solo. Isso acontece
pela rotação das culturas, pela adubação química e orgânica e pela m odifica­
ção dos métodos de aração.
P A R K S conseguiu provar que, por exemplo, composto contendo u m a
certa espécie de fungos, sendo incorporado ao solo, não podia conservar êste
seu particular fungo, o qual logo foi substituído por outros fungos, próprios a
êste solo.

Por outro lado, um a adubação orgânica do solo acarreta um súbito a u ­


mento de di\ ersas espécies de microrganismos, que anteriorm ente não eram co­
m uns nêle Apesar de que os microrganismos do solo se contam em dezenas de
milhões, êles perfazem n ada mais do que 1% do total do solo.
Desenvolveram-se diversos métodos para contar os microrganismos O
primeiro método foi o de C H O L O D N Y - R O S S I que enterra lâm inas de mi-
croscopio por certo lapso no solo, tira-as, fixa e tinge a população m icrobiana
desenvolvida nas laminas, e conta-a em baixo do microscópio. Mesmo se êste
metodo n a 0 for muito exato, porque os microrganismos desenvolvem-se mais
rapido num a superfície lisa do que no próprio solo, pode-se observar que terras
em pousio têm pouca micropopulação.
Se juntamos m a te n a orgânica ao solo, a micropopulação torna-se mais
densa, desenvolvem-se as bactérias e fungos, rapidam ente. O mesmo observa-se
depois da colheita, q uan do os restolhos são incorporados ao solo.
SUPRIMENTO DE ENERGIA 29

K U B I Ê N A desenvolveu um método direto, construindo um a adaptação


ao microscópio, para observar a vida microbiana no solo vivo. S E K E R A se­
meava flocos de terra sob ágar e incubava-os. M O L L I S O N desenvolveu um
método seletivo de cultura de bactérias, diluindo um a certa porção de terra com
água destilada e jun tando a isso 1 cc para 5 cc de ágar, enriquecido com certas
substâncias nutritivas como sais minerais, açúcares e humo. R U S S E L L apurou
que nu m a terra de cultura com 3 % de m atéria orgânica existem, apro xim ada­
mente, por hectare: 650 kg de bactérias (pêso de substância s ê c a ) , 650 kg fun­
gos, 50 kg protozoários e mesofauna.

Calculando assim, vemos que 1.350 kg de microrganismos (substância


sêca) vivem num a terra de cultura sadia, o que corresponde a 1/3 até a 1/2 do
t total da m atéria orgânica calculada em 3 % ( W I N O G R A D S K Y , Z I E M I E C K A ) .

Fig. 9 — G rânulos de te rra ligados p o r m icélios de fungos.


Colônias de b actérias produzem cam adas m ucosas na
superfície dos agregados, (seg. SEKERA).

S U P R I M E N T O DE E N E R G I A

Os organismos do solo e as plantas têm as mesmas exigências em n u ­


trientes, água e tem peratura. Somente a fonte de energia é diferente.
E n q ua nto as plantas derivam a sua energia diretam ente da luz solar,
os microrganismos a obtêm através de produtos vegetais. Assim, o número dos
microrganismos é controlado pela q uan tidade de energia disponível, liberada
pela matéria orgânica morta no solo ( W I S E ) .

Aqui, temos um a diferença fundam ental entre energia e nutrientes m i­


nerais. Os minerais podem ser usados sempre de nôvo, n u m a sucessão infinita,
tanto pelas plantas, como pelos microrganismos, se n ão são removidos com a
safra. U m átomo de nitrogênio nunca perde o seu valor. Pode ser usado no
mesmo dia por um fungo, um bacilo e um protozoário. Porém a energia, u m a
vez retransform ada em calor, nunca mais pode ser usada por n enh um ser vivo.
(R U S S E L L ) .
30 ATIVIDADE M IC RO BIAN A

Existem duas regras que governam a vida dos microrganismos:


1 — quanto mais m atéria orgânica e, portanto, qua n to m ais energia,
tanto mais microrganismos existem no solo;
2 — quanto mais microrganismos, tanto mais rico é tam bém o solo em
diferentes espécies dos mesmos.
Porém, a quantidade dos microrganismos não diz a in d a n a d a sôbre a
sua atividade que, segundo F E H É R pode ser m edida pela produção de gás car­
bônico.

W A R B U R G construiu um respirômetro para medir a atividade micro-


biana. Mas o método mais usado é a perfusão onde se medem as reações
químicas produzidas no solo pela atividade dos microrganismos. Usa-se, nesta
técnica, um a coluna de terra bem arejada. Percola-se agora u m a difusão dilu íd a
de amônia e mede-se depois a oxidação desta p ara nitratos, que somente ocorre
em presença de Nitrobacter. ( M E H L I C H ) .
Nem todos os microrganismos produzem C 0 2 como, por exemplo,
Thiobacter, Hydrogenomonas, etc., e H O F M A N N considera os processos oxi-
dativos mais significativos, e mede, por isso, o gasto em O M as tam bém
êste método não atinge as bactérias que são ativas nos processos hidrolí-
ticos, por exemplo, na decomposição de am nzácidos ou celulose onde n ã o é
gasto 0 2.

Cada técnica de medir a atividade microbiana serve, portanto, somente


para dar uma idéia global, mas não para um a m edida exata.

Nestas experiências, distinguem-se três fatos im portantes:


1 — Existe um certo «maximum» de atividade de um solo, além dêste
êle não está em condições de executar transformações químicas
(SC H O L E FIE L D ).
2 — Bactericidas ou outras substâncias tóxicas esterelizam prim eiro o
solo, porém, após um certo prazo, êste se recupera, de nôvo.
(W A G N E R ) .
3 Um solo pode se adap tar a digerir substâncias tóxicas. Assim
criam-se linhas de microrganismos que são aptos a oxidar fenol,
cresol, hidrocarbono, etc. (A U D U S ).
Porém, existem também composições de inseticidas que são extrem a­
mente resistentes, como D D T e BHC que permanecem d u ra n te m uitos anos
no solo, provocando manchas cloróticas nas fôlhas de batatinhas, fumo e outras
culturas. (ALLEN e W A L K E R ) .
Por outro lado, pode-se acostumar bactérias a decompor substâncias
tóxicas, juntando-se estas, gradativamente, ao solo sempre em quantid ad es m aio­
res. ( N E W M A N ) . Reconhecemos então, como regra, que o solo possui m icror­
ganismos capazes de oxidar ou reduzir as substâncias inorgânicas. Os org anis­
mos responsáveis por êstes processos são exclusivamente bactérias, sendo a
oxidação executada por bactérias autótrofas e a redução por heterótrofas
RELAÇÕES SI MBIÔTICAS E ANT IBIÓ TICA S 31

RELAÇÕES S IM B I Ô T I C A S E A N T IB IÓ T IC A S

É característico aos microrganismos excretarem complicados complexos


orgânicos quando em atividade. E, apesar de acontecer somente em q u a n ­
tidades mínimas, resulta disso a maioria dos efeitos simbióticos e antibióticos,
porque é justamente a ação dessas substâncias que atrai ou repele outros or­
ganismos.
Temos aqui as seguintes possibilidades:
a) competição dos microrganismos pelos nutrientes disponíveis;
b) um microrganismo vive das excreções de outro;
c) para efetuar um a decomposição, necessitam-se diversas espécies de
organismos ( N O R M A N ) ;
d) êles excretem substâncias hostis a outros organismos, como por
exemplo o Penicillium notatum ou muito mais ainda o Trichoderma
viride (excreta gliotoxina e viridina) que é um dos mais poderosos
antígenos do solo, tendo sua im portância econômica, especialmente
no fato de atacar, também prontamente, todos os patógenos vegetais;
(W A K S M A N );
e) êles vivem como citófagos e parasitas.

Esta qualidade de produzir antibióticos não se prende exclusivamente


aos fungos, mas é também próprio a vários actinomicetos e bactérias, como por
exemplo aos Pseudomonas aeruginosa e Pseudomonas piocianea, que produzem
substâncias que m atam protozoários tais como flagelados e ciliados. (W A K S ­
M A N ).

Fig. 10 — Efeito antagônico do fungo


Pseudeurotium zonatum (centro) sôbre
o fungo Trichoderma lignorum
(seg. G O I D A N I C H ) .
32 OS ANT7B7ÓT/COS NO SOlO
Mas nunca aparece um a concentração de antibióticos nas cam adas su­
periores do solo, porque ali existem outros organismos que os decompõem.

Q uanto mais alcalino o solo, tanto mais devagar decompõem-se os a n ­


tibióticos. N O R M A N descobriu, que grande parte dos antibióticos é lixiviado
para o subsolo. Estas camadas, abaixo de 15 cm, viradas para a superfície, ino-
culadas com bactérias e providas com m atéria orgânica da superfície, somente
muito vagarosamente se populam com microrganismos, porque têm de transpor
primeiramente a barreira que se opõe, quer dizer, tem de oxidar primeiro os
antibióticos.

S T A R K E Y verificou que os micélios de fungos são atacados por bacté­


rias que extraem dali o seu alimento e os m atam finalmente. Assim, as bacté­
rias limitam rigorosamente o núm ero de fungos no solo, evitando a sua ilimi­
tada proliferação.

Esses fatos nos permitem concluir que:

1 — uma aração funda é prejudicial, porque

a) geralmente vira terra morta para a superfície que se desinte­


gra formando crostas, im pedindo a infiltração das precipita­
ções e abafando as camadas vivas, agora enterradas. Cria a
suscetibilidade do solo à erosão;

b) as camadas subjacentes são ricas em antibióticos, que


evitam a pronta população em microrganismos, m antendo as­
sim a terra por maior tempo suscetível à peptização, quer di­
zer, favorecem a erosão;

2 numa terra bem arejada, sôlta e fôfa existe um perfeito equilíbrio


entre os microrganismos, que evita a multiplicação incontrolada
de fungos e outros micro-sêres que podem tornar-se patógenos
vegetais;

3 qualquer modificação física ou química provoca igualmente um a


modificação biológica, causando um sério desequilíbrio no domí­
nio microbiano, que pode ser altamente prejudicial às culturas
agrícolas;

4 a nossa maior preocupação deve ser de manter, rigorosamente, êste


equilíbrio dos microrganismos no solo, para o bem das nossas i
culturas;

5 em terras ácidas, prevalecem os fungos e aum enta tam bém a pro­


porção de antibióticos, esterilizando sempre mais o solo. Q u a n to
mais estenl o solo, tanto maior o perigo da erosão, porque falta
a detp.sa hin n o ir a ^
A Ç Ã O R E C Í P R O C A DE M I C R O F L O R A E M I C R O F A U N A 33

A ÇÃ O R E C Í P R O C A DE M I C R O F L O R A E M J C R O F A U N A

S I N G H mostrou nas suas experiências que as bactérias do solo são


«pastadas» por organismos semelhantes a protozoários, como amebóides gigantes,
mixomicetos, mas também por ácaros, colembolos etc.
Variam, porém, as bactérias em sua comestibilidade. Existem bactérias
que todos devoram com grande prazer, há outras que somente são pastadas por
alguns dêles e conhecemos ainda outras que parecem incomestíveis, porque n e n ­
hum animalzinho da m icroíauna as toca. Assim, as bactérias que produzem um
pigmento rosado, como o Cromobacterium violaceum e Pseudomonas aeruginosa
não são tocadas por nenhum bacteriófago. ( R O U S C H E L ) .
A microfauna do solo não somente come a microflora, mas também cui­
da de sua distribuição igual no solo. D istribuindo matéria orgânica no solo,
esta distribui também as ^bactérias. Por outro lado, foi constatado que as m i­
nhocas comem os micélios dos fungos, de modo que, êstes somente se desen­
volvem abundantem ente onde as minhocas são escassas. ( T O S C H E V I C O V A ) .
Fora disso, alguns saprófitas invertebrados (saprófita quer dizer que se alim en­
ta de matéria orgânica morta, com diferença dos parasitas, que se alim entam de
matéria orgânica v iv a), carregam no seu intestino protozoários, os quais os aju ­
dam a digerir melhor os mais resistentes produtos da m atéria orgânica como ce­
lulose, lignina, etc., (semelhante aos m am íferos). (K Ü H N E L T ) .

C O N D I Ç Õ E S D O S O L O EM R E L A Ç Ã O À M I C R O F L O R A

A composição da microflora do solo depende das condições do mesmo,


isto é:
1 — das fontes de energia disponíveis,
2 — dos nutrientes disponíveis,
3 da água e sua capacidade de infiltração, retenção e drenagem,
4 — do a r e sua livre circulação,
5 da vegetação e de suas excreções radiculares.

M I C R O F L O R A EM R E L A Ç Ã O Ã L A T IT U D E

N ão podemos constatar n enhu m a diferença da composição da microflora


segundo as latitudes. Os mesmos grupos de microrganismos encontramos do Á r­
tico até o Equador, em contraste com a flora superior (dos vegetais) cujas ca­
racterísticas m udam completamente. O único que muda, é o núm ero dos micror­
ganismos, que no Ártico é bem mais escasso (1 m ilhão por g) do que no clima
tropical (até 600 milhões por g de terra) (R IP P E L -B A L D E S , W I N O G R A D S -
K Y ).

A M IC R O V ID A NA R IZ O SFE R A

Segundo P A P A V IZ A S , a microvida na rizosfera é bem mais intensa,


mas também diferente da mais distante da raiz. Nos 1,8 cmrentes à raiz criam-
se especialmente micro-sêres que se aproveitam das excreções radiculares. C ada
34 A R IZ OS F ER A

planta possui a sua rizosfera específica. Assim, por exemplo, criam-se perto da
raiz do tremôço ( Lu pi nus sp.) especialmente Penicillium piscarium, Paecilomy-
ces marquandii, Cylindrocarpon radicole, etc.
W E L T E mostra que com dim inuído pH o fator r/s (rizosfera/solo) d i­
minui, enquanto a um entam as bactérias tróficas. Isso significa que a rizosfera
é tanto mais pronunciada, quanto piores forem as condições gerais do solo. Em
solos ricos em minerais e hum us a rizosfera não é mais distinta, devido à in­
tensa atividade microbiana geral.
Segundo S C H E F F E R , diversas plantas excretam substâncias tóxicas
quando plantadas em policultura, por exemplo, o Tri foli um lolium, o que n u n ­
ca fazem em monocultura. Estas substâncias (brenzcatequina e tam bém amino-
ácidos) defendem-nas contra ataques de nematóides de tôda espécie. A tuam co­
mo tóxicos contra larvas, mas servem de alimento às bactérias. Por outro lado,
as raízes excretam açúcares (xilose, manose, glicose), vitam inas, especialmente
muitas espécies de vitam ina B (Lisina, Prolina, Colina, Tirosina, etc.) que be­
neficiam a vida de muitas bactérias e fungos ( S U L O C H A N A ) . Assim, por
exemplo, o fungo Rhizoctonia solani ( M I L L E R ) , que cresce em solos frescos,
inibe a proliferação de nematóides como, por exemplo, da Pratylen penetrans,
que prejudica muitas árvores de pomares.

Muito conhecido é o fato ( T U Z I M U R A e W A T AN ABE) da rizosfera


das dicotiledônias beneficiar o desenvolvimento de Radiobacter, micróbios ex­
tremamente benéficos para m uitas culturas agrícolas.
K N A P P verificou que as excreções são específicas às variedades de p la n ­
tas e são muito dim inuídas em sociedades monófitas, porque m uitas excreções
são tóxicas p ara outros vegetais e provocam nos mesmos a secreção de su b stâ n ­
cias desintoxicantes, especialmente aminoácidos aromáticos. C ad a um a destas
excreções possui a sua microflora específica.
Desta maneira, a vegetação polífita garante um a microflora poliforme
que, por sua vez, contribui decisivamente para o bem estar e a saúde vegetal.

O conceito de rizosfera foi introduzido por H I L T N E R , em 1904, para


designar a zona em volta da raiz (até 1,8 cm ), que acusa um a elevada ativi­
dade microbiana, com raças diferentes das do outro solo. O sinergismo entre os
microrganismos e a raiz, que não é ainda tão estreito como a simbiose das bac­
térias noduladoras e raízes, R U B I N chama de simbiose trófica.
O típico da rizosfera é que tanto bactérias como actinomicetos e fungos
encomram aqui um ambiente favorável. Sob condições equilibradas, a microflo­
ra trófica é não sòmente a legítima defesa da raiz contra eventuais ataques por
parte de parasitas, mas proporciona também os nutrientes necessários em for­
m a orgânica, de fácil absorção e assimilação.
São a fonte de alimentação para a microflora, as excreções radiculares,
os aminoácidos, enzimas, vitaminas, C 0 2 e, às vêzes, tóxicos ( S C H E F F E R ) !
Esta dependência m ú tu a chama-se biodenose. K A T Z N E L S O N prova
que a população microrgânica trófica difere segundo a idade da planta, sendo
menor em plantas novas e maior na época da florescência. D u ra n te a m a tu ra -
I N F L U Ê N C I A DOS V E G E T A IS S Ô B R E A A T IV ID A D E E 35
D E S E N V O L V I M E N T O DE B A C T É R IA S (W AKSM AN).

450
609,7 1 2258,1

400

350

300

250

200

150 I í

100 iiilniillill
< <
o Q -
o
i -E u 'ji a> -íí
í Ê? É2 Ê2
C 0 2 produzido * colônias de b ac téria s colônias de rod io b acter

Gráf. 1 — Influência vegetal sôbre a atividade e o núm ero de b actérias


N Ú M E R O DE R A D I O B A C T E R , em 1000, P O R G R A M A DE SO LO
1 Média
dias dias dias dias dias de todos os
C ultura 44 63 86 138 173 períodos

pousio .......... 540 920 900 320 420 620


aveia ............. 780 7.800 6.320 860 670 3.290
m ilho ............ 680 2.020 3.180 3.340 960 2.040
feijão ............ 1.980 2.540 4.400 360 1.640 2.180
b a ta tin h as .. 780 980 5.340 1.200 500 1.760
nabos ............ 840 1.540 3.560 2.180 1.380 1.900
acelga .......... 1.400 6.400 3.160 4.000 1.400 3.270
colza ............. 46.600 8.600 6.360 5.120 3.640 14.060
trifólio .......... 1.140 2.000 1.900 900 2.820 1.700
36 A RI ZOS FE RA

ção aum entam na rizosfera as algas. Reconhece êle aqui, tam bém , um a dife­
rença nítida entre plantas em solos estercados,e adubados com sais minerais.
Nestes últimos, a rizosfera da p la n ta m a d u ra torna-se rica em bactérias anae-
róbias, (especialmente as que produzem C H 4 ), e decompositoras de celulose, o
que não acontece nos primeiros.
Leguminosas possuem um a rizosfera mais rica, enq uan to que os cereais a
possuem mais pobre. As Radiobacter e Azotobacter ( P O S C H E N R Í E D E R ) for­
m am a maioria dos simbiontes tróficos.
L O C H H E A D e T H E X T O N verificaram que as bactérias da rizosfera
são aquelas com escassas exigências alimentícias e são, especialmente, as que
são anim adas pelas excreções de aminoácidos. Bactérias e fungos Com mais com­
plexas exigências alimentícias sofrem um a influência desfavorável na rizosfera. j
H A R L E Y e W A I D demonstram que a rizosfera tam bém é rica em fun- j
gos. As plantas ccm poucos fungos tem crescimento m uito lento. Especialmente 1
Fusarium, Trichoderma, Rhizoctonia,, Penicillium, são h a bitantes comuns. É
aqui, im portante observar, que os fungos são n aturais da rizosfera e que justa­
mente êstes que aparecem ali, em condições desfavoráveis, podem tornar-se p a r a ­
sitas. H A R L E Y considera, assim, as Mycorrhizas como um caso de exagerada
atividade rizosférica. Devemos supor que os parasitas são adaptações dos h a ­
bitantes rizosféricos a outras condições. K L O K E prova que a raiz vegetal, por
sua vez, se aproveita de produtos do metabolismo microrgânico.
A cultura monófita e mais ainda, a m onocultura, provocam distúrbios
neste equilíbrio já abalado pela lavração. O problema m áxim o do lavrador é, j
portanto, tentar restabelecer, novamente, êste equilíbrio, mesmo sendo artificial,
para garantir à cultura êstes benefícios e evitar os ataques de parasitas.

RELAÇÃO PLANTA: M IC R O R G A N ISM O S

1 As plantas fornecem grandes quantidades de energia aos microrganism os


em forma de raízes mortas, fôlhas caídas, etc.
2 De outro lado, as plantas absorvem, por intermédio das suas raízes, sais
nutritiv os do solo, competindo assim francamente com os microrganism os
pela alimentação. Q u a nto menos variada a cobertura vegetal, (m onocul­
tu ra ) , tanto mais unilateral a absorção e tanto mais desequilibrada a pro­
porção entre os diversos sais nutritivos, provocando a extinção de m u itas
raças microbianas, em prejuízo à fofice e a própria vegetação.
3 — Os vegetais excretam consideráveis quantidades de C O , , aum entan do ,
com isso a solubilidade de compostos inorgânicos e m odificando a reação
(pH ) do solo tornando-o mais ácido. Por isso terras, leves e arenosas, mal
tamponadas, acidificam com facilidade.
Porém, excretam também aminoácidos, vitam inas, açúcares e tóxicos, ser­
vindo de alimentação aos microrganismos, criando assim, na rizosfera,
certas raças de micro-sêres, particulares a cada planta.
4 — As plantas retiram grandes quantidades de água do solo, influindo,’ dessa
maneira, desfavoràvelmente sôbre a microvida.
PLANTAS: M IC RO RG AN ISM O S 37

5 — É decisiva a influência dos vegetais sôbre a estrutura do solo, podendo ser


esta favorável ou prejudicial aos micróbios. Distinguem-se, por isso, três
grupos de plantas:

a) Plantas recuperadoras: beneficiam a fofice e a microvida como er­


vilha, cebola, colza, feijão de porco, mucuna, etc.

b) Plantas exigentes: prejudiciais à estrutura do solo e a microvida, co­


mo trigo, algcdoeiro, linho, cana-de-açúcar, cafeeiro, etc.

c) Plantas modestas: com relação, tanto à estrutura, como à microvida,


por exemplo, centeio, milho, etc.; relativo à estrutura, porém prejudi­
ciais à microvida. como aveia, trevo, etc., provocando fàcilmente o
cansaço do solo pela multiplicação unilateral de um a raça da micro-
flora ou microfauna (como nematóides) (Z E I L I N G E R , W A K S M A N ,
SEK ERA , K L A PP, e muitos outros).

Clima — planta —microrganismos —estrutura da terra —p lan ta —clima,


encontram-se em um a relação reciprccíclica que deve ser bem entendida, por­
que a estrutura da terra influi sôbre a cobertura vegetal que, por sua vez, de­
cide sôbre o microclima. O clima, vice-versa, influi sôbre a coberta vegetal,
que tem influência decisiva sôbre a microvida e esta, por sua vez tem, in fluên­
cia na estrutura da terra. Q uer dizer, se o ciclo não é equilibrado, sempre pio­
rarão, tanto o clima como a vegetação, até que sobrevêm o pântano ou o de­
serto

A bactéria que é mais influenciada pela cobertura vegetal é a Radiobacter


ou Agrobacter. Cria-se em colônias macias, brilhantes, com centro opaco e
margens transparentes. Cresce muito perto das raízes vegetais. N ã o são mais
encontradas as suas colônias, n um a distância de 30 cm da raiz. Especialmen­
te as leguminosas estim ulam o seu desenvolvimento e onde êste aparece,
o consumo de nitratos é aumentado. Podemos exemplificar: tôdas as plantas
que aum entam o desenvolvimento de colônias de Radiobacter exercem um efei­
to benéfico sôbre as culturas seguintes, como por exemplo: cebola, colza (Bras~
sicacea oligenosa). Usa-se, portanto, para calcular o valor recuperative de um a
cultura, contar as colônias de Radiobacter. ( W A K S M A N ) .

Segundo N E L L E R , o número de Radiobacter depende do desenvolvi­


mento da planta. A planta em crescimento exerce um a direta influência sôbre
a decomposição de matéria orgânica no solo através de microrganismos e com
isso sôbre a liberação de nutrientes, que por sua vez estimula o crescimento
vegetal.
38

I N F L U Ê N C I A DAS PL A N T A S S Ô B R E O N Ú M E R O D O S
M I C R O R G A N I S M O S E A P R O D U Ç Ã O D E C O , (seg. N E L L E R )

CO Produzido
B actérias p o r 2
Reação do solo p o r kg de solo
P lanta gram a de solo pH
em m ilhões em 24 h a 20° C
em mg

Triticum vulgare ................. 49 6.75 69,4


Secale cereale ........................ 42 6,44 68,2
Avena sativa .......................... 45 6,42 79.0
Beta v u l g a r i s ........................ 78 6,89 74 3
Medicago s a t i v a ................... 120 6 89 86,8
Trifolium p r a t e n s e .............. __ 6 66 82,4

Verificamos, pois, que quanto maior a produção de m assa verde e, p or­


tanto, quanto mais intenso fôr o enraizamento do solo, tanto mais inten siva a
respiração do solo, quer dizer, a produção de C 0 2 . W A K S M A N e S T A R K E Y
responsabilizam as bactérias, que envolvem a raiz como um a película, pela
maior produção de gás carbônico.

K fZ O S F E K A E M f C O R K f Z A

Fig. 11 — Micorriza ectótrofa na raiz do Pinus


silvestris (seg. R U S S E L L ) .

Assim, por exemplo, encontramos na rizosfera do milho:

Milho Bact. p o r gram a de m aterial sêco

Fungos B actérias PH

T erras sem raízes ........... 100.000 5.000.000 4 8


T erra nas raízes .......... 800.000 26.000.000 5.2
Fio de raiz ................. 7.000.000 136.000.000 5.6
39

Estas bactérias são gram-negativas e não formam esporos.


Invernadas com diferentes variedades de plantas são bem mais ricas em
microrganismos que terras de cultura com monoculturas. Explica-se isso pela
maior quantidade de diferentes raízes e o fornecimento perpétuo de matéria or­
gânica, e de distintas excreções radiculares.

Fig. 12 — Corte transversal, duma raiz asso­


ciada com micorriza Boletus bcvinus
(seg. R U S S E L L ).
A S S O C IA Ç Ã O DE F U N G O S C O M R A ÍZ E S V E G E T A IS:
G A R R E T T distingue estritamente:
a) os fungos saprófitas, não específicos à planta, que as vêzes atacam
como parasitas às raízes novas das mudas de árvores, nos viveiros;
b) os fungos, específicos à planta, que vivem em simbiose radicular.
Os fungos parasitas, como P yt hi um, Fusarium, Rhizoctonia solani e ou­
tros, atacam somente raízes novas de plantinhas recém-nascidas, q uando o a m ­
biente não é m uito favorável ao desenvolvimento dessas plantinhas (épocas frias
e ú m i d a s ) . As raízes mais velhas, e conseqüentemente mais duras, com mais
a bu nd ante microflora em sua rizosfera, não são mais atacadas pelos fungos
( C O M B ).
Os estragos nos viveiros são especialmente grandes, qu ando a um idade
do solo é elevada, nu m a época em que predom inam ainda tem peraturas baixas,
não permitindo assim o norm al desenvolvimento das mudinhas. Em épocas
frias, a assimilação de potássio, cobre e manganês é bastante dificultada e a
alta um idade dificulta muito a absorção normal do nitrogênio e cálcio. Sabe­
mos, por outro lado, que exatamente o potássio e cálcio contribuem decisiva­
mente p ara o fortalecimento do tecido vegetal, im unizando-o desta m aneira con­
tra os ataques da microflora. ( L E A C H ) .
40 M/COKR/ZAS

Existem variedades de micorrizas, completamente inofensivas às árvores


silvestres, porém, parasitas nas raízes de seringueiras (Hevea) e do c h á -d a -ín d ia
(Thea sinensis). Assim as Armilaria rnelea, Fomes lignosus e Fomes anosusa
atacam somente raízes m aduras. Envolvem as raízes das árvores silvestres Com
uma pelúcia, sem penetrá-las, porém. P lan ta n d o um terreno destes com serin­
gueiras ou teeiras, plantas que já sofreram seleção cultural, logo também são
populadas por êstes fungos, sem que os mesmos as judiem. Sobrevindo, porém,
a primeira sêca, as teeiras e seringueiras sucum bem à ação p a ra sitária dos
fungos. (R U S S E L L ).
Temos de tom ar em Consideração êste fato, caso plan tarm os teeiras ou
seringueiras num terreno recém-desbravado. Especialmente a Fome s lignosus é
bastante prejudicial a estas culturas, que muitas vêzes existem em grandes q u a n ­
tidades no chão. Exterminam-se êstes fungos, fàcilmente, com um corte circular
em volta da árvore silvestre viva. A árvore morre e com ela os fungos.

Fig. 13 — Micorrizas na raiz de Pinus sylvestris


(seg. R U S S E L L ).

M IC O R R I Z A S

A designação «Mycorrhiza» foi dada por F R A N K aos fungos que vivem


em simbiose com a raiz de árvores.

Eles somente desenvolvem bem em terras bem arejadas e fôfas, com ade­
quada camada de humo ( R A Y N E R ) . N ão gostam de água estagnada.

Encontramos, por isso, mais fàcilmente micorrizas em terras arenosas


que em argilosas. Parece que a micorriza é a defesa legítima das árvores às
escassas condições de nutrição. Os fungos simbióticos tornam os nutrientes
acessíveis as raízes, proporcionando deste modo um melhor desenvolvimento.
M ICORRIZAS: «FUNGOS DE AÇÚCAR» 41

bilidade de nitrogênio ( B J Ö R K M A N ) . Além disso, não somente a absorção do


P é melhor em raízes com micorrizas, mas também a migração do P dentro da
planta é mais rápida ( M O R R I S O N ) , provocando um melhor desenvolvimento
vegetal.

B A L F O U R apurou que também leguminosas, batatinhas e gramíneas


possuem micorrizas e as plantas que não as possuem são estimuladas por fu n­
gos que decompõem humus.

A maioria das micorrizas são himenomicetos das espécies Boletus a m a ­


nita e Bol. lactarius. Mas encontramos também gastercmicetos, como o Rhizo-
Oogon e ascomicetos, como Tuberales e Elaphomyces ( D U N B L E B Y ) .

Fig. 14 — “B asidiom icetos”: A) Chapéu


dum coprinus; H ) H im ênio (co rte tra n sv er­
sal do chapéu); C) P arte da lam ela com
pequeno aum ento; P) P arte da lam ela com
m aior aum ento, m o stran d o os basídios,
com q u atro basidiospórios (RAW ITSCHER)

Tôdas as micorrizas são típicos «fungos de açúcar» porque usam como


onte de seus carboidratos, açúcar, enquanto os fungos não simbiontes utilizam
zelulose e lignina. G A R E T T apurou que, se as micorrizas estiverem bem pro-
/idas com carboidratos pela árvore, podem concorrer eficazmente na disputa
ie nutrientes com os outros microrganismos do solo, mesmo se êstes nutrientes
;ão escassos, devido à vantagem que êles têm no suprimento em energia. Se
íxistem, porém, tão poucos nutrientes no solo, que nem os fungos conseguem
absorver o suficiente para o seu desenvolvimento, a árvore cresce muito v ag a­
rosamente e não pode fornecer mais suficiente energia ao fungo, cujo vigor está
:ada vez mais diminuído, até ambos morrerem. (R A Y N E R , M IT C H E L L ) .
42 MICORRIZAS ENDÕTROFAS

Reconhecemos três tipos de micorrizas:

a) Perítrofas, onde os fungos desenvolvem somente na casca da raiz,


envolvendo-a sem penetrar. N ão há, portanto, um a ligação entre o
tecido celular.

Tratam-se aqui de «companheiros» das raízes. São especialmente da fa­


mília de basidiomicetos, de ascomicetos, como Penicillium sp., de ficomicetos,
como Mucoraceaes sp. e Fungi imperfecti.
A im portância dêles reside na regulação do p H nas imediações das
raízes.

b) Ectótrofas, onde a m aior parte do fungo vive a in d a fora da raiz


existindo somente uma ligação muito sôlta entre raiz e fungo.

c) Endótrofas, onde os fungos entram completamente na raiz, como


acontece, por exemplo, nas orquídeas. Q uase tôdas as árvores flo­
restais têm as suas raízes densamente povoadas por fungos, os quais,
porém, somente se desenvolvem entre a epiderme e o parênquim a.
A planta retira do fungo os sais nutritivos, enquanto o fungo recebe
da planta os assimilados. (G A R R E T T , H A R L E Y ).

Fig. 15 — A rbúsculos de m icorrize endótro-


fa, aum entados 600 vêzes (seg. RUSSELL).

A infecção nas orquídeas é diferente. Existem variedades que nem pos­


suem raizes e onde os fungos se encarregam das funções delas. Encontramos,
pois, tres tipos de células nas orquídeas:
FUNÇÕES DAS M IC OR RI ZA S 43

1 — Células hospedeiras, onde o fungo desenvolve as suas hifas.


2 — Células intestinais, onde as hifas do fungo são absorvidas pela
planta.
3 — Células normais, onde não há fungos. (B U R G E S).
As sementes extremamente pequenas das orquídeas não possuem reser­
vas de nutrientes como as outras sementes. Elas estão inteiramente dependen­
tes dos fungos que as infectam e não podem germinar sem os mesmos, nem
crescer, porque têm de ser «amamentadas» pelos fungos n a primeira época de
sua vida.
As micorrizas endótrofas são bem mais freqüentes que as ectótrofas. Em
épocas adversas, provocam um crescimento profuso, porém muito reduzido, das
raízes vegetais, o chamado «crescimento em rosetas», bem conhecido n a defi­
ciência de zinco, que também neste caso é patente.
Se perduram estas condições de alimentação precária (época de sêca),
as micorrizas enfraquecem tanto a raiz vegetal que permitem finalmente a en­
trada de fungos parasitas que causam a podridão da raiz, como, por exemplo, o
Pythium, Fusarium, Verticillium, Rhizoctonia solani, etc. ( H I L D E B R A N D ,
O ’B R I E N ) .

SB "
I

de "

Fig. 16 — m ) Micélio intercelu lar; v) vesi-


culos e arbúsculos; sp) esporängiolos; end)
endoderm e ap, as) epiderm e (seg.
RUSSELL).
44 BIBLIOGRAFIA

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C A P Í T U L O II

M IC R O R G A N ISM O S DO SO L O
CLASSIFICAÇÃO ECOLÓGICA DOS MICRORGANISMOS ............ 49
IMPORTÂNCIA DA UMIDADE NO SOLO ............................................ 70
ELEM ENTOS NUTRITIVOS ..................................................................... 72
TEMPERATURA ............................................................................................ 73
O PODER-TAMPÃO DA TERRA ............................................................... 74
A REAÇÃO DO SOLO, O pH ................................................................... 75
INTENSIDADE DA VIDA BAC. E O RENDIM ENTO AGRÍCOLA.. 75
DISTRIBUIÇÃO DAS VARIEDADES DE MICRORGANISMOS . . . 76
ATIVIDADE DOS MICRORGANISMOS NO SOLO ........................... 78
FORMAÇÃO DE ÁCIDOS ORGÂNICOS ................................................ 78
FORMAÇÃO DE GÁS CARBÔNICO ........................................................ 79
FORMAÇÃO DE METANO ......................................................................... 82
O HUMO ........................................................................................................... 82
A HUMIFICAÇÃO .......................................................................................... 87
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................ 88
CLASSIFICAÇÃO ECOLÓGICA DOS M 1 C R 0 R G A N I S M 0 S DO SOLO 49

A: M I C R O F A U N A E M E S O F A U N A — 20%, D O S M I C R O R G A N I S M O S
D O SO L O seg. K Ü H N E L T .

I — PR O T O Z O Á R IO S
a) predatórios (amebas, flagelados, ciliados)
b) saprozoontes e micófagos (tecamebas)
II — V E R M E S (escoleddas e anelidas)
a) saprozoontes (nematóides, rotatórios, Oligochaela ou minhocas)
b) predatórios (turbelários, rotatórios, nematóides)
c) dtófagos, planositas e parasitas (espec. nematóides)
d) omnívoros (nematóides)
III — M OLUSCOS e A RTRÓ PO D ES
a) predatórios e citófagos (como ácaros, moluscos, pterigotos i. é.
percevejos, cupins, formigas, etc. e apterigotos)
b) coprófilos (especialmente pterigotos)
c) planositas (moluscos, pterigotos)
d) parasitas (ácaros, pterigotos)

B: M I C R O F L O R A — 80 % D O S M I C R O R G A N I S M O S D O SOLO
I — ALGAS (do solo) seg. W A K S M A N
a) Chlorophyceae (verde)
b) Myxophyceae (verde azulada)
c) Bacillariaceae (Diatomaceae) (parda, sem clorofila)
II — F U N G O S (com um «optimum» de pH entre 3,o a 5,5) seg. G A R R E T T
a) «de açúcar»: 1 — que vivem dos glicídios dos detritos
orgânicos,
2 — que vivem das excreções açucaradas das
raízes,
3 — micorrizas,
b) decompositores de celulose (ficomicetos e ascomicetos)
c) decompositores de lignina (basidiomicetos)
d) decompositores de humo (ascomicetos)
e) coprófilos (basidiomicetos)
f) parasitas ocasionais e fungos predatórios (ficomicetos)
g) parasitas obrigatórios (arquimicetos, ficomicetos, ascomicetos
e basidiomicetos, especialmente as espécies de fungos imper­
feitos)
I I I — A C T I N O M I C E T O S — microrganismos autóctones (com um «optimum»
de pH entre 6,5 a 9,0) :
a) Estreptomicetos e micromonosporos — praticamente são aind a
fungos.
b) Actinomicetos, propriamente ditos.
c) N ocardias — praticamente são, já, bactérias.
50 C L A SSIFIC A Ç Ã O E C O L Ó G IC A DOS M IC R O R G A N IS M O S

IV — B A C T É R IA S (com um «cptimum» de pH entre 5,5 a 7 ,5 ):


seg. R O B I N S O N
a — Autótrofas:
1 — nitrificantes (Nitrobacier, Nitrosomonas, Nitrosocistis, N i -
trosospira, Ni trosogl ea);
2 — bactérias da sulfidicação ( T hi obac te r) ;
3 — bactérias da oxidação de ferro, m anganês, selênio, etc.;
4 — bactérias que usam hidrogênio como fonte energética (Hi~
drobacter);
5 — bactérias que usam compostos inorgânicos como fontes ener­
géticas (CO , C H 4 ).
b — Heterótrofas:
1 — que fixam nitrogênio:
a) bactérias que vivem independentes:
— Azotobacter (a e ró b io ), Aerobacter, Radiobacter;
— Clostridium (anaeróbio) produzindo ácido butírico;
b) bactérias que vivem em simbiose ( R h iz o ba c te r );
2 — que reduzem nitratos (bactérias da a m o n ific a ç ã o );
3 — que decompõem celulose, hemicelulose, lignina e outras m a ­
térias fibrosas.
Existem m uitas classificações das bactérias; assim, Z E I L I N G E R d istin ­
gue, segundo a forma:
1 — bacilos:
a) esporogênicos;
b) não esporogênicos;
2 — cocos;
3 — vibriões;
4 — espirilos.

W A K S M A N divide-as segundo seu «optimum» de tem peratu ra em:


1 psicrófilas — com um «optimum» de tem peratura de 10- su p o r­
tando até — 7-C;
2 mesófilos — com um «optimum» de tem peratura entre 15° a 2 5 <1C;
3 termófilos — cujo «optimum» de tem peratura está entre 50° a 60°C.

Podemos constatar, porém, que tem peraturas abaixo de 18" favorecem os


fungos.

FRANZ classifica os micróbios segundo o grau de um idade que êles


preterem: n
1 - nadadores (bactérias flageladas) vivendo sòmente n a água;
2 — císticos e esporogênicos (que suportam bem a s ê c a ) ;
CLASSIFICAÇÃO DE GA RRETT 51

3 — não esporogênicos (suscetíveis à s ê c a ) .


O utros autores dividem as bactérias em aeróbias e anaeróbias, etc.
Cada classificação tem suas vantagens e desvantagens. N e n h u m a dá con­
ta de tôdas as qualidades das bactérias.
A classificação dos microrganismos do solo é das mais difíceis que exis
te, e cada autor promove a sua própria, conforme o seu ponto de vista.
G A R R E T T divide a população do solo em:
1 . ) parasitas obrigatórios,
2 . ) parasitas ocasionais,
3 . ) verdadeiros organismos do solo:
a — autóctones dos solos naturais,
b — zimogênicos das terras de cul ura.
Êle compreende por parasitas obrigatórios, todos os organismos d a micro-
flora e micro e m eso-fauna que dependem de um hospedeiro, quanto a sua ali­
mentação.
Êles podem existir, porém, por muito tempo, em estado latente ou semi-
latente no solo, podendo apresentar neste, um a breve fase transitória de
migração ( n em a tó id e s). Se faltar o hospedeiro por m uito tempo, o parasita não
resiste à concorrência dos outros microrganismos saprófitas do solo e morre.
G A R R E T T entende por parasita temporário ou ocasional, a todos aque­
les onde existe o parasitismo, concomitantemente com a vida saprofítica. In-
cluem-se neste grupo tam bém os fungos micorrizas, e as bactérias e actinomice-
tos noduladores ( B U R G E S ).

Esta classificação não diz respeito, porém, à multiplicidade dos organis­


mos que vivem no solo, e ressalta, especialmente, o parasitism o que, dentro dos
microrganismos, perfaz um a parcela insignificante.

C L A SSIFIC A Ç Ã O E C O L Ó G IC A

A classificação ecológica da microfauna e microflora é a única admissí­


vel na Agricultura. Esta, que diz respeito a sua morfologia, somente permite
seu e n quadram ento em famílias, mas não indica n a d a sôbre as suas proprie­
dades e atividades, que unicamente interessam ao agricultor.
É evidente, que a classificação morfológica, que existe na Medicina, Ve­
terinária e, de qualquer maneira, tam bém na Fitopatologia. é inaceitável à
Ciência do Solo.
O que interessa à Medicina é identificar o microrganismo para saber-se
qual o meio de o combater, porque a Medicina somente se ocupa com um m i­
crorganismo quando êste se encontra em estado de patógeno ou parasita.
O agrônomo moderno, e em particular o cientista do solo, consideram o
microrganismo principalm ente no seu «estado ecológico», como decompositor de
açúcar, proteína e celulose, ou como organismo heterótrofo ou autótrofo, ou
como saprófago. citófago, predatório, etc.
52 CLASSIFICAÇÃO EC OLÓGICA jj

Os homens também podem ser classificados segundo diversos pontos de


vista. O antropólogo só quer identificar o indivíduo e classifica-o, por isso,
morfològicamente em eslavos, índios, mongóis, germanos, semitas etc.
Ao economista somente interessa a classificação ecológica e divide por­
tanto os homens segundo a sua profissão ou sejam, médicos, engenheiros, sa p a ­
teiros, pedreiros, comerciantes, agricultores, operários, etc.
Ao m ilitar não interessa nem a morfologia, nem a ecologia, classificando
os homens segundo a sua propriedade combativa: infante, artilheiro, m arinheiro,
aeronauta. etc.
Q u a l destas é certa ?
N a botânica, os d e n tis ta s foram obrigados a adm itir, há tempo, que a
sua classificação morfológica só tem valor científico, servindo p a ra a denom i­
nação dos indivíduos. N a prática, porém, o agricultor divide as suas culturas
em legumes, verduras, cereais, forrageiras, fibras, tubérculos, etc., sem a m í­
nim a consideração à classificação botânica. N ão interessa, ao agricultor, que na
rubrica dos legumes estejam solanáceas, leguminosas, malváceas, etc., e n in guém
se sente chocado com o fato de a prática dividir as m alváceas em fibras, le­
gumes, flôres e inço. Desta m aneira, o agrônomo m oderno classifica os micror-
ganismos ecologicamente, em desconsideração ao fato de ter de colocar ascomi-
cetos, basidiomicetos, e ficomicetos juntos nu m grupo de fungos saprófitas. C la s­
sifica, entre organismos citófagos, tanto protozoários, como fungos e insetos e
divide as amebas em predatórias, citófagas, saprófitas e parasitas.
É evidente que, no domínio de microrganismos, é mais difícil de acei­
tar um a ou outra classificação, porque são sêres invisíveis cujas atividades e
propriedades só pelo técnico podem ser apu rad as. Porém, quem já viu um
átomo? Mesmo assim, em tôdas as escolas do m u n d o aprende-se a física nuclear,
porque n ão é necessário ver quem provoca um a ação, mas sim, é necessário ve­
rificar a própria ação, que por si mesma, testem unha a existência de um fator
ativo.
M IC R O E M ESO FAU NA

Segundo F R A N Z , os anim ais do solo vivem em perfeita adap ta ç ão ao


ambiente, em um a biocenose com as raízes e a microflora. N orm alm en te, cada
desequilíbrio criado por algum a modificação no setor alim entar, gera equilíbrio
a si próprio, provocando a multiplicação unilateral de um a raça de bactérias e
o súbito desenvolvimento de outros sêres predatórios que, se a proveitando disso,
aniquilam, primeiro a raça que proliferou, e desaparecem depois.
O mais interessante da micro e m esofauna é, sem dúvida, a propriedade
de modificar a sua forma, côr e hábitos, segundo o ambiente. Esta m u ta ç ã o po­
de ser tão grande que se assemelham a outras variedades. Diferentes tem pera­
turas e alimentação, especialmente, influem radicalm ente sôbre a forma e os
costumes da micro e mesofauna (M Ü L L E R , G I S I N ) , fato aliás bem conheci­
do nas abelhas e borboletas.
T am bém a microflora possui esta propriedade como provam U N Z e
L U N D G R E E N nas bactérias de Thiobacillos thioxidans, que ta n to oxidam en-
MICRO E MESOFAUNA 53

xôfre e ferro, como manganês, mas que até hoje foram tomadas por diferentes
bactérias, devido a diferentes processos de cxidação que executam.
O que interessa ao agricultor não é tanto a morfologia da micro e meso-
fauna, porém o seu modo de convivência.

NÚMERO DE MICRORGANISMOS
Dados aproximados de número e pêso de microrganis-
m os nos 15 cm superficiais da terra de cultura

MICROFLORA n úm ero p o r gram a pêso k g /h a

b actérias ....................... 600.000.000 10.000


fungos ........................... 400.000 10.000
algas ............................. 100.000 140

MICROFAUNA p o r dm3 pêso k g /h a

rizópodes .....................
flagelados ..................... 1.500.000.000 370
ciliados .........................

METAZOOFAUNA p o r dm% pêso k g /h a

nem atóides ................. 50.000 50


colem bolos ................... 200 6
ácaros ........................... 150 4
Lumbricidae ............... 2 4.000
centopeias ................... 14 50
insetos e m o lu sco s........ 11 57
enquitreíd eo s .............. 20 15

Podemos distinguir 5 grupos:

1 — P R E D A T Ó R I O S , incluindo tam bém os micófagos e bacteriófagos.


Êles controlam, eficazmente, a micro e mesofauna, e também a microflora.
2 — SAPROZOONTES,
que vivem somente de m atéria orgânica morta e que têm a maior signi­
ficação n a promoção d a fertilidade do solo.
3 — C O PR Ó FILO S,
que vivem no estrume, decompondo tanto a m atéria orgânica, como de­
vorando bactérias vivas e mortas que ali se encontram em abundância.
4 — C I T Ó F A G O S ou P L A N O S I T A S (P se u d o p a r a s ita s ) ,
que vivem de células vegetais vivas. N ã o entram no tecido, mas m igram
de u m a a o utra planta ( S T E I N E R ) , sem prejudicá-las.
54 PROTOZOOS:

Fig. 17 — Ciliado Colpoda steinii (K Ü H N E L T ).

Fig. 18 — Ameba Vahlkampfia soli (K Ü H N E L T )

Fig. 19 — Flagelado: Bodo caudatus (K Ü H N E L T )


MICROFAUNA PREDATÓRIA 55

5 — P A R A S IT A S ,
que entram no vegetal onde passam tôda sua vida.
a) Parasitas que vivem em simbiose com o vegetal (V U ILLEM IN e
LEG R A IN ).
b) Parasitas verdadeiros.

MICROFAUNA PREDATÓRIA

Inclui todos organismos predatórios, canibais, micófagos e bacteriófagos,


estendendo-se a significação da palavra «bacteriófago» a todos os micro-sêres que
se nutrem de bactérias. N a Agricultura, não é possível aceitar a estrita signifi­
cação de «bacteriófago» que a Medicina usa. E nquadram -se aqui, quase todos
os protozoários, grande parte dos vermes inferiores (escolecidas), parte dos m o­
luscos, aracnídeos, todos os apterigotos, como os colembolos, e parte dos pte-
rigotos.
Os protozoários são organismos unicelulares cujo tam an ho varia de po u­
cos micros até 4 a 5 mm. As formas existentes no solo são bem menores que as
da água. Necessitam de suficiente um idade porque só se movim entam na pelí­
cula de água que envolve os grumos do solo, logo se encistando q uando esta
faltar, o que chamou a atenção. Há, porém, variedades que se desencistam logo
que a um idade suba a 1/6 da capacidade retentora do solo. O encistamento faz
parte do ciclo vital de vários protozoários e a saída do cisto depende de bac­
térias que vivem n a vizinhança e que, aparentemente, estim ulam -na ( C R U M P ,
citado por R U S S E L L .)
A m aior parte dos protozoários são predatórios, como as amebas, ciliados
e flagelados, vivendo de bactérias, mas também da micro e m esofauna ( I V A N I C
M A T T E S ).
Êles reduzem consideràvelmente a microflora do solo ( K O P E L O F F ) .
Alguns protozoários são altam ente especializados, como o flagelado Euglenia,
que vive somente de flavobactérias, porque aprecia grandemente a vitam ina B12
que nelas se encontra ( L W O F F ) .
A base da vida dos protozoários é, portanto, um a rica microflora. C U T ­
L ER e C R U M P m ostram que nu m gram a de um solo agrícola podem viver
26.000 amebas Naegleria, mas podem au m en ta r dentro de 24 horas a 416.000
qu ando encontram alimento suficiente; nesta fase de franca multiplicação elas
devoram n a d a menos de cinqüenta e dois milhões de bactérias (5 2.0 00 .00 0).
O n de há m uitas amebas, a vida das bactérias é curta; mas com a redu ­
ção do núm ero delas, reduz-se igualmente o núm ero de amebas, que agora care­
cem de alimentação.
Q uase todos os protozoários, com exceção das tecamebas, a maior parte
dos vermes inferiores e parte dos artrópodes vivem de microrganismos. O cani­
balismo tam bém não é raro e especialmente o nematóide M ononchus pappilatus
devora, por dia, segundo S T E I N E R e H E IN L Y , até 83 larvas do nematóide
parasita Meloidogyne sp.
Até as minhocas são presas da m esofauna predatória, especialmente de
nematóides, moluscos e formigas.
Segundo R I H A , considerável parte da m icrofauna ataca tam bém os fun -
56 M ICROFAUNASAPROZOONTE

gos. Trata-se aqui, especialmente, da mic’rofauna saprófaga (minhocas, áca­


ros, colembolos, diplópodes, etc. ( S C H U S T E R ) , que somente está em condições
de decompor açúcares, amidos e aminoácidos mas não celulose, hemicelulose e
ligninas. Esperam pois que os fungos façam isso e, logo após, devoram os mi-
célios dos mesmos. (F R A N Z e F O R S S L U N D ) . Até existem alguns nematóides
que vivem em simbiose com bactérias que decompõem celulose.
Dessa maneira, a microfauna ccntrola eficazmente a flora fungiana do
solo, razão porque muitos autores consideram, especialmente os protozoários,
como a polícia do solo.
N ão só nematóides comem os fungos, mas também os fungos comem os
nematóides, como, por exemplo, o Dactylaria brochopaga, Arthrobotrys oligos-
pora, Prolascus subuliforme e outros ( Z O P F ) . Segundo D R E C H S L E R , exis­
tem no solo aproximadamente 80 fungos que a pa n ha m animais da microfauna,
preferindo nematóides, como o fazem também os rotatórios, que reduzem con­
sideravelmente os nematóides ( D O N N E R ) .
Existe também, no entanto, uma parte da microfauna como rotatórios,
tecamebas e ácaros que vivem tanto de matéria orgânica morta, como também
de outros micro-sêres. (S C H U S T E R , R I H A ) .
Muitos insetos da mesofauna, especialmente os aracnídeos e himenópte-
ros, caçam a microfauna e há aqui o curioso fato de algumas variedades de for­
migas (P A N IC ) só comerem colembolcs venenosos, cujo líquido celular p a r a ­
lisa temporàriamente as antenas, mandíbulas e pernas. Parece tratar-se de for­
migas toxicômanas, porque nunca tocam em colembolos não venenosos.
Por último, temos de mencionar aqui as minhocas (Enchytraeidae)
que matam nematóides parasitas através de excreções muito alcalinas, mas n u n ­
ca os comem (S C H U S T E R ).
A importância dêsses micro e meso-animais está no controle estrito da
microvida do solo, e com isso, da m anutenção do equilíbrio biológico.
Muitas espécies de formigas, especialmente as Atta (saúvas) e as Isop-
tera (cupins), vivem como micófagos, não somente pastando na microflora,
mas também cultivando-a em vastos «jardins». Os basidiomicetos, especialmen­
te, servem a êles de alimento. As formigas reduzem sensivelmente a flora fu n ­
giana do solo e remexem vigorosamente a terra. Segundo V O O R D E , as Atta
sexdens e Atta cephalotes movimentam 20 a 25 m3 de terra por ninho. Porém,
o dano que fazem na cultura, cortando as fôlhas, não deixa apreciar êste serviço.

SAPROZOONTES

, . ^ parcela maior da microfauna é, porém, a dos saprozoontes. T anto pro-


tozoarios como as tecamebas, como a maioria dos vermes inferiores e todos os
superiores, vivem de detritos orgânicos. Algumas devoram também, q uand o al-
cançam, microplantas, como as algas, mas a fonte principal de seu alimento é
m a ten a orgânica provinda de plantas superiores ( K Ü H N E L T ) . T a n to n em a­
tóides, como todos os Oligochaeta (minhocas), muitos himenópteros (formigas)
€ isopteros (cupins), são muito eficientes na m istura do solo m ineral com a
fase orgamca. (F R A N Z ) . As minhocas merecem aqui um a atenção muito es­
pecial, porque contribuem eficazmente à fertilidade do solo. (F R A N Z ,
SAPROZOONTES 57

K Ü H N E L T , R U S S E L L , B A R L E Y ) . Vale na Austrália a regra que «num pas­


to podemos n u trir tantos quilos ae ovelhas, quantos quilos de minhocas conti­
ver o solo». (EV A N S, W A T E R S ) . A vida das minhocas, com um a única exce­
ção, se processa em selo bem arejado e, somente, embaixo da camada orgânica
na superfície do solo, conforme a espécie. Às vêzes, comem ovos de nematóides
ou casulos de traças mas sempre devoram grandes quantidades de detritos orgâ­
nicos e, de vez em quando, plantinhas novas. ( J E G E N ) . O Lumbri cus terrestris
faz canais verticais, de preferência em solos pesados, até alcançar o nível fre-
ático, (8 metros de profundidade) ( T C H E T Y R K I N A ) , podendo então, desta
maneira, não somente facilitar a ascensão da água, mas m istu rar também a
argila depositada em camadas mais profundas, com as camadas lixiviadas e
portanto mais arenosas da superfície.
Êles dependem muito da presença de certas plantas como hortelã, cebola,
pseudcacácia, etc., provavelmente porque se aproveitam da micrcflora de sua ri-
zosfera (R A M A N N ) . Êles engolem, com os detritos orgânicos, os fungos, bac­
térias, algas, protozoários e até nematóides que, porém, não são digeridos mas
saem vivos das tripas, sendo distribuídos em todo o solo, após se terem m ulti­
plicado enormemente dentro dos intestinos da minhoca. ( H E Y M O N S ) . Os ne­
matóides ficam vivendo nas tripas até que a minhoca morre, comendo-a depois
(K Ü H N E L T ).
Em solos sadies, as minhocas viram um a vez, de três em três anos, a
camada superior (30 cm) do solo, ( F R A N Z ) , contendo um a invernada 1,67
to/ha de minhocas enquanto, a terra de cultura possui somente 0,13 to/ha
(E V A N S ).
São elas, portanto, de m agna im portância em cada solo, pastoril e ag rí­
cola. Os seus excrementos, designa P O N O M A R E V A como «calcito biogênico».
Constatou que, em solos ricos em minhocas, o ciclo vegetativo das plantas é de
até 2 semanas mais curto, apesar da colheita ser maior, devido a estrutura per­
feita do solo e a melhor nutrição vegetal.
N ão vivem em solos ácidos e reagem m uito desfavoràvelmente a uma
adubação fisiològicamente ácida. Com sulfato de amônio ( N H J 2 S 0 4, pode-
se elim inar não só as minhocas como também as micorrizas ( K Ü H N E L T ) .
Os nematóides são quase tão eficazes na decomposição da m atéria orgâ­
nica como as minhocas, somente não se igualando a elas por não serem tão
bons cavadores, ficando obrigados a usar canais de raízes cu de outros animais
do solo. Comem, geralmente, m atéria orgânica predigerida por bactérias
(S A C H S ) . Ao contrário das minhocas, os nematóides fogem des fungos, por­
que são seriamente prejudicados pelos mesmos. Existem até mesmo fungos pre­
datórios que a p a n h a m os nematóides furando a sua pele e chupando o líquido
plasmático ( Athrobotrys oligospora) ( Z O P F ) .
Outros fungos crescem como parasitas no corpo de nematóides. Algumas
espécies de nematóides são pseudoparasitas, isto é planositas ( S T E I N E R ) . Es­
tes nematóides não entram nas raízes vegetais mas ficam chupando as células
de fora, sem porém prejudicar a p lanta ( W I E S E R ) . M igram de um a raiz a
outra, atraídos pelas excreções de seus hospedeiros, mas chupam, da mesma
maneira, em algas ( M I K O L E T Z K Y ) . Somente raras espécies são verdadeiros
parasitas. Porém, foram justam ente estas que contribuíram para a sua triste fama.
58 P A R AS IT AS

Em sociedades polífitas, a maioria dos nematóides, geralmente n ão chegam perto


das raízes, porque não suportam as excreções açucaradas; já 1% de açúcar afeta i
a sua vida ( S C H E F F E R , K I C K U T , V I S S E R ) .

P A R A S IT A S

Não é certo ainda que os nematóides conhecidos como parasitas prejudi­


quem sempre os vegetais. Vivem simplesmente como citófagos e nutrem -se de ■
células vivas, tanto de plantas superiores, como tam bém de bactérias i
(K Ü H N E L T ) . Segundo V U I L L E M IN e L E G R A IN , o Heterodero radicola, que *
é tido como parasita perigoso, vive em perfeita harm on ia dentro de p lantas co­
mo hóspede, aum entando suas resistências à sêca. Q u a n d o o citófago se
torna parasita, depende provàvelmente da nutrição do hospedeiro. Muitos da
microfauna são citófagos e bacteriófagos, poucos porém parasitam . Como os ne-f
matóides podem sobreviver até 38 anos em ambiente abiótico ( K Ü H N E L T *
pràticamente não são de fácil extinção no solo. N ão se trata aqui de m a ta r os
nematóides, mas sim de equilibrar a microfauna que as controla perfeitamente.f
Segundo F R A N Z , vivem, por metro q uadrado de solo, 1 a 20 milhões de ne­
matóides.

A M IC R O FL O R A
ALGAS:

Fig. 20 — Algas do solo (WAKSMAN).

7 Preferem um pH semelhante ao das bactérias, mas o grupo dos M yx o -


phyceaes prefere terras ácidas.
ALGAS 59

A maioria das algas é confinada a superfície do solo, porque necessita


tanto de umidade, c'omo de luz solar, p ara poder sintetizar a sua própria clo­
rofila. São estes os únicos representantes da microflora que podem produzí-la.
A sua importância está, especialmente, na fixação de nitrogênio e na produção de
matéria orgânica p ara a vida de outros micro-sêres. Algumas vivem em cam a­
das mais profundas do solo, onde a sua existência depende de detritos o rgâni­
cos, porém a sua im portância é reduzida. ( W A K S M A N ) .

Fig. 21 — Alga Paudorina morum : 2.


zoospório da mesma; 3. copulação dos
gametas ( W A K S M A N ) .

Algumas suportam também a sêca.

FUNGOS:

Fig. 22 — Mixomiceto Comatricha nigra: A) Esporos,


um está germinado; B) Mixozoospórios de D i d y m i u m
serpula; C) M ixamebas de Fuligo séptica; D ) Plasmó-
dio de Fuligo séptica; E) Plasmódio de D i d y m i u m
serpula; F ) Parte dum plasm ódio de Fuligo séptica.
(seg. W A K S M A N ).
60 FUNGOS

I
8

Fig. 23 — A) F u ngo Penicillium; B) Co-


nídio em germinação; C) Aspergillus
(seg. W A K S M A N ) .

Fig. 24 — A) Rhiz opus nigricans; B) M u -


cor mucedo; C) Mucor mucedo, esporângio
com m em brana rompida ( W A K S M A N ) .

Todos êles vivem de preferência em solos ácidos e não úmidos, mas su ­


portam bem a umidade e dependem mais que as bactérias da m atéria orgânica
no solo.
Desenvolvem — à semelhança das bactérias — formas simbióticas, que
se denominam micorrizas ( F R A N K ) . Estas micorrizas incluem tôdas as formas
de fungos que vivem ligadas com raízes de árvores, desde as formas de fungos
que podem tornar-se parasitas, até as formas endótrofas das variedades de ver­
dadeiras micorrizas Segundo H A R L E Y e W A 1D , quase tôdas plantas possuem
fungos na sua rizosfera, porem nao em forma simbiótica, mas em fórma tró-
FUNGOS 61

fica, figurando aqui, especialmente, espécies que podem tornar-se parasitas ve­
getais (vide riz osfe ra ).
C ham ou m uita atenção a descoberta da penicilina do fungo Penicillium
notatum, mas sabemos hoje que todos microrganismos são associativos com al­
guns e antagônicos com outros. Os fungos se to rnaram famosos não só pela
produção de antibióticos e pelas análises biológicas do solo (Cunninghamella,
Aspergillus, e tc .) , mas também pelo seu parasitismo em vegetais. V ariam de
forma simples e microscópicas até formas gigantescas, especialmente basidio-
micetos, ou as formas grandes subterrâneas dos ascomicetos, por exemplo, as
trufas, etc. N a microfauna, a família morfológica dos fungos, não compre­
ende espécies de mesmos costumes de vida, mas são justamente êstes costu­
mes, que podem, às vêzes, esclarecer algo sôbre as razões do parasitismo fun-
giano. Fazem parte também da biocenose do solo sadio e fértil (Aspergillus
niger, Trichodermci lignorum, Fusarium, Rhizoctonia sp-, etc.), mas encontram
sua desenfreada multiplicação somente em solos mal arejados e ácidos, porque
aqui não sofrem o controle da micro e meso-fauna, nem de bactérias
(K Ü H N E L T ).
É, só aqui, que surge o perigo do parasitismo, porque um solo desfa­
vorável p ara a maioria dos microrganismos, o será também para a maioria das
plantas de cultura.
Os fungos do solo pertencem quase todos a grupos que formam fila­
mentos, com exceção dos mixomicetos cu fungos mucosos e alguns sacaromi-
cetos. A maioria dos fungos do solo são heterótrofos, mas há também espécies
que podem usar ácidos orgânicos, nitratos, amôma, carboidratos simples, celu­
lose e lignina.
Existem alguns que necessitam estimulantes de crescimento, e dependem
por isso tanto da outra microflora, como de excreções radiculares. Finalm ente,
há fungos que somente podem viver em raízes ( Mycorrhizas) ou como parasi­
tas de outros microrganismos, por exemplo, de nematóides (R U S S E L L ).
Os fungos saprófitas são capazes de sintetizar 30 a 50% de C de sua
alimentação p ara substâncias celulares, ( W A K S M A N ) o que é mais do que as
bactérias podem fazer, mas necessitam por isso, também, muito mais N, que
êles tiram dos minerais, como ortoclásio ou feldspato (M Ü L L E R e F O R S ­
T E R ) . Sintetizam substâncias húmicas em hum inas e huminoácidos, contri­
buindo assim, eficazmente, à humificação da matéria orgânica. Q uase todos
crescem, somente em solos bem arejados, mas podem desenvolver em camadas
mal arejadas de solos decaídos, enormes quantidades de filamentos. ( J E N S E N ) .
O pH do solo baixa na medida que o fungo cresce ( M Ü L L E R ) .
Assim, os fungos são capazes de se desenvolver bem em solos decaídos
onde, por falta de concorrência da microflora e fauna, predominam.

Segundo G A R R E T T , cs saprófitas incluem os «Sugar Fungi» que vivem


em matéria orgânica de fácil decomposição, nas raízes vegetais, bem como mi-
corrizas, podendo se n u trir ocasionalmente também como parasitas e fungos
predatórios de outros fungos e da microfauna. ( V A Y ) . Pertencem, preferencial­
mente, aos ficomicetos.
62 FUNGOS PARASITAS

A maioria dêles vive, não só de m atéria orgânica recém m orta, mas


também de matéria orgânica viva danificada (fungos que infetam as raízes en­
trando pelas feridas) ( L E A C H ). Defendem as suas bifas através de antibióti­
cos, contra os ataques de outros micro-sêres. Os fungos que decompõem a celu­
lose são quase somente os ascomicetos e basidiomicetos, muitos dêles fungos im­
perfeitos. Têm os seus esporos e bifas distribuídos pelo chão e m uitos produzem
antibióticos fortes. Os que não produzem são bastante tolerantes p ara com es­
tes. Os «Lignin Fungi» são todos fungos superiores, geralmente basidiomicetos,
com um crescimento muito lento, dependendo ain da da presença de outro ali­
mento, especialmente celulose. Somente a lignina predigerida pelo fungo pede*
ser atacada por bactérias, de modo que os fungos são indispensáveis na decom­
posição de detritos orgânicos, como no caso da humificação. Êstes fungos cres­
cem exclusivamente na superfície do solo, na matéria orgânica ali depositada,
e não suportam a presença de antibióticos. Nem os seus micélios podem entrar
no solo onde há fungos que produzem antibióticos (Trichoderma viride) |
(B R IA N ).

F U N G O S P A R A S IT A S E P R E D A T Ó R I O S

Na sua maioria pertencem a fungos prim itives (arquimicetos) ou im ­


perfeitos (Fusari um).
Assim, os arquimicetos, que se assemelham ainda m uito com os proto-
zcários ( G Ä U M A N N ) , vivem somente como parasitas em células vivas, a ta ­
cando tanto a microflora como a microfauna.
Muitos hifomicetos vivem não s ó d e protozoários e nematóides
( D R E C H S L E R ) , mas também de bifas de fungos. ( R U S S E L L ) . G ra n d e p a r ­
te de ficomicetos que geralmente vivem em células mortas, podem igualmente
atacar células vivas, mas isso somente quando estas são, de q ualq uer m aneira,
fracas ou já necróticas, como acontece no caso de várias deficiências minerais
(G A R R E T T , R U S S E L L ). Por exemplo, Pithium, Fusarium, Verticillium, R h i ­
zoctonia e outros ( T U C K E R ) , que pertencem aos clássicos fungos de podridão
radicular, entram somente pelas feridas radiculares ou em raízes de plantinhas
novas que, por condições adversas, lutam pela sua sobrevivência ( R U S S E L L ) .
A maioria dos fungos é muito sensível à falta de elementos menor
como zinco, manganês, cobre, etc. W IL L I A M S constatou que, por exemplo, o
parasita Striga senegalensis desaparece com a adubação de n itrato de cálcio, *
Ca ( N 0 3)2 , mas não com um a de carbonato de cálcio, CaCO g ; ex p lic a-se ,:
isto, pelo fato de que: ,
1 a ca] dificulta a adsorção dos nutrientes menores, enq uanto
2 o nitrato permite o desenvolvimento mais rápido de outras raças
de fungos prejudiciais ao Striga senegalensis.

Os fungos predatórios, como a Rhizoctonia solani, vivem, normalm ente,


da microfauna evitando assim a proliferação de nematóides, especialmente do
parasita Pratylen penetrans, que devasta, às vêzes, pomares de macieiras ( M I L ­
LER e W A G G O N E R ) . Mas, se o solo é muito fresco, ácido e pobre, benefi­
ciando demasiadam ente o desenvolvimento da Rhizoctonia, em detrimento da
FUNGOS E ACTINOMICETOS 63

outra microflora, ela se torna um perigoso parasita radicular ( G A R R E T T ) .


W A K S M A N relata o fato de que também alguns patógenos como
Penicillium italicum, Pseudomona citri, Fusarium, etc. deixaram de ser p a ra -
sitas quando foi introduzida 7 richoderma lignorum ou algumas bactérias a n ta ­
gônicas no solo. Os fungos que não produzem antibióticos são extremamente
sensíveis a tóxicos, assim que, por exemplo, o Fusarium oxysporum, v. cubense,
que causa o «mal de Pan am á» nas bananeiras, não suporta as excreções volá­
teis da Heteroptera Scaptocoris taipa ( T I M O N I N ) .
Im portante é, pois, o equilíbrio entre microrganismos e nutrientes no
solo para evitar ações parasitas da microflora e microfauna. Em solos in u n d a ­
dos, como os de arroz, os fungos dim inuem ràpidamente, desaparecendo tanto
mais rápido qu a n to mais rico em carbono fôr o solo (matéria orgânica)
M ITC H ELL e A L E X A N D E R ).
Parece que tam bém em soles secos, um a larga relação C :N na m atéria
orgânica inibe a atividade dos fungos, (D A V E Y ) , de modo que o parco supri­
mento em N, ou a ativa competição de plantas pelo N, pode dim inuir sensivel­
mente os fungos no solo. ( R U S S E L L ) .
Queremos lem brar aqui, a absoluta necessidade dos fungos a um a bio-
cenose equilibrada e sadia. Prejudicial é, somente, o seu desenfreado desenvol­
vimento e a sua n ítida predom inância, comum em solos decaídos, e portanto
de péssimo arejamento. Aqui, êles acidificam o am biente que se torna cada vez
mais desfavorável às culturas agrícolas, e Contribuem para a lixiviação do solo.
Sob estas condições, o parasitismo fungiano é inevitável, porque as culturas
sofrem tôdas as espécies de carência, enquanto os fungos proliferam incontro-
làvelmente.

A C T IN O M IC E T O S:

Êles tomam um a posição intermediária entre fungos e bactérias, ou mais


exatamente, entre os verdadeiros fungos e micobactérias (W A K S M A N e
H E N R IC I).
É característica a formação de micélios unicelulares que possuem ram i­
ficações iguais aos fungos. Porém, êste micélio parte-se fàcilmente em pedaços
que se assemelham m uito a bactérias e cujas qualidades são as mesmas das bac­
térias (por exemplo, Streptomyces g ri se us) . M as o mais im portante é que
formam a base da microflora autóctone. Nutricionalmente, os actinomicetos são
extremamente adaptáveis. São, quase todos êles, heterótrofos podendo usar prà-
ticamente todos os compostos de C :N , mesmo os que, com uma relação muito
larga, os fungos não conseguem decompor, tais como a celulose, ligninas e
proteínas ( W A K S M A N ) .
Preferem solos secos e quentes, não se dando bem em terras úmidas.
Eles só crescem n a superfície de solos bem arejados, mas igualmente bem pro­
tegidos contra a irradiação direta do sol ( E R I K S O N ) . P redom inam em solos
arenosos de pastos ou outros solos perm anentem ente sombreados. Suportam
temperaturas altas até 65- e podem formar assim a microflora predom inante
em estrumes e compostos. Segundo S E K E R A , são os responsáveis pela fofice
em solos naturais, mas P R I M A V E S I prova que esta população na tu ra l não
64 ACTI NOM ICETOS

Fig. 25 — Streptomyces griseus,


a, b, c, micélio aéreo — d, f,
esporos germ inando
(seg. W A K S M A N ) .

rtifas
ascógenas
v . x Ooponio
j y anterídio

'< T \ Formación Uj
de u/tci" Q
s<F->
T Ascosporas
Cdpufa
x
O/Ws/d* Q
wterotfpica

homeotípica

Fig. 26 — Ciclo do desenvolvim ento de actinomi-


cetos (RAW ITSCHER).
BACTÉRIAS 65

pode ser conservada em terras de cultura, o que aliás também já foi observado
por W I N O G R A D S K Y q u a nd o criou o têrmo «zimogênico» para os microrga-
nismos de solos cultivados. Èles têm a particularidade de crescer sempre em
flocos ( W A K S M A N ) o que provoca, provavelmente, também a floculação do
solo ( R A N G A S W A M I ) . Êles m ud a m a forma, côr e exigências não sòmeníe
pela modificação do ambiente mas também sob condições muito semelhantes.
Até podem perder a propriedade de formar micélios ( W A K S M A N ) .

Alguns poucos são parasitas de raízes vegetais, provàvelmente os mes­


mos que, vivendo também como simbiontes, podem formar nódulos (R U S S E L L ).
Distinguimos, em relação aos vegetais, saprófitas e parasitas, e em re­
lação aos outros microrganismos, associativos e antagonistas.
Todos os actinomicetos preferem um p H alcalino e são gram positivos.
A maioria dêles produz enzimas diastáticas, alguns produzem invertases, pou­
cos produzem tirosinases, que os habilitam a converter a tirosina das moléculas
prctéicas em m elanina, de côr escura. (R U S S E L L ) .

Apesar da agricultura os considerar «bactérias da terra», porque o


cheiro dêles é o característico de terras férteis, êles criaram fama pela pro du­
ção de antibióticos. Até hoje existem aproxim adam ente 75 antibióticos extraídos
de actinomicetos, conhecidos no comércio como estreptomicina, terramicina,
aureomicina, neomicina etc. ( W A K S M A N ) .

B A C T É R IA S :

W I N O G R A D S K Y divide as bactérias do solo em:


a . ) autóctones — ou nativas do solo, que encontramos, especialmente, em so­
los de pastos e florestas;
b . ) zimogênicas — que se desenvolvem graças a tratam entos específicos do so­
lo, considerando aqui, especialmente, o arejamento (lavra-
ção), ad ubação orgânica e comercial. Elas são próprias aos
solos de cultura.
W A K S M A N junta ainda um terceiro grupo que é o dos
c . ) microrganismos transitórios — 1) Êstes são bactérias usadas em
— inoculação das sementes ( Rh i zo ba ct er );
— inoculação dos solos com linhas puras
( Azot obacter) ;
— adubação orgânica rica em micróbios
(estrume, v in h a ç a ).
F R A N Z , m ostra que os microrganismos do estrume, provindo de um
ambiente anaeróbio, não sobrevivem por m uito tempo no solo, sob condições
aeróbias.
2) Patógenos vegetais e anim ais incorpora­
dos ao solo com detritos e restolhos que, conforme a atividade do solo, morrem
ràpidam ente ou sobrevivem por mais tempo, dependendo esta sobrevivência,
muitas vêzes, também de um hospedeiro anim al ou vegetal.
A identificação da microflora no solo pode ser feita segundo B E R G E Y
(bactérias), W A K S M A N (actinomicetos), e G IL M A N (fungos).
66 BACTÉRIAS

Fig. 27 — Bactérias: a) Coccus; b) Micro­


coccus; c) Sarcina; d) Streptococcus; e) Bac.
subtilis; f) Bac. subtilis flagelado, g) Plano'
coccus; h) Pseudomonas; i) Spirillium
(seg. W A K S M A N ) .

Fig. 28 — C ulturas de bactérias aeróbias


(seg. WAKSMAN).

N a sua maioria, as bactérias preferem solos com um pH pouco ácido


até neutro, e necessitam, em sua maioria, de condições aeróbias. Elas vivem
parcialmente autótrofas, parcialmente heterótrofas, sendo estas últim as de
maior im portância para a agricultura, porque proporcionam a estabilidade da
estrutura fôfa do solo.
R A N G A S W A M I descobriu que as bactérias não somente protegem os
grumos, como acreditava SE K E R A , mas flcculam o solo amorfo. A im p o rtâ n ­
BACTÉRIAS NÃO ESPOROGÊNICAS 67

cia da microvida fica ainda mais patente nas experiências de S A K A R D I que


prova, com trigo, que a diferença, no teor em nutrientes e de rendimento, de­
pende em primeiro lugar, do próprio solo, isto é, de seu estado de saúde bio­
lógica e só, em reduzido grau, do fator genético.
C onsiderando que o «fator genético» é, em última análise, um a ambien-
tação, é compreensível que possamos mais facilmente criar um ambiente favo­
rável ao vegetal, do que a d a p ta r o vegetal ao ambiente ( E R I K S O N , B R A U N ) .
H á bactérias gram positivas ou gram negativas, esporogênicas ou não,
e as suas formas mais freqüentes são:
Bastonetes com pontas agudas ou arredondadas, de diferentes grossuras,
porém tôdas mais ou menos imóveis.
Bastonetes delgados que se movem somente pelo movimento do próprio
corpo; são estas os espiroquetas.
Bastonetes curvados, flageladas, de boa mobilidade ( W A K S M A N ) .
Como existem inúmeras variedades de bactérias e, m uitas vêzes, há
pouca diferença na forma, a classificação delas se faz especialmente segundo o
seu modo de crescer em colônias e de formar cocos. (JA M ES, S U T H E R L A N D ) .
A microvida é im portantíssim a para a lavoura. O gás carbônico assim i­
lado pelos vegetais superiores provém, quase em sua totalidade, do processo de
mineralização da substância orgânica do solo pelos microrganismos. U m a terra
sadia produz an ualm ente entre 5 a 10 t/h a de gás carbônico. Cham am os a is­
so de respiração do solo ( S M I T H e B R O W N ) . Sem esta respiração o cresci­
mento dos vegetais superiores fica reduzido a um mínimo, resultando disso —
vice-versa — um recesso da microvida. Finalm ente, ocorre uma acumulação de
matéria orgânica não hum ificada na superfície da terra, provocando o enchar-
camento da m esma (F R A N Z , G L I N K A ) .
L U N D E G A R D H mede, com a respiração do solo, a atividade microbia-
na e H O F M A N N e S E E G E R E R tomam o teor em fermentos do solo como m e­
dida da atividade m icrcbiana. O fato de que os microrganismos, e especialmen­
te as bactérias, assim ilam sais inorgânicos e orgânicos e os fixam durante Certa
época em seu corpo, é importantíssimo p ara a lavoura, porque é êsse 0 único
método de evitar a lixiviação des minerais do solo pelas águas pluviais
(R U S S E L L ).

RELAÇÃO EN TR E MICROVIDA E TEMPERATURA X UMIDADE DO SOLO


( segundo F E H É R ) - G ráf. 2.

100 000.000
% d e u m id a d e no solo
50 000 000 40 30°

I 000 000 30 20°


10 000 20 10° te m p e r a t u r a x u m id a d e
te m p e r a t u r a d o solo
5 000 10 0°
B a c té ria s

II IV V VI VII VIII IX X XI XI I
68 G R U P O S D E B A C T É R IA S N O S O L O

As bactérias não esporogênicas são, na sua maioria, anaeróbias. São


elas imóveis ou flageladas, gram positivas ou gram negativas, geralmente só
em forma de bastonetes, porém também parcialmente capazes de form ar fila­
mentos, formas cocóides, micélio ou de aparecer em forma de espiroquetas ou
vibriões.

Os grupos mais importantes são:

1 — os termófilos (em estrume, silagem, feno, e t c .) ;


2 — as mixobactérias (em estrume e terra, preferem solos ú m i d o s ) ;
3 — as bactérias desnitrificantes:
a) fluorescentes (denitro fluorescente, B. irilpinus, B. st ut ze ri ) ,
b) hidrogenomonas (Hidrog. a gi lis ),
c) tiobactérias (Thio~bacilo denitrificans);
4 — decompositores de uréia, celulose (Ur. pasteuri);
5 — vibriões dessulfuricantes;
6 — bactérias de putrefação, quase somente anaeróbias, como, por
exemplo, variedades de clostrídios ( Z E I L I N G E R ) .

Tab. 1 — MICRORGANISMOS POR GRAMA DE TERRA

MÉDIA DE GELATINA ÁGAR Em cam ada alta


de ágar açucarado

Pasto n atu ral ........ 1.130.000 790.000 19.200

T erra de cu ltu ra
fértil ..................... 12.275.000 11.407.000 105.000
T erra de h o rta
bem estru m ad a . 37.000.000 34.300.000 47.700
T erra de m ato
n a tu ra l ................. 452.000 429.000 12.000

Segundo a qualidade do solo varia a quantid ade e espécie de micror-


ganismos.

Com a crescente profundidade dim inui a população microbiana. Porém,


não somente diminui, mas também se modifica. A um enta o núm ero de aetino-
micetcs, fungos e de bactérias anaeróbias, e diminui o núm ero de bactérias
aeróbias ( K U B IE N A ). Especialmente em nossas terras decadentes, a população
de fungos é considerável.
BACTÉRIAS E A PROFUNDIDADE DO SOLO 69

Tab. 2 — POPULAÇÃO MICROBIANA EM CM. DE PROFUNDIDADE


____________________ (p o r 1.000) (seg. WAKSMAN).

TERRA DE 2,5 10 20 30 50 75

H o rta estru m a d a . 8.300 5.600 4.000 1.300 600 380


Invernada ............... 10.000 5.800 2.800 1.000 370 240
F loresta m onof. . . . 2.100 1.200 480 1 310 170 104

10

8 B A C T É R I A S A E R Ó B I A S E M T E R R A DE :

In v e r n a d o ------------------- -------------------------

7 H o rto

Floresto m o n ó fito _ — --------- — ---------

6 BACTÉRIAS A N A E R O B IA S EM T E R R A DE

Floresta p o l í f i t o ...........................................................

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120


Profundidade do solo em cm
Gráf. 3 — N úm ero de m icrorganism os em relação à profundidade do solo
70 A ÁGUA NO SOLO

As razões do recesso dos microrganismos, com au m en to de profundidade,


são principalmente a diminuição do oxigênio e o empobrecimento em m atéria
orgânica, fonte principal de energia dos microrganismos.
Muitas vêzes, encontramos nos primeiros 5 cm de terra de c ultura pou­
cos microrganismos, o que é originado pela forte insolação e o ressecamento
desta camada. Via de regra, encontramos entre 5 e 15 cm a m aioria dos m icror­
ganismos aeróbics, importantes para as culturas agrícolas.

N um grama de terra encontramos na média (seg. R U S S E L L ) :


10 milhões de bactérias e actinomicetos,
100.000 fungos,
50.000 a 100.000 algas,
10.000 protozoários.

A I M P O R T Â N C I A D A U M ID A D E DO SOLO

As transformações mais importantes processam-se sob condições aeróbias


pelas azotobactérias, nitrobactérias, rizobactérias, etc.
Cada trabalho que efetuamos no campo, constitui um distúrbio do equi­
líbrio entre os organismos. Os microrganismos têm as mesmas exigências, como
as nossas plantas de cultura, relativo à um idade e os nutrientes do solo.
A água entra na terra arável, ou pelas chuvas m ediante infiltração, ou
através de lençóis d ’água subterrâneos pela ascenção. É a rm azenada no solo
conforme a sua capacidade de retenção, que é m aior em terras argilosas e di­
m inuta em terras arenosas.

I volume

Gráf. 4 — Respiração vegetal e ponto crítico de H O num


solo de b a rro arenoso (seg. SEKERA).

A saturação relativa do solo em água, encontramos dividindo o quo-


ciente de agua absoluta pela capacidade retentora do solo.
Os microrganismos encontram o seu «optimum» com 70 a 8 0 % de sa­
turação relativa.
O O X I G Ê N I O NA M I C R O V I D A 71

O «optimum» dos fungos é mais baixo do que o das bactérias.

A influência indireta do teor em umidade no solo depende da modifica­


ção das relações ar-água. Q u e r dizer, qu anto mais água, tanto menos oxigênio,
e, poitanto, condições mais anaeróbias. Esta também, é a razão por que o n ú ­
mero de microrganismos cresce até um certo limite de um idade ( R U S S E L L ),
e decresce com um aum ento de umidade.

Provoca isso, em terras encharcadas, um a decomposição deficiente da m a ­


téria orgânica que, por sua vez, provoca a formação de ácidos esterilizantes para
os microrganismos. Em presença de micróbios aeróbios não existe a formação
de turfa. A turfa se forma sob condições anaeróbias, onde os carboidratos per­
dem sempre mais H 2 e 0 2 e, por isso, ficam, relativamente, muito enriqueci­
dos em CO. Desta maneira, formam-se turfa, linhita, carvão de pedra, antra-
cito e grafita. Porém, mesmo a grafita, pede ser ain da atacada por micróbios.
Como nas camadas superiores da terra predom inam os micróbios aeróbios, a
ventilação destas é im portantíssima (W A K S M A N ) .
T anto o processo da nitrificação. como o da combustão de substâncias
ricas em carboidratos para gás carbônico, necessitam de oxigênio. O oxigênio
penetra na terra pela aração por movimentos turbulentos de ar e pela água
pluvial. Por meio da atividade dos micróbios, o solo se torna rico em gás car­
bônico ( C 0 2 ), mas empobrece em oxigênio. No entanto, se há falta de água,
os micróbios se cornificam, sobrevivendo em forma de esporos. No lugar da
água entra, agora, oxigênio no sistema poroso da terra e a microvida começa,
caso chova, novamente. Porém, se os poros do solo permanecerem cheios de água,
a respiração do solo termina. Os micróbios morrem e os protozoários reprodu-
zem-se de medo extremamente forte. Sob estas condições anaeróbias, processa-
se uma desnitrificação, porque os micróbios restantes, por falta de oxigênio,
retiram o mesmo de onde o encontram, e isso, principalmente dos nitratos. O
nitrogênio libertado se perde ( W A K S M A N ) .
A m icrofauna necessita, por sua vez, de solos convenientemente úmidos,
especialmente os «nadadores» como flagelados, ciliados, que também existem
em formas aquáticas ( K Ü H N E L T ) . A maioria, porém, evita dem asiada u m i­
dade embora possa, parcialmente, sobreviver bem às inundações.

A lei de A R R H E N I U S diz: «A fermentação duplica por cada 10°C de


aumento de temperatura».
O núm ero de microrganismos oscila segundo a estação do ano. Pode­
mos verificar, também aí, o ritmo do ciclo vegetativo, semelhante ao que pos­
suem as plantas de cultura. Constatam os o menor núm ero de microrganismos
durante a época fria do inverno e o m aior núm ero na prim avera e outono, en­
quanto que no verão o núm ero é reduzido. O núm ero de microrganismos está
paralelo ao produto da tem peratura pela umidade. N a época principal da ve­
getação das plantas, verificamos sempre um recesso da vida microbiana, devi­
do à falta de nutrientes, às excreções das raízes vegetais e à falta de oxigênio,
devido a intensa atividade m icrobiana anterior ( F E H É R ) .
72 O S C IL A Ç Ã O D O N Ú M E R O DE M I C R O R G A N I S M O S D O S O L O

Tab. 3 — ESTATÍSTICA DE ENGBERDING:


Capacidade Água em % N úm ero de m icror-
re te n to ra em % do solo ganism o do solo

30 6.51 9.98 m ilhões


56 10.85 11.89
65 14.10 16.41
80 17.35 29.96

100 21.69 25.28 m ilhões

ELEM ENTOS N U T R IT IV O S

É decisiva para os microrganismos heterótrofos a q uantid ade de m até­


ria orgânica existente. Assim, exames provaram que em terras arenosas, c‘om
pouca matéria orgânica, vivem somente algumas centenas de milhares de ger­
mes, enquanto em terras férteis, boas de cultura, encontram-se vários milhões.
N ão há dúvida que o abastecimento da terra com matérias orgânicas e sais m i­
nerais, aum enta consideràvelmente o número de microrganismos (C H O L O D N Y
K U B IE N A , Z I E M I E C K A ) .

Tab. 4 — Dias Ágar com 2% de Ágar


açú car de cana sem açúcar

In íc io ......................... 12.400.000 12.400.000


Depois de 28 d i a s .. 373.800.000 27.170.000
Depois de 46 d ia s .. 141.300.000 34.700.000

Com a adubação, aumentamos o teor em nutrientes da terra, o que, por


sua vez, provoca um aumento da vida microbiana ( W A K S M A N ) .

Tab. 5 — Dias T erra sem adubo T erra com adubo

2 2.227.000 2.227.000
6 3.700.000 6.000.000
13 6.540.000 13.600.000
20 6.750.000 11.690.000
28 7.770.000 24.200.000
33 3.630.000 6.330.000
90 3.800.000 7.850.000
A T E M P E R A T U R A 73

TEMPERATURA

A temperatura, praticamente, não limita a vida microbiana em nossas


terras de cultura, porém ela decide sôbre o número das raças dos microrganis-
mos.
Mesmo com a tem peratura de — l 9 a — 2 9C não se consegue aniquilar
todos os micróbios, e também com -f-409C ainda existe bastante atividade m i­
crobiana. O «optimum» dos microrganismos está no clima tropical e subtropi­
cal T 35' C, no clima moderado ~b259C a T 2 8 9C. No clima tropical os m icrorga­
nismos são geralmente de variedades termófilas. As tem peraturas elevadas pro­
porcionam um a decomposição muito mais rápida e mesmo a matéria orgânica
está, em pouco tempo, mineralizada. Isso, quer dizer, que em terras de culturas
tropicais, nunca podemos encontrar humo (V A G E L E R ). Por isso, o poder-
tampão é reduzido, mas também a decadência e a recuperação das terras pro­
cessa-se m uito mais ràpidam ente do que em qualquer outro clima. ( P R I M A -
V E SI, 1952)

F E H É R encontrou o núm ero de bactérias decrescendo com aumento de


altitude e latitude, m u da n d o a relação bactérias : fungos em favor dêstes últi­
mos. E m cada lugar, a relação tem peratura : um idade regula a atividade bio­
lógica do solo ( F E L D M A N N ) , ocasionando as flutuações típicas da microvida
durante as estações ( S A U E R L A N D T ) .

O clima subtropical para temperado, devido ao inverno relativamente


frio e úmido, apresenta um a atividade microbiana mais lenta e conseqüente­
mente também um a decomposição de m atéria orgânica mais vagarosa, quer d i­
zer, existe acum ulação de humo. Por outro lado, também a recuperação das
terras é mais demorada. Temos de estar cientes de que «recuperação» da terra
não significa n ada mais do que a recuperação da vida microbiana; e a fertili­
dade da terra está relacionada à vida microbiana, porque dela depende a a b so r­
ção dos sais nutritivos. Estas são sentenças fundam entais que governam a agri­
cultura sadia. ( W A K S M A N ) .
Vemos também que, dentro de certos limites, é possível orientar e regu­
lar o desenvolvimento e a decomposição das matérias no solo.

D E C O M PO SIÇ Ã O
Tab. 6 -
N um a te m p e ra tu ra
F arin h a de osso Uréia Quelatos azotados
de

+ 10° C 100% 100% 100%


+ 20° C 124% 610% 144%
+ 30° C 88% 810% 135%
74 RELAÇÃO pH: BACTÉRIAS

Os actinomicetos existem muito menos nas terras de cultu ra do que nas


terras naturais. Nas épocas de pouca atividade microbiana, porém, acontece um a
equiparação entre actinomicetos e outros microrganismos ( W A K S M A N ) .

Tab. 7 — MICRORGANISMOS POR GRAMA DE TERRA/pH


E m esporos Bactérias:
pH B actérias Fungos fungos
%

2,42 14.000 100 34.000 2 : 5


3,12 36.000 91 54.000 2 : 3
3,54 95.000 30 110.000 1 : 1
3,63 205.000 15 200.000 1 : 1
4,18 360.000 11 180.000 2 : 1
4,73 740.000 16 210.000 3,5 : 1

Somente o 1'hiobacter thioxidans faz um a exceção. Êle oxida enxofre


para ácido sulfúrico (H 2 S 0 4 ) ainda num pH 1 e existe, ainda, q u ando não
há mais outra vida microbiana. Tam bém as terras ácidas de m onocultura de
pinho são pobres em bactérias.
W A K S M A N encontrou aqui:
pH 4 — 100.000 fungos
pH 5,6 — 37.000 "
pH 6 , 6 — 26.000 ”
Os actinomicetos, que entram morfològicamente entre bactérias e fungos,
tomam uma posição intermediária em relação ao pH.
pH 4,8 — 4.000.000 bactérias, destes 900.000 actinom icetos
pH 6.2 — 13.000.000 " , ” 6.000.000
Segundo A R N O N , não é o efeito da concentração de íons de hidrogênio
que prejudica os microrganismos, mas a falta de cálcio, fosfatos, e a toxicidade
do alumínio e manganês.
E nquanto as raízes vegetais são prejudicadas por um pH mais baixo
que 4, pela mobilização de Al, os microrganismos ainda podem existir, se fo­
rem removidos os efeitos secundários de um pH menor que 4. As bactérias de
nitrificação encontram o seu optimum num pH que varia entre 6 2 a 7 2
(M O R R IL L ). ' j

O P O D E R -T A M P Ã O DA T E R R A

Depende:
— do teor em humo,
1

— do teor em colóides minerais, ( a r g ila ) ,


2

3 — dos íons presentes.


A negalixa concentração de íons H T , n ão demonstra oscilações fortes em
solos bem tamponados. Êstes solos não acidificam fàcilmente. ( S C H O F I E L D ) .
P O D E R - T A M P Â O , U M ID A D E , pH 75

Apesar das nitrobacterias não suportarem um ambiente ácido, às vêzes,


provocam a acidificação do solo pela produção de H N 0 3 e H N 0 2. De modo
que em terras arenosas, com pouco humo, a acidificação é tal, que as próprias
nitrobacterias lim itam sua proliferação. Em terras argilosas e humosas, isso não
acontece porque há bastante bases que neutralizam a acidez ( W A K S M A N ) .

P a ra exam inar o poder-tampão de um solo usa-se no laboratório o


Azotobacter chroococcum ( M E H L I C H ) .

A R E A Ç Ã O D O SO L O , O pH

A reação do solo tem grande importância sòbre a composição da vida


microbiana n a terra. Sob reação ácida, desenvolve-se numerosa flora de fungos,
enquanto a de bactérias diminui. Os fungos são, sem exceção, resistentes aos
ácidos ou mesmo acidófilos. Faltam nestes solos as minhocas e todos os
animais «cavadores», que m istu ram e remexem a terra.

Por isso, um a aplicação de carbonato de cálcio é a primeira medida que


se deve tomar a fim de revigorar a vida bacteriana da terra ácida.
A ascenção da vida bacteriana, é igual a ascenção do rendimento agrí­
cola ( W A K S M A N ) .

S C H A C H T S C H N A B E L comunica a íntim a relação entre a atividade


microbiana e o pH . A um enta aquela com o aum ento de pH , melhora, con­
seqüentemente, a estabilidade dos grumos e o volume poroso.

A dim inuição do p H causa a lixiviação do C a C C 3 , que, por sua vez,


causa a desfloculação dos agregados do solo, mesmo dos formados por m inho­
cas ( S C H E F F E R ) . Temos, pois, um a oscilação da estabilidade dos agregados,
acompanhando a da atividade microbiana ( H A R T G E ) .

As bactérias sobrevivem às condições adversas, em estado de esporos.


Porém, a formação de esporos pode faltar por completo se as bactérias não
encontram traços de cobre e molibdênio no solo (K O L O D Z I E Y e S L E P E C K Y ),
isto significa que, em solos muito lixiviados, as bactérias n ão tem a possibi­
lidade de se cornificar e sobreviver.

Especialmente esporos de bactérias mal nutridas, não sobrevivem por


muito tempo. D epende a sobrevivência dêles, (G A R B O S K Y , G I A M B I A G I ) ,
da fertilidade do solo. Em solos férteis, os esporos podem viver até cinco anos.
76 CICLO: CLIMA-PLANTA-SOLO

INTENSIDADE DA VID A BAC TERIAN A

R E N D IM E N T O A G R ÍC O L A

clima clima

planta

raizes

e s t r u t u r a da te rra
pH - n u t r i e n t e s

Microvida

Gráf. 5 — Relação recíproca Clima-Planta-Solo

F A B R I C I U S e F E I L I T Z E N encontraram, n um a terra de brejo dre n a ­


do, 2 0 0 . 0 0 0 germes microbianos, mas depois dum a calagem, 600.000 germes.
Responsabilizam, não somente a correção insignificante da acidez, mas
principalmente a floculação do solo. Q u er dizer, a agregação da terra em flocos,
provoca, automàticamente, um melhor arejamento e com isso melhores condi­
ções de microvida.
Verificamos então que a lei de M I T S C H E R L I C H , que foi encontrada
para as nossas plantas de cultura, é do mesmo modo válida p ara os microrga-
nismos.

D f S T R I B D f Ç Ã O DAS V A R I E D A D E S D E M I C R O R G A N I S M O S

1 Os autóctones, que verificamos em terras abandonadas, como nos


pastos naturais, solos florestais, invernadas etc. ( Act ynomi ces sp.)
2 — Os zimogênicos das terras de Cultura, dependendo de um equilíbrio
dirigido pelo próprio homem. (Azotobacter, etc.).
OS MICRORGANISMOS DA TERRA 77

3 Os simbiontes, que não somente, em vários casos, têm de ser ino-


culados na terra, mas que dependem sobremodo dum equilíbrio
de nutrientes. Assim acontece com as rizobactérias, bactérias no-
duladoras das leguminosas. Estas vivem como simbiontes, aumen*
tando a produção das leguminosas, consideràvelmente, enquanto
dispõem de suficientes carboidratos. N o momento em que a dieta
em carboidrato se torna deficiente, êles se tornam parasitas, des­
truindo, em pouco tempo, a sua planta hospedeira. ( S E K E R A ) .
Entre os microrganismos zimogênicos da terra de cultura, as bactérias
superam, de longe, os outros. D entre as bactérias, os bacilos esporogênicos são
os mais freqüentes porque vivem em meio aeróbio mas, sobrevivem também em
meio anaeróbio. Contudo, existem também bacilos absolutamente anaeróbios.
Os cocos vivem somente nas camadas mais superficiais.
São tomadas por «bactérias da terra» as variedades, Bac. subtilis e Bac.
mesentericus. Entre os anaeróbios os mais conhecidos são: Clostridium butylicum
e Cl. sporogenes.

Em tôdas as terras encontramos mixobactérias como, por exemplo:


Chondromyces, Polyangium, Myxococcus, etc.
Os actinomicetos, que encontramos com maior freqüência em terras
abandonadas e terras naturais, são capazes de decompor carboidratos hetero-
cíclicos em substâncias húmicas e estearinas, o que os bacilos não conseguem.
De modo que, especialmente nas terras naturais e não adubadas, acumulam -se
tais substâncias. Os sacaromicetos encontramos somente em pomares e vinhedos
(W A K SM A N ).

Fig. 29 — Saccharomyces cerevisiae:


1) célula; 2) colônia; 3) célula com
dois esporos; 4) esporos germinando.
78______ TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS PELAS BACTÉRIAS

A TIVID AD ES DOS M IC R O R G A N ISM O S NO SOLO

B E R Z E L IU S disse, já em 1840: «A substância orgânica aciona sôbre o


solo da mesma m aneira como a levedura sôbre a massa».
Podemos classificar as atividades dos microrganismos do solo em 4 i
grandes grupos:

1 — Os da decomposição de carboidratos:

Ácidos orgânicos
a) desassimilação ............................ Gás carbônico
Gases de H 2 e C H 4

b) humificação
c) decomposição de substâncias húmicas.
Os da transformação de nitrogênio:

nitrificação
a) formação de nitratos
formação de NFÇ

desnitrificação
b) redução de nitratos assimilação de N H 4
desam inação hidrolítica.

c) fixação de nitratos em compostos insolúveis.


3 — Os que tomam parte na decomposição m ineral do solo.
4 — Os que têm ação decisiva na estrutura do solo.

A D E C O M P O S I Ç Ã O DE C A R B O ID R A T O S

Desassimilação:
N a assimilação, o vegetal forma carboidratos, de gás carbônico ( C 0 2),
água ( H 2 0 ) , oxigênio e energia solar (luz e c a lo r) . N a desassimilação encon­
tramos o inverso dêste processo. Os carboidratos orgânicos são, de nôvo, mi-
neralizados.

a) F O R M A Ç Ã O DE Á C ID O S O R G Â N I C O S

Os carboidratos, lipídios e proteínas são decompostos. As proteínas for­


mam ácidos graxos e polipeptídios. Êstes ácidos são capazes de provocar pro­
cessos secundários, dissolvendo substâncias inorgânicas. São êles neutralizados
no solo por bases. Todos constituem um a fonte valiosa de carbono. Assim, en­
contramos na terra, ácido butírico, ácido propiônico, ácido acético e ácido
fórmico.
FORMAÇÃO E ANIQUILAÇÂO DE ÁCIDOS ORGÂNICOS 79

Os carboidratos são transformados em ácidos, por bactérias anaeróbias,


como o Amilobacter e Clostridium butylicum. Mas tam bém fungos tom am parte
nestes processos, especialmente o Aspergillus niger, que é capaz de transfor­
mar diversos açúcares em ácidos graxos.

Fig. 30 — Clostridium pasteurianum


(seg. W I N O G R A D S K Y ) .

A decomposição de graxas é feita pela cisão da mesma em glicerina e


ácidos graxos, sob a ação dum a lipase, que várias bactérias e fungos pro du­
zem, e que é hidrossolúvel.

A glicerina é absorvida pelos microrganismos, enquanto os ácidos gra­


xos se acum ulam no chão. Êstes ácidos são finalmente usados pelos microrga­
nismos como fonte de substâncias carbônicas. Designamos isso, por «aniquilação
de ácidos». São responsáveis por êstes processos, os Pseudomonas fluorescens e
Micrococcus especialmente, e outras várias espécies de fungos.

b) F O R M A Ç Ã O D E GÁS C A R B Ô N I C O

Somente 0 ,03% do ar é gás carbônico. Porém, na camada de ar sobre-


jacente à terra, êste teor varia entre 4 a 10% e, no ar que circula no sistema
poroso da terra, constatamos até 11% de C 0 2. Êste teor oscila muito, depen­
dendo tanto da estação do ano, do teor em matéria orgânica do solo, como do
número de microrganismos e do movimento do próprio ar. Em lugares ventosos,
nunca há acum ulação de gás carbônico na superfície da terra.
80 O GÁS C A R B Ô N I C O

Considerando que 1 ha de girassol, por exemplo, consome anualm ente


12.000 kg. de C 0 2, utilizados na fotossíntese da matéria orgânica, compreen­
demos melhor a sua importância.
O teor do ar em C 0 2 é, porém, somente de 0 ,0 3 % (600 k g /h a ), quer
dizer, completamente insuficiente para suprir tal exigência. A p la n ta depende,
portanto, do C 0 2 da terra, produzido pelos microrganismos.
Conforme L U N D E G A R D H , os microrganismos produzem tanto C 0 2
quanto um a cultura agrícola necessita. Podemos calcular que o teor em maté- :
ria orgânica dos 15 cm superiores da terra é aproxim adam ente 2 a 4 % ; um
hectare contém 40.000 a 80.000 kg de substâncias orgânicas. Como o teor de
carbono da mesma é de 5 8 % , podemos concluir que a produção de C 0 2 por
ano e hectare pode ser entre 20.000 a 44.000 kg, caso fôsse igual em todos os
meses. Em terras de invernadas, o teor em matéria orgânica sobe até 1 0% ,
enquanto em terras arenosas decai para 1% . A produção de gás carbônico
acompanha essa oscilação.
W A K S M A N apurou que, sob condições favoráveis, 1 kg de terra expira
5 a 30 mg de gás carbônico em 24 horas.
Compreendemos agora por que, em clima tropical e subtropical, as terras
se esgotam mais depressa do que no clima moderado. Neste, a produção de C O 2
é limitada aos meses quentes, quer dizer, pràticam ente limitada a 4 meses.
Nas zonas tropicais e subtropicais temos 8 meses de intensa atividade e 4 me­
ses com reduzida atividade microbiana. Se a ma*éria orgânica do solo não fôr
restituída, ela se esgota no clima moderado em 1 0 anos e no clima tropical em
4 anos.
Segundo ST A R K E Y , a produção de gás carbônico pode constituir um
fator limitante à produção agrícola e, de fato o constitui em nossas terras. Mas,
vemos também que a produção dêsse gás, essencial para a fotossíntese das
plantas, depende tanto da matéria orgânica do solo, como dos micróbios que a
decompõem, soltando C O ? como um dos produtos finais de seu metabolismo.
A produção de C O 2 se regula, automàticamente, na terra. Ela aum enta
tanto tempo, até o teor de oxigênio se tornar tão baixo que as condições de
\ ida na terra se assemelham aos anaeróbios. Ali, os microrganismos se conver­
tem em esporos. Cessando a atividade dêles, baixa o teor em C 0 2 e sobe o
em 0 2; a vida começa, de nôvo. (R U S S E L L ).
Por difusão, o gas carbônico sai da terra. Isso natu ralm ente depende I
muito da estrutura física da mesma.
O maior teor de C O , pode-se verificar em terras de horta bem estru­
madas, assim como em invernadas e culturas de trifólio; o menor em pastos :
permanentes. g
A formação de C O , na terra ocorre:
a) pela atividade microbiana,
b) pela respiração radicular.
FONTES DE CO, 81

A respiração de C O , do solo é maior em florestas poli fita s do que em


florestas de pinho ou eucalipto.
Em 15 cm de profundidade constatamos a m áxim a produção de CO.,.
Um solo do clima temperado respira anualm ente entre 4.000 a 24.000 kg de
CO 2 (1 m3 de C O , = 1,96 kg) (S T A R K E Y , K A T Z N E L S O N ) .
F O N T E S D E C O ,:
1 — São especialmente: a) carboidratos 4uer dizer, matéria or-
b) proteínas e aminas gànica que por via na-
t‘) lipídios tural se acum ula n a
terra, isto é H U M O .
2 Estrume, adubação verde, palha, ou seja matéria orgânica que se
usa como adubo.
3 — Respiração radicular.
N a decomposição de hemicelulose, açúcares e amido, por fungos e bac­
térias aeróbias, mais de 5 0% até 8 0 % do carbono (58 % da substância orgâ­
nica é carbono) é liberado como C O ,.
A massa verde decompõe-se m uito mais rápido que a m atéria orgânica
sêca e produz muito mais CO
A q uantidade de C O , produzido depende, porém, tanto dos organismos
que decompõem a matéria orgânica, como das condições do solo ( W A K S M A N ) .
A decomposição de proteínas em N H 3 e C O , é feita principalmente
pelo Bacilo micoides. A relação entre proteínas: N H 3 : CO, = 1 : 8 : 9 .
Especial significação possui a produção de C 0 2 de, celulose e pectinas.
A fermentação anaeróbia de celulose produz C H 4 e H .
Os bacilos aeróbios decompõem a celulose do solo, em presença de n i­
tratos, usando-a como fonte de oxigênio, porém, somente quando a reação do
selo fôr de neutra p ara alcalina. São êles: Bacteria celulomonas, bactérias ter-
mófilas, micobactérias e actinomicetos. N u m meio ácido, esta decomposição é
feita por fungos, como Bolritis, Aspergillus niger, Trichoderma, Penicillium etc
(L U N D E G A R D H ).

I
* > .* 4
- -

Mra.-
.

Fig. 31 — Colônias de bactérias.


As bactérias heterótrofas excretam C O ,, enquanto as autótrofas segre-
gam produtos inorgânicos de oxidação ( R U S S E L L ) .
82 DECOMPOSIÇÃO ANAERÓBIA E AERÓBIA

c) F O R M A Ç Ã O DE M E T A N O E H I D R O G Ê N I O :

Em terras de cultura, bem arejadas, a formação de metano é mínima,


porém, em terras de arroz irrigadas e em pastos úmidos, esta formação é
mais forte.
A formação de metano e hidrogênio, apesar de existir tam bém em q u a n ­
tidade m ínim a em terras de cultura normais, pràticamente, n u nca pode ser cons­
tatada aqui, porque êstes são prontamente absorvidos por bactérias hidrogeno-
monas e bactérias metanomonas que os oxidam.
Especialmente a bactéria Me tanomona metanica, absorve m etano ( C H 4 ) e
produz gás carbônico e água. Esta bactéria é um flagelado m uito móvel, apesar
de seu tam anho ser de somente 1,5 a 2 micro. Em terras úm idas e encharcadas,
porém, sob condições anaeróbias, forma-se metano em grande quantidad e, sendo
altamente venenoso para os vegetais. Tam bém o monóxido de carbono ( C O ) ,
que às vêzes se forma pela adubação, é prontam ente absorvido pela bactéria
Carboxydomona oligacarbofila, da família das nitrobaCtérias, que o oxida para
CO o- Seu «Optimum» de tem peratura é + 2 5 “C.
A decomposição de matéria orgânica sob condições anaeróbias é muito
lenta e liberta pouca energia. E nquanto um a molécula de açúcar n a sua oxi-
dação libera 690 calorias, na sua conversão para metano liberta somente 50
calorias. Assim, os organismos anaeróbios necessitam muito mais m atéria or­
gânica para obter a sua energia do que os aeróbios.
A fertilidade do solo depende, em parte, da fração orgânica do solo,
cuja decomposição e mineralização é feita por microrganismos.
De m agna importância para os microrganismos é a hum ina, oriunda
principalmente da lignina, .que é uma fonte de energia ( C ) . T ra n sfo rm a m -n a
parcialmente em huminoácidos (H A ID E R , L IM T , F L A I G ) .

H U M O

A formação de humo depende inteiramente da atividade da microflora e


fauna. Todos os fatores que dim inuem a atividade excessiva dos m icrorganis­
mos fax orccem a formação de humo, mas aqueles que o inibem, im pedem ta m ­
bém a humificação.
T H O M distingue, por isso, a decomposição «explosiva» da m assa verde
não fibrosa, da decomposição «lenta» de matéria orgânica fibrosa em humo.
No clima tropical, assistimos pois, a uma mineralização violenta e com­
pleta da matéria orgânica, nunca se acum ulando humo, apesar de termos, aqui,
principalmente, terras ácidas, onde mais fàcilmente ocorre essa acum ulação de
matéria orgânica, do que em terras alcalinas. Somente acima de 1000 m de a l­
titude, onde a tem peratura é mais baixa, podemos encontrar humo (V A G E L E R )
A relação C /N é bastante estreita em zonas áridas, estreita em pastos
e larga em terras de cultura ( D U R A S O W ) .
HUMO 83
A relação entre C : N — 1 0 : 1 na planta e no corpo do microrganismo.
N o humo, porém, aum enta esta proporção com:
1 — o decréscimo da temperatura,
2 — a dim inuição do pH,
3 — o decréscimo de teor em oxigênio,
4 — o aum ento da altitude,
5 — o aumento das precipitações.
Isso significa: onde a vida microbiana é menos intensa aum enta esta
proporção de C : N no humo, graças à dim inuta «mineralização» da matéria
orgânica. As bactérias decompõem principalmente amidos, proteínas etc. e não
atacam a lignina, celulose e hemicelulose. Podemos encontrar assim, em vários
tipos de humo, um a relação de 1 4 : 1 a 2 0 : 1 de C : N. Isso provoca o fato
das bactérias procurarem nitrogênio minerálico para suprir o deficit em azôto,
tirando êste, diretamente, do alimento vegetal quando consomem o humo
(McLEAN, A R C H A R Y A , H A R D Y ) .
Sabemos, por outro lado, que tôdas as medidas que encorajam a decom­
posição, contribuem decisivamente para a aproximação da relação C : N, por­
que os carboidratos são gastos em forma de energia microbiana e o nitrogênio
permanece no solo.
W A K S M A N encontrou a regra que: «a relação entre C : N se aproxima
com a crescente velocidade de decomposição».
Assim, a prática da calagem, o arejamento do solo pela aração, com tem­
peraturas igualmente altas e com suficiente umidade, contribuem para a apro­
ximação da relação C : N, permitindo a formação dum humo mais valioso.
O mais interessante do hum o é, sem dúvida, o fato de que, segundo
H O W A R D , parasitas e doenças vegetais desaparecerem nas terras onde exis­
tir de 3 a 5% de humo. Em outras palavras: O N D E H Á I N T E N S A A T I V I ­
D AD E M IC R O B I A N A , AS C U L T U R A S SÃO S A D IA S, isso quer dizer, que
não há safras altas nem culturas sadias, sem um a microvida equilibrada.
M uito se discutiu sôbre o valor do humo. Especialmente nos climas tro­
picais, onde um a rápida mineralização da m atéria orgânica inibe sua formação
em terras de cultura, o seu valor foi pôsto em dúvida.
R A M A N N definiu 0 humo como sendo um complexo coloidal de com­
posição heterogênea, composto de colóides invariados e de matérias ricas em
carbono. Porém, esta definição não satisfaz, porque não diz respeito à ação
biológica do humo, que sem dúvida nenhum a, é muitíssimo mais importante
que sua composição química ou física, em si.
Muitos tentaram definir o humo, mas nunca chegaram a um acôrdo.
Somente não chegaram a um acôrdo porque consideravam o humo como um
fator isolado, desligado do ciclo biológico ao qual pertence.
C onsiderando a origem e o fim do humo, a sua definição não é difícil.
Humo é, pois, m atéria orgânica sintetisada, enriquecida de N e 0 2(de difícil de­
composição, que constitui a reserva energética da microvida, tam ponando, tam ­
bém, eficazmente o solo (S E K E R A ) .
84________________ O HUMO NO SEU CICLO VITAL______________

S E K E R A ilustrou a importância do hum o no seguinte esquema:

REC3PR0CIDU® PLANII - SOLO - MICBCRGAJíISMOS

Q u o n t o m o is f o r te o v e g e ta ç ã o
t o n t o m e lh o r o e n r o iz o m e n t o d o s o lo

t o n t o m e lh o r o n u t r i ç ã o d o s
m ic r o r g o m s m o s d o so lo

M ic r o f lo r o

t a n t o m e lh o r e t o n t o m o is in te n s iv o
t o n t o m o is in te n s iv o o fo r m o ç á o
d e h u m o e t o n t o m a is f o r te o
s o l te a m e n t o d o c h ã o

A R E S P IR A Ç Ã O o c o n s tru ç ã o
d o s o lo v iv o d o s g r â ­
n u lo s d o so lo

t o n t o m o is in te n s iv o

o m o b iliz a ç ã o o a s s i m i la ç ã o
d e C 0 2 p e lo
v e g e to l

C á lc io c o lo id o l

c o m o N U T R IE N T E S
v e g e ta is

t o n t o m e lh o r o a b a s t e c i m e n t o d a p l a n t o
e s tá v e is o s A G R E G A T O S d o N U T R IE N T E S E G Á S C A R B O N IC O

t o n t o m e lh o r o EOF ICE
d o solo

T o n to m a i s e q u i l i b r a d o e t o n t o m e lh o r
a U M ID A D E e o A R E J A M E N T O d o s o lo

Gráf. 6 — Relações recíprocas en tre Planta-Solo-M icrorganism os


O HUMO E SUAS FRAÇÕES 85

Os benefícios do humo são:

1 constituir um a reserva de energia para os microrganismos,


2 — ser um a fonte de gás carbônico para os vegetais,
3 — aum entar, através do ácido húmico, o poder-tam pão do solo,
4 — contribuir para a fofice do solo,
5 — ser o fator mais notável do complexo coloidal.

O gráfico 6 mostra que, para alcançar os efeitos benéficos sôbre a


estru tu ra do solo, não é necessário ter humo, isto é, m atéria orgânica conser­
vada. É suficiente existir matéria orgânica. Porém, o humo possui qualidades
que não podem ser substituídas por nenhum outro produto, salvo o estrume
bem curtido, que é também humo.

co,

H-dra?v5> de Corbànto

w h stéfW *..* O rpcfüco

Fig. 32 — Ciclo da substância orgânica


do solo (seg. SEKERA).

Distinguimos três componentes no humo:


1 hum ina, a fração insolúvel em meio alcalino,
2 ácido húmico, a fração solúvel em meios alcalinos, mas não em
ácidos,
3 ácido fúlvico, a fração solúvel em meios alcalinos e ácidos.
Sabemos que os limites entre estas três frações húmicas desaparecem e
não há distinção nem definição exata, do ponto de vista químico.
86 A COMPOSIÇÃO DO H U M P

O complexo orgânico chamado humo, não é um a substância simples,


mas um compcsto complexo de minerais, oxigênio, hidrogênio, carbono e ni­
trogênio.
A parte carbônica existe em várias formas de açúcares: galactose, gli­
cose, manose, xilose, arabinose, ribose, etc. Apesar de se form ar tam bém celu­
lose, não contém mais nenhum a parte dessa substância e os poucos polissaca-
rídios que se encontram no humo, podem provir tanto da Celulose como de mi-
crorganismcs mortos.

A composição do humo é mais ou menos a seguinte:

Carbono ............................................................ 58 3%
Nitrogênio .......................................................... 5,9%
Oxigênio ............................................................. 31,2%
Hidrogênio ......................................................... 4 ,5%

O restante são minerais, como fósforo, enxofre, cobre, magnésio, etc.

R I D A L E V S K A J A e T I S C H E N K O descobriram que a capacidade de


troca-adsorção do complexo húmico está entre 280 a 490 mili-equivalentes por
100 g de terra. As qualidades do humo diferem conforme o solo onde se forma
e, segundo A N D E R S O N e BYERS, o de terras pcdsólicas é absolutam ente in­
ferior ao de terras boas de cultura. Nas Camadas mais profundas do solo existe
uma relação C : N bem mais distante do que nas camadas superficiais, o que é
absolutamente compreensível, pois quanto mais intensiva a vida microbiana,
tanto mais carbono necessitam e tanto mais se aproxim a a relação C :N húmico.’
W I L S O N e S T A R K E R mostram também que a proporção C : N está
relacionada com o teor do solo em cálcio, mas não com o pH.

Mesmo em terras bastante ácidas, a decomposição pode ser rápida,


quando o cálcio é aplicado, aproximando-se assim a proporção C : N.

^N orm alm ente, a proporção C : N no humo está entre 8 a 10 quer dizer,


C : N — 8 : 1 ou 1 0 : 1 . Q u a n d o é maior que dez, provoca depressões n 0 de­
senvolvimento da cultura agrícola.

E VANS apurou que o poder de ácido húmico em fixar cations, é m uito


superior ao dos colóides argilosos do solo. Terras sem humo estão completa-
mente lixiviadas, quando lavadas com cloreto de sódio, e nquanto solos humo-
sos nunca largam todos os seus cations. Especialmente os bi - e trivalentes
estão firmemente ligados, podendo ser substituídos, porém, na seqüência se­
guinte:
Z n-C u -C o -N i-F e (Ferroso) M n-C a
o mais fraco o mais forte

Êste poder de fixar cations, tanto em forma de íons como em form a de


quelatos, contribui decisivamente para o aum ento do poder-tam pão do solo e
evita a lixiviação.
A HU M IFICAÇÃO 87

N G S I E W K EE pôde constatar que em presença de hum o aum entava


a aproveitabilidade de P,Fe,M o,C o,B ,Zn,M n,N i,Pb,V , mas baixava a de Cu.
Pode-se explicar isso, pelo desequilíbrio entre Cu : N, não se tratando de um a
reduzida absorção, mas de um deficit relativo, ocasionado pela ab un dan te dis­
ponibilidade de nitrogênio.

H U M IFIC A Ç Ã O

As matérias húmicas são matérias amorfas de consistência coloidal e de


composição heterogênea e bem mais complexa que matéria orgânica.
A lignina é a m atéria-prim a mais im portante na produção de humo.
Ela é decomposta por basidiomicetos que formam, de derivados de fenol, um a
zona de oxidação escura em volta do seu micélio. O Azotobacter chroococcum
tmge o substrato de prêto, na decomposição de ácidos benzóicos, que êle usa
como fonte de carbono. Nestas decomposições, os fungos destroem somente a
substância básica de celulose, sobrando a lignina como m atéria amorfa, m arrom
e floculada, de consistência húmica. Mas também na decomposição de taninos
produzem-se corantes marrons, como igualmente de complexos aromáticos, pro­
venientes da decomposição de proteínas.
A matéria húmica da terra é caracterizada pelo seu alto teor em nitro­
gênio de difícil decomposição.
H u m o é um a perpétua fonte de energia no solo, que satisfaz 9 0 % do
consumo dos microrganismos em carbono. Mas, sua im portância na agricultura,
é especialmente a sua qualidade de flocular o solo peptizado, formando a tão
desejada estrutura fôfa da terra, de funcionar como dissolvente, em especial
para os quelatos de fósforo insolúveis no solo e de aum entar decisivamente o
poder-tampão (S E K E R A , R O O T S , H O P P ) .
Em clima tem perado temos a formação de humo na terra; porém, no
clima tropical, êste se forma somente em terras que estão 0 ano inteiro som­
breadas, ou seja, somente nas m atas virgens.
Isso significa que a m aioria dos brasileiros tem de encarar o problema
do hum o no solo, não como «conserva de C O a» e parte integrante do com­
plexo de adsorção, mas como alimento dos microrganismos do solo, porque o
último fim do hum o é, sem dúvida nenhum a, ser alimento dos micro-sêres do
nosso solo. A produção de flocos de terra, é provocada, não somente pelo humo,
mas também pela cal e pelos fungos, bactérias e actinomicetos. Os fungos pe­
gam. com o seu micélio pequenas partículas minerais, unindo-as mediante as
suas excreções gomosas em agregados maiores. Porém, u m a terra verdadeira­
mente bem tam ponada, é somente aquela, que possui boa porcentagem de
humo. ( R U S S E L L ).
Sabemos que os microrganismos tomam parte, tanto na formação como
na decomposição do humo. Porém, a decomposição não é somente' biológica
mas também de natureza química, como, por exemplo, todos os processos de
oxidação e redução. Mas, sem a menor dúvida, a parte biológica é a mais im ­
portante. Especialmente os cocos, fungos, e bacilos servem-se do hum o como
fonte de nitrogênio e gás carbônico. As algas, que têm outras condições de vi-
88 A HUMIFICAÇÃO

da, podendo sintetizar a luz solar pela clorofila, não tom am parte n a decom­
posição húmica, que é realizada, porém, por grande q ua ntida de de micro-
animais, como flagelados, rizópodes, ciliados, rotatórios, moluscos e nematói-
des. Os mais importantes animais nestes processos são as minhocas, que logo
iniciam a m istura da matéria orgânica com o solo, a um e n ta n do e até possibi­
litando a atividade da microflora ( K Ü H N E L T ) .
L Y F O R D constatou que a m icrofauna prefere as fôlhas com um teor
em cálcio de 1 ,8 8 %, enquanto as fôlhas pobres em cálcio, pràticamente, não
são tocadas. Em solos ccm água estagnada, especialmente em gleis, existe uma
inibição da decomposição e m istura da fase orgânica com a mineral, pela m i­
crofauna ( F O U R M A N ) .
Geralmente, a microfauna não promove somente a m istura da m atéria
orgânica com o solo, mas também cuida da distribuição da microflora, que
carrega em suas tripas, a outros lugares ( W E R N E R ) .
Em terras ácidas, que não permitem um normal desenvolvimento da
micro e mesofauna, o hum o acumula-se, em razão disso, na superfície do solo
dos pastos e florestas, sem ser m isturado com a fase m inerálica ( F R A N Z
G L IN K A ) .
Isso provoca a gradativa gleização dos solos, que finalmente, term ina
na formação de pântanos. G rande parte dos solos do Rio G ran de do Sul en ­
contram-se em avançado estado de paludização, justamente por falta de micro­
fauna nos seus solos decadentes, de pastos permanentes, que, sem métodos es­
peciais, não podem ser recuperados.

B IB L IO G R A FIA

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:
CAPÍTULO III

F O N T E S D E N IT R O G Ê N IO NO S O L O

FONTES DE NITROGÊNIO NO SOLO ............................................. 95


TRANSFORMAÇÃO DE NITROGÊNIO ................................................. 96
FORMAÇÃO DE AMONÍACO ...................................................................... 97
NITRIFICAÇÃO ........................................................................................... 99
FORMAÇÃO DE N ITRITO S ...................................................................... 100
FORMAÇÃO DE NITRATOS .................................................................... 102
RESÍDUOS DAS COLHEITAS ................................................................ 102
ADUBAÇÃO VERDE ..................................................................................... 102
FIXAÇÃO DE NITRO G ÊN IO .................................................................... 104
PROCESSO DA NODULAÇÃO .................................................................. 107
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................... 111
r 'i

!
FONTES DE N I TR O GÊ N IO NO SOLO 95

F O N T E S DE N IT R O G Ê N IO N O SOLO

As três fontes de nitrogênio das quais a p lanta dispõe, são:

— O nitrogênio m ineral sendo êste:


a) provindo da própria fração argilosa da terra;
b) de adubos químicos.

— O nitrogênio orgânico que é oriundo, em sua totalidade, de restos a n i­


mais, vegetais e microbianos.

— O nitrogênio atmosférico que entra na terra


(sôbre cada hectare de terra existem 75.000 toneladas de nitrogênio
a tm osfé ric o);

a) por simples vias físicas, tratando-se aqui de quelatos hidrossolúveis


de nitrogênio, que entram no solo pelas águas pluviais ou que são a b ­
sorvidos pela cam ada superficial da terra. T rata-se aqui. porém, de
qu antidades m ínim as e insignificantes (especialmente N H 3)

L
v.

Fig. 33 — Azotobacter agihs com


flagelos (seg B E I J E R I N C K ) .

b) por fixação bacteriana

I — por não simbiontes como os Clostridium, todos os tipos de


Azotobacter, Diplococcus pneumoniae e outras bactérias não
esporogênicas; Bac. asterosporus e outras bactérias esporogênicas
que fixam nitrogênio sem ser fotossintéticas;

II — por simbiontes,
I I I — pela alga verde-azulada
96 TRANSFORM AÇÃO DE NITROGÊNIO

T R A N S F O R M A Ç Ã O DE N I T R O G Ê N I O

Formação de amoníaco e nitratos:

As m atérias-primas na formação de N H 3 são substâncias protéicas da


matéria orgânica. A palha contém 1 % de nitrogênio, enquanto que a massa
verde de leguminosas, antes da florescência, contém 15 a 2 0 % .
Os microrganismos são, decisivamente, responsáveis pela decomposição,
que principia pela simples hidrólise de proteínas e, sôbre diversos produtos in ­
termediários, formam finalmente amino e diaminoácidos.
As proteínas variam muito segundo os aminoácidos que as compõem, j
A quantidade de N H 3 produzido depende das espécies de m icrorganis­
mos (M A R S H A L L ), das proteínas e da disponibilidade de carboidratos.
A estrutura do solo decide sôbre a decomposição porque, conforme as
condições que ela oferece aos micróbios, êstes provocam diferentes reações; as­
sim, a mesma raça pode provocar tanto um a desaminação oxidativa, um a des-
carboxilação ou uma redução, conforme o ambiente em que se encontra 1

(W A K SM A N ).

Esquema da decomposição de proteínas:

.
PROTEÍNA

I
PEPTONA

V
POLIPEPTIDOS

ÁCIDOS GRAXOS AMINOÁCIDOS

CH4 H2 o u CO2 H2O NH3 Uréia


/ na d e c a m p .\ / na decomp.x
X anaeróbia / \ aeróbia /

Os microrganismos podem formar ecto e endo-enzimas. Estas possuem, i


parcialmente, qualidades proteolíticas, quer dizer, são enzimas também cham a­
das proteases, que podem cindir as moléculas de proteína e aminoácidos I
(amílase e desaminase).
A decomposição dos ácidos pode efetuar-se pela descarboxilação ou pela
desaminização, porém formam-se, em ambos os casos, N H 3 (amoníaco) e ácidos
graxos.
N a decomposição de proteínas, encontramos, sempre a formação de áci­
do butírico, ácido valeriânico, ácido a cético e ácido fórmico.
FORMAÇÃO DE NFÇ 97

Sob condições aeróbias, os ácidos graxos oxidam-se completamente, re­


sultando CO_, e água. Os microrganismos tiram disso o máximo de energia
utilizável por eles. Sob condições anaeróbias, a oxidação não é completa. Por
isso encontramos, ou acumulações de ácidos graxos, ou metano.
Sob condições anaeróbias, n a decomposição dos ácidos diamínicos, ocor­
re a produção de diam inas, substâncias altamente venenosas para os vegetai s.
Por outro lado, formam os microrganismos na decomposição de proteí­
nas, vários «indol», dos quais alguns, são fatôres altam ente benéficos ao
crescimento do vegetal, como por exemplo, o indol-ácido-acético. C hamamos
estes «indol» de fitohormònios. ( W A K S M A N ) .
Vários fungos e oactérias são capazes de sintetizar êstes hormônios, co­
mo, per exemplo, no caso do «Rizopim».

Lecitina, colina, etc. são todos decompostos pelos microrganismos, re­


sultando sempre amoníaco, dióxido de carbono, metano e água.
Esta decomposição pelas bactérias é tão violenta que, pondo um pouco
de terra na estufa sob base de ágar-ágar, êste é decomposto também em amo­
níaco, água e C O , , depois de uns dez dias de incubação. Por outro lado, isso
significa que as bactérias têm meios de «produzir» umidade, que é de extrema
importância em nossos selos de cultura. (R U S S E L L ).
Os ácidos produzidos na decomposição de proteínas são, geralmente,
hidrolisados m ediante um a enzima, produzida pelas bactérias, porque as bacté­
rias se aproveitam dos liberados neste processo.

A FO R M A Ç Ã O DE A M O N ÍA C O

Fig. 34 — B actéria flagelada (aum ento 25.000


vêzes. (seg. RUSSELL).

A formação de amoníaco ocorre, somente, quando as condições de vida


para as bactérias são satisfatórias.
98 M IC R O R G A N IS M O S QUE D EC O M PÕ E M P R O T E ÍN A S

p H ^ b a i x o ^ baixa, I restringem o núm ero de bactérias, dim in uem sua atividade


pouca umidade | e evitam conseqüentemente a formação de N H 3.

As análises químicas nunca revelam mais que 0,005 a 0,003 m E /1 0 0 g


de N H 3 no solo, o que corresponde a mais ou menos 30 kg/ha. Isso se explica
pelo fato de que o amoníaco é somente um produto interm ediário n u m proces­
so de decomposição, sofrendo, logo depois de sua formação, um a oxidação.
Podemos encontrar maiores quantidades unicam ente q u a n d o o equilíbrio bio­
lógico do solo for perturbado. ( D O R Y L A N D ) .
A decomposição de proteínas pede ser tanto aeróbia como anaeróbia,
participando grande qu antidade de espécies de microrganismos.

As principais variedades aeróbias são:

Bacilus subtilis: é m uito comum, os bastonetes são curtos, com as pontas


arredondadas, os esporos são ovais. É poderoso decompo-
sitor de proteínas (libera 2 3 % de N H 3)

Bac mesentericus bastonetes de Ü, 8 - 2,4 g. Liquidifica com facilidade a ge­


latina. (libera 3 6% de N H 3) .

Bac micoiàes. bastonetes de 1,6 a 3 , 6 g com esporos ovais, forma, na


gelatina, colônias características que se assemelham a um
micélio de fungos. Por isso o nome Micoides É um pode­
roso deeompositor de proteínas (libera 4 6 % de N H 3 )

Bactérias q ut não podem formar esporos

I rol eus vuigaris pode m udar a sua forma conforme o ambiente onde se
encontra Não forma esporos, é m uito ágil, bastonetes de
de 1 . 6 a l . / p É o típico bacilo de putrefação

Pseudomonas fl.putidus, Fs fluorescens. cocos e actmomicetos, Serratia marces~


cens e Bac cereus tomam parte na formação de amoníaco (N H - (C O N N
Z E IL IN G E R ,

Bactérias anaeróbias

O Clostridium lentiputrescens é a clássica bactéria d a putrefação


Sabemos, porém, que o Bac. mesentencus forma em m aior abund ância
amoníaco de que, por exemplo, o Bac. micoides. Êles perfazem 15% da micro-
população da terra e, acredita-se, dão início à decomposição das proteínas para
serem depois totalmente decompostas por outra bactéria.

Por outro lado, foi ap urad o que as bactérias que não podem formar es­
poros, são bem mais ativas n a decomposição de proteínas do que as que for-
____________________________ N I T R I F I C A Ç ÃO 99

mam esporos. Assim o Bac. cereus é o mais ativo no primeiro grau da hidró-
lise da decomposição das proteínas. T am bém os fungos são vigorosos decom-
positores de proteínas, varian do a sua eficiência segundo a raça.

Fungos:
Aspergillus aericola,
Cephalothecum roscum,
Penicillum ucaulium, («arsen fungi»)
Botritis,
Moniliaceas, (crescendo em círculos)
Micodermes,
Oosporas, etc.

Decompõem proteínas e aminas, especialmente em ambientes ácidos,


que não convêm às bactérias. A decomposição depende, porém, muito da for­
ma em que as proteínas ou as am inas se encontram

A N IT R IF IC A Ç Ã O

Por nitrificação, entendemos a oxidação do amoníaco em ácido nítrico


( H N O - ). P A S T E U R foi o primeiro a acreditar que êste processo podia ser
de natureza bioquímica. Antes, a nitrificação era considerada puramente q u í­
mica Somente S C H L Ö S I N G e M Ü N T Z conseguiram provar a exatidão desta
idéia de P A S T E U R quando, no estudo da clarificação das águas de esgoto pe­
la filtração, verificaram, que um líquido que continha sais de amoníaco, se
modificava, quando passava nu m cano de 1 m cheio de areia. A amônia. que
passava pelo cano, saiu, parcialmente, como ácido nítrico. No entanto, quando
se aquecia a areia do filtro, a produção de EfNCÇ não ocorria. Pode-se con­
cluir que a oxidação da amônia, dava-se devido à existência de microrganis-
mos. Somente onze anos mais tarde, (19 11 ). W I N O G R A D S K Y separou os
bacilos que causavam a nitrificação.

O motivo pelo qual os cientistas antes não descobriam estas bactérias,


prende-se a erradas composições de ágar, ao qual juntavam m uita matéria or­
gânica. Mas não porque as bactérias não a aproveitassem, mas simplesmente
porque os aminoácidos e glicoses impediam a oxidação. no processo da n i­
trificação.

W I N O G R A D S K Y usou geloses inorgânicas, como galerta de silício, e


constatou que em substratos puram ente minerais os nitrificantes se desenvol­
veram bem.

A q uan tidade de nitratos oscila muito porque depende do próprio solo,


do clima e da cobertura vegetal. Segundo R A M A N N , para 1 milhão de partes
de terra, existem somente seis partes de salitre. O nitrogênio da terra está
muito sujeito à lixiviação pelas águas pluviais. ( 2 - 2 0 ppm)
100___________________ FORMAÇÃO DE N IT R IT O S _____________________

Sabemos hoje, que a nitriíicação não é um simples processo químico,


o que prova podermos encontrar diversos produtos intermediários, como
N H j , O H , H 2 , N ^ O e HNOn (ácido n itr o s o ) .

Èste processo químico é o resultado da atividade de dois diversos


grupos de microrganismos.

Podemos distinguir duas fases:

1 — a formação de nitritos

2 NH, + 3 O™—* 2 H N 0 2 + 2 H , 0 + 159,8 calorias ( Nitrosomonas)


ác. nitroso

2 — a nitriíicação

2 HNOg + 2 0 *2 HN 03 + 36.4 calorias (Nitrobacter)


ác. nitrico.

(S C H L Ö S I N G . W A R I N G T O N . W I N O G R A D S K Y ) .

Os nitrificantes alcançam o carbono necessário mediante a assimilação


de ácido carbônico, que êles transformam em compostos orgânicos no próprio
corpo. Também os vegetais superiores processam tal assimilação de gás car­
bônico. A sua fonte de energia é a luz solar.
As bactérias nitrificantes, porém, usam a energia da oxidação dos sais
d( amoníaco para ácido nitrico. A relação entre nitrogênio oxidado e carbono
assimilado na primeira fase é de 34 : 1 e na segunda de 135 : 1 (C : N ) .
UL J A N O VA constatou que a oxidação pelas N itrosomonas é muito
rápida, quando provém de solos humoscs. e muito lenta, quando provém de
solos pobres em matéria orgânica.

F O R M A Ç Ã O DE N I T R I T O S

O amoníaco existente no solo é quase imediatamente oxidado para nitritos


( N 0 2>. A fcrmação de nitratos, porém, depende não somente da boa ventila­
ção do solo, mas também do pH.
Nas ferras ácidas e encharcadas que, fora da acidez, possuem ainda
umidade estagnada e, portanto, n enhum a ventilação a formação de nitratos
( N O 3 ) é a 1 tarnen, e dei idente ou falta totalmente, quer dizer, o amoníaco con­
serva-se intato.

W I N O G R A D S K Y observou o fato curioso de que a presença de sais


de amoníaco prejudica altamente as Nífro&acfer, apesar destas viverem ao lado
de Nitrcsomonas que oxidam aqueles sais. Isso significa, portanto, que uma
ação deficiente das Nitrosomonas provoca a inibição das Nitrobacter, que
não podem ser mais ativas, enquanto se encontra amoníaco na sua vizinhança
( M EYE R. H O F ).
A N I T R1FICA Ç Ã 0 101

A oxidação de amoníaco demora mais que a dos nitritos, encontrando-se,


por isso, poucos nitritos no solo. Somente em tem peraturas baixas êles podem
se acumular. (C H A P M A N ).

Em solos ácidos, falta a nitrificaçào (até pH 5,0).

S C H E F F E R é da opinião que os microrganismos altamente especializa­


dos, tanto na fixação de N, como na desaminação e nitrificação possibilitam,
por sua atividade, tôda a vida terrestre. E isso, especialmente, por causa da
melhor absorção de N, a qual as plantas fazem somente em forma iônica e
nunca em forma molecular. Assim, todos os adubos como Nitrocal, Uréia, Sa-
litre têm de ser decompostos ( S C H E F F E R ) .

O N orgânico possui também um a influência particular favorável sôbre


o crescimento, que não é justificável pela ação do N em si ( F L A IG e
M A ED ER ).

Geralmente, também N H 3 se forma somente com bom arejamento,


mas parece que a formação de N H 3 não depende tanto dum a pressão maior
de oxigênio, como acontece com os nitratos e nitritos. Em terras boas de cul­
tura, a formação de nitratos predomina, enquanto o amoníaco se encontra so­
mente em traços mínimos no solo. A formação de N 0 2 íons tem o seu «opti­
mum» n um pH 6,4 a 7,8, enquanto o «optimum» de transform ação para
N O 3 é entre o pH 8 , 8 a 9,2 ou seja em ambiente altam ente alcalino. Q u a n to
mais baixo o pH , tanto mais deficiente a nitrificação. Por isso, a calagem be­
neficia altam ente a nitrificação. Maiores quantidades de C l ~ e SO% íons im pe­
dem a formação de nitratos.

b
Fig. 35 — H eterocistos
Os microrganismos mais ocupados com o processo da nitrificação são
as Nitrobacter: ( W I N O G R A D S K Y ) .
102 F O R M A Ç A O DE N I T R A T O S

1 — Nitrosomonas — são os mais fortes nitrificantes N O 2


2 — Nitrosocistis \ „. . y. _ .
3 — Ni tr os os pi m } lodas as bactérias sao aerobias

1 — As N itrosomonas europea ivinogradsky são pequenos bastonetes de


0,9 a 1,0« de forma oval, com um flagelo. Vivem quase exclusivamente
em terras de cultura.

Nitrosomonas javanensís têm a ap arência de cocos de 0,5 a 0,6


apresentam, porém, um flagelo de 3CD; são os maiores de todos os
microrganismos.
A Nitrosococcus tem a forma de um a esfera e é imóvel. Existe es­
pecialmente na América Latina e Austrália. F orm a zoogléias (a g lu tin a­
ção de bactérias e fungos).
2 — A Nitrosocislis é caracterizada pela forte formação de zoogléia. Espécies de
cocos, que são bastantes ágeis, encontram-se especialmente em terras de
mato.
3 — Nitrosospira têm forma espiral, porém. são. segundo a raça. de variável
tamanho.

F O R M A Ç Ã O DE N I T R A T O S

A nitrificação, propriamente dita. é provocada pelas V itrobacter


Estas são bastonetes de 1 p de comprimento e de 0.5v de largura, as
quais sintetizam a substância orgânica dos seus corpos de ligações m inerais de
carbono.
Form am m uitas vêzes invólucros gelatinosos em volta de seu corpo para
transpor épocas adversas, mas n unca formam esporos
A maior atividade das Nitrobacter se dá na primavera e no outono, e
ocone, especialmente, em solos com um pF 4,2 Porém em solos muito secos,
também é reduzida (R O B I N S O N

R E S Í D U O S DE C O L H E IT A

Os carboidratos, lipídios e proteínas dos resíduos das safras são tra n s­


formados pelos microrganismos em amoníaco. São, aqui, de grande im portância
as raízes de leguminosas e, por exemplo, as de trifólio contêm 5 0% do nitro­
gênio da planta inteira. Geralmente, ocorre decomposição lenta dêstes resíduos
( m clima temperado, pcrém decomposição rápida em clima tropical e subtro­
pical, onde se efetua em 6 a 8 semanas. N a zona de S anta M aria, encontra­
mos, em quase tôdas as terras, resíduos de safras anteriores completamente in-
tatos, devido à quase completa ausência de microrganismos no solo

A D U B A Ç Ã O V ERD E:

A adubação \ erde é quase sempre usada, somente, como adubo nitro-


genado e como incentivador da microvida, e raram ente p ara au m e ntar o humo.
FONTES DE NITROGÊNIO 103

A prática é somente recomendável q uando não fizer competição com a


cultura principal, especialmente em água. Em zonas áridas, onde reina o «dry-
farming», não é viável.
A adubação verde concorre à mobilização de fosfatos e elementos me­
nores ( R U S S E L L ) .
Em épocas m uito chuvosas, o nitrogênio da m atéria orgânica verde po­
de ser lixiviado, se o campo não estiver ainda cultivado. Por outro lado, a
principal fase da decomposição deve ter passado na época do plantio, porque
a germinação é comprometida pela fermentação da massa orgânica.
Esta prática é especialmente importante em pomares, cafèzais e outras
culturas perm anentes (B A U E R , H A R L E R , M c C A L L A ).

Até o início da florescência existem, nas plantas novas, as proteínas em


forma de amidas. P a r a muitos microrganismos, as substâncias orgânicas ni-
trogenadas podem ser tanto fonte de nitrogênio, como de energia. Sabemos que
as bact;rias têm preferência pelo nitrogênio orgânico. Pequenas quantidades
sãc-lhes úteis, porém quantidades maiores possuem influência danosa, porque
formam ácidos carbônicos, que baixam radicalmente o pH, o que, por sua vez,
dificulta o desenvolvimento das bactérias. Mas, tam bém acontece, das bacté-
rios absorverem em lugar de nitrogênio, o carbono. Esta preferência dos m i­
crorganismos é nítida quando o nitrogênio existe em forma de aminoácidos,
que têm de ser desam inados antes de serem aproveitados pelos micróbios.
N ão é raro que u m a fonte de carbono, geralmente se trata de carboidratos,
proteja o quelato nitrogênico da decomposição. Somente na ausência de car­
boidratos, os microrganismos utilizam composições orgânicas de nitrogênio p a ­
ra a sua alim entação e como fonte de energia. O amoníaco ( N H 3) constitui so­
mente um produto da decomposição de m atérias nitrogenadas, porém, os m i­
crorganismos, usando prim eiro os carboidratos como fonte de energia, podem
reassimilá-lo, competindo, assim, com os vegetais. D O R Y L A N D definiu a
amcnificação do solo como: «a expressão da desequilibrada proporção de ali­
mento p ara os microrganismos, onde o nitrogênio existe em excesso no balanço
nitrogênio : energia (ca rb o id ra to s)». Q u a n d o as substâncias fornecedoras de
energia existem relativam ente em maior qu antidade do que estas que fornecem
nitrogênio, a formação de amoníaco é, pràticamente, nula.
D epende tam bém da relação das substâncias que fornecem energia e
nitrogênio, se as bactérias são beneficientes ou danosas para os vegetais. Se,
por exemplo, excede o m aterial carboidrático, os microrganismos recorrem às
fontes de nitrogênio m ineral do solo, provocando assim um a falta aguda dêsse
elemento. Ocorre isso, caso adubarm os com palha, bagaço etc. Mas, caso h aja
pouc'o carbono à disposição, as Rhizobacter, simbiontes das leguminosas, re­
correm à decomposição das próprias am inas da p la n ta viva, prejudicando-a se­
riamente e até podendo matá-la.
Vemos pois, que a relação entre C : N é de m agna im portância. Esta
proporção destina a velocidade da decomposição; q uan to mais larga fôr (na
palha pode ser até 2 0 : 1 ), tanto mais é certo que os microrganismos procura­
rão outras fontes de azôto, geralmente inorgânico (Em plantas novas esta re­
lação pode ser 4 : 1 ) .
104 FIXAÇÃO DE NITROGÊNIO

A decomposição da matéria orgânica, especialmente das proteínas, é


diferente segundo a idade da planta, porque a mesma existe na planta nova
em forma de amina, na planta velha como proteína.
Dez dias após a incorporação de plantas m adu ras no solo, acontece
um a aproximação da proporção 0 2 : C '0 2 , e pela prim eira vez podemos en ­
contrar N O j na terra.

A adubação verde é decomposta:

no clima tropical ........... 1 0 0 % em 6 semanas


no clima subtropical . . . 1 0 0 % em 1 0 semanas
no clima temperado . . . . 1 0 0 % em 1 2 semanas (no verão)
(Z E IL IN G E R ).
F IX A Ç Ã O DE A Z Ô T O PEL O SOLO, V IA F Í S I C A :

Constatamos um aumento de 0,1 a 0 ,2% de nitrogênio no solo pela


fixação de azôto atmosférico em forma de amoníaco, nitritos, nitratos e compos­
tos orgânicos nitrogênicos. Tais substâncias hidrossolúveis entram no solo pela
água pluvial ou pela simples adsorção. Êste processo, porém, é insignificante.
(W A K SM A N ).

F I X A Ç Ã O DE N I T R O G Ê N I O P O R M I C R O R G A N I S M O S NÃ O
S IM B I O N T E S :

B E R T H E L O I mostrou, em 1885, que uma terra viva exposta ao ar,


acusa um nítido aumento de nitrogênio. Sugeriu a natureza biológica dêste
processo. Foi, naquela época, uma descoberta fenomenal e, por isso, ferozmente
combatida pela ciência contemporânea. W I N O G R A D S K Y , em 1891, conse­
guiu responsabilizar a bactéria anaeróbia, Clostridium pasteurianum, por êste
aumento, dependendo porém, a fixação dum a fonte de energia, quer dizer da
presença de humo. Existe um a relação definida entre o suprimento bacteriano
em carboidratos e o azôto fixado, que é de 10 a 1. F o ra o clostrídio, existem
também outros microrganismos anaeróbios que possuem a qualidade de fixação,
como os Plectridium, o Bcic. saccharobutyricus e vários bacilos da família dos
Clostridium butylicum. •

Em 1901, descobriu B E I J E R I N C K a fixação de nitrogênio por bacté­


rias aeróbias, as Azotobacter, criando, com isto, fama.
O K U D A verificou a maior fixação de N pela Azotobacter, quando em
convivência com outras bactérias.
BJÄLFVE afirm a que, também a midrofauna, especialmente a alga
Nostoc calcicola, em conjunto com o Bacterium megatherium e o fungo Strep-
tomyces albus elevam altamente a fixação de N. Isso significa que quanto
mais variada a microvida, tanto melhor a fixação de N, pelas bactérias não
simbiontes. Em solos pobres, não haverá, conseqüentemente, quase n en hu m a fi­
xação de N atmosférico.
FIXAÇÃO DE NITROGÊNIO POR SIMBIONTES 105

B E C K iN G , revela que, em terras tropicais, especialmente em Latosois,


onde o pH é baixo (a Azotobacter exige pH 7 ) e o teor em Fe, Al e Ti é
alto, a exigente Azolobacter é substituída pela modesta Bacteria beijerinckia.
Aí, um a calagem não anim a rá a fixação de N, porque o GO exerce um efeito
inibitivo sôbre a Bacteria beijerinckia.
Segundo D Ü G G E L I, um gram a de terra contém 100.000 Clostridium
pajfeu rianum e somente 5 a 10.000 Azofobzcfer, tendo o clostrídio a vanta-
gem de desenvolver também em terras bastante ácidas. A importância da
Azotobacter encontramos no fato de poder assim ilar não somente amoníaco, mas
também nitratos e compostos simples de aminas. O desenvolvimento da Az ol o­
bacter no solo é controlado pelo pH ( 6 - 8 ), a abundância de matéria orgânica,
a disponibilidade de fosfatos e pela presença de antagonistas. Costuma-se, na
Rússia, inocular a terra com Azotobacter.
D R E W S descobriu também a capacidade da fixação de azôto atmos­
férico na alga verde-azulada, especialmente nas espécies Anabaena, Nostoc
punctiforme e Nostoc muscorum.

A F I X A Ç Ã O DE N I T R O G Ê N I O P O R B A C T É R IA S S I M B I O N T E S
(Bactérias noduladoras)
Unbanded

Fig. 36 — Ciclo vegetative do Bacilo radicola.


(seg. T H O R N T O N ) .

Já os antigos romanos sabiam da excelente atuação das leguminosas


sôbre o solo, proporcionando melhores rendimentos nas culturas seguintes.
B E R T H E LOT, em 1885, formulou a tese, dizendo que os microrganis-
mos do solo seriam responsáveis pela fixação de azôto atmosférico.
S C H I N D L E R , em 1884, constatou a simbiose entre bactérias e as ra í­
zes de leguminosas. H E L L R I E G E L e W I L F A R T H , em 1886, conseguiram pro-
106 SI MB IO N TES

var a habilidade das leguminosas de se aproveitar de azôto atmosférico, graças


aos microrganismos simbiontes nas raízes.
Por B E I J E R I N C K , foi isolada, pela prim eira vez, u m a bactéria nodu-
ladora e criada «in vitro» ( 1 8 8 8 ). Hoje, classifica-se esta bactéria n a família
das Eubacterineas do grupo R hi z o b i u m legumi nosarum Frank. ( F R A N K ) .
S C H U L Z -L U P IT Z descobriu um rendim ento m aior de cereais, quando
plantados depois de tremôço (Lu pi nu s a l b u s ) , que aum entou, consideravel­
mente, o teor nitrogênico do solo.
O R hi z ob i um radicicola Beijerinck possui 3 p de comprimento e 0,5 p de
largura. É móvel, peritríquio, às vêzes, porém, só monotríquio. N a c u l tu r a l
«in vitro», formam-se colônias brancas, com superfície viscosa. E ncontra o seu
«optimum» de tem peratura a + 2 5 <>C, é espalhado pelo vento.
Cham am -se Rhizobacter, tôdas estas bactérias, que entram nas raízes, I
e nunca passam para outras partes da planta, formando, ali, pequenos nódulos I
de formas específicas à planta. V ariam elas, do tam anh o dum grão de sorgo, 1
até o tam anho dum feijão de mucuna. Geralmente, cada leguminosa possui um a i
própria raça de bactérias, mas acontece também, de diversas raças formarem I
nódulos num a raiz, porém nunca encontramos raças diferentes no mesmo nódulo. 1
Conhecemos, até hoje, cêrca de 20 grupos diferentes de Rhizobacter, 1
próprios à alfafa, ervilha, ervilhaca, ao feijão, trifólio, tremôço, etc.
Tôdas as plantas, capazes de formar nódulos, possuem elevada e x ig ê n -1
cia em molibdênio, ( H E W I T T ) , por causa das bactérias noduladoras que n e - 1
cessitam dêste elemento para a fixação de nitrogênio. Algumas plantas neces­
sitam de maiores quantidades de boro, como, por exemplo, a Vicia faba que I
não forma nenhum nódulo se o abastecimento dêste nutriente não fôr ade­
quado. O utras plantas necessitam maiores quantidades de cálcio para a nodu- j
lação, como, por exemplo, a alfafa ( Medicago sativa) cujo crescimento é ótimo, 1
mesmo em terrenos ácido?, se dispuser de suficiente cal. Esta cultura é igual- j
mente sensível à falta de enxofre. O pH do solo não influi na nodulação de I
nenhum a leguminosa. Especialmente nos climas tropicais e subtropicais, as le- j
guminosas têm boa nodulação em terras ácidas, se o abastecimento em cálcio I
fôr regular. (Por exemplo, a soja). M ostra isso, mais u m a vez, q uanto é errô- \
nea a concepção de atribuir ao pH dem asiada importância. N ão é o pH que I
influi sôbre o desenvolvimento vegetal, mas sim a facilidade ou dificuldade de I
absorver determinados nutrientes. (W A K S M A N , R U S S E L L , V I R T A N E N ) . I

Como vemos, o melhoramento da terra pela leguminosa se dá, somente, I


quando as condições de vida são favoráveis. Por outro lado, os benefícios d a 1

fixação de nitrogênio podem ser grandes. U m nódulo dum a raiz sadia de 1


Medicago sativa fixa, diàriamente, 1 0 0 mg de azôto, o que corresponde a 1,36 I
vêzes do seu próprio conteúdo em nitrogênio. Tôdas as Rhizobacter têm a for­
ma nítida de bastonetes, quando novas, e dem onstram formas ramificadas, pa- 1

recendo um X ou Y, quando velhas. Estas formas denominamos de «bacter- |


óides». Trata-se, aqui, do estado de fixação de nitrogênio e da seguinte involu­
t e , quer dizer da digestão das bactérias pela planta. Esta fornece energia às |
O PROCESSO DA MODULAÇÃO 107

bactérias, no estado juvenil, e digere-as, depois, p ara poder retirar o nitrogênio


arm azenad o d u ra n te a .sua vida (alg um as h o r a s ) . ^ s te tipo de convivência
chamamos de « S I M B I O S E V E R D A D E I R A » . As leguminosas estão abso lu ta­
mente capacitadas a absorver também nitrogênio mineral e, caso o encon tra­
rem suficientemente n o solo, n ã o form am nódulos ( C A R T W R I G H T ) . Mas
também, não form am nódulos, se aquêle faltar por compléto. N o entanto, se o
desenvolvimento da legum inosa fôr deficiente e o seu abastecimento em car-
boidratos fôr perturbado, os simbiontes benéficos tornam -se parasitas, d e stru in ­
do a p la n ta ç ã o ( F R E D , B A L D W I N , M c C O Y ).

R U S S E L L é d a opinião que as Rhizobacter sempre entram , como p a ­


rasitas, n a raiz e, se e ncontrarem condições favoráveis, vivem, com ela, em
simbiose. A ineficiência de m uitas linhagens, em plantas impróprias, deve-se
t ao fato de que a raiz, no m om ento da infecção, solta tóxicos, que destroem as
bactérias. As Rhizobacter, de diversas linhagens, produzem nódulos efetivos
n u m a planta, m as inefetivos em o utra ( B J Ä L F V E ) .

PR O C ESSO DE NODULAÇÃO

Fig. 37 — N ódulo em fo rm ação (R U SSELL).


108 A MODULAÇÃO

Fig. 38 — M eristem a rad icu lar cheio de b actérias n o duladoras (RUSSELL)

A formação de nódulos não é só específica às leguminosas. Conhece­


mos um a série de árvores, estranhas à família das leguminosas, que formam
nódulos com maior eficácia que as próprias leguminosas, como, por exemplo,
várias espécies de Elaeagnaceae, Bétulaceae e Rhamnaceae.

U m a experiência com vários tipos de plantas, expostas a um excesso


de N15, mostrou o seguinte quadro:

PL A N T A Aumento em % de nitrogênio
em forma de átomos normais

T 7i f ol iu m............................. 0,329 (legum.)


A l n u s .................................... 1,086 (não legum.)
Mijrica............................... 0,492
Casuarina.......................... 1,464
Shepherdi a.......................... 0216

Observou-se a inibição da formação de outros nódulos, n um certo raio


dos nódulos presentes. Q u a n to mais rápido o crescimento do vegetal, tanto
mais forte esta inibição. Mas devemos lembrar sempre, que também em a u ­
sência de molibdênio, não há formação de nódulos, nem fixação de nitrogênio.
(H E W IT T ).
As Rhizobacter não se encontram somente nas raízes das diversas p la n ­
tas, mas também na terra, onde podem sobreviver, sem hospedeiros, durante
anos : Agrobacterium radiobacter. ( N I C O L ) .
Por quimiotaxia as bactérias são atraídas pelas raízes. As excreções ra-
diCulares de C a H P 0 4, etc., provocam um aumento rápido de Rhizobacter na
rizosfera. A infecção acontece primeiro nas pontas das raízes novas e nas
pontas dos cabelos. As bactérias soltam muco, ligando assim primeiro o cabelo
A NODULAÇÃO 109

radicular consigo, U m aglomerado de bactérias chega até a ponta do cabelo,


que se enrola. Perto do lugar, agora deformado, as bactérias entram no cabelo
radidular, form ando imediatamente fios mucosos. A formação de nódulos é
um a qualidade própria, somente atribuída às rizóbias d 0 tronco ( M c C O Y ) .

Fig. 39 — Diversos tipos de nódulos (RUSSELL).

Fig. 40 — N ódulos ilegítim os e inefetivos (RUSSELL).


110 LINHAGEM DE RHIZOBACTER

A planta é um fator im portante n a nodulação, porque esta qu alidade é


geneticamente decidida ( N U T M A N ) .
As bactérias migram dois centímetros, por dia, dentro da raiz. O seu
muco contém substâncias químicas, por enquanto desconhecidas, altam ente ir­
ritantes às m em branas celulares das raízes. Estas incham e, somente agora, os
microrganismos podem penetrar no meristema radicular. Por outro lado, esta
irritação incentiva a divisão celular, formando, finalmente, pequenos tumores,
os nódulos, que hospedam várias centenas de Rhizobacter ( P U R C H A S E ) .
A época da infecção depende do estado de desenvolvimento da planta.
Somente a p artir d um a certa idade, a raiz vegetal segrega a sua substância ca­
racterística. Ocorrem muitas infecções de cabelos radiculares, mas poucos de­
senvolvem nódulos. No m om ento em que aparece o primeiro nódulo, o n ú m e ­
ro de infecções decresce, ràpidamente. E quanto m aior um nódulo, tanto maior,
também, a distância entre êles. Q u a n d o a raiz p ára de crescer, também cessa a
formação de nódulos. Células recentemente infectadas contêm, quase exclusi­
vamente, bactérias em formas de bastonetes e cocos. Somente as mais antiga-:,
contêm bacteróides; estas formas ramificadas, são capazes de fixar nitrogênio
pouco antes de morrer, sendo, em seguida, digeridas pela planta. As células
que contêm estas formas de bactérias são sempre ricas em hemoglobina.
(R U SSE LL , W A K S M A N , Z E I L I N G E R ) .
Os bacteróides tiram as suas energias dos carboidratos vegetais. A
planta pode suprir a sua exigência total em nitrogênio através dessas bactérias.
A partir da florescência do vegetal, as paredes celulares são atacadas
pelas bactérias, os nódulos se encolhem e se esvaziam. Cessa o fornecimento
de carboidratos e, com isso, a possibilidade de vida das bactérias simbiontes.
Os nódulos se decompõem e as bactérias liberadas entram, de nôvo, no solo.
Apesar da possibilidade de várias linhas de bactérias estarem aptas a
formar nódulos nu m a raiz, existe, geralmente, um a raça específica que é a
mais eficiente. Esta especificação das Rhizobacter determina o fato da a u sên ­
cia de certas linhagens dessas bactérias em terras a ind a n ã 0 cultivadas. P r a ­
tica-se, portanto, a inoculação da semente. (N U T M A N ) .
Ao lado das linhagens ativas de Rhizobacter existem, também, raças
inativas. Esta inatividade se demonstra pelo fato da curta vida dos nódulos
formados. Eles se desfazem depois de 10 a 15 dias, enquanto as das linhagens
ativas perduram , em média, 2 meses. P ara a simbiose benéfica, necessitamos
um a relação exata entre C : N. A assimilação de gás carbônico é tanto maior,
quanto maior fôr a insolação e a concentração externa do gás.
Foram feitas experiências, juntando carvão à terra, resultando disso
um decrescimento do núm ero de nódulos, porém um aum ento considerável no
tamanho. É difícil acreditar que as plantas possam utilizar carvão no supri­
mento de suas exigências em carboidratos. Porém, considerando o efeito tóxico
de algumas excreções radiculares de outras plantas, com forte efeito inibitório
sôbre a infecção das raízes de leguminosas, e portanto, impedimento da form a­
ção de nódulos, é pois óbvio, o efeito absortivo do carvão, que n eutraliza a
toxidez dessas excreções. (JE N S E N , W I L S O N , D A V Y ) .
A longevidade dos nódulos depende das condições fisiológicas da planta,
da um idade do solo, da raça das bactérias e de possíveis ataques de parasitas.
RIZO BACTER E BACTERIÔFAGOS 111

Assim, por exemplo, êles morrem sempre que a planta anual co-
mece a florescer, ou se a planta é ceifada ou pastada; o pastoreio permanente
acaba com tôdas as ervas, que se m ultiplicam por sementes e que são primeiro
as gramíneas de porte alto e depois, também, as leguminosas (K L A P P ) .
Os bacteriófagos atacam sempre um a determ inada raça de bactérias no-
duladoras sòmente, e causam, portanto, em culturas contínuas de leguminosas,
o cansaço da terra para com esta cultura (A L L E N ). No entanto, isso depende]
por sua vez, da robustez da própria plan ta hospedeira que, quando é boa for­
necedora de cárboidratos, pode fazer resistir as bactérias noduladoras por m ui­
to tempo aos ataques de bacteriófagos.
K L E C Z K O W S K A encontrou, em todos os solos, bacteriófagos para as
Rhizobacter, mas constatou que sòmente em poucos casos êstes as prejudicaram.
Foi possível «curar» um solo do seu «cansaço» para com certa legumi-
nosa, isto é, evitar um ataque prejudicial dos bacteriófagos, mas não foi pos­
sível exterminá-los. Isso mostra, claramente, que a existência de um fago de
R hi z ob i um não significa, ainda, prejuízos à cultura.
O prejuízo ocorre, sòmente qu and o as plantas hospedeiras das R h i z o ­
bacter são enfraquecidas por condições adversas (solos pobres, pouco arejados,
com pouca microvida a e r ó b ia ) , não podendo proteger as suas Rhizobacter do
ataque dos fagos que vivem em m uitas delas. Sabe-se que os fagos só se m u l­
tiplicam dentro da bactéria viva ( R U S S E L L ) , sem prejudicar a mesma, e sò­
mente lisa a bactéria q uando esta é mal nutrida.
Como K A T Z N E L S O N , tam bém S T A R K E Y mostra, que as R hi zo bi um
tornam-se fàcilmente resistentes a fagos, porém, neste caso, m udam tão com­
pletamente que se convertem de raças inefetivas em efetivas (D E M O L O N ).
Sabemos que a insolação, geralmente, aum enta a assimilação de gás car­
bônico. Porém, existem também plantas, como, por exemplo, a soja, que pre­
ferem dias com pouca intensidade de luz.
P lantas novas de leguminosas m ostram «fome», em terras pobres em
nitrogênio mineral.
Isto, também está ligado à relação C : N, mas n ão está ainda, bem
esclarecido. Sabemos sòmente, que a leg-hemoglobina existente nos nódulos,
tem relação com a fixação de nitrogênio e atua no sistema" redutório.

B IB L IO G R A FIA

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CAPÍTULO IV

O U T R A S F O N T E S D E N IT R O G Ê N IO
P A R A O S M IC R O R G A N IS M O S

URÉIA ............................................................................................................ 117


CALCIOCIANAMIDA ................................................................................. 119
REDUÇÃO DE NITRATOS E DESNITRIFICAÇÃO ......................... 120
COMPOSTOS DE AMONÍACO E AMIDAS ........................................ 123
DESNITRIFICAÇÃO ................................................................................. 123
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................... 125
:
:
O U T R A S F O N T E S DE E N E R G I A P A R A OS 117
M ICRORGANISM OS

U R É IA

O produto final das transformações de nitrogênio no corpo animal é a


uréia. N o homem constatamos 2 ,4 % de uréia, 1,0% de ácido hipúrico e 0 ,04 %
ácido úrico na urina.
A decomposição da uréia se dá pela hidrolisação e é a seguinte:

c 0 + 2 H, 0 — » (N H.), C O,
\ NH
O processo é exotérmico. O carbonato de amônio é pouco resistente e se
cinde quase imediatamente em

( N H J . C O , -----> C 0 2 + 2 N H3 + H 20
Os micróbios que decompõem a uréia, resumimos no grupo de Urobac~
ter. Mas, alguns destes não podem utilizar a uréia como fonte de energia. N e­
cessitam ao mesmo tempo um a fonte de carboidratos orgânicos. N a hidrólise,
o carbono é liberado como gás carbônico ( C 0 2 ).
A absorção do carbono como C O , exige, porém, um a grande quantidade,
de energia. (W A K S M A N , Z E I L I N G E R ) .

A D E C O M P O S I Ç Ã O DE Á C I D O Ú R I C O E Á C I D O H I P Ú R I C O

Êstes ácidos encontram-se em grandes quantidades nos excrementos de


pássaros e répteis.

O processo de decomposição é o seguinte:

NH - CC
iN H.
CO C - N K
I II CO * o * M, 0 C O , ‘ CO (V -
NH ♦ C - N K
I 1
N h - Ç H - N M
co
ceto-ácido úrico alantoína

A alantoína é decomposta, em seguida, por Pseudomonas, que se apro­


veitam da energia liberada neste processo, resultando uréia e ácido glioxílico.

D E C O M PO SIÇ Õ E S

/N H , C O H
C = O e
\ N H, C O O H
uréia ácido glioxílico
118 DECOMPOSIÇÃO DA URÉIA

N a decomposição definitiva de uréia recebemos C 0 2 e N H 4 . A uréia é


utilizada, portanto, pela m aioria dos microrganismos, ao mesmo tempo, como
fonte de carbono e nitrogênio.

N ão existe um grupo de microrganismos específicos para a decomposi­


ção da uréia. Tam bém o ácido hipúrico serve para muitos microrganismos co­
mo fonte de C e N.

Decompõe-se em glicina e ácido benzóico, pela hidrolisação do ácido


hipúrico, mediante enzimas microbianas.

( c* H ; } — C O — NM — C H j - C O O U ♦ —

ácido hipúrico

) C 0 0 H «■ N H j C H . C O O H *

ácido benzóico glicina ou glicocola

D a glicina dissocia-se, em seguida, N H g , e produz ácido acético, qué


oxida até ficar reduzido a C O $, segundo a fórmula:

♦ Ha + 20a
-------------- NH, ♦ C H , COOH » ZH. O »zCOi

desaminação ácido acético (W A K S M A N )


Mais lenta é ain da a decomposição das proteínas superiores, como da
quitina,, que é um polissacarídio nitrogenado, encontrado em cogumelos e nos
insetos (asas de besouros). — N a fermentação, m atu ração e decomposição de
estrume, sempre perde-se considerável qu antidade de NH, .
Em qualquer estação do ano, encontramos na terra microrganismos,
que cindem uréia e ácido hipúrico. N a estação fria, existem, antes de
tudo, microrganismos criófilos, como o Micrococcus ureae, que existe como
Mono, Diplo e Stafilococcus. Tem o diâmetro de 0,8 a l p e necessita de um
ambiente aeróbio, porém, não é exigente em 0 2 . O p H exigido pelo Urobacillus
pasteurii é entre 7,6 a 8,1.

^ as estações quentes, a decomposição é feita, na sua maioria, por ba­


cilos, como Proteus, Escherichia coli, as variedades de P s e u d o m o n a s
(fluorescentes). Estas provocam um a decomposição muito rápida. Tam bém
bactérias termófilas tomam parte na decomposição dessas matérias.

Entre 0 8 bacilos esporogênicos, temos de mencionar o Bac ■ pasteuri


Miguel Chester. E um bacilo m uito curto, aeróbio, capaz de produzir a enzima
urease. O «optimum» dessa enzima é 50?C, enquanto o próprio bacilo encontra
o seu «optimum» a 30-C. ( Z E I L I N G E R ) .
DECOMPOSIÇÃO DA URÉIA E DA FARINHA DE SANGUE 119

Tam bém os actinomicetos e fungos d a espécie Mucor tomam parte nesta


decomposição. N a natureza, encontramos enormes depósitos de estrume de aves,
que se form aram d u ra n te milênios nas costas áridas da América Latina. É o
cham ado «guano» que contém grandes quantidades de ácido úrico. O «guanina».
contido neste estrume, se decompõe em:

NH — CO
N Hi “ C C - N H x 2H1 0 / N H l

forma enolar de gu a n in a guanidina ureia

Caso adubarm os com estrume, adubação verde ou outros adubos orgâ­


nicos, como farinha de carne, farinha de sangue, não aplicamos um nutriente
vegetal, mas sim um alimento microbiano, quer dizer, fornecemos para cs micro-
sêres da terra o m aterial que êles necessitam para a sua vida. Somente o pro­
duto final do metabolismo m icrobiano é o nutriente vegetal, faltando, portanto,
o efeito do adubo orgânico em solos mortos.

A decomposição da farinh a de carne é um simples processo de putrefa­


ção que pode ser aeróbio ou anaeróbio. Os microrganismos anaeróbios são
Clostridium lentiputrescens e Cl. sporogenes. Sob condições aeróbias as varie­
dades Proteus, Micrococcus, Escherichia coli e Pseudomonas são ativas.

N a farin h a de sangue temos semelhantes processos de putrefação, porém,


predom inam nestes as aeróbias, especialmente as Pseudomonas fl. putidus,
Serratia marcescens (bactéria m iraculosa que, sob baixas temperaturas, forma
colônias de côr vermelha) actinomicetos e fungos.

P a ra farinha de peixe temos os mesmos processos, porém, devido ao


alto teor em graxas, a putrefação é m uito lenta. F a rin h a de ossos e farinha de
chifres sofrem lenta decomposição e, sob condições anaeróbias, podem conservar-
se, dura n te anos, intatas no solo. ( Z E I L I N G E R ) .

C A L C I O C I A N A M I D A ( C a C N ,)

Como adubo, é u m produto perigoso, porque a tua como forte


ervicida. Sua aplicação necessita ser feita com suficiente antecedência ao p la n ­
tio ( 8 a 1 0 sem anas) e depende a sua decomposição a ind a m uito da atividade
microbiana da terra. O produto, porém, u m a vez decomposto, é um nutriente
formidável. N a decomposição de CaCN., apresentam-se vários produtos inter­
mediários.

A cianam ida é fàcilmente deeomponível formando N H 4 O C N (cianato


de amônio) e se transfo rm a finalmente em ( N H 4 ) 2 C 0 3 (carbonato de a m ô n io ) .
120 REDUÇÃO DE N ITRATOS

No solo, êste processo não é tão fácil. Segundo R I P P E L , o processo se


dá da seguinte maneira:

C a N C N + 2 EÇO --------> C a ( O H ) , + N H Ç C N
cálcio-cianamida cianam ida

hi
N HaCN + H zO ■— ►C O -r-+ C N h ^ j l C O , — ► CO,* 2 N H , ‘ H , 0

Vemos então que a uréia formada se decompõe de nôvo, d an do como


produto final gás carbônico, amoníaco e água.
Entram os microrganismos somente mais tarde neste processo da decom­
posição de C aC N j , porque, no início, êstes também sofrem a ação venenosa.
Especialmente "s Proteus e Pseudomonas fl. putidus, e o Bac. megatherium,
tomam parte neste processo. ( H O S K I N S ) .

Fig. 41 — Bac. megatherium a) Células no­


vas com flagelos; b) Células novas em cadeia;
c) Células velhas; d) Esporos.

REDUÇÃO DOS N IT R A T O S E D E SN ITRIF IC AÇ ÃO


Ocorre somente em solos com um pO < 7 ,0 (C A D Y ).

1 — Redução de nitratos: (ou assimilação por m icrorganismos).

Neste processo de redução dos nitratos podem ser formados tanto com­
postos orgânicos Como inorgânicos. O solo não é necessàriamente saturado de
REDUÇÃO DE NITRATOS 121

água, p ara oferecer condições anaeróbias. W I N O G R A D S K Y dem onstrou que,


mesmo com 4 0 % de saturação em água, as bactérias anaeróbias podem encon­
trar, nu m solo decaído, ótimas condições de desenvolvimento.
Q u a n to m ais deficiente o arejam ento do solo, quer dizer, q u a n to mais
duro e q u a n to menos poroso êle é, tan to melhor a redução e desnitrificação.
0 desaparecim ento de nitratos resulta da atividade de microrganismos
e pode ser:

1 — porque u sam os nitratos como fontes de nitrogênio,


2 — porque reduzem os nitratos p a ra nitritos e am oníaco no processo
da assim ilação de nitratos,
3 — porque usam os nitratos Como fonte de oxigênio, para oxidar com­
postos de carbono para substâncias inorgânicas. (W A K S M A N )

Nestes processos de redução e assimilação de nitratos, não se perde n i­


trogênio; êle é tem p oràriam ente pôsto fora de circulação.
N a própria desnitrificação, porém, perde-se o nitrogênio. Q u a n to mais
completa a redução dos nitratos, tan to mais oxigênio torna-se disponível para
os micróbios e tanto maior, conseqüentemente, a q u a n tid a d e de carbono que
pede ser oxidado, quer dizer, tanto mais energia aproveitável acha-se à dispo­
sição dos microrganismos. (A R N O L D , B R E M N E R , S H A W ) .

A qualid ade dos microrganismos, de reduzir nitratos, já foi observada


em 1868 por S C H Ö N B E I N . São responsáveis, especialmente, os m icrorganis­
mos:

Fig. 42 — Aspergillus (seg. W A K S M A N ) .

Aspergillus glaucus
Aspergillus niger
Mucor racemosum

As bactérias de tipo bacilo e Pseudomonas não estão aptas a reduzir


nitratos.
122_________QXIMA NA DECOMPOSIÇÃO DE PROTEÍNAS____________

Aprovaram-se, como muito bons redutores, as seguintes bactérias que


usam Hg na «nitrat-reductase», usando as anaeróbias N 0 3 , en quanto as aeró-
bias continuam ccm a redução de N H g .

Serralia marcescens
Serratia rosea (Bact. myxoi des)
Flavobacter dif us u m
Flavobacter denitrificans
Escherichia coli
Celulomonas biacotea
Celulomonas rossica
Celulomonas aurogenes
Streptomyces cellulosae
Streptomyces parvus, Str. diastaticus, Str. griseus (que produz
«estreptom icina»), Str. scabies (sa rn a da b a ta tin h a )
Aerobacter aerogenes
Clostridium anaerobium
Actinomyces (Z E IL IN G E R ).

Pela redução desaparecem os nitratos ( N O s ) do solo, mas podem ser


de nôvo produzidos.
A redução de nitratos é um processo em que se g an ha energia tran sfo r­
m ando N 0 3 em formas de fácil assimilação. Porém, somente de 3 a 6 % de
salitre são reduzidos. O teor total das bactérias em proteínas representa 50 a
/ 5 % da substância sêca. Isso porém, oscila muito, segundo a alim entação das
mesmas. Os quelatos azóticos n ã o precipitáveis, como, por exemplo, amino-
ácidos, pràticamente, não encontramos em bactérias ativas e vivas. Êstes são
segregados no solo pela autólise, como produto intermediário, em q uantidade
determinada.
Do teor protéico das bactérias, pertencem 25 a 4 0 % , às núcleo-proteínas,
que não são somente as portadoras das qualidades hereditárias mas têm tam ­
bém papel im portante na síntese das proteínas.
Como já explicamos, várias linhas de bactérias — Rhizobacter, Azoto-
bacter, Clostridium, etc. possuem a qualidade de se aproveitarem do azôto
atmosférico para a formação de suas proteínas, reduzindo primeiro N H . para
NH .
A senda n a redução de compostos orgânicos de nitrogênio vai desde a
ação de hidroxilam ina sôbre o alfa-ceto-ácido que se transform a em oximas e
estas finalmente em aminoácidos, (o grupo de oxima é C : N O H e, considera-se,
por isso, a oxima geralmente como derivado de aldeídos ou cetonas) ( A R N O L D
GERRETSEN, L O E W E N ST E IN ).
Na redução de fungos, bactérias e plantas superiores o molibdênio ocupa
um lugar destacado. N ão há redução de N O g se n ão existir molibdênio no solo.
E não existe redução de N O , se faltar o manganês. Sabemos hoje que a redu-
ção de nitratos não é feita somente por bactérias e fungos, mas tam bém em
A DESNI TRI FI CAÇÃO_ 123

grande escala pelas algas. Pode-se extrair da Chlorella apreciável porcentagem


de manganês. Sabemos de outro lado que esta alga é um poderoso redutor. É
isso pois, um fator im p ortan te porque todos os microrganismos usam com maior
facilidade N H g e N H 4 e com menos facilidade nitratos. Alguns deles usam
amcnio como fonte de hidrogênio (H ) e não de nitrogênio ( N ) , como acon­
tece na redução pelas bactérias Azotobacter, Aerobacter, Proteus e Clostridium.
Tôdas estas bactérias são, como sabemos, fixadoras de nitrogênio. No decorrer
da assimilação de nitratos, o excesso dêstes é reduzido a nitritos ou amoníaco,
conforme as bactérias e os compostos nitrogênicos presentes. ( W A K S M A N ) .

C O M P O S T O S DE A M O N Í A C O E A M ID A S

Êstes compostos podem ser utilizados pelos microrganismos diretamente


para a composição de suas proteínas. N ão sabemos ainda se os aminoácidos
têm de ser sempre desam inados e que somente depois o amoníaco é utilizado
ou, se existe tam bém u m a utilização direta dêsses ácidos pelos microrganismos.
Existe a regra que microrganism os aptos a utilizar simples compostos inorgâ­
nicos tam bém podem usar complicados compostos orgânicos. Assim, por exem­
plo, a fixadora de nitrogênio, Azotobacter, é capaz de utilizar todos os compos­
tos de nitrogênio, e até proteínas. Explica-se isso, pelo fato de que cada orga­
nismo vivo tem de construir as suas proteínas. Porém, a decomposição dêsses
compostos parece bem mais difícil. Assim, os «decompositores» de amidas são
pràticam ente impossibilitados de u sa r compostos inorgânicos de nitrogênio.
(Z E IL IN G E R ).

D E S N IT R IF IC A Ç Ã O

É a redução de nitratos p a ra N atmosférico, que se perde.

0 conhecimento das causas de desnitrificação é de grande im portância


para a lavoura, porque perde-se aqui, anualm ente, grande qu an tidade de nitro­
gênio. Vê-se claramente, que isso acontece só em solos :
a) decaídos, com deficiente arejamento,
b) m aciçam ente adub ad os com estrume,
c) em pastos recém lavrados, m antidos sob culturas «a limpo».
Portanto, é de interêsse do lavrador evitar essas perdas desnecessárias,
que somam-se às perdas pela lixiviação (tam bém em solos biologicamente in a ­
tivos) e pela remoção pelas safras, que é a única perda produtiva.

A desnitrificação é feita por enzimas no corpo dos microrganismos.


Neste processo libera-se azôto elementar, que sim plesmente se volatiliza.
É uma perda efetiva de N, ao contrário do N «perdido» na redução, que é as­
similado pelas plantas. T am b ém a formação de gás h ilariante (N_, O ) , óxido
nitroso, que é form ado por falta de u m id ade na terra, enquadra-se neste setor.

1 — Desnitrificação.
2 — Dissociação de N na decomposição de m atérias orgânicas.
124 A DESNITRIFICAÇÂO DIRETA

Especialmente as bactérias desnitrificantes B. nitroxus e B. stutzeri,


como também a Fseudomonas aeruginosa, produzem maiores q uantid ad es em
N 2 O durante a desnitrificação. Êste nitrogênio é volatilizado e constitui uma
perda efetiva para o solo. Existem, porém, substâncias que inibem a formação
de nitrogênio elementar como, por exemplo, cianeto de potássio.
A desnitrificação é feita por bactérias comumente aeróbias, sob condi­
ções anaeróbias. Como condições aeróbias favorecem a oxidação, condições
anaeróbias favorecem processos de redução. O processo é, pois, o seguinte:

2 KNO3 + 2 C — > NsO -h K2C0 3 + C0 2


salitre
2 KN0 2 + C — > N20 + K2C0 3
nitrito de potássio
2 N20 + C — > 2 N, - f C 0 2
óxido nitroso

O nitrogênio, em forma de óxido nitroso, pode ser produzido em grande


quantidade, quando existe um a alta concentração de nitrogênio. U m outro
produto de desnitrificação é o hiponitrito que facilmente se decompõe em óxido
nitroso e um a base. N ão há formação de oxigênio livre. Porém, como N 2O li­
bera facilmente 0 = , outras bactérias que vivem junto com as bactérias
desnitrificantes, podem aproveitar-se do oxigênio, possibilitando, assim, o de­
senvolvimento de bactérias aeróbias sob condições obviamente anaeróbias, por
exemplo, de bactérias que decompõem celulose.
Como vemos, n a fórmula esquemática dêste processo, as bactérias des­
nitrificantes necessitam de um a fonte de carbono. A única exceção, é o Thio-
bacter denitrificans, que se serve de enxofre em lugar de carbono, formando
até ácido sulfúrico no decorrer do processo. <
Como fontes de carbono, servem os sais de ácidos orgânicos, açúcares e
álcoois. (R U S S E L L , W A K S M A N ) .
Desnitrificação direta (sob condições a naeróbias). Demora alguns dias.
A modificação do pH para o lado alcalino é específica à desnitrificação, fora
da libertação de nitrogênio elementar em forma de gás. ( V A L E R A ) . O riginam -
se dêste processo sais de ácido carbônico. Mas, no solo, agem logo em seguida
reações antagônicas, sejam elas químicas ou físicas, como a neutralização e
fôrça-tampão, que são m uito mais fortes que a simples acidificação, havendo
pois, o contrabalanço e até a neutralização.

N H 2 -f- H N 0 2 >- OH -|- N2 -j- H 20


ácido nitroso

Ao lado de N, forma-se também N ^ O , C O , e H gO. A desnitrificação


é de m uita im portância na fermentação de estrume, onde pode causar grandes
perdas.
A DESNITRIFICAÇÃO 125

Em terra comum de cultura, bem arejada e bem populada, praticamente


não acontece a desnitrificação, porque falta o requisito mais importante: a con­
dição anaeróbia.
Encontram os sòmente a desnitrificação em terras de cultu ra decaídas,
onde se pode to rn a r um perigo à plantação. Acontece isso qu ando fôr ad ub a d a
com estrum e em demasia, em época m uito ú m id a e, q ua n d o a terra está insu ­
ficientemente arejada, (L A W E S et al.) isso tam bém é verificado em pastos
recém lavrados ( S H U T ) .
N ã o sòmente as bactérias, mas tam bém simples leveduras e fungos, po­
dem provocar a desnitrificação indireta.
N orm alm ente, a nitrificação é bem mais forte de que a desnitrificação.
A desnitrificação direta só pode ser feita por bactérias:
Acromobacter agile
Acromobacter centroponctatum
Acromobacter hartlebii
Acromobacter stutzeri
Acromobacter nitrovorum
Acromobacter filefaciens
A Flavobacter denitrificans e a Pseudomonas aeruginosa sòmente desni-
trificam nitritos ( N O . , ) .

Sob condições aeróbias, formam-se, evidentemente, todos os complexos


de nitrogênio e de amoníaco. É um processo pu ram ente m icrobiano e especial­
mente a cargo dos seguintes microrganismos:
Bacillus cereus,
Escherichia coli,
Proteus vulgaris.
T am b ém é esta a razão por que a adub ação verde desaparece tão ra p id a ­
mente em terras arenosas : é simplesmente oxidada. Por outro lado, também
por causa da oxidação do N H 3, ocorrem as perdas em nitrogênio do estrume.
Isto acarreta o extravio de gran de q u a n tid a d e em nitrogênio na m aturação do
estrume. N a terra, porém, n ão encontram os esta perda real, porque o solo pos­
sui considerável poder adsortivo e absortivo, fixando o am oníaco volátil
(R U SSELL).

B IB L IO G R A F IA

A R N O L D , P . W . J. Soil Sei. 5: 116, 1954.


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C A P ÍT U L O V

T R A N S F O R M A Ç Ã O DE S U B S T Â N C I A S
M IN E R A IS N O S O L O P O R
M IC R O R G A N IS M O S

ADUBAÇÃO QUÍMICA .................................................................................. 129


EN X O FR E ...................................................................................................... 130
FÓSFORO ........................................................................................................ 133
POTÁSSIO ...................................................................................................... 134
FERRO ............................................................................................................ 135
OUTROS N U T R IE N TE S INORGÂNICOS ............................................. 137
O X IG ÊN IO ...................................................................................................... 138
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................ 138
A ADUBAÇÂO Q UÍMICA 129

U m dos problem as mais agudos é o d a adubação química, que é erro­


neamente, ch am ada de fertilização. Os elementos nutritivos são necessários,
p a ra que u m solo seja produtivo, porém n ã o são idênticos com a fertilidade,
_ porque um solo rico em nu trientes pode ser com pletamente infecundo ( P R I -
M A V E SI).
A fertilidade depende, essencialmente, da microvida ( W A K S M A N ) . É
im portante adubar, n ão somente em relação a safra esperada, mas também em
relação a microvida, porque é ponto pacífico, que o adubo quím ico só reage fa-
voràvelmente, em solos de boa e strutura ( B O G U L A W S K I ) . Em monoculturas
perm anentes, com conseqüente decadência da estru tu ra do solo, o efeito de a d u ­
bos é pouco e dura, segundo G A S S E R , somente 1 a 2 meses, sendo o adubo
logo lixiviado ou fixado. É conhecido o fato de que n um ensaio de adubação
quím ica de pouca duração, o efeito depende da variedade do fertilizante; nu m
de longa duração, das propriedades bio-físicas do solo, (N Y S e H A N O T I A U X ) ,
o que deu por m uito tempo resultados enganosos, por causa da consideração ex­
clusiva da variedade do adubo. Solos com estrutura d u ra permitem somente
um deficiente desenvolvimento radicular que, entre outros efeitos, impede, mes­
mo em solos ácidos, a norm al absorção de ferro ( H E I N O N E N , B R O W N , e. o.)
C a d a adu b a ç ão quím ica aum enta, também, logicamente, a microflora e
fauna.
Os que menos se beneficiam são os fungos ( R Ü B E N S A M ) . Porém,
um a ad ub ação quím ica causa sempre um choque n a microvida que é tanto mais
grave, q u a n to m aior fôr a a du bação ( P O S C H E N R I E D E R ) . Isso é fàcilmente
explicável pela modificação do pH local, (não g e r a l ) , do solo e das condições
alimentícias.
Q u a n to m ais suave o choque, tanto mais ráp id a a recuperação e tanto
mais benéfica a adubação, cuja eficiência depende, em últim a análise, da m i­
crovida. Segundo V E T T E R , a q u an tid a d e «optimal» de adubo, (segundo a lei
de M I T S C H E R L I C H sôbre o efeito decrescente), a u m e n ta com a melhora da
e strutura do solo; a e stru tu ra dc solo depende, como veremos, inteiram ente da
microvida. Portanto, n ão é possível a d u b a r em completo desrespeito aos mi-
ciorganism os do solo, que n ão é um simples suporte, m as um organismo vivo
(R U S S E L L , S E K E R A , W A K S M A N ) .
Assim, compreende-se porque BA ULE disse que um a adubação de N P K
deve ser considerada como u m a exploração do solo. Exploração, porque não ali­
m enta com pletam ente as p la n tas e os m icrorganismos, que necessitam de 14 até
16 nutrientes, mas estim u lam tan to o desenvolvimento vegetal que removem as
últim as reservas dos outros elementos do solo, constituindo, assim, um método
predatório, acelerador da decadência total do solo. Sobretudo o N provoca a
lixiviação de cálcio e magnésio, sendo o salitre ( N a N O s ) o mais potente pro­
motor de lixiviação dos cations ( P E A R S O N ) . Reconhecemos a necessidade de
considerar a ad ub a ç ão quím ica não como um a «fertilização» do solo, o que, de
fato, não é, mas como u m a intervenção nos processos vitais do solo que exigem
toda cautela, p a ra que possam ser benéficos por prazo m aior e não somente no
momento. É assaz conhecido que a m obilidade do P, ( F U L L E R ) , aum enta até
38 vêzes com o a um e n to da microvida.
130 ADUBAÇÃO Q UÍMICA_______________ _______

D a nutrição completa das plantas — p lantas cujo desenvolvimento ve­


getative foi acelerado por N, não podem ser consideradas bem n utridas, apesar
de apresentar um crescimento luxuriante, (segundo explica V O I S I N ) — depen­
de também o seu gasto em água e sua resistência à sêca. U m a p lanta bem n u ­
trida gasta menos água por kg. de substância sêca ( V I E T S ) , do que um a mal
nutrida.
M Ü L L E R resume os efeitos desastrosos da agricultura hodierna dizen­
do: «A fertilidade dos solos está em constante declínio apesar de permanentes
e sempre maiores adubações comerciais».
A adubação química e a calagem au tu a m conforme a sua aplicação, como
já verificamos.
V O I S I N prova que esta desequilibra, geralmente, não só a micro-
população do solo, mas também o metabolismo vegetal, anim al e humano.
Exige, portanto, um a estreita colaboração entre edafologistas, agrônomos e m é ­
dicos. Porém, a agricultura executada em consideração às leis naturais, nunca
terá um efeito nocivo.
V O I S I N acredita que a agricultura intensiva, que respeita as bases da
microvida, também é a única que beneficiará a vida vegetal, anim al e hum ana,
evitando assim, doenças como, tetania do pasto, câncer, etc.
É, justamente a adubação química, quem decide sôbre o nosso futuro.
O método P R I M A V E S I (1964) é aqui um teste valioso que, poucos
dias após a adubação química, já informa sôbre o efeito biológico.
A condição básica da fertilidade do solo e de colheitas altas é a a n im a ­
ção da atividade de sua microvida. Os micróbios heterótrofos são os que mais
beneficiam a fertilidade; são estimulados pela adubação orgânica e pelo som-
breamento do solo (M E Y E R ).

Os microrganismos necessitam, via de regra, dos mesmos nutrientes que


as plantas de cultura. Análises químicas da substância sêca de microrganismos
revelam, que ácidos fosfóricos, nitrogênio e potássio predom inam, também no
corpo microbiano.

N I T R O G Ê N I O , já foi tratado. ,

ENXOFRE

É um elemento de que a planta necessita. Perfaz 0 ,1 1 % da crosta ter­


restre. É íàcilmente lixiviado do solo, porque é altamente hidrossolúvel na
sua forma de S 0 4, encontrando-se em primeiro lugar nos elementos lixiviáveis.

Sabemos hoje, que um a safra absorve muito mais enxofre que antig a­
mente imaginávamos, e verificamos um a depleção do solo em enxôfre tendo
influência desfavorável sôbre as colheitas. A perda a n u a l de enxôfre por dre­
nagem e safras está na casa dos 44 kg/hectare, sendo maior em terras com ca-
lagens. (W A K S M A N , M A L A V O L T A ).
O teor de enxôfre varia nas plantas entre 0 , 0 1 % na palha de centeio,
até 1 % nas fôlhas de nabo.
A T R A N S F O R M A Ç Ã O DE S U B S T Â N C I A S M I N E R A I S 331
NO SOLO FOR M IC R O R G A N IS M O S

N a decomposição de m aterial orgânico, os complexos ricos em enxofre,


especialmente as proteínas e glicosídios, são hidrolisados. N as proteínas, o
am inoácido e a cistina são ricos em enxofre.
Nos recentes estudos em materiais antibióticos, verificou-se que o en­
xofre é um constituinte essencial destes compostos ( W A K S M A N ) .
N a decomposição do enxofre participam, pràticamente, todos os micror-
ganismos que necessitam, im perativam ente, de enxofre para a produção de suas
proteínas. Assim, encontramos cistina — um aminoácido rico em enxofre —
nas bactérias noduladoras. T a m b é m m etionina é um aminoácido indispensável
para os microrganismos. A a n e u rin a (vitam ina B , ) , biotina e penicilina con­
têm enxofre em qu an tidad es diversas (A D A M S , R U S S E L L ).
As bactérias mais ativas são as autótrofas (fotossintéticas e quimiossin-
té tic a s ) .
Podemos classificar os microrganismos segundo a sua exigência em
enxofre:
a) M icrorganismos que, para o abastecim ento de sua exigência em en­
xofre, decompõem compostos sulfurosos e que ainda utilizam p rodu­
tos de oxidação, redução e cisão de compostos orgânicos sulfurosos
em forma de H 2 S; exemplo, o fungo Saprolegnia.
b) M icrorganism os que tiram o seu enxofre, especialmente, da redução
de S 0 4 Falam os aqui de um a dessulfurização. Temos, como exem­
plo principal, o Aspergillus niger que utiliza sulfates e ácido sulfú-
rico para a composição dos seus compostos orgânicos.
c) As próprias Thiobacter aproveitam -se do enxofre elementar e oxidá-
vel que elas oxidam u sand o a energia liberada. C ham am os isto de
«sulfurização».
Pertencem estas bactérias a diferentes grupos morfológicos e fisiológicos,
tendo, em comum, somente a ação sulfurizante. ( V O G L U et. a l ) .
A Thiobacter thioxidans é a mais im portante.
Verificamos certas semelhanças com a decomposição de N, processando-
se a sulfurização em duas fases:

1) 2 H, S + O , ---------> 2 H, O + S,

a segunda fase consiste na oxidação de enxofre para ácido sulfúrico:


2) S2 + 3 O, + 2 H £0 ---------> 2 H, S 0 4 + 414 calorias
(W A K SM A N e S T A R K E Y ).

O enxofre que se form a n a prim eira fase existe em forma líquida e é


absorvido pelos microrganism os, onde é arm az e n ado no protoplasma.
Êste arm azen am en to , porém, somente acontece caso exista H2 S em
a b un dância. Em água, livre de sulfito de hidrogênio, o enxofre desaparece de
nôvo do pro to plasm a dos microrganismos.
132_________ FORMAÇÃO E R EDUÇÃO DE SULFATOS______ j

O ácido sulfúrico, formado na segunda fase, é logo n eutralizado no solo


por sais carboxílicos, ácidos ou por cal, ligando-o na forma de 0 a S O 4 (g ê sso ).
(Z E IL IN G E R ).

Disto concluímos, que a presença de carbonatos é essencial para a ativi­


dade das Thiobacter. As energias liberadas na cxidação do enxofre são usadas
pelos microrganismos para a reabsorção de carbono.

Fig. 43 — Thiobacillus íhioxidans (W A K S M A N )

W A K S M A N e L IP M A N provaram a existência de microrganismos


tanto em terras ácidas como alcalinas. Provavelmente, a Thi obac. thioxidans é
a.tiva em terras ácidas, enquanto a / hiobac. thioparus aciona em terras alcalinas.
Êstes microrganismos são autótrofos e possuem, portanto, a capacidade de as­
similação de ácido carbônico. O m ontante de enxofre oxidado, depende não so­
mente dos microrganismos presentes, mas essencialmente do ambiente oferecido.
Assim, a reação do solo, ( p H ) , a concentração de sais m inerais e a presença de
m atéria orgânica influenciam determ inadam ente esta oxidação. Nestas condi­
ções recorre-se, em terras alcalinas, à adubação com ácido sulfúrico como me­
dida drástica, reduzindo o pH e, portanto, os efeitos danosos de m uitas bac­
térias que se tornam parasitárias para várias Culturas como, por exemplo,
Slreptomyces scabies, que ataca vegetais, especialmente batatinhas, quando de­
ficientes em boro ( N U S B A U M ) .

Porém, o efeito do H 2 SCÇ não é de longa duração e exigem-se outras


medidas mais adequadas para baixar o pH.
REDUÇÃO DE SULFATOS 133

A reação n a terra dá-se da seguinte m aneira :

C a 3 ( P O < ) 2 + 2 H2 S 0 4 = 2 0aSO 4 + Ca ( H 2 P 0 4)s


fosfato de cálcio gêsso superfosfato

Fig 44 — Spi ri ll um desulfuricans


(seg. B E I J E R I N C K ) .

A redução de sulfatos não é menos im portante no solo.

Segundo B E I J E R I N C K , a Microspira desulfuricans e o Sporovibrio


desulfuricans, am bas bactérias anaeróbias, são responsáveis pelo seguinte p ro ­
cesso :

CaSCÇ + CH3 COOH = H2 S + C aC03 + C02 + H2 O

Êste ocorre, som ente sob condições anaeróbias e em presença de m atéria orgâ­
nica. O gás sulfídrico, produzido nesta redução, é característico às terras e n ­
charcadas ou pan tanosas. N a presença de ferro, produz-se o escuro sulfito de
ferro, d a n d o a côr característica pa rdo-a z ulada às terras pantanosas, ricas em
m atéria orgânica ( W A K S M A N ) .

FÓSFORO

O fósforo não é somente um dos três m acro-nutrientes vegetais N P K mas


é, segundo apuram o s, o elemento chave de tôda a vida vegetal ( P R I M A V E S I ) .
134 FÓSFORO E POTÁSSIO

A decomposição dos fosfatos m inerais do solo está, na sua maioria,


ligada a processos bioquímicos. O fator principal desses processos é a ativi­
dade dos microrganismos, formando ácidos capazes de dissolver os fosfatos ou
de convertê-los em formas orgânicas.

Segundo S C H A F F E R , a disponibilidade de P segue paralelo com a


atividade biológica do solo. Q u a n to mais ativa a microvida aeróbia e heteró-
trofa, tanto maior a disponibilidade dos fosfatos.

K Ö N I G afirma possuir o pH muito menos influência sôbre os fosfatos


que a microvida e, aquilo que se atribuia ao pH, é somente devido a dim in u i­
ção ou aumento da atividade microbiana. Especialmente as bactérias nitrifican-
tes e a 1 hiobacter são ativas na mobilização do fósforo. Mas, principalm ente
pela formação de humo e ácido húmico, efetua-se a transform ação dos fosfatos.
A Azotobacter chroococcum, as Bacteria mycoides e as Pseudomonas fluorescens
liquefaciens contêm entre 4,5 a 5,3% de fósforo na sua cinza. O fósforo existe
no solo :
a) como compostos orgânicos nos resíduos vegetais e animais,
b) nos agregados derivados das rochas,
c) nos adubos aplicados como superfosfatcs, fosfato de cálcio, etc.
Entre os compostos fosfóricos orgânicos no solo, são mais im portan­
tes a lecitina, a fitina e os ácidos nucléicos.

G E R R E T S E N conseguiu provar que a assimilação de fósforo pelas


plantas é muito superior em presença de microrganismos, existindo um a estrei­
ta relação entre a oxidação do enxofre e a solubilização de fosfatos.
Per outro lado, a maior assimilação de fosfatos pela raiz vegetal provo­
ca um melhor desenvolvimento radicular, que, por sua vez, provoca maior as­
similação de nutrientes.

Nos laboratórios, usa-se sempre mais o bio-teste para a avaliação de


fósforo disponível, sendo usados especialmente, a Azotobacter chroococcum,
Aspergillus niger, Trichoderma, Cunnighamella e Aspergillus oryzae ( N I K L A S ) .

PO TÁ SSIO

Como nutrientes microrgânicos, são estritamente necessários, potássio,


magnésio, cálcio, ferro, cloro, molibdênio e silicatos. Sabemos que sem molib-
dênio as Azotobacter não podem fixar nitrogênio, e o cobalto é o elemento que
retarda a divisão celular.
O potássio existe em grandes quantidades na maioria das terras, tanto
na forma orgânica como na de silicatos zeolíticos e não zeolíticos. É aplicado
no solo em forma de sais hidrossolúveis, como sulfato, cloreto, carbonato e fos­
fato, como estrume, e em forma de outros compostos orgânicos. Os bacilos con-
têm, geralmente, entre 4 a 2 5 % de potássio na sua cinza, enquanto nos fungos
aparecem entre 8,7 a 39,5% ( W A K S M A N ) .
A atividade microbiana aumenta, consideràvelmente, a disponibilidade dêste
nutriente na terra, o que prova, por exemplo, o «mulch system» (P R I M A V E S I ,
______________ MINERAIS NA NUTRIÇÃO MICROBIANA 135

R U S S E L L ). Pctassio e responsável pelo inchamento do plasma, quer dizer pela


pressão intracelular e, como catalisador, toma parte decisiva na sintetização de
açúcar. N ao pode ser substituído por outro elemento na dieta microbiana O
pctassio e deslocado no solo pelo cálcio e magnésio, e desloca o sódio. A con-
centraçao do potássio disponível é, portanto, controlada :

a) pela concentração total do elemento,


b) pela forma em que se acha nresente,
c) Mvlo g rau de saturação dos zeólitos (complexos troca-adsorção)
d) pelo pH,
e) pela q u a n tid a d e de h u m c existente,
f) peta atividade dos microrganism os no soio,
g) pela um idad e dr> colo.

Pelo método da AuOtobcicteT de SEK.ERA, determina-se a concentração


de potássio disponível no solo, que oscila entre 2 a 3 0 % , dependendo essencial­
mente da atividade m icrobiana que W A K S M A N denom inara, simplesmente,
de «fertilidade». N otam os aqui, que «fertilidade» não é empregada para a
q u a ntid ad e de sais m inerais no solo, mas sim, pela atividade microbiana do
solo que torna os sais m inerais disponíveis.

Na : É norm alm ente pouco usado pelos microrganismos, sendo somente ne­
cessário p a ra as bactérias halófilas, fluorescentes, que existem em terras
salinas. M uitas bactérias, especialmente as que podem formar esporos,
são «halotolerantes», quer dizer, toleiam sal. O sódio não pode ser subs­
tituído n a vida das bactérias halófilas.

Mg : Perfaz somente 1% das cinzas de bactérias, porém é necessário, tanto


p ara a formação de substâncias corantes que contêm magnésio, como pa­
ra as que não o contêm. É um fator im portante na carboxilase. Em con­
centração maior, é bastante venenoso, devido à mobilização dos colóides
celulares, mas êste efeito pode ser neutralizado pelo cálcio.

Ca : Parece não ser necessário como nutriente microbiano, mas sim, como
an tago nista de cutros íons em excesso.

Cl : É somente im portante em sua ligação ao sódio, como N aCl.

M n : E tam bém catalisador e pode substituir algum as qualidades do ferro no


sistema das enzimas respiratórias.

Mo e B : São necessários p a ra as bactérias simbiontes que fixam N.

FERRO

O ferro é um elemento essencial p ara todos os sêres vivos, tanto para


cs anim ais e p lan tas superiores, como tam bém p a ra os micro-sêres, porque
tem a sua função n u m fermento de respiração.
136 O FERRO NO SOLO

0 ferro é um dos elementos mais delicados e sua falta na nutrição ve­


getal foi a primeira a ser reconhecida.

B R O W N enum era 12 pontes que influem sôbre o aproveitam ento do


Fe, que são:
1 — a deficiência absoluta de Fe no solo,
2 — uma sôbre-calagem (lime induced clorosis),
3 — a presença excessiva de bicarbonato no solo,
4 — um excesso de umidade,
5 — um a adubação forte de P 0 4t
6 — a presença de maiores quantidades de metais pesados como Mo,
V, Co, que possuem um efeito antagônico,
7 — tem peraturas extremas,
8 — forte intensidade de insolação,
9 — um solo duro e sem estrutura,
1 0 — excesso de matéria orgânica (pastos pobres epântanos d r e n a d o s ) ,
1 1 — sangria das raízes pelo cultivador,
12 — inseticidas e pesticidas ricos em Cu.
H E I N O N E N junta aqui mais um a causa: a deficiência em boro. C ada
um dêstes mo'ivos pode originar a deficiência de ferro no vegetal.
Considerando todos êstes itens, podemos ver, claramente, que êles se
dividem em dois grupos principais:
A — Deficiências de estrutura e atividade biológica, onde se en q u a ­
dram: o excesso de umidade (má drenagem, com o resultado da
gleisação), camadas duras (solos de c ad e ntes), excesso de m até­
ria orgânica em solos sem suficiente microvida e reações climaté-
ricas extremas, que não aparecem em solos biologicamente ativos.
B — Tratos culturais e adubações mal executadas.
As bactérias que transform am o ferro, usam sais e ácidos de ferro e
necessitam, por isso, de grandes quantidades dêsse elemento.
O processo bioquímico é, aproximadam ente, o seguinte:
2 Fe C 0 3 + 3 H j O —0 — > 2 Fe (O H ) 3 + 2 C02 + 29 calorias
ambiente aeróbio

A fácil oxidação de F e + + para F e + + + é aproveitada pelos microrga-


nismos. Mediante esta energia, êles assimilam o gás carbônico e promovem a
síntese de matérias orgânicas. As mais importantes bactérias dêste grupo são
as Siderocapsa molisch e as Sideromonas ( Z E I L I N G E R ) .

Processo análogo encontramos no manganês, onde também da oxidação


de M n + + para M n + + + provêm energias para a vida microbiana.

Em forma de humato, o ferro é fàcilmente assimilável pelas plantas


(W A K SM A N ).
OUTROS NUTRIENTES INORGÂNICOS 137

O U TRO S N U T R IE N T E S IN O R G Â N IC O S

Seg. W A K S M A N , m clibdênio, zinco, cobre, cobalto e boro, a tu a m es­


pecialmente Como catalisadores e como partes integrantes de enzimas no corpo
microbiano. Assim, a Azotobacter não pode fixar nitrogênio em ausência de
molibdênio.
U m a considerável q u a n tid a d e de bacilos que beneficiam as verduras,
não se desenvolve ,e m boro; em processos celulares das bactérias, o cobre é
essencial, o zinco e o cobalto fazem parte de sistemas de enzimas e vitaminas.
O zinco, por sua vez, favorece o crescimento de fungos e suprim e a formação
de esporos.
Por outro lado, a presença de arsênico no solo, que pode resultar após
um a pulverização com inseticidas, provoca um a supressão da vida m icrobiana
e, igualmente, um crescimento re ta rda d o e atrofiado da safra seguinte; isto,
porém, acontece somente em terras sêcas.
Existem, ainda, alguns fungos que possuem a capacidade de converter,
por redução, o arsênico em arsin a, que é u m a substância volátil. São êstes,
especialmente, m embros das famílias de Penicillium brevicaule, variedades de
Aspergillus, como A. sydowi, A. fumi gat us, A. ochraceus e espécie de Fusarium.

Fig. 45 — Penicillium (seg. W A K S M A N ) .

T a m b é m a tra nsform a ç ão do selênio pelos microrganism os é im portante,


porque certas formações geológicas contêm selênio, que se acum ula nas células
vegetais sem poder ser aproveitado. Tais plantas, qu an d o deterioram, d espren­
dem um cheiro m u ito forte ( R U S S E L L ) .
V árias bactérias e fungos, geralm ente os mesmos do grupo de arsênio,
reduzem o selênio.
138 BIBLIOGRAFIA

Os compostos de selênio estão sujeitos a numerosas transformações pe­


los microrganismos, sendo reduzidos pelos selenatos e selenitos e n a oxidação
de selênio elementar.

O X IG Ê N IO

É o elemento básico de toda atividade microbiana, tanto na oxidação


aeróbia como na fermentação anaeróbia. Êle é tão im portante na síntese celu­
lar como na decomposição de matéria orgânica. Sem oxigênio, não há vida.

B IB L IO G R A FIA

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BEF ^
CAPÍTULO VI

A M IC R O V ID A E A S A T IV ID A D E S
A G R ÍC O L A S

OS MICRORGANISMOS E A ESTRUTURA DO SOLO .................. 143


A RAIZ VEGETAL E A FO FIC E DOSOLO ......................................... 144
O VALOR CULTURAL E A FO FIC E DOSOLO ................................. 145
AGRUPAMENTO DE BACTÉRIAS NO SOLO ..................................... 146
ATIVIDADES QUE INFLUENCIAM A VIDA MICROBIANA NO
SOLO ......................................................... 147
In flu ên cias in d ire ta s :
1 — A ração, g rad eação e cultivação ............................................ 147
2 — A dubação o rg ân ica ................................................................... 149
3 — A dubação qu ím ica ..................................................................... 150
4 — Uso da te r r a ............................................................................... 151
In flu ên cias d ire ta s :
M étodos F ísicos ................................................................................... 156
M étodos Q uím icos ............................................................................... 158
M étodos Biológicos ............................................................................. 158
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 160
Ü Ä
OS M IC R O R G A N I SM O S E A EST R UT U RA DO SOLO 143

300 A

56 f o l h a s
-k
c
200 H ft

31 f o l h a s
-sE
100 J
13 f ó l h a s

30,oS 411 ç Tna f s ê c a


0

100

- 200

J3 0 0
Fig. 46 — D esenvolvim ento do girassol: a p a rte vegetal acom panha o
desenvolvim ento radicular.
144 A R A I Z VEGETAL E A FOFICE

Fig. 47 — Raiz de trigo em solo fôfo


— a n u trição contínua e norm al é
garantida

Fig. 48 — Raízes de g uanxum a (Sida rhombi fol ia) . As setas indicam os


lugares onde a raiz encontrou forte resistência no solo, podendo superá-la
t somente após grandes dificuldades. Daí as torceduras e forquilhamento.
__________O VALOR CULTUR AL E A FOFICE DO SOLO 145

0 valor cultural de um solo dim inui com a densidade de sua estrutura.


( P É R I G A U D ) . Q u a n to mais duro um solo, tanto mais ácido (S E K E R A ) e
quanto mais baixo o pH, tanto menos bactérias e actinomicetos, e tanto mais
fungos ali habitam ( R U S S E L L ) . A planta, cujas raízes encontram considerá­
vel resistência nas cam adas duras, desenvolve-se mal. A absorção dos n u tri­
entes é seriamente comprometida. R O U T S C H E N K O encontrou batatinhas com
coração preto e ôcas, somente em solos duros (baixo p 0 2 ) e muito ácidos, sen­
do os tubérculos pobres em Ca, K, Mg, N C , , mas ricos em N H 4 e Cl.

Conseqüentemente, a p lanta desenvolve-se mal e produz colheitas ruins.


H á culturas, como a da batata-doce, que se dão bem em solos duros,
porém a m aioria prefere solos flceulados e fofos. Os grumos do solo se formam
tanto pela floculação m ineral, como pela microrgânica, sendo os flocos depois
reunidos em grumos maiores, pela raiz do vegetal, especialmente pela do capim
(R U S S E L L , C O H E N ) . Assim, explica-se porque um a terra ácida, com pouco
poder floculativo, pode ser fôfa (graças a m ic r o v id a ). Por vias químicas, tal
solo nunca é floculado e fôfo. Mas por métodos de cultivo adequados, como
calagem e ad ubação orgânica, podemos alcançar a revitalização e floculação de
tais solos. Precisa ser ressaltado que bactérias anaeróbias e autótrofas não
contribuem para a fofice do sole, mas somente as aeróbias tanto autóctones
como zimogênicas (o têrmo «zimogênica» é usado por W I N O G R A D S K Y
para deno m inar a microflora «doméstica», que depende dos tratos h u m a n o s ) .
Sabemos que esta flora zimogênica se desenvolve com a aração e a d u ­
bação orgânica e desaparece com a falta de aração e de m atéria orgânica, como
já constatou W I N O G R A D S K Y e, novamente, mais tarde, os cientistas da fer­
tilidade do solo R U S S E L L , D O E K S E N , P R I M A V E S I , e outros. Isso signifi­
ca que:
1 — A microflora autóctone n ão é responsável pela estrutura fôfa das
nossas terras de cultura, como S E K E R A havia pensado.
2 — A fofice dos nossos solos agrícolas é absolutamente artificial e
depende, pois, inteiramente, do trato dado pelo homem.
Como P R I M A V E S I (1964) havia provado, a microflora autóctone de
pastos desaparece, quase totalmente, em solos agrícolas, cedendo lugar a um a
microflora p rópria à terra de cultura. A fofice dos solos agrícolas e hortícolas
não é m uito estável e necessita de cuidados perm anentes para não degenerar.

'- V ,

Fig. 49 — Solo n a tu ra l, Fig. 50 — T e rra de cul­ Fig. 51 — T erra de cul­


flora p o lífita (125 : 1) tu ra fôfa (125 : 1). tu ra decaída e d u ra
(125 : 1).
146 AGRUPAMENTO DE BACTÉRIAS NO SOLO

Fig. 52 — Solo infértil, Fig. 53 — Pasto ácido e Fig. 54 — Uma bactéria


abandonado; a formação muito pisado, predomi­ que produz antibióticos
de muco é forte. (125:1) nando as lactobactérias. no meio. Em volta, de-
(125 : 1). com positores do anti­
biótico, seguido de um
espaço vago. (125:1).

Fig. 55 — Fungos e bactérias na ligação dos grânulos do solo (400 : 1).

A decadência do solo agrícola é causada pela decadência da microflora


zimogênica e não pode ser recuperada por simples correção do pH ou por mé­
todos mecânicos, mas somente pela recuperação e equilibração da microvida
zimogênica (B R O M F IE L D , W A K S M A N , R U SSE L L , P R I M A V E S I , (1 9 5 2 ),
D O E K S E N , e o u tr o s ) .
ATIVIDADES AGRÍCOLAS 147

É e>sa a razão porque B R O M F I E L D chama a microvida de solos agrí­


colas de «animaizinhcs domésticos»: ela depende intim am ente do homem.
A e s tiu tu ra fôfa de pastos bens pode, se arados, d ar um a boa partida
à estru tu ra fôfa do solo de cultura, mas nunca se conserva ali e, portanto, a
fofice desaparece em pouco tempo.
Se o pO 2 é x 7, as plantas são sempre pequenas, m urchando fa­
cilmente com um pouco de sol, são pobres em ligninas, mas ricas em glicose e
sacarose. Somente d u ra n te a germ inação as plantas apreciam um p 0 2 < 6,0
( S I E G E L ) , isto é, um solo pouco arejado. Por isso usa-se a prática de apertar
0 chão após a semeadura, o que porém torna necessário o seu posterior areja­
mento, logo depois do nascimento das plantinhas.
Segundo S E K E R A , a construção viva dos flocos de terra por micélio de
actinomicetos é a base da fertilidade de cada solo, que aum enta pela segregação
de muco pelas bactérias, d im in uind o assim, consideràvelmente a evaporação.
Podemos concluir que um a terra «viva» é incomparàvelmente mais es­
tável contra a sêca porque:
1 — A sua retenção de água é muito m aior que a da terra compacta.
2 — Os micróbios evitam a evaporação mediante segregação de muco.
3 — Os micróbios formam água nos diversos processes bioquímicos.
4 — Os grânulos de terra evitam a formação de capilares de ascensão
da água.
A terra viva permanece ainda úmida, enquanto a terra m erta encon-
tra-se já ressequida e rachada.
Segundo nossas experiências, as culturas agrícolas, em terras «vivas»,
su po rtam 1 0 a 1 2 sem anas de sêca total, sem sofrer consideráveis prejuízos.
Além disso, o crescimento vegetal não depende somente da um idade do solo,
m as do balanço entre água absorvida e água transpirada. Falam os pois, não de
teor em umidade, mas do potencial em umidade, que exprime muito melhor a
situação real.

A T IV ID A D E S Q U E IN F L U E N C IA M A V ID A M IC R O B IA N A NA T E R R A
IN F L U Ê N C IA S IN D IR E T A S :
1 — aração, gradeação e cultivação,
2 — adubação orgânica,
3 — adubação quím ica e calagem,
4 — uso da terra.
1 — A A R A Ç Ã O provoca tanto um solteamento do solo, como um a modificação
da posição das cam adas da terra. A terra está melhor arejada, a sua ca­
pacidade de infiltração aum enta, enq u a n to a da evaporação dim inui. Ao
mesmo tempo, ocorre um a nivelação da tem peratura, porque a água possui
um alto grau de calor específico. Pelo arejam ento do solo incentivam-se
os processos de oxidação, quer dizer, aum e n ta a formação de C 0 2 e N O T
P o r outro lado, dificultam-se os processos anaeróbios no solo, que, via de
regra, têm influência danosa. Assim, impede-se a formação de turfa e a
desnitrificação e redução dos nitratos.
148 OS TRABALHOS NO CAMPO E A FERTILIDADE

A aração, gradeação e todos os outros trabalhos no campo n un ca


devem ser feitos p ara alcançar efeito m omentâneo, que é a pulverização
do solo. Êles devem visar a formação de um a estrutura fôfa e estável
(S C H A F F E R ).
Um enxugamento temporário do solo é benéfico, porque sob condi­
ções úmidas, os bacteriófagos au m entam desproporcionalmente. Êstes são
muito suscetíveis à sêca, morrendo logo, se faltar a costumeira umidade.
As toxinas são destruídas pela sêca. Os protozoários não têm mais
garantida a sua multiplicação ilimitada. ( R U S S E L L ).
Entendemos pois, que terras perm anentem ente inundadas, como
acontece com muitos dos nossos arrozais, desenvolvem um a microflora
danosa à agricultura, reduzindo assim, fácilmente as colheitas. P a ra m a ­
nutenção de boas colheitas é, portanto, essencial d renar radicalmente os
Campos de arroz depois da colheita, e plantar, de vez em quando, um a
cultura «sêca» seja ela de milho, leguminosas ou batatinhas.
Segundo H I R T E , desenvolve-se em solos irrigados um a micro-
flora intensa, porém unilateral. Predom inam bactérias fluorescentes e
gram-negativas, bem como as de forte coloração, que são tôdas conheci­
das como produtoras de antibióticos, criando, finalmente, um a microflora
e fauna próprias, danosas às culturas. M I T C H E L L constatou um forte
desenvolvimento de fungos, somente em lugares onde a terra fôr pobre
em matéria orgânica.
Resumindo, todos os trabalhos no campo, inclusive a irrigação,
têm uma pronunciada ação sôbre a microvida.
Trabalhos executados, ignorando êsse fato, podem acarretar sérios
distúrbios na microvida, provocando a decadência da estrutura fôfa e,
com isso, a da fertilidade do solo (S E K E R A , R U S S E L L , P R I M A V E S I
(1 95 2), G Ö R B I N G ) . Tanto S E K E R A como L E S S A R D e C Z E R A T Z K I
declaram que o volume poroso do solo dim inui proporcionalmente ao a u ­
mento da profundidade de aração, porque vira as camadas «mortas» à
superfície, cuja estrutura não resiste à ação da chuva. A m anutenção des­
ta estrutura, porém, é vital às nossas lavouras, porque garante:
1 — a normal absorção de nutrientes suficientes para o bom de­
senvolvimento da cultura. As plantas serão, assim, sempre
bem nutridas;
2 — ao selo um maior poder de retenção de água;
3 — a microvida, que é forçosamente poliforme; a partir do mo­
mento em que se torna unilateral, decai a estrutura porosa.
Os trabalhos no campo, especialmente as arações e gradeações, de­
vem ser feitos em estrito acordo com a «vida» do solo, visando, especial­
mente, a m anutenção de um a rica e poliforme m icrovida. Esta provoca
a estrutura desejada, que beneficia ao máximo as culturas agrícolas e
possibilita um a adubação comercial em bases econômicas. ( P R I M A V E S I ) .
É absolutamente errado executar os trabalhos no campo, como é
usual na agricultura extensiva, únicamente do ponto de vista da cultu­
ra que se pretende plantar. Arações profundas, adubações maciças, em-
A ADUBAÇÂO ORGÂNICA E A MICROVIDA

prêgo de m áq uinas de destorroamento, etc., são métodos que trabalham


em completa ignorância aos fatores que promovem a fertilidade.
Deve se lem brar que cada método, agindo em desconsideração ao
equilíbrio biológico do solo, destrói a fertilidade. Mesmo se o método
parecer acertado no momento, como, por exemplo, um a aração profunda,
êste está errado, e causa, como provam nossos solos de cultura, a destrui­
ção da fertilidade.
T am bém o cultivo a limpo abandona-se sempre mais, — porque
a intensiva insclação do solo prejudica muito a mic'rovida, e com isso,
a estru tu ra do mesmo, em m uitos países é substituído por culturas inter­
caladas, já que as culturas agrícolas, em nossos solos decaídos, quase n u n ­
ca chegam a sombrear o chão.
A ADUBAÇÂO O R G Â N IC A :
Como já frisamos, é o estrume de curral bem curtido o adubo mais
valioso da agricultura porque:
a) fornece m atéria orgânica,
b) enriquece a terra em potássio, fósforo e nitrogênio,
c) enriquece a terra em microrganismos tanto pelo número de
novos micróbios que possui, como pela incentivação da vida
m icrobiana da terra,
d) modifica favoràvelmente as condições físicas e químicas do
solo. ( V E R S H I N I N ) .
S A L T E R e H A W O R T H provam que a «capacidade do campo»
(em reter água útil, sem encharcar) au m enta pela aplicação de estrume
de curral, mas somente se êste fôr virado superficialmente, porque só as­
sim promove-se a formação de um a cam ada fôfa.
A adubação verde é, essencialmente, um alimento para os micror­
ganismos, fornecendo azôto e carboidratos, isto é, energia para a micro-
vida. ( R U S S E L L ) .
G U IL L E M A T e M O N T E G U T constataram o beneficiamento de
certos fungos pela adubação, especialmente esta de estrume de curral,
como do Aspergillus nidulans, A. restrictus, Penicillium vermiculatum,
Melanospora, mas antes de tudo do Trichoderma, assim como tam bém dos
fungos imperfeitos.
Com a adub ação m ineral ( N P K ) são especialmente beneficia­
dos os Penicillium. Segundo êstes autores, a cam ada superficial do solo,
até 20 a 25 cm, possui u m a flora zimogênica, enquanto as camadas sub­
jacentes não sofrem alteração m icrobiana pelo cultivo.
Houve um tempo em que se considerava somente a adubação de
estéreo curtido ou de compostos, que é m atéria orgânica ferm entada e de­
composta. Porém, desde os sucessos de Sir A L B E R T H O W A R D , com a
ad ub ação verde, esta foi sempre mais usada, em detrim ento daquela. A
grande van tag em da adu bação verde é tríplice:
1 — som breia o chão, por tôda a época em que está Crescendo,
2 — abre, com suas raízes poderosas, as camadas duras, abrindo
o solo à microvida,
150 A ADUBAÇÃO VERDE

3 — anim a altam ente a microvida, qu an d o aplicada superficial­


mente ao solo
Muitos fracassos, porém, dim in uíra m o uso da adubação verde.
Êstes fracassos devem-se ao fato da matéria orgânica ser considerada ali­
m ento vegetal e por isso, p rofundam ente virada no solo, sofrendo ali
uma decomposição anaeróbia, produzindo metano, um tóxico aos vegetais.
Se a adubação verde é aplicada superficialmente, com o único
objetivo de servir de alim ento microbiano, o efeito beneficiente nunca
falhará. Ela promoverá a fofice e constituirá um a a d ub ação nitrogenada,
mas nunca enriquecerá o solo com hum us, porque a sua relação N : C
é, ainda, muito estreita ( A L L I S O N ).
Segundo T U R E L L E , a cobertura morta, com palha de cereal co­
lhido, aum enta muito a fofice, porém impede o desenvolvimento de bac­
térias de fixação de N e de nitrifiCação ( S C H Ö N B E C K ) , que aparecem,
porém, q uando o «mulch» fôr virado no solo.
Resumindo: A adubação orgânica é indispensável à m anutenção
da microvida zimogênica, e, portanto, à estrutura floculada do solo agrícola.
E, com isso, eqüivale a dizer: é a base da fertilidade da terra de cultura.
3 — A A D U B A Ç Ã O Q U Í M I C A E A CA L A G E M modificam :
a) a concentração da solução aquosa do solo e com isto,
b) o pH do solo,
c) a nutrição vegetal e microbiana.
É conhecido que uma elevação do pH tem influência decisiva so­
bre a microvida. Sabemos que alguns anions e cations que se acum ulam
no solo como restos de adubos, por exemplo, C l - (de K C l ) , N a + de
(N a N O j) e S O = (de M gS C Q ), exercem influência prejudicial aos mi­
cróbios, à micro- e mesofauna.

TA BELA DE B R IA U X

Adubo pH no início pH depois 2 dias pH depois 70 dias

uréia ......................... 6,45 7,6 5,35


(N H 4 )2 SO 4
sulfato de amônio 6,45 6,9 5,20
Na N 0 3 (salitre) .. 6,48 6,85 6,60

Mas, a falta de nutrientes tem efeito prejudicial à vida microbiana, por­


que esta utiliza da mesma m aneira sais minerais, como as plantas de cultura.
Sôbre os efeitos da adubação química vide C apítulo V.
Devemos resumir: O mais im portante de um a adubação química é a
m anutenção do equilíbrio nutricional. C ada adubação unilateral, mesmo se pro­
move um melhor desenvolvimento da cultura, deve ser considerada um método
predatório, que contribui para o esgotamento e decadência total do solo.
(B A U L E).
A ADUBAÇÁO Q UÍMICA E A MICROVIDA 151

O exemplo de um trigo a du bado com N P K , dando um a colheita maior,


Porem sendo atacado fortemente de Cercosporella herpolrichoides (A U F H A M -
M E R , N O B R E ) , é a prova clássica dum desequilíbrio alimentar, perm itindo
a deficiência aguda de outros nutrientes, provàvelm ente de magnésio e cobre, o
ataque fungiano. Economicamente a medida pode ser justificável, porque trouxe
um aum ento da safra de 29 o . N a nutrição hum ana, porém, é inadmissível,
porque fornece um produto deficiente, causando doenças nervosas ( V O I S I N ) !
Vai como regra, se um a adubação química provoca um ataque micror-
gânico ou de insetos, o que na cultura sem adubação não aconteceu, pode-se ter
a certeza da falta de um ou mais outros nutrientes, não aplicados nesta a d u ­
bação, porém necessários à produção de colheitas sadias e altas.

4 — 0 U S O DA T E R R A

O uso da terra influi sôbre os microrganismos, segundo a antiga lei da


m ú tu a influência: P la n ta — Solo — Microrganismos, tão bem formulada por
R O B I N S O N e tão esplêndidam ente provada por S E K E R A , S C H E F F E R e
outros.
C ada plan ta cria microrganismos próprios a ela. Assim, por exemplo,
a um entam , segundo D O B E R E I N E R , na rizosfera da cana de açúcar, os fixa­
dores de nitrogênio Beijerinckia Derx, enquanto actincmicetos e fungos dim i­
nuem. N a rizosfera de gram íneas forrageiras au m entam os actinomicetos, na
de leguminosas as Pseudomonas, etc.
Por outro lado, cada m ultiplicação unilateral de microrganismos pro­
voca os respectivos «fagos».
1 — O pousio é, portanto, a medida mais primitiva p ara equilibrar n ovam en­
te a microvida.
A simples aração e o posterior abandono da terra, o que os anglo-
americanos cham am de «fallow» e os alemães de «brache» e o que cha­
m amos simplesmente de «pousio», beneficia altam ente a vida microbiana.
Mas tam bém a cobertura do chão e raízes poliformes têm elevada im por­
tância neste ciclo da vida microbiana. O fenômeno da terra se «cansar»
de u m a cultura, como acontece com a aveia, o trifólio e as leguminosas
em geral, com g rand e facilidade, explica-se pela multiplicação unilateral
de u m a ou o ütra espécie de bactérias, desequilibrando tôda a vida micro­
bian a do solo. Assim, por exemplo, sob contínuo cultivo de leguminosas,
multiplicam -se os clostrídios, Proteus, Ps e udomonas e micrococos, en­
qu a n to os outros degeneram.
2 — As culturas intercaladas possuem a vantagem de não cansar o solo, como
o faz a m onocultura, porque têm o chão sombreado e possuem, pelo me­
nos, duas culturas diferentes, criando, assim, u m a microflora e fauna mais
v a ria d a que na m onocultura. C u ltu ra s intercaladas são, por exemplo .
milho + soja, trigo + alfafa, centeio + ervilhaca, aveia + ervilha,
b a tatin h a + ervilha, algodão + trevo encarnado, cana de açúcar +
tremôço ou feijão fradinho, etc.
152_____________ ROTAÇÃO DECULTURAS _____

3 — Os rodízios de culturas ou rotações são um método mais avançado de


garantir a multiplicidade dos microrganismos e a fertilidade do solo. N o
entanto, rotação não é somente a simples troca de duas culturas, mas
sim a m udança organizada entre culturas que:

a — beneficiam a microvida, tais como colza, cebôla, gramíneas


forrageiras, leguminosas, batatinhas estercadas, batata-doce,
etc.

b — prejudicam a microvida, tais como tôdas as culturas exi­


gentes, por exemplo : trigo, arroz, algodão, linho, etc.

c — culturas neutras e modestas que aproveitam, ainda, a fer-


tililade existente, tais c o m o : milho, aveia, centeio, m a n ­
dioca, etc.

Rotações vantajosas são, por exemplo :

Sorgo — tomate — trevo — algodão

Azevém — batatinha com ervilha — linho — milho — amendoim

Alfafa — trigo — mourisco — aveia — batata-doce.

4 — Rotações mistas são aquelas que hoje mais se propagam, porque se re­
conheceu a vantagem de recuperar, de vez em quando, a microvida
autóctone, a fim de «descansar» o solo antes de submetê-lo a nôvo regime
rigoroso da microvida zimogênica e de elevada produção.

Esta rotação consiste em 3 anos de culturas agrícolas e 3 anos de


invernadas ou pastos artificiais, por exemplo :

B atatinha com esterco — trigo — milho — invernada de 3 anos.

Deve-se ter o cuidado de não plantar um a forrageira somente, mas, pelo


menos, 4 ou 5 forrageiras, gramíneas e leguminosas, ascendendo a 8 ou
mais variedades as misturas oficiais em muitos países ( K L A P P ) . P a ra
permitir um a boa recuperação, deve-se, mesmo em pastos artificiais, evi­
tar o pastoreio permanente e Ceifar um a vez por ano.

A ceifa permanente é mal suportada pela vegetação forrageira, porque


é bem conhecida a regra que : «O pastoreio elimina as ervas de alto porte e
ceifa as de baixo porte», o que, segundo K L A PP, provoca, com o pastoreio, a
eliminação das plantas com raízes abundantes, lim itando o enraizam ento a
4 ou 5 cms da superfície. Perm anente uso de invernada ceifada, ao contrário,
beneficia as plantas de porte alto e raízes profundas, porém deixa o solo prà-
tiCamente desprotegido e sem sombreamento, prejudicando gravemente a sua
fertilidade.
OS PASTOS E SUA MANUTENÇÃO 153

O pastoreio perm anente, com o socamento da superfície do solo, provo­


ca um empobrecimento do mesmo em micro- e mesofauna. A resultante gleização
prejudica tanto a microfauna, como o faz a «cultura a limpo», sendo o dano
m aior em culturas perenes, como pomares e cafèzais. ( W I L C K E ) .
0 pastoreio perm anente provoca, segundo K L A P P :
1 — o endurecim ento da superfície do solo,
2 a eliminação de tôdas as plantas que se multiplicam por sementes,
3 — obeneficiamento de tôdas plantas que se m ultiplicam por rizo-
mas, sendo de porte baixo,
4 — em pastos «sobrecarregados» multiplicam-se, especialmente, as
ervas desprezadas pelo gado, como : barba-de-bode (Aristida
pollens), erva de rato, (Asclepias curassavica L. ) , junças ( C y -
peracea), etc.
Em pastos parcialmente encharcados, como em grande parte do Rio
G ran de do Sul, desenvolvem-se parasitas, que se alojam no fígado e pulmões
do gado, como tam bém na bexiga, prejudicando gravemente a saúde animal.
Segundo BA TES, au m e n ta o hum o em pastos pobres a 102% em 11
anos e em pastos bons, segundo R U S S E L L , de 200 a 5 3 0 % . L E H M A N N en­
controu em pastos perm anentes 12,4% de humo; em pastos ácidos e úmidos,
pobres em m icrofauna, o h um o acum ula-se na superfície por não ser mais
m isturado com o solo, e em lugar de melhorá-lo, forma uma cam ada absor­
vente que finalmente provoca a gleização e paludização do terreno ( W I L J A M S ) .
N ã o há, portanto, recuperação de um pasto, sem recuperação da microfauna
( F R A N Z , E V A N S, G I S I N ) .
Recupera-se a microflora pela adub ação com estrume ( F R E C H M A N N ,
T I E M A N N ) , calagem e adubos comerciais, — especialmente os de elementos
menores como Mo, Cu, B, (K L A P P , B R E N C H L E Y , e W E B E R ) — e
quebra-ventos ( A I C H I N G E R ) , possibilitando, assim, o restabelecimento da
microfauna.
De m aior im portância é, no entanto, o uso, que influi decisivamente
sôbre as sociedades vegetais e microrgânicas.
E n q ua nto na In g la te rra exige-se, ainda, o «ley - farming», a rotação
entre agricu ltura e pastos artificiais, n a m aioria dos países reconheceu-se que o
m elhoram ento dos pastos pode ser feito sem lavração, pela simples influencia-
ção da micro e macroflora. ( V O I S I N , D A V IE S , K L A P P , EV A N S, G A R D E ­
N E R , M I L T O N e o u tr o s ) .
Serve, aqui, a regra de que a m icrofauna necessita de solos arejados
(não m uito pisad o s), frescos (mas não úm id o s), tendendo p ara o neutro, com
bons enraizam entos. A pastagem dirigida, — com épocas de descanso para o
solo, permite outros trabalhos, como adubação orgânica, adubação química,
calagem, etc., possibilitando a recuperação do pasto, qu ando não é, ainda,
gleizado. Tam bém , aqui, vê-se claramente, que o desequilíbrio de um fator do
ciclo vital p la n ta — solo — m icrovida acarreta a decadência dos demais e o
m elhoram ento de um fator, que é aqui a vegetação, provoca o de todos. Isto
ressalta a necessidade da consideração do conjunto de fatores e nunca de um
só, isoladamente.
154____________ OS INÇOS E SUA ORIGEM ECOLÓGICA

Fig. 56 — Vegetação predominante em campos abandonados da Depressão


Central, Rio G rande do Sul. B — Barba-de-bode (Aristida p al l e ns ) , C —
Carqueja (Baccharis s p . ) , E — Erva lanceta (Solidago microglossa), G —
G uax um a (Sida sp ) , P — Penachinho ( Bothriochloa lagurioides), R — Cola-
de-burro (é chamado também «Rabo-de-burro») ( Andropogon cond e ns a tu s) ,
A — Alecrim do campo (Vernonia s p . ) .

Um dos maiores problemas é o aparecimento de ervas daninhas nos


pastos, como, por exemplo, caraguatá (E ry ng i um s p . ) , M aria mole (Senecio
s p . ) , carqueja (Baccharis s p . ) , junças e outras ciperáceas, barba-de-bode ( Ari s­
tida pallens), samambaias, etc.
Tôdas estas pragas dos pastos são, como foi explicado em capítulos
anteriores, produtos do seu ambiente e a sua erradicação não se dá pelo sim­
ples combate com ervicidas, hormônios ou roça, mas somente pela modificação
do próprio ambiente. As causas da decadência do pasto provém unicamente do
seu uso descontrolado e explorative. Pastoreio muito intensivo, com o pisoteio
do gado de um lado e a seletividade dos animais por outro, provoca a prolife­
ração de ervas, cuja multiplicação se dá por rizomas e que, graças a sua mo­
déstia (junças) ou a simbiose com fungos (c a ra g u a tá s ), vingam em solos duros.
ELIM INAÇÃO DOS INÇOS 155

Com o tempo, a associação vegetal dêstes pastos é, de preferência, formada de


p antas que o gado refuga ( K L A P P ) . O enxarcam ento temporário dêstes solos
pisoteados e endurecidos na superfície, é a lógica conseqüência, da qual por
sua vez, resulta 0 mais rápido empobrecimento do solo pastoril, especialmente
em potássio, magnésio ecobre ( V O I S I N ) . Êste empobrecimento tem por con­
seqüência, u m gado mal nutrido sujeito a um a série de doenças diretamente
como tetania dos pastos, infertilidade, paralisias parciais etc ( F R E A R ) ou
indiretam ente, como febre aftosa, etc. ( B R O M F I E L D ) , causadas pelas defi-
ciências m inerais da forragem.
Devem ser lembradas, aqui, somente algumas causas específicas do
aparecim ento de alguns inços pastoris. — Todos os caraguatás ( Er y ng iu m) e
as junças (Cyperacea) vegetam tanto em solos úmidos ou secos, ácidos, como
em alcalinos e não podem ser considerados, assim, como plantas indica­
doras de terrenos ácidos ou úmidos, como é muito comum. O que todos têm em
comum, porém, é •:

1 — Selos com um a camada sôbre m aneira endurecida na superfície ou


logo abaixo dela.
2 — Solos isentos de m icrofauna e pobres em microflora.
3 — A cumulação de hum o ácido e pobre na superfície.
O m elhoram ento de pastos infestados por estas plantas requer:
a — d ren a r o terreno, se êste fôr úmido,
b — freqüentes calagens moderadas ( 2 vêzes por ano, 500 a 600 k g / h a ) ,
c um a adubação com estrum e ou composto, p ara reativar a micro-
vida,
d — evitar um pastoreio intensivo,
e — ceifar, ao menos duas vêzes por ano, cem segadeira,
f evitar a aração, gradeação ou qualqu er outra medida que possa
ferir a superfície, ( K L A P P ) ,
g — adubação m oderada com fosfatos (300 kg/ha de sup erfosfato),
potássio (90 kg/ha de KC1), cobre (5 kg/ha de C u S O J , e
m olibdênio ( 0 , 8 a 1 , 2 kg/ha de molibdato de am ônio).
Tôdas as Composi taes, como M aria mole (Senecio), alecrim do campo
( V e r n c n i a ) , carqueja (Bciccharis) são próprias de solos não muito duros, tem-
poràriam ente úmidos, e m uito pobres, especialmente em potássio.
Os métodos mais adequados p ara a sua eliminação são:
1— drenagem do terreno,
2 um a ceifa no estado juvenil, isto é, no início da florescência,
3 — um a adub ação potássica.
A barba-de-bode (Aristida p a l le n s) , é o representante típico de pastos
muito judiados, indicando sempre um uso predatório. Cresce em solos freqüen­
temente queimados, m uito duros e secos. Sem adubação orgânica não há re­
156 INFLUÊNCIAS DIRETAS SÔBRE OS MICRORGANISMOS

cuperação destes solos. Eles respondem tanto a um a adubação de estrume de


curral como a uma adubação verde.
Em nosso meio, a últim a deve ser a única viável, porque não há es­
trum e em tais quantidades. A aração do campo com, ao menos, um a adubação
verde e duas calagens moderadas (600 k g / h a ) , seguidas pelo p lantio de milho
junto com capim forrageiras, é o meio indicado de recuperar êstes pastos. Em
sítios com produção grande de estrum e de curral, um a adubação ccm 25 to/ha
de esterco, um a calagem (800 kg/ha) e o descanso completo do campo por um
ano, podem, também, elim inar a barba-de-bode. ( A I C H I N G E R ) .
Deve-se ter o cuidado de não sobrepastar o campo, de nôvo, e, especial­
mente, de evitar rigorosamente as queimadas.

I N F L U Ê N C I A S D IR E T A S S Ô B R E OS M I C R O R G A N I S M O S

1) fisicamente,
2) quimicamente,
3) biologicamente.

MÉTODOS FÍSIC O S

A queim ada e seus efeitos sôbre o sole:

Esta prática, já encontrava referência na época dos Vedas, 2000 anos


antes de Cristo. D enom inaram -na «rab». Já V E R G Í L IO , no Império Romano,
advertiu que os benefícios de tal prática são poucos, quando se queimam so­
mente os restolhos. Q u a n d o se faz um a roça com esta prática, não há mais be­
nefícios, mas somente danos consideráveis à estrutura da terra.
A ação benéfica não é tanto pela aniquilação de protozoários e outras
células animais e vegetais, que se encontram nas camadas superiores da terra,
mas, pela ascensão de umidade que possibilita o plantio, ainda antes de come­
çarem as chuvas. No Egito, esta prática de queim ar os restolhos é tão antiga
como a história do país, e chama-se «sheraqui». Provocaram com a mesma o de­
serto do Saara.
N a agricultura subtropical, a prática da queim ada tem elevada im por­
tância. Secando um a terra, seja pelo sol ou pelo fogo, e reumedecendo-a, provo­
ca-se uma ativação altamente benéfica da decomposição de humo, o que resulta
em maior produção de amoníaco e, conseqüentemente, em maior produção de
nitratos Caso o solo fôr incculado depois com um pouco de terra viva ( B I R C H )
Q u an to mais o solo fôr secado antes de ser reumedecido, tanto maior
será depois a decomposição de humo — caso existir humo e casò forem acres­
centados micróbios posteriormente ( R U S S E L L ) . N a prática, para nós, temos
o seguinte quadro :
Na agricultura tropical não há hum o de reserva em terras de cultura e
pastos. Existe, pois, somente um a reserva de humo nas camadas mais superfi­
ciais dos pastos. A queima perm anente dos pastos provoca, porém, a for­
çada ascensão da umidade de camadas mais profundas. A superfície encrostada
____________ ESTERILIZAÇÃO E INOCULAÇÃO DO SOLO_________ 157

ou pisada não permite a fácil penetração da água pluvial. Provocamos pois,


com a queim ada, o gradativo secamento da terra, que, depois de dezenas de
anos de uso desta prática, não produz mais n a d a senão barba-de-bode (Aristida
pallens) n u m a terra completamente estéril, endurecida. Notamos então, que o
efeito benéfico não ocorre, caso faltar a posterior «inoculação» na terra de ml-
crcrganismos, se esta não fôr a ra d a e se não existir matéria orgânica ( R U S ­
SELL).
Esta posterior inoculação, existe na ín d ia e China, países clássicos des­
ta prática, onde os lavradores, depois de queim ar os restolhos, adubam a terra
com estrum e de curral, cuidadosam ente preparado. O nde faltar esta adubação
cem estrume, assistimos à mais pavorosa devastação das terras pelo fogo.
Assim, por exemplo, os nossos índios, na América Central, devastaram por
completo, os seus m ilharais, pela prática de colhêr-queim ar-plantar, (fazendo
somente um furo n a terra m ediante u m a v ara para poder colocar as sementes').
Bastaram sete conquistadores para d e struir o seu império debilitado (Z IS -
C H K A ) . O nosso nordeste brasileiro foi tam bém a rruina do pela mesma prática.

Reconhecemos duas verdades :


1 — N em tudo que é costume é bom.
2 — N ão se pode introduzir um a prática esquecendo-se a parte
mais im portante dela.
E esta parte mais im portante na q ueim a é, sem dúvida alguma, a pos­
terior adub ação com estrum e de curral.
No Rio G ra n d e do Sul, a queim a dos arrozais é absolutam ente bené­
fica, caso se continue com um a c u ltu ra a sêco, bem estrum ada, como, por exem­
plo, de batatinhas, etc. T orna-se, porém, absolutam ente maléfica, caso seja
feita sem êste posterior cuidado.

Esterilização por vapor :

Nos E U A e In g la te rra usa-se a esterilização do solo pelo vapor, a fim


de m a ta r as linhas de micróbios desenvolvidos pela m onocultura ( D A V I E S ) .
Porém, isso é um a concepção e rra d a e danosa, porque não se trata de am quilar
certos microrganism os da terra, mas de equilibrar as condições de vida dêles.
Sabemos que, com métodos acertados de cultura, estas variedades microbianas
superdesenvolvidas, e já p arasitas, voltam, ao seu devido lugar, caso equili­
brarmos as condições de vida no solo. P or outro lado, tam bém um a esteriliza­
ção do solo, perm anecendo as condições desfavoráveis, não modifica a microvida
(F R A N Z ).
Vemos claram ente o êrro da nossa época em querer «curar», com mé­
todos técnicos, desequilíbrios biológicos por nós provocados.
O cultivo contínuo da m esm a cultura — a m onocultura — provoca o
cansaço do solo p a ra com esta cultura, somente devido ao desenvolvimento
desmesurado de u m a ou d uas raças de m icrorganismos, em detrimento às de­
mais, que, finalmente, a tu a m como patógenes na própria cultura (B U R G E S ) .
158___________ ESTERILIZAÇÃO E INOCULAÇÂO DO SOLO

Portanto, todos os métodos de esterilização, tanto físicos como químicos


nunca trazem a extinção de todos os micro-sêres, podendo-se distinguir dificil­
mente entre a destruição total do patógeno e a modificação no equilíbrio ecoló­
gico da micropopulação beneficiente.

M ÉTODOS Q U ÍM IC O S

Verificou-se que, pela esterilização parcial de terras decadentes, pode­


mos alcançar colheitas melhores; por quê? Porque a mic'roflora unilateralm en- '
te desenvolvida, por causa das monoculturas, não é mais benéfica, mas m uitas
vêzes já parasita. Acredita-se, pois, na agricultura químio-técnica, que êste .j
flagrante desequilíbrio microbiano no solo é sanável pela esterilização, ou seja,
pela simples m atança dos microrganismos, desproporcionalmente desenvolvidos. ]
Esquece-se, porém, que remove-se tem poràriam ente o excesso de um a variedade 3
de micróbios, mas não o ambiente que causou o seu desenvolvimento despropor- ’
cional, e que o causará sempre, de nôvo. Q uer dizer, sempre se desenvolverão i
êstes micróbios degenerados e muitas vêzes parasitas, porque as condições a p ro ­
priadas para êste desenvolvimento inatural perduram. ( F R A N Z ) .
Assim, a indústria química desenvolveu, na incompreensão dos fatos I
reais, um a série de bactericidas e fungicidas para a esterilização do solo, como : 1

cloreto de carbono, benzina, formaldeído, alcool, éter, benzol e seus homólogos, 1

fenol, piridina, e ligações metálicas como C u S 0 4 , N a 2 S, bicloreto de mercúrio, 1


arsênico, (contra vermes); ácido acético (contra fungos), toluol, dissulfito de 1

carbono, etc. ( Z E I L I N G E R ) .
BLISS constatou que, por exemplo, dissulfito de carbono m ata muitos *
fungos que se desenvolveram em um solo decaído, mas beneficia de tal m a ­
neira o Trichoderma viride que se torna, por muitos meses, o microrganismo j
dominante no solo.

M É T O D O S B IO L Ó G IC O S

A fácil multiplicação dos micróbios na terra tem limites conforme o lu- |


gar e as possibilidades que ela oferece. Condições diferentes ocasionam um de­
senvolvimento diferente. Por outro lado ocorre a repopulação de terras estéreis 11
muito depressa, caso as condições sejam favoráveis. Como, por exemplo, a de í
pântanos drenados com calagem, cultivados, onde as Nitrobacter logo se as- (
sentam.
A inoculação da terra tem somente êxito, se as condições de vida para
essas bactérias são favoráveis. Ela é feita por adubos ricos em microrganismos
(estrume) ou pela inoculação de linhas puras.

a) Inoculação por adubos ricos em bactérias

Estrume:

Pela adubação Com estrume de curral e compostos, ocorre um natural


enriquecimento do solo em bactérias e fungos. Im portantes são, aqui especial­
IN O C U LA ÇÃO DE SOLOS E SEMENTES 159

mente, os microrganismos decompositores de celulose, principalmente fungos,


porque são geralmente pouco freqüentes no solo. O fim precípuo do estrume e
serv^ (rcmo f°nte de alim entação para os microrganismos, porém os micróbios
termófilos do estrume n ão se conservam no solo, m orrendo logo, como diver­
sas variedades de estreptomicetos, PseudonocarcLia theimophila, Aspergillus
f umigatus, etc. Mas existem também diversas raças de Clostridium, ciliados,
flagelados, nematóides, rotatórios, minhocas e outros sêres da micro e meso-
fauna no estrume, que se conservam. ( H E N S S E N ) .

V inhaça :

É tam bém cham ada «calda», «vinhoto», «restilo», «garapão» (M A L A -


V O L T A ) . A vinhaça é um subproduto do álcool ou da aguardente.
É um dos melhores adubos de inoculação microbiana. Contém aproxi­
m a d a m e n te por litro : 3,7 g de N; 3,10 g de K; e 0,05 g de P (absolutamente
po bre). O pH é na média de 4,5 a 5,0 e por isso muito tempo se teimava em
aplicar a vinhaça no campo. Verificou-se, porém, que no decorrer de dois a
três meses, a elevação do pH, provocada pela vinhaça, correspondia à q u a n ti­
d ade aplicada (100 a 1000 to n /h a ). Êste aum ento de pH ocorre pela incenti-
vação forte da microvida. Também, na Escola Superior de Agricultura «Luiz
de Queiroz», apurou-se que a «alcalinização» da terra desenrola-se p aralela­
mente ccm um a melhora da fofice, au m e n ta n d o a capacidade retentora do solo
no mesmo tempo em que o perigo da erosão dim inui. ( M A L A V O L T A ).
H ouve um sensível aum en to de bases trocáveis, a troca de cations subiu
de 1 , 6 mili-equivalentes para 1 2 mili-equivalentes por 1 0 0 g de solo.
Todos êstes sintom as milagrosos não são incompreensíveis, porque são
efeitos norm ais da revitalização da vida microbiana, o que é igual à refertili-
zação do solo.
B I S H O P constatou, também, o aum ento da capacidade de troca (A K )
com au m e n tad a s aplicaçõs de estrume, enqu an to adubações químicas, mesmo
m oderadas, d im inu ía m a mesma.

b) Inoculação com linhas puras

Esta inoculação oferece resultados m uito diversos. M uitas vêzes traz


um fracasso total, porque é feita sob condições desfavoráveis para os m icror­
ganismos, os quais tornando-se parasitas, destrcem a cultura.
Tôdas as culturas possuem bactérias em sua rizosfera, embora não sim-
bióficas, específicas a elas ( W E S T e L O C H H E A D ) , que C O N N cham a sim ­
plesmente de «agrobacter». Tôdas são gram-negativas, — incluindo, as vêzes,
bactérias fluorescentes, — raram ente form am esporos, se apresentam também
em formas coloridas-'ö são bastante ágeis. ( L O C H H E A D ) .
C O O P E R , que repetiu todos os trabalhos russos sôbre a inoculação dom
Azotobacter e Bacillus megatherium, observou que o benefício não é geral, mas
lim itado às culturas que necessitam destas bactérias.
160 BIBLIOGRAFIA

As condições exig’das para um a bem sucedida inoculação são :


a) condições biofísicas favoráveis (estrutura do solo e fontes de
energia),
b) condições quím icas favoráveis .(nutrientes adeq uado s),
c) um pH adequado.
Q u er dizer, somente qu a n d o o arejamento está de acôrdo, se existem
nutrientes orgânicos e químicos, se o pH é adequado e a relação N : C não ul­
trapassa 1 : 10. as bactérias serão benéficas. Condições favoráveis à microvida,
geralmente dispensam a inoculação. Se um a inoculação se torna necessária, já
podemos calcular que as condições não são favoráveis e, portanto, a inoculação
também não terá êxito. Somente as Rhizobacter Constituem um a exceção, por­
que certas linhas só existem junto a certas variedades de leguminosas. E, caso
estas forem plantadas pela primeira vez, precisamos recorrer à inoculação das
sementes com as respectivas bactérias. Assim, em muitos solos faltam os sim-
biontes da soja. Porém, depois de alguns anos de plantio consecutivo, os sim-
biontes aparecem espontâneamente.

B IB L IO G R A FIA

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CAPÍTULO VII

OS PA T Ó G E N O S NO SOLO

A CONTAGEM DOS GERM ES ................. 167


ENDÕGENAS OU BACTÉRIAS OBRIGATÓRIAS ............................. 168
ECTÕGENAS OU BACTÉRIAS FACULTATIVAS ............................... 170
PATÓGENOS E SEUS ANTAGONISTAS NO SOLO ......................... 170
PATÓGENOS VEGETAIS .......................................................................... 171
PATÓGENOS VEGETAIS E O SEU COMBATE ............................. 175
MÉTODOS EFICAZES DE CONTROLE DOS PARASITAS ............ 177
D EFICIÊN CIA S M IN ERA IS E A SUSCETILIDADE VEGETAL . 179
BIBLIOGRAFIA ......................................................................... igO
OS PATÓGENOS NO SOLO 167

O grande Pa steu r disse no leito de morte :


«Claude B ernard tin h a razão: O micróbio
na d a significa, o am biente é tudo».
A CONTAGEM DOS GERMES:

Os órgãos das plantas e anim ais estão livres de microrganismos. U m a


exceção é o intestino. Com o alimento chegam aí, tam bém os micróbios, onde
vivem como flora intestinal, sendo ativos através de suas enzimas.

Logo depois do nascimento de um animal, já encontramos no seu intes­


tino bactérias e protozoários. A microflora do intestino depende, essencialmente,
da microflora da forragem, que é m uito variada.

N as fezes hu m a na s encontramos entre 3 a 70 milhões de germes por


grama.

Êstes germes são contados:

a) diretamente, m ediante o microscópio,

b) indiretamente, em cultura «in vitro».

A contagem direta se faz, aplicando n u m a lâm ina um líquido rico em


germes. Fixam-se, tingem-se e contam-se as bactérias. Distinguim os a contagem
em colônias, em quadrinh os ou em listas. O resultado da contagem individual
ou em colônias é multiplicado por um fator, resultando o núm ero em um gra­
ma. P a ra reduzir as fontes de êrro, é interessante fazer m aior núm ero de con­
tagens.

CON TA G EM IN D IV ID U A L

% • I
168 CONTAGEM DE BAC TÉRIAS

C O N T A G E M EM C O L Ô N I A S C O N T A G E M EM L IST A S

N a contagem em listas, computam-se somente os micróbios que se en­


contram dentro de determ inada lista ou, geralmente, os micróbios existentes
em listas perpendiculares.
0 método de cultura é, ainda, mais certo, porque não conta os micró­
bios mortos. Mas nem todos os germes vivos formam colônias. O prazo e a
tem peratura de incubação são iguais para tôdas as colônias de um a placa.
Todos os métodos de contagem fornecem, somente, resultados relativos.

Podemos distinguir duas variedades de micróbios no intestino :

1— os endógenos e perm anentes ou obrigatórios,


2 — os ectógencs ou facultativos, que dependem da microflora da ali­
mentação ( Z E I L I N G E R ) .

A freqüência dos micróbios :

Nos endógenos encontramos, tanto no homem como no anim al :


Escherichia coli
Aerohacter aerogenes cloacae.

1 — E N D O G E N AS O U B A C T É R IA S O B R IG A T Ó R IA S

a) acidófilas : existem em ambientes mais ou menos ácidos. Incluímos


as bactérias que formam ácido láctico, especialmente Streptococcus.
Pertencem a êsse grupo, os «Fecal-streptoCoccus», sendo no homem o
Streptococcus faecalis, no cavalo e no boi o Streptococcus e qu mu s e
Streptococcus hovis e o Streptococcus inulinacius que fermenta a inu-
lina. O Streptococcus liquifaciens decompõe proteínas e pode liquidi­
ficar a gelatina. Encontramos lactobacilos no bebê : Lactobacillus
acidophilus mais tarde Lactobacillus bifidus, que depois de um ano
toma forma de Y; nos bezerros encontramos Lactobacillus helveticus,
na ovelha : Lactobacillus bulgaricus.
BACTÉRIAS ENDÖGENAS 1G9

São de grande im portância no lacticínio. O primeiro provoca


a ferm entação do queijo suíço e é ju ntado ao leite como fermento; o
segundo provoca a fermentação de «yougurt».
Encontram os os lactobacilos especialmente em pastos m uito
pisados, porém, com b astante m atéria orgânica,
b) alealófilas : (bactérias facultativas pH 7 ,3 ).
As bactérias do intestino que preferem um a reação alcalina,
são aeróbias. Pertencem ao g rupo Proteus, ao Bac. subtilis e ao Bac.
mesentericus.
Todas estas variedades são bactérias de putrefação e depende
de quais delas existam na forragem, p ara podermos dizer, quais as
que encontrarem os no intestino.

©
Fig. 56 — Streptococcus mesenterioides

O gado e as aves têm m uitas vêzes êstes bacilos no intestino,


especialmente se comem um pouco de terra junto com a forragem
O s a nim ais carnívoros possuem, especialmente, bactérias do grupo
Proteus (bactérias obrigatórias) e Pseudomonas.
c) R a ra m e n te encontram os bactérias endógenas que são anaeróbias, co­
mo as que compõem proteínas, por exemplo, Clostridium butylicum,
Cl. lentoputrescens (Putrificus c o l i ) , Cl. lentoputrescens verucosus
(e sp o ro g ên io s), que é semelhante a Escherichia coli. As vêzes, en­
contram os tam bém o patógeno Clostridium tetani (especialmente no
estrum e do c a v a lo ) , que causa o tétano.
Sabemos que os bacilos passam perfeitamente n o estômago e
n ã o são mortos pela acidez, apesar dêste possuir só um p H de 1 a 1,5.
Nos ru m in an te s encontram os na pança o «laboratório de fer­
mentação». Nos outros anim ais, como porco, cavalo, etc., esta tarefa
de ferm entação de celulose é feita no apêndice e intestino grosso.
A tu am aqui, especialmente bactérias anaeróbias e muitos estreptococos
(Z E IL IN G E R ).
170 BACTÉRIAS ECTÓGENAS E PATÓGENOS

Aos rum inantes e também aos outros anim ais falta um a enzi­
ma que dissolve a celulose. Por isso os anim ais podem aproveitar so­
mente os produtos que as bactérias lhes fornecem.

2 — E C T Ó G E N A S O U B A C T É R IA S F A C U L T A T IV A S

Encontramos nos rum inantes muitos fungos e actinomicetos. As leve­


duras são dissolvidas no intestino e não podem ser mais encontradas nos ex­
crementos.
Caso faltem as Lactobacter, encontramos um a decomposição m uito vio­
lenta de proteína. Conhecemo-la como «podridão intestinal». Êste mal pode ser
corrigido mediante m udança de alimentação e dieta adequada. As Pseudomonas
são potentes na decomposição de graxas. Porém, no corpo anim al a decompo­
sição de graxas é feita principalmente por lipases do próprio corpo, que a tu am
muito mais rápido que as lipases microbianas.

P A T Ó G E N O S E SEUS A N T A G O N I S T A S N O SO L O

Antes de entrarmos na adubação do solo com estrume e fezes, convém


esclarecer um ponto :
Muitos bacteriologistas se perguntam o que acontece com todos os ger­
mes de tifo, cólera, disenteria, peste, varíola e das outras epidemias.
A maioria das bactérias que causam epidemias não são capazes de so­
breviverem por muito tempo no solo. Mesmo os bacilos do tifo, e que infetam
a água, desaparecem espontâneamente, mais cedo ou mais tarde.
O desaparecimento dos patógenos no solo e na água atribui-se :
a) ao ambiente desfavorável para a reprodução;
b) a falta de alimentos adequados;
c) a destruição por protozoários, bactérias saprófitas e fungos.
JO R D A N descobriu que a Eberthella typhosa sobrevive em água este­
rilizada 25 dias e em água comum somente 4 a 7 dias. Provou-se que a sobre­
vivência dêsses bacilos é o inverso da contaminação da água. Q u a n to mais
pura fôr a água, tanto maior a sobrevivência, e quanto maior o número de bac­
térias, tanto menor a sobrevivência da Eberthella typhosa. Assim, por exemplo,
a Pseudomonas aeruginosa é um bacteriófago poderoso e, caso exista n ’água,
não haverá outra bactéria. Inoculando com patógenos, a água onde existam
Pseudomonas, não se encontrará mais nenhum traço de qualquer outra bactéria,
depois de 13 dias de incubação. — Especialmente a água m arítima, possui
agentes poderosos que provocam a morte rápida de todos os patógenos.
(G L A T H E ).
O Mycobacterium tuberculosis é encontrado vivo no solo, somente d u ­
rante 178 dias. Depois desaparece ( W A K S M A N ) .
O bacilo da febre aftosa sobrevive em terra estéril duran te 72 dias, em
terras vivas somente por 20 dias. G L A T H E prova, em ensaio feito com três
PATÓGENOS VEGETAIS 171

tipos de solos, que os patógenos W m o W / a enferidizü e m i m sobre-


\ i \ e m tanto mais tempo nos mesmos, q u a n to mais inativas forem as suas mi-
crovidas e q u an to mais debeis os seus complexos coloidais. Os podsóis foram
s solos que mais tem po as conservaram. N o entanto, depois de quinze dias
estes patogenos ja nao mais viviam em n en h u m destes solos. Por outro lado
encontram os sempre no solo Clostridium tetani. Todos os bacilos que causam
febre nas fe n d a s (g ra n g re n a g asosa), são da família dos C W r i d i u m e encon-
contram-se no solo. Em terras ácidas o perigo é menor do que nas alcalinas,
terras inscladas, a sobrevivência de patógenos é curta.

P A T Ó G E N O S V E G E T A IS

Antes de tratarm os dos patógenos convém lem brar alguns pontos deci­
sivos:

1 Q u e a resistência das plantas contra patógenos é hereditária, po-


rém prejudica, m uitas vêzes, outras qualidades im portantes e de­
sejadas ( B R A U N ) .

Q u e sempre há um a especialização des parasitas, formando novas


raças, n ã o havendo culturas que resistam por muitos anos
(G L A T H E , W A K S M A N ) .

3 Q u e métodos de higiene vegetal — como rotação, culturas inter­


caladas, sementes sadias, época e profund id ad e certas de plantio,
etc. — e de higiene do solo — como restabelecimento da e strutura
tòfa, a dub ação quím ica adequada, adu bação orgânica, etc.
( W A K S M A N ) , — são m edidas decisivas no combate às pragas
e doenças ( B R A U N ) .
4 — A adubação acertada a u m e n ta a resistência das plantas ( B R A U N ) .

Foi P R LM AVES I (1956) quem encontrou a regra que não há doença


\ egc tal sem prévia e determ in ad a deficiência mineral. Deve-se supor que a re­
sistência da p la n ta tem de estar d im in u íd a a fim de que haja um ataque mi-
crorgânico ou anim al. M uitas doenças vegetais, que antigam ente se atribu ía
acs virus, foram reconhecidas como simples carências minerais (H A M B ID G E
W ALLACE, BUSSLER, P R IM A V E S I, MALAVOLTA, C LA U S).
Os fungos compõem o grupo mais am plo de patógenos. Em tôdas as fa­
m ílias de mixomicetos, ficomicetos, ascomicetos, basidiomicetos (carvão de
trigo) e especialmente entre os F un gi imperfecti encontram os patógenos vege­
tais ( G Ä U M A N N ) . P e d e m causar doenças tan to em vegetais, como em a n i­
mais (por exemplo, os a c tin o m ic e to s).

E ncontram os Fu sa r iu m radicicola e Rhizoct oni a solani, parasitas da b a ­


tatinha, em terras que desconhecem plantações de b a ta ta inglêsa. Estabeleceu-
se, então, que as terras onde foram plan tado s cereais, trifólio ou outras legu-
m inosas ap re se n ta v am m enos p arasitas de b a ta tin h a s do que as terras virgens.
172 PATÖGENOS VEGETAIS

Todos os patógenos vegetais, como, por exemplo, a Phytophtora, a


Gibberella, etc. podem viver por muito tempo no solo, ou sempre existir. D e­
pendendo da ambientação, aum en tam perigosamente ou não. A inda depende,
antes de tudo, da alimentação da própria planta, se esta é atacada.
Acumulam-se hoje, os trabalhos realizados neste sentido e K O S S W I G ,
mostra que o mesmo patógeno não produz o mesmo efeito em pepinos ( Cu c um is
sativus L) da mesma variedade em diferentes canteiros, o que se deve a dife­
rente nutrição vegetal.

Isso vem provar que a doença vegetal depende, essencialmente, da n u tr i­


ção da planta.
Sabemos perfeitamente que os fungos patógenos. como a Gibberella
fujikuroi, Fusarium oxysporum, Fus. lycopersici, Fus. heterosporum, etc. são
muito freqüentes, especialmente em solos ácidos. Porém, nenhum destes fungos
se comporta de m aneira parasitária. Ao contrário, verificou-se que em terras
onde existe um a rica flora de Gibberella, a m aturação dos frutos de café
(A L V IM , A W D O N I N ) , se dá mais uniformes e cs pastos produzem mais
massa verde ( C O R N S , L E B E N ). No algodão, milho e outras culturas agríco­
las verificou-se apenas urn maior crescimento vegetativo com relativa pouca
produção de sementes, mas não houve sinal de doença ( W A L H O O D , C H E R R Y ,
C O L E M A N ).
Segundo S T U A R T e CA T H EY , a giberelina não se encontra somente
em fungos (espécie Gibberella fujikuroi), mas, também, em sementes im aturas
de feijão (Phaseolus vulgaris e Phaseolus multiflorus) e outras plantas.
Cientistas japoneses ap ura ra m que o ácido giberélico é extremamente
ativo na divisão celular e provoca em todos os vegetais o prolongamento celular.
(H A S H IM O T O e Y A M A K I).

Sementes germinam prontamente, mesmo sob condições desfavoráveis,


se há um a certa concentração de giberelina no solo (IK U M A , K A H N ) e mesmo
cereais de inverno chegam a florescer sem vernalização em presença de sufi­
ciente ácido giberélico ( H I G H K I N e K O L L E R ).
Mas, se em terra ácida, rica em matéria orgânica e de fácil decompo­
sição, um a chuva quente provoca um a decomposição «explosiva» desta m a ­
téria, o equilíbrio N : Cu se transfere repentinamente em nítido favor do ni­
trogênio, o que significa um a deficiência relativa de cobre. A planta agora
carente dêste metal, mas ab undantem ente provida de nitrogênio, ostenta um
crescimento rápido, de tecido mole e pouco resistente.
Agora m uda a situação. Os Fusarium e a Gibberella, até agora inofen­
sivos, tornam-se parasitas. E ntram pelas feridas radiculares, causadas pela ca­
rência e provocam o colapso rápido da planta, que morre do ápice para baixo.
(G A R R E T T ).

Mas ao lado dos possíveis parasitas, existem várias bactérias, actinomi-


cetos e fungos capazes de impedir o desenvolvimento dos fusários, possivelmen­
te patogênicos; elas até os destroem. Algumas bactérias antagônicas têm a
propriedade de dissolver as paredes celulares dos fungos.
COMBATE DOS PATÓGENOS 173

C H U D I A K O W constatou duas bactérias, entre tôdas, capazes de dis-


s o l\e r íusários. Porém, não foram encontradas em solos «cansados», por exem­
plo, de linho ou aveia.

S egundo R E Y N O L D S e T I M O N I N , a Trichoderma viride é um exce­


lente protetor de raízes contra patógenos, como tam bém várias espécies de
St rept omyces ( R E H M ) .

Em terras onde existe a «sarna» ou o «câncer» das batatinhas, desen-


s volvem-se bactérias fungófagas, da família dos actinomicetos, acabando com os
patógenos St rept omyces scabies (causador da sarn a) e S y n c h y t r i u m endobio-
ticum (causador do câncer) ( Z E I L I N G E R ) .

A Pseudomonas citri, causador do câncer cítrico, tam bém é controlado


: por bactérias, geralm ente comuns em terras sadias ( H O W A R D ) .

Fig. 57 — Pseudomonas, em solo decaído, em plena «lisis», por


causa de um ataque de fagos (a u m e n te 10.000 v ê z e s ).
174 CONTRÔLE DOS PATÔGENOS

Fig. 58 — Pseudomonas, parasitadas por outra bactéria


(aumento 10.000 v ê z es ).

Porém, não somente sêres da microflora controlam os fungos. Êstes são


limitados, especialmente, pela micro e mesofauna, como minhocas, nematóides, 1
colem boles e diplópodes, que vivem dos seus micélios ( S C H U S T E R F O R S - I
SLU N D ).

São cada vez mais freqüentes, no entanto, os autores que culpam as de­
ficiências minerais por possibilitar os ataques de fungos e microrganismos. 1
Assim, por exemplo, as Pseudomonas, também chamadas Phytornonas (H A N - 1
T S C H K E ) . que atacam o fumo, o feijão, a macieira, etc., estão ligadas a de- J
ficiências minerais, como no «Wild fire desease» do fumo, possibilitado pela
deficiência de potássio (B O R T E L S , W I L L F A R T H , M c M U R T R E Y ) . G E R -
LACH descreve a traqueomiccse de diversas plantas, aparentem ente provocada
por fusários, como a Rhizoctonia solani, coincidindo com os sintomas das «veias !
marrons» da deficiência de cálcio, descritos por BU SSLER.
A infecção de vegetais pela microflora e fauna não ocorre :
1 — Se a terra fôr fértil, quer dizer, se existir um perfeito equilíbrio J
microbiano ( G L A T H E ) .

Q u an do o pH fôr entre 6 a 7, cu o abastecimento em cálcio fôr


suficiente ( B U S S L E R ).

Q u an do a nutrição vegetal fôr equilibrada e g arantida (B R A U N


e V O ISIN ).
___________________ CONTROLE DOS PATÓGF.Nns 175

um s é n o md e “ n o ^ Pr: r S A N e2 r a

B R A U N e S C H W I N N constataram que, por exemplo, a


cactorum u m parasita perigoso em pomares, especialmente em macieiras pos-
su. um a fase saprofita no solo, d u ra n te a qual aum enta consideravelmente se
o solo for duro e inerte, mas, é rigorosam ente lim itada pela biocenose, principal-
mente pela microfauna, se o solo fôr fôfo e floculado ( B R A U N e N I E N H A U S )

P A T Ó G E N O S V E G E T A IS E O SEU C O M B A T E

Nos últimos 80 anos a ciência agrícola se ocupou sempre mais com os


problemas da Fitopatologia. As doenças vegetais au m entam de forma assusta-
dora e não existe meio de combatê-las, eficazmente. M uitas doenças, por exem­
plo, a ferrugem do trigo, ou a «fitoftora» da batatinha, são pràticamente incom-
batíveis. Fungos atacam, mas fungicidas n ã o os combatem! Chegou-se final­
mente à conclusão que:

a) Evitando a excessiva acidificação do solo, a vida dos fungos pato­


gênicos é b astante dificultada ( R U S S E L L ) .

b) R estrin gind o a alim entação dos fungos, especialmente no que diz


respeito ao nitrogênio, controla-se m uito o seu desenvolvimento. As­
sim, por exemplo, usa-se a prática de «undersow» quer dizer, plantar
em baixo do cereal u m a leguminosa, como alfafa (Medicago sativa)
que, depois da colheita do trigo, começa a desenvolver, nunca dei­
x an do sobrar nitrogênio algum no solo. Assim, evita-se um ataque
fungiana à c ultura seguinte. Depois, incorporada esta leguminosa,
como adub ação verde, ela liberta o seu nitrogênio para ser usado
pelo cereal ( G A R R E T T ) .

c) Em terras irrigadas o ccntrôle dos fungos patógenos se faz através de


um ano de cultura sêca com adubação orgânica liberal, que incentiva
altam ente a vida bacteriana, controlando os fungos ( F A W C E T T ) .
d) Restabelecendo a e s tru tu ra fôfa da terra, que garante a alim enta­
ção suficiente e contínua das plantas. Sabe-se que a planta sadia e
bem n u trid a N U N C A é ata c ad a por patógenos ( B R A U N , P R IM A -
V E S I, H O W A R D ) .

E im portante têrmos sempre em m ente que o aparecim ento de doenças


vegetais é u m sinal típico do ab alado equilíbrio do solo. A terra fica «doente»
com u m a e s tru tu ra decaída; a erosão e lixiviação tom am vulto e a sobrevivên­
cia vegetal fica seriam ente comprometida. (B R A U N , G A R R E T T ) .

Assim, A U F H A M M E R prova que aum e n ta a perfilhação do trigo a d u ­


bado com nitrato de am ônio cu nitrocálcio, mas aum e n ta também o ataque de
Cercosporella herpotrichoides. Deve-se tom ar isso como sinal de desequilíbrio
entre N : Cu, que podia ser evitado pela sim ultânea adubação com sulfato de
cobre.
176 FUNGICIDAS, BACTERICIDAS, HERBICIDAS

Doença vegetal n a d a mais é que o início da seleção natural, que pro­


cura eliminar tôdas as plantas inadequadas para as difíceis condições de vida,
ora reinantes. É, pois, absolutam ente errado insistir na m an utenção de plantas
inadequadas p ara as condições do solo, tolerando a decadência avançada do
mesmo. Devemos, ao contrário, insistir na remcção destas condições prejudi­
ciais do solo, que tornará automàticam ente, de nôvo, os vegetais adequados pa­
ra a terra em questão. «Doenças vegetais» são, pois, somente a demonstração
viva da decadência do solo ou de condições ecológicas inadequadas (F R A N Z ,
M E Y E R ).
G rande núm ero de fungicidas foi desenvolvido para o combate dos fun­
gos patógenos dos vegetais:
A calda bordalêsa. (sulfato de cobre + cal), é largamente empregada,
especialmente contra o míldio das perreiras, Phytophtora das batatinhas, diver­
sas podridões da macieira (Glomerella cingulata, Physalospora cydoniae,
Erwina a my l o v o r a ) , a «Sigatoka» (Cercospora musae) da bananeira, etc.
(M cN E W ).
Enxofre em flor (M cC A L LA N ) ou H 2 S (P O L L A C C I, M IL L E R ) con­
tra Botrytis e outros. Compostos de mercúrio ( R I E H M ) como «Upsulum», pre­
parados de clorina e de zinco, benzoquinonas ( O W E N S ) , D D T e Rodiatox, e
muitos outros foram desenvolvidos contra fungos e insetos. Mas mesmo assim,
segundo, M cN E W , perdem os lavradores dos E U A ain d a 7 % de suas safras
pela ação dos fungos, o que eqüivale a 3 bilhões de dólares por ano e M cCALLAN
e M IL L E R dizem que, apesar de tudo, faltam fungicidas efetivos, não podendo
os fungos serem controlados.
Por quê? Porque não se controla um desequilíbrio estrutural do solo, e
ecológico da microflora e da vegetação com um simples fungicida. Êste só po­
de ajudar a controlar as doenças até que sejam debeladas por métodos com in­
fluência ecológica. O controle duradouro é no selo, e não se faz atravéz de
fungicida.
Os inseticidas que contém cloro provocam, segundo P E R S I N , depres­
sões nas colheitas, especialmente em solos leves e pobres, sobretudo em épocas
sêcas. Provàvelmente, isso depende, parcialmente, da inibição da absorção fos-
fórica ( O H L R O G G E ) . D A V IE S é da opinião de que os inseticidas prejudicam
seriamente a microfauna que, depois de um único uso. pode-se recuperar após
alguns mêses, porém, fica exterminada pelo uso contínuo. Isso acarreta a falta
de m istura do h u m : ccm o solo e portanto, um a radical dim inu ição d a micro­
flora que também se acha prejudicada pelo inseticida. E D W A R D S mostra
que o D D T, por exemplo, reduz os ácaros e larvas de dípteros e coleópteros,
mas aum enta os colembolos. Isso pode constituir, no momento, um efeito de­
sejado, mas é, d urante mais tempo, bastante perigoso porque beneficia alguns
micrc-sêres, em detrimento de outros, o que sempre provoca o parasitism o dos
beneficiados ou de seus fagos (F R A N Z , B R A U N ) .
M IT C H E L L , A D A M S e T H O M constataram que a aspersão freqüente
de inseticidas e fungicidas, nas culturas agrícolas, provoca um a microflora ap ta
a destruir ràpidam ente estas substâncias tóxicas. A U D U S provou que a Bac.
globiforme decompõe em duas semanas 2,4-D (ácido 2,4 dinitrofenoxiacético),
mas o M . C . P . A . somente em 60 dias, enquanto o 2 ,4,5-T, usado para a
CO NTR OLE DOS P A R A S I T A S 177

destruição de ervas d a n in h a s em bosques, permanece u m ano no solo. Estes tó­


xicos provocam sempre um au m ento radical de u m a raça m icrobiana, ativa n a
sua decomposição, e n q u a n to as o utras d im inu em e até desaparecem ( M I T -
U H E L L ) . O resultado é, pois, sempre u m sério desequilíbrio da microflora e
fauna, com consideráveis prejuízos à e stru tu ra do solo. As prim eiras a serem
prejudicadas pelos tóxicos, como o 2,4-D , são as bactérias nitrificantes e os
R h i z o b i u m.
Deve-se considerar, portanto, cada inseticida ou fungicida em pregado
na lavoura como prejudicial à fofice do solo e conseqüentemente à sua fertili­
dade, interferindo desfavoravelm ente na m a nu te nç ã o de um a ag ricu ltura sadia,
próspera e produtiva.
A m aior fertilidade dos solos logo após a sua esterilização não se deve
a m a ta n ç a dos protozoários e a melhor m ultiplicação de bactérias, mas, segun­
do B U R G E S , tão sim plesm ente pelas maiores quan tidades de nitrogênio libe­
rado do plasm a dos m icrorganism os mortos como pelas alterações físicas do
solo, resultantes de u m a explosiva m ultiplicação de algum as poucas raças de
micróbios, que ocorre poucas sem anas depois da esterilização. Esta população,
por ser pouco v ariada, não contribuo em n a d a p ara a fertilidade c ontínua do
solo nem p ara a saúde vegetal.
W A R C U P constatou 140 espécies de fungos n u m solo comum, vivendo
êles em perfeito equilíbrio. Sete sem anas após a esterilização, a população fun-
g ia n a tin h a a tingida a m esm a densidade, porém, agora, somente com u m a ú n i­
ca v aried ad e de fungo, da espécie de Mortierella e um micófago, pa ra sita n d o
suas hifas ( S y r x e p h a l i s ) .
M A R T I N , tra b a lh a n d o com diversos esterilizantes, ccmo formol, cons­
tatou, nove meses após, o dôbro de m icrorganism os nas parcelas esterilizadas,
porém p re d o m in a n d o aqui os fungos em poucas espécies, especialmente Tricho~
derma e Penicillium, geralm ente conhecidos ccmo decompositores de Celulose.
O m esmo resultado obteve M A R T I N com fum igantes do solo, como D -D (di-
cloropropano + dicloropropileno) e H . C . H . (hexaclo rccicloh ex ano ), etc.
F E H R M A N N verificou que os fungicidas comerciais, em pregados con­
tra a Phytophtora infestans das b ata tin h a s, provocaram quatro vezes mais t u ­
bérculos apodrecidos nas culturas pulverizadas, que em culturas não tratadas.

M É T O D O S E F IC A Z E S DE C O N T R O L E DO S P A R A SIT A S

a) R ecuperação do solo pela revitalização da microvida,


1 — aração acertada (na pro fu n d id a d e e x a t a ) ,
2 — uso de adubos orgânicos, especialmente de estrum e de curral
bem curtido,
3 — calagem m oderada,
4 — adubos inorgânicos, abastecendo o solo em T O D O S os m ine­
rais carentes, considerando ao menos os 14 elementos essen­
ciais, até agora reconhecidos,
5 — evitar c ulturas « a limpo», operando Com culturas i n t e r c a l a d a s
e mistas.
178 CONTROLE DOS PARASITAS

b) Rotação de culturas, com aproveitam ento das relações sociológicas.


c) Criação de variedades próprias para o lugar (solo, clima, topografia,
e tc .) .
Todos êstes métodos de controlar patógenos vegetais são simplesmente
métodcs que visam, também, a conservação da fertilidade do solo.
H O W A R D , o homem que salvou as terras indianas, disse : «Onde há
hum o não há doença vegetal, nem pragas fatais».
E como o hum o é somente a melhor garantia dum a microvida polífita,
d um a estrutura sadia do solo e du m a alim entação contínua dos vegetais, é
óbvio que a saúde do solo é a melhor proteção contra as doenças das nossas
culturas.

A saúde vegetal garante-se por um a alimentação equilibrada e suficiente.


Necessita-se, portanto:
1 — um solo fôfo, com ao menos 3 % de matéria orgânica e um pH
maior que 5 5 e menor que 7,0;
2 — suficientes nutrientes vegetais, que devem ser aplicados pela adu-
bação comercial.
Todo exagero é danoso. Assim, aplicações de 5 a 10 ton. de calcáreo
por ha, 1500 a 3000 kg/ha de superfosfato, 600 kg/ha de cloreto de potássio,
etc. são exageros que nasceram de um mal entendido de fatos reais. É interes­
sante saber que um solo não necessita disto para produzir, porque:
a — tais quantidades serão sempre anti-econômicas;
b — sempre acarretam um sério desequilíbrio entre os demais n u tr i­
entes;
c — acusam um elevado grau de decadência do solo. Se um solo é so­
mente pobre em nutrientes, aplicações pequenas darão o efeito de­
sejado. Porém, se êle é biologicamente «doente», nem adubações
elevadas proporcionarão safras boas, e nunCa estas culturas serão
sadias, exigindo várias pulverizações de inseticidas e fungicidas.
Dessa maneira, a produção agrícola se torna cada vez mais cara,
mais difícil e mais incerta.
P E T E R S O N e P U R V I S provam que em muitos casos de deficiência
aguda de um nutriente, esta não aparece na primeira geração, mas sim na se­
gunda. Isso demonstra claramente a im portância da criação de sementes em
solos bens e sadios com adequado teor em nutrientes, porque sementes pobres
dão origem a plantas deficientes, que são — mesmo em solos bons — susceptí­
veis a doenças durante o seu estado juvenil.
S A D O P H A L e DAS constataram no trigo, que N P K au m en tam o cres­
cimento vegetativo. enquanto Cu, Zn, Mn, Mg, B reduzem o ciclo vegetativo e
aum entam o rendimento e o pêso hectolítrico. Q u a n to menor o ciclo vegetativo,
tanto menor é, também, a possibilidade do ataque por doenças.
DEFICIÊNCIAS MINERAIS E A SUSCETIBILIDADE VEGETAL 179

Z S O L D A S m ostra que a freqüência de brusone no arroz, aum e n ta com


mais n.trogênio e dim in u i com mais potássio no solo, o que vem p rovar a nítida
dependência, tam bém nesta doença temível do arroz, com um desequilíbrio
a lim entar. ,

S t o r n o s , especialmente no arroz, geralm ente cultivado em solos


gley ( K A N G e M A R K E R T ) , que o pH dessas terras in u n d a d a s é mais alto,
a saturação em bases é maior, o teor em C, N, e Mn, é alto. enq uan to êstes em
’ ^ Al é m enor do que em soles não inundados, o que signifi­
ca um fácil desequilíbrio alim e nta r e m aior susceptibilidade à doenças.

T a m bé m na b atatin ha, adubações u nilaterais de nitrogênio ou potássio,


em forma de cloreto de potássio, prcvocam um aum ento perigoso de virus Y
( P F E F F E R e G O E R L I T Z ) . Como se vê, há sempre prim eiro um desequilíbrio
m ineral c que eqüivale a u m a deficiência, porque se há nitrogênio demais, o
cobre existente n ã o é suficiente, e se há m uito cloro, o fósforo se acha im pe­
dido, e n q u a n to o excesso de potássio provoca a deficiência de cálcio.

Po r outro lado, B A R B I E R m ostra que um a adubação com m atéria or­


gânica. que a n im a a microvida, contribui decisivamente p a ra d im in u ir a inci­
dência do v irus Y na ba ta tin h a (de 19% a 4 % ) .

B U S S L E R p r o \ a que o virus Y ataca somente plantas deficientes em


cálcio, podendo-se evitar o ataq ue de virus Y com um a conveniente calagem.

T E P E provou que mesmo variedades de parreiras, resistentes a cochini-


Iha, são gra\ emente atacadas q u a n d o faltar potássio e cálcio na sua dieta. Com
u m a a d e q u a d a calagem e ad ub a ç ã o potássica êle pôde controlar, perfeitamente,
o a taq ue desses insetos.

Se o n a tu ra l equilíbrio no sole não fôr perturbado, nunca haverá ina-


tu ra l e prejudicial proliferação de fungos danosos.

A forma p a ra sitá ria d u m fungo é n a d a mais que a ad ap tação desta raça


às novas e adversas condições de vida. G raças ao ciclo vegetativo< curtíssimo,
esta a d a p taç ão ocorre logo, em prejuízo das nossas culturas.
R e sum indo, pode-se constatar:

O s patógenos ocasionais, que vivem sempre no solo, como os fusários,


rizoctonias, pseudom onas, etc., só a tacam as culturas se o equilíbrio ecológico
dos m icrorganism os no selo fôr m odificado em seu favor, e sefaltar, ainda,
certo e d e term in ad o n u trie n te na alim entação vegetal.

Os patógenos obrigatórios, como. por exemplo, Puccinia graminis tritici,


Erysiphaceae, só a tacam o seu hospedeiro q u a n d o êste sofre de u m a deficiên­
cia alim entar, isto é, de u m a d e term in ad a carência m ineral, sendo limitados os
a taques estritam en te a m esm a deficiência.

A ação dos patógenos é, pois, a expressão flagrante de um desequilíbrio


ecológico e alim entar, podendo ser a sua atu a ç ã o evitada, através de métodos
agrícolas adequados.
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mm: .

l£ Â 11
CAPÍTULO Víll

A FO R M A Ç Ã O DO E ST R U M E

O ESTRUME DE CURRAL ..................................................................... 185


O DESENVOLVIMENTO DOS MICRORGANISMOS ........................ 186
OS PROCESSOS DA FORMAÇÃO DE ESTRUME ............................ 188
A FORMAÇÃO DE ÃCIDOS ORGÂNICOS
POR MICRORGANISMOS NO ESTRUME E CHORUME . . . . 189
A FORMAÇÃO DE GASES ......................................................................... 189
A FERMENTAÇÃO QUENTE DE KRANTZ ....................................... 190
A TRANSFORMAÇÃO DE NITROGÊNIO NO ESTRUME .............. 191
A NITRIFICAÇÃO NO ESTRUME DEPOSITADO ............................ 192
AS PERDAS SUBSTANCIAIS NO ESTRUME DE CURRAL ........ 192
A TRANSFORMAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS MINERAIS NO
ESTRUME ............................................................................................... 192
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 194
___________________________ O E S T R U M E _________ 185

O estrum e consiste:
a) nos resíduos alim entares transform ados no intestino anim al que são
as fezes,
b) na liteira ou cama do anim al,
c) na urin a, com a q ual a cama foi embebida.

A composição do estrume v aria m uito segundo:


1 — a espécie (vaca, porco, etc.) e a alim entação do anim al,
2 — o m aterial e a q u a n tid a d e u sa d a p ara a cama (palha, turfa,
fôlhas, e t c .) ,
3 — o processo de fermentação (quente, f r i o ) .

S egundo W A K S M A N e D I E H M , as fezes de ovelhas são ricas em pro­


teínas e pobres em celulose; as dos cavalos, pobres em proteínas e ricas em ce­
lulose e as das vacas estão nu m meio têrmo destas, enqu anto as das aves são
as mais ricas em nitrogênio, fósforo e potássio.
0 valor do estrum e não é sempre igual. Podemos distinguir:
1 — um p ro duto valiosíssimo, que resulta de fezes de gado bem n u tr i­
do, tendo como m aterial absorvente palha de cereais, sendo fer­
m en ta d o por um processo «quente», n u m a esterqueira adequada,
onde não há perigo de lixiviação,
2 — um produto, praticam ente, sem valor nenh um , constituído so­
m ente de lignina e celulose, provindo das fezes do gado, colhida.;
no campo, ou ju n ta d a s em esterqueiras inadequadas e desprotegi­
das. O valor dêste esterco não é m aior do que casca de arroz ou
bagaço de cana.
As fezes, em si, sofrem poucas modificações, caso não ferem ferm enta­
das. Já em 1882 reconheceu-se a im portância da ação m icrobiana na formação
do estrume.

U R IN A :

Sai do corpo a n im a l geralm ente estéril, perém. logo é infetada e sofre


várias alterações, devido ao seu alto teor em substâncias solúveis, que são fà^
cilmente decompostas em m atérias voláteis.

FEZES:

C onsistem em q uase 5 0 % de m icrorganism os mortes. Sofrem somente


lenta transform ação.

CA M A O U L IT E IR A :

C o n sta de palha, de serragem, de fôlhas sêcas, de turfa, etc., que con­


têm u m a p arte em su bstân cias de fácil decomposição, como pentozanas, e um a
p arte de difícil decomposição, como a celulose e a lignina.
186 O ESTRUME

Para a rapidez da decomposição o teor em água é decisivo. N a fermen­


tação do estrume são liberadas energias em forma de calor que são tanto mais
altas quanto menos água as fezes contiverem. Fala-se, pois, de estrumes quen­
tes ou frios, porque, na presença de um elevado teor em água, gastam-se muitas
calorias para provocar o aquecimento do substrato. (W A K S M A N , R U S S E L L ,
Z E I L I N G E R , K R A N T Z , MALA V O L T A ).

ESTRUME QUENTE:

É o dos cavales. É, relativamente, sêco e rico em substâncias de fácil


decomposição. O estrume de ovelha é quente, porém, não tão quente como o do
cavalo, porque contém a maioria de suas substâncias em estado já decomposto.
O uso do estéreo de cavalo como «aquecedor», em canteiros-estufas, é bem
comum.

ESTRUM E FR IO :

O estrume de vaca tende a ser «frio», mas menos do que o dos porcos,
porque contém, ao lado de bastante água, m uitas substâncias fàcilmente de-
ccmponíveis.
Em muitos sistemas de produção de estrume fermenta-se urina, em se­
parado, p ara chorume, porque se quer evitar um a fermentação fria do estrume.
O estrume fresco não está em condições de ser aplicado ao solo, porque
está ainda sujeito a profundas alterações, nas quais se perde até 1/3 de sua
substância.

Segundo D É H É R A I N , a função da «cama» (material absorvente) não


cor°iste, somente, em confortar os animais, mas em fornecer as celuloses indis­
pensáveis à humificação do estéreo, dando ao estrume o valor especial que
possue no melhoramento do solo. Por isso, a composição química da «cama» é
de grande importância. Apesar da turfa absorver 4 a 5 vêzes o seu pêso em
água, enquanto a palha, somente, absorve 2 a 3 vêzes o seu pêso, êste último
é muito mais valioso na produção do estrume.

O D E SEN V O LV IM EN TO DOS M IC R O R G A N IS M O S :

O núm ero de germes aumenta, ràpidamente, na urina, porém, logo de­


pois da m istura com as fezes e a liteira, baixa radicalmente, porque m udaram
as condições de vida. Mas, depois de 24 horas, ocorre um nôvo aumento dos
microrganismos, provindo, especialmente, da atividade acelerada dos germes d a
urina. Com o decorrer do tempo o número dos micróbios dim inui sensivelmente,
mas, depois de 14 anos, ainda podem ser encontrados vários milhões em um
grama de estrume.
Os microrganismos mais comuns do estrume são:
Bactérias, especialmente bacilos e alguns cocos (Streptococcus e Sar-
ci na s ) , tais como:
FE R ME N TA ÇÃ O DO EST RU ME 187

Escherichia, Aerobacter, bactérias fluorescentes,


P seudomonas, Proteus, Bac. subtilis, Bac. mesentericus,
Bac. cereus.
Êstes bacilos esporogênicos provêm da terra e da forragem infetada com
terra.
A reação levemente alcalina favorece, também, bactérias esporogênicas
anaeróbias, como o Cl ostri di um lentoputrescens.
Existe, tam bém , no estrum e grande núm ero de fungos termófilos como
o Sporotri chum sp., Aspergillus fu mi ga t us e Oospora lactis, actinomicetos como
Streptomyces, Nocardia, Pseudonocardia thermophila, etc., diversos protozoários
como ciliados e flagelados, e, tam bém , nematóides, rotatórios, oligoquetas, etc
(H E N S S E N ).
A ferm entação e m a tu ra ç ã o do estrum e são devidas a agentes micro-
bianos, que induzem tôdas as reações químicas.
Especialm ente as oxidações conduzem a considerável dim inu ição da
q u a n tid a d e de m até ria orgânica.
A m aioria dos m icrorganism os são anaeróbios, mas existem, também,
algu ns aeróbios. As transform ações mais p ro fu nd a s sofre a uréia contida nos
excrementos sólidos e líquidos, podendo-se perder gran de parte do nitrogênio
em condições in adequadas.
M istu ra n d o -se com o estêrco, gêsso ou superfosfato, na base de 50
kg/ton., as perdas de N são m enores ( M A L A V O L T A ) , podendo-se reduzí-las
a uns poucos porcento, m istu ra n d o -o com terra no início da ferm entação
(N E H R IN G e SC H IE M A N N ).
N a s estrum eiras, êstes m icrorganism os são ativos e ferm entam excre­
m entos anim ais tran sfo rm and o-os em estrum e. Êste processo cham a-se ferm en­
tação de estrum e ou simplesmente: «estrumação». É m u ito sem elhante aos pro­
cessos d a decomposição n o solo. O estrum e bem curtido deve ser de côr m a rro n
claro, de consistência fôfa e friável, mas n u n c a rígida ou embolorada.
N o rm a lm e n te ocorre u m a ferm entação fria. O estrum e «nobre», porém,
é o pro d u to d u m a ferm en tação quente, onde a vida m icrob iana é, em grande
parte, esterilizada pelas te m p e ra tu ras elevadas (até 6 0 9 C ) . É, portanto, u m
p ro d u to de processos químicos, físicos e enzimáticos, depois da elevação da
te m p era tu ra, graças à ativ id a d e m icrobian a ( W A K S M A N ) .
M uitos autores alegam que o estrum e n ã o d á melhor efeito que um a d u ­
bo químico, q u a n d o colocadas iguais q u a n tid a d e s de sais m inerais.
E n tretan to , n ã o se cogita de que a ação benéfica do estrum e n ão é a
curto prazo ( W A K S M A N ) , m as m u ito m ais dem orada, porque a sua superio­
rid ade é n o m e lh o ra m e n to da e stru tu ra do solo. Assim, N Y S prova que um a
ad u b a ç ã o comercial, a curto prazo, dá um bom efeito, mas em ensaios de longa
du ra ç ã o ela d epend e d a e s tr u tu r a do solo.
S eg u n d o R Ü B E N S A M , os m ic rorganism os do solo a u m e n ta m com u m a
a d u b a ç ã o comercial, m a s en co ntram o seu m áx im o n u m a a d u b a ç ão de estrume,
m ais u m a a d u b aç ã o m in eral. V E T T E R diz que o efeito de u m a a d u b a ç ã o co­
m ercial é ta n to maior, q u a n to m ais m a té ria org ânica contiver o solo.
188 EFEITOS DO ESTRUME; FORMAÇÃO DE ESTRUME

O estrume possui qualidades que n en hum outro adubo tem (K L A P P ) ;


êle dá, ao solo, a base para a adubação comercial e o seu valor não está so­
mente no nitrogênio, fósforo e potássio que adiciona ao solo, mas no fato de
ser o melhor alimento microbiano. SA L T E R relata, também, sôbre a maior
«capacidade de campo», qu ando o estrume foi aplicado superficialmente.

Em solos ácidos, o pH tende a subir ( P R I M A V E S I ) adubando com


estrume, enquanto em solos alcalinos baixa. Em ensaios feitos d uran te 20 anos,
L Ü K E N notou que o estrume aum entava as safras, enquanto a adubação co­
mercial as baixava. Queremos lembrar, mais uma vez, que quando se fala de
estrume, refere-se a um produto de fezes, urina, e palha, convenientemente
curtido e não simplesmente de excrementos sólidos do gado, colhidos no campo.

Processo de fermentação do estrume:

N um lugar bem sombreado e sêco, de preferência sôbre paus redondos,


colocados em cima de uma fossa, reparte-se o espaço em três trechos. No pri­
meiro, coloca-se 40 cm de estrume, de m aneira a ficar solto, enchendo-se nos dois
dias seguintes cs outros quadros. N o q uarto dia soca-se, cuidadosamente, o es­
trume do primeiro quadro, colocando de nôvo 40 cm de estrume sôlto. Em cada
80 cm coloca-se um a cam ada de 10 cm de terra. Prossegue-se, assim, até for­
m ar pilhas de 3 a 4 metros de altura. O estrume deve ser protegido contra
chuva e sol, e regado, de vez em quando, com água, ou melhor, com o chorume
escoado e acumulado na fossa. Depois de 3 a 4 meses teremos um produto m a r­
rom, friável, quase inodoro, de ótima qualidade.

OS P R O C E S S O S DA F O R M A Ç Ã O DE E S T R U M E (seg. Z E I L I N G E R ) :

1 — A decomposição das substâncias ricas em carboidratos, anitrogênicas, es­


pecialmente de açúcar e graxa:
As graxas encontramos somente nas fezes, nunca na urina. Estas
substâncias sêcas são decompostas até C O , , H 2, CEÇ que se volatilizam.
Ocorrem, por isso, enormes perdas substanciais. Caso o estrume não seja
convenientemente depositado, estas perdas sobem a até 50% da sub stân­
cia total.
A decomposição de carboidratos e matérias pectínicas é feita não
só por bactérias esporogênicas, como Aerobacter, Clostridium, mas ta m ­
bém por bactérias não esporogênicas, como amilolíticas, que decompõem
amidas, e também por actinomicetos e fungos.
2 — A decomposição de pectinas :
Estas substâncias são intercelulares e têm a função de «colar» as
células um a à outra. Se a pectina é decomposta, os conjuntos celulares en­
tram em colapso e o tecido vegetal torna-se friável.
As enzimas ativas nesta decomposição são: pectinase e pectase, prod u­
zidas, especialmente, pelo Clostridium butylicum e pelo Bacillus polymyxa.
F O R M A Ç Ã O DE Á C ID OS OR GÂN IC OS; FO R M A Ç Ã O DE GÁS 189

3 — A decom posição de celulose :


É feita, prin cipalm ente, por m icrorganism os anaeróbios devido ao
meio re ina nte na estrum eira. D estacam -se Cl ostri di um werneri e Clostridium
omelianski. T a m b é m bactérias aeróbias tom am p arte neste processo, como
Celu lomo n a s flavigena e C e l ul omonas rossica. As enzim as ativas são a
celubiase e a celulase. A tu am elas entre 20" a 70", porém o «optimum» da
celubiase é de T 46° C.
4 — A hum ificação :
N a estrum eira, assem elham -se os processos aos do p róprio solo. N o
estrum e «nobre», obtido pela ferm entação quente, encontram -se mais su b s­
tâncias h úm icas de qu e no comum. F o rm a-se um h u m o neutro, sendo o
ácido húm ico p ro n ta m e n te n e u tra liz a d o pelo amônio. A decomposição de
estru m e é, pois, a c o m p a n h a d a de r á p id a descarboxilação e do gradativo
e nriquecim ento em lignina.

FO R M A Ç Ã O DE Á C ID O S O R G Â N IC O S PO R M IC R O R G A N IS M O S
N O E S T R U M E E C H O R U M E (pela oxidação, redução e s ín te s e ) .

Com o já sabemos, form am -se ácidos orgânicos na dissociação de car-


boidratcs e graxas, mas tam bém na decomposição de proteínas, como ácido
fórmico, ácido acético, ácido butírico, ácido láctico, etc.
N o c horum e encon tram o s o ácido hipúrico, que é hidrolisad o e tr a n s ­
fo rm ado em ácido benzóico e glicina, que, por s u a vez, sofrem d e sa m in a ç ã o
hidrolítica. P ela decom posição de u r in a forma-se fenol. O benzoácido e os
fenóis possuem forte ação bactericida, porém a atividade dos m icrorganism os
sofre pouco, porque êstes ácidos são dissociados logo em seguida.
Pro vàvelm en te, form am -se tam bém álcoois alifáticos como produtos
interm ediários. O s ácidos orgânicos são ligados por N H 5 . Estas ligações amo-
niacais são, como o Indol e Escatol, responsáveis pelo cheiro do estrume.

A F O R M A Ç Ã O DE GASES
O s gases provém de sub stâ nc ia s nitro g e n a d a s e tam bém de compostos
anitrcgênicos. N a s cam a d a s aeróbias d a e stru m e ira forma-se, especialmente,
C O ?, e n q u a n to nas a naeró bias, internas, ocorre a form ação de H , e C H 4. A
form ação de C O (m onó xido de carbono) e H ? S (gás sulfídrico) ocorre, so­
mente, em q u a n tid a d e s m ín im a s. De ligações n itro ge na d a s, dissociam -se azôto
ele m e n ta r e óxidos nitrogênicos inferiores. C a so a e s tru m e ira n ã o seja a d e q u a ­
d a m e n te feita, ocorrem ferm entações p a lú dic a s nas cam a d a s inferiores, for­
m a n d o em m aiores q u a n tid a d e s C H e ácido butírico que, finalm ente, tam b ém
se cinde em C H 4 , Hs e C O p.
A fo rm ação de C 0 2 pode acontecer até 75" C. A form ação a n a e ró b ia
de C H j é e xclu sivam en te m o tiv a d a po r m icro rgan ism o s e te rm in a em 55" a
60" C. V ia d e regra, form a-se C H 4 de celulose, pentose, graxas, ácido láctico,
sais, açúcares, a m id a s e proteínas. F o rm a -s e H 2, geralm en te de pectinas,
a m idas, açúcares e p ro te ín a s e, em escala m ín im a , de celulose.
F E R M E N T A Ç Ã O Q U E N T E O U P R O D U Ç Ã O D E «E S T R U M E N O B R E »
(«E D E L M IS T » ) (seg. K R A N T Z )

Q u an d o se form a m etano e hidrogênio, isto depende das condições es­


pecíficas do m om ento.
Sob a reação ácida ou n eu tra, prevalecem as ferm entações que pro d u ­
zem EÇ. Sob condições m uito úm idas ou alcalinas, prevalece a ferm entação
e transform ação em C H 4 . Os gases inflam áveis podem ser captados e u tiliza­
dos no abastecim ento de gás dom éstico. É cham ado «biogás». Os m étodos de
captação dêsse gás são todos de um m esm o princípio. U tilizam um a «cúpula
de gás» que se introduz n a fossa. Ju n ta-se aqui o gás que é escoado p ara os
tam bores. O valor de com bustível do gás é entre 4.400 a 5.400 calorias por
m etro cúbico (S A U E R L A N D T e G R O E T Z N E R ).

GAS

CHORUME

7717771777177777777
O H g , norm alm ente, não se volatiliza, mas é absorvido. É utilizado
para a hidrólise biológica, que form a geralm ente m etano. A dissim ilação com­
pleta ocorre, porém , som ente por interm édio de m icróbios no solo. Conform e
as condições existentes o estrum e se aquece. Assim, o aum ento de tem p era­
tura pode oscilar m uito. O estrum e, soltam ente depositado, aquece m ais rápido
que o estrum e socado. As cam adas superiores aquecem m ais do que as inferio­
res. Q u er dizer, o aquecim ento depende do oxigênio disponível ou sim plesm en­
te das condições aeróbias.
Segundo pesquisas de D É H É R A IN em 1884, as cam adas inferiores
apresentam som ente um a tem p eratu ra de 55" C, en q u an to as superiores osten­
tam 65" a 68" C. A tem p eratu ra torna a b aix ar depois do m áxim o de ferm en­
tação. U m estrum e «m aduro» tem ain d a de 28" a 35"C. E sta é pràticam ente
o «optimum » p ara os bacilos butíricos,
FERM EN TA ÇÃO Q U EN TE DE K RA N TZ
D eposita-se o estrum e bem sôlto d u ra n te 4 dias. Isso provoca um a u ­
m ento de tem p eratu ra de até 60 a 72"C. Após o quarto dia, o estrum e é bem
pisado e socado, m antendo-se assim a tem p eratu ra em volta de 55" a 609 C.
N esta porção de estêrco, que tem m ais ou m enos 40 a 50 centím etros de a ltu ­
ra, deposita-se agora, sem pre do mesmo modo, m ais estrum e, até a tin g ir a al­
tu ra de q u atro m etros (K R A N T Z ).
A m anutenção da tem p eratu ra alta provoca um a hum ificação m aior, re­
T R A N S F OR MAÇÕES NO ESTRUME 191

d u zindo assim as perdas. A ferm entação deve ser com pletam ente anaeróbia.
O au to -aq u ecim en to da estru m eira é provocado por oxidação m icrobiana.
T ra ta d o errad am en te, o estrum e não atinge tem p eratu ras m aiores do que 45°C.
Som ente atin g e + 70" C q u a n d o o su b strato de fezes e palha fôr, relati­
vam ente, sêco. N estes estercos en contram -se, especialm ente, as bactérias ter-
m ófilas, como Bac. subtilis, Bac. mesentericus e Bac. term ofilus grigoni. O
processo d u ra de 5 a 6 m eses e fornece um p ro d u to neutro, com pletam ente hu-
m ificado e q u ase inodoro.

A T R A N S F O R M A Ç Ã O D E N IT R O G Ê N IO N O E S T R U M E :

A form ação de am oníaco depende da m istu ra do esterco. O s quelatos


n itrogenados de u rin a são os de m ais fácil decom posição, en q u an to os da liteira
e dos excrem entos o fazem lentam ente, porém , form ando tam bém am ônio. A
pro dução de am ônio depende, pois, p rin cip alm en te das quan tid ad es de u rin a,
cujos quelatos nitro g en ad o s são de d iversa decom ponibilidade, conform e areja­
m ento e v aried ad e dos m icrorganism os. U réia, ácido úrico, ácido hipúrico e
c rea tin in a são as m atérias-p rim as.

CO ch2
I < 25> - CO - C l4 N H —COOH
NH N - C H j ácido hipúrico

c c re a tin in a
II

O «m axim um » d a p ro d u ção am oniacal som ente se alcança após 6 a 12


dias. U m a p a rte dos decom positores da u réia possuem um «optim um » de tem ­
p e ra tu ra em + 13°C. O arejam en to n ão é de im p o rtân cia p a ra êstes m icróbios
cujo n úm ero é g rande. Micrococcus, Streptococcus, sárcinas, fungos, Bac.
Freudenreichii, Escherichia coli, varied ad es de Proteus, são os principais. A
tran sfo rm ação de u ré ia em am oníaco é com pleta. A relação do ácido úrico é a
m esm a no estru m e e no solo. As P seudom onas cindem o ácido úrico em
u ré ia e C 0 2. A in ten sid ad e d a form ação de com postos am oniacais hidrosso-
lúveis, de su b stân cias com pactas, é reduzida. O s m icrorganism os assim ilam
p ro n tam e n te N H 4 e N H 2 , tra n sfo rm a n d o até 3 /4 d êstes com postos am oniacais
hidrossolúveis em su b stân cias insolúveis. M as, p ara êste processo, além das
fontes de nitro g ên io , precisam -se tam bém as de carbono. A ssim , sob condições
aeróbias, processa-se um a tra n sfo rm a ç ão m u ito rá p id a (W E Y L A N D ).

O n itro g ên io assim ilad o pelos m icrorganism os é fixado, tornando-se tem -


p o rà ria m en te in ap ro v eitáv el p a ra os vegetais. A ligação de n itrogênio em for­
m a de p ro teín a m icro b ian a no estrum e, tem a v antagem de reduzir essencial­
m ente a p erd a de am ônio volátil.
192 PERD AS M IN E R A IS E TR A N SF O R M A Ç Õ E S NO ESTRU M E

A N I T R I F IC A Ç Ã O N O E S T R U M E D E P O S IT A D O :

Êste processo é insignificante, porque som ente nas cam adas superficiais
existem condições aeróbias. Porém , nestas cam adas, a nitrificação é im pedida
pela insolação e pela sêca. C aso h aja um aum ento de nitrogênio, êste é provo­
cado pela Azoiobacter. P o r outro lado, existem grandes perdas em su b stâ n ­
cias sêcas e nitrogênio. O am ônio, ou am inoácidos form ados, entram em reação
com o ácido nitro so (H N O ? ), liberando nitrogênio. M esmo o am ônio, ligado
pelos m icrorganism os, pode ser liberado.
Os m icrorganism os são diretam ente responsáveis pelas perdas de n itro ­
gênio, pela d esnitrificação ou oxidação de am ônio.
D É H É R A IN descobriu que, sob condições aeróbias, ambos os processos
tom am vulto. As perdas de nitrogênio, em condições aeróbias, são de 3 8 % , em
vista dos 19% em condições anaeróbias. Em presença de carboidratos, a des­
nitrificação pode cau sar grandes perdas. E specialm ente a bactéria Flavobacte-
rium denitrificans reduz o N O g, m as outras reduzem tam bém o N O j .
N a desnitrificação direta form a-se som ente nitrogênio livre. N a in d i­
reta form am -se tam bém gases, como N ? O, C O ,, H , etc. Esta dem ora algum as
sem anas, aquela som ente alguns dias. O «optimum» de tem peratura na d esni­
trificação indireta é entre 27° a 40" C S uporta ventilação, enquanto a direta
não a suporta. A oxidação de am ônio é feita em presença de m icrorganism os
que podem liberar nitrogênio elem entar (Z E IL IN G E R ).
V ários m icrorganism os oxidam tam bém N E T , como Proteus vulgaris e
Escherichia coli.

AS P E R D A S S U B S T A N C IA IS N O E S T R U M E DE C U R R A L :

G eralm ente as perdas mcnfarn em 4 0 % . L Ö H N IS dem onstrou que,


num arm azenam ento de três meses, as perdas são as seguintes:

A rm azenam ento comum ]na época quente 40%


Ferm entação norm al 1na época fria 22%

A rm azenam ento comum ]na época quente 15 a 21%


Ferm entação quente (na época fria 5 a 11%
(m étodo K R A N T Z )

JE G E R O F F constatou que, q uanto m ais úm ido o estrum e, tanto m aiores


as perdas substanciais. Com 75% de um idade as perdas atingem o máxim o.

A T R A N S F O R M A Ç Ã O DAS SU B S T Â N C IA S M IN E R A IS N O E S T R U M E :

As substâncias m inerais provêm especialm ente da liteira, existindo m u i­


to m ais m inerais na palha de aveia ou de arroz do que na serragem .

D u ran te a «m aturação» do estrum e, as substâncias m inerais são tra n s­


form adas em form as hidrossolúveis parcialm ente fixadas por assim ilação pelos
PERDAS NO ESTRUME; EFEITO DO ESTRUME 193

m icrorganism cs. As perdas em P são, no m áxim o de 1 0 % , de K 2 0 % , sendo


provocadas exclusivam ente por lixiviação. T am bém é possível que d u ra n te os
processos de p u trefação se volatilize H ? S, q u er dizer, haja perda de enxofre.
Sôbre as perdas de n itro g ên io já falam os.

O estrum e que contém pouca p a lh a é, geralm ente, aquele que se colhe


nos pastos. Já b astan te lavado pelas chuvas, o seu p rincipal valor é ser um a
m atéria o rg ân ica de difícil decom posição. V ia de regra, é paupérrim o, conten­
do m enos n itro g ên io do que o necessitado pelos m icrorganism os p ara sua de­
com posição total. Provoca, p o rtan to , nas cultu ras, fàcilm ente, um a acentuada
fome de nitrogênio.

0 estrum e bem tra ta d o é um adubo com pleto. G eralm ente, porém , não
é bem tratad o , sendo som ente um a fonte de carbono para os m icrorganism os.
O s efeitos pouco benéficos e até prejudiciais que aparecem às vêzes, logo depois
de um a ad u b ação o rgânica, provém dêsse fato. O valor dêsse adubo é som en­
te igual ao v alo r da p alh a ou do bagaço que incorporam os, havendo necessida­
de de aju n ta rm o s sem pre salitre p a ra c o n trab alan çar a fome das bactérias. É,
po rtan to , da m aior im po rtân cia o tratam en to adeq uado do estêrco, porque um
estrum e m al tra ta d o n ão é som ente pobre em sub stâncias m inerais, m as, tam ­
bém , rico em sem entes de ervas d an in h a s, que infestam as terras com êle a d u ­
badas.

R esum indo, pode-se co n statar cs feitos do estrum e:

1 — A u m en ta a capacidade de in filtração e do cam po (B O U Y O U C O S ,


S A L T E R e H A W O R T H ).
2 — Prom ove um a e s tru tu ra floculada do solo, estável às erosões, p lu ­
v ial e eólica. (V E R S H IN IN , K L A P P , S C H E F F E R e W E L T E ).
3 — M obiliza os fosfatos através da m icrovida incentivada (S C H A F ­
F E R ).
4 — E q u ilib ra a m icrovida e estim u la especialm ente a flora zim ogênica
(W IN O G R A D S K Y ).
5 — A u m en ta a pro d u ção de C 0 2, essencial p ara a fotossíntese
(W A K S M A N ).
6 — E nriquece o solo em potássio, fósforo e nitrogênio, além de m ui­
tos elm entos m enores, ( V E R S H IN IN ) e au m en ta a capacidade
de troca (B I S H O P ) .
7 — R e g u la o pH d o solo — ta n to o ácido como o alcalino — de m a­
n eira eficaz (P R IM A V E S I).
8 — G a ra n te a n o rm al e co n tín u a n u triç ã o vegetal (M E Y E R ).
9 — A um enta de m an eira m ais d u ra d o u ra o rendim ento agrícola
(R U S S E L L , M A LA V O L T A ).
10 — É um fato r decisivo n a saúde vegetal ( B R A U N ).
O v alo r dum estru m e convenientem ente c u rtid o é insuperável, e diz-se, nos
países de a g ric u ltu ra in ten siv a : «A estru m eira é a m ina de ouro do lavrador».
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RESUMO
E Q U ILÍB R IO D IN Â M IC O 1AR

RESU M O

B U R G E S disse: «Como todos os sistem as biológicos, o solo sofre alte ra ­


ções perm anentes, ficando, porém , em conseqüência disso, relativam ente está ­
vel. E sta condição p arad o x a é um «equilíbrio dinâm ico». O equilíbrio se m an ­
tém através de m odificações n u m a d ad a direção, com pensado por variações,
atuan d o em direção oposta. F reqüentem ente, os diversos processos — im plican­
do um ao outro — são de ação cíclica, de m odo que, ap esar de transform ações
profundas, as alterações finais, resu ltan tes em conjunto, são insignificantes.
Assim , realm ente, as q u an tid ad es das d istin tas frações perm anecem constantes,
por m uito tem po, a não ser que o hom em intervenha».
«N um a floresta, de zona fria, caem, anualm ente, doze toneladas de fo­
lhas por hectare e, num a floresta tropical, sessenta e nove toneladas por hecta­
re. N o ano seguinte, cai a m esm a q u a n tid a d e — a m an ta que cobre a super­
fície do solo perm anece a m esm a. A qui, o ciclo planta-solo-m icrorganism os é
perfeito».
M esmo assim , existe um a leve e constante lixiviação destes solos pela
água. E sta m igração, de sais m etálicos e não m etálicos para o subsolo, e sua
p arcial lixiviação p ara os rios, cham am os de envelhecim ento do solo.
Êste envelhecim ento gradativo, que é m uito lento num a floresta virgem
e m uito rápido n um cam po de cultu ra, acarreta, n aturalm ente, a g radativa subs­
tituição das espécies de p lan tas ali existentes, por outras m ais adap tad as. U m a
árvore, exigente em m agnésio, n ão consegue m ais defender o seu lugar n a as­
sociação vegetal, q u ando êste fôr deficiente; fica pesteada e m orre, cedendo lu­
gar a um a árvore m cdesta na necessidade dêste m etal. A ssim a n atureza reage
a qu alq u er m odificação do solo, a d a p ta n d o p rontam ente a sua associação vege­
tal e m icrobiana, às novas condições de vida. É, tam bém , esta a razão porque,
m esm o em um a m ata virgem , podem os en co ntrar pestes e plan tas doentes.
Em nossas terras de cultura, o am biente é, n a m in o ria dos casos, propí­
cio à cu ltu ra agrícola. O lavrador tem de criar prim eiro êste am biente, antes
de plan tar.
Temos de estar cientes, que a ag ricu ltu ra é um a coisa artifical, não po­
dendo, portanto, contar, unicam ente, com os sim ples recursos n atu rais, tendo-
se de criar, conscientem ente, um meio adequado p a ra as culturas. Já a aração
do próprio solo é a prim eira m edida que d isturba tôda a vida do mesmo, revor-
lucionando a sua B IO C E N O S E . Em lugar d a rica m icrofauna, de actinom icetos
e fungos, en tra agora, especialm ente, um a flora b acteriana aeróbia. D im inui,
radicalm ente, a m icro e m esofauna, tais como m inhocas, nem atóides, colem-
bolos, etc. A m icroflora, ag o ra incen tiv ad a pela aração e arejam ento, gasta,
luxuriantem ente, as reservas de m atéria orgânica do solo. A vid a se to rna m uito
m ais intensiva. É, justam ente, o que o lavrador queria, porque, som ente um a
vida inten siv a do solo, garante-lhe altas colheitas. Porém , êle tem de conside­
ra r as m udanças totais no solo, provocadas por êle mesmo, tais como produ­
ção acelerada, a m icrovida «doméstica», in teiram ente dependente do seu trato,
o solo, por m uito tem po d esnudado e desprotegido contra a insolação, a ação
das chuvas e do vento.
PORQUE AS CU LTURAS AGRÍC OLA S PROVOCAM PATÓGENOS 197

Com o um a vaca de alta criação n ão dá bons resultados, p astan d o só


em pastos n a tu ra is, sub m etid a às m u d an ças alim entares, de grande fa rtu ra no
verão, e de escassez no inverno, assim tam bém acontece a um solo arado, com
sua m icropopulação de «criação», porque apareceu esta som ente graças aos
trab alh o s no cam po, n ã o p ro sp eran d o sem cuidados especiais.
Pode-se tira r u m a p la n ta do solo p a ra m elhor estudo, m as a p la n ta fora
do solo n ão revela n a d a sôbre as possibilidades de vida que encontra nêle. P o r­
tanto, n ão é possível ju lg á-la fora do solo. As bactérias, fungos e m icroanim ais,
que se criam na sua rizosfera, a sua capacidade de vencer a resistência do solo,
a sua pressão osm ótica e, p o rtan to , a sua capacidade de sucção, a influência
sôbre a e stru tu ra do solo e, p o rtan to , sôbre o seu p róprio espaço vital, som ente
podem ser julgados q u an d o considerarm os o vegetal dentro da biocenose solo-
p lan ta-m icro rg an ism o s.
Com a c u ltu ra m onófita — p lan ta-se, m u itas vêzes, som ente m ilho, ou
som ente trigo, ou só algodão, etc. — provoca-se um a alteração enorm e no solo.
T oda a m icrovida ad ap ta-se, necessàriam ente, a êste regim e, beneficiando-se,
auto m àticam en te, todos os m icro-sêres capazes de utilizarem as excreções radi-
culares d a c u ltu ra. A concorrência m ú tu a, das p la n tas da p rópria cultura, to r­
nam as m esm as m ais fracas, p riv an d o -as d a n a tu ra l defesa, que gozava um a
p la n ta em p o licu ltu ra. O en raizam en to do solo é m uito m ais fraco e, portanto,
reduz-se a m icroflora a b actérias au tó tro fas, que vivem de oxidações de m etais,
ou tróficas, q ue u sam os ácidos segregados pelas raízes. A grande m aioria da
m icroflora sap ró fita, vivendo de m atéria o rg ân ica m orta, desaparece. A m icro-
fa u n a sapró fita, especialm ente as m inhocas, nem atóides, desaparecem , ig u al­
m ente, e criam -se m icro-sêres que vivem de b actérias, com o os protozoários, ou
de células vegetais vivas, sem i-necróticas ou, de q u a lq u er m aneira, debilitados
por prévias deficiências m in erais, como os p a ra sitas — fungos, nem atóides,
algum as bactérias — p orque já n ão enco n tram células vegetais m ortas no solo.
Com o esta m icrovida n ã o está c ap acitad a a m an ter a e stru tu ra fôfa do
solo, esta decai. O am biente, ap esar das arações, gradeações e cultivações, é
preferencialm en te, anaeróbio, porque a sim ples p u lv erização do solo d u ro e en-
to rro ad o n ão restitu i, a in d a, a sua e stru tu ra floculada, assentando-se êste, no­
vam ente, d e n tro de poucas sem anas. A qui, proliferam , especialm ente, fungos
que vivendo n a superfície, podem -se n u trir d as cam adas d u ras e anaeróbias,
aonde m a n d a m as suas bifas. E n tre ta n to , a v id a dos fungos depende tam bém de
vestígios de m a té ria o rgânica. Se fungos sap ró fitas não se encontram possi­
b ilitados a sobreviver n o solo, os m esm os surgem com o fungos p a ra sita s em
células vegetais, necro tizad as em conseqüência de um a deficiência m ineral.
D evem os lem brar: C ad a ser vivo, seja êle um m icrorganism o ou um a
p la n ta , aparece som ente n o m om ento em que as condições de v id a lhe são fa­
voráveis, pod en d o defender-se, eficazm ente, co n tra a concorrência dos outros.
A am b ien tação dos m icro rg an ism o s ocorre m u ito m ais ràp id am en te do que a
dos vegetais, porque o seu ciclo v ital é in fin ita m e n te m ais curto.
0 ap arecim en to de p a ra sita s vegetais é sinal de que:
1 — não h á m ais condições a d eq u ad as p a ra m icro-sêres saprófitas:
fa lta a matéria orgânica no solo;
198 COMO CULTIVAR O CHÃO

2 — falta a diversidade de m icrorganism os no solo;


3 — há células necrotizadas no tecido do vegetal vivo, porque células
sãs e vivas nen h u m m icrorganism o ataca.

N o m om ento em que aparece um inço de difícil elim inação, ou um p a ­


rasita vegetal, sabemos: a nossa ag ricu ltu ra está errada. Botam os em ruínas a
Biocenose do Solo e sofremos, portanto, as conseqüências. N este m om ento, a a p li­
cação de adubos quím icos, de inseticidas, fungicidas e ervicidas, já n ão resolve
m ais o caso. F u n g icid a e ervicida contribuem , nesta situação, eficazm ente, à
total destruição da m icrovida e da e stru tu ra do solo, e com isso, da F E R T I­
L ID A D E do mesmo.

Deve-se tom ar como regra:

1 — A adubação quím ica só reage, econom icam ente, em solos de boa


e stru tu ra e m icrovida, porém esgotados pelas culturas agrícolas.
2 — Em solos entorroados, inçados e pesteados, o seu efeito é reduzido,
antieconôm ico ou nulo, porque o meio ecológico é com pletam ente
adverso à cultura, im possibilitando o seu desenvolvim ento norm al.
3 — A fertilidade do solo depende, não só da sim ples aplicação de
adubos com erciais, m as, essencialm ente, da biocenose equilibrada.
4 — Pestes e inçcs são o sinal de um a biocenose deturpada, geralm en­
te provocada por um a falta aguda de m atéria orgânica D E N T R O
do solo. U m a acum ulação de hum o na superfície, como acontece
em pastos m al tratad o s e ácidos, n ão contribui à fertilidade do
solo, porque carecem da m icrovida indispensável.

A p rim eira m edida p ara a recuperação da fertilidade do solo é, portanto,


a colocação adeq u ad a de m atéria orgânica. Esta, N U N C A deve ser virad a pro­
fundam ente, m as deve ser m istu rad a superficialm ente com o solo e, em solos
ácidos, deve-se incentivar a m icrovida com um a calagem adequada.

Todos os trabalhos no cam po devem ser feitos, especialm ente, com vista
a M A N U T E N Ç Ã O D E U M A M IC R O V ID A R IC A E P O L IF O R M E e só, em
segundo lugar, tendo em vista a p rópria cultura, porque se a m icrovida é fa­
vorável, o solo é fértil e a cu ltu ra se aproveita disso. O único serviço feito no
campo, tendo em vista a cultura, é a adubação quím ica. Os dem ais trabalhos de­
vem ser feitos em benefício da m icrovida que, por sua vez, beneficia a cultura.
P O D E H A V E R U M A B IO C E N O S E S A D IA SEM C U L T U R A S A G R ÍC O L A S ,
MAS N Ã O HÁ C U L T U R A S A G R ÍC O L A S S A D IA S SEM U M A B IO C E N O ­
SE E Q U IL IB R A D A .

A base de um a ag ricu ltu ra sadia, próspera e lucrativa é, portanto, a


m anutenção de um a m icropopulação saprófita e aeróbia, que necessita:

a) o arejam ento adequado do solo,


b) um a alim entação suficiente em m atéria orgânica m orta,
_________ A L E I D A S O B R E V I V Ê N C I A DO M A I S F O R T E ______________ 199

c) um a alim en tação m ineral eq u ilib rad a de nitrogênio, potássio, fósforo,


cálcio, m agnésio, m anganês, boro, zinco, cobre, m olibdênio, ferro,
enxofre, cloro, cobalto, v an ád io e outros.
D eve-se sem pre lem brar que a falta de um a m icrovida saprófita, acar-
iCta o aparecim en to de um a m icroflora p arasita. U m solo duro, entorrcado, sem
e stru tu ra floculada., extrem am ente sujeito à sêca e erosão, provoca inços incom -
batíveis, porque são próprios do am biente, en q u an to a cu ltu ra não o é
N ão existe, pois, A G R IC U L T U R A S A D IA E E C O N Ô M IC A sem a
observança das Leis da Biocenose. D en tro da biocenose encontram os, igualm en­
te, a explicação de m uitos fenôm enos, incom preensíveis quan d o estudados isola­
dam ente, como, por exem plo, os fito p arasitas, os problem as da adubação q u í­
m ica, as ervas d a n in h a s e m uitos outros.

Podem os c o n statar que existe no solo um a m icrovida tão v ariad a e rica,


que em nad a está in ferio r à m acrovida vegetal e anim al em cim a do solo. Por
n atu reza, esta m icrovida é perfeitam ente eq u ilib rad a, rein an d o tam bém aqui a
lei de D A R W IN sôbre a seleção e sobrevivência do m ais forte. E sta Lei, a lta ­
m ente benéfica em condições n orm ais e eq u ilib rad as — porque evita a degene-
ração da raça — é catastró fica sob situações p ertu rb ad as e desequilibradas,
porque ali, n ã o se m u ltip licam agora os exem plos m ais valiosos, m as, os m ais
ad ap tad o s às condições adversas.
A defesa m ais certa contra q u alq u er tipo de p arasitism o é a absoluta
saúde do in d iv íd u o , seja ela da m icro c u m acroflora, da m icro ou m acrofauna
E n q u a n to p e rd u ra m as condições norm ais, e sob estas temos de contar o estado
sadio do indiv íd u o , o eq u ilíb rio norm al en tre todos os sêres vivos está g a ra n ­
tido. N o m om ento, porém , em que o in divíduo lu ta pela sobrevivência, e d efi­
ciências alim en tícias d istu rb a m o seu m etabolism o, as condições são anorm ais
e os seus associados dos dias bons, to rn a m -se os seus inim igos dos dias ruins.
A ssim , as p la n ta s superiores, que ta n to se beneficiam com os m icrorganism os
do solo, são de repente por êstes atacados. Acontece isso, tam bém , den tro da
lei da sobrevivência, porque o que é fraco e im prestável p ara a vida, deve
m orrer, a fim de ceder lu g ar ao m ais forte que está ad ap tad o às condições
reinantes.
A N atu reza, sem que o hom em in terfira, sem pre recorre à p ro n ta elim i­
nação de tu d o q ue n ão é p erfeitam en te a d a p ta d o ao seu am biente. P or isso,
d esaparecem os sáu rio s, por isso en contram os nu m a ilha perto do C abo de Boa
E sperança, m ôscas sem asas, e por isso, v ieram as epidem ias p a ra elim in ar os
hom ens in ad eq u ad o s, suscetíveis às rein an tes carências m inerais na alim e n ta­
ção. Sem a in terferên cia do hom em não h av eria doenças vegetais fora do de­
sap arecim en to com um de certas espécies, devido ao envelhecim ento da terra.
A decadência d a terra, provo cad a por nossos m étodos de ag ricu ltu ra, é
tão grande, que a m aio ria dos vegetais n ã o en co n tra m ais condições de vida
favoráveis. E, pela lei de D A R W IN , êstes têm de ser elim inados pela m icro­
vida. É pois, co m pletam ente erra d o q u erer com bater um a doença vegetal por
m étodos quím icos. A quím ica n a d a tem a ver com elas. Ao contrário, onde é
em pregada, a g rav a a in d a m ais a situação. O que devem os fazer, é, apenas,
eq u ilib ra r a vid a d eseq u ilib rad a do solo. R estabelecer as condições favoráveis a
O EQUILÍBRIO N A T U R A L ____________________200

um a m icro e m acrovida sadia, restabelecer a estru tu ra fôfa do solo, a an tig a


relação entre os m inerais, a fôrça-tam pão do solo, e a capacidade de retenção.
O que está errado não é o tem po, nem o clim a, nem a p lan ta, m as, enssencial-
mente, o nosso ponto de vista absolutam ente abiótico.
A violação das leis n a tu ra is necessita ceder lugar ao respeito a elas.
E nq u an to desprezarm os tôdas as leis e todos os equilíbrios n atu rais, a natureza
nos levará ao desespero e finalm ente ao perigo de m orrer de fome. E nquanto
p erd u ra r o «parasitism o hum ano» p ara com a n atureza, temos que ser com ba­
tidos por ela. M as q u an d o nós nos enqu ad rarm os no equilíbrio n atu ra l, tere­
mos a nossa vid a asseg u rad a den tro dêsse equilíbrio. N ecessitam os, pois, com­
preender que, m esm o sendo a «corôa d a criação», pertencem os a esta e n ão te­
mos o direito de violar as suas leis.
Devem os lem brar por últim o, que um equilíbrio n atu ra l no solo provo­
cará, conseqüentem ente, tam bém condições m elhores p ara a vida vegetal.
P la n ta s bem n u trid as serão alim ento superior para o próprio homem.
Assim, por exem plo, a bactéria Escherichia coli, ou sim plem ente deno­
m in ad a bactéria Coli, existe em enorm es quantidades no solo e no a r adjacente.
Provoca severos d istúrbios gástricos, especialm ente em crianças, m as somente,
q u an d o estas forem debilitad as por um a alim entação inadequada.
Os clostrídios, um a d as fam ílias m ais im portantes entre as bactérias
anaeróbias, existem tam bém em cada solo fôfo, com estru tu ra esponjosa e
bem arejada, porém aum entam perigosam ente em terras decaídas, causando
tétano, g angrena gasosa, etc., em feridas infetadas.
Em terras sadias existem outros bacilos que controlam os que poderiam
ser patógenos anim ais e hum anos. Em terras decaídas, falta êste controle.
Por outro lado, encontram os em terras férteis, sem pre um núm ero ap re­
ciável de fungos e actinom icetos, que produzem vitam inas e antibióticos. Assim,
leveduras produzem rib oflavina (B 1 ), Streptom yces griseus produz v itam in a
B (2 (além do antibiótico «estreptom icina») que de certo modo são necessários
para a saúde vegetal e o devido equilíbrio m icrobiano no solo.
E specialm ente os fungos possibilitam a vida de m uitos insetos, verm es
e bactérias como, das m inhocas, que p astam os fungos do solo em grandes
quan tid ad es, das saúvas que até cultivam basidiom icetcs para a sua alim en ta ­
ção e de vários tipos de bactérias que vivem dos alim entos pré-digeridos pelos
fungos. O s fungos e actinom icetos controlam , pelos antibióticos, as bactérias
que, diferentem ente, são p astadas por protozoários. As plan tas anim am ou
freiam o desenvolvim ento bacteriano. Como se vê, existe um entrosam ento
completo, ou como se diz m ais freqüentem ente, um a Biocenose perfeita entre
micro e m acrovida do solo. M as todo êsse equilíbrio depende, essencialm ente,
da fofice e a fofice por sua vez depende da vida m icrobiana.
O êrro é, pois, a nossa vista an alítica de tôdas as coisas, separando o
que n ão pode ser separado, e se introm etendo onde não deve haver introm issão.
Devemos estar cientes de que a introm issão em favor ou contra algum desses
com ponentes, intim am ente entrelaçados, provoca, infalivelm ente, um desequi­
líbrio catastrófico entre os dem ais. E q uanto m ais nos introm eterm os, tan to
pior ficará. Devemos discern ir que a an álise serve p a ra com preender m elhor
201 A SÍNTESE

as qualid ad es p articu lares de um ou outro com ponente desta Biocenose, m as


e a n ao serve, de m odo nen h u m , p a ra san ar um a doença ou deficiência d u m
com ponente dessa tra m a viva. P a ra sa n a r a falta de bactérias, a proliferação
m aleh ca de fungos, ou inços, a ação p a ra sitic a d e fungos ou bactérias, a falta
de m inhocas, etc., n ã o devem os inocu lar, esterilizar e im p la n tar este ou aquele
m as E Q U IL IB R A R O C O N JU N T O , R E S T A B E L E C E N D O AS
TODOS V I T A I S ’ F A V O R Á V E IS N Ã O S O M E N T E A U M , MAS A

F n a S ÍN T E S E que encontram os o segredo da natureza, é n a V IS T A


G E R A L que encontram os a solução de nossos problem as.

Z U S A M M E N F A S S U N G :

In «A Biocenose do Solo n a P ro d u ção Vegetal» w ird versucht einen


ersten, um fassen d en Ü berblick ü b er das gesam te B odenleben zu geben, wobei
u n ter B odenleben n icht n u r die M ik ro fau n a u n d M esofauna, sondern ebenso
die M ikroflora u n d P flan zen w u rzeln v erstan d en w erden, also alles, was sich in
dieses B odenleben teilt.
D er B oden w ird hier n ich t als tote «U nterlage» fü r die K u ltu rp flan ze,
odei n u r als L ebensraum der B odentiere b etrachtet, sondern als ein d y n am is­
cher O rg an ism u s, dessen lebende F ak to ren in reziprozyklischer W eise einander
beeinflussen u n d das, in letzter A nalyse, die B odengenese bestim m t.
D ie drei G ru n d w issen sch aften , die die Base zu dieser ersten sy n th etis­
chen B etrach tu n g des Bodens u n d seines Lebens liefern, sin d die M ikrobiologie
des Bodens, die B odenbiologie u n d die Pflanzenökologie, w orüber bereits eine
um fassende W e ltlite ra tu r vorliegt.
D ie m oderne, zeitgenössische L an d w irtsch aft k an n in eine rein ex p lo ra­
tive, w enn au ch hoch technisierte, u n d eine konservationistische eingeteilt w er­
den, wobei u n te r A u sb eu tu n g alle M ethoden v e rstan d en w erden m üssen, die
den B oden einseitig b elasten u n d som it sein G leichgew icht stören. D azu zählen
eine einseitige N P K D ü n g u n g ohne B erücksichtigung des V orhandenseins der
an d ere n lebensw ichtigen N äh rsto ffe, p H K o rrek tio n d u rch starke K alk u n g en
ohne R ü ck sich t a u f d e n biologischen F a k to r u n d die A ustauschprozesse, m echa­
nische Z erk lein eru n g von B odenschollen, die d u rch d en biologischen V erfall
e n tsta n d e n sind, w obei d er bereits «schw erkranke» B oden noch gezw ungen
w ird zu pro d u zieren , die totale D ekad en z d a m it hervorrufend. Letztlich gehört
auch die B ew ässerung von B öden m it m an g elh after W assersp eich erk ap azität
u n d W a sse rfü h ru n g , h erv o rg eru fen d u rch d en biologischen B odenverfall, dazu,
d a au ch h ier m it k ü n stlich en M ethoden das Letzte aus dem B oden herausgeholt
w ird. D em gegenüber stehen die erh alten d en M ethoden, die, geboren aus der
biologischen B etrachtungsw eise, in erster L inie d as B odenleben pflegen, wie
z .B . d u rc h richtige A ckerungstiefe, o rganische D ü n g u n g , eq u ilibrierte H a n ­
d elsd ü n g u n g u n te r Z ugabe säm tlich er fehlender N ährstoffe, w obei auch K alk
als N ä h rsto ff b etrach tet w ird, R o tatio n , w obei sich verbessernde K u ltu re n m it
an sp ru ch sv o lle n abw echseln, u n d d a n n d er gare u n d biologisch «gesunde»
B oden au to m atisch hohe E rn te n liefert.
2 02 ZUS AMM ENFASSUNG

D ie L ebensgem einschaft des Bodens w ird durch die ökologischen B edin­


gungen, die der Boden — und in w eiterem R ahm en das K lim a — liefern, bes­
tim m t. Jede kleinste Ä nderung der N ah ru n g s u n d L ebensgrundlage der P flanzen
und M ikroorganism en, sei es ein Fehlen oder A uftauchen von W urzelausschei­
d un g en (M ono- oder P o lik u ltu re n ), das sich E rschöpfen oder D azukom m en
(H an d elsd ü n g u n g ) eines m etallischen N ährstoffes, bedingen tiefeinschneidende
Ä nderungen, ebenso wie die fehlende oder gute B elüftung des Bodens, seine
B eschattung oder F reih altu n g durch H acken, seine gute oder schlechte W a sse r­
führung usw. A uf jede kleinste V arian te stellt sich das gesam te Bodenleben,
sowohl M ikoorganism en als auch die Pflanzengesellschaft, um , was seinerseits
w ieder V eränderungen der m ineralischen P hase des Bodens bedingt. D ie V er-
gleyung u nserer D auerw eiden ist d a fü r ein typisches Beispiel.
D ie R hizosphäre der P flanzenw urzel ist um so ausgeprägter, je ärm er
der Boden ist. Pilze u n d B akterien gehören in den spezifischen Bereich jeder
Pflanzenw urzel, wobei norm alerw eise n u r eine trophische Sym biose zwischen
der M ikroflora u n d der W urzel besteht, bei der die M ikoorganism en ihre Le­
bensgrundlage in den W u rzelausscheidungen finden, w ährend die P flanzen­
w urzel die ih r nötigen N ährstoffe in organischer F orm von den M ikroben
erhält. — M ykorrhyzen u n d K nöllchenbakterien sind de r A usdruck engsten
Z usam m enlebens zw ischen M ikro- u n d M akroflora. — A nderseits bildet die
M ikroflora die L ebensgrundlage einer zahlreichen prädatorischen M ikro- und
M esofauna.
D ie G rundlage der B odenfruchtbarkeit ist jedoch die organische Subs­
tanz, die in Form von H um us ihre höchste W irksam keit als kolloidale B oden­
kom ponente findet. A llerdings än d ert sich m it dem Boden und seinem Leben
die chem ische Z usam m ensetzung u n d dam it die physikalische u n d biologische
W irksam keit des H um us, d er die L ebensgrundlage der saprophytischen M ikro­
flora u n d -F a u n a bildet und dam it in erster Linie durch die entstehende B oden­
gare und C 0 2 P roduktion die E rnteerträge erhöht.
D ie P flanzennährstoffe erleiden durch die B odenm ikroorganism en g ru n d ­
legende T ran sfo rm atio n en und hängt ihre A ssim ilierbarkeit, vor allem aber ihre
V erw ertbarkeit in der Pflanze, davon ab.
D ie B edeutung d er G are ist nicht n u r ausschlaggebend für die Entw ick­
lung der P flanzenw urzel, sondern ebenso für die W irksam keit der H an d els­
düngung, die sowhl von der leichten A ufnehm barkeit als auch ihrer Form
(organisch oder an organisch) abhängt. E in vom V erfasser entw ickeltes M ikro­
bentest ist geeignet die V erw ertbarkeit und W irk u n g einer H andelsd ü n g u n g im
V orhinein anzuzeigen.
Alle landw irtschaftlichen M assnahm en sollen auf ihren E influss h in ­
sichtlich d er Lebensgem einschaft B oden-P flanze-M ikoorganism en geprüft werden.
D abei ergibt sich, dass sowohl die S terilization des Bodens d u rch B rennen,
D am pfen oder chemische M assnahm en, genau so wie die U nkrautbekäm pfung
d urch H erbicide, solange keine D auerw irkung haben können, solange nicht die
ökologischen B edingungen, die die E ntw icklung dieser M ikroorganism en oder
U n k räu ter fördern, beseitigt w erden. V or allem die veru n k rau teten N aturw eiden
sind h ierfü r kennzeichnend, wo d u rch N ährstoffverarm ung, W eid etritt und
_____________ Z USAMMENFASSUNG ______________________ 203

A uslese d u rch das Vieh, die B ildung einer neuen Pflanzengesellschaft und m it
ihr einer an d eren B odenflora entsteht.
Besondere B eachtung verdienen in diesem R ahm en die Pathogene, deren
erschreckende Z un ah m e die L andw irtschaft im m er risk an ter m acht u n d die
durch chem ische Spritzm ittel n u r kurz oder garn icht bekäm pfbar sind D ie
m eisten Pilze u n d B akterien besitzen die F ähigkeit, nach einer kurzen A npas-
sungszseit, die F ungicide u n d B aktericide als N a h ru n g sg ru n d lag e zu verw enden.
Zwei U rsachen des K rank h eitsb efalles u nserer K u ltu rp flan z en w erden erkenn"
tlich:
D ie sogen an n ten «G elegenheitspathogene», wie Pseudomonas, Rhizoctonia,
usw ., die n u r d a n n die K u ltu re n befallen, w enn die ökologischen V erhältnisse
ihr unbeschränktes W ach stu m erlauben, d . h . w enn alle sie kontrollierenden
M ikroorganism en keine L ebensm öglichkeit m ehr finden, und die Pflanze an
einem bestim m ten N äh rsto ffm an g el leidet. D ie «w ahren Pathogene», wie, zum
Beispiel, Puccinia gram inis tritici, die an W irtsp flan z en gebunden sind, die
aber ihre W^irte auch n u r d a n n befallen, w enn diese an einem bestim m ten
N ährstoffm an g el leiden u n d um ih r Ü berleben zu käm pfen haben.
D arau s d arf geschlossen w erden, dass m eistens bei Befall durch P fla n ­
ze n k ran k h eiten sow ohl das biologische G leichgew icht im Boden gestört sein, als
auch die P flan ze selbst ein gestörtes N äh rsto ffv erh ältn is besitzen m uss.
D ie grosse B edeutung des S tallm istes in der G esu n d erh altu n g von Boden
u n d K u ltu re n liegt in seiner E igenschaft als B akterienfutter, wobei allerdings
seine kolloidalen E igenschaften n icht vergessen w erden dürfen. A llerdings ist
die zusätzliche M in erald ü n g u n g bei u n seren H o ch leistungskulturen unerlässlich.
Es ist m öglich über die synthetische B etrachtung der Lebensgem einschaft
des Bodens die G ru n d lag e der tatsäch lich en B o d enfruchtbarkeit zu finden und
die m oderne L an d w irtsch aft in tensiv, jedoch m it geringem R isiko zu betreiben,
da die N iedersch lag ssch w an k u n g en w eitgehend d u rch den biologisch equilibrier-
ten Boden abg ep u ffert w erden u n d die H a n d elsd ü n g er nach dem Gesetz : «je
besser die G are, um so grösser die W irk u n g » reagieren.
Eine intensive L an d w irtsch aft ist ohne genaue K en n tn isse der Lebens­
gem einschaft des Bodens n icht m öglich.

SUMMARY

In the «Biocenose do Solo n a P ro d u ção Vegetal» it is tried to give the


first general survey on soil life, m ean in g not only the m icrofauna and meso-
fau n a, b ut also the m icroflora a n d the p la n t roots, th at is, all the living factors
w hich deal the sam e v ital space.
T he soil can n o t be considered as a supp o rt, or only as the living space
of soil an im als, but as a d y n am ic org an ism w here the living factors influence
one an o th e r in a reciprocyclical w ay, d estin in g fin ally the soil genesis.
T he three fu n d a m e n ta l sciences of this first synthetical consideration of
soil an d its life are the Soil M icrobiology, Soil Biology a n d P la n t Ecology,
w ith its rich, w orldw ide literatu re.
M odern co n tem p o rary a g ric u ltu re m ay be divided in a pure explorative
one, even w hen h ig h ly m echanized, an d a conservative one. U n d er exploration
204 SUMMARY

m ust be understood all m ethods w hich d istu rb the soil equilibrium , such as a
N P K dressing w ithout consideration of other n u trie n t deficiencies; a pH corec-
tion by lim ing w ithout thinking of soil life and the processes of exchange and
sorption; m echanical tritu ra tio n of big soil clods, caused by biological deca­
dence, still forcing to produce the highly decadent and biological sick soil,
provoking thus the com plete break-dow n of its productive strength.
F in ally we m ay include the irrig atio n of soils w ith deficient retention
power, caused by biological decadence. All these m ethods pretend only to
explore the soil, as m uch as possible, w ithout thinking of the consequences
w hich are: erosion, in u n d atio n and draughts.

O n the contrary w ith these m anaging m ethods, are the biological con­
siderations w hich tries to take care of the soil w ithout thinking, in the first
line, of p lan t production. An exact ploughing deep, m an u rin g w ith organic
m atter, com m ercial dressing considering all deficient n u trien ts, rotations, which
give the soil a chance to recuperate, a. s. o. are essential to a conservative soil
m anagem ent. All care dispensed to the soil will give, autom atically, high crops.
C rop production is not considered as an isolated factor but as a consequence
of soil sanity.

The soil biocenosis is destined by ecological conditions of soil and, in a


wider m eaning, by clim ate. Even the least change of the food basis of plants
or m icroorganism s, caused by lack or em erging of some root excretion (m ono or
poly c u ltu re s ), exhaustion or ad d itio n of some n u trien t does provoke profound
alterations. But also different bulk density, shadow ing of soil or clean weeding,
its perfect or deficient w ater retention, a .s.o., influence readily all the soil life,
which adapts im m ediately its m icro an d m acrosocieties to these new conditions
what, for its way, causes a different developm ent of the very soil. G leyzation
is a fine exam ple.

The rhizosphere of the p lant root is as much distinct as poorer will be


the soil. F u n g i an d bactérias are proper to the specific sphere of p lan t roots
existing generally only a trophic sim biose between the m icroflora and the roots:
these gain their life through root excretions, w hile the roots ob tain their
nu trien ts in organic form by microbes. M ycorrhiza and N odule B actérias are
the expression of the closest sociability of micro and m acroflora.
O n the other hand, m icroflora forms the provision of a rich predatory
m icro and m esofauna.

The basis of soil fertility is, w ithout any doubt, the organic m atter,
which in its hum ic form reaches the highest efficiency as a coloidal com ponent
of soil. N evertheless, the chemical, physical an d biological properties of hum us
change w ith the soil and its different life. H um us is the subsistance of the
Saprophytic m icroflora and fau n a and thus, contributes definitively to the
mellow ness of tilth and CO production, both factors w hich im prove crops.
The inorganic p la n t n u trien ts suffer fundam ental transform ations by the m icro­
organism s and, its assim ilability, but chiefly its utilization in the plan t depends
on these transform ations.
SUMMARY 205

The im portance of the m ellow ness of tilth is essential for the develop-
m ent of p la n t roots b u t also for the efficiency of com m ercial fertilizers, w hich
epends on the developm ent of roots as well as on their easy assim ilability.
c o Z e S drestsi0„gCrOP $ " *° indicate ,he resPonse and effid™=y °f
All farm in g technics should be proved relative to its reaction on the
biocenosis soil-p lan t-m icro o rg an ism . T he efficience of all physical or chem ical
m ethods of pest control as b u rn in g , h eating the soil, the use of herbicides
fungicides an d bactericides, never m ay have a prolonged effect w hen allow ed
the co n tin u atio n of the existing ecological conditions, w hich have provoked
and alw ays will provoke again, the ap p earan ce of these u n p lea sa n t p lan ts and
m ici o ues.
E specially the weeds of n a tu ra l p astu res are typical for a desfavourable
eco ogical developm ent. H ere, in consequence cf the exhaustion in nutrien ts,
t e ard en in g of the top soil a n d the negative selection by cattle, a different
p ant society is developping a n d w ith it a d ifferent society of m icroorganism s
ad apted to the new ecological conditions.
In the ecological view, p la n t pathogens gain a new aspect. Its alarm ing
increase an d its rap id a d a p ta tio n to pesticides tu rn farm ing very venturous.
M an y fungi a n d bactérias have the q u a lity of ad ap tatio n , being able, after a
s time, to use m ost of the fungicides an d bactericides as food.
Tw o factors m ay be enum erated as responsible for the diseases,
attacking crops: T he ocasional pathogens, as P seud om o na s, Rhizoctonia, a. s. o.
y ^ í ack croPs ’ w hen ecological conditions allow its uncontrolled m ultip lica-
tlCn"r j 1S OCCUrS.’ w hen a11 other m icroorganism s of the form er biocenosis do
not find its subsistence, a n d w hen the p lan ts suffer, m oreover, the lack of an
exactly definite m in eral deficiency.
T ru e pathogens, as Puccinia gram inis Iritici, a. o. w hich are confined
to host plan ts, only m ay attack them , w hen these p lan ts are struggling for
th eir surviv al, because of adverse conditions, w hich alw ays cause a defficient
n u trie n t absorption.
T his m eans th a t attack s of p la n t pathogens are the very expression of a
d istu rb ed ecological an d n u tritio n a l eq u ilib riu m in the soil.
T he im portance of farm y ard m a n u re consists in its sa n ita ry effect on
•"oils an d crops. As m icrobial food an d p a rt of the colloidal com plex its
presence in th e soil is abso lu tely necessary, but it does not dispense m ineral
fertilizers for o u r high breeded crops.
T he sy n th etic co n sid eratio n of soil biocenosis gives the key to the real
soil fertility a n d an ables m o d ern farm ers to a n intensive but relatively riskless
m anaging. T he biological balan ced soil «buffers» irreg u larities of the pluvial
regim e. C om m ercial fertilizers react according to the law: the better the soil,
the b etter its efficiency.
A high a n d stead y crop p ro d u ctio n is not possible w ithout the know ledge
of soil life an d soil genesis.
■BlllSijkf- I .
209

ÍN D IC E D O S T E M A S
Ácaros, controle, 176 com estrum e, 157, 158
Ácido: efeito, 26
acético, 78, 96, 118, 189 fosfato, 155, 178
benzóico, 87, 118, 189 inorg ân ica, 177
butírico, 78, 96, 189 N P K , 129
carbônico, 100, 132 orgânica, 28, 147, 149, 155, 171,
fórm ico, 78, 96, 189 177
fosfórico, 130 potássio, 129, 155, 179
fúlvico, 85 quím ica, 27, 28, 129, 130, 147,
giberélico, 172 150, 159, 171, 187
glioxílico, 117 verde, 81, 102, 103, 125, 149,
hipúrico, 117, 118, 191 150, 156, 175
húm ioo, 85, 86, 189 Aerobacter, 123, 187, 188
lático, 168, 189 Aer. aerogenes, 122
nítiico , 75, 100 A g ricu ltu ra :
nitroso, 75, 100, 192 m oderna, conceito, 7
propiônico, 78 explo rativa, 8
sulfúrico, 124, 131, 132 extensiva, 8
úrico, 117, 191 in ten siv a, 8, 15
valeriânico , 96 quím ico-técnica, 158
Ácidos : subtropical, 156
am inado s, 23, 34, 36, 96 tropical, 156
an iq u ilação , 79 Agrobacter, 37, 159
decom posição, 96 Agrobacterium radiobacler, 108
diam in ad o s, 96 A lan to ín a, 117
graxos, 7 9 ,9 7 A lelopatias, 7, 24
nucléicos, 134 A lgas, 49, 57, 58, 59, 70, 87, 105
orgânicos, 78, 189 Algae anabaena, 105
Acromobacter : fixação do nitrogênio, 59
A . agile, 125 A lum ínio, 179
A. centroponctatum, 125 A m ebas, 55
A. filefaciens, 125 Amilobacter, 79
A. hartlebii, 125 A m oníaco :
A. nitrovorum , 125 com postos de, 123
A. stutzeri, 125 form ação, 96, 97, 103, 191
A ctinom icetos, 34, 49, 63, 64, 65, 68, oxidação, 101
70, 74, 77, 81, 87, 119 A m ônio, 81, 189, 192
122, 151, 170, 172, A ntibióticos, 31, 32, 62, 65, 131
173, 187, 188 A r : Á gua, relação, 71
A d ubação : A rabinose, 86
com ercial, 178 A ração, 147, 148, 156, 177
210 I ÍNDICE DOS TEMAS

Arm ilaria melea, 40 alcalófilas, 169


A rquim icetos, 62 am ilolíticas, 188
Arsênico, 137 anaeróbias, 68, 69, 145, 169
A rthrobotrys oligo-spora, 56 antagônicas, 172
Ascom icetos, 41, 42, 62, 171 autóctones, 65
Aspergillus, 11, 60, 61 autótrofas, 30, 50, 66, 81
Asp. aericola, 99 com estibilidade, 33
Asp. fum igatus, 137 contagem , 168
Asp. glaucus, 121 d a terra, 65, 77
Asp. nidulans, 149 de putrefação, 68, 169
Asp. niger, 61, 79, 81, 121, 131, decom positoras d a uréia, celulose,68
134 d esnitrificantes, 68
Asp. ochrcweus, 137 ectógenas, 170
Asp. oryzae, 134 endógenas, 168
A sp. restrictus, 149 esporogênicas, 67, 95, 187, 188
Asp. sydowi, 137 fluorescentes, 68, 148, 159, 187
Atta cephalotes, 56 fungófagas, 173
A tta sexdens, 56 gram -negativas, 39, 67, 159
Azotobacter, 36, 65, 70, 76, 95, 104, gram -positivas, 67
105, 122, 123, 134, 135, grupos de, 67
137, 159, 192 heterótrofas, 30, 50, 66, 81
Az. agilis, 95 mico, 63, 81
Az. chroococcum, 75, 87, 134 m ixo, 68, 77
m étodo da, 135 não esporogênicas, 67, 68
nitrificantes, 177
noduladoras, 106
Bacilos, 87 relação com pH , 74
Bacilos butíricos, 190 saprófitas, 170
Bacillus asterosporus, 95 sim biontes, 105, 110, 135, 159
Bac. cereus, 99, 125, 187 term ófilas, 68, 81, 118, 191
Bac. freudenreichii, 191 vibriões dessulfuricantes, 68
Bac. irilpinus, 68 zim ogênicas, 65
Bac. megatherium, 104, 120, 159 Bact. beijerincki, 105
Bac. mesentericus, 77, 98, 169, Bact. beijerincki Derx, 151
187, 191 Bacterium globiforme, 176.
Bac. mycoides, 98, 134 B actericidas, 158, 176
Bac. nitroxus, 124 Bacteriófagos, 33, 55, 111, 148
Bac. pasteuri M iguel Chester, 118 Bacteróides, 106, 110
Bac. p o ly m y x a , 188 B asidiom icetos, 41, 42, 56, 62, 171
Bac. saccharobutyricus, 104 Biocenose, 7, 15, 27, 34, 52, 175
Bac. stutzeri, 68, 124 equilíbrio da, 7
Bac. subtilis, 65, 77, 98, 169, 187, do solo, 1 0 , 2 3 , 2 4 , 2 7 , 2 8
191 Biogás, 190
Bac. thermophilus grigoni, 191 Bodo caudatus, 54
Bactérias, 50, 57, 58, 65 Boletus amanita, 41
acidófilas, 168 Bol. bovinus, 39
aeróbias, 36, 68, 69, 145 Bol. lactarius, 41
Í NDI CE DOS TEMAS 211
Boro, 106, 135, 137, 153, 178 Clostridium, 95, 122, 123, 159, 171
Botrytis, 81, 99, 176 188
B renzcatequina, 34 Cl. anaerobium, 122
B rusone, 179 Cl. bu tylicum , 77, 79, 104, 169,
188
C adeia alim en tícia, 24 Cl. lentoputrescens, 98, 119, 169,
C alagem , 76, 83, 147, 150, 153, 156, 187
176, 179 Cl. om elianski, 189
C alcário, 178 Cl. pasteurianum , 79, 104, 105
Cálcio, 88, 106, 129, 134, 135, 179 Cl. sporogenes, 77, 119
carb o n ato de, 75 Cl. tetani, 169, 171
cian am id a de, 119 Cl. werneri, 189
lixiviação do, 75 C : N , relação, 63, 82, 86
C alcito biogênico, 57 C obalto, 134, 137
C a ld a bordalêsa, 176 Cobre, 137, 151, 153, 155, 178, 179
Coccus, 186
C am a ou liteira, 185, 186
C ap acid ad e em re te r água, 149 Micro-, 66, 79, 119, 151
M y xo -, 77
C ap acid ad e de in filtração , 193
Plano-, 66
C ap acid ad e de troca, 193
C arb o id rato s, 103, 107 C olem bolos, 174, 176
C oleópteros, 176
decom posição, 78
C olheitas, depressão, 176
fornecim ento, 110
C olina, 34
C arbono, reabsorção, 132
Colpoda steinii, 54
C a rboxyd om on as oligocarbophila, 82
Comatricha nigra, 59
C atalizadores, 137
C ations, 86 C ondições ecológicas, 34
C élulas : C re a tin in a , 191
Crom obacterium violaceum, 33
hospedeiras, 43
C u ltu ras,
in te stin a is, 43
n o rm ais, 43 ciclo vegetativo, 178, 179
in tercalad as, 151, 177
Cellulomonas, 81
Cel. aurogenes, 122 p roteção co n tra doenças das, 178
resistência, 26
Cel. biacotea, 122
ro tação de, 152
Cel. flavigena, 189
su scep tibililade às doenças, 179
Cel. rossica, 122, 189
C u nningham ella, 61, 134
C elulose, 33, 36, 63, 86, 87, 177,
C ylindrocarpon radicole, 34
185, 186
decom posição, 189
ferm entação, 169
D actylaria brochopaga, 56
Cephalothecum roscum, 99
D D T , 176
Cercos por a musae, 176
D ecom posição,
Cercosporella herpotrichoides, 151, 175
aeróbia, 82
Chlorella, 123
an aeró b ia, 82
Chondrom yces, 77
C horum e, 188 D eficiências m in erais, 155, 174, 179
C loreto de potássio, 178, 179 D esen v o lv im ento ra d icu la r, 25
C loro, 134, 135, 150 D eseq u ilíb rio biológico, 157
212 ÍNDICE DOS TEMAS

D esnitrificação, 71, 123, 125, 147, 192 F agos resistentes, 111


D essulfurização, 131 F a to r genético, 67
Diplococcus p n eu m on ia e, 95 Fenol, 189
D iplópodes, 174 F erro, 134, 135
D ry F arm ing, 103 assim ilabilidade, 136
Fezes, 185
Ficom icetos, 42, 62, 171
Eberthella typhosa, 170 F itopatologia, 175
Ecologia, 27 F ito sociedade, 16, 17, 18
classificação, 51, 52 Flavobacter denitrificans, 122, 125,
vegetal, 17 192
visão da, 13 Flavobacter d ifusum , 122
E dafologia, 13 F om es anosusa, 40
«Edaphon», 13, 14 F om es lignosus, 40
Elaphomyces, 41 F orm igas toxicôm anas, 56
Elem entos n u tritiv o s, 72 Fósforo, 40, 87, 133, 149, 179, 185,
Enchytraeidae, 56 193
E nergia, 103 assim ilação, 134
liberada, 82 disponibilidade, 134
suprim ento, 29, 41 inibição d a absorção, 176
Enxofre, 124, 130, 131, 132, 176 m obilidade, 129, 193
E nzim as, 34, 65, 118, 137, 167, 188, orgânico, 134
189 Fotossíntese, 193
Erysiphaceae, 179 F ungicidas, 26, 158, 175, 176, 177, 178
Escherichia coli, 119, 122, 125, 168, F ungi imperfecti, 42, 149, 171
169, 187, 191, 192 Fungos, 13, 23, 32, 49, 56, 57, 59,
Esporos, form ação, 137 60, 61, 62, 63, 65, 68, 70,
E sterilização, 158, 177 71, 74, 87, 129, 151, 158,
pelo vapor, 157 159, 160, 172, 174, 175,
Estreptom icetos, 159 176, 188
Estrum e, 81, 155, 157, 158, 159, 185, crescim ento dos, 137
186 danosos, 179
consistência, 187 de açúcar, 41
de curral, 11, 125, 156, 157, 158
p arasitas, 39, 61
efeito, 187
ferm entação, 186 patógenos, 15, 175, 176
form ação de gases, 189 predatórios, 61, 62
frio, 186 proliferação danosa, 179
m aturação, 187 relação, 172
nitrificação do, 192 saprófitas, 39, 61
p erd a em substâncias, 188, 192 sim bióticos, 40
quente, 186 term ófilos, 187
tran sfo rm ação das substâncias F usários, 36, 39, 43, 61, 62, 63, 172,
m in erais do, 192 173, 174, 179
tran sfo rm ação de nitrogênio no, 191 Fusarium heterosporum, 172
valor, 185 F. lycopersici, 172
Euglenia, 55 F. oxysporum , 172
Excreções radiculares, 34, 39 F. radicicola, 171
I N DI CE DOS TEM AS 213

G ado, doenças, 155 Incubação, 168


G alactose, 86 Inços, 154
G ás carbônico, 30, 34, 67, 79, 100, 147 elim inação, 155
fontes, 81 pasto ris, 154, 155
form ação, 79, 80 Infecção vegetal, 174
G asterom icetos, 41 Inoculação, 65, 157, 158
G erm es, 167, 170 com lin h as p u ras, 159
contagem , 167 condições, 160
Gibberella, 172 d a terra, 158
Gibberella fujikuroi, 172 de solos e sem entes, 159
G leização, 153 Inseticid as, 30, 176, 177, 178
G licina, 118, 189 Insetos, 176
Glicose, 34, 86
Glomerella cingulata, 176
G rax as, decom posição, 170 Lactobacilos, 169
G u a n in a , 119 Lactobacillus acidophilus, 168
L. bifidus, 168
L. bulgaricus, 168
H e m o g lo b in a, 110 L. helveticus, 168
H erbicidas, 176 Lactobacter, 170
Heterodero radicola, 58 Ley - farm ing, 153
H etcroptera Scaptocoris taipa, 63 L ignin fungi, 62
H idrogênio, 190 L ignina, 33, 6 3 , 8 2 , 8 7 , 1 4 7 , 185, 189
form ação, 82 Lipases, 170
H idrogenom o n as, 68 L isina, 34
H id rog en om o na s agilis, 68 Lixiviação, 67, 86, 123, 175, 185, 193
H ifom icetos, 62 L um bric us terrestris, 57
H um ificação, 87, 88, 186, 190
H u m in a , 82, 85
H um o, 40, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, M agnésio, 129, 134, 135, 151, 155,
8 8 , 135, 153, 156, 176, 178 178, 179
ação biológica, 83 M al de P an am á, 63
ácido, 155 M anganês, 122, 123, 135, 178, 179
acum ulação , 88 M anose, 34, 86
benefícios do, 85 M atéria o rgânica, 28, 37, 56, 57, 63,
ciclo vital, 84 67, 71, 72, 123,
com posição, 86 131, 132, 148, 157,
de reserva, 156 169, 178, 179, 187,
decom posição, 156 193
decom posição «explosiva», 82 decom posição d a , 104
Melanospora, 149
decom posição len ta, 82
M eloidogyne sp., 55
form ação, 87 M esofauna, 159, 174
funções do, 85 div isão da, 53
im p o rtân cia, 87 em pobrecim ento, 153
q u alid ad es, 86 form a, 52
H y drog e no m ona s, 30 M etano, 81, 189, 190
214 ÍNDICE DOS TEMAS

form ação, 82 autótrofos, 132


M etanom ona metanica, 82 ciclo vegetativo dos, 71
Micélios, 32, 43, 44 citófagos ou planositas, 53
form ação de, 61 classificação ecológica, 49, 51
Micodermes, 99 coprófilos, 53
M icófagos, 177 desenvolvim ento, 186
M icorrizas, 36, 38, 39, 40, 57, 60, 61 desequilíbrio, 158
ectótrofas, 42, 43 d o solo, 72, 77, 157
endótrofas, 42, 43 equilíbrio dos, 174, 179
funções das, 43 exigências, 70
perítrofas, 42 incentivação, 149
M icróbios, 167, 168 influência das atividades agrícolas
aeróbios, 71 sôbre, 147
atividades, 83 in fluência d as p lan tas sôbre o n ú ­
ectógenos, 168, 170 m ero de, 38
endógenos, 168 in fluência d ireta sôbre, 156
esporos, 71 influência biológica, 156, 157
frequência dos, 168 in flu ên cia física, 156
p arasitas, 24 in fluência quím ica, 156, 157
M icrobiologia do solo, 10, 12, 15 n ão sim biontes, 104
Micrococcus ureae, 118 núm ero, 29, 53, 70, 71, 72
M icrofauna, 49, 52, 53, 55, 56, 58, n u triç ão dos, 150
8 8 , 159, 174, 175, 176 n u trien tes necessários aos, 130
ação recíproca com m icroflora, 33 oscilação dos, 72
divisão, 53 p arasitas, 27
form as, 52 por gram a de terra, 74
nadad o ra, 71 predatórios, 53
predatória, 55 p ro fundidade do solo em relação
saprozoonte, 56 aos, 68, 69, 70
M icroflora, 49, 58, 88, 154 q u a n tid ad e dos, 30, 68
autóctone, 63, 145 recesso dos, 70
d a forragem , 167 relação com as plan tas, 37
do intestino, 167 saprófitas, 27
desequilíbrio da, 177 saprozoontes, 53
desequilíbrio ecológico da, 176 sim biontes, 77
com relação a latitude, 33 tem peratura, 73
com relação ao solo, 33 term ófilas, 159
recuperação da, 153 transitórios, 65
trófica, 16 um idade, 70
M icropopul. eq uilíbrio ecológico, 158 zimogênicos, 76, 77
M icrorganism os, 157, 158, 159, 160, Microspira desulfuricans, 133
167, 168, 174, 176 M icrovida, 157, 159, 160, 171, 178,
acidófilos, 75 179
anaeróbios, 119 controle da, 56
atividade, 30, 78, 135 desequilíbrio, 151
aum ento dos, 177 equilíbrio, 193
autóctones, 76 poliform e, 148
ÍNDI CE DOS TEMAS 215
recesso da, 67, 71 fontes, 95
zim ogênica, 150 form ação, 97
M ineralização , 82 liberado, 177
M inhoca, 56, 57, 73, 79, 80, 159, 174 redução, 122
M ixom icetos, 171 tran sform ação, 96
M olibdênio, 122, 134, 135, 137 153 Nitrosocistis, 102
155 Nitrosococcus, 102
M oniliaceas, 99 Nitrosom onas, 100, 102
M o nocultu ras, 26, 2 7 , 39, 129, 151 N it. europea winogradsky, 102
157, 158 N it. javanensis, 102
M o n o n ch u s pappilatus, 55 Nitrosospira, 102
M oluscos, 49 Nocardia, 187
Mortierella, 177 N odulação,
Mucoraceaes sp., 42 form ação, 108
M ucor mucedo, 60 in ib ição d a form ação, 108
M ucor racemosum, 121 processos, 107
M ulch system , 134 tipos, 109
M ycobacterium tuberculosis, 170 Nostoc calcicola, 104
M y xo ph ycea es, 58 N osto c m uscorum , 105
Nostoc p u n c tifo rm e , 105
N u triç ã o vegetal, 26, 130, 150, 174
Naegleria, 56 N u trien tes,
N : C u, deseq u ilíb rio , 175 absorção de, 106, 145, 148
N em atóides, 34, 37, 51, 56, 57, 58 deficiência, 151, 178
62, 159, 174, 187 orgânicos, 160
N H 3 : C O J t relação, 81 quím icos, 160
N itrato s,
assim ilação de, 121
de am ônio, 175 O ligoquetas, 187
d esn itrificação , 120 O osporas, 99
form ação de, 96, 102 Oospora lactis, 187
p rodução, 156 O xigênio, 138
redução, 120 n a m icro vida, 71
N itrificação , 11, 71, 79 O xim a, 122.
N itrito s,
form ação, 100
oxidação, 101 Paecilomyces marquandii, 34
Nitrobacter, 11, 30, 70, 75, 100, 101, P astoreio perm anente, 153
102, 158 Pastos, 88, 123, 152, 153, 169
N itrogênio, 95, 124, 130, 149, 175, inçados, 154
179, 185, 187, 193 P a ra sita s, 51, 55, 57, 58, 61, 65, 107,
balanço, 103 157, 158, 159, 171, 172
déficit, 83 controle dos, 177, 178
d isp o n ib ilid ad e, 41 fase sap rófita, 175
fixação b acterian a, 95 P atógenos, 31, 32, 63, 65, 157, 170,
fixação pelo solo, 104 171, 172
fixação p o r sim biontes, 105 com bate, 173, 175
216 ÍNDICE DOS TEMAS

controle, 174, 175 P rotozoários, 23, 29, 33, 49, 52, 54,
m orte, 170 55, 56, 57, 70, 71, 148,
obrigatórios, 179 156, 167, 170, 177, 187
ocasionais, 179 ciliados, 159, 187
seus an tag o n istas, 170 cisto de, 55
Paudorina morum, 59 flagelados, 159, 187
Pectina, 188 Pseudeurotium zonatum , 31
Penicillium, 11, 36, 42, 60, 81, 149, Pseudomonas, 66, 117, 119, 151, 169,
177 170, 174, 179, 187, 191
P. acaulium, 99 Ps. aeruginosa, 31, 33, 124, 125,
P. brevicaule, 137 170
P, italicum, 63 Ps. citri, 63
P. notatum, 31, 61 Ps. fluorescens, 79, 98, 119, 120,
P. piscarium, 34 134
P. v erm iculatum , 149 Ps. fluorescens liquefaciens, 134
pH , 24, 27, 34, 58, 74, 75, 86, 100, Ps. fluorescens putidus, 98, 119,
101, 103, 106, 118, 124, 132, 135, 120
150, 159, 160, 169, 174, 178, Ps. piocianea, 31
179, 193 Pseudonocardia thermophila, 187
alcalino, 65 Puccinia gram inis tritici, 179
redução, 75 P u trefação :
Physalospora cydoniae, 176 processos, 119
P hytom onas, 174 P y th iu m , 39, 43, 62.
Phytophthora, 172, 176 Q uebra-ventos, 153
Phytophthora cactorum, 175 Q ueim ada, 156, 157
Phytophthora infestans, 177 Radiobacter, 34, 36, 37
P lantas, 36 núm ero, 35, 37
alim entação co n tín u a das, 175 R aiz,
decom posição, 37 desenvolvim ento, 25
desenvolvim ento, 37 respiração, 81
exigentes, 37 R elação, ar-água, 71
m odestas, 37 bactérias : fungos, 172
recuperadoras, 37 C : N , 63, 8 2 , 8 3 , 8 6 , 1 0 3
Plectridium, 104 fungos : nem atóides, 56, 57
Poder-tam pão, 27, 74, 75, 86, 87 N : Cu, 175
Podsol, 171 R endim ento agrícola, 76, 178, 193
R espiração,
Polyangium, 77
d o solo, 38, 67, 81
Potássio, 130, 134, 135, 149, 155, ferm ento da, 135
179, 185, 193 vegetal, 70
Pousio, 151 R espirôm etro, 30
Pratylen penetrans, 34 Rhizobacter, 11, 65, 70, 77, 103, 106,
Protascus subuliforme, 56 107, 108, 110, 111, 122, 160
Proteínas, 63, 123, 131, 185, 189, 191 linhagens de, 110
decom posição, 96, 98, 99, 102 R hizobium , 177
Proteus, 118, 119, 120, 123, 151, R h izo b iu m leguminosarum Frank, 106
169, 187 R h izo b iu m radicicola Beijerinck, 106
Proteus vulgaris, 98, 125, 192 Rhizoctonia, 36, 61, 62, 179
ÍN DICE DOS TEMAS 217
R h izoctonia solani, 34, 39, 43, 62 d esequilíbrio e stru tu ra l, 129, 176
171, 174, enxugam ento, 148
Rhizopogon, 41 equilíbrio, 175
R h iz o p u s nigricans, 60 estab ilidade da e stru tu ra , 27
R ibose, 86 estab ilidade dos agregados, 75
R izosfera, 23, 26, 33, 34, 36, 38 39 estéreis, 26
60, 151, 159 esterilização física, 157
m icrovida na, 33 esterilização quím ica, 158
R otações, 7 estru tu ra , 37, 129. 148, 193
m istas, 152 fertilidade, 7, 8, 12, 14 , 56, 129
R otatórios, 159, 187. 130, 135, 148, 149,
152, 177
floculação, 23, 65, 145
Saccharomyces cerevisiae, 77 fofice, 63, 145, 147, 171, 176, 177
Salm onella enteriditis, 171 178
Sa lm onella cairo, 171 fôrça-tam pão, 124
S aprófitas, 33, 65 higiene, 12, 171
Saprolegnia, 131 inativos, 23, 123
Saprozoontes, 33, 56, 57 in flu ên cia das p lan ta s sôbre, 16
S árcinas, 66, 191 inoculação, 157, 158
Selênio, 137 leves, 176
Sem ente, 178 m icrovida do, 12
Serratia marcescens, 119, 122 pantan o sos, 133
Serratia rosea, 122 pastoris, 155
Siderocapsa molisch, 136 patógenos no, 167
Siderom onas, 136 pobres, 176
Silicatos, 134 pobreza em m icroflora, 155
Sim biose, 39, 56 p o der-tam pão, 27, 74, 75, 86, 87
trófica, 23, 34 queim ados, 155
verd ad eira, 107 recuperação, 14, 73 177
Sociedades polífitas, 23 refertilização, 159
Sociologia vegetal, 15, 16, 17, 18 resistência à sêca, 147
Sódio, 135, 150 resp iração de C 0 2 , 38, 67, 81
Solos,
satu ração relativa em água, 70
acidificação, 175 saúde, 67, 178
ácidos, 155, 172
secam ento gradativo, 157
alcalinização, 159 um idade, 70, 135, 155
alcalinos, 155 uso, 147
arejam ento, 147, 153 v alo r cultu ral, 23, 145
ativos, 136 vida, 13, 26
biologia, 15
volum e ativo, 23
cansaço, 151 Spirillum , 66
capacidad e de retenção, 70, 159 Sp irillu m desulfuricans, 133
condições quím icas e físicas, 149 Sporotrichum sp., 187
conservação, 15, 178 Sporovibrio desulfuricans, 133
decadência, 27, 123, 146, 176, 178 Streptococcus, 168, 186, 191
desfloculação dos agregados, 24, 75 Streptococcus bovis, 168
218 ÍNDICE DOS TEMAS

Streptococcus equinus, 168 Tuberales, 41


Streptococcus faecalis, 168 T u rfa, 71, 147, 186
Streptococcus inulinaceus, 168
Streptococcus liquifaciens, 168
Streptococcus mesenterioides, 169 U m idade, 135, 155
Streptomyces, 173, 187 ascenção da, 156
Streptom yces albus, 104 U réia, 101, 117, 187, 191
Streptomyces cellulosae, 122 decom posição, 117
Streptom yces diastaticus, 122 U rina, 185, 186
Streptom yces griseus, 62, 64, 122 Urobacillus pasteurii, 68, 118
Streptom yces parvus, 122 Urobacter, 117.
Streptomyces scabies, 122, 132, 173
Striga senegalensis, 62
Substâncias tóxicas, V ahlkam p fia soli, 54
decom posição, 30 V egetação forrageira, 152
S ulfato de am ônio, 57 Vegetal,
Sulfato de cobre, 175 associação, 155
S ulfato de M agnésio, 150 cobertura, 37
Sulfurização, 131 doenças do, 176
S yn c h y triu m endobioticum, 173 gasto em água, 130
m etabolism o, 130
nu trição contínua, 193
Teoria de Sm ith, 8 resistência a patógenos, 171
Thiobacillus denitrificans, 68 saúde, 34, 177, 178, 193
Thiobacillus thiooxidans, 52, 132 V ermes, 49
Thiobacillus thioparus, 132 Verticillium, 43
Thiobacter, 30, 132, 134 V inhaça, 159
Thiobacter denitrificans, 124 V irus, 171, 179
Thiobacter thiooxidans, 74, 131 V itam ina B 2 , 55
T irosina, 34 V itam inas, 34, 36, 131, 137.
Tóxicos, 34, 36, 107, 176, 177
Toxinas, 34, 36
Traqueom icose, 174 Xilose, 34.
Trichoderma, 36, 81, 134, 149, 177
Trichoderma lignorum, 31, 61, 63
Trichoderma viride, 31, 62, 158, 173 Zim ogênicos, 65, 76
Troca-adsorção, 86 Zinco, 137, 138.
E d. P allotti
S an ta M aria - R G .S .
- B rasil -

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